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Tribunal de Justiça de Minas Gerais
1.0000.22.018502-9/003Número do 5002554-Númeração
Des.(a) Pedro Bernardes de OliveiraRelator:
Des.(a) Pedro Bernardes de OliveiraRelator do Acordão:
23/01/2024Data do Julgamento:
25/01/2024Data da Publicação:
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO REVISIONAL - QUEBRA DA BASE
OBJETIVA - FATO SUPERVENIENTE - EQUILÍBRIO CONTRATUAL -
ONEROSIDADE EXCESSIVA - CONDIÇÃO PESSOAL - IRRELEVÂNCIA.
CAPITALIZAÇÃO DE JUROS - IRDR JULGADO - APLICAÇÃO DE TESE.
SENTENÇA MANTIDA - RECURSO DESPROVIDO.
- Deve ser aplicada a tese firmada em IRDR que autoriza a capitalização
anual dos juros remuneratórios em financiamento imobiliário realizado por
construtora ou incorporadora foram do Sistema Financeiro Imobiliário.
- Para que ocorra a revisão do contrato, fundada na quebra da base objetiva
do negócio, mister a demonstração de fato superveniente apto a alterar
substancialmente o equilíbrio contratual, propiciando uma ruptura no
sinalagma que acarrete onerosidade excessiva ao devedor, sendo
insuficiente para tal desiderato a mera redução da capacidade econômica de
um dos contratantes.
APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0000.22.018502-9/003 - COMARCA DE
VESPASIANO - APELANTE(S): THIAGO OLIVEIRA DA SILVA -
APELADO(A)(S): VIC-VIGA INCORPORADORA E CONSTRUTORA LTDA
A C Ó R D Ã O
 Vistos etc., acorda, em Turma, a 9ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de
Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos,
em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.
DES. PEDRO BERNARDES DE OLIVEIRA
1
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
RELATOR
DES. PEDRO BERNARDES DE OLIVEIRA (RELATOR)
V O T O
 Trata-se de Ação Revisional de Contrato, movida por Thiago Oliveira da
Silva em face de Vic-Viga Incorporadora e Construtora Ltda, em que o MM.
Juiz da 2ª Vara Cível da Comarca de Vespasiano, no doc. nº 81, julgou
improcedentes os pedidos.
 Inconformado com a r. sentença, o autor interpôs apelação (doc. nº 83),
na qual, em síntese, alegou que o contrato objeto dos autos tem natureza
consumerista; que as construtoras e incorporadoras não se equiparam às
instituições financeiras; que é vedada a capitalização de juros nos contratos
de compra e venda de imóvel; que é abusiva a cobrança de atualização
monetária nos índices do IGPM.
 Teceu outras considerações, citou jurisprudência e, ao final, requereu
seja reformada a sentença para julgar procedentes os pedidos deduzidos na
exordial.
 A parte apelada foi intimada para responder o presente recurso no prazo
legal. Consta no doc. nº 90 contrarrazões em resistência à pretensão
recursal.
 Preparo dispensado, devido a assistência judiciária (doc. nº 38).
 Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso.
2
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
 Inexistentes preliminares, passa-se ao exame do mérito.
 MÉRITO
 Trata-se de ação revisional de contrato cujos pedidos foram julgados
improcedentes.
 A pretensão recursal visa a reforma da sentença para que seja declarada
a abusividade da capitalização dos juros remuneratórios, bem como de
atualização monetária nos índices do IGPM.
 Depreende-se dos autos que as partes celebraram compromisso de
compra e venda que prevê o pagamento mediante financiamento em 180
parcelas.
 No que concerne à capitalização anual dos juros remuneratórios, tal
questão restou decidida por este tribunal em julgamento de IRDR, conforme
se destaca:
EMENTA: DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL - INCIDENTE DE
RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS (IRDR) - DEFINIÇÃO DE
TESE JURÍDICA - CAPITALIZAÇÃO ANUAL EM CONTRATOS DE
FINANCIAMENTO FIRMADOS POR CONSTRUTORA/INCORPORADORA,
FORA DO SISTEMA FINANCEIRO IMOBILIÁRIO - POSSIBILIDADE -
NECESSIDADE DE EXPRESSA PACTUAÇÃO.
- Tese jurídica fixada: 'Nos contratos de financiamento firmados por
construtoras e/ou incorporadoras de imóveis - fora do Sistema Financeiro
Imobiliário - admite-se a cobrança de juros capitalizados com periodicidade
anual, nos termos do que estabelece o artigo 5.º, inciso III, §2.º, da Lei n.º
9.514/97, c/c artigo 4.º, do Decreto n.º 22.626/33, e artigo 591 do Código
Civil, e desde que esteja expressamente ajustada entre os contratantes.'"
