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O MEIO AMBIENTE PÓS TRAGÉDIA DE MARIANA Touty Mariam Aminata do Nascimento Diene Introdução É de conhecimento de todos que os problemas que o rompimento das barragens de Mariana/MG causou, atingiu não só à população local como à população de cidades vizinhas. Muito se é falado da extensão em questão de quilometragem da tragédia, mas pouco é levado em conta que além das vidas perdidas, os quilômetros atingidos muito dificilmente serão recuperados. Estudos (Brasil, 2015) indicam que cerca de 34 milhões de m3 de rejeitos de minérios foram lançados diretamente ao meio ambiente. 82% do município de Bento Rodrigues foi atingido, deixando a cidade quase que em sua totalidade soterrada. Cerca de 1.469 hectares ao longo de 77 km decursos d’água, incluindo Áreas de Preservação Permanente foram atingidas, causando a extinção de espécies e a contaminação irreversível das águas. Desenvolvimento Pela leitura do artigo 225 da Constituição Federal de 1988, entende-se que é de responsabilidade do Poder Público e do coletivo, a manutenção do meio ambiente de forma que este seja ecologicamente equilibrado. A partir da análise desse artigo, e do entendimento do que aconteceu em Mariana, conclui-se que houve a violação dos chamados Princípios do Direito Ambiental. O primeiro, Princípio da Prevenção, tem como objetivo impedir a ocorrência da poluição; os Estados têm, de todas as maneiras possíveis, prevenir a ocorrência de danos irreversíveis. O segundo, Princípio do Desenvolvimento Sustentável, tem como premissa obter a integração dos objetivos econômicos, sociais e ambientais. E o terceiro, o Princípio do Equilíbrio é o princípio pelo qual devem ser pesadas todas as implicações de uma intervenção no meio ambiente, buscando-se adotar a solução que melhor concilie um resultado globalmente positivo. (PANTOJA, 2022) O licenciamento e a fiscalização da atividade de exploração mineral ou mineração cabe ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), do Ministério de Minas e Energia (MME), em consonância com o licenciamento ambiental executado pelos órgãos estaduais, distrital e federal de meio ambiente. O licenciamento mineral requer a outorga de dois atos administrativos: a licença específica, a ser expedida pelo Município em que se encontra a jazida que se pretende lavrar, e a autorização do DNPM para se lavrar o recurso mineral (FIORILLO, 2004). A mineradora, no caso de Mariana, será responsabilizada baseando-se na teoria modalidade risco integral, ou seja, a SAMMARCO será integralmente responsabilizada sem a possibilidade de excludentes, como se evidencia no julgado em caso similar, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais: APELAÇÃO CÍVEL - INDENIZAÇÃO - DANOS MORAIS - ROMPIMENTO DE BARRAGEM - MINERAÇÃO RIO POMBA CATAGUASES - DANO AMBIENTAL - TEORIA DO RISCO INTEGRAL - MINORAÇÃO DO VALOR ARBITRADO - IMPOSSIBILIDADE - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO- MULTA- CARÁTER PROTELATÓRIO- NÃO CONFIGURAÇÃO- RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. - Para o dano ambiental se aplica a teoria do risco integral, logo, é objetiva a responsabilidade e não se admite a incidência das excludentes de força maior, caso fortuito e fato de terceiro; - A indenização por dano moral deve ser fixada em valor suficiente para reparar o dano, como se extrai do art. 944, caput, do Código Civil; - Não sendo evidenciado o propósito protelatório dos embargos, afasta-se a multa prevista no art. 538, p. Único do CPC; - Recurso parcialmente provido.(TJ-MG - AC: 10439070714993001 MG, Relator: Amorim Siqueira, Data de Julgamento: 03/12/2013, Câmaras Cíveis / 9ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 09/12/2013). A doutrina denomina de Tríplice Responsabilização sendo os três tipos de responsabilidade na matéria ambiental, que são: responsabilidade civil, responsabilidade administrativa e responsabilidade penal. “É fato que a Samarco e seus associados serão responsabilizadas nas três esferas das responsabilizações, mesmo diante dos questionamentos levantados, não há dúvidas de que houve sim a negligencia na fiscalização interna, o uso das devidas manutenções e procedimentos para evitar tais danos ocorridos, porque quando falamos em dano ambiental deve-se destacar que o causador do dano deve responder nas esferas civil, administrativa e penal, tendo em vista que a Constituição Federal estabelece que “as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”. (DUARTE, 2015) Sobre a responsabilização da pessoa jurídica, o artigo 3º de Lei 9.605 dispõe que: As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nessa lei, em caso que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. Dessa forma, face às disposições legais, entenderam os legisladores que a pessoa jurídica era penalmente capaz de ser punida pelas infrações ambientais que lhe beneficiasse. No entanto é mister enfatizar que de acordo com o parágrafo único do referido artigo, a responsabilidade da pessoa física não é excluída com a responsabilidade da pessoa jurídica (ANDRADE, 2004). Um tipo de ação que pode ser interposta para a indenização das vítimas e o retorno ao estado anterior seria a ação civil, e os legitimados para interpor a ação são o Ministério Público e a Defensoria Pública. Conclusão Conclui-se desse estudo que a empresa o acidente de Mariana foi uma tragédia que partiu da irresponsabilidade e incoerência por parte da empresa SAMARCO que deixou cicatrizes que nunca irão se apagar; podem e devem ser totalmente responsabilizados juridicamente. Referências ANDRADE, Leandro Amaral. Crimes Ambientais. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, VII, n. 19. Nov./2004. Disponível em: http://www.ambitojuridico.com.br. Acesso em 08 de maio de 2023. BRASIL. Laudo Técnico Preliminar: Impactos ambientais decorrentes do desastre envolvendo o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais. In: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA. Minas Gerais, 2015. Disponível em: http://www.ibama.gov.br/phocadownload/noticias_ambientais/laudo_tecnico_preliminar.pdf. Acesso em: 04 de maio de 2023. DUARTE, FELIPE SIMÕES. O caso Samarco e a responsabilidade por dano ambiental. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/44561/o-caso-samarco-e-a-responsabilidade-por- danoambiental. Acesso em 08 de maio de 2023. FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 5 ed. São Paulo: Saraiva, 2004. PANTOJA, Othon. Os 5 mais importantes princípios do direito ambiental. Disponível em https://www.aurum.com.br/blog/principios-do-direito-ambiental/. Acesso em 07 de maio de 2023. http://www.ambitojuridico.com.br/ http://www.ibama.gov.br/phocadownload/noticias_ambientais/laudo_tecnico_preliminar.pdf https://jus.com.br/artigos/44561/o-caso-samarco-e-a-responsabilidade-por-danoambiental https://jus.com.br/artigos/44561/o-caso-samarco-e-a-responsabilidade-por-danoambiental https://www.aurum.com.br/blog/principios-do-direito-ambiental/
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