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Trafico de animais

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
Fernanda Pires
Raynan Jesus
Rafaela Samily
TRÁFICO DE ANIMAIS NO BRASIL
 SALVADOR/BA
ABRIL/2019
1. INTRODUÇÃO
O tráfico de animais é uma prática ilegal que consiste em retirar os animais de seu habitat natural e vendê-los clandestinamente a laboratórios de pesquisas, pet shops e até para colecionadores. Os animais ao serem retirados de seu habitat são transportados de forma que não comem, não bebem o que provoca a morte da maioria, além disso tem aquele que conseguem sobreviver as condições péssimas de nutrição porem morrem asfixiados. 
Estima-se que nove entre dez animais contrabandeados morrem antes de chegar ao seu destino por causa das más condições que lhes são impostas e ainda por conseqüência de qualquer forma de lesão e mutilação feita pelos próprios traficantes para que não produzam sons e/ou fiquem paralisados por causa da dor. O Brasil, por causa da sua grande diversidade de espécies, é um dos países mais visados pelos traficantes e também um dos que mais sofrem, pois é ameaçado de perder suas espécies. O risco de extinção é bastante grande, já que a maioria dos animais morre e outros novos são capturados para repor os que morreram. 
A atividade inclui também a venda ilegal de partes de animais, como peles, penas, dentes, ossos e órgãos, e seus subprodutos, como peçonha de cobras (veneno), por exemplo.
Como é feito: Há quadrilhas organizadas e especializadas no tráfico de animais e que são bem estruturadas para a venda ilegal. Cerca de 70% do comércio é para o consumo interno e o restante é exportado. Este tráfico envolve um grande número de pessoas, iniciando com os capturadores ou caçadores (geralmente pessoas muito pobres e que conhecem o hábitat dos animais).
- Há informações de que a lucratividade do negócio ilícito atraiu a cobiça de organizações criminosas como a máfia russa, que também está participando do tráfico de animais.
Destino:
- muitos são vendidos ilegalmente em feiras, outros vão para criadores ou criadouros, quando exportados, o destino é normalmente a Ásia, a Europa ou o Estados Unidos. É comum acharmos na feira de Praga (Europa) araras brasileiras por 4 mil reais, ou seja, o animal que foi capturado por 50 centavos (R$0,50) é vendido por oito mil vezes mais.
* Animais para zoológicos e colecionadores particulares;
* Animais para fins científicos;
* Animais para comercialização internacional em “pet shops”.
Onde mais acontece a captura:
- A captura acontece em lugares em que há grande biodiversidade: como a região Norte, o Pantanal e o Nordeste — regiões pobres do ponto vista sócio-econômico. As principais áreas de captura estão nos estados do Maranhão, Bahia, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Minas Gerais e região amazônica. Depois, o animal passa por vários intermediários até chegar aos grandes comerciantes que ficam no eixo Rio – São Paulo.
Porcentagem e dados:
- Estimativa de 2001, da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), indica que cerca de 38 milhões de animais silvestres são retirados da natureza todos os anos no Brasil para abastecer o mercado negro de fauna.
- O Renctas calculou que cerca de 4 milhões de animais são comercializados anualmente no Brasil e que apenas 0,45% desse total é apreendido pelos órgãos de fiscalização.
- Entre 60% e 70% dos animais traficados no Brasil, dependendo da pesquisa consultada, ficam em território nacional. Ou seja, não são exportados.
- De cada 10 animais traficados, 9 morrem antes de chegar ao seu destino final. 
- Acredita-se que 30% dos animais silvestres comercializados no Brasil sejam ilegais, o que coloca o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) na posição alertar a população.
- Mais de mil espécies de animais silvestres estão em diminuição no Brasil. Aves, macacos, onças e tartarugas são alguns dos muitos animais desta triste lista.
- 90% dos animais contrabandeados no país são pássaros.
Consequências: 
- Segundo o Ibama, o tráfico de animais pode contribuir para a redução de espécies na natureza, tornando-as ameaçadas de extinção no país ou localmente. Alguns exemplos de animais ameaçados e objetos do tráfico são a arajuba, o papagaio-chauá, o curió, o bicudo e o cardeal. O tráfico contribuiu para a extinção na natureza da ararinha-azul, que hoje só existe em cativeiro.
- O coronel Rabelo ressalta ainda o caso do mico-leão-dourado, referência pela beleza e pelo tamanho, que tende a não chamar atenção. "Ele chegou à linha crítica da extinção e hoje está reduzido à região do Posto das Antas, em pequenas populações", afirma.
- O tráfico de animais além de prejudicar o ecossistema também pode prejudicar a saúde humana, pois muitos animais silvestres são hospedeiros de vírus que causam doenças em humanos como a febre amarela, leischmaniose e toxoplasmose
- A devastação das florestas e a retirada de animais silvestres já causaram a extinção de inúmeras espécies e consequentemente um desequilíbrio ecológico.
Como denunciar/Leis: 
- A Lei de Crimes Ambientais , criada em fevereiro de 1998, considera os animais, seus ninhos, abrigos e criadouros naturais, propriedade do Estado, considerando que a compra, a venda, a criação ou qualquer outro negócio envolvendo animais silvestres é crime inafiançável.