(TJMG - IRDR - Cv 1.0301.16.015958-0/002, Relator(a): Des.(a) Amorim
Siqueira , 2ª Seção Cível, julgamento em 26/09/2022, publicação da súmula
em 03/11/2022).
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Tribunal de Justiça de Minas Gerais
 Portanto, segundo o referido julgamento, reputa-se ilegal a capitalização
mensal dos juros remuneratórios, sendo admitida apenas a periodicidade
anual caso haja a previsão expressa no contrato acerca da capitalização.
 Cumpre enfatizar que a decisão proferida em tal incidente é de
observância obrigatória pelo tribunal, consoante determinação contida no art.
927, III e 985, I do CPC.
 No caso vertente, como bem salientado pelo juízo a quo, consta expressa
tal previsão contratual (doc. nº 10), vejamos:
4.2. O valor das parcelas do preço pagas após a expedição da Certidão de
"Baixa e Habite-se", será calculado conforme item 4.1. e acrescido de juros
de parcelamento à taxa de 12% (doze por cento) ao ano contados dia a dia
até a data da efetiva liquidação da parcela respectiva, tomando-se como
base a data de expedição da referida certidão.
 Assim, não havendo qualquer óbice legal para previsão contratual dos
juros capitalizados anualmente, na forma pactuada, inviável o acolhimento da
pretensão aviada no recurso quanto a este ponto.
 À propósito:
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - PRETENSÃO DE REVISÃO DE CONTRATO
C/C PEDIDO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO - COMPROMISSO DE
COMPRA E VENDA DE IMÓVEL - DIVERGÊNCIA ENTRE A VERSÃO
FINAL DO CONTRATO E A PROPOSTA DE COMPRA E VENDA FIRMADA
ENTRE AS PARTES - ABUSIVIDADE - MODO DE REAJUSTE QUE
IMPLICA EM CAPITALIZAÇÃO DE JUROS - AUSÊNCIA DE PREVISÃO
EXPRESSA NO CONTRATO - VEDAÇÃO. - Havendo divergência entre o
contrato definitivo e o contrato preliminar quanto ao valor final do bem imóvel
adquirido, em prejuízo do consumidor, deve prevalecer o valor previsto no
contrato preliminar. - Nos contratos de financiamento firmados por
construtoras e/ou incorporadoras de imóveis - fora do
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Tribunal de Justiça de Minas Gerais
Sistema Financeiro Imobiliário - admite-se a cobrança de juros capitalizados
com periodicidade anual, nos termos do que estabelece o artigo 5.º, inciso III,
§2.º, da Lei n.º 9.514/97, c/c artigo 4.º, do Decreto n.º 22.626/33, e artigo 591
do Código Civil, e desde que esteja expressamente ajustada entre os
contratantes. (Tema 56, IRDR CV Nº 1.0301.16.015958-0/002). (TJMG -
Apelação Cível 1.0000.20.556648-2/002, Relator(a): Des.(a) Fernando
Caldeira Brant , 20ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 08/11/2023, publicação
da súmula em 09/11/2023)
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE REVISÃO DE CONTRATO
IMOBILIÁRIO - CONTRATO DE SISTEMA FINANCEIRO IMOBILIÁRIO -
TEORIA DA IMPREVISÃO - ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA - IGP-M
- LAUDO PERICIAL - AUSÊNCIA DE PROVA DA ONEROSIDADE
EXCESSIVA - CAPITALIZAÇÃO ANUAL DE JUROS - POSSIBILIDADE -
SENTENÇA MANTIDA.
- Entre os direitos básicos do consumidor elencados no art. 6º, do CDC,
encontra-se o direito a modificação das cláusulas contratuais que
estabeleçam prestações desproporcionais.
- Com relação à tese de abusividade do IGP-M diante da superveniência da
Covid-19, considerando a ausência de provas da onerosidade excessiva,
mostra-se inviável a revisão contratual com base nos artigos 317 e 478 e
seguintes, do Código Civil.
