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P a u l Y o n g g i C h o
R.Whitney Manzano
MUITOMAIS DO 
NUMEROS
Wm
MBSa
NUMEROS
MUITO MAIS 
PO QUE 
NUMEROS!
na Escola de Missões Mundiais, do Seminário Tef 
Fuller, assim se refere a este livro: .. um livro proem
É, por certo, um dos mais significativos livros da décad 
o crescimento da igreja.”
O Dr. Paul Yonggi Cho, que se converteú do bi 
quando jovem, é pastor da Igreja Central do Evangelho 
há mais de 25 anos. Antes de entrar para o pastorado, o 1 
fez cursos de medicina e de direito. Seus livros anh- 
publicados em português, incluem: A Quarta Din
O Dr. C. Peter Wagner, professor de Crescimento dc
Soluções para os Problemas da Vida e Grupos Família 
Crescimento da
R. Whitney Manzano m 'osofia, represenR. Whitney
Cho na América doT 
e escritor, 
cc
tor. Como ed 
j suas publica
ÍNDICE
Introdução......................................................... 7
1. Crescimento da igreja e nossos
recursos pessoais ............................................. 11
2. Crescimento da igreja e o laicato.................. 33
3. Crescimento da igreja e o sistema de
grupos ................................................................ 43
4. Crescimento da igreja e os veículos
de comunicação ............................................... 65
5. Crescimento da igreja e o reino de Deus ... 87
6. Crescimento da igreja e reavivamento ......... 113
7. Crescimento da igreja internacional.............. 149
8. Crescimento da igreja e o futuro .................. 165
INTRODUÇÃO
A expressão “crescimento da igreja” está-se tornan­
do rapidamente popular no mundo inteiro. Não 
obstante, que é crescimento da igreja? Difere de 
expressões comuns já em uso, tais como “evangeliza­
ção” ou “missões mundiais”? Antes que eu tente 
responder a essas importantes perguntas, devo dar ao 
leitor uma vista geral de como trato este assunto de 
grande importância.
Sendo coreano e tendo sido salvo da religião 
budista, tenho podido avaliar a posição característica 
dos cristãos procedentes dos países do Terceiro Mun­
do. Estamos vindo de uma cultura que não é tradicio­
nalmente cristã. Os primeiros missionários norte-ame­
ricanos chegaram à Coréia há quase cem anos. A 
partir daí, nós, cristãos evangélicos coreanos, desen­
volvemos nossas próprias tradições. Isto é muito 
importante porque nos possibilita ser cristãos sem ser 
menos coreanos. No passado, os missionários não só 
levavam sua religião aos países que evangelizavam, 
mas também sua cultura. É lógico, portanto, que os 
novos convertidos tenham perdido muito de sua 
herança natural. Creio que este fato criou um obs­
táculo à aceitação do evangelho de Jesus Cristo, o 
qual é para todos os povos. Portanto, o crescimento
da igreja é mais do que apenas missões mundiais, 
porque opera em um nível individual ou congregacio- 
nal, sem levar em conta a cultura ou nacionalidade.
Já afirmei que sou ministro evangélico. Que preten­
do dizer com isso? E difícil rotular alguma coisa ou 
alguma pessoa. Contudo, sem uma definição de 
nossos termos, teremos dificuldade em comunicar 
exatamente o que pretendemos dizer. Por evangélico 
entendo uma posição básica quanto à teologia e 
quanto a estilos de vida. Em palavras mais simples, 
creio em um Deus trino e uno: Pai, Filho, e Espírito 
Santo. Creio que a Bíblia, em seu texto original, é a 
inspirada Palavra de Deus, autoridade final e infalível 
de fé e metodologia. Como cristão evangélico também 
creio em viver uma vida moralmente reta que manifes­
ta o fruto do Espírito Santo. Finalmente, creio na 
realidade do novo nascimento que produz mudança 
do estilo de vida e gera um desejo autêntico de ver 
outras almas salvas do pecado. Embora haja no 
presente algumas divergências entre os evangélicos 
quanto à manifestação dos dons do Espírito Santo, 
creio que, como cristãos comprometidos com a causa, 
devemos esforçar-nos por manter a unidade do Espíri­
to Santo no vínculo da paz.
Também escrevo este livro da perspectiva particular 
de um pastor que organizou três igrejas nos últimos 
vinte e seis anos. Tenho lucrado muito com a leitura 
de livros que me esclareceram a Palavra de Deus. 
Contudo, não sendo teólogo, pois sou formado em 
Direito, escrevo baseado em minha experiência pes­
soal. Deus tem sido bom para comigo. Todas as igrejas 
que fundei ainda são congregações saudáveis, cres­
centes. Minha atual igreja tem um rol de membros de 
trezentas e trinta mil almas, e continua crescendo à 
razão de dez mil membros por mês.
O sucesso não veio com rapidez ou com facilidade.
8 Muito mais do que números
Introdução 9
Muitas das lições que tenho aprendido resultaram de 
provas difíceis em minha vida e ministério; a graça de 
Deus sempre foi suficiente para a provação do mo­
mento.
Sendo pastor, estou particularmente interessado 
nos princípios de crescimento da igreja que afetam a 
congregação local. Portanto, escrevo este livro com a 
consciência de que não só os pastores, mas também 
os cristãos sinceros que se interessam por suas igrejas, 
procurarão ler o que escrevo. Por este motivo, faço-o 
num estilo tão simples quanto possível, sem limitar a 
profundidade do que Deus me ensinou.
Já tenho lido artigos e manuscritos que citam meu 
ensino sobre o crescimento da igreja. Às vezes fico 
desapontado com sua perspectiva a respeito do que 
digo. Visto que apresento muitos princípios e técnicas 
quando ensino, alguns ouvem apenas as técnicas e 
nunca captam a teologia básica e a filosofia espiritual 
que fazem essas técnicas funcionar. Crescimento da 
igreja é mais do que um conjunto de idéias e princípios 
que, quando postos em prática, automaticamente 
fazem a igreja crescer em número. Por este motivo, 
uso a primeira parte deste livro para demonstrar 
minha filosofia básica tão claramente quanto possível. 
Tratarei, em particular, do coração do líder, porque é 
aí que o crescimento da igreja deve começar.
Por fim, dirijo minhas observações diretamente a 
você, meu amigo. Muitas vezes lemos um livro com 
indiferença. Por favor, não leia este livro com essa 
atitude, mas acompanhe-me na viagem de conheci­
mento espiritual do crescimento da igreja. Conto 
como certo que você é um cristão consagrado, 
interessado na edificação não só da igreja de Jesus 
Cristo, mas, em particular, de sua própria congregação 
local, não importa se grande ou pequena.
Por favor, leia este livro num lugar tranqüilo, onde
possa tirar dele o maior proveito. Tenha à mão, 
também, sua Bíblia, porque a estarei citando a todo 
instante. Se você quiser sublinhar alguns parágrafos 
do livro, espero que não o tenha tomado emprestado! 
Escrevo-o na esperança de que você o consulte muitas 
vezes. Se marcar alguns trechos, não terá dificuldade 
para localizar a passagem que realmente o ajudou.
10 Muito mais do que números
1
CRESCIMENTO DA IGREJA
E NOSSOS RECURSOS PESSOAIS
Durante muitos anos tenho orado pedindo a Deus a 
capacidade de falar com autoridade sobre o cresci­
mento da igreja. Lembro-me de, há alguns anos, fazer 
a seguinte oração: “Senhor, minha igreja possui 
apenas 50.000 membros. Quem me dará ouvidos 
quando eu falar de crescimento da igreja?” Então, 
quando Deus me deu 100.000 membros, senti-me 
como se ainda não pudesse falar sobre o assunto com 
um verdadeiro senso de autoridade. Há dois anos, de 
novo aproximei-me de Deus em oração, dizendo: 
“Senhor, se tu me deres pelo menos 200.000 mem­
bros, as pessoas me ouvirão quando eu falar das 
coisas que me ensinaste sobre crescimento da igreja.” 
No começo de 1983, havíamos atingido o marco 
histórico de uma só congregação com 200.000 mem­
bros. Embora nenhuma outra congregação tenha 
conseguido até aqui um rol de membros desse porte, 
ainda não me sinto à vontade quanto falo ou escrevo 
sobre crescimento da igreja. Sei que ainda há muita 
coisa que devemos aprender.
Pesquisa e desenvolvimento constituem em muitas 
disciplinas, um aspecto de interesse muitíssimo impor­
tante, mas historicamente temos considerado o desen­
volvimento de uma igreja local comofato consumado.
Devemos reconhecer que a única entidade de supre­
ma importância aqui na terra é o reino de Deus 
manifestado ao mundo—a igreja de Jesus Cristo. Por 
que não tem havido mais estudos e escritos sobre seu 
desenvolvimento adequado? Porém ao aproximar-nos 
do fim desta era, a igreja está de novo assumindo uma 
posição central na consciência do povo de Deus.
Para Crescer por Fora é Preciso Crescer 
por Dentro
O milagre da Igreja Central do Evangelho Pleno é 
muito maior ao considerarmos que a Coréia tem sido, 
tradicionalmente, um país budista. Quando jovem, 
lembro-me de haver orado a Buda. Vim de um lar 
religioso budista. Portanto, a realidade de que Deus 
me usaria para edificar a maior igreja do mundo, na 
história do Cristianismo, tem de ser atribuída à 
multiforme graça de Deus. Na primeira parte do meu 
ministério aprendi uma verdade: para crescer exterior­
mente é preciso, primeiro, crescer interiormente. Por 
crescimento interior quero dizer o desenvolvimento 
dos recursos interiores do líder. Isto é de importância 
primordial.
Recentemente parei junto a um projeto de constru­
ção na vizinhança de minha casa em Seul. O enorme 
buraco que estavam cavando, parecia-me tão profun­
do que não haveria como enchê-lo. Engenheiros e 
operários trabalhavam com cuidado no grande abis­
mo. Perguntei a alguém que estava ali por perto:
—Por que cavam tão fundo?
O cavalheiro olhou-me com um sorriso, e disse:
—É porque planejam levantar um edifício alto.
O caráter fundamental do homem nem sempre é 
óbvio. Assim também não se vê o alicerce de um 
edifício depois de erigido. Mas quando se manifesta a 
tensão da finalidade do edifício, a resistência do
12 Muito mais do que números
alicerce é de suma importância. O dirigente de uma 
igreja deve ter um sólido fundamento para o cresci­
mento dela. Na verdade, quanto maior a igreja, tanto 
mais forte deve ser seu alicerce.
Estive, há pouco tempo, numa grande cidade norte- 
-americana, ensinando em uma de nossas Conferên­
cias Internacionais de Crescimento da Igreja. Uma 
senhora aparentando quarenta e poucos anos, aproxi­
mou-se de mim e perguntou com grande sinceridade: 
—Dr. Cho, que posso fazer para levar minha igreja 
a crescer com dinamismo?
—Irmã, onde está seu pastor? —perguntei-lhe, olhan­
do diretamente em seus olhos. A resposta veio rápida: 
—Oh, meu pastor nunca comparece a este tipo de 
reunião.
Após notar que ela falava com indiferença a respeito 
da falta de interesse do seu pastor, eu disse:
—Uma coisa que a senhora pode fazer é ir de volta 
à sua igreja e começar a orar pelo seu pastor. Mas, não 
ore apenas por ele. Comece a dar apoio ao trabalho 
que ele está fazendo na igreja. Uma vez convencido de 
seu sincero interesse por ele e pelo bem-estar da 
igreja, ele virá.
O crescimento da igreja jamais ocorrerá sem a 
liderança ativa do pastor. Tenho visto pastores enviar 
seus representantes ou co-pastores às conferências 
sobre crescimento da igreja, mas isso não basta. Se 
você é dirigente de um grupo cristão, deve empenhar-se 
ativamente ou então encontrar alguém que lidere. Se 
a sua igreja não está crescendo, então creio que este 
livro é para você. Se está crescendo mas acredita que 
deveria estar crescendo mais depressa, então é deste 
livro que você precisa. Quem quer que seja você, 
garanto-lhe que nunca mais será o mesmo depois de 
havê-lo lido com cuidado.
E nossos recursos pessoais 13
14 Muito mais do que números 
Mudando a Atitude
Seu coração é o lugar em que Deus começa a obra 
de crescimento da igreja. É no coração que começam 
todos os nossos problemas. Jesus disse: “Não se turbe 
o vosso coração” (João 14:1). Salomão disse: “Sobre 
tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, 
porque dele procedem as fontes da vida” (Provérbios 
4:23). Salomão correlaciona o efeito da visão do 
indivíduo com seu coração: “Filho meu, atenta para 
as minhas palavras; aos meus ensinamentos inclina o 
teu ouvido. Não os deixes apartar-se dos teus olhos; 
guarda-os no mais íntimo do teu coração” (Provérbios 
4:20-21).
Como é que alguém se torna bem-sucedido como 
pastor, como empresário, ou em qualquer outra 
profissão? Primeiro é preciso que se mude a atitude do 
coração. Como se efetua essa mudança? Examine a 
visão que você tem. Se sua visão é errada ou se é 
pequena demais para a capacidade que Deus lhe 
concedeu, a atitude do seu coração também será 
errada e você se desanimará, se desnorteará e ficará 
deprimido.
Alguns pastores acobertam o fracasso dizendo coi­
sas que parecem espirituais. Continuando a dizer tais 
coisas, finalmente se convencem a si mesmos e às suas 
congregações de que não crescer é fato normal. Certa 
vez um pastor me procurou após uma de minhas 
preleções e disse:
—Dr. Cho, não concordo com o senhor. Creio que 
Deus nos chamou para sermos os poucos escolhi­
dos—. Com um suspiro e ar piedoso, ele continuou: 
—Não contamos nossa gente. Deus livrou-nos da 
confusão dos números.
Tendo já ouvido afirmativas desse teor, não me 
escandalizei com tais declarações. Simplesmente lhe 
pedi que estudasse o livro de Atos, em particular 2:41,
em que Lucas nos diz que na primeira reunião da 
igreja, três mil pessoas se converteram. Na próxima 
reunião evangelística de Pedro e João, sabemos que 
cinco mil almas foram acrescentadas à igreja. Ora, se 
Lucas achou importante registrar os resultados das 
duas primeiras reuniões públicas da igreja, por que 
deveríamos nós ignorar registros que Deus está obvia­
mente conservando?
Ficar satisfeito com insignificância não só revela falta 
de visão mas também falta de compaixão. Com três 
bilhões de pessoas ainda aguardando a oportunidade 
de rejeitar ou aceitar o evangelho, o momento não é 
para sentir-se satisfeito. Se a igreja há de crescer, Deus 
deve operar no coração dos líderes.
A Visão de um Homem Também Limita seu 
Comportamento
Nunca seremos maiores do que nossos sonhos. Ao 
fixar os olhos na santa Palavra de Deus e desenvolver 
profunda comunhão com o Espírito Santo, nossa 
visão se transforma. Como podemos transformar 
nossa visão? Não pc demos; mas o Espírito Santo 
pode, e o fará.
