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Psicodiagnóstico- resumo

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O psicodiagnóstico exige a aplicação de testes?
· Cunha(2000) preconiza que “psicodiagnóstico” é um termo que designa um tipo de avaliação psicológica com propósitos clínicos, em que “. . . há a utilização de testes e de outras estratégias, para avaliar um sujeito de forma sistemática, científica, orientada para a resolução de problemas”. A autora segue afirmando que: 
· Psicodiagnóstico é um processo científico, limitado no tempo, que utiliza técnicas e testes psicológicos (input), em nível individual ou não, seja para entender problemáticas à luz de pressupostos teóricos, identificar e avaliar aspectos específicos, seja para classificar o caso e prever seu curso possível, comunicando os resultados (output), na base dos quais são propostas soluções, se for o caso.
· Ou seja, não há obrigatoriedade da aplicação de testes,se o psicólogo julgar não haver necessidade. 
Definição de psicodiagnóstico.
· Compreendemos que o psicodiagnóstico é um procedimento científico de investigação e intervenção clínica, limitado no tempo, que emprega técnicas e/ou testes com o propósito de avaliar uma ou mais características psicológicas, visando um diagnóstico psicológico (descritivo e/ou dinâmico), construído à luz de uma orientação teórica que subsidia a compreensão da situação avaliada, gerando uma ou mais indicações terapêuticas e encaminhamentos. 
O psicodiagnóstico é uma intervenção.
· É perigoso considerar as práticas avaliativas apenas em sua dimensão investigativa, excluindo os aspectos interventivos e terapêuticos que lhes são inerentes. 
· Estudiosos entendem que um psicodiagnóstico isento de intervenções pode trazer ao paciente muitos malefícios. As entrevistas iniciais empregadas sem intervenção, além de não atingirem seus objetivos de formular o diagnóstico e iniciar o tratamento, desperdiçam a chance de o paciente estabelecer contato com outra pessoa, o que pode resultar em uma experiência terapêutica negativa. 
· Com isso, o psicodiagnóstico é uma intervenção..
Psicodiagnóstico: pensando na demanda 
· Um psicodiagnóstico tem mais chances de ser bem-sucedido quando há uma boa pergunta a ser respondida. Essa pergunta nem sempre é formulada com clareza pelo paciente que busca avaliação, uma vez que, em muitas ocasiões, ele próprio não tem condições de perceber as razões do seu sofrimento.
· Como se trata de um processo de caráter científico, o psicodiagnóstico não prescinde da construção de hipóteses. Nesse sentido, boas perguntas são aquelas que auxiliam o profissional a confirmar ou a refutar determinadas hipóteses
· Se o paciente já chega com um diagnóstico, dado por algum médico ou outro profissional da saúde ou, até mesmo, por um professor da escola. Nessas situações, deve-se refletir sobre o que está sendo solicitado, podendo caber ao psicólogo, entre outros: 
a) realizar a avaliação da pertinência do diagnóstico; 
b) realizar o diagnóstico diferencial; 
c) identificar forças e fraquezas do paciente e de sua rede de atenção visando subsidiar um projeto terapêutico;
d) ampliar a compreensão do caso por meio da elaboração de um entendimento dinâmico, alicerçada em teoria psicológica; e 
e) refletir sobre encaminhamentos necessários ao caso. 
Objetivos do Psicodiagnóstico 
· A avaliação da demanda indicará qual aspecto avaliativo deverá ser priorizado em cada caso, situando-se o objetivo do psicodiagnóstico a partir dessa reflexão inicial. 
· Segundo Cunha (2000), precursora do psicodiagnóstico em nosso meio, os objetivos podem priorizar:
a) a classificação simples; 
b) a descrição; 
c) a classificação nosológica; 
d) o diagnóstico diferencial; 
e) a avaliação compreensiva; 
e) o entendimento dinâmico; 
f) a prevenção; 
g) o prognóstico; e 
h) a perícia forense. (Contudo, entendemos que, ao realizar uma perícia forense, não necessariamente está se fazendo um psicodiagnóstico.
PROCESSO PSICODIAGNOSTICO 
· O psicodiagnóstico é um dos tipos de avaliação psicológica realizada com objetivos clínicos, portanto, não abrange todas as formas de avaliação psicológica.
