Buscar

Combo da Fé

Prévia do material em texto

COMBO DA FÉ20 LIVROS DE MIZAEL XAVIER
MIZAEL DE SOUZA XAVIER
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS: Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ouprocesso, especialmente por sistemas gráficos, sem a devidaautorização assinada pelo autor, Mizael de Souza Xavier. A violaçãodos direitos é punível como crime (art. 184 e parágrafos do CódigoPenal), com pena de prisão e multa, busca e apreensão eindenizações diversas (art. 101 a 110 da Lei 9.610, de 19/02/1998,Lei dos Direitos Autorais). 
Distribuição gratuitaVenda proibidaPODE COMPARTILHAR À VONTADE!
5S EDITORAPARNAMIRIM, RN/2022
APRESENTAÇÃO
Seja bem-vindo ao livro “Combo da fé”! Este volume contém umcapítulo de cada um dos vinte livros que o compõem. Ele foiidealizado para abençoar a sua vida com estudos riquíssimo daPalavra de Deus e para que você conheça um pouco mais do meutrabalho como escritor. Como você poderá ver no catálogo no finaldeste PDF, possuo mais de 100 e-books já publicados, com temas quevariam entre espiritualidade, gestão, poesia, contos e tantos outros.
Ao lado de cada título no sumário, encontram-se os números deregistro dos livros na Amazon, onde você poderá encontrar a versãointegral de cada um destes livros. As citações bibliográficasencontram-se nas referências bibliográficas dos livros de origemdestes textos.
Fique à vontade para compartilhar este PDF com seus amigos,familiares, irmãos da igreja, colegas de trabalho e nas suas redessociais.
Desejo que Deus fale grandemente ao seu coração através destescapítulos e que a sua vida seja ricamente abençoada e transformadapelo poder do Espírito de Cristo.
Mizael XavierEscritor
SUMÁRIO
Dê um UPGRADE na sua fé (B0B4GV3M1T)Texto: Espiritualidade prática
O que é ser Igreja (B08LLCJTPT)Texto: Consciência da verdadeira conversão
Decepcionados com a Igreja (B08H4JD81B)Texto: Quais são os seus interesses na Igreja?
Ninguém morre de amor (B08J2873C3)Texto: O que é o amor?
Batalha Espiritual (B08KDVGZBL)Texto: Cura e libertação
Faça a escolha certa (B08PDS1PM5)Texto: A vontade de Deus e o Espírito Santo
O poder da fé (B08ZM34NQX)Texto: O poder da ressurreição de Jesus
A graça de ofertar (B08HSV7FBN)Texto: A verdadeira oferta ao Senhor
Maria e a vontade de Deus para nós (B08HDF8J19)Texto: O Deus que se revela
Pai Nosso: uma oração com a vida (B08L251C4R)Texto: Doxologia
O Deus desconhecido (B0BJ7WMQNN)Texto: O Deus que não conhecemos
A ovelha peregrina (B08KBX7ZV1)Texto: Glorioso
Manual do obreiro aprovado (B08JHGRHYK)Texto: O crescimento do obreiro
Corpo e espiritualidade (B08MZ3QS8H)Texto: Olhos
Integridade cristã (B08J4JN858)
Texto: A impossibilidade do equilíbrio
Espiritualidade líquida (B08J4JN858)Texto: Supervalorização da experiência
Mais que vencedores (B09XJ8H6HG)Texto: O poder transformador da Palavra de Deus
Educação cristã de filhos (B08HZ6XZNZ)Texto: Educar é influenciar
Os 7 hábitos da espiritualidade biblicamente eficaz (B08LYQPPNP)Texto: Hábito 1: fé + virtude
O poder da oração (B08NZ7P324)Texto: O que é a oração?
ESPIRITUALIDADE PRÁTICADo livro “Dê um UPGRADE na sua fé”
Uma das grandes características da espiritualidade cristã é que elanão é contemplativa, mas se desenvolve por meio decomportamentos e relacionamentos. Embora parta de uma meditaçãoa respeito da Palavra de Deus e fundamentar-se na sã doutrina, elase efetiva no viver diário. Portanto, precisamos distinguir“espiritualidade prática” de “práticas espirituais”. A primeira dizrespeito ao viver piedoso em fé, santidade, obediência, amor eserviço. Ela é reflexo do nosso novo nascimento e da nossa vidadiária com Deus, o que se evidencia, também, através das boas obraspara as quais fomos salvos pela graça de Deus (Ef 2:8-10). Já aspráticas espirituais (ou religiosas) são as nossas orações, o jejum, osdízimos e ofertas, a Santa Ceia, o batismo, o culto público e tudomais que envolve a nossa vivência dentro e fora da igreja. As práticasespirituais são legitimadas por meio da espiritualidade prática, quetem em sua base, como já disse, o novo nascimento. De nada adiantaoração e jejum sem fé, santidade, obediência, amor e serviço. Denada adianta cultuar a Deus na igreja se fora dela não oferecemos aEle sacrifícios espirituais. A Palavra de Deus nos chama a viver de maneira prática aquiloque cremos. A Igreja de hoje vive uma teologia repleta demisticismos e modismos que buscam colocar o homem em sintoniacom Deus através de práticas mecânicas e vazias que se dizemespirituais. Somos espirituais porque oramos mais e melhor, porquesabemos muitos versículos decorados, porque não bebemos nemfumamos, porque damos nossos dízimos, porque vestimos certo tipode roupa, porque falamos a “língua dos anjos”, porque somos“ungidos” do Senhor. O formato do culto e a própria estrutura dealgumas igrejas têm sido pensados para fornecer um ambiente maisespiritual, acomodando o que ali acontece aos anseios dos crentes,procurando fazer com que eles se sintam à vontade, o que reflete,inclusive, no tipo de pregação que é oferecida. Além dos temaspsicológicos e de autoajuda, existe um cuidado com temas comopecado e inferno, para não causar nenhum tipo de transtorno ou mal-estar aos ouvintes.Essa espiritualidade, porém, não reflete na vida diária comDeus e com as pessoas e rapidamente denuncia o farisaísmo. Em suaepístola, Tiago, irmão do Senhor, expressa claramente o que estamosfalando: “Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somenteouvintes, enganando-vos a vós mesmos” (Tg 1:22). O cristão coerentenão é aquele que apenas ouve a Palavra, mas que a transforma emobras (v. 25). No segundo capítulo, Tiago prossegue e insiste nessatemática, ao afirmar: “E assim, também a fé, se não tiver obras, por
si só é morta” (2:17). Uma vida repleta de boas obras é a verdadeiraespiritualidade.Qualquer espiritualidade não cabe na vida do crente, senãoaquela que está fundamentada na Palavra de Deus. Antes de tudo, aBíblia. Assim como não podemos jogar futebol sem conhecer asregras próprias desse esporte, não podemos jogá-lo obedecendo asregras do vôlei. De igual modo, devemos desenvolver a nossaespiritualidade, mas seguindo as regras próprias da vida cristã.Conhecimento e prática caminham unidos. Em seu livro “A maldiçãodo Cristo genérico” (2007, p. 18), Eugene H. Peterson nos chama aatenção para o significado de “teologia espiritual”. Segundo elesabiamente afirma, a teologia espiritual “Representa o esforço dacomunidade da igreja para manter os pensamentos a respeito deDeus (teologia) em ligação orgânica com a maneira como vivemosem Deus (espiritualidade)”. Ainda segundo Peterson (idem):
O “espiritual” impede que a “teologia” se deteriore numsimples e distante exercício de pensar, falar, ler e escreversobre Deus. A “teologia” evita que o “espiritual” se torneapenas a atividade emocional de pensar, falar e escreversobre sentimentos e ideias individuais de Deus. Uma palavranecessita da outra, pois sabemos como é fácil desassociar oestudo sobre Deus (teologia) da maneira como vivemos;também sabemos como é fácil desvincular nosso desejo deviver com plenitude e satisfação (vida espiritual) daquilo queDeus é, de fato, e das maneiras como ele opera entre nós.
Na nossa caminhada cristã, a nossa espiritualidade deve sercoerente com aquilo que professamos a respeito de Deus, não aimagem que temos de Deus e que muitas vezes forja umaespiritualidade carente de apoio bíblico, mas a imagem que Deus nospassa de Si mesmo através da revelação da sua Palavra e do seuFilho, Jesus Cristo. O que Cristo nos revela? Como Ele vivia a suaespiritualidade? Se Jesus é o nosso modelo, talvez muitas das nossaspráticas espirituais necessitem de uma urgente revisão. Vale acendervelas? Vale rodar e gritar freneticamente? Vale cair em transe eurrar como animais? Vale se isolar do mundopara encontrar Deus nasolidão? Vale trilhar o caminho de Santiago de Compostela? Se sim,onde encontrar apoio na Palavra de Deus e na vida de Cristo e dosapóstolos para essas coisas? Vale uma espiritualidade santa nosofrimento? Sim, isso vale! O apóstolo Pedro escreveu: “Porquantopara isso mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu emvosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos” (1Pe 2:21). Mas quem quer tal espiritualidade?Somos convocados a viver uma espiritualidade coerente, quetransforma a nossa vida em uma vida prática, não apenas abstrata,teórica. Como o próprio subtítulo do livro citado sugere, estamosbanalizando o Senhor Jesus, transformando o cristianismo em apenasmais uma religião, um ajuntamento de pessoas que dizem seguir aCristo, mas que, em sua prática de vida, não demonstram ser
verdadeiramente seus discípulos. Deus nos chama a sermoscoerentes com aquilo que professamos. Aquilo que sentimos,pensamos, falamos, pregamos e escrevemos acerca de Deus deveestar bem firmado na sua Palavra e ao mesmo tempo ser prático:amor prático, solidariedade prática, fé prática, esperança prática,caridade prática, santidade prática, dons práticos, responsabilidadeprática. Para isso, devemos lutar diariamente, desenvolvendo a nossasalvação com temor e tremor, aprendendo e praticando esseaprendizado.