Logo que me casei, aceitei minha esposa como um 
fato consumado. Eu era um pastor ocupado, e 
quando não estava ensinando, visitando e orando, 
viajava pelo país pregando em cultos de evangeliza­
ção. Vinha para casa simplesmente para mudar de 
roupa e saía de novo. Após algum tempo minha 
esposa ficou deprimida e chorando, me disse:
—Por que se casou? Você não precisa de uma 
esposa—precisa é de uma empregada.
Censurei-a imediata mente:
—É o diabo que está falando por seu intermédio, 
mulher.
Sentia-me justamente indignado, e continuei:
£ nossos recursos pessoais 15
—Sou ministro do evangelho; vou fazer a vontade 
de Deus, não importa o que você diga.
Um dia minha estimada sogra veio conversar comi­
go:
—Filho, sei que você ama a minha filha. Agora que 
você está casado, precisa mostrar este amor. Vocês 
precisam aprender a passar tempo juntos, conhecer 
um ao outro, e isso também glorificará a Deus.
Deus tomou essas palavras e as usou, não só em 
meu casamento, mas também em minha relação com 
o Espírito Santo. Eu tinha de libertar-me do conceito 
de que o Espírito Santo não passa de uma experiência 
e chegar ao reconhecimento de que ele é uma pessoa 
divina, real.
A medida que comecei a esperar nele e a falar com 
ele, ele passou a ser real para mim e minha visão 
começou a mudar. Na verdade, quando fixamos o 
olhar no Espírito Santo, ele toma o pincel da fé, 
mergulha-o na tinta da Palavra de Deus e desenha 
belos quadros sobre a tela de nosso coração. Depois 
de dar-nos um novo quadro pelo qual lutar, descobri­
mos uma nova motivação interior.
Nada há que possa desanimar aquele que recebeu 
uma visão do Espírito Santo. Um dos principais 
obstáculos a vencer é a opinião dos que dizem: “E 
impossível. Nunca se fez isso antes.” Qual é o 
problema deles? É que nunca viram o que Deus 
mostrou a você. Uma vez que Deus lhe concedeu uma 
visão, épreciso aprender a passar tempo sonhando 
com ela.
Esta é a essência de minha filosofia cristã. Ela 
abrange todos os princípios da obra de crescimento da 
igreja. Chamo-a de “visões e sonhos” . Em minhas 
viagens pelo mundo, tenho visto demonstrações de 
que a aplicação de “visões e sonhos” realmente 
funciona e muda a atitude do coração do indivíduo.
16 Muito mais do que números
Faz alguns anos, nossa denominação na Austrália 
pediu-me que realizasse um seminário para pastores. 
Parece que as igrejas tinham um problema: não 
cresciam. A Austrália é um belo país, com um povo 
forte e operoso. Sempre admirei os australianos e me 
admirava do quanto estavam abertos à obra do 
Espírito Santo.
Antes do início das preleções, alguns dos pastores 
me contaram, individualmente, as dúvidas que tinham 
do futuro do crescimento da igreja na Austrália.
—Esta é uma sociedade afluente; os australianos se 
interessam mais por esportes do que pela obra de 
Deus—disse-me um pastor que parecia muito desani­
mado.
—Seus princípios podem funcionar na Coréia, mas 
aqui não funcionarão—disse-me outro pastor.
Depois de orar, eu estava certo de que havia 
diagnosticado o problema. Esses homens estavam 
satisfeitos com o status quo. Tinham congregações 
que variavam de trinta a cinqüenta membros; e visto 
que a maioria era dizimista, podiam viver confortavel­
mente sem expandir-se. Assim, muitas vezes as igrejas 
se tornam em pequenos clubes restritos. Quando isto 
acontece, não se desenvolve o desejo de ver a igreja 
crescer.
Uma experiência engraçada que tive ao chegar à 
Austrália veio confirmar minha opinião quanto ao 
problema da igreja. A viagem aérea de Seul, na 
Coréia, até à Austrália, é longa. Quando cheguei, 
estava bem cansado. Portanto, desejava ir para um 
bom hotel, tomar um banho quente de chuveiro e 
uma boa refeição. Meu anfitrião cumprimentou-me 
afetuosamente no aeroporto; colocou em seu carro 
minha mala (sempre viajo com pouca bagagem) e me 
conduziu ao hotel. Em vez de prestar atenção à nossa 
conversa ligeira, minha mente antegozava uma boa
E nossos recursos pessoais 17
soneca após a refeição; depois eu estaria pronto para a 
primeira reunião. A medida que o carro ia rodando, 
passamos em frente do belo Hotel Hilton, porém 
havia um Hyatt mais adiante e nos encaminhávamos 
naquela direção. Para minha surpresa, deixamos o 
Hyatt para trás—na verdade, estávamos agora deixan­
do o centro e nos encaminhando para um bairro 
pobre da cidade. Logo paramos em frente da Associa­
ção Cristã de Moças. Eu, o único homem numa 
hospedaria de mulheres! Ao entrar no refeitório, notei 
diversos grupos de senhoras olhando em minha 
direção, rindo. Passei por diversas mesas para chegar 
à cozinha.
Na parede além da porta estava o único telefone da 
hospedaria. Quando voltei as vistas para o refeitório, 
os mesmos grupos de mulheres ainda estavam rindo. 
Senti-me como um bicho oriental num zoológico 
ocidental.
—Por favor, telefonista, desejo falar com a Sra. Cho 
neste número, chamada a cobrar—disse eu, sentindo-me 
inquieto em face de minhas circunstâncias fora do 
comum.
—Alô, querido, dê-me o número do telefone do seu 
hotel para que eu possa chamá-lo—respondeu minha 
esposa toda feliz.
—Bem, não sei o número—disse com voz mansa. 
Imediatamente minha esposa percebeu que havia algo 
errado. Com grande firmeza, perguntou:
—Onde está você?
—Os pastores me alojaram na Associação Cristã de 
Moças—confessei afinal.
—Dê o fora daí imediatamente—declarou ela sem 
hesitação.
Expliquei-lhe que embora eu tivesse dinheiro para 
hospedar-me num hotel de primeira classe, não queria 
ofender meus anfitriões; diante disso ela concordou
18 Muito mais do que números
em que eu ficasse ali. Este incidente era outro indício 
do problema maior com a liderança. Eles não acredita­
vam em Deus para obter coisas maiores.
Naquela semana passei muito tempo ensinando os 
líderes a começarem a expansão de suas visões e 
sonhos. Por estranho que nos soe aos ouvidos, parece 
que o Pai celeste permite que seus representantes na 
terra limitem a atividade divina pela falta de visão. 
Após lidar com a questão de como expandir suas 
visões e sonhos, ensinei-lhes os mesmos princípios de 
crescimento da igreja que incluo neste livro. Fiquei 
contente, no ano passado, ao ouvir que desde nossa 
Conferência de Crescimento da Igreja, as igrejas da 
Assembléia de Deus na Austrália tiveram um notável 
aumento. Depois de dois anos, a taxa de crescimento 
era superior a 50%. Antes da conferência, o cresci­
mento estava abaixo de 1%. Visto como a população 
da Austrália havia crescido a uma taxa muito mais 
elevada, as igrejas ali se tomavam mais insignificantes 
a cada ano que passciva. Agora tudo era diferente.
Que aconteceu com os pastores australianos? Mu­
daram a atitude do seu coração. Captaram uma nova 
visão do Espírito Santo, permaneceram nessa visão, e 
finalmente viram-na transformar-se em realidade. Este 
processo se tornará mais claro à medida que você 
continuar a leitura.
Visões e Sonhos São a Linguagem do 
Espírito Santo
Se eu fosse escrever este livro em coreano, estou 
certo de que a maioria dos meus leitores não o 
entenderia. Se você não puder entendê-lo, não terá 
valor para você. Por isso, precisamos aprender a 
linguagem do Espírito Santo.
Paulo revelou-nos um importante aspecto da lin­
guagem de Deus, ao escrever: “O Deus que vivifica os
E nossos recursos pessoais 19
mortos e chama à existência as coisas que não 
existem” (Romanos 4:17). Paulo referia-se à posição 
da fé que Abraão tinha. Na verdade, Abraão é o 
exemplo perfeito do homem que aprendeu a entrar no 
domínio da visão e sonhos. Abraão era um homem 
que não estava disposto a permanecer no status quo. 
Ele podia deixar o conhecido e de comum acordo 
entrar em um novo lugar.
A promessa de Deus a Abraão foi: “Vai para a terra 
que te mostrarei. Farei de ti uma grande nação. 
Engrandecerei o teu nome. Farei de ti uma grande 
bênção para todas as famílias da terra.” Se Abraão 
fosse olhar para as circunstâncias, não teria levado em 
conta o que Deus havia dito e permaneceria em Harã. 
Sara, sua esposa, era estéril. Ele tinha setenta e cinco 
anos. Canaã era uma terra estranha. Não obstante, 
Abraão possuía uma qualidade fundamental que o 
levava a obedecer a despeito de qualquer obstáculo. 
Em vez de ver o cumprimento da promessa de Deus, 
ele passou fome, que o forçou a ir para o Egito. Aí, 
Abraão também enfrentou circunstâncias embaraço­
sas, porém as venceu e retornou a Canaã. Uma vez 
separado de Ló, Deus falou-lhe de novo: “Ergue os 
olhos e olha desde onde estás para o norte, para o sul, 
para o oriente e para o ocidente; porque toda essa 
terra que vês, eu ta darei, a ti e à tua descendência, 
para sempre” (Gênesis 13:14, 15). Abraão teve de 
chegar ao ponto de ver o que Deus estava prometen­
do. Antes de Abraão começar a andar na promessa de 
Deus, ele tinha de vê-la. Antes de você entrar numa 
nova dimensão de êxito em sua vida e serviço, é 
preciso que você tenha olhos para vê-la.
Observe que primeiro Abraão foi obediente a Deus, 
deixando o conhecido, dispondo-se a entrar no desco­
nhecido. Embora cresse que Deus podia fazer o que 
prometera, Abraão teve de ver a promessa antes que
20 Muito mais do que números
realmente pusesse os pés nela. O mesmo princípio era 
válido no cumprimento da promessa de Deus a ele 
concernente a um filho. Abraão viu a promessa ao 
olhar para as estrelas do céu. “Conta as estrelas” , 
havia dito Deus. “Assim será a tua posteridade.”
Uma vez que Abraão entrara num relacionamento 
de obediência com ele, Deus lhe deu uma visão. Em 
segundo lugar, Abraão sonhou com o cumprimento 
dessa visão. Passava as noites contemplando as 
estrelas do céu, e sua imaginação saturou-se do 
cumprimento da Palavra de Deus a ele. Não só teria 
um filho, mas a sua posteridade seria numerosa como 
as estrelas do céu. Ele teria de incubar essa promessa 
cerca de vinte e cinco anos antes que a visse tornar-se 
realidade,mas havia começado a aprender a lingua­
gem do Espírito Santo: “Deus chama à existência as 
coisas que não existem.”
Paulo dá-nos uma posterior descrição da obra do 
Espírito Santo em revelar os propósitos de Deus para 
nós: “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem 
jamais penetrou em coração humano o que Deus tem 
preparado para aqueles que o amam” (1 Coríntios 
2:9). A seguir, Paulo acrescenta algo novo ao que 
havia sido uma citação geral de Isaías 64:4: “Mas 
Deus no-lo revelou pelo Espírito.” Paulo mostra, 
então, por que o Espírito Santo pode revelar-nos o 
plano de Deus: “Porque o Espírito a todas as coisas 
perscruta, até mesmo as profundezas de Deus” (1 
Coríntios 2:10).
Devemos lembrar-nos sempre de que Deus está 
mais interessado do que nós em nosso êxito no 
crescimento da igreja. Afina! de contas, trata-se da 
igreja dele. O problema é qu j nossos corações não 
tinham a atitude própria porque nossa visão não era 
correta. Não temos a visão adequada porque não 
entramos numa profunda e amorável comunhão com
£ nossos recursos pessoais 21
o Espírito Santo. Ora, o modo de tratar uma enfermi­
dade, conforme aprendi na faculdade de medicina, 
não é tratar do sintoma, mas ir direto à causa 
fundamental. A enfermidade é a falta de crescimento 
da igreja. O motivo fundamental é a falta de visão dos 
líderes por causa do fracasso em ter comunhão com o 
Espírito Santo.
Somos essencialmente seres espirituais, usando 
intelecto e emoção, alojados num corpo físico. Nosso 
espírito revive por ocasião do novo nascimento, mas 
necessita de nutrição e desenvolvimento. O Espírito 
Santo nos foi dado como Consolador para guiar-nos e 
orientar-nos. Ele tem a mente de Deus, até para sua 
igreja. Uma vez que a pessoa recebe a visão e direção 
do Espírito, a atitude do seu coração muda do fracasso 
para o sucesso. Agora ela começa a ser motivada por 
uma força maior do que pode imaginar, e começará a 
ver os resultados ao observar os princípios adequados 
de crescimento da igreja.
Sem mudar a atitude do coração, a pessoa pode ler 
este livro e outros mais sobre o crescimento da igreja e 
jamais ver resultado em sua vida e ministério. Aprendi 
este princípio logo no início de meu ministério. Eu 
estava fundando uma igreja num país não-cristão. 
Recém-saído de um instituto bíblico, vi-me cercado 
pela pobreza e doença de um país que se recuperava 
de duas guerras devastadoras. Todas as circunstâncias 
eram negativas. Aprendi a jejuar, não por causa de 
minha grande espiritualidade, mas porque não havia o 
que comer. Esses princípios não foram aprendidos 
todos de uma vez. O Espírito Santo levou anos para 
desenvolver esta compreensão em minha vida e 
ministério.
Neste momento tenho uma visão de 500.000 
membros em nossa igreja local para 1984. Acordo 
com a visão dessa gente enchendo-me a mente, e
22 Muito mais do que números
quando vou deitar-me, essas pessoas são tão reais 
como se eu estivesse pregando para elas hoje. Com o 
presente índice de crescimento e com o programa de 
construção em curso, não tenho a mínima dúvida de 
que a visão se tornará realidade no tempo determina­
do.
Há pouco ouvi a história de um casal, em Nova 
Iorque, que negocia no ramo de automóveis; esse 
casal pôs este princípio a funcionar em seu negócio. 
Decorridos apenas três anos, têm agora a maior 
distribuidora de sua linha de carros na área da cidade 
de Nova Iorque. Isto é mais impressionante quando 
sabemos que 1982 foi o ano em que houve maior 
número de falência de distribuidores, nos Estados 
Unidos. Os princípios divinos funcionam em qualquer 
empreendimento, inclusive na indústria automobilística.
O Espírito Santo bem sabe que este é o fim da era. 
Agora ele está preparando a noiva de Jesus Cristo 
para a segunda vinda do Noivo. Contudo, estou 
consciente de que dos quatro bilhões e meio de 
pessoas vivas hoje, mais de 70% não tiveram a 
oportunidade de aceitar ou rejeitar a Jesus Cristo. Se a 
igreja despertar-se para a grande tarefa e começar a 
crescer por toda parte, veremos mais gente no céu do 
que no inferno por ocasião da segunda vinda do 
Senhor. Poderá facilmente haver milhares de igrejas 
tão grandes quanto a nossa, ou maiores até, em todos 
os continentes.