- É vedada a capitalização mensal dos juros nos contratos de financiamento
imobiliário, devendo esta observar a periodicidade anual. (TJMG - Apelação
Cível 1.0000.21.101854-4/004, Relator(a): Des.(a) Adriano de Mesquita
Carneiro , 21ª Câmara Cível Especializada, julgamento em 23/08/2023,
publicação da súmula em 29/08/2023)
 Por sua vez, a cláusula 4.1 do contrato (doc. nº 45) estipula a incidência
do índice IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), a
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Tribunal de Justiça de Minas Gerais
partir da data de expedição da Certidão de Baixa e Habite-se, vejamos:
4.1A fim de preservar o equilíbrio econômico financeiro do presente negócio
jurídico, as partes convencionam que todas as parcelas vincendas
mencionadas na cláusula terceira sofrerão reajuste de acordo com a variação
acumulada do INCC - Índice Nacional da Construção Civil, calculado e
divulgado pela Fundação Getúlio Vargas, enquanto durar a construção do
empreendimento e do IGP-M também calculado e divulgado pela Fundação
Getúlio Vargas a partir da data de expedição da Certidão de Baixa e Habite-
se.
 O apelante invocou onerosidade excessiva, não tendo apresentado
elementos concretos para tal desiderato, mas mera alegação genérica de
crise financeira e recessão econômica.
 Seja pela teoria da imprevisão (disposta no art. 478 do Código Civil), seja
pela teoria da quebra da base objetiva do negócio jurídico (art. 6º, V do CDC,
inaplicável à espécie), a resolução do contrato ou o decote do excesso
pressupõe a ruptura objetiva do equilíbrio entre as prestações, de modo que
o fato superveniente seja apto a ensejar o substancial enriquecimento de um
contratante em detrimento do outro.
 Neste sentido, a alegação de modificação condizente apenas a um dos
sujeitos da avença, extrínseca ao núcleo do negócio jurídico é inapta a
alterar o equilíbrio do contrato, mensurado este de forma puramente objetiva,
através do contraponto entre as prestações comutativas convencionadas.
 A análise da onerosidade excessiva ocorre de forma objetiva,
ponderando-se o balanceamento do sinalagma contratual. Nestes termos,
eventual redução patrimonial de uma das partes não possui o condão de
provocar a revisão do contrato caso permaneça inalterado o equilíbrio entre
as prestações avençadas.
 Pertinente a lição de Caio Mário da Silva Pereira (Instituições de
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Tribunal de Justiça de Minas Gerais
Direito Civil. v. 3. 12 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 165-166):
"Não o justifica uma apreciação subjetiva do desequilíbrio das prestações,
porém a ocorrência de um acontecimento extraordinário, que tenha operado
a mutação do ambiente objetivo, em tais termos que o cumprimento do
contrato implique em si mesmo e por si só o enriquecimento de um e
empobrecimento do outro".
 Não destoa a jurisprudência:
- Com relação à tese de abusividade do IGP-M diante da superveniência da
Covid-19, considerando a ausência de provas da onerosidade excessiva,
mostra-se inviável a revisão contratual com base nos artigos 317 e 478 e
seguintes, do Código Civil. (TJMG - Apelação Cível 1.0000.21.101854-
4/004, Relator(a): Des.(a) Adriano de Mesquita Carneiro , 21ª Câmara Cível
Especializada, julgamento em 23/08/2023, publicação da súmula em
29/08/2023)
- Não evidenciados os requisitos para aplicação da teoria da imprevisão,
impertinente alteração do índice contratual de reajuste previamente
estipulado, tendo em vista o princípio "pacta sunt servanda (TJMG -
Apelação Cível 1.0000.23.235514-9/001, Relator(a): Des.(a) Cavalcante
Motta , 10ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 14/11/2023, publicação da
súmula em 20/11/2023)
 Assim, com relação a tese recursal de abusividade do IGP-M diante da
superveniência da Covid-19, considerando a ausência de provas da
onerosidade excessiva, mostra-se inviável a revisão contratual com base em
fatos imprevisíveis e extraordinários nos termos dos artigos 317 e 478 e
seguintes, do Código Civil.
 Inalterada a sucumbência no feito, deve-se manter a distribuição dos
respectivos ônus tal como perpetrada no juízo de origem, salvo os honorários
de sucumbência, que devem ser majorados para 12% do valor da causa, em
atendimento ao §11 do art. 85 do CPC, mantida a suspensão de sua
exigibilidade, na forma do §3º do art. 98 do CPC.
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Tribunal de Justiça de Minas Gerais
 Com estas considerações, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO.
 Majoro os honorários de sucumbência para 12% do valor da causa,
suspensa sua exigibilidade.
 Custas recursais pelo apelante, suspensa sua exigibilidade.
 É como voto.
DES. AMORIM SIQUEIRA - De acordo com o(a) Relator(a).
DES. FAUSTO BAWDEN DE CASTRO SILVA (JD CONVOCADO) - De
acordo com o(a) Relator(a).
 SÚMULA: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO"
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