O risco da hipocrisia
Conforme lemos em Mateus 23:13-15, os fariseus eram mestresna arte de interpretar papéis. Eles maquiavam o seu exterior,cuidavam bem da sua aparência, dos seus aparatos; estudavam cadapalavra e cada gesto e tomavam cuidados minuciosos para que cadaação fosse ou parecesse santa. A estes, Jesus chamou de hipócritas.A palavra “hipocrisia” vem do grego hupokrisis e significarepresentar um papel, utilizada com referência ao trabalho do atorno teatro, que vivia de máscaras e as trocava de acordo com o papelque representava. O hipócrita aplica às pessoas crenças, virtudes,ideias, sentimentos e valores que ele mesmo não possui ou nãopratica, ou finge ter esses valores por meio de práticas externas quedestoam completamente da sua realidade interior. Ele é alguém queprega o politicamente correto, mas que, em oculto, pratica tudo oque condena abertamente. Uma das características dos hipócritasdenunciados por Jesus era justamente a máscara da religião que elesutilizavam na interpretação dos seus papéis. Essas máscaras eramcompostas de legalismos na incorreta interpretação da Lei deMoisés, que construíam uma espiritualidade totalmente baseada naaparência (vestes, festas, roupas, cerimônias, proibições – não toque,não prove, não fale). O Senhor Jesus mostra que a verdadeira espiritualidade nãoestá ligada aos fatores externos – de fora para dentro – mas aosfatores internos: de dentro para fora. A verdadeira religião(religare=religar) é prática. É uma vida transformada pelo EspíritoSanto de Deus, lavada e remida no sangue de Cristo, obediente aDeus e à sua Palavra. Essa transformação interior promovida pelagraça nos santifica, transforma as nossas ações, o nossocomportamento. O que sai pela boca é o que contamina, poisdemonstra o que existe de fato no coração do homem. Uma vidatransformada por Deus vive de maneira coerente com o que crê, comas suas virtudes, seus ideais, seus sentimentos e seus valores. É umavida fiel.Em outro episódio, o Senhor Jesus nos ensina a orar apósdenunciar a forma hipócrita e vangloriosa como os fariseusmantinham a sua religiosidade (Mt 6:1-7). Aqueles homens que se
gabavam de serem doutores e praticantes perfeitos da Lei, tinham ocostume de atrair para si a atenção das pessoas em tudo aquilo quefaziam. O objetivo não era didático, não visava ganhar os incrédulospor meio do seu testemunho fiel, mas pretendia tão somente merecero aplauso e o reconhecimento das pessoas. Jesus convoca os seusdiscípulos a agirem de maneira totalmente inversa, buscando nãoserem vistos e recompensados pelos homens, mas por Deus. A oraçãodo cristão deve estar isenta de manifestações egocêntricas. Oversículo-chave para isso é o 7: “Venha o teu Reino. Seja feita a tuavontade, assim na terra como no céu”. Isso é muito mais que umadeclaração ou um anseio, mas envolve viver de modo que o Reino deDeus e a sua vontade estejam em primeiro lugar (Lc 12:31). Istosignifica que a vontade que é feita no céu deve ser feita aqui naterra, deve ser real no nosso dia a dia. Se a vontade de Deus é boa, perfeita e agradável (Rm 12:2), énecessário que o nosso comportamento na terra seja bom, perfeito eagradável. Os valores eternos de Deus precisam se fazer presentesem nossas atitudes, de modo que a nossa espiritualidade não sejafarisaica, aparente, mas reveladora e transformadora, ao ponto de aspessoas olharem para nós e verem Jesus, imaginarem o céu. Se oReino de Deus é justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Rm 14:7), anossa interação com este mundo deve refletir esses valores.Desejamos e pedimos muito de Deus em nossas orações, mas seatentarmos para aquilo que a Bíblia diz, veremos que já temos muitasrespostas do que precisamos ser, ter e fazer aqui na Terra. Devemosviver neste mundo como se estivéssemos no céu, desfrutando dapresença de Deus, mas também praticando os valores do seu Reinocelestial, pregando e vivendo a vontade do Pai que está nos céus.Esta é a verdadeira vida espiritual que devemos cultivar.
CONSCIÊNCIA DA VERDADEIRA CONVERSÃODo livro: “O que é ser Igreja”
Criou-se uma ilusão de que Deus está atrás de números. Por isso seinveste tanto em estratégias – algumas santas, outras nem tanto –para lotar templos. O resultado é a invasão do curral santo porovelhas que não fazem parte do rebanho de Jesus, que nãoreconhecem e por isso não ouvem a sua voz. Ocultas entre as poucasovelhas preocupadas em se identificar com o Pastor por meio daobediência à sua Palavra, estão dezenas que acreditam que podemser ovelhas vivendo como se fossem bodes ou lobos. Mas é possíveldeclarar-se cristão, afirmar-se convertido sem haver algumamudança de posição diante de Deus e, consequentemente, decomportamento? Quando olhamos para algumas igrejas e vemos asintrigas, arrumadinhos, fofocas, mentiras, adultérios, jogos de poder,soberba, corrupção, nepotismo, arrogância, estrelismo e tantasoutras mazelas, ficamos a nos perguntar se algumas pessoas são defato convertidas ou se apenas foram convencidas por si próprias deque seguem a Jesus, mas sem qualquer compromisso moral com ele.Não podemos esquecer que o joio cresce no meio do trigo.Quando falamos em conversão, outros temas nos vêm à mentee implicam em algumas dificuldades para entendermos a genuínaadesão a Cristo. Se pensarmos em ternos de arminianismo,entenderemos que o ser humano não é corrompido totalmente e porisso ainda possui uma capacidade dada pela “graça preveniente” deDeus de responder positivamente ao chamado à conversão. Logo,esta partiria de um entendimento humano da sua condiçãopecaminosa e a sua resposta ao chamado gracioso de Deus paraabraçar a salvação oferecida a todos por Cristo. Pensando sob oponto de vista calvinista e a depravação total do ser humano, aconversão parte de um chamado eficaz do Senhor aos seus eleitos,que não veem outra opção senão se converterem a Ele. A isso sechama “graça irresistível”. Não há como resistir ao chamado deDeus. Este chamado é “especial” ou “eficaz”. Embora o arminianismocreia que a salvação é em Cristo somente, por meio da graça, o fatode o pecador escolher ou não ser salvo, afeta negativamente asoberania de Deus e torna o homem participante da sua salvação(sinergismo), uma vez que cabe a ele dizer sim ou não a Deus. Nadoutrina calvinista, a obra da conversão, inclusive a própria fé quesalva (Ef 2:8,9), é exclusivamente de Deus e não há participaçãoalguma do pecador nesseprocesso (monergismo).Aqueles que se convertem genuinamente a Cristo são objetosdo chamado especial de Deus. Embora haja um chamado geral àconversão (p. ex. Mt 11:28 e 22:14), somente nos eleitos aconversão ocorre de fato. De acordo com Millard J. Erickson a
respeito do chamado especial (1992, p. 362): “Deus atua de formaparticularmente eficaz com os eleitos, dando-lhes condições dereagirem com arrependimento e fé, e fazendo com que de fato assimreajam”. Ainda segundo o mesmo autor, “O chamado especial é, emgrande medida, a obra da Iluminação do Espírito Santo, dando aoreceptor a capacidade de compreender o verdadeiro significado doevangelho. Essa obra do Espírito é necessária porque a depravaçãoque caracteriza todos os homens os impede de captar a verdaderevelada de Deus”. Somente iluminado pelo Espírito Santo o pecadorpode compreender a loucura de Deus na cruz (2 Co 5:19; 1 Co 1:18-25; 12:3). Ao haver experimentado essa iluminação, a sua respostasempre será positiva, isto é: a conversão. A vontade soberana e opoder de Deus para salvar o pecador são preservados e estão sempreem evidência. Mas o que de fato significa “conversão” no que dizrespeito a essa busca pelo Deus que dele nos aproxima por meio deCristo?Geralmente, quando nos referimos àquele momento do nossoencontro pessoal com Jesus, o nosso primeiro passo na caminhadacristã, começamos o relato dizendo “Quando eu me converti a Jesus”.Assim, referimo-nos ao momento em que erguemos nossa mãorespondendo a um apelo após o culto ou que nos sentimos tocadospor Deus em algum lugar onde estávamos sós e vimos que aquele erao momento de “nos convertermos” a Ele. A nossa atitude sempre estáno foco da questão. A conversão é um ato de Deus, uma mudançaque nos tira de uma direção e nos coloca em outra: o abandono dopecado e a volta para Cristo. Tanto no Antigo Testamento (p. ex. Ez18:30-32), quanto no Novo (p. ex. Ef 5:14; At 3:19), a conversão semostra como o despertar espiritual que desvia o homem datransgressão. A conversão envolve dois aspectos ou movimentos:negativo, que inclui o arrependimento e o abandono do pecado; epositivo, que significa voltar-se pela fé a Jesus Cristo. Ainda segundoErickson (idem, p. 394), é um ato único que possui dois aspectosdistintos e inseparáveis: a fé e o arrependimento.O arrependimento, como vimos, é o aspecto negativo daconversão e mostra a necessidade de abandonar o pecado para tercomunhão com Deus. O hebraico utiliza duas palavras para referir-seao arrependimento. A primeira é nachan, como em Gênesis 6:6,sempre ligada a um aspecto de Deus; a outra é shûv, expressando anecessidade do homem de voltar-se para o seu Criador e abandonarsuas práticas pecaminosas. No Novo Testamento, encontramostambém duas palavras gregas para arrependimento: metamelomai,que demonstra o aspecto emocional do arrependimento, como umpesar ou remorso por um ato cometido (cf. Mt 21:30); e metanoeo,que significa pensar de forma diferente sobre algo, mudar de ideia. Omomento do arrependimento é apenas o início de um processo; umadisposição que não ocorre necessariamente pelas razões corretas.Podemos nos arrepender de haver pecado não porque entendemosque ofendemos a Deus, mas por medo dos efeitos que nosso pecado
poderá nos trazer. É preciso julgar as nossas intenções. Judas foiacometido de um grande remorso após trair Jesus e ver no que seuato resultou. Esse remorso, todavia, não gerou nele transformação,mas o conduziu ao desespero, levando-o ao suicídio (Mt 27:3). Overdadeiro arrependimento implica em mudança real decomportamento, como ocorreu com Pedro em contraste com Judas(Jo 21:15-19).Outro aspecto da conversão é a fé. Quando nós cremos emJesus Cristo, podemos reconhecer a nossa condição de pecadores,arrependermo-nos e nos converter – ou ser convertidos. Não épossível haver a genuína conversão se o arrependimento não forseguido pela fé em Jesus. Sentir-se culpado pelos próprios pecados epedir perdão a Deus não resolve a questão da conversão. Sem aceitara Cristo como Senhor e Salvador, ninguém pode se considerarconvertido. Em Romanos, Paulo fala acerca da rejeição dos judeus eexpressa a sua vontade: “Irmãos, a boa vontade do meu coração e aminha súplica a Deus a favor deles são para que sejam salvos” (10:1).Falando a respeito da autojustiça dos judeus que zelam por Deus sementendimento, ele afirma que “o fim da lei é Cristo, para justiça detodo aquele que crê” (v. 4). Esta justiça é decorrente da fé (v. 6),fruto da palavra da fé que é pregada (v. 8): “Se, com a tua bocaconfessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus oressuscitou dentro os mortos, serás salvo. Porque com o coração secrê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação” (vs.9,10). Esta fé não deixa o homem confundido, porque “Todo aqueleque invocar o nome do Senhor será salvo” (vs. 12,13). A salvação éfruto da fé. Através da fé em Cristo o homem é justificado e muda deposição diante de Deus. Antes dessa mudança ele não passa de umcadáver, um morto-vivo, como afirma Paulo em Efésios 2:1: “Ele vosdeu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados”. Se nãohouve a fé salvadora, se o pecador não foi tocado pelo Espírito Santo,a sua conversão não é genuína. Ninguém pode converter a si mesmoou declarar-se salvo se a sua conversão não foi uma obra do Espírito.Outra questão é: como ocorre a conversão? Ela é instantânea,no momento em que o pecador ouve o apelo do Evangelho e decideradicalmente atender ao chamado de Deus, ou é um processo no qualo pecador se converte aos poucos? Essas duas linhas de pensamentosão possíveis. Algumas pessoas, a exemplo de Nicodemos (cf. Jo19:39) parecem experimentar uma conversão gradativa a partir domomento em que ouvem a mensagem de Cristo. Outros passam porum momento de crise em que se convertem em um instante, como oexemplo do carcereiro (At 16:30). O importante é sabermos que emambos está a ação do Espírito Santo, quer mostrando aos poucos averdade da salvação, quer impactando com essa verdade a vida dealguém ao ponto de num único instante levá-la ao arrependimento eà conversão. Muitas pessoas se convertem após um longo período detempo sentindo o coração arder com a mensagem do Evangelho.