O maior obstáculo à realização do desejo de Deus 
de ver sua igreja crescer, é a falta de visão dos líderes. 
“Isso não pode acontecer aqui. Este campo é muitíssi­
mo difícil.” Tais afirmações negativas devem ser 
eliminadas de nosso vocabulário, de uma vez por 
todas. Temos de começar a usar a linguagem do 
Espírito Santo e criar uma nova consciência de 
sucesso na mente do nosso povo.
E nossos recursos pessoais 23
Mudando a Auto-imagem
—Dr. Cho, sou um pecador imprestável. Por que 
Deus me usaria na edificação de uma grande igreja? 
—disse-me, após uma conferência recente, um desco- 
roçoado pastor que já pensava em renunciar à sua 
igreja e abandonar por completo o ministério.
Qual a imagem que você tem de si próprio? Quanto 
você acha que vale? Pode Deus usá-lo para realizar 
uma significativa transformação no mundo? (Estão aí 
algumas perguntas importantes que você deve fazer a 
si mesmo ao analisar sua auto-imagem.)
Cresci num país oprimido pelo Japão. Perdemos os 
nomes e a língua coreanos. Em realidade, os manus­
critos coreanos foram escondidos em vasos de barro e 
enterrados, para que não perdêssemos a herança 
nacional, que existe por mais de cinco mil anos. 
Milhares de coreanos foram arrastados para o Japão a 
fim de servirem como operários comuns. Muitos não 
sabem que foram mortos milhares de coreanos quan­
do se lançaram as bombas atômicas sobre Hiroxima e 
Nagasáqui, duas áreas industriais do Japão.
Quando eu era criança, se alguém me tivesse dito 
que Deus me usaria para construir a maior igreja da 
história, eu simplesmente teria rido. Eu era um budista 
devoto e não tinha a mínima intenção de mudar de 
religião. Meu estado físico era muito precário devido a 
um caso de tuberculose aparentemente incurável. Em 
termos de um goleiro de futebol, eu já tinha dois gols 
contra mim e a terceira bola vinha rápida contra a 
minha rede. Não obstante, de uma condição tão 
deplorável, Deus transformou totalmente minha auto-ima­
gem. O meu passado faz-me compreender a luta de 
muitas pessoas oprimidas que não têm esperança 
alguma quanto ao futuro. Creio, portanto, que Deus 
pode mudar nossa auto-imagem, de nenhum valor 
pessoal para a de um servo de Deus por quem ele
24 Muito mais do que números
enviou seu Filho para morrer. Fomos redimidos da 
maldição do pecado não só quando ele nos afeta o 
espírito, a alma e o corpo, mas especificamente 
quando toca nossa força motivacional.
Para que motivemos os outros no sentido de 
alcançar sucesso, é preciso que tenhamos uma atitude 
de sucesso não só em nosso falar mas também em 
nossa vida. Muitas igrejas permanecem numa atitude 
de estagnação porque o pastor não possui auto-estima 
suficientemente elevada. Este é um dos segredos da 
liderança. Os motivos de uma auto-imagem pobre 
podem ser: pobreza de aparência, educação, discipli­
na, situação familiar, capacidade e saúde. Essa lista 
está longe de ser completa, mas representa as descul­
pas mais freqüentes para uma auto-imagem pobre.
Aparência Pobre
Ao viajar pelo Ocidente, tenho observado um 
fenômeno comum, isto é, pregadores gordos. Devido 
à dieta coreana, que acentua o consumo de porções 
muito pequenas de gorduras e carboidratos, a obesi­
dade nunca foi problema para mim. Contudo, tenho 
visto muitos pastores norte-americanos empanturran- 
do-se após as reuniões. Os alimentos que eles ingerem 
tendem a aumentar-lhes o peso. Ouço suas desculpas: 
“Dr. Cho, o meu problema de peso é causado por 
minhas glândulas.” Quando me encontro com embai­
xadores das principais nações do mundo, um dos 
traços comuns que parecem possuir é a boa aparência 
geral. Podem não ser jovens ou elegantes, mas 
parecem estar em boa forma. Afinal de contas, não 
representam seus países? Não deveriam apresentar a 
melhor imagem? O reino deDeus também tem 
embaixadores que representam o Rei dos reis e 
Senhor dos senhores.
Minha opinião é que um líder pode mudar a auto-ima­
£ nossos recursos pessoais 25
gem controlando a dieta e fazendo o melhor que pode 
com o que Deus lhe deu. Faça um inventário de sua 
aparência. Como embaixador de Cristo, está você 
fazendo o melhor para apresentar uma imagem que 
outros devam imitar? Se não está, convém saber que 
nunca é tarde demais para mudar. Se você sentir-se 
bem a seu respeito, outros também o sentirão. Não é 
preciso gastar muito dinheiro para aprender a combi­
nar cores e vestes de maneira conservadora; mas a sua 
aparência pessoal fará grande diferença na forma 
como outros ouvem o que você tem para dizer. 
Primeiro as pessoas olham para você, depois ouvem o 
que você diz. O que vêem afeta-lhes a maneira de 
ouvir.
Educação Pobre
Gostaria de ter mais educação formal do que tenho. 
O fato de crescer em tempos muito difíceis limitou 
meu potencial de educação formal. Não obstante, vivo 
todo o tempo aprendendo. As pessoas se espantam de 
que eu tenha um programa em inglês nas estações de 
televisão dos Estados Unidos. Tanto quanto sei, sou o 
único estrangeiro a apresentar-se na televisão norte-ameri­
cana. Quantos anos estudei inglês na escola? Ne­
nhum. Estudei nos livros, fiz muitas perguntas, prati­
quei. Depois de alguns anos, eu falava inglês fluente­
mente. Na maioria dos países por onde viajo, falo em 
inglês e minhas mensagens são interpretadas para a 
língua local. Como aprendi a falar tão depressa? O 
Espírito Santo deu-me o desejo de falar. Trabalhei e 
exercitei por muitas e longas horas. Finalmente, 
acreditei que eu podia ser bem-sucedido, porque o 
Espírito Santo está em mim e tudo posso por intermé­
dio de Jesus Cristo.
Quando estou no Japão, falo a língua japonesa. 
Aliás, também me apresento na televisão japonesa.
26 Muito mais do que números
Quando estou em países de fala alemã, pratico o 
alemão. Por que me esforço por aprender? Porque 
meu chamado não é só para a Coréia, mas para as 
nações do mundo. Quanto mais conheço da língua, 
da história e da cultura dos outros povos, tanto mais 
posso ministrar-lhes ajuda espiritual. Ninguém precisa 
passar o resto da vida sem instrução. Se você não 
recebeu muita instrução formal, então pode e deve 
instruir-se, ser autodidata. Um dos problemas que 
enfrento nas viagens é ouvir os naturais do país 
usarem uma linguagem pobre. Se a mensagem de 
Jesus Cristo é de tão grande importância para ser 
proferida, é importante também que seja anunciada 
corretamente.
Autodisciplina Pobre
A falta de disciplina é outro motivo por que as 
pessoas têm de si mesmas uma imagem pobre. Tenho 
tido entrevistas com líderes que comparecem com 
uma ou duas horas de atraso. Tráfego, pressão dos 
negócios e circunstâncias imprevistas são desculpas 
esfarrapadas para o atraso. Tenho a fama de sempre 
chegar cedo para as entrevistas. Por quê? Porque 
creio que se alguém tem importância bastante para 
que eu o procure, também é importante demais para 
ficar esperando. O fato de eu poder cumprir minhas 
entrevistas na hora aprazada e ainda pastorear ativa­
mente a maior igreja do mundo se deve à disciplina 
pessoal. Faça planos com margem para o inesperado. 
Se você tem uma entrevista no outro lado da cidade, 
saia cinco minutos mais cedo, prevendo problema de 
tráfego. Se não surgir o problema, você chegará cedo 
para o encontro. Que elogio para seu anfitrião!
Levar uma vida de disciplina ajuda-o a criar discipli­
na naqueles com os quais você trabalha. Visto como 
creio em delegar não apenas responsabilidade mas
£ nossos recursos pessoais 27
também autoridade, devo confiar nos outros para 
ajudar-me a conduzir meu grande rebanho. No pre­
sente momento, tenho mais de trezentos pastores de 
tempo integral em nosso corpo de ministros. Se eu 
não for disciplinado em minha vida de oração, vida 
social, tempo de estudo e negócios, eles não serão tão 
responsáveis quanto devem ser no atingimento de 
nosso alvo mútuo de edificar a igreja de Deus.
O pecado é uma das principais causas da pobreza 
de auto-imagem. É imperativo, portanto, que toda 
pessoa a quem Deus deseja usar na edificação de sua 
igreja, leve uma vida santa. Aquilo que a pessoa 
contempla e em que se detém afetará o que ela virá a 
ser. Se houver pecado em sua vida, confesse-o a Deus 
imediatamente, arrependendo-se dele e pedindo a 
graça divina para viver moralmente limpo. Os peque­
nos sucessos conduzirão a grandes vitórias e logo você 
descobrirá que sua auto-imagem mudou. Deus é 
amoroso e perdoador. Se ele espera que você perdoe 
ao seu irmão, por que não perdoaria ele a você?
Status Familiar Pobre
Na Coréia, status é parte importante de nossa 
sociedade. Excesso de população é um aspecto histó­
rico da vida asiática. Confúcio ensinou um sistema de 
ética que ainda é praticado na maioria dos países 
asiáticos. Esta cultura não é conhecida no Ocidente 
basicamente igualitário. Dirigimo-nos às pessoas e 
falamos com elas de modo diferente, segundo seu 
status de família, educação, posição ou de idade. Não 
obstante, estando-se em Cristo, não deve haver essa 
diferença. Podemos ter diferenças aqui na terra, 
porém são temporais. Na eternidade, seremos julga­
dos por nossa fidelidade ao chamado divino. Portanto, 
aprendi a dispensar respeito aos que o merecem aqui 
na terra, mas não me encontro limitado pelos sistemas
28 Muito mais do que números
de valores terrenos, porque não somos deste mundo.
Não me preocupa a posição inferior que sua família 
possa ter, porque você pode mudar a auto-imagem. 
Lembre-se de que Jesus, embora sendo o filho de 
Deus, nasceu em circunstâncias domésticas muito 
pobres. Ao captar uma nova visão da vontade divina 
para sua vida e ministério, você pode vencer todas as 
barreiras da sociedade e ter êxito.
As capacidades podem diferir, mas o êxito é para 
todos. O problema começa ao comparar-nos com 
outras pessoas. Se o exame que fizemos recebe nota 
inferior ao de nossos amigos, entregamos os pontos e 
formamos uma imagem pobre de nós mesmos. O 
modo de vencer este obstáculo é comparar-nos com o 
alvo que Deus colocou diante de nós. Ele nunca nos 
leva a fazer coisa alguma para a qual não nos tenha 
dado graça e força de nos sairmos bem. Não se julgue 
tão severamente ou com pressa demais. O cientista 
Einstein fracassou em seu primeiro curso de matemáti­
ca. Milionários célebres têm acentuado o número de 
vezes que se viram falidos, mas continuaram tentando. 
Só porque falhou, não significa que você seja um 
fracasso. Tenho cometido muitos erros em meu 
ministério, mas isso não quer dizer que sou um erro de 
Deus. Meus erros me ensinaram valiosas lições e por 
isso tenho podido ajudar inúmeras pessoas.
Saúde Pobre
A saúde é uma das posses que mais prezo. Posso 
dar assistência pastoral numerosas vezes no domingo, 
viajar nessa noite para uma Conferência Internacional 
sobre Crescimento da Igreja em alguma parte do 
mundo, e depois começar, na terça-feira, uma série de 
reuniões que durem a semana toda. Meus anfitriões 
geralmente não sabem quanta coisa já fiz antes de 
chegar. Acreditam que vim para entregar-me de corpo
£ nossos recursos pessoais 29
e alma à sua comunidade. Tenho de depender da 
minha saúde.
Confio em Deus não só para efetuar curas, mas 
também para conservar a saúde. Não obstante, devo 
cooperar com ele para manter meu corpo em boas 
condições. Faço exercícios regularmente e seleciono 
bem o que como. Evito doces. Descanso tantas vezes 
quantas me for possível. Minha vocação é importante 
demais para que se veja impedida por saúde deficien­
te.
Os anos têm-me ensinado o que é não ter boa 
saúde. Meu organismo não é tão forte quanto o de 
outros, e quando jovem, sofri de tuberculose. Tenho 
isto em mente quando sou tentado a assumir trabalho 
em demasia.
O estresse é um dos maiores problemas da saúde. 
No tempo em que eu costumava fazer tudo em minha 
igreja, desfalecia de exaustão. Agora aprendi a confiar 
emoutras pessoas. Deixo que meus cooperadores 
cometam erros e aprendam destes como Deus faz 
comigo. Descobri que se eu delegar, posso fazer muito 
mais com menos tensão e energia.
Há líderes que têm deficiências físicas. Essas defi­
ciências não devem, porém, afetar-lhes a capacidade 
de assistir o povo de Deus. Devemos tomar as 
deficiências e transformá-las num bem. Devemos 
confiar em Deus no que se refere à cura e restauração 
total, e nunca permitir que problema algum de ordem 
física nos impeça de realizar o chamado divino. 
Lembremo-nos disto: as pessoas estão mais cônscias 
da atitude que temos para com a deficiência do que 
estão para com a deficiência em si mesma.
A maior deficiência que o indivíduo pode ter está 
em sua própria mente e atitude. Devemos tomar 
cuidado com as pessoas com quem nos associamos. 
Estão elas limitando nossa auto-imagem? Quais são as
30 Muito mais do que números
atitudes de nossos pais para conosco? Dizem eles: 
“Você não serve para nada. Você é um fracasso. Você 
é igualzinho à sua mãe” ou “igualzinho a seu pai”? 
Muitas vezes os pais refletem as próprias frustrações, 
ignorando os efeitos contínuos que suas palavras têm 
sobre os filhos. Não obstante, pelo poder do Espírito 
Santo, podemos libertar-nos dos efeitos inibidores de 
nossos pais e amigos. Podemos ler a Palavra de Deus 
e descobrir o que Deus diz a nosso respeito. Se Deus 
achasse que não tínhamos valor, não teria enviado 
seu Filho unigénito para morrer por nós, nem nos 
chamaria para fazer parte de seu grupo especial, a 
igreja. Sim, temos grande valor. Pela graça divina, 
podemos fazer tudo quanto Deus nos chamou para 
fazer.
As vezes oramos, pedindo a Deus que faça algo em 
nossa igreja, e então nos recuamos para ver o que 
Deus faz. É um grande erro. Deus trabalha na igreja 
por nosso intermédio. Se ele quisesse realizar o 
crescimento da igreja sem utilizar-nos, ela já teria 
completado sua tarefa há séculos e Cristo já teria 
vindo. Se Deus vai operar, o fará por seu e por meu 
intermédio. É por isso que os recursos pessoais são de 
suprema importância. Como seríamos nós se tivésse­
mos o sucesso que esperamos ter? A resposta a essa 
pergunta é muito importante. Nosso caráter está 
sendo preparado agora para a maior explosão de 
crescimento da igreja na história. Estamos sendo 
provados e encontrando graça para vencer a prova. 