- Ligue para a “Linha Verde” do IBAMA, no 0800-618080, relatando sua suspeita e pedindo auxílio de como proceder para obter mais informações ou atitudes que comprovem sua desconfiança antes de acionar uma equipe para averiguação;   
Animais mais procurados pelo tráfico:
Papagaio-de-cara-roxa
Arara Canindé
Arara-vermelha
Corrupião
Curió
Tie-sangue
Saíra-sete-cores
Tucano
Mico-leão-dourado
Macaco-prego
Jaguatirica 
2. Como combater
O combate ao tráfico de fauna silvestre só terá chances de êxito se o poder público verdadeiramente se interessar em fazê-lo e coordenar uma ampla ação que deve atuar em cinco frentes:
1. elaborar um plano de educação ambiental de médio e longo prazos para sensibilizar e conscientizar a população dos problemas relacionados ao tráfico de fauna. Este item é fundamental e, apesar de constar em todos os diagnósticos do problema, nunca é efetivamente posto em prática. Vale lembrar: só existe quem vende porque tem gente comprando;
2.  implantar programas de geração e substituição de fontes de renda para combater a pobreza, desestimulando a população a coletar e capturar animais nas áreas onde a atividade é um complemento financeiro;
3.  estruturar e incentivar os órgãos de repressão e fiscalização;
4.  contar com uma legislação com punição severa e que tipifique o crime “tráfico de fauna”, diferenciando as penas entre quem cria sem autorização e quem trafica;
5.  possuir infraestrutura adequada para o pós-apreensão, visando o retorno dos animais ao seu ecossistema de origem. Para tanto, é necessário:
6.  técnicos para primeiros socorros aos animais durante as apreensões;
7.  rede estruturada e preparada de centros de triagem de fauna silvestre e de centros de reabilitação da fauna silvestre nativa funcionando 24 horas;
8.  procedimentos técnicos e eficientes para solturas;
9.  áreas para solturas credenciadas e espalhadas por todos os biomas; e
10. monitoramento pós-soltura para correção de problemas encontrados e verificação de metodologias.
3. A sociedade é o grande estimulador
O hábito de muitos brasileiros de criar animal silvestre como bicho de estimação é o maior responsável pelo tráfico de animais em território nacional
O grande incentivador do tráfico no Brasil é o hábito do próprio brasileiro de criar animal silvestre como pet. Não adianta culpar colecionadores estrangeiros, que pagam fortunas por bichos raros, de espécies ameaçadas. Eles existem, mas o grosso do mercado negro de fauna no país está diariamente acontecendo nas feiras de rua e nos grupos das redes sociais na internet.
Uma pesquisa realizada a partir de dados da Polícia Militar Ambiental de São Paulo, com base em informações fornecidas por 129 pessoas autuadas pela posse de animais silvestres semautorização em 2011, 2012 e 2013 na Região Metropolitana da capital paulista, indicou que 59% dos infratores alegaram como motivo para criar esses bichos a cultura familiar. Eles afirmaram terem sofrido influência de pais e avós que também possuem ou possuíam silvestres como pets. Apesar desse contexto ser conhecido dos técnicos de órgãos de defesa do meio ambiente do Estado e de seus gestores, o poder público (União, Estados, Distrito Federal e municípios) ainda insiste em privilegiar a repressão como forma de combater o problema. Grave equívoco.
O problema não está em fiscalizar e reprimir essa atividade ilícita, considerada a 3ª ou a 4ª atividade criminosa mais lucrativa do mundo. Mas utilizar forças policiais e de controle como praticamente única ferramenta para combater o tráfico de fauna é de uma ingenuidade sem tamanho.
Esforça mundial contra o tráfico internacional:
Líderes de 46 países se comprometeram a ‘“tomar ações decisivas e urgentes” para combater o tráfico internacional de animais silvestres, firmando a “Declaração de Londres”, em maio de 2014, após dois dias de negociações a portas fechadas, na Inglaterra.
O hábito cultural de colecionar vidas, privando-as do seu habitat natural, está na raiz do tráfico internacional de animais silvestres
Pela Declaração de Londres, os países signatários unirão esforços para identificar e erradicar do mercado os produtos oriundos da caça ilegal, bem como estabelecerão acordos para implementar regras legais e promover alternativas econômicas sustentáveis que possam fazer com que populações locais se engajem na luta contra a caça e o tráfico de animais.
A Conferência contou com a participação do Príncipe Willian, herdeiro do trono da Inglaterra, na linha de sucessão do Príncipe Charles, que declarou desejar destruir a coleção de 1200 peças de marfim da Coroa Real – no Palácio de Buckingham, entendendo ser ela um dos maiores símbolos da caça indiscriminada de animais selvagens, tráfico de suas partes para fins econômicos e horrores agregados à toda essa atividade.
A reunião foi acompanhada por organizações não-governamentais como o Fundo Mundial para o Meio Ambiente (WWF) e a Traffic, rede internacional que monitora o tráfico de animais e plantas.
Entre os países que assinaram a declaração estão alguns dos mais impactados pela caça ilegal de elefantes, como a República Democrática do Congo, o Gabão, o Quênia e a Tanzânia. Togo, Filipinas, Malásia, que representam pontos de passagem do marfim que vai da África para a Ásia, também assinaram.
Subscreveram a Declaração África do Sul, Moçambique e Vietnã, afetados pela caça dos rinoceronte.
O destaque ficou para a participação da China, o maior mercado ilegal do marfim.
A Declaração de Londres representa o sinal positivo para um firme combate às redes organizadas criminosas que estão destruindo ícones mundiais da vida selvagem, desestabilizando a economia de nações inteiras e pondo em risco a segurança internacional.
Os líderes também concordaram em avançar a análise sobre as ligações entre o tráfico de marfim (negócio que gera U$ 19 bilhões por ano) com outros crimes organizados, como a corrupção e o terrorismo.
REFERENCIAS
Notícias (tem fotos interessantes):
http://www.ibama.gov.br/component/tags/tag/trafico-de-animais.
Matéria:
https://veja.abril.com.br/blog/impacto/a-caca-ao-cacador-o-trafico-de-animais-no-brasil/amp/

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