· Atualmente, a avaliação psicológica é entendida como um processo que permite descrever e compreender a pessoa em suas diferentes características, investigando tanto aspectos da personalidade quanto aspectos cognitivos, abordando possíveis sintomas, questões do desenvolvimento, questões neuropsicológicas, características adaptativas e desadaptativas, entre outros, permitindo, assim, que se chegue a um prognóstico e à melhor estratégia e/ou à abordagem terapêutica necessária
· Assim, o psicodiagnóstico pode ser entendido como um processo com início, meio e fim, que utiliza entrevistas, técnicas e/ou testes psicológicos para compreender as potencialidades e as dificuldades apresentadas pelo avaliando, tendo por base uma teoria psicológica e buscando, assim, coletar dados mais substanciais para a realização de um encaminhamento mais apropriado. 
· Então, o Psicodiagnóstico possibilita:
i. descrever o funcionamento atual, 
ii. confirmar, refutar ou modificar impressões;
iii. realizar diagnóstico diferencial de transtornos mentais, comportamentais e cognitivos; 
iv. identificar necessidades terapêuticas e recomendar a intervenção mais adequada, levando em conta o prognóstico
FINALIDADE DO PSICODIAGNÓSTICO
· por se tratar de um processo limitado no tempo e que utiliza técnicas e/ou testes psicológicos, podendo, assim, ter vários objetivos. Nessa perspectiva, Arzeno (1995) refere que o psicodiagnóstico contempla algumas finalidades, como:
1. Investigação diagnóstica: tem como objetivo explicar o que acontece além do que o avaliando consegue expressar de forma consciente – e isso não significa rotulá-lo. 
2. Avaliação do tratamento: visa avaliar o andamento do tratamento. Seria o “reteste”, no qual se aplica novamente a mesma bateria de testes usados na primeira ocasião ou uma bateria equivalente. 
3. Como meio de comunicação: procura facilitar a comunicação e, em consequência, a tomada de insight. 
4. Na investigação: com o intuito de criar novos instrumentos de exploração da personalidade e, também, de planejar a investigação para o estudo de uma determinada patologia, etc.
Passos de um processo de psicodiagnóstico
· “diagnosticar” alguém é algo secundário, caso se pense que, ao identificar as forças e as fraquezas do avaliando. Mesmo quando é detectada a presença de algum transtorno mental, o objetivo maior do psicodiagnóstico é encaminhar o indivíduo para o tratamento mais adequado.
 
1. Determinar os motivos da consulta e/ou do encaminhamento e levantar dados sobre a história pessoal (dados de natureza psicológica, social, médica, profissional, escolar).
2. Definir as hipóteses e os objetivos do processo de avaliação. Estabelecer o contrato de trabalho (com o examinando e/ou responsável). 
3. Estruturar um plano de avaliação (selecionar instrumentos e/ou técnicas psicológicas). 
4. Administrar as estratégias e os instrumentos de avaliação.
5. Corrigir ou levantar, qualitativa e quantitativamente, as estratégias e os instrumentos de avaliação
6. Integrar os dados colhidos, relacionados com as hipóteses iniciais e com os objetivos da avaliação. 
7. Formular as conclusões, definindo potencialidades e vulnerabilidades.
8. Comunicar os resultados por meio de entrevista de devolução e de um laudo/relatório psicológico. Encerrar o processo de avaliação.
· No primeiro momento deve-se realizar a primeira entrevista (entrevista inicial) para que se esclareça o encaminhamento. No motivo de consulta deve-se discriminar entre o motivo manifesto e motivo latente.
a. O motivo manifesto diz respeito ao que levou à solicitação do psicodiagnóstico, e é o que, de fato, preocupa, a ponto de tornar-se um sinal de alerta; 
b. Motivo latente diz respeito ao que não é tão óbvio, às hipóteses subjacentes elaboradas pelo psicólogo enquanto escuta e reflete sobre o que é manifesto
· Ainda nesse primeiro encontro, é preciso que fiquem bem definidos os papéis do psicólogo, dos familiares e do avaliando.
· É importante salientar que, no caso de crianças,a primeira entrevista precisa ser feita com os pais ou responsáveis; 
· já no caso de adultos, nem sempre é necessário entrevistar algum familiar.
· No que diz respeito ao psicodiagnóstico de adolescentes, a primeira entrevista poderá ser realizada com os pais/responsáveis ou com o próprio adolescente, dependendo de seu caso e/ou idade. 