Por quê? Porque Deus deseja usar-nos.
Agora estamos preparados para prosseguir com a 
próxima seção deste livro que trata, antes de tudo, da 
metodologia do crescimento da igreja. Se você leu 
este capítulo e achou que não se aplica a você, então 
seria melhor relê-lo. Se acha que compreendendo seu 
problema, já o venceu, então conviria lembrar-se de
E nossos recursos pessoais 31
que a compreensão é apenas parte da solução. Sim, 
agora você deve confiar na graça de Deus para pôr em 
prática os passos que o levarão ao êxito.
Ao iniciarmos a próxima seção, creio que você já 
mudou a atitude de seu coração. Está aprendendo a 
ter comunhão com o Espírito Santo, e dessa forma 
recebe nova visão e sonhos. Finalmente, você entra 
na próxima seção com uma auto-imagem saudável.
32 Muito mais do que números
2
CRESCIMENTO DA IGREJA
E O LAICATO
Meu livro, Grupos Familiares e o Crescimento da 
Igreja (publicado em português pela Editora Vida) foi 
útil a muitos pastores. A primeira parte do livro trata 
do meu livramento da ambição pessoal e do medo. 
Esses dois traços devastadores impedem que os 
dirigentes da igreja vejam um dos aspectos cruciais do 
crescimento, isto é, o uso conveniente dos leigos.
O tempo é uma mercadoria limitada, visto como 
cada dia tem apenas 1440 minutos. A energia é outra 
mercadoria limitada, visto como há poucas coisas que 
o homem pode fazer antes que o corpo exija descan­
so. Assim sendo, como posso conseguir 500.000 
membros em 1984 com essas limitações que me 
afetam do mesmo modo que afetam o leitor? Aprendi 
a usar os leigos da minha igreja na obra do ministério. 
No presente momento tenho mais de 18.000 dirigen­
tes de grupos familiares. São assistentes não-remune- 
rados em nossa igreja. Eles formam a base de meu 
ministério local. Antes de entrar em detalhes sobre o 
êxito absoluto deste sistema, há diversos problemas 
básicos que precisam ser considerados.
Que Posição Ocupa o Leigo em sua Igreja?
Tome, por exemplo, o “Novo Dicionário Aurélio” , 
e veja o verbete “Leigo” . Diz lá: “Que não é clérigo;
laical, laico. Que é estranho ou alheio a um assunto; 
desconhecedor.” Receio que o dicionário tenha regis­
trado a errônea concepção geral que a maioria dos 
cristãos tem com relação ao leigo.
Tenho para mim que a carta de Paulo à igreja de 
Efeso é um dos mais claros e abrangentes ensinos que 
ele apresenta com relação ao papel que cada um de 
nós deve desempenhar na igreja. Paulo escrevia da 
cela de uma prisão. Sua mente havia projetado longas 
horas concernentes à sua experiência no ministério. 
Agora, sem a distração de quaisquer grandes altera­
ções, ele nos dá no ministério nossa mais importante 
tarefa: “E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, 
outros para profetas, outros para evangelistas, e outros 
para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamen­
to dos santos para o desempenho do seu serviço, para 
a edificação do corpo de Cristo” (Efésios 4:11, 12).
A tarefa que Paulo considera de primeira importân­
cia no ministério é a preparação dos leigos para essa 
obra. A medida que cada pessoa entra para o corpo 
de Cristo, automaticamente é arrolada num programa 
de treinamento no ministério.
De fato, ao ler o livro de Atos, nunca vejo Deus 
concedendo ao recém-convertido a escolha de ser 
ativo. Quando os novos convertidos entram para 
nossa assembléia, chegam com uma fé vigorosa. Se 
ficarem sentados, sem ter o que fazer, tornar-se-ão 
passivos. Portanto, é imperativo que os recém-conver- 
tidos entrem para a igreja como ativos participantes no 
serviço. Minha experiência, no decorrer desses anos 
todos, mostra que com treinamento adequado, os 
leigos se tornam o instrumento mais eficaz que temos 
para evangelizar.
Na conquista de alguém para Cristo, há necessidade 
de um elo de confiança entre a pessoa que dá 
testemunho e a que o recebe. Às vezes um estranho
34 Muito mais do que números
E o laicato 35
ganha uma pessoa para Cristo, mas na maioria das 
vezes tem de haver uma afinidade pessoal. Todo 
recém-convertido tem esta afinidade, seja com os 
membros da família, com amigos, ou com colegas de 
trabalho. Toda pessoa que o recém-convertido conhe­
ce é novo membro da igreja em potencial. Esta 
afinidade, consolidada no decorrer dos anos, não 
deve ser menosprezada.
Os novos convertidos também possuem uma nova 
fé que em geral brilha com o sentimento de perdão e 
aceitação. Uma vez treinados, podem transmitir essa 
fé a outros que os conheceram antes da conversão, e 
fazê-lo com eficiência. As vezes acho que os recém- 
-convertidos são muito agressivos. Podem até mani­
festar certo entusiasmo imaturo. Todavia, se canalizar­
mos suas energias de maneira conveniente, se torna­
rão testemunhas eficientes. O apóstolo Paulo perse­
guia a igreja com todas as suas energias, crendo 
sinceramente que esta nova seita judaica era uma 
força destrutiva. Dominado por Cristo na estrada de 
Damasco, passou a proclamar a Cristo, com zelo, aos 
judeus e gentios. Contudo, seu zelo foi fonte de 
grande perseguição. No capítulo 9 de Atos, Lucas 
conta que os discípulos enviaram Paulo de volta à sua 
cidade natal, Tarso. No versículo 31 temos uma 
informação muito interessante: “A igreja, na verdade, 
tinha paz por toda a Judéia, Galiléia e Samaria.” As 
igrejas gozavam de tranqüilidade desde que Paulo 
partira. Não obstante, sabemos que Paulo passou a 
ser uma testemunha operosa depois de treinado pelo 
Espírito Santo.
Talvez os membros da igreja mais problemáticos 
assim o sejam porque nunca foram reconhecidos e 
desafiados. Um membro apático nunca cria proble­
mas. Que posição ocupam os leigos em sua igreja? Se 
vocêos considera como colegas em potencial, teste-
munhas capazes e extensões ativas de seu ministério, 
sua igreja pode crescer de forma dinâmica.
Como é Que Treino Meus Leigos?
Há diversos passos a seguir quando o recém-con- 
vertido começa a receber treinamento.
Passo n° 1. Mostre-lhes o quanto são importantes 
para a igreja como um todo. Numa igreja grande é 
possível que se desenvolva um senso de insignificân­
cia. Quanto maior a congregação, tanto menos mani­
festo ou conhecido se torna o membro. Não obstante, 
como no corpo físico cada célula é importante, o 
mesmo se dá no corpo espiritual. Os novos membros 
devem saber que Deus lhes deu um dom muito 
necessário a todos os membros da igreja. Devem 
saber que são importantes.
Passo n? 2. Motive-os. Uma das mais importantes 
coisas que o pastor pode fazer é motivar os membros 
de sua igreja. Para motivar alguém, é preciso que o 
próprio pastor esteja motivado. É por isso que na 
primeira parte deste livro trato dos recursos pessoais. 
Os sermões devem ter uma finalidade. Não devemos 
apresentar assuntos que não têm significado algum 
para as pessoas que nos ouvem.
Faz alguns anos, um pastor norte-americano veio 
falar à minha igreja. Ele começou criticando os norte- 
-vietnamitas e os horrores da guerra no Vietnã. 
Embora fosse este um assunto de interesse para os 
cristãos norte-americanos, para os coreanos fazia 
pouco sentido. Poucos perceberam que eu estava 
acrescentando meu sermão ao que estava sendo 
pregado em inglês enquanto o interpretava. Após a 
reunião, o pastor visitante ficou muito contente com a 
reação dos membros da minha igreja. Ele nunca ficou 
sabendo que eles não tinham ouvido o seu sermão. 
Achei, porém, que era importante que o meu povo
36 Muito mais do que números
E o laicato 37
fosse alimentado e motivado, por isso tomei a liberda­
de de acrescentar minha mensagem ao sermão da­
quele pregador.
Passo n? 3. Reconheça-os. Entregamos certificados 
a todos os que concluem o treinamento. Quando os 
novos membros vêem que outros foram reconhecidos 
por haverem realizado fielmente um curso de estudos, 
eles também desejam ser reconhecidos.
Passo n? 4. Elogie-os. A vida comum tem pouco 
motivo de elogio para a média das pessoas. Todos nós 
queremos que outros pensem que fizemos algo de 
valor. Isto aumenta nosso senso de dignidade e 
melhora nossa auto-imagem. Todos nós podemos 
encontrar algo que criticar nos outros; por isso mesmo 
todos têm algo que merece louvor. O reforço positivo 
funciona, quer no trato dispensado a uma garçonete 
no restaurante, quer no trato dispensado aos mem­
bros da sua igreja. Se elogio os novos membros que 
entraram para o treinamento, descubro que há muitos 
outros que desejam ser treinados.
Agora que os novos membros desejam ser treina­
dos, tenho um programa engrenado para atender às 
suas necessidades. Temos dois institutos bíblicos. Um 
destina-se aos leitos; o outro é para os que são 
chamados ao ministério de tempo integral. Aqui 
vamos concentrar-nos no instituto bíblico para os 
leigos.
Nossos cursos são claramente definidos; os objeti­
vos claramente declarados; os resultados que espera­
mos são claros. Todo recém-convertido precisa co­
nhecer aquilo que crê, e por que crê nisso. Sua 
experiência inicial de conversão não durará muito 
tempo quando os ventos da provação soprarem em 
sua vida. Ele precisa estar bem alicerçado nas Escritu­
ras. Não obstante, devemos ter sempre em mente que 
não estamos preparando um pastor, mas treinando
um leigo com a finalidade de torná-lo numa testemu­
nha mais eficiente do evangelho de Jesus Cristo. 
Portanto, esse treinamento tem de ser muito prático. 
Não vamos enchê-lo de teologia. É preciso lembrar 
que a pessoa que trabalha é responsável por obter o 
sustento da família. Também ela não terá de falar de 
teologia com os companheiros de trabalho. Ela terá de 
falar-lhes de Cristo, de uma maneira clara e com­
preensiva.
Além disso, deve receber treinamento prático em 
evangelização. Deve aprender a maneira correta de 
dar testemunho. Só porque um recém-convertido é 
motivado e sincero, não quer dizer que já sabe como 
testemunhar com eficácia.+É preciso que receba os 
fundamentos bíblicos de como viver com êxito a vida 
cristã. Precisa aprender a importância de contribuir. 
Aprendendo a contribuir, trará as bênçãos de Deus 
sobre sua vida material. “Nunca dou para receber” , 
disse-me alguém carta vez. Não obstante, nunca 
seremos mais morais do que Deus. Ele diz-nos que 
devemos dar para receber. Em realidade, diz-nos que 
o motivo de não termos é porque não damos e não 
pedimos. Uma vez que o recém-convertido concluiu o 
curso de estudos, que em geral dura dois anos, esTá 
preparado para ensinar num grupo familiar.
Não tenho como acentuar a importância de que o 
pastor veja os membros de sua igreja como extensão 
de seu próprio ministério. Eles são os elementos que 
fazem aumentar as suas dez a quatorze horas por dia 
de serviço potencial, para uma soma inumerável de 
horas. São os meios pelos quais o pastor pode estar 
em muitos lugares ao mesmo tempo. Descobri, por­
tanto, o segredo da ubiqüidade. Estou em toda a 
Coréia, todos os dias, mediante meus membros 
fielmente treinados.
Paulo diz que o propósito central do ministério é
38 Muito mais do que números
£ o laicato 39
treinar os santos para servir. Se o pastor não obedecer 
à admoestação do Espírito Santo, sua igreja não 
atingirá o potencial pleno. Deus não considera o 
ministério leigo uma questão opcional. Espera que os 
membros da igreja sejam testemunhas ativas do 
evangelho de Jesus Cristo. A próxima vez que você 
estiver perante a congregação, olhe bem para ela. 
Olhe para os rostos das pessoas. Observe seus olhos. 
Aí mesmo, na sua congregação, está o maior recurso 
ministerial de que você dispõe. Ame-os; alimente-os; 
mas não se esqueça de treiná-los?"
Está você tão comprometido com os seus leigos 
como espera que estejam com você?
Um dos problemas que os membros de sua igreja 
podem estar enfrentando é um senso de insegurança. 
Como líder, você é para eles uma figura paterna. Eles 
devem respeitá-lo e estar dispostos a seguir não 
apenas suas palavras, mas também suas ações. Se os 
seus leigos sentem que a igreja é só um ponto de 
parada e que o pastor busca uma igreja maior ou 
melhor alhures, não terão o senso de segurança 
necessário ao contínuo crescimento da igreja. A esta 
altura, devo fazer-lhe uma importante pergunta. Está 
você disposto a passar os próximos dez anos condu­
zindo este rebanho? A menos que a resposta seja um 
retumbante sim, seu povo já o sabe por intuição.
Você nunca terá um crescimento dinâmico da igreja 
se não estiver disposto a entregar a vida e o futuro ao 
povo a quem serve. O crescimento da igreja exigirá 
que o povo acompanhe o líder numa nova e refres­
cante visão. Todavia, os membros da igreja não 
seguirão um plano se acharem que este pode ser 
mudado no futuro. O modo de criar segurança no 
coração dos leigos é assegurar-lhes que você veio para 
ficar. Você está pronto a obedecer ao Espírito Santo 
caso ele decida mudá-lo; mas está pessoalmente
comprometido com eles sem o mínimo desejo de 
deixá-los.
Mais adiante vou apresentar o segredo do planeja­
mento apropriado para o crescimento da igreja; antes, 
porém, precisamos falar deste importante problema 
da perspectiva do leigo. Nunca pode haver mais de 
uma visão na igreja. Comolíder, a visãcTdeve vir do 
pastor. Já escrevi sobre como obter do Espírito Santo 
uma visão nova, mas a esta altura devo acentuar que 
essa visão deve ser comunicada com clareza aos 
membros de sua congregação. Quando pela primeira 
vez o Espírito Santo me deu uma visão de 200.000 
membros em 1982, meditei muito sobre este alvo, que 
não era meu; o Espírito Santo colocou-o diante de 
mim. Este alvo se originou de minha comunhão com o 
Espírito Santo.
Com base no alvo, lancei um plano qüinqüenal, e 
para atingi-lo, orçamos nossa renda. Depois comuni­
quei ao meu povo a visão, o alvo e o plano.Ministrei a 
Palavra de Deus com o propósito de dar maior 
motivação ao povo no sentido de atingirmos o alvo. 
Portanto, meu ministério nos domingos era planejado 
com um propósito claro. Meu povo sabia para onde 
íamos, por que íamos e como chegaríamos lá. Para 
alcançar este senso de direção, aprendi a pregar 
dominicalmente sobre um assunto de importância que 
motiva os leigos a continuar trabalhando, orando e 
contribuindo para o propósito e alvo definidos.