Esse sentimento já é o despertar do Espírito promovendo aconversão.Erickson (ibdem) também nos chama a atenção para adiferença entre “conversão” e “conversões”. A primeira é um atoúnico e inicial de volta para Cristo, onde o pecador arrependido éselado com o Espírito Santo, justificado, redimido e adotado comofilho de Deus. Este momento jamais se repetirá, uma vez que asalvação não pode ser perdida e o Espírito Santo jamais é retirado docristão. Se houver uma “nova” conversão, significa claramente que aprimeira não foi verdadeira. A segunda é fruto do trabalhar doEspírito Santo na vida do convertido, onde ele vai, imediatamente ouaos poucos, convertendo áreas da sua vida que precisam serreparadas. Esse é o processo da santificação. O evento principal, aprimeira conversão, é que lhe fornece os meios para as conversõessecundárias. Se em momento algum da vida do indivíduo houve essas“conversões”, pode ser que a primeira jamais tenha acontecido.Uma explicação para definir o sentido de conversão é aqueladada por Jesus a Nicodemos: “Importa-vos nascer de novo” (Jo 3:7).Todavia, existem muitas implicações neste novo nascimento quedevemos estudar. Afinal, como Nicodemos bem sabia, todos jánascemos uma vez, já estamos vivos e atuantes no mundo. Por quedeveríamos nascer novamente? E como se dá este novo nascimento?Qual a sua finalidade? Certamente este “nascer de novo” nosidentifica com Cristo, o qual nos dá uma nova identidade como filhosde Deus. Antes do novo nascimento existe algo imprescindível: a fé(Ef 2:8,9). Essa fé vem pelo ouvir a Palavra de Cristo (Rm 10:17).Está implícito nesteversículo que a palavra que gera fé não é outrasenão a de Cristo. Não estamos falando da fé que atrai bênçãos, masda fé salvadora. Outra palavra e outro evangelho não geram a fénecessária à conversão. Deste modo, a fé está intrinsecamente ligadaao caráter do verdadeiro seguidor de Jesus e é uma marca indelévelda Igreja. Um problema pode estar naquilo que entendemos por fé. Eesta é uma questão muito importante, porque “sem fé é impossívelagradar a Deus” (Hb 11:6). Em um estudo adiante definiremos o queé a fé, e já estaremos cientes da sua realidade.Um dos grandes problemas da Igreja atual é a falta de umacompreensão bíblica do que é a conversão. Isto se dá porque ospregadores têm perdido de vista a necessidade da conversão para afiliação divina. O tema do pecado já não é tão enfocado, de modo queas pessoas não têm consciência de que estão agindo contra a Lei deDeus e por isso estão sob condenação. Se não existe a consciência deestar ofendendo a Deus e, portanto, caminhando para a morteeterna, não há a percepção da necessidade de arrependimento, esem arrependimento não há salvação (Mt 3:2; 4:17; At 17:30). Então,o que dizer dos milhares de pessoas que abraçam o Evangelho todosos dias e lotam os templos evangélicos? Em primeiro lugar, é precisoesclarecer se o que está sendo pregado é de fato o Evangelho deCristo, a mensagem da cruz. Se o ouvinte não está sendo informado
da sua condição de pecador nem levado ao conhecimento de Cristocomo a Rocha da sua salvação, não é o verdadeiro Evangelho queestá sendo transmitido. De fato, tantas numerosas conversões sedevem, em não poucas vezes, a pregações que não apresentam Deuscomo o Soberano sobre a humanidade, mas como um Paicomplacente e permissivo, interessado no sucesso e na felicidade dosseus filhos. A fé em Deus que é gerada não produz arrependimentode pecados, mas expectativa de bênçãos.Então é possível que muitos seguidores de Jesus não sejamverdadeiramente seus discípulos. Estar dentro de uma igreja não é osuficiente para nos garantir a salvação, porque ser cristão não éestar na igreja, mas “ser” Igreja. Aquilo que geralmente se entendecomo igreja onde podemos entrar e de onde podemos sair, ésimplesmente um prédio. A espiritualidade do cristão acaba sendomedida pela sua frequência nos cultos e por aquilo que ele realizadentro das suas quatro paredes. Então, abandonar a Cristo não ésimplesmente deixar de ir à igreja, assim como aceitá-lo não ésimplesmente passar a frequentá-la. Dentro de um contexto bíblico,igreja está além do templo. A igreja somos nós, os cristãos, reunidosem torno de Cristo, unidos pelo Espírito Santo, compartilhando damesma fé, do mesmo batismo, do mesmo Deus. Então, é precisoentender o que é ser um verdadeiro convertido ao Senhor Jesusantes de declarar que todos os frequentadores das igrejas sãocristãos. Muitos dos que seguiam a Jesus não o faziam por umaconversão genuína, mas interessados naquilo que poderiam obterdele. Tão logo o discurso os desagradou, pararam se segui-lo. Nãodeixaram de ser discípulos, porque na verdade nunca foram (cf. Jo6:60-71).Embora pareça incoerente, é triste ver certas conversões queocorrem nas igrejas. O pastor prega sobre um tema ligado àprosperidade, diz que o ser humano é um miserável, não por serpecador, mas porque é um sofredor num mundo mau. Ele indica ocaminho da prosperidade, do sucesso e da felicidade total: JesusCristo. “Quem quer receber a Jesus para parar de sofrer?”, opregador pergunta. Então, muitas pessoas endividadas,desempregadas, solteiras, desesperadas e cheias de crisesexistenciais levantam as suas mãos e se aproximam do púlpitoafogadas em lágrimas para receberem a oração da cura e dalibertação. Outras são movidas mesmo por sua ganância em arrancarde Deus as bênçãos prometidas pelo pregador. Isso se assemelhamuito à Teologia da Libertação e a sua tentativa de salvar o serhumano por meio da libertação das injustiças sociais através demovimentos revolucionários de tomada do poder. No caso dodiscurso neopentecostal, essa revolução se dá por meio da tomada deposse das bênçãos. O pecador precisa se libertar da sua condiçãosocial degradante, mas por métodos espirituais de batalhas econquistas de riquezas. 