· Para que o psicólogo tenha clareza do que deverá ser investigado, bem como para que tenha dados suficientes para construir a história de vida do avaliando, podem ser realizadas quantas entrevistas forem necessárias
· Ao longo dessas entrevistas, o psicólogo naturalmente elenca:
· algumas hipóteses
· define que tipo de instrumentos precisará utilizar e em que ordem deverá aplicá-los
· A partir do que foi coletado nas primeiras entrevistas, o psicólogo terá condições:
A. Elaborar o plano de ação.
B. constrói o contrato de trabalho, em que são previstos:
1. os papéis de cada parte; 
2. a questão de sigilo e privacidade; 
3. o número aproximado de encontros, incluindo-se as primeiras entrevistas; 
4. a bateria de testes que será utilizada, se necessário; 
5. as entrevistas de devolução; 
6. e a forma como serão pagos os honorários (caso se trate de consultas particulares ou em uma instituição paga). 
· Primeiro objetivo diz respeito à formação do vínculo entre o profissional e seu avaliando, a fim de garantir o bom andamento do processo, o que justifica a não utilização, em um primeiro momento, de testes que mobilizem uma conduta que corresponda ao sintoma. Tais testes devem ser deixados para um segundo momento. 
· Urbina (2007) refere dois motivos para a utilização de testes psicológicos. 
· O primeiro seria a eficiência, já que contemplam tempo e custo reduzidos, uma vez que, em certas situações, como, por exemplo, para a determinação de um diagnóstico diferencial visando a definição do uso de medicação, não é oportuna a realização de observações e interações prolongadas com quem está sendo avaliado. 
· O segundo motivo seria a objetividade, pois os testes seguem padrões de fidedignidade e validade que asseguram quem está aplicando; porém, os dados observados são organizados de modo não sistemático, o que pode levar a julgamentos pouco precisos.
· Dando continuidade ao processo de psicodiagnóstico, após a aplicação, o levantamento e a interpretação dos resultados obtidos, espera-se que o profissional chegue a uma conclusão que responda à demanda que o originou. Diante disso, deve comunicar os resultados encontrados, visando um encaminhamento adequado para o avaliando. A transmissão dessa informação é, sem dúvida, o objetivo primordial dessa avaliação, que culmina em uma entrevista final, posterior à aplicação do último teste (Ocampo et al., 2009). 
· Essa comunicação ocorre em duas vias: escrita e oral.
· A primeira é realizada por meio de um laudo/relatório, devendo conter uma linguagem clara, concisa, inteligível e precisa, adequada ao requerente, conforme orientação do CFP (2003b) por meio da Resolução 007/2003, restringindo-se às informações que se fizerem necessárias. 
· A segunda trata da comunicação verbal, que pode ser realizada na forma de uma ou mais entrevistas de devolução. Uma boa devolução inicia com um aprofundado conhecimento do caso, que proporcionará uma base sólida para que se proceda com eficácia (Ocampo et al., 2009). 
· Objetivando o término do processo, as entrevistas de devolução podem ocorrer de forma sistemática ou assistemática.
· A forma sistemática é a entrevista mais habitual, que tem como objetivo a devolução dos resultados e a entrega do laudo. 
· Já a forma assistemática é comumente utilizada nos casos em que há o predomínio de uma ansiedade mais elevada por parte do avaliando e/ou do seu responsável, em que se considera pertinente o fornecimento de pequenos feedbacks ao longo do andamento do processo, visando a dirimir essa ansiedade. Outra situação em que se faz necessária a devolução assistemática é em casos graves ou de risco de suicídio. 
A Entrevista Psicológica no Psicodiagnóstico
· Destaca-se a importância das entrevistas iniciais que são realizadas tanto com o profissional que solicitou o psicodiagnóstico, quanto com o próprio paciente e outras fontes de informação como pais, responsáveis ou outros familiares. Essas entrevistas também podem ocorrer com professores, médicos ou demais profissionais que acompanham o paciente. 
· As entrevistas iniciais – e aqui ressalto o fato de tratar da entrevista no plural, pois, assim como descrito por Arzeno (1995), ela pode se desdobrar em mais de um encontro – têm como objetivos conhecer o paciente que chega para a avaliação e compreender o motivo do psicodiagnóstico
· Esse contato é importante para que se possa conhecer as expectativas em relação à avaliação, obter informações acerca do motivo do encaminhamento e fazer esclarecimentos sobre o processo. Esse também é um momento importante para que se iniciem um vínculo e uma relação de confiança entre o profissional e os responsáveis pelo paciente que será avaliado.