Outro fator que gera confiança no coração dos 
leigos é a honestidade. Se cometo um engano, 
confessò-õ "perante ã^congregação. Nunca acoberto 
um erro que porventura eu tenha cometido. Contar a 
verdade ao meu povo, doa ou não, leva-o a crer 
naquilo que digo. Nada será mais destruidor da 
credibilidade para com o povo do que exagerar ou 
dizer algo que não corresponda à realidade. Quando
40 Muito mais do que números
£ o laicato 41
comecei a confessar as falhas perante meu povo, senti 
grande medo. Minha maneira natural de pensar dizia- 
-me que a congregação não mais me respeitaria, e 
assim, por amor a ela, eu deveria encobrir tudo. Mas 
depois de muitos anos de contar-lhes a verdade, o 
amor das pessoas por mim é mais forte do que nunca. 
Já não pensam que sou perfeito, mas me veem como 
um homem honesto.
Ao viajar por esse mundo de Deus e pregar em 
grandes conferências e cruzadas, recebo muito dinhei­
ro. Que faço com ele? Se eu quisesse, poderia morar 
numa casa grande e bonita, ter muitos empregados, 
dirigir um senhor carro e viver como um rei. Meu povo 
me amaria do mesmo modo. Porém, o desejo do meu 
coração é dar. Quando percebo alguém em necessida­
de, dou automaticamente. O restante do dinheiro que 
recebo, dou para o ministério de extensão internacio­
nal. Por que faço isso? Porque Deus pôs no meu 
coração o amor de contribuir.
Meu povo me vê contribuir, embora raramente eu 
fale sobre o assunto, e isto lhe serve de exemplo. Na 
verdade, acho difícil falar aqui a respeito de minha 
contribuição pessoal. Mas estou disposto a expor-me, 
na esperança de que traga algum auxílio ao leitor. Não 
creio na pobreza. Se eu não ganhasse dinheiro, não 
teria o que dar para a obra de Deus. Creio que Deus 
deseja que prosperemos espiritual, física e financeira­
mente. Mas para sermos abençoados financeiramente, 
precisamos aprender a dar. À medida que dou para a 
obra de Deus, Deus me dá em grande abundância. 
Contudo, resolvi reaplicar essa abundância em sua 
obra. Visto que minha esposa e eu gostamos de viver 
uma vida relativamente simples, com algum conforto, 
não precisamos de muito dinheiro.
Esta atitude tem produzido dois importantes resulta­
dos. Sendo pastor da maior igreja do mundo, meu
nome é conhecido por toda parte. Os repórteres estão 
sempre me entrevistando quando viajo. Não somente 
minhas palavras, mas as minhas ações e motivos estão 
constantemente sob vigilância. O levar uma vida 
simples, mas confortável, não põe em jogo meus 
motivos.
Em segundo lugar, o sistema tributário da Coréia 
difere da maioria dos países ocidentais. Os donativos 
feitos à igreja não são isentos de impostos. Os dízimos 
que os membros entregam à igreja não são dedutíveis 
do imposto sobre a renda. Os membros de nossa 
igreja contribuem porque amam a Deus. Contribuem, 
também, porque me veem dar o exemplo.
Contando nossa igreja atualmente com 330.000 
membros, é-me impossível um contato pessoal com 
cada um deles. Gostaria de ter esse contato porque os 
amo. De bom grado daria a vida por eles e eles sabem 
que isso é verdade. Como, porém, demonstro meu 
amor aos leigos de minha igreja? Criamos um sistema 
pelo qual posso estar em contato com cada um dos 
330.000 membros. Posso visitar cada um deles quan­
do têm uma necessidade pessoal. Como é possível 
isto? A resposta é simples: pelo sistema de grupos 
familiares.
42 Muito mais do que números
3
CRESCIMENTO DA IGREJA
E O SISTEMA DE GRUPOS
—Dr. Cho, tentamos o sistema de grupos familiares 
em nossa igreja e não deu resultado. No seu entender, 
que é que saiu errado?—perguntou-me, há pouco 
tempo, um pastor norte-americano. Ao analisar o seu 
experimento com o sistema, essencial na edificação de 
minha igreja, descobri diversos problemas.
Problemas Potenciais
Conquanto o pastor tenha lido meu último livro 
Grupos Familiares, ele, pessoalmente, não havia parti­
cipado do sistema. Este é um erro funesto. A simples 
organização de um programa^ em sua igreja não 
assegura o sucesso continuado. É preciso que o pastor 
desempenhe um papel ativo e contínuo na implemen­
tação e motivação do plano.
Em segundo lugar, ele não esperou tempo suficien­
te para que a verdade se tornasse parte integral da 
conscientização da igreja. Se o pastor está começando 
algo novo na igreja, não espere resultados imediata­
mente. Primeiro é preciso desensinar os conceitos 
errados que as pessoas têm, antes que estejam 
preparadas para aceitar uma nova forma de fazer as 
coisas. Em sua maioria, as igrejas têm, tradicionalmen­
te, considerado a obra do ministério como missão do 
pastor. Ele foi contratado para pregar, visitar os
enfermos e idosos, celebrar casamentos, oficiar nos 
enterros e aumentar o rol de membros. Por que iria ele 
usar os leigos para fazer o trabalho que lhe compete? 
Portanto, leva meses e anos de ensino e motivação 
para mudar esses conceitos falsos que estão arraiga­
dos na igreja.
Em terceiro lugar, muitas igrejas estabelecem gru­
pos familiares simplesmente fazendo um mapa da 
comunidade, escolhendo líderes em cada seção geo­
gráfica dessa comunidade, e a seguir dizendo aos 
líderes: “Realize uma reunião em seu lar.” Mesmo 
que os líderes de grupos obedeçam aos desejos do 
pastor e formem um grupo em seus lares, de que tipo 
será? Na maioria dos casos, essas reuniões familiares 
não passam de cultos diferentes. Visto que a maior 
parte dos membros do grupo já são membros da 
igreja, por que deveriam eles freqüentar outro culto?
Cinco Perguntas
Os problemas que acabo de apresentar são apenas 
alguns dos que o pastor enfrenta, no desejo de criar 
um sistema de grupo familiar na igreja. Há muitas 
outras indagações que, tenho certeza, o leitor pode 
estar fazendo a esta altura. Portanto, dedicarei esta 
seção à resposta de cinco importantes perguntas: 1) 
Que é um grupo familiar? 2) Como funciona? 3) 
Como organizá-lo? 4) Como escolher os dirigentes 
dos grupos? 5) Que acontece com um grupo familiar 
quando se torna grande demais?
Há muitas outras questões incorporadas nestas 
cinco. Embora eu não tenha condições de responder a 
cada pergunta que lhe passe pela mente a esta altura, 
creio que as respostas dadas às cinco indagações 
acima respondem, se não a todas, pelo menos à maior 
parte delas, de modo geral.
Antes que eu comece a responder às cinco pergun­
44 Muito mais do que números
tas, desejo dizer-lhe por que me sinto tão seguro 
acerca do sistema de grupos familiares. Vivemos, na 
Coréia, apenas a cinqüenta quilômetros do Norte 
Comunista. A última vez que os comunistas invadiram 
a Coréia do Sul, foram implacáveis com as igrejas, 
especialmente com os líderes. Quando regresso ao lar 
depois de uma viagem pelo Ocidente, posso sentir a 
tensão no ar. Esses ímpios estão apenas aguardando a 
oportunidade de atacar-nos. Os soviéticos os equipa­
ram com os mais modernos instrumentos de guerra, e 
acreditam que podem unir as duas Coréias sob o 
comunismo. Portanto, mantemos registro dos mem­
bros de nossa igreja num lugar seguro. As instruções 
que dou ao nosso pessoal são claras. Se os comunistas 
atacarem, todos os registros devem ser destruídos 
imediatamente.
Os comunistas podem encontrar-nos e matar-nos, 
porque somos líderes, mas nunca poderão destruir os 
18.000 grupos que criamos em nossa igreja. Podem 
destruir nossas grandes instalações; mas para mim, os 
edifícios não são a igreja. Não, a igreja reúne-se todos 
os dias em fábricas, escolas, escritórios, lares, restau­
rantes e em clubes. No domingo, a igreja apenas se 
congrega para celebrar o que Deusfez durante a 
semana, para juntos adorarmos nosso Senhor e 
ouvirmos o ministério da Palavra de Deus. Mas a 
verdadeira igreja não pode ser facilmente localizada e 
destruída.
Tenho observado, também, que algumas igrejas 
grandes se desenvolveram em torno de um pastor 
vigoroso. Não obstante, se o pastor morre, ou se 
muda, ou desiste por algum motivo, a igreja esvazia-se. 
Minha igreja não é a igreja de Paul Yonggi Cho, 
embora eu seja o pastor fundador. Minha igreja 
pertence ao Senhor Jesus Cristo, e não pode girar em 
torno de minha personalidade. Com o sistema de
£ o sistema de grupos 45
grupos, o verdadeiro ministério é realizado ao nível do 
grupo. Conquanto as pessoas me tenham em alta 
estima e me sejam leais, podem prosseguir sem mim.
Quando viajo, faço questão de telefonar à minha 
esposa regularmente. Noutros tempos eu me transtor­
nava quando ela dizia: “Sim, tudo vai indo muito bem 
sem você.” Agora recebo como um elogio ao meu 
ministério o fato de a igreja continuar seu fantástico 
crescimento quer eu esteja presente, quer não. A 
realidade de que o programa de Deus pode prosseguir 
sem o pastor pode ser devastadora para o seu ego. É 
por isso que a primeira parte deste livro versa sobre os 
recursos pessoais do líder. Enquanto orgulho e ambi­
ção pessoal estiverem na raiz de seu desejo de que a 
igreja cresça, ele não conseguirá produzir um sistema 
de grupos bem-sucedido. Enquanto ele sentir-se amea­
çado pelo êxito de um de seus colegas, estará 
amedrontado demais para edificar um sistema conve­
niente de crescimento ilimitado na igreja.
Que é um Grupo Familiar?
Grupo familiar não é uma reunião social, conquanto 
haja sociabilidade entre as pessoas do grupo. Grupo 
familiar não é uma reunião doméstica, ou igreja em 
casa, embora tais grupos possam reunir-se nos lares. 
Grupo familiar não é um centro de caridade, embora 
possam executar atos de caridade. Grupo familiar não 
é uma reunião de oração a noite inteira, embora 
muitos possam assim fazê-lo. Grupo familiar não é 
outro culto da igreja, embora possa haver cântico de 
hinos, oração e mensagem na maioria das reuniões. 
Que é, pois, um grupo familiar?
Grupo familiar é a peça fundamental de nossa 
igreja. Não se trata de outro programa da igreja— é o 
programa da igreja. Tem um tamanho limitado: geral­
mente não mais do que quinze famílias. Tem um alvo
46 Muito mais do que números
definido, determinado por meus colegas de ministério 
e por mim. Tem um plano definido, dado a cada 
grupo por escrito. Tem uma liderança definida, treina­
da em nossa escola. Há homogeneidade entre os 
membros, isto é, as pessoas que o compõe têm 
“background” similar.
Visto que o leitor perseverou até aqui na leitura 
deste livro, suponho que seja um dirigente eclesiástico 
vivamente interessado no crescimento da igreja. 
Creio, também, que considerou, em espírito de ora­
ção, o que eu já disse, e está disposto a permitir que o 
Espírito Santo faça os ajustamentos necessários em 
seu coração para que ocorra em sua igreja crescimen­
to dinâmico e contínuo. Digo isto porque os detalhes 
de princípios dos capítulos restantes tratam, antes de 
tudo, de técnicas. Se você acaba de voltar-se para este 
capítulo e não leu piedosamente o que vem antes 
desta seção, então as técnicas que darei a seguir, não 
funcionarão em sua igreja.
O sistema de grupo, desenvolvido em minha igreja, 
foi um fenômeno progressivo, lento e difícil. Gostaria 
de ter podido ler um livro como este, no começo do 
meu ministério, pois teria me ajudado a evitar os erros 
que cometi. Não obstante, por meio desses erros, 
aprendi que se eu quisesse ver a minha igreja crescer 
além das limitações de minha própria capacidade e 
ministério, o sistema de grupo teria de ser o seu 
programa central. Para que o sistema de grupo tenha 
bom êxito em sua igreja, não pode ele ser apenas 
outra nova atividade que você tenta antes de passar 
para a próxima. Uma vez que você pôs no coração 
que o sistema de grupo é a vontade de Deus para você 
e sua igreja, então é preciso que se disponha a investir 
paciência, tempo e recursos necessários para que ela 
cresça.
Em nosso primeiro experimento com o sistema de
E o sistema de grupos 47
grupos, tentamos conseguir que todos os homens de 
destaque da igreja, principalmente os diáconos, come­
çassem uma reunião em seus lares. Conforme contei 
em meu último livro, Grupos Familiares, verificamos 
que isto não estava dando resultado. Primeiro, muitos 
desses homens estavam ocupados em seus próprios 
negócios e às vezes chegavam a casa tarde da noite. 
Não dispunham de energia para aceitar outra respon­
sabilidade. Em segundo lugar, nossos homens, sendo 
práticos e lógicos, achavam que devíamos experimen­
tar o sistema numa escala pequena antes de entregar­
mos de corpo e alma a algo novo.
Embora não pudesse discordar dessa lógica, eu 
sabia que devia obedecer à voz do Espírito Santo. 
Quem conhece a história, deve lembrar-se de que este 
novo sistema me foi revelado numa hora de grande 
necessidade física em meu ministério. Eu estava 
exausto por tentar fazer tudo em minha crescente 
igreja, naquele tempo com menos de três mil mem­
bros. Se Deus não me houvesse falado com tanta 
força naquela ocasião, eu hoje não estaria vivo. Por 
isso que é tão importante ouvir o que Deus tem a dizer 
com relação a uma nova visão para sua igreja. A 
menos que o Espírito Santo lhe tenha dado uma 
visão, você não perseverará na luta contra os obs­
táculos.
Então Deus me mostrou que deveríamos usar 
mulheres como líderes de grupos. Isto nos era total­
mente revolucionário, não só como conservadores, 
cristãos que crêem na Bíblia, mas também como 
coreanos. Na Coréia, como na maioria do Oriente, 
liderança é negócio para homens. O papel tradicional 
da mulher era casar, ter filhos, e manter um lar bom e 
feliz. O marido é o provedor e a ele cabe o controle 
dos negócios e da vida do lar. Embora a situação 
esteja mudando na Coréia agora, nossa cultura ainda
48 Muito mais do que números
é basicamente orientada pelo sexo masculino. Assim, 
conceder posições de responsabilidade e autoridade 
às mulheres na igreja era mais revolucionário do que 
estabelecer o próprio sistema de grupos.