É muito preocupante esse tipo de conversão. Em primeiro lugarporque é produto de uma pregação mentirosa. Não que as nossasdores não sejam do interesse de Deus, mas pelo fato de que aconversão deve partir da compreensão que o homem tem de si comopecador miserável e carente de uma salvação que somente a graçade Deus tem para lhe dar, por meio da fé e do arrependimento. Esses“convertidos” não estão ali crendo que Cristo salva dos pecados e dáa vida eterna a todo o que nele crê, mas acreditando que Eleresolverá todos os seus problemas pessoais. E é este o compromissoque eles terão com Jesus, nada mais. Qual é o fruto dessasconversões? Igrejas lotadas de pessoas totalmentedescomprometidas com o Evangelho, que não oram, não leem aBíblia, não nasceram de novo e por isso não possuem o carátertransformado nem vida santa diante de Deus. Portanto, se nãonasceram de novo, não foram lavadas e remidas no sangue de Cristoe, como resultado, não possuem a salvação, não tardará aabandonarem a igreja, deixando o Evangelho de lado pararetornarem às suas antigas práticas, se é que em algum momento asabandonaram. Neste ponto podemos afirmar que o cão tornou aopróprio vômito e a porca ao lamaçal (2 Pe 2:22). Jamais deixaram deser cães ou porcos; jamais se tornaram ovelhas. Então percebemosque tais indivíduos não possuíam a marca de Cristo, não eram de fatoIgreja do Senhor. Compreender corretamente a conversão éessencial para nos firmarmos como corpo de Cristo: se não háconversão, não há enxerto neste corpo santo. Quem não é marcadopela conversão operada pelo Espírito Santo, não é seu templo.Por fim, a conversão não é apenas a inserção de um indivíduona vida da comunidade cristã, da Igreja como instituição, mas umamudança de posicionamento diante de Deus que redunda emtransformação de vida, onde uma mudança sensível e necessária sefaz real. Essa mudança é operada exclusivamente pela graça de Deuse nos leva a uma vontade diferente daquela que tínhamos quandoainda estávamos mortos, gerando compromisso com a Palavra deDeus e uma consequente mudança de comportamento. Dever (2007,p. 123) escreve que a mudança que necessitamos é “uma mudançade vida de pecado, que incorre em culpas, para uma vida perdoada,de confiança em Cristo”. E acrescenta: “Para fazermos isso, temosque arrepender-nos de nosso pecado e crer em Cristo. E isto só podeacontecer pela graça de Deus, mediante a pregação do evangelho”(idem). A conversão é evidenciada, não apenas afirmada. Ela éprática, não apenas proclamada. Não é um levantar da mão após oapelo fervoroso do pastor, mas um entregar total de vida e coraçãonas mãos do supremo Pastor da nossa alma. Além de um preço que jáfoi pago na cruz, a conversão tem consequências atuais e eternas.
QUAIS SÃO OS SEUS INTERESSES NA IGREJA? Do livro: “Decepcionados com a Igreja”
Geralmente, as pessoas olham para a Igreja como que para umespelho, esperando ver refletir nela a sua imagem: suapersonalidade, seus interesses e suas expectativas. Procuramos naigreja aquilo que somos ou que reflita quem esperamos ser e ter. Deigual modo, tendemos a nos afastar quando somos confrontados comaquilo que somos e convocados a mudar, ou quando vemos que osinteresses da instituição não são condizentes com os nossos.Devemos avaliar, à luz da Palavra de Deus, quem está certo nessecaso. Se o nosso interesse for ver a nossa vontade sendo supridaenquanto vivemos uma vida cristã desregrada e sem compromisso,podemos nos frustrar ao nos depararmos com igrejas queprocuram avontade de Deus e primam por uma vida santa e comprometida como Reino dos céus. Por outro lado, podemos estar em busca dogenuíno Evangelho da graça de Deus, interessados em uma vidasanta e ávidos em servir, mas sair frustrados ao encontrar igrejasque só pensam em estratégias para tirar o nosso dinheiro. Ointeresse correto de um lado precisa encontrar o interesse correto dooutro.As origens de muitas novas "igrejas de garagem" ou atégrandes denominações acompanham essa tendência da busca porinteresses pessoais. Alguns líderes acabam crescendo demais nassuas denominações e acham que já é hora de abrir o seu próprioministério, que para alguns significa literalmente abrir o seu próprionegócio. O mercado da fé está crescendo e dá ocasião a esse tipo decoisa, principalmente com uma visibilidade cada vez mais crescenteatravés da midiatização da fé, onde pregadores medem o seu sucessopelo número de curtidas, acessos e comentários nas suas publicaçõese lives. E essa fama toda tem ajudado a engordar o "cachê" de tantosao serem convidados para pregações, palestras, congressos, shows ecruzadas evangelísticas. O Cristianismo dos séculos passadosproduziu grandes pregadores, teólogos e missionários, comoSpurgeon, Lloyd-Jones, Moody, John Wesley e o saudoso Dr. RussellShedd, entre tantos outros. Hoje, o que o cristianismo fast-food temproduzido? Muitos Macedos, Soares e Santiagos. Claro, as exceçõesexistem e estão na Igreja verdadeira, não em empresas particularesda fé. Um ministério particular em que o fundador é o presidente e oadministrador de toda a vida da igreja oferece grandesoportunidades de independência total. Se é ele o poderoso chefão dasua denominação, está em seu poder estabelecer as doutrinas, oestilo do culto, os usos e costumes, além de administrar todos os
dízimos e ofertas. Ele pode idealizar as unções e as campanhas quedesejar, seguindo a sua imaginação. Não é necessário consultar umcorpo de ministros, muito menos a congregação para decisõesimportantes para a comunidade. Se durante a noite ele sonhar comalguma coisa, pode chegar diante da igreja e transmitir seu sonhocomo revelação da vontade de Deus. Na verdade, nem é necessárioesperar o sonho acontecer, basta dizer que sentiu da parte de Deusou que Deus lhe revelou que quem der o "trízimo" será abençoado 30vezes mais. Quem se levantará para contrariá-lo? Quem abrirá aBíblia para demonstrar que ele é um herege e que aquilo é doutrinade demônios? Quem o fizer, pode se dirigir logo depois à porta desaída, ou será escoltado para fora a força pelos obreiros(seguranças). Embora eu resista em citar os nomes dessas pessoas esuas denominações, essas informações se baseiam em fatos reais,como aquela camisa manchada com o sangue de certo apóstolo quelhe rendeu muitos lucros financeiros. Sem falar no álcool em gelungido durante a pandemia de Corona vírus.Por todas essas coisas é importante que aqueles que afirmamhaver se convertido e manifestem o desejo de fazer parte de umaigreja local tenham em mente algumas questões e doutrinasfundamentais aceitas pelas igrejas genuinamente cristãs. São elas: anatureza do Senhor da Igreja, a natureza da Igreja e a natureza daconversão. Esse conhecimento nos mostrará que não estamos naigreja para ter os nossos próprios interesses atendidos, mas paraservir Àquele que é Senhor da Igreja e que, de acordo com a suavontade soberana, irá nos abençoar. Também aprenderemos que oapelo à conversão só é legítimo quando enfatiza o nosso estado deperdição e a graça salvadora de Deus em Cristo como único meio deredenção. Também teremos consciência de que qualquer pessoapode entrar para a igreja, mas tornar-se membro do Corpo de Cristoé somente para aqueles que pelo Espírito Santo foram convencidos econvertidos, sendo regenerados, adotados por Deus como filhos eselados para o Dia da salvação. São esses que subirão quando oSenhor vier resgatar a sua Igreja santa.Outra preciosa contribuição do conhecimento do senhorio deCristo sobre a sua Igreja, da natureza desta e daqueles que fazemparte dela, é que não existe nenhuma igreja cristã verdadeira queseja personalista, que esteja edificada sobre a vontade e a figura dequalquer homem ou mulher, acima de tudo aqueles e aquelas quederam para si próprios o título de apóstolos ou "apóstolas". Sobreeste tema, o reverendo Augustus Nicodemus (2011, p. 20) escreveque os apóstolos de Cristo não se tornaram donos, presidentes,chefes e proprietários das igrejas locais que eles mesmos fundaram.O próprio apóstolo Paulo, o maior missionário e plantador de igrejasdo período apostólico, não requereu para si nenhuma autoridadeespecial separada dos demais apóstolos, muito menos permitiu quehouvesse partidarismo entre este ou aquele ministro do Senhor.Paulo ou Apolo? Nenhum dos dois, pois "De modo que nem o que
planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá ocrescimento" (1 Co 3:7). Nicodemus também escreve que aqueleshomens comissionados e enviados diretamente por Jesus eram“apóstolos da Igreja de Cristo, da Igreja universal, e não de igrejaslocais. A autoridade deles era reconhecida por todos os cristãos detodos os lugares. Onde eles chegavam, eram reconhecidos comoemissários de Cristo, com autoridade designada por ele” (idem). Queautoridade os apóstolos modernos possuem diante de Deus e da suaIgreja? Nenhuma! Eles são, na verdade, ridículos e hereges. Ocristão se ri e ao mesmo tempo se lamenta deles. Já os verdadeirosapóstolos, quem se ria deles eram os inimigos da igreja, seusperseguidores, aqueles que os martirizaram. Que grande diferença!A abertura de igrejas comandadas pelos seus fundadores é aexpressão máxima daqueles que anseiam por uma igreja nos moldesdas suas necessidades, vontades, valores, projetos pessoais ecaprichos. O pensamento é: se não encontro nenhuma comunidadeque se enquadre nos meus padrões, criarei uma para mim e elapoderá satisfazer a todos os meus interesses. Todavia, nem todos têmessa ideia ou condições financeiras de colocá-la em prática, emboramuitos comecem pequeno até se tornarem grandes empreendedoresda fé. A maioria permanece na sua igreja de origem, insatisfeita comtudo, participando de má vontade, falando mal dos seus pastores ecriticando o modo como todos os trabalhos da igreja são realizados.Outros saem, migram para outras denominações ou ficam em casamesmo. A sua fé não está submissa a Cristo, não serve ao Evangelhonem busca a vontade de Deus. É uma fé em si mesmo e napossibilidade se ser feliz e ter os seus problemas resolvidos. Elesdesconhecem o que o apóstolo Paulo aprendeu do próprio SenhorJesus: “Mais bem-aventurado é dar que receber” (At 20:35). Quantossinceramente vão ao culto para dar algo que receberam de Deus? Agrande maioria dos cristãos atuais vai ao culto para “receber” algode Deus: “Estendam as suas mãos para receber a bênção...”.Com todo o bem que promete trazer, o movimento dosdesigrejados pode estar contribuindo para facilitar o trânsito dessesindivíduos. O que pode ser melhor que um ambiente onde você entrae de onde você sai a hora que quiser? Não existe uma liderançaautoritativa, rol de membros, credos, regimento interno,compromisso com ministérios, disciplina eclesiástica, prestação decontas ou qualquer outra coisa que faça com que o crente sinta quepertence àquele grupo de pessoas. Se não me sinto bem na reuniãoda igreja na casa do seu Zé, na próxima me reúno no lar da donaMaria. E se dona Maria não gostar do meu jeito de ser ou eu não forcom a cara de alguém por lá, migro para a residência de seu João.Mas se lá em seu João não for do jeito que eu gosto e eu nãoconseguir o que tanto quero, tem a casa da dona Joana. Mas se por lácomeçarem as cobranças, ainda haverá muitas outras opções. Eninguém me dirá em que devo crer,não me pedirá sujeição aqualquer liderança, então estou livre para viver a minha fé do meu