· A entrevista inicial também é um momento importante para a coleta de informações relacionadas ao paciente que serão significativas para o delineamento de um plano de avaliação. 
· Que técnicas e testes podem ser utilizados com esse paciente? Qual o seu nível de compreensão? 
· Qual sua capacidade de comunicação? 
· O paciente faz uso de lentes ou de aparelho auditivo? 
· Tem algum problema de visão ou alguma dificuldade motora? 
· É destro ou canhoto? 
· Qual sua escolaridade? 
· É alfabetizado? 
· Tais dados mostram-se importantes, pois, em um paciente com dificuldade para identificar cores, por exemplo, não se pode utilizar um teste como o Rorschach.
· Nas entrevistas iniciais também é preciso ter como objetivo a investigação da queixa ou do problema trazido para a avaliação, coletando, assim, o maior número de informações que possam auxiliar no entendimento de como esse problema se manifesta e tudo mais que o cerca
· Algumas questões importantes são: 
· Desde quando os sintomas se manifestam? 
· Existe algum fator desencadeante? 
· Qual a intensidade? 
· Em que ambientes eles ocorrem? 
· Como o paciente percebe esses sintomas? 
· Qual a influência dos sintomas na vida diária? 
· Quais os prejuízos que eles vêm trazendo para a vida do paciente? 
· Em que áreas da vida (social, familiar, educacional/laboral) 
· os sintomas/problemas trazem prejuízos? 
· Como a família, os amigos e outras pessoas que convivem com o paciente observam o problema? 
· Além de investigar o problema em si, deve-se avaliar qual é a realidade atual do paciente. 
· Que tipo de suporte (social, familiar, financeiro) ele tem para lidar com o problema? 
· Com quem vive e quem o auxilia em suas dificuldades? 
· Ele já passou por algum tipo de atendimento profissional antes? 
· Quais profissionais o acompanham? 
· Nessas situações, deve-se obter informações do comportamento do paciente em mais de um ambiente, sendo o escolar aquele em que, na maioria das vezes, esse tipo de transtorno é mais perceptível por professores e colegas. Logo, um contato com a escola se mostra fundamental. Ressalto que sempre que for preciso buscar outras fontes de dados, esses contatos devem ser precedidos da autorização do paciente e dos responsáveis (no caso de crianças).
· Durante essa conversa, deve-se informar o paciente sobre a necessidade de entrar em contato com os familiares ou amigos mais próximos, que deverão ser orientados a não deixá-lo só em nenhum momento, em função do risco existente, e a impedir o acesso a meios que possibilitem o suicídio (medicamentos, armas, cordas, etc.). Caso o paciente já esteja em acompanhamento psiquiátrico, deve se contatar o profissional, também com a autorização do paciente e dos familiares, para que sejam adotadas as medidas necessárias. Em situações em que esse paciente não está em acompanhamento psiquiátrico, dependendo da gravidade do risco, pode-se orientar a família para a busca de internação psiquiátrica do familiar.
· A entrevista inicial pode seguir diferentesmodelos. Ela pode ser livre, semiestruturada ou estruturada. 
· A entrevista livre, como o próprio nome sugere, é mais aberta, podendo partir de uma pergunta mais generalista e seguir sendo construída ao longo do seu desenvolvimento. 
· É ele quem irá definir quais dados relativos ao seu problema serão abordados primeiramente e que outros dados serão incluídos. O avaliador poderá auxiliar na estruturação desse campo de informações questionando aquilo que pode ter se mostrado como contraditório, impreciso, ambíguo ou incompleto e assinalando algumas questões quando o paciente não souber como iniciar ou dar continuidade ao seu relato durante a entrevista. 
· O interessante na entrevista de livre estruturação é que as perguntas acabam - seguindo o curso das informações trazidas pelo próprio paciente. Pode-se iniciar questionando se o paciente sabe o motivo do encaminhamento e, a partir das informações trazidas, direcionar as perguntas.
· As entrevistas semi estruturadas também são bastante comuns no cenário do psicodiagnóstico. Diferentemente da entrevista livre, contam com perguntas pré formuladas. O avaliador, então, segue um roteiro de questões. Contudo, novas perguntas podem emergir a partir das respostas dadas pelo paciente ou familiar. Nesse caso, é possível ir acrescentando novas questões durante a realização do roteiro prévio. Entrevistas semiestruturadas são bem aplicadas para realização de anamneses, pois, dependendo da faixa etária do paciente, haverá dados importantes relacionados à fase do desenvolvimento que devem, em praticamente todos os casos, ser levantados. O profissional pode, ainda, ter esses roteiros já prontos para cada fase da vida (infância/adolescência/vida adulta) e apenas adaptá-los de acordo com as características individuais de seus pacientes.