O primeiro problema que enfrentei ao nomear 
mulheres foi de ordem teológica. Paulo disse: “Con­
servem-se as mulheres caladas nas igrejas” (1 Corín- 
tios 14:34). O mesmo tema é seguido na admoestação 
de Paulo a Timóteo (1 Timóteo 2:11, 12). Contudo, 
pregando no dia de Pentecoste, Pedro disse: “Mas o 
que ocorre é o que foi dito por intermédio do profeta 
Joel: E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que 
derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; vossos 
filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão 
visões, e sonharão vossos velhos; até sobre os meus 
servos e sobre as minhas servas derramarei do meu 
Espírito naqueles dias, e profetizarão” (Atos 2:16-18). 
A promessa de que o Espírito Santo concederia a 
capacidade de profetizar não foi feita apenas aos 
homens mas também às mulheres. Essas mulheres 
teriam de profetizar em algum lugar e a alguém, pois 
não poderiam profetizar para si próprias. Na carta aos 
Romanos, ao referir-se a Febe, Paulo usa a palavra 
traduzida na maioria das vezes como diácono. Tam­
bém diz a Tito que as mulheres idosas deviam ensinar 
às jovens no que tange às responsabilidades práticas 
do cristão.
Também notei que as mulheres eram mais leais e 
fiéis do que os homens no ministério de Jesus. 
Primeiro ele apareceu a Maria Madalena, cuja missão 
foi transmitir as boas novas da ressurreição ao restante 
dos discípulos que se achavam escondidos. Conti­
nuando a orar e a estudar, concluí que a mulher 
poderia exercer um ministério enquanto estivesse sob 
a autoridade da igreja. Assim, resolvi usar as mulheres 
como dirigentes de grupos em minha igreja. Havendo
£ o sistema de grupos 49
começado a utilizar as mulheres e tendo vencido todos 
os preconceitos, conforme relatei em Grupos Familia­
res, os homens da igrejase tornaram muito mais 
cooperativos. Nos anos todos em que venho ensinan­
do o sistema de grupos, tenho verificado que minhas 
colegas femininas têm sido leais e dignas de confiança. 
Não só não se rebelaram, como fizeram o que lhes 
competia e trabalharam com afinco.
Meu conselho é, pois: “Não tenha medo de empre­
gar as mulheres.” Temos muitos tipos diferentes de 
grupos familiares. Verifiquei haver um princípio socio­
lógico básico que deve ser mantido para que haja 
êxito. O princípio é o da homogeneidade.
Meu bom amigo Peter Wagner, uma das principais 
autoridades sobre crescimento da igreja, escreveu um 
livro intitulado Our Kind of People (Gente do Nosso 
Tipo). Nessa obra ele estuda o assunto dos grupos 
homogêneos versus grupos heterogêneos, nos Esta­
dos Unidos. Por homogeneidade queremos dizer igual 
ou semelhante em espécie. A base da teoria de 
Wagner é que as igrejas crescerão se ministrarem a 
grupos similares de pessoas. Embora o Dr. Wagner 
apresente uma boa argumentação em seu livro, acho 
que não temos na Coréia os mesmos problemas 
sociológicos que há nos Estados Unidos. Essa nação 
está-se tornando rapidamente uma sociedade multi- 
-racial, multiétnica. Os imigrantes, procedentes de 
todo o mundo, trazem consigo suas próprias culturas.
Nós, na Coréia, tivemos uma identidade cultural 
básica durante cinco mil anos. Portanto, com relação à 
raça, língua e identidade cultural, somos totalmente 
coreanos. Não obstante, ainda é válido o mesmo 
princípio homogêneo fundamental. Nossa cultura na­
cional divide-se mais ao longo das linhas da educação 
e da profissão. Portanto, os médicos, os professores 
universitários e outros profissionais terão mais elemen-
50 Muito mais do que números
tos em comum do que teriam com operários de fábrica 
e garçons. As donas-de-casa terão mais em comum 
com outras donas-de-casa do que teriam com profes­
soras. Verificamos que os grupos familiares baseados 
no princípio da homogeneidade terão maior êxito do 
que grupos baseados, antes de tudo, em limites 
geográficos.
Se o Sr. Chun, banqueiro, for incumbido de liderar 
um grupo, convocará principalmente pessoas da área 
financeira para uma reunião do grupo, de uma hora 
de duração, a realizar-se num restaurante local. O 
refeitório teria a aparência de um almoço de negócios. 
O alvo é definido: a salvação de duas almas por ano— 
sabendo que se conseguirem que dois chefes de 
família aceitem a Cristo como Salvador, consequente­
mente suas famílias também se tornarão membros da 
família de Deus. Depois de relatar o que Deus vem 
fazendo em sua vida e na vida de seus familiares, 
podem passar algum tempo orando por necessidades 
específicas. Mas, antes de encerrar a reunião, devem 
discutir sobre um convertido em potencial. Talvez seja 
outra pessoa da área financeira que se defronta com 
um grande problema. Se essa pessoa que enfrenta o 
problema vai aceitar o evangelho, deve fazê-lo quan­
do necessita de mais apoio do que a família e sua 
religião atual podem dar-lhe.
O convertido em potencial é convidado para a 
reunião. Convém notar dois fatos concernentes a este 
convite: 1) Ele é convidado para um local que não 
represente ameaça. Pode ser que ele nunca teria 
aceito um convite para ir à minha igreja ou a qualquer 
outra. Mas um restaurante local não lhe causará 
nenhum temor ou suspeita. 2) E convidado por 
pessoas com as quais possa relacionar-se. Se fosse 
convidado a estar com um grupo heterogêneo, talvez 
se sentisse como peixe fora d’água. Podia perguntar-se
E o sistema de grupos 51
quem são aquelas pessoas e se pertencem ao mesmo 
nível. Todavia, ele conhece pelo menos uma pessoa 
naquele salão e ficará contente em notar que as outras 
pessoas com as quais se encontra têm algo em comum 
com ele. Falam todos a mesma linguagem.
Os membros do grupo tentarão ajudar o convertido 
em potencial; chamemo-lo de Lucas. O Sr. Lucas não 
será de imediato bombardeado com o evangelho. 
Antes, demonstram-lhe amor e interesse. É o evange­
lho em ação. Não é só o Sr. Chun que é útil ao Sr. 
Lucas; os demais membros do grupo conversam com 
ele e tentam ajudá-lo. Não demora muito, o Sr. Lucas 
estará aberto à mensagem evangélica. Ele e sua 
família desejarão unir-se à igreja, porque já se junta­
ram à família de Deus. A esposa do Sr. Lucas desejará 
unir-se a um dos grupos que cuidam das esposas do 
grupo familiar. Podem realizar reuniões conjuntas nos 
lares. Há, porém, um traço-de-união desenvolvido no 
decorrer dos anos à medida que todos se sentem parte 
uns dos outros. Agora que o Sr. Lucas foi aceito como 
membro do grupo, podem orar com relação à próxi­
ma pessoa a ser convidada.
Na história acima, eu disse que o alvo era a 
conversão de dois homens naquele ano. Isto não 
significa que outros não possam ser alcançados; 
significa apenas que havia um alvo definido a atingir. 
Se conseguirem a conversão de quatro homens em 
um ano, quer dizer que dobraram o alvo e devem 
sentir-se orgulhosos por isso.
Se a história acima lhe soa mecânica demais, 
pergunto-lhe: “Acha você que é importante salvar 
almas?” Se acha que sim, então o sistema de grupos 
familiares é para você. Descobri que os grupos 
baseados só na consideração geográfica tendem a 
congregar gente que pouco tem em comum. Isto é o 
que chamamos de grupos familiares heterogêneos.
52 Muito mais do que números
Perde-se muito tempo e energia tentando criar um 
sentido de unidade, e o objetivo principal de alcançar 
os perdidos e cuidar das ovelhas não será tão eficaz.
Devemos lembrar-nos, porém, que o princípio que 
acabamos de expor é usado no desenvolvimento do 
nosso sistema de grupo, e não no desenvolvimento da 
igreja toda. Em nossa igreja não diferenciamos entre 
ricos e pobres, altos e baixos, letrados e analfabetos. 
Somos todos um no corpo de Cristo. No desenvolvi­
mento do sistema de grupos, tentamos aplicar este 
princípio natural visando a um modo mais eficaz de 
alcançar os perdidos para Jesus Cristo.
Donald A. McGavran, conhecido como pai do 
moderno movimento de crescimento da igreja, declara 
em Understanding Church Growth (Compreendendo 
o Crescimento da Igreja): “Homens e mulheres prefe­
rem tornar-se cristãos sem cruzar barreiras” (p. 227). 
Esse experiente erudito e missionário cita muitos 
exemplos de princípio homogêneo funcionando no 
mundo inteiro, conforme pesquisas feitas.
O mais claro exemplo deste princípio encontra-se 
no Novo Testamento. A igreja começou como um 
movimento judaico. Milhares de judeus aceitaram a 
Jesus Cristo como o Messias. A igreja primitiva reunia- 
- se regularmente no templo e nas sinagogas, e seguia 
as festas judaicas. Enquanto tornar-se cristão não 
significava que o indivíduo deixava de ser judeu, a 
igreja vicejou na comunidade judaica.
Quando Pedro pregou o evangelho à família de 
Comélio, pela primeira vez os gentios foram aceitos 
como membros da família de Jeová. Foi por isso que 
Pedro passou por maus momentos e teve de defen­
der-se. Afinal de contas, não havia Deus enchido do 
Espírito Santo aqueles italianos? Por que deveria 
Pedro negar-lhes o batismo se Deus os havia escolhi­
do, como era óbvio?
E o sistema de grupos 53
Paulo começou a pregar o evangelho à comunidade 
gentia, mas a reação dos judeus foi violenta. Mais 
tarde, quando Paulo declarou que os gentios não 
eram menos cristãos se não seguissem os rituais e 
costumes judaicos, os judeus começaram a achar que 
pelo fato de tornar-se cristãos, não podiam ser aceitos 
como judeus. Foi assim que a igreja se tornou antes de 
tudo gentia, até ao dia de hoje. Sou grato a Deus por 
permitir que o evangelho fosse pregado fora da 
comunidade judaica, pois do contrário eu nunca teria 
sido aceito. Contudo, permanece válido o princípio de 
que as pessoas aceitarão o evangelho se acharem que 
não precisam tornar-se algo menos do que já são 
naturalmente.
Creio que na Coréia temos tratado deste problema 
no contexto do sistema de grupos familiares. Portanto, 
nossos grupos se especializam em alcançar pessoasde 
diferentes grupos homogêneos, e o fazem com grande 
eficiência.
Para cada trinta grupos em nossa igreja, temos um 
pastor. Nossos grupos também se subdividem em 
doze distritos. Cada distrito está a cargo de um pastor. 
Caso o leitor nos visite para conhecer os seminários 
que realizamos em inglês, uma vez por ano, talvez 
queira dar uma olhada nos nossos escritórios. Cada 
distrito tem mapas e gráficos na parede. Na verdade, 
parece uma sala de estratégia militar. Cada dirigente 
do distrito executa seu trabalho com muita seriedade. 
É uma guerra que estamos travando. O inimigo é o 
diabo. O campo de batalha é o coração da humanida­
de perdida. O objetivo é salvar tantas almas quantas 
for possível antes que Jesus volte.
Um dos problemas que enfrentamos na pregação 
do evangelho em Seul é alcançar as pessoas que 
moram em arranha-céus de alta segurança. Todavia, 
uma de nossas dirigentes de grupos femininos venceu
54 Muito mais do que números
esse obstáculo. Alugou um apartamento num dos 
edifícios mais difíceis de evangelizar. Mudou o seu 
ministério para o elevador. Andava no elevador, 
subindo e descendo, procurando meios de servir aos 
vizinhos. Uma senhora, certo dia, entrou no elevador 
com uma criança pequena e algumas compras; a 
dirigente ofereceu-se para ajudá-la. Depois convidou a 
senhora para subir até ao seu apartamento e tomar 
uma xícara de chá. No dia seguinte, durante o chá, ela 
falou-lhe de Jesus Cristo. Essas pequenas sessões de 
chá continuaram até que, algumas semanas mais 
tarde, aquela senhora aceitou a Jesus Cristo como seu 
Salvador pessoal.
Nossa cooperadora tinha agora uma sócia em seu 
ministério de elevador. Hoje, a maior parte dos 
moradores daquele edifício são cristãos empenhados 
na causa. Todas as semanas se realizam ali diversas 
reuniões.
Na explosão urbana atual a evangelização pode 
conquistar até os edifícios altos. Toda situação difícil é 
uma oportunidade para evangelizar. Alguns anos atrás 
tivemos, na Coréia, um problema trabalhista. Infeliz- 
mente, havia uma organização que se dizia cristã e 
incitava os trabalhadores a rebelar-se contra os empre­
gadores e a entrar em greve. Tinham como alvo uma 
de nossas maiores empresas do ramo de confecções, 
com o intento secreto de paralisá-la. O dono da 
empresa telefonou-me perguntando se eu poderia 
ajudá-lo, de sorte que não precisasse fechar a empre­
sa. Concordei, e dentro do horário da companhia 
realizei vários cultos de evangelização. Diversos dos 
líderes grevistas vieram à frente e aceitaram Jesus 
Cristo. Confessaram seu pecado e suas vidas se 
transformaram por completo.
Em pouco tempo havia uma reunião de grupo na 
hora de almoço da companhia. Muitos operários
E o sistema de grupos 55
foram salvos. Depois que o grupo alcançou mais ou 
menos cinqüenta pessoas, dividiu-se em dois. Em 
pouco tempo os resultados se evidenciaram na produ­
tividade da companhia. O proprietário da empresa 
notou que os cristãos eram os operários mais produti­
vos e fiéis, de modo que resolveu examinar melhor 
essa religião. Alguns meses mais tarde o proprietário, 
que era budista, aceitou a Jesus Cristo como Salvador 
e Senhor.
Com 18.000 grupos familiares em nossa igreja, há 
18.000 histórias que poderiam ser contadas. Basta 
dizer, porém, que uma vez que o sistema começa a 
funcionar numa igreja, não há limites para o cresci­
mento potencial.
Como Funciona um Grupo Familiar?
Não há um processo específico para se formar um 
grupo familiar. Ele pode reunir-se numa sala de aula, 
durante os intervalos; pode dar-se num hotel, no 
mercado ou num edifício de apartamentos. Não 
obstante, cada grupo conta com um dirigente, que 
deve ter passado por um programa de treinamento. 
Esse dirigente é responsável por escolher um assisten­
te, de modo que, ao atingir o grupo determinado 
número de elementos, forme-se outro grupo que 
contará com um líder treinado. Cada grupo deve ter, 
também, um tesoureiro.
Uma vez que temos tirado lições de nossos erros, 
convém contar ao leitor nossa experiência concernen­
te ao dinheiro arrecadado durante as reuniões do 
grupo. Com o funcionamento do grupo durante 
algum tempo, desenvolve-se em cada um de seus 
membros um sentimento de família. Contudo, vimos 
surgir um problema logo depois que o sistema come­
çou a funcionar em nossa igreja. Um dirigente de 
grupo começou a emprestar dinheiro a outros mem-
56 Muito mais do que números
bros do grupo sem nenhum registro contábil ou sem 
conhecimento de ninguém. Descoberto o problema, 
chegamos à conclusão de que isto poderia acontecer 
de novo, por isso nomeamos tesoureiros para cada 
grupo. O tesoureiro prestará contas do dinheiro arre­
cadado e de sua aplicação. Se houver alguma necessi­
dade financeira no grupo familiar, socorre-se a pessoa 
que está em dificuldades até que ela se equilibre. 