jeito. E quem poderá dizer que estou errado se a igreja se reúnesomente nos lares e tenho o direito de estar onde eu quiser? Por tudoisso, percebemos o quanto é nocivo tentar ser crente e membro daIgreja fora dos padrões da Palavra de Deus.A Igreja, portanto, não é um ambiente nosso, mas de Deus. Épreciso primeiro pertencer a Ele antes de pertencer a ela. Casocontrário, somos um corpo estranho no Corpo de Cristo, como umparasita que suga de um organismo apenas aquilo que satisfaz ao seuapetite. E grande é o apetite desses novos bispos, missionários eapóstolos das mega igrejas! Conforme escreveu Salomão, asanguessuga tem duas filhas: Dá e Dá (Pv 30:15a). Já o crentegenuíno e a Igreja verdadeira pregam e vivem como o apóstoloPaulo: "Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro”(Fp 1:21). Enquanto para muitos hoje o lucro em seguir a Cristo sãobênçãos financeiras, Paulo cria que lucraria muito mais com a morte,porque assim estaria logo com o Senhor (v. 23). Aquele que vai àigreja cultuar a Deus somente para "receber algo dele", está indomesmo cultuar a Deus? Aquele que mede a qualidade da igreja quefrequenta pelo seu próprio bem-estar, faz parte da Igreja? Aqueleque não quer se submeter à liderança de ministros ordenados porDeus para guiar o seu rebanho poderá se submeter ao SupremoPastor da nossa alma? Aquele que usa a estrutura da igreja paraencher-se de dinheiro e propriedades tem parte no Reino de Deus?Talvez o apóstolo Pedro lhe dissesse: "Não tens parte nem sorteneste ministério, porque o teu coração não é reto diante de Deus" (At8:21).Precisamos entender que a igreja não é um local para sermosquem quisermos, mas para, em contato com outros irmãos, termos onosso caráter moldado através do processo de santificação queobjetiva nos tornar parecidos com Cristo. A igreja também não é umambiente para fazermos o que quisermos, mas existem mandamentosbíblicos (bases de fé e doutrinas) e regras de conduta comuns aqualquer organização humana (regimento interno) que devem serrespeitados Por fim, não são os nossos próprios interesses que estãoem evidência, mas a vontade de Deus acima de tudo e os interessesdos irmãos, o que pode até mesmo se chocar com os nossos próprios.O que fazer? Abrir mão de nós mesmos por amor ao outro. Fraseinconcebível nos anais da autoajuda, mas que reflete a essência doEvangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, “o qual a si mesmo se deupor nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade e purificar, para simesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras” (Tt2:14). Paulo declara: “Portanto, quer comais quer bebais ou façaisoutra coisa qualquer, fazei tudo para glória de Deus” (1 Co 10:31). Etambém: “Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu,senão também cada qual o que é dos outros” (Fp 2:4). O apóstoloPaulo também apela para a nossa sensatez: “Por esta razão, não vostorneis insensatos, mas procurai compreender qual a vontade doSenhor” (Ef 5:17).
O QUE É O AMOR?Do livro: “Ninguém morre de amor
Certa vez escrevi: “O amor é um lugar onde a minha alma fazmorada, onde meu coração busca descanso, onde os meuspensamentos procuram abrigo. O amor é o meu porto seguro, ondetenho certeza que o navio da minha vida jamais irá naufragar”. Serápossível definir algo tão transcendente como o amor? Onde buscarconceitos em pensamentos humanos tão complexos que anseiam porexplicar algo que parece estar muito além da sua capacidade decompreensão? E será mesmo que explicar o amor é tão complicadoassim? Na Bíblia não encontramos explicações como aquelasfigurinhas dos anos de 1980 onde aprendemos que “amar é”. Mesmoo texto áureo do amor – 1 Coríntios 13 – não diz: o amor “épaciência”, mas que o amor “é paciente”. Ele não ensina que o amor“é benignidade”, mas que ele “é benigno”. Então o amor não é, oamor faz. E é pelos frutos que reconheceremos aquilo que é amor e oque não é. É fácil ser paciente quando algo nos interessa muito.Precisamos cavar profundo.Muitos estudiosos procuram classificar as diversas formas deamor existentes nas relações humanas: um amor ligado a família,outro expressado nas relações interpessoais; o amor a si mesmo, oamor de reprodução e aquele puramente de recreação. Tantasclassificações podem gerar alguma confusão quando falamos deamor num sentido mais pleno. Tais estudiosos não veem barreiraspara, por exemplo, a poligamia ou a relação amorosa entre pessoasdo mesmo sexo ou até mesmo entre pais e filhos. A relaçãoextraconjugal também não é um problema, uma vez que o indivíduosaiba fazer a separação entre o amor que sente por sua esposa eaquele que se presta apenas a recreação. Mas no amor, é possívelhaver dois amores? A prática nos mostra duas realidades: naprimeira, o casal pensa que se ama e se trai mutuamente, mantendouma relação de aparências que cumpre uma função social na vidados dois; ou seja: eles se usam mutuamente. Na segunda, uma daspartes sairá machucada quando descobrir este “segundo amor”.O amor já foi definido como um termo único para designardiferentes sentimentos, pensamentos e ações. Se for assim, podemoscrer que possam existir diversos tipos de amor, visto a complexidadede sentimentos, pensamentos e ações do ser humano, todosocasionados por motivações e causas diversas. Por não existir umapessoa idêntica à outra, embora fisicamente elas possam serperfeitas cópias, a forma como cada uma sentirá e vivenciará o amorserá diferente. Cada pessoa acaba dando ao amor o seu própriosignificado. Mas o que realmente é o amor? Apenas um sentimentodo coração ou um sistema de valores que redundam em atitudesamorosas? O conceito de amor será diferente para cada povo do
planeta, para cada seguimento religioso e social. O conceito de amortambém irá variar de acordo com as crenças e os valores de cadaindivíduo. O modo diferente como experimentamos o amor nos fazter percepções diferentes, o que não afasta a possibilidade deinvestirmos pesquisa e conhecimento em busca de uma definiçãoideal que possa refletir de maneira positiva este poder universal quenos acompanha desde o início dos tempos.O objetivo primordial deste estudo não é se aprofundar nasquestões teóricas sobre o amor, mas debater pontos importantes naarte de amar, o que envolve um estudo mais acurado. Todavia, paracompreendermos a profundidade do tema e a sua dificuldade deestudo, devemos dar uma busca em alguns conceitos sobre o amor.Como afirmei no início, o meu norte está na Palavra de Deus, onde oDeus-amor se revela a nós. Estes conceitos não têm a intenção dedescartar as descobertas cientificas acerca dos relacionamentoshumanos e de como agimos em dadas situações. Na verdade, elestencionam reafirmar descobertas racionais e ao mesmo tempofundamentar aquilo que não se pode provar através de experimentoscientíficos, mas que a Palavra de Deus demonstra claramente.
Amor é partilha
Precisamos entender que o amor se mede em atos, mas os atosde amor devem ser feitos “sem fins lucrativos”. Se desejamos obteralgum lucro no amor, este amor de nada nos adianta, pois o amornão é mesquinho, nem egoísta ao ponto de querer somente o bempara si. Ainda, todas as nossas ações quando feitas sem amor denada valem, apenas denunciam o nosso orgulho e a nossaprepotência; apenas mostram a nossa tentativa de nos exaltarmos, deexpormos nossa “bondade”. Quem assim procede está a quilômetrosde distância do amor puro, verdadeiro e sincero. Devemos aprendera amar com o amor de Deus, o amor altruísta que desiste de simesmo em benefício do outro; amor que se aniquila, que se anula ese eterniza. Amar assim é saber abrir mão de nossas opiniões, sabercompreender o outro lado, aceitar seus defeitos e limitações, ajudarno crescimentoe no amadurecimento sem críticas e represálias.Deus assim nos ama e assim nos pede para amar. Essa é, porém, umaação de mão dupla, não de dar para receber, mas receber comoconsequência natural de ter dado.Este amor não impõe condições para amar. Existem muitoscasais que vivem a crise da “suprema decisão”. Uma das partes éobrigada a decidir entre algo ou alguém e o seu (sua) amado (a):Você escolhe: ou o seu emprego ou eu! Ou: Você decide: ou eu ou osseus amigos! E ainda: Você escolhe: ou a sua família ou eu! Agindodeste modo, o amante pensa que pode manipular a vida do seramado e moldá-la ao seu jeito de ser, ao seu modo de vida. Impede-o
de exercer uma profissão, por preconceitos ou ciúmes; impede-o,talvez pelos mesmos motivos, de dar continuidade à sua vida social efamiliar. Esquece, porém, que antes de conhecê-lo, este ser amadotinha uma vida pessoal e não é obrigado a abrir mão dela (a não serque seja esta a sua abnegada vontade!) por causa dos caprichos dealguém que quer imperar sobre a sua vida. Será que isto é amor ouapenas um mecanismo de auto-realização? Se não houver a partilha,não se pode falar de amor. Deus partilhou de Si conosco e nóscompartilhamos de nós com Ele.