· As entrevistas estruturadas, por sua vez, são mais raras no contexto clínico. Pouco se utiliza uma entrevista totalmente estruturada, pois ela limita o avaliador tanto no que se refere às perguntas que podem ser feitas quanto no tipo de resposta que pode ser obtida. Essas entrevistas seguem um roteiro bastante rígido, contendo perguntas e alternativas de respostas determinadas (Laville & Dionne, 1999). Não existe liberdade para que se acrescentem novas questões nem a possibilidade de o paciente trazer respostas diferentes daquelas preestabelecidas.
A Entrevista de Anamnese 
· A anamnese é um tipo de entrevista realizada para investigar a história do examinando, ou seja, os aspectos de sua vida considerados relevantes para o entendimento da queixa.
· Um de seus principais objetivos é a busca de uma possível conexão entre os aspectos da vida do avaliando e o problema apresentado (Cunha, 2000). Para esse tipo de coleta de dados, pressupõe-se que o informante detenha um conhecimento sobre a própria vida ou sobre a vida de quem está sendo avaliado, sendo necessário que ele recupere da memória os eventos significativos questionados pelo psicólogo. Na prática, quando se avaliam crianças, a anamnese é feita com os pais ou responsáveis. No caso de adolescentes, ela pode ser realizada com o próprio jovem, com os pais, ou com ambos, em momentos diferentes. Quando feita com os pais, a anamnese de adolescentes pode ser complementada e discutida com o jovem
· A entrevista de anamnese tem caráter investigativo, priorizando o levantamento de informações cronologicamente organizadas e que guiam a tomada de decisão sobre como prosseguir com a avaliação
· Durante o processo, deve-se dosar o uso de interpretações ou mesmo de apontamentos, pois é um momento de coleta de informações. Deve-se evitar posicionamentos a respeito do avaliando, que poderão ser oportunamente retomados na devolução dos resultado
· A anamnese geralmente é feita em forma de entrevista semiestruturada, ou seja, há um roteiro prévio contendo aspectos essenciais a serem abordados para orientar algumas perguntas, e esse roteiro vai sofrendo adaptações durante a entrevista. O psicólogo tem flexibilidade para adequar as questões ao background socioeducacional do informante, bem como para adicionar perguntas que considere relevantes. Pode-se também fazer adaptações no roteiro, de modo a deixar de questionar aspectos percebidos como não passíveis de resposta ou questões que já foram respondidas em um momento anterior. 
· Antes de iniciar a anamnese, é necessário estabelecer um rapport adequado com o informante, explicando os objetivos gerais da entrevista, bem como sua duração e seu papel no processo de psicodiagnóstico. Em geral, iniciamos essa etapa perguntando sobre o motivo da busca da avaliação.
· As respostas do entrevistado devem ser anotadas com exatidão e, preferencialmente, nas palavras dele, a fim de se evitar interferências da interpretação do psicólogo no registro. Anotar ao mesmo tempo em que se escuta pode ser desafiador, podendo-se perder informações da observação e causar certo distanciamento do informante. Confiar na memória e anotar tudo após a sessão pode ser arriscado, pois as informações serão filtradas pela escuta do psicólogo, perdendo-se partes importantes da fala do informante 
· Em relação à duração, não há uma regra sobre quantas sessões devem ser destinadas à entrevista de anamnese. Em casos em que a história clínica tem riqueza de detalhes relevantes, como muitos acontecimentos na família e na vida do avaliando, uma segunda sessão pode ser necessária.
· A anamnese não é uma técnica exclusiva do psicólogo. Na área da saúde, ela é amplamente utilizada para o entendimento dos fatores envolvidos no processo saúdedoença. Nas diferentes áreas, tem em comum o objetivo de buscar informações da história da pessoa que orientem a elaboração de hipóteses, a busca do diagnóstico e a avaliação prognóstica. 
Especificidades da entrevista de anamnese com pessoas de diferente grupos etários
· A entrevista de anamnese não segue a mesma estrutura para pessoas de diferentes grupos etários.