Contudo, mantém-se registro de todas as questões 
financeiras e esse registro deve estar à disposição de 
qualquer membro que deseje examiná-lo. Isto remove 
qualquer possibilidade de desentendimentos.
O grupo familiar não é um clube social. Na verdade, 
tivemos de limitar a atividade social de cada grupo. No 
começo tivemos famílias que serviam deliciosas refei­
ções. Quando, porém, essas famílias eram convidadas 
para reunir-se em outro lar, os anfitriões se esmera­
vam por exceder o que fora servido no lar anterior. Os 
que não dispunham de recursos sentiam-se desanima­
dos, porque não podiam competir com os anfitriões 
mais prósperos. Esta situação poderia ter destruído 
todo o sistema se não lhe puséssemos um paradeiro. 
Hoje, os grupos se limitam, no que tange a comer 
alguma coisa, ao estritamente convencional: uma 
xícara de chá e, talvez, algumas bolachas.
A reunião deve, também, ter uma duração limitada. 
No começo, as pessoas desejam que a reunião se 
prolongue; algumas têm perguntas importantes a 
fazer; outras têm pedidos especiais de oração. Não 
obstante, se não houver um limite de tempo, cedo as 
reuniões se tornarão longas demais e os que têm de 
trabalhar no dia seguinte relutam em comparecer à 
próxima reunião. Uma boa filosofia, também, é que as 
pessoas sejam despedidas quando ainda desejam 
continuar. Lembre-se de que uma refeição será mais 
bem lembrada se a pessoa não exagerar no que come.
E o sistema de grupos 57
Na verdade, esta é também uma boa prática para os 
cultos da igreja.
Como Escolhemos os Dirigentes?
Liderança é uma qualidade inerente à personalida­
de de algumas pessoas. Um bom pastor estará sempre 
com os olhos abertos, observando as pessoas que com 
toda a naturalidade atraem os outros. As vezes, 
pessoas que têm um pendor natural para a comunica­
ção, dão excelentes líderes. Na maioria dos casos, 
observo que as pessoas dotadas de qualidades de 
liderança despontam naturalmente. Minha missão, 
pois, é orientar essa qualidade de liderança no sentido 
de serviço útil à igreja toda.
Os líderes dos grupos não são apenas treinados em 
nosso instituto; são também motivados a usar o pleno 
potencial na obra de Deus. Isto se faz pelo reconheci­
mento dos bons serviços e por meio de um sistema de 
prêmios e certificados de conclusão de cursos.
( É de suma importância delinear com clareza um 
alvo e um plano para cada dirigente. Uma vez por 
ano, dirijo pessoalmente uma convenção de líderes de 
grupos. Durante o tempo que passamos juntos, mos­
tro-lhes que aquilo que o Espírito Santo me falou é o 
alvo de cada grupo. Ainda há pouco, tive de limitar o 
crescimento dos grupos porque nossas instalações 
eram muitíssimo restritas. Aos domingos, as pessoas 
tinham de esperar pelo menos uma hora numa longa 
fila para conseguirem um lugar onde assentar-se em 
um de nossos sete cultos.
Os Grupos Familiares Têm de Concentrar-se na 
Expansão
De novo acentuo a importância de manter os 
grupos familiares como veículos de extensão da igreja. 
Um dos problemas que um grupo de pessoas enfrenta 
quando se reúne regularmente é que se torna encra-
58 Muito mais do que números
vado, isto é, cresce para dentro.Na Coréia, como na 
maior parte do mundo, a família é a unidade básica de 
identidade. Um filósofo coreano, ao comparar as 
culturas ocidental e oriental, disse: “No Ocidente há 
espaços abertos fora dos lares; grandes gramados e 
jardins, mas dentro, muitas portas e paredes. No 
Oriente, temos muros fora de nossos lares, mas 
poucas paredes e portas no interior.”
A realidade histórica e sociológica da superpopula­
ção tem levado os asiáticos a tornar-se mais contem­
plativos. Um asiático pode estar cercado não só pela 
família imediata, mas também pelos pais, tios, tias e 
primos. É por isso que podemos ver muitos orientais 
viajando em grupos. Os coreanos não são diferentes. 
Somos um povo social. Nossas relações de família são 
muito importantes.
Quando alguém se torna parte de um grupo 
familiar, logo estabelece um vínculo de família com os 
demais membros do grupo. Como ocorre em sua 
família, a pessoa gosta de estar junto e age de maneira 
diferente quando chega um visitante. É difícil incorpo­
rar os estranhos na unidade familiar. Verifica-se este 
mesmo fato no grupo familiar. Se deixado por sua 
própria conta, o grupo se tornará numa unidade 
familiar ampliada, não recebendo de bom grado o 
influxo de estranhos. E por isso que há necessidade de 
acentuar o propósito do grupo familiar continuamen­
te. A introdução de pessoas de fora também dá aos 
membros recém-treinados do grupo a oportunidade 
para treinar outros. Todos têm de aprender fazendo. 
Se ensinamos a alguém um versículo da Bíblia, o 
versículo será mais bem lembrado se a pessoa aplicá-lo 
imediatamente à vida cotidiana.
A tendência natural humana é no sentido de 
lembrar-nos das coisas que julgamos de maior impor­
tância. É o que ocorre também num grupo familiar. Se
E o sistema de grupos 59
um novo membro do grupo que começa a receber 
treinamento nos princípios de doutrina e na metodolo­
gia de ganhar almas não tiver alguém a quem possa 
ensinar o que está aprendendo, não aprenderá com o 
mesmo entusiasmo que teria se houvesse a quem 
transmitir o conhecimento. Com a contínua introdu­
ção de convertidos nos grupos familiares, estamos 
oferecendo oportunidade a que os membros mais 
novos sejam estimulados e ensinem a um membro 
mais novo do que eles.
O Grupo Familiar Torna-se um Meio de Atingir os 
Crentes Desanimados ou Descontentes
Há, numa comunidade, muitas pessoas que perten­
ceram a alguma igreja, mas no momento não freqüen- 
tam nenhuma. Por algum motivo, juntam-se às fileiras 
dos cristãos desistentes que encontramos em toda 
parte. Em sua maioria, os cristãos desistentes que 
tenho conhecido parecem contar a mesma história. 
Ainda creem em Jesus Cristo, consideram-se cristãos, 
mas ficaram desapontados com alguma coisa na 
igreja. Alguns podem ter-se envolvido numa cisão da 
igreja. Outros, talvez, se desiludiram com o pastor ou 
com os líderes da igreja. E possível ainda que alguns 
tenham caído em pecado e se sintam envergonhados 
de voltar à igreja. Há os que teriam sido negligen­
ciados pelo pastor que nunca os visitou. Seja qual for 
o motivo, ainda há um grande número de pessoas que 
precisam ser alcançadas e trazidas de volta ao reba­
nho, para que o Senhor as cure.
O dirigente de grupo familiar é treinado para ganhar 
almas. Ele conhece seu ministério e crê que Deus o 
ungiu para ocupar esse posto. Mas também é treinado 
para aconselhamento. Isto é muito importante, porque 
o cristão desistente não precisa ser tratado como 
alguém que nunca ouviu falar do evangelho. Alguém
60 Muito mais do que números
precisa sondar o porquê da sua mágoa. Repito: ouça 
as suas razões. Além disso, o dirigente precisa mostrar 
que a graça de Deus se aplica a todos quantos o 
invocarem.
Paulo diz que somos aceitos no Amado. Somos 
aceitos em Jesus Cristo. Não somos aceitos porque 
sejamos aceitáveis, mas porque estamos incluídos no 
relacionamento de amor entre o Pai e o Filho. Sem 
emitir juízo e condenação, o dirigente do grupo 
apresenta aquele irmão ferido aos demais membros 
que também lhe demonstram genuíno interesse. Sen­
tindo-se amado e aceito, esse cristão desistente está 
preparado para voltar à igreja. O grupo familiar se 
torna, pois, numa extensão pessoal e íntima para os 
cristãos necessitados que não freqüentam nenhuma 
igreja. Se convidados de chofre para ir à igreja, é 
quase certo que rejeitam. Mas no ambiente acolhedor 
de um lar, ou mesmo de um restaurante, ficam muito 
mais à vontade para expressar-se. Algumas das histó­
rias são, de fato, muito tristes, mas todas têm um final 
feliz em potencial.
Todo líder de grupo sabe que para Deus não há 
impossibilidades. Deus pode perdoar e curar qualquer 
coração quebrantado que venha a ele com sincerida­
de. O ministério de reconciliação não é um trabalho 
apenas do pastor. Muitas vezes o leigo pode desempe- 
nhá-lo mais eficazmente. O dirigente de grupo, por 
exemplo, pode não ser alvo do preconceito que o 
cristão magoado tem para com os pastores. A pessoa 
ferida pode achar que todos os pastores são iguais. 
Mas um leigo pode entendê-la.
Portanto, não só a conquista de almas, como 
também a cura e a recuperação dos que não estão 
freqüentando a igreja, constituem um ministério que 
pode ser levado a cabo com eficácia no sistema de 
grupos.
E o sistema de grupos 61
Que Acontece Quando um Grupo se Torna 
Grande Demais?
Se tivermos de enfrentar um problema, que seja ele 
devido ao sucesso e não ao fracasso. Estamos sempre 
vendo grupos que começaram com umas poucas 
pessoas, tornarem-se grandes demais para o local em 
que se reúnem, e para a finalidade que tinham em 
mira. Nesse caso, divide-se o grupo. Mas, para 
algumas pessoas, isso não é fácil. Quando um grupo 
se desenvolve não apenas em tamanho mas também 
em espiritualidade, muitos dos membros sentem-se 
como uma família. A forma de efetuar uma divisão 
bem-sucedida é manter a liderança já conhecida. 
Lembre-se de que o dirigente do antigo grupo esteve 
treinando o novo líder para essa finalidade todo o 
tempo; assim sendo, o novo dirigente não é um 
estranho. Além disso, o grupo será feliz na divisão se 
de contínuo der-se ênfase ao propósito da divisão. Os 
grupos familiares existem para conduzir os pecadores 
a Jesus Cristo, de maneira mais efetiva. O crescimento 
em demasia é um obstáculo natural a impedir que as 
pessoas cheguem ao conhecimento de Jesus Cristo. 
Reconhecido este importante fato, as pessoas estarão 
dispostas a dividir-se.
Dividido o grupo, os dirigentes de ambos os grupos 
se reúnem regularmente para verificar o que cada um 
está fazendo. Mantêm contato pessoal com cada 
membro. Se alguém ficar doente, será visitado. Se 
houver uma necessidade pessoal, o dirigente estará a 
postos. Dessa maneira, cada pessoa recebe muito 
mais assistência pastoral do que em muitas igrejas que 
contam apenas com uma centena de membros.
Após o culto matutino de certo domingo, notei 
diversos ônibus completamente lotados. Dirigi-me ao 
líder:
—De onde vem toda essa gente?
62 Muito mais do que números
—Oh, pastor Cho, somos os grupos familiares de 
um dos subúrbios de Seul—respondeu o homem 
cheio de orgulho.
Um jovem formara um grupo e agora havia tanta 
gente que era preciso alugar ônibus nas manhãs de 
domingo para trazer todos à igreja. Jamais eu teria 
condições de dar assistência adequada às necessida­
des daquelas pessoas que residiam a uma distância de 
quase cinqüenta quilômetros. Porém o sistema de 
grupos ali estava, e atendia às necessidades com muita 
eficiência.
Quando faço preleções sobre o sistema de grupos 
familiares em conferências de crescimento da igreja, 
geralmente traço um triângulo no quadro-negro. Se 
virarmos o triângulo de cabeça para baixo e colocar­
mos o pastor no ângulo inferior, estaremos de­
monstrando a forma convencional de crescimento da 
maioria das igrejas. Quanto maior a igreja, tanto maior 
o peso que recai sobre os ombros do pastor. É por isso 
que muitos pastores estão hoje desanimados, prontos 
para deixar o ministério. Não é que nãotenham sido 
chamados por Deus para o serviço, mas estão exaus­
tos porque toda a responsabilidade da igreja foi posta 
sobre eles.
Contudo, adotando-se o sistema de grupos familia­
res, a igreja pode crescer sem destruir o seu dirigente. 
Demonstro isto invertendo a posição do triângulo. 
Agora o pastor está no topo. O tamanho da igreja não 
pesa sobre ele. Percebe que está ali, antes de tudo, 
para treinar e motivar os leigos da igreja a realizarem a 
obra.
Estou certo de que esta seção não respondeu a 
todas as perguntas do leitor. Mas você tem ao seu 
dispor o mesmo Espírito Santo que eu tenho. O 
mesmo Espírito que me abriu os olhos para a realida­
de do sistema de grupos familiares como plano de
E o sistema de grupos 63
Deus para o crescimento de uma nova era de 
superigrejas, pode dar-lhe a resposta específica de que 
você precisa; basta ir a ele em atitude de fé e oração.
Não se deixe levar pelo conselho dos que dizem: 
“Isto não funciona nesta comunidade.” Toda cidade, 
não importa se grande ou pequena, tem a chave do 
reavivamento. Se você passar tempo desenvolvendo 
uma comunhão íntima com o Espírito Santo, ele lhe 
dará a chave para sua comunidade. Deus não promo­
verá crescimento na greja sem usar o pastor. 0 
crescimento não será trazido por anjos. Não cairá do 
céu como chuva. Deve começar no coração do 
dirigente. Não é só para a Coréia. E para todos os 
cantos da terra.
64 Muito mais do que números
CRESCIMENTO DA IGREJA
E OS VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO
Um dos principais instrumentos de evangelização de 
que a igreja dispõe em nossos dias é a comunicação 
de massa. Este ano, nossa igreja está empregando 
uma considerável parcela de seu orçamento para 
pregar o evangelho na televisão e no rádio. Todos os 
dias, em qualquer parte da Coréia, pode-se ouvir 
nosso programa de rádio. Uma vez por semana, o 
programa de televisão de nossa igreja transmite a 
mensagem do evangelho de Jesus Cristo a toda a 
Coréia.
Liberdade dos Veículos de Comunicação
Uma das mais importantes liberdades que desfruta­
mos na Coréia é a de pregar o evangelho pelo rádio e 
televisão. Meios estes regulamentados pelo Ministério 
das Comunicações. Até aqui a atitude do governo 
para com a televisão e o rádio cristãos tem sido justa. 
A diferença é que não há estações de televisão 
puramente cristãs. É preciso lembrar que a Coréia 
ainda não é totalmente cristã. Mais da metade da 
população ainda é budista. Porém somos muito gratos 
a Deus pela oportunidade de pregar o evangelho com 
a liberdade que usufruímos. Também não cessamos 
de orar para que esta liberdade continue.
Viajando pelo mundo, tenho notado que poucos
são os países que têm a oportunidade de usar as 
ondas aéreas públicas para a proclamação do evange­
lho de Jesus Cristo. Na Europa, muitos pastores têm 
pedido nossas orações para que seus governos mu­
dem as políticas públicas com vistas à religião anuncia­
da na televisão e no rádio. Visto que na Coréia 
podemos pregar o evangelho com toda a liberdade, 
creio que a igreja precisa servir-se desse importante 
instrumento para a divulgação do evangelho.
O Uso da Televisão
Sociólogos e psicólogos concordam que a televisão 
é, hoje, o principal e mais eficaz veículo de comunica­
ção. Os professores sabem que aquilo que vemos 
afeta a retenção da informação muito mais do que 
aquilo que apenas ouvimos. Para mim, um modo de 
lembrar-me do que ouvi é anotar. Uma vez que meus 
olhos possam retratá-lo, consigo lembrar-me. Na 
verdade, li um estudo no qual se afirmava que mais de 
70% do que sabemos nos veio através da visão. Há 
muita verdade no ditado que diz: “Um retrato vale por 
mil palavras.” Basta que analisemos o efeito da 
televisão sobre o que percebemos como realidade. 
Infelizmente, esta enorme força tem estado nas mãos 
do mundo por muitos anos.
Li recentemente, na revista Time, um artigo decla­
rando que a escalada da violência na sociedade norte- 
-americana era diretamente proporcional à escalada 
da violência na televisão. Assistindo à televisão no 
mundo ocidental, evidencia-se como os produtos são 
vendidos mediante o uso do sexo. Tudo, desde roupa 
até pasta dentifrícia, é oferecido através de conotações 
sexuais. Sexo ilícito e violência constituem a mensa­
gem subliminar que grande parte da televisão está 
espalhando. Alguns produtos são vendidos na televi­
são mediante o uso de quadros e palavras exibidos tão
66 Muito mais do que números
rapidamente no vídeo que mal percebemos que os 
vimos. Essas estruturas rápidas de informação levam a 
mente subconsciente a responder aos produtos que 
vemos nas prateleiras dos supermercados. As redes de 
televisão cobram quantias enormes para um anúncio 
de trinta segundos no chamado horário nobre. Se a 
televisão não fosse o melhor meio de comunicação, o 
mundo financeiro e comercial não gastaria somas tão 
grandes tentando influenciar as pessoas por esse 
veículo.
Que Faria Jesus?
Creio com toda a sinceridade que Jesus usaria a 
televisão e o rádio para comunicar as Boas-Novas. 
Examinando seu ministério, podemos ver exemplos 
claros de Cristo empregando os melhores meios 
disponíveis para que o maior número de pessoas 
ouvisse suas palavras. Ao falar a uma multidão, ele 
subiu ao alto da colina de sorte que mais pessoas 
pudessem ouvi-lo. Junto ao mar, Jesus entrou num 
barco e afastou-se um pouco para que as forças 
refletivas das águas pudessem aumentar o volume de 
sua voz. Era evidente que Jesus estava interessado em 
que todos o ouvissem falar.
Jesus poderia ter comunicado sua mensagem do 
reino de Deus em secreto. Ele poderia ter falado aos 
discípulos, esperando que depois levassem a mensa­
gem a outros; porém seu ensino era para todos os que 
tinham fome de ouvir as palavras de vida. Milhares de 
pessoas puderam ouvi-lo falar sem o emprego de alto- 
-falantes, porque Jesus sabia como colocar-se de sorte 
que as multidões o ouvissem.
Como Pregar na Televisão
Tenho programas de televisão na Coréia, no Japão 
e nos Estados Unidos. O programa coreano difere do 
programa norte-americano. Sociedades diferentes têm
E os veículos de comunicação 67
de ser atingidas de modos diferentes. Não podemos 
esperar que os outros se adaptem a nós. Devemos 
estudar e pesquisar o público que pretendemos alcan­
çar antes de nos aventurarmos num ministério pela 
televisão.
Quando Deus me mostrou que eu devia começar 
um programa de televisão nos Estados Unidos, sim­
plesmente me espantei. Isto ocorreu enquanto me 
encontrava em Washington, D.C., falando na posse 
do presidente Reagan. O Dr. II Suk Cha, ex-vice-pre- 
feito de Seul, ex-professor, e empresário bem-sucedi­
do, disse-me que Deus lhe ordenara começar um 
programa de televisão nos Estados Unidos. A princípio 
eu fui contra a idéia. Pensei comigo mesmo: “Por que 
deveria eu vir ao país mais superevangelizado do 
mundo com um programa de televisão? Os Estados 
Unidos já têm muitos e ótimos ministérios pela televi­
são. Os norte-americanos nunca irão aceitar um 
oriental tentando ensinar em língua inglesa.” Todos 
esses bons e justificados motivos não satisfizeram ao 
Espírito Santo; ele havia testemunhado em meu 
coração que meu presbítero e amigo, Dr. Cha, 
realmente havia ouvido a voz de Deus.
Então coloquei diante do Espírito Santo um grande 
obstáculo. Eu disse ao Dr. Cha:
—Irmão Cha, se o senhor está disposto a oferecer 
os préstimos para este ministério, eu farei.
Disse isso sabendo que um empresário bem-sucedi­
do jamais abandonaria sua empresa e elevada posição 
social para trabalhar num projeto de televisão norte- 
-americano, sem remuneração. De novo me espantei 
quando o Dr. Cha me disse:
—Pastor, creio que o Espírito Santo me mandou 
sacrificar minha empresa em benefício deste trabalho. 
Eu o farei.
Embora o Dr. Cha tivesse recebido diversos diplo-
68 Muito mais do que números
mas de universidades norte-americanas e devotasse 
um grande amor aos Estados Unidos, jamais pensei 
que ele estaria disposto a fazer os sacrifícios pessoais 
que um empreendimentocomo este demandaria. 
Removido o principal obstáculo que eu havia coloca­
do perante o Espírito Santo, senti profunda paz; tinha 
certeza de que Deus me estava guiando para a 
televisão norte-americana.
Gostaria de usar a experiência de estabelecer um 
ministério pela televisão nos Estados Unidos como a 
base para oferecer-lhe os dez passos necessários para 
realizar um ministério eficaz e bem-sucedido pela 
televisão.
Passo N? 1. Saber Que Deus o Guiou
Usar a televisão para proclamar o evangelho não é 
apenas um esforço dispendioso; consome, também, 
muito tempo. Se de antemão eu soubesse o custo, 
talvez não tivesse sido tão obediente ao Espírito 
Santo. A única coisa que me tem conservado no 
ministério pela televisão é o conhecimento seguro de 
que se trata de uma ordem de Deus.
Quando se entra neste ambiente, está-se entrando 
em território de Satanás. Ele é chamado príncipe das 
potestades do ar. No grego, a palavra “ar” significa 
literalmente atmosfera. O uso das vias aéreas cruza o 
território de Satanás, e vai topar com forte oposição.
Passo N? 2. Resolver a Quem Você Vai Falar
Isto se chama visar sua audiência. Sem um alvo 
definido, nada do que façamos terá êxito. Portanto, ao 
levar ao ar um ministério pela televisão, é preciso que 
saibamos a quem vamos alcançar.
Normalmente, meu ministério na televisão e no 
rádio tem a finalidade de atingir os perdidos com a 
mensagem do evangelho de Jesus Cristo. Contudo, 
nos Estados Unidos, o Espírito Santo mostrou-me que
E os veículos de comunicação 69
eu devia alcançar a igreja com a mensagem de 
crescimento. Ele revelou-me que a igreja nos Estados 
Unidos era abençoada por causa de sua disposição de 
contribuir para a divulgação do evangelho de Jesus 
Cristo ao redor do mundo. Todavia, as igrejas precisa­
vam de alguém que as incentivasse a orar e crer que 
Deus dará o crescimento. Também ele me mostrou 
que muitos cristãos nos Estados Unidos haviam contri­
buído no passado para o anúncio do evangelho, 
porém se desapontaram com a construção de grandes 
edifícios que nada têm que ver com a pregação do 
evangelho.
A Montanha da Oração (veja p. 121) também seria 
uma bênção para os cristãos norte-americanos que se 
sacrificaram em duas guerras para dar-nos liberdade. 
Era preciso orar a favor deles. Há cem anos os 
missionários norte-americanos trouxeram o evangelho 
à Coréia; agora oraríamos por eles. Ao viajar pelo 
mundo, tenho encontrado muitos que não dão valor 
aos sacrifícios que os cristãos fizeram nos Estados 
Unidos e na Europa. Os cristãos coreanos, porém, são 
muito gratos a Deus por aqueles que se dispuseram a 
deixar o conforto de seus lares para trazer-nos as 
Boas-Novas de que Jesus salva. Agora a maior igreja 
do mundo não está no Ocidente, mas num antigo 
campo missionário. Portanto, eu pediria ao povo dos 
Estados Unidos que nos envie seus pedidos de oração. 
Cada carta será motivo de oração e jejum de nossa 
parte. Sím, Deus deixou claro que minha missão nos 
Estados Unidos destinava-se à igreja.
Passo N? 3. Desenvolver uma Fórmula Natural ao 
Seu Próprio Ministério
É importante que um ministro sempre tenha sua 
própria personalidade. Nunca tente imitar ninguém. 
No começo do meu ministério, tentei pregar como
70 Muito mais do que números
Billy Graham. Fazia pose para parecer-me com ele; 
segurava a Bíblia como ele, e até mesmo a voz eu 
forçava. Não demorou muito, descobri que poucos 
minutos depois eu já estava cansado. Depois de orar, 
descobri que Billy Graham comia bife e eu comia 
apenas arroz e um prato típico coreano. Agora falo de 
uma maneira que me é muito mais natural. Elevo a 
voz quando desejo realçar um ponto, mas na maioria 
das vezes falo com toda a naturalidade e sempre do 
que me vai no coração.
Visto que viajo muito, falando nas Conferências de 
Crescimento da Igreja Internacional, meu ministério 
pela televisão desenvolveu-se naturalmente como um 
programa de viagem. Todas as semanas levo os 
telespectadores a uma parte diferente do mundo, 
onde possam ver o que Deus está realizando. Portan­
to, as pessoas podem ser abençoadas vendo o mundo 
comigo. Já que meu ministério não visa só a inspirar, 
mas também a educar, a fórmula desenvolveu-se num 
programa informativo. Recentemente, mostramos a 
revelação de Deus empregando a língua chinesa. 
Traçamos caracteres chineses e explicamos o evange­
lho de Jesus Cristo por meio desses caracteres. A cruz 
foi profetizada aos chineses há milhares de anos. Antes 
que os chineses caíssem na idolatria, os antigos pais 
estavam cônscios de um único Deus. Com base nessas 
ilustrações que fizemos em Cingapura, pude empregar 
os últimos dez minutos do programa transmitindo uma 
útil mensagem da Palavra de Deus.
Em sua maioria, as pessoas que me escrevem são 
pastores e dirigentes de igrejas. Muitos homens e 
mulheres desanimados me escrevem porque sabem 
que também sou pastor e os amo. Por intermédio do 
programa tenho recebido cartas que realmente me 
têm abençoado. “Minha igreja estava prestes a dividir-se”, 
escreveu um desanimado pastor. “Assisti ao programa
£ os veículos de comunicação 71
no qual o senhor falava sobre receber do Espírito 
Santo uma nova visão e passei muitas horas em 
oração.” À medida que o pastor continuava, as 
lágrimas me vinham aos olhos. “Meu ministério tem 
agora uma nova unção. A igreja não vai dividir-se e 
pela primeira vez em muitos anos vejo-a crescer. 
Obrigado, Dr. Cho, por sua presença na televisão.”
Passo N? 4. Aprender a Falar a Uma Pessoa
Um problema que a maioria dos pregadores tem 
com a televisão é que não entendem o veículo. A 
televisão é, antes de tudo, um veículo pessoal. Ela 
alcança as pessoas, não num teatro público, mas na 
intimidade de seus próprios lares. Assentado numa 
poltrona, descontraído, sandálias nos pés, o indivíduo 
não está disposto a ouvir gritaria. Como reagiria você 
se alguém lhe batesse à porta, entrasse em sua sala, 
assentasse, olhasse para você e começasse a gritar? E 
assim que muitos pregadores são vistos no vídeo. 
Quando olho para a câmara, penso apenas em uma 
pessoa. Falo-lhe do íntimo do coração, como se 
estivesse em sua sala de estar; é uma conversa de 
coração para coração.
Passo N? 5. Ser Sempre Honesto
A televisão tem um poder diferente do cinema. Ela 
sempre vai direto às nossas ações e revela nosso 
coração. Ela capta toda mancha de insinceridade e 
nervosismo. Se abrirmos o coração e transmitirmos 
com toda a sinceridade o que Deus colocou ali, as 
pessoas o sabem por intuição.
Passo N? 6. Delegar Responsabilidade a Alguém 
que Tenha o Mesmo Espírito
Meu diretor de televisão tem o mesmo espírito que 
eu. Ele sabe como me sinto, por isso dirige o programa 
para refletir meus verdadeiros sentimentos. Ele é
72 Muito mais do que números
especialista no campo da televisão; eu não sou. Sou 
um pregador a quem o Espírito Santo encarregou de 
comunicar o evangelho pela televisão. Tenho aprendi­
do a atender à sua direção e cooperar com ele. Às 
vezes estou muito cansado quando faço um progra­
ma. Talvez ele diga: “Dr. Cho, sinto muito, mas temos 
de repetir esta cena. Algo saiu errado com o ‘tape’ e 
receio que não dê boa imagem.” Minha propensão 
natural é dizer: “Não; estou cansado. Fica para 
depois.” Mas aprendi a cooperar e fazer o que me 
pedem, no que for possível.
Quando vejo o produto acabado, alegro-me de ter 
dado atenção. Muitos ministros têm problemas porque 
não se dispõem a atender aos outros. Acham que têm 
todas as respostas. O resultado é acabarem fazendo 
todo o trabalho criativo. Um dos segredos de meu 
êxito no ministério é que aprendi a delegar a outros 
responsabilidade e autoridade.
Passo N? 7. Elaborar um Orçamento
A televisão pode afundar financeiramente um minis­
tério. O equipamento é dispendioso e a hora no ar é 
extremamente cara. Se a pessoa vai gastar mais do 
que espera levantar, seria bom verificar o que foi que 
Deus lhe disse. Se pretende construir uma torre, Jesus 
aconselha a calcular primeiro o custo. Calcular o custocom antecedência evita complicações futuras.
Passo N? 8. Não Ficar Estático
Nada é mais aborrecido do que manter a mesma 
cena durante alguns minutos. É preciso variar. Uma 
forma de ver se a pessoa está fazendo boa televisão é 
tirar todo o volume e deixar apenas a imagem. Faça a 
si mesmo a pergunta: “O que estou vendo é ainda 
interessante?”
No ministério estamos engrenados no sentido da 
comunicação verbal. Cremos na Palavra de Deus, por
£ os veículos de comunicação 73
ele comunicada verbalmente ao coração dos escritores 
inspirados. Nem sempre nosso ministério leva em 
conta a comunicação não-verbal. Fatores como lin­
guagem corporal e vestimenta normalmente não me­