A verdade da palavra “amor”
Existem muitas pessoas que brincam com a palavra “amor”,que a confundem com uma simples atração sexual de momento ouum emocionalismo, fruto de frustrações e carência afetiva. Quandochegamos a dizer a alguém que o amamos, devemos estar cientes daveracidade desta declaração, pois o impacto que ela poderá causarno outro pode trazer consequências irremediáveis se não contivernenhum fundo de verdade. O que pode acontecer algumas vezes é oamor cair nas garras da monotonia e aquela declaração que outrorafizemos ir perdendo todo o seu sentido. O amor resiste à monotoniaquando é cuidado, alimentado, transformado a cada dia. Em muitasdeclarações que afirmam “Eu te amo”, existe uma gama desentimentos e intenções que não traduzem o verdadeiro amor. Tentarmanter uma relação com base nisso é um caminho para a frustração.Como existem diferentes tipos de amor, é preciso que saibamoscom certeza que tipo de amor alimentamos pela pessoa que dizemosamar. É comum ocorrer um tipo de “amor de infância” entreparentes ou amigos bem próximos, que crescem juntos. Uma daspartes pode passar a desenvolver um amor platônico, que no coraçãodo outro não passa de amor fraterno. Por mero costume com apessoa tão querida de infância, mesmo inconscientemente, é possívelque este outro alimente ilusões que jamais poderão ser supridas. Ador será grande quando ele decidir envolver-se amorosamente comuma terceira pessoa. Quando alguém se apaixona por nós semnecessariamente termos alimentado tal sentimento, é necessário quemantenhamos nossa autoafirmação de lado, não permitindo a nósmesmos iludir este alguém só para vê-lo “aos nossos pés” e tirarmosdisto algum proveito. O amor não pode se transformar num jogo deinteresses medíocre, um mecanismo de conquistas egoístas ondeuma das partes sempre sai machucada. Amor não é brincadeira.
O amor é um exercício diário
Quando aspiramos a alguma profissão ou carreira, nós nosempenhamos o máximo nos estudos e em tudo mais que lhe digarespeito para alcançarmos nossos objetivos. Se somos desportistas,aplicamo-nos diligentemente em treinar nosso esporte preferido,ultrapassando limites e barreiras de tempo e espaço. Se somosatores de teatro, aprofundamo-nos em técnicas de interpretação eexpressão corporal, em incontáveis ensaios e decoração de textospara estarmos perfeitos na hora da apresentação do espetáculo.Enfim, tudo o que fazemos desprendemos esforço e força, queremocionais, intelectuais ou físicos. Quando assim não procedemos,nosso trabalho não rende os frutos necessários, não nos saímos bem,não nos sentimos realizados ou satisfeitos. Por que o mesmo nãoocorre com o amor? Porque não consideramos o amor um exercíciodiário, um aprendizado constante, um desenvolvimento que requerprática ininterrupta e abnegada? Por que somo relapsos com aspessoas que dizemos amar e deixamos que o tempo apague a chamaque em nós foi acesa no início? Uma planta sem água pode até germinar, mas não cresce eacaba morrendo. Um atleta que ambiciona ganhar uma medalhaolímpica jamais deixa de lado seus constantes exercícios e treinos,pois deles depende para obter sucesso, chegar ao primeiro lugar nopódio. No amor, não se trata de vencer, de estar em primeiro, mas dealcançar a sua plenitude, de amar incondicionalmente, amar de fatoe de verdade. Não um amor de aparências, mas um amor real,transparente. Muitos relacionamentos começam de formaespetacular e vão-se esfriando ao longo do tempo. O problema nãoestá no amor, mas na nossa incapacidade de continuar cuidandodele, o que significa cuidar da pessoa que amamos, não desistirjamais de respeitar, de dar carinho e atenção. Os problemascotidianos e a monotonia da vida vêm como sombras, tapando o soldo amor na relação, impedindo que ela cresça e se fortaleça. Se nãoentendermos isso, não tomaremos os cuidados necessários com aservas daninhas e os predadores, como ciúme, indiferença e traição.Não há relacionamento que resista a isso e permaneça saudável.
O amor é uma reação aprendida
Todos nós nascemos predispostos a amar. Amar é umanecessidade básica que todo ser humano carrega dentro de si,necessidade de se apegar a alguém, ser importante, de expressõesde amor e de afeto, do sentimento de pertença, dando-nos umasegurança necessária para que possamos cultivar a autoconfiança,sem a qual não podemos enfrentar a vida. A nossa maior dificuldadeé saber que o amor é um aprendizado, que amar significa se envolver
e se entregar, estar disposto a passar por provações. Esteaprendizado, esta capacidade, todos precisamos desenvolver nodecorrer de nossas vidas. Mas, infelizmente, parece que a maioriadas pessoas se acham autossuficientes, de modo que não precisamaprender nada, basta entrar numa relação e exercer o amor damaneira como achar melhor. Algumas sequer aprendem algo com oserros do passado, mas seguem cometendo os mesmos equívocos,impondo a sua maneira de amar, sem se importar com o que o amorrealmente é e com o que a outra pessoa pensa e sente.A forma como somos amados ou não desde os primeirosinstantes de nossa infância é que servirá de base para o nossoaprendizado na arte de amar. Na medida em que recebemos amor,correspondemos a este amor e aprendemos a devolvê-lo. Se nãorecebemos amor, como saberemos como amar? Crianças quecrescem em lares desajustados, onde seus pais brigamconstantemente em gritantes demonstrações de desarmonia edesrespeito mútuo, aprenderão desde então a agirem desta mesmaforma e na vida adulta terão maiores dificuldades de se relacionar.Quando o amor que a criança necessita não é demonstrado em seular, ela parte para outras fontes, que certamente lhe fornecerão umavisão completamente distorcida de amor, vida e felicidade. Graças aDeus que colocar pessoas na nossa vida para nos dar o que talveznunca tivemos quando crianças, algo que não conseguimosdesenvolver da maneira correta. Mas é preciso estar atendo,aprender, assimilar.Nós somos produtos de vários fatores: genéticos e hereditários,educacionais (educação familiar, escolar, religiosa, política, etc.),biológicos, sociais e culturais. Ao mesmo tempo em que construímosnosso caráter, nosso conjunto de crenças e valores através dapercepção e da vivência de todos estes fatores, vamos tambémtransformando o mundo pelas nossas ações, que revolucionam etransgridem na medida em que vão de encontro a velhos sistemasestabelecidos, buscando o novo. Nesse processo, o amor caminhaconosco e seguimos nos moldando segundo a vida que vivemos,nossospensamentos, sonhos e ideais, nossas atitudes para com aspessoas e o mundo ao nosso redor. O amor subverte a vida ao passoque a recria. O amor evolui, apesar de ser eterno. Ele éconstrutivista, aceita a interatividade; não é passivo, sabe o momentocerto de desistir das teorias arcaicas.Aprendemos a amar conforme nos permitimos amar e seramados. Se amar se aprende amando, ser amado só se aprende sepermitindo amar. E se amar só é possível se nos compreendermos enos aceitarmos na expressão mais exata do nosso ser. As limitaçõesimpostas pelo aprendizado deturpado ou insuficiente nos colocamnuma situação desagradável, mas não limitadora. Por menos quesaibamos a respeito do amor e por menor capacidade queencontremos de nos lançar nesta odisseia, sempre haverá o desejo decrescer, de desbravar florestas e transpor barreiras. Não existem
barreiras para o amor e quem decide amar deve munir-se da certezade que o amor é real e ilimitado, não se molda na forma do tempo oudo espaço e não se deixa levar pela mentira e a inveja. O amor estáalém da nossa capacidade de controle, embora possa esfriar-se pornossa falta de zelo. 
Direitos e deveres 
Apesar do dever de nos esquecermos de nós mesmos embenefício da pessoa amada, o amor é uma relação entre dois seresdistintos, e por isso envolve direitos e deveres. Assim como temos odever de amar, também temos o direito de sermos amados. Sedevemos aceitar, compreender, perdoar, suportar, esperar, abnegar-nos, temos também o direito de receber em troca os mesmos atos deamor. Todos os relacionamentos humanos envolvem direitos edeveres: pais e filhos, patrões e empregados, técnico e jogadores,diretores e atores, comércio e consumidor, cidadão e estado. Nesterelacionamento, nenhuma das partes pode abrir mão de suasresponsabilidades ou ser leviana, para que ambos sigam por umcaminho único e jamais em direções opostas. Quando isto ocorre, umdos lados sofrerá. Se o indivíduo age contra a lei, sofrerá asconsequências. No caso do amor, infelizmente, quando uma daspartes resolve burlar as leis, a parte afetada é que sofre asconsequências.Quando a Bíblia fala em “amar”, sempre se refere a umarelação de “uns aos outros” (Jo 13:34; 1 Pe 1:22; Hb 10:24,25; Gl5:13; Ef 4:32) . Ou seja: eu amor o meu irmão que me ama também.Não que devemos amar o nosso irmão apenas se ele nos amar oupara que ele também nos ame. Mas é essa a dinâmica do amor. Oamor não é uma obrigação ou uma dívida. Ele é um presente quedamos e recebemos. O fim de muitos relacionamentos está na faltadessa compreensão. Uma das partes da relação decide que não irádar, mas apenas receber, sugando do outro as suas forças semrecarregá-lo. Mas uns aos outros significa que aquele que fala, deveaprender a escutar; aquele que quer receber carinho, deve darcarinho também; aquele que espera compreensão e apoio, deve agirda mesma forma; aquele que cobra respeito, precisa igualmenterespeitar. Essa mutualidade só não deve acontecer quando ossentimentos e atitudes são negativas. Aquele que sofre com a falta dodialogo do companheiro, por exemplo, não deve devolver comsilêncio, mas deve trabalhar para que o diálogo aconteça. Se recebeuuma palavra dura, não deve retribuir da mesma forma. E pagartraição com traição não resolverá o problema. Devemos ser mútuosno amor e nos seus frutos, não na sua ausência.
CURA E LIBERTAÇÃODo livro: “Batalha Espiritual”
De acordo com tudo o que vimos a respeito do Movimento deBatalha Espiritual e daquilo que a Bíblia de fato nos ensina,precisamos pensar a libertação sob dois pontos de vista diferentes.Primeiro: a libertação como o exorcismo quando a pessoa estáendemoninhada. A libertação ocorre quando o demônio é expulso dopossesso. Se este não se converter a Jesus, poderá ficar num estadopior que o anterior, além de continuar na prática do pecado econdenado. A libertação total só ocorre quando o indivíduo éconvertido pelo Espírito Santo e o diabo não pode mais se apossardele corporalmente. Embora o pecado ainda continue sendo umaprática provável, o convertido tem o Espírito dentro de si que oestimula a não pecar. Segundo: a libertação de influências eopressões demoníacas. Essa libertação praticada em muitas igrejasenvolve a amarração de demônios e a libertação de uma influênciaocorrida por meio de pecados, doenças, desemprego, vida financeiraamarrada, sensualidade, etc. Neste caso, o liberto participa deencontros e rituais que prometem expulsar essas influências da suavida e da sua família, não havendo nenhuma pregação evangelísticaou apelo à conversão, porque, a priori, é tudo culpa do diabo.Segundo um estudo publicado por George Átila Moreira(2016), a libertação está associada à expulsão de demônios e a comofechar as portas para o demônio não voltar mais. Aqui podemosobservar que é preciso, antes de tudo, entender se o que estáatormentando a pessoa – tanto externa como externamente – é defato uma atuação diabólica ou o seu próprio pecado e as suasconsequências. Entendemos, neste livro, que nenhum ser humanoprecisa de uma influência da “Pomba-Gira Rosa Vermelha” para seuspecados de lascívia; ou do Zé Pilintra para passar a madrugada seembriagando. Se falamos em “expulsão de demônios”, estamos nosreferindo a uma verdadeira incorporação demoníaca. No estudo deMoreira, seguem-se os métodos apresentados por ele para tratar oproblema, a fim de que a libertação ocorra. O “estilo entrevistaparticular” é uma forma apresentada pelo autor para haver alibertação, onde o indivíduo deve participar de algumas sessões econferências, que duram determinado tempo cada uma, quando seráanalisado onde está o problema que gera a necessidade de libertação(pg. 5 e 6). Essa entrevista traz à luz quando e como os demôniosentram na vida da pessoa, ajuda a fechar as portas depois que osdemônios são expulsos, o que provoca “distúrbios” nos demônios quefacilitam a sua expulsão.Essa ministração também pode ocorrer com grupos grandes oumultidões, como geralmente ocorre nos cultos das igrejas quesobrevivem das atividades diabólicas. O ministro da libertação
mandará os demônios saírem ou se manifestarem em Nome de Jesus,o que eles começarão a fazer, de acordo com a direção do EspíritoSanto. Dependendo do número de pessoas para serem libertas, osobreiros poderão ser mobilizados para trabalhar com cada uma.Como possivelmente não haverá uma libertação total, a ministraçãosegue na igreja ou nas casas, por meio do “Ministério de Libertação”.O atendimento prestado à pessoa após a libertação requer umamaior atenção, exigindo confissão de pecados, renúncias,fechamento de portais e quebra de proteções de guias, devendo oatendimento ser feito por pessoas treinadas. Algumas pessoasprecisam de um trabalho diferenciado: praticantes de Yoga,membros de seitas como a Massonaria, Hare Krishna, Gnose, etc.Citando o líder da Missão Evangélica Shekinah do Brasil, opastor Jersey Cardoso, em seu Manual de Libertação, Moreiraexplica que a ministração de libertação possui duas faces: expulsão erenegação (p. 7). Ele cita, ainda, o libertador Frank Hamond, que dizque a libertação não envolve necessariamente a expulsão, mas àsvezes quando alguém está quebrando os seus vínculos (renegando),pode acontecer uma manifestação, e neste caso é necessário haver aexpulsão. Isto envolve alguém que tenha feito pactos com o diabo e oesteja servindo. Após ser expulso o demônio, é necessário fechar asportas para que o estado da vítima não se torne pior que o anterior.Ele explica, então, o que significa a renegação (p. 8):
Renegar significa tornar sem efeito e rejeitar. Adquiri-se umdesprezo pela coisa renegada. Portanto, não é simplesmenteabandonar. É por esta razão que renegação,desempenha opapel de veneno contra Satanás e sua força contra nós.Funciona também como antídoto do veneno dele sobre apessoa que o renega (...) A renegação deve ser feita pelapessoa oprimida em voz audível para Satanás e seusdemônios ouvirem, pois eles não são oniscientes. Arenegação é uma declaração aos demônios e não oração aDeus. Não sendo oração, não se deve ficar de joelhos. Apessoa deve renegar todos os vínculos que mantinha com astrevas.
Renegar os vínculos é, então, fechar as portas de entradas dedemônios. E que portas são essas? Ele utiliza como exemplo o textode Atos 19:18-20, quando muitos praticantes de artes mágicascreram em Jesus e queimaram seus livros em público. Estes livrosseriam “objetos-vínculos”. Isto é: o vínculo que aqueles homenspossuíam com Satanás eram os seus livros de magia; tendo-sequeimado os livros, o vínculo foi quebrado. Tais vínculos ou laçoscom as trevas são divididos em quatro grandes categorias, podendoestar vinculados direta ou indiretamente à pessoa: (1) a Idolatria etudo que lhe diz respeito, como consagrar-se à Maria ou algumsanto, carregar crucifixos, participar de novenas, etc.; (2)espiritismo/feitiçaria, o que inclui todas as crenças e práticas quelhes dizem respeito, como consagração de pessoas, lugares ou
objetos às entidades, passes, benzimentos, etc.; (3) novaera/esoterismo, que envolve jogo de búzios, pirâmides, as diversasformas de medicina alternativa, incluindo a acupuntura, etc.; (4)seitas e organizações satânicas, como Testemunhas de Jeová,Maçonaria, etc. Os vínculos diretos com as trevas incluem jogo debaralho, tatuagem, consagração no ventre às entidades, pacto desangue, qualquer ritual que retire o sangue do corpo e roupasconsagradas a Satanás.O autor também dá alguns exemplos de vínculos indiretos comas trevas: o símbolo do Yin-Yang, perfumes da Natura e da Boticário,certos quadros de meninos e meninas que choram, a realidadevirtual, roupas de grife, artes marciais, algumas literaturas infantis,etc. A quebra de vínculo deve ser feita com a renegação e a expulsãodo demônio. Essa quebra pode ser feita ungindo a mente da pessoacom óleo, quebrando-se o vínculo com seitas e religiões não-cristãs,orar para que o Espírito Santo preencha as áreas que ficaram vaziase iniciar um processo de cura interior. Vemos até aqui que todo oprocesso de renegação envolve a destruição de algo exterior aohomem, isto é, de um objeto que o vincula a Satanás, de forma diretae indireta. Somente após todo este processo de quebra de vínculos, oindivíduo é encaminhado à “cura interior”. Em momento algum éfalado sobre o que motivou a busca pelas coisas que supostamentevinculam uma pessoa aos demônios, que é o que realmente precisaser quebrado: o pecado individual. Não está em vista a possessãopropriamente dita, mas o uso de objetos considerados demoníacospelos pregadores do ministério de cura e libertação. Isto é: o pecadonão está na pessoa que faz uso desses objetos, mas do objeto em si.Outra grande heresia que este ensino de demônios nos traz éque em momento algum a conversão a Cristo foi cogitada comosolução para os problemas de vínculos com as trevas. Em tese, asministrações e as quebras de vínculos tornam possíveis a totallibertação das forças malignas. Isto significa que é possível paraalguém que nunca aceitou a Jesus ficar imune contra Satanás apenasrenegando-o verbalmente. Mesmo que o Nome de Jesus sejainvocado e um pedido de preenchimento do Espírito seja feito, se nãohouve conversão, o oprimido (ou ex-oprimido) continua morto emseus delitos e pecados, permanecendo no estado de filho do diabo esujeito a coisas ainda piores. Levando em conta que a maioria dosvínculos listados não estejam ligados à Satanás, mas ao pecado dopróprio homem, renegar o demônio sem renegar o próprio pecado éde todo inútil. Satanás continuará atuando, fazendo com que oindivíduo acredite que está liberto, mas sem saber que ainda éprisioneiro do inimigo e de si próprio, seu pior inimigo.Outro terrível engano é a possibilidade de libertação sem aintervenção direta de Deus. Quando o autor diz que a renegação nãoé uma oração a Deus, mas uma declaração a Satanás, percebemosque o próprio indivíduo pode resolver as suas questões diretamentecom o inimigo, sem apelar antes para a ação libertadora de Deus.
Existe muita ênfase naquilo que o homem pode fazer por si própriopara a sua libertação, como se a sua vontade e a sua palavra fossemo suficiente para afugentar as trevas, mas pouca ou nenhuma ênfasena obra de Cristo na cruz, que destruiu principados e potestades. Ocaminho percorrido por esse movimento herético é: libertar-se paraencher-se de Deus, quando a Bíblia nos apresenta o contrário: sercheio de Deus para ser liberto.Algo que precisamos saber, também, é que o objeto em si nãopossui valor algum, seja pra o bem ou para o mal; o seu valordependerá do uso que fizermos dele. A mesma faca utilizada parasangrar um animal num ritual satânico pode servir para cortar o pãoque será apresentado na ceia do Senhor na Igreja. O objeto em si nãoé sagrado nem profano, isto dependerá do destino que dermos a ele.Neste caso, o bem e o mal ou o sagrado e o profano não estão nosobjetos, mas nas pessoas que fazem uso deles. É claro que existemobjetos criados para a prática ritualística envolvendo as trevas e depecados, muitos deles sexuais (como aqueles usados nosadomasoquismo, por exemplo), mas ainda assim o pecado está emquem o pratica, não no objeto. Os búzios utilizados pelos adivinhossão feitos de cochas criadas por Deus. Aliás, tudo o que se encontrana natureza foi criado por Deus, inclusive as árvores que dão acelulose que faz o papel das cartas do baralho de tarô, asseringueiras que fornecem o material plástico presente em muitosobjetos dedicados aos Exus, o barro usado para confeccionarimagens de santos, a cera para fazer as velas que serão acesas nasencruzilhadas, o algodão para a confecção do tecido dasindumentárias dos pais de santo, e tudo o mais que pudermos listar.Portanto, não devemos expulsar os demônios supostamentepresentes nos objetos nem simplesmente quebrar o vínculo comesses objetos, mas quebrar – por meio do arrependimento, daconfissão de pecados e da conversão a Cristo – o pecado que nos levaao adultério, à perversão, à idolatria, ao assassinato, à mentira, àfofoca, às doenças sexualmente transmissíveis, à subserviênciaconsciente a Satanás.Nessa batalha equivocada contra as trevas, só quem sailucrando é o próprio diabo, que convence o homem de que rituais sãocapazes de resolver os seus problemas. Em algumas observaçõesimportantes sobre a ministração de libertação, Moreira (p. 17) diz,inclusive, sobre as relações sexuais fora do casamento e afornicação, que é preciso realizar o desligamento de almas de acordocom a Palavra em Gênesis 2:24; 1 Coríntios 6:15-18 e Hebreus 4:12,textos que falam do casamento e da eficácia da Palavra de Deus, oque não explica absolutamente nada. O desejo pelo pecado, pelafornicação, pelo adultério está sempre ligado à influência dabruxaria, dos vínculos com as trevas ou da possessão demoníaca,jamais com o desejo natural do homem por fazer o que é errado. Aoreceitar alguns tratamentos, o autor chega a falar sobre vícios eperversões sexuais que se deve pedir perdão em arrependimento,
mesmo pelos pecados cometidos em pensamento, mas tambémafirma que é preciso fazer o desligamento de alma, anularabominação e queimar os vermos espirituais malignos(homossexualismo, lesbianismo, bestialidade), desligar oencantamento maligno para a prática desses pecados, expulsar osdemônios Pomba-Giras, Ameba e outros. Em suma: volta-se para oerro de que o pecado sempre provém de uma influênciaexterna aopecador, que sempre atua como oprimido, como vítima.
A VONTADE DE DEUS E O ESPÍRITO SANTODo livro: “Faça a escolha certa”
A atuação do Espírito Santo é um elemento crucial na busca docrente pela vontade de Deus. Ele não somente direciona a vida docristão, como também o capacita a buscar e a fazer a vontade deDeus, com sua infusão de poder (At 4:8,31; 6:10; 8:29; 10:44) e comsua orientação (At 10:19,20; 11:12; 13:2-5; 16:6-10). Os apóstolosagiam pelo poder do Espírito Santo (Rm 15:18,19). O Espíritoacompanhou a pregação missionária na confirmação da verdade damensagem no coração dos ouvintes e no fortalecimento de Paulo edos demais apóstolos e missionários na tarefa da proclamação doEvangelho de Cristo, inclusive por meio de sinais e prodígios (2 Co12:2; Rm 15:18,19). Além disso, os fiéis tinham experiências com oEspírito (1 Ts 1:4-6; Gl 3:1-3; 1 Co 2:4-5), e poder e sabedoria paratestemunhar a respeito de Jesus (1 Ts 2:2; 1:5,6). Paulo era apóstolopela vontade de Deus (2 Co 1:1). Todo o seu ministério foi vividodebaixo da direção do Espírito Santo, de modo a atender ao chamadode Cristo e submeter-se em todas as coisas à vontade de Deus. Eledeixa bastante claro que o seu objetivo não era pregar a si mesmonem cumprir a sua vontade, mas realizar aquilo para o que foradesignado. A sua vida inteira estava totalmente entregue nas mãosde Deus, de modo que ele não vivia mais, mas Cristo vivia nele (Gl2:20). A sua vida só possuía importância à medida que ele pudessecumprir o que Deus lhe determinara (At 20:24). A mesma condiçãode fé e de vida que Paulo empregava em si mesmo, desejava àquelesa quem pregava o Evangelho, então orava para que conhecessem avontade de Deus e poder, desse modo, levar uma vida digna doSenhor (Cl 1:9,10). Os planos de viagem de Paulo estavam sujeitos àvontade de Deus (1 Co 4:19; 16:7; Rm 1:10; 15:32). No livro de Atos,o Espírito Santo de diversas maneiras guiou Paulo em suas viagensmissionárias, e até mesmo iniciou novas fases da missão (At 11:27-30; 13:1-3; 16:6-10; 18:9,10).É a presença do Espírito Santo em nós que nos liberta do jugoda lei e nos capacita a conhecer e a fazer a vontade de Deus. Em 2Coríntios 3:6, a letra (gr. gramma) declara a vontade de Deus e julgaquem não a cumpre, mas não fortalece a pessoa para cumpri-la, parase afastar do mal e praticar o bem. Somente a partir doderramamento do Espírito Santo, em resultado da obra de Cristo, ajustiça de Deus é cumprida (2 Co 3:6-9; HAFEMANN, p. 277).Apenas o Espírito Santo possibilita um estilo de vida agradável aDeus. Deus revela a sua vontade na Lei (Rm 10:6-8; Dt 30:12-14). Eleestabelece a sua vontade santa e justa como um contraponto àvontade humana. Deus não criou preceitos fora da nossa realidade
pecadora, mas baseado na nossa condição distante da sua glória. Osmandamentos de Deus não dizem respeito a proibições que noslevam a pecar porque elas existem, mas a mandamentos quedenunciam a transgressão que já vive em nós. Se tomarmos decisõese fazermos escolhas sem levarmos em conta a nossa situaçãopecaminosa e a santidade da Palavra de Deus, a sua Lei escrita nosnossos corações, todos os nossos projetos serão equivocados, todosos nossos planos nos conduzirão ao fracasso espiritual, por mais queaparentemente deem certo. Se não formos orientados pelo EspíritoSanto, tatearemos como cegos sem jamais chegar a lugar algum.Um exemplo clássico disso está na entrega dos dezmandamentos no Monte Sinai. No mesmo instante em que Deusentregava a Lei a Moisés, o povo já transgredia o primeiromandamento de amar a Deus e não confiar em outros deuses (Ex32:7,8). Isto é, o mandamento existe por causa do pecado que há nohomem, e não o pecado que há no homem existe por causa domandamento. A Nova Aliança inaugurada por Cristo na cruz, liberta-nos da escravidão do pecado e nos torna aceitáveis diante de Deus,munidos de poder para tomar decisões e fazer escolhas que nosconduzam a realizar a sua vontade (Gl 3:15-18). A Lei de Deus ésanta, justa, boa e espiritual (Rm 7:12,14,22; 3:31). Ela mostra opecado e condena o transgressor. Ela expressa a vontade de Deus,mas ainda é instrumento do pecado e da morte. Quando a Lei traz àluz o pecado, ela torna a vontade de Deus explícita, de modo que opecador toma conhecimento dessa vontade e pode lhe dar umaresposta, entendendo que não a cumpriu (Rm 3:20, 4:15; 5:13;7:7,21-23). A Lei definia a vontade de Deus, mas não atuavasalvificamente. Como é impossível para o homem pecador cumprir alei, foi necessário que o nosso reparador, o Senhor Jesus, cumprisse-a em nosso lugar, de modo que já não estamos mais sujeitos à Lei,para a qual morremos em Cristo (Rm 6:14; 7:4; 8;2). O cristão é chamado por Deus e capacitado por sua graça acumprir a sua vontade expressa na Lei, nas palavras de Jesusregistradas nos Evangelhos e no livro dos Atos dos apóstolos, bemcomo nas epístolas e no livro do Apocalipse. Só é possível cumprir ajustiça exigida pela lei estando em Cristo (Rm 8:2) e vivendo sob odomínio do Espírito Santo (Rm 8:4; 13:8-10), o que os incrédulosestão impossibilitados de fazer, uma vez que permanecem mortos emseus delitos e pecados e não são selados com o Espírito Santo (Rm8:7). Somos libertos do pecado e da morte e feitos escravos de Cristopara estarmos livres para fazer a vontade de Deus e viver (Rm6:1,15-23). Só podemos fazer a vontade de Deus uma vez que fomoslibertos por Cristo do pecado que nos aprisionava e nos tornavamortos. É a vida em Cristo que nos liberta do que nos prende aopecado e nos dá a graça de fazer a sua vontade, e isso quem tornapossível é o Espírito Santo que habita em nós e que produz asantificação conquistada por Cristo na cruz.
A santificação é uma oba operada na vida do crente peloEspírito Santo, tanto aquela posicional e instantânea onde nostornamos filhos de Deus, separados para Ele e regenerados; quanto aprogressiva, onde desenvolvemos a nossa salvação através dasantificação diária. Essa santificação inclui uma sincera obediência àvontade de Deus em Cristo, de modo que o Espírito Santo nos conduza uma entrega irrestrita a Deus e nos capacita e exorta a vivermosem conformidade com a sua vontade e a obedecê-lo (Rm 12:1; 6:15-22; 1 Ts 4:1-8). A santificação também inclui um lado negativonecessário, sem o qual é impossível que ela possa ser desenvolvida: amorte para o pecado (Rm 6:12-23), a renúncia aos impulsos da nossacarne (Gl 5:16-24; Rm 8:2-14) e uma entrega total à soberanavontade de Deus. Essa vivência constante sob o senhorio de Cristo,onde abrimos mão daquilo que somos pela graça de Deus e nosentregamos por essa mesma graça ao agir sobrenatural do Espírito,leva-nos ao crescimento e à maturidade (1 Co 3:6,7; 2 Co 10:15; Ef2:21; 4:13-16; Cl 2:19), até que sejamos perfeitos como o nosso Pai éperfeito pelo Espírito de Cristo que habita em nós (Rm 12:2; 2 Co7:1; 13:9; 1 Ts 3;13). Só é possível ser santo e desenvolver estasantidade rumo à perfeição porque estamos em Cristo (1 Co 2:6-10).Em Cristo, as nossas escolhas e decisões são santas, porqueobedecem à voz do Espírito Santo.Estar em Cristo nos mune de discernimento espiritual, tantopara discernir as coisas de Deus quanto para praticá-las (1 Co 2:12-14). Este é o desígnio de Deus para o seu povo: a santidade, quecada um seja apresentado diante dele sendo perfeito em Cristo (Cl1:28). Logo, devemos viver conforme a vontade de Deus, na busca doque é perfeito (Rm 12:2) e por viver de acordo com a verdade queprofessamos, para que estejamos no centro da vontade do Pai (Cl4:12). A salvação produz a reconciliação entre o pecador e Deus, demodo que já é suficiente para produzir uma santificação instantânea,um reposicionamento positivo diante de Deus. Ainda assim, a novavida em Cristo precisa ser desenvolvida

Continue navegando