· Alguns aspectos são sempre examinados, independentemente da idade, como a configuração e as relações familiares, o número de pessoas da família imediata e a ocupação de cada membro, as características do ambiente doméstico, a rede de apoio do avaliando e as questões referentes à queixa.
· Outros aspectos comuns a todas as entrevistas de anamnese incluem: 
(a) evolução da queixa, ou seja, há quanto tempo o avaliando apresenta o problema e se teve momentos em que ele foi mais ou menos comprometedor; 
(b) histórico de tratamentos de saúde atuais e pregressos; (c) uso de medicamentos; 
(d) efeitos do problema sobre o funcionamento psicossocial do paciente no momento atual; e 
(e) percepção do examinando em relação à queixa.
· A entrevista de anamnese com adolescentes deve considerar as diversas mudanças que ocorrem nessa fase, especialmente as hormonais, físicas e relacionadas à formação da identidade. A entrevista de anamnese com adolescentes deve considerar as diversas mudanças que ocorrem nessa fase, especialmente as hormonais, físicas e relacionadas à formação da identidade.
· Na anamnese com adultos, o desenvolvimento nas fases anteriores da vida é investigado em termos da possível ocorrência de problemas pregressos relevantes, sem grande detalhamento. As questões mais importantes referem-se às demandas desenvolvimentais esperadas nos âmbitos sexual, familiar, social, ocupacional e físico. Hutteman(2014) propõem que os aspectos mais centrais da vida dos adultos podem ser organizados em cinco domínios: 
(1) relacionamento íntimo;
(2) vida familiar;
(3) vida profissional;
(4) vida social;
 (5) alterações físicas; 
Com quem deve ser realizada a entrevista de anamnese? 
· A escolha geralmente é baseada em variáveis como a idade do avaliando, suas capacidades intelectuais no momento da entrevista, o grau de autonomia ou de limitação no exercício de atividades da vida diária e o interesse em colaborar. Quando são crianças a serem avaliadas, o mais indicado é que se chamem os pais.
· Em casos de pré-adolescentes, além da anamnese com os pais, pode-se fazer uma entrevista com o jovem, enfocandobrevemente as queixas apresentadas pelos responsáveis para verificar a forma como o adolescente percebe e experimenta esses possíveis problemas. Na entrevista de anamnese de adolescentes, por vezes a escolha do principal - informante se configura como a tarefa mais difícil. Por um lado, o adolescente já tem as habilidades e competências necessárias para falar sobre si, e possui conhecimentos sobre sua vida e sobre as dificuldades ou problemas que o trazem à avaliação.
· No caso de fazer a anamnese com os pais, o psicólogo deve ser honesto e falar com o adolescente no primeiro contato, em linhas gerais, sobre o que foi dito a respeito dele, visando estabelecer uma relação de confiança. O jovem pode ser incentivado a dizer se concorda com o que foi dito e fornecer a sua visão dos fatos. 
Fontes complementares de informações 
· As fontes complementares de informação costumam envolver documentos como exames, registros escolares, contatos de profissionais com quem o avaliando faz tratamento, documentos decorrentes de outras avaliações, entre outros.
· Exames neurológicos, genéticos, psiquiátricos, fonoaudiológicos, entre outros, podem esclarecer muito sobre a queixa do paciente, direcionar hipóteses diagnósticas e melhorar a acurácia da avaliação. Por exemplo, o fato de a criança ter histórico de repetidas crises convulsivas reforça a hipótese de um déficit cognitivo.
· Os registros escolares, como cadernos, provas, boletins e documentos produzidos por professores, também podem ter muita relevância na avaliação. Por exemplo, ao avaliar os cadernos escolares, pode-se verificar a qualidade da escrita e a capacidade do avaliando para escrever, copiar e resolver problemas, bem como suas dificuldades em matérias específicas.
· Pareceres de professores são igualmente úteis para o entendimento do comportamento e do desempenho do avaliando no contexto escolar. Produções espontâneas também podem ser muito válidas, como as de caráter literário e artístico (Cunha, 2000). Desenhos, textos, pinturas e outras produções podem sugerir aspectos do desenvolvimento do avaliando na época e a circunstância em que ocorreram, podendo ser analisados em termos de sua evolução até o momento da entrevista. 
· Os registros digitais, por meio de fotos e vídeos, também podem ser fontes - preciosas de informação
· A análise desse material, ainda que trabalhosa, pode aumentar a qualidade da investigação e direcionar a escolha de testes e tarefas para o psicodiagnóstico.
Matheus Serejo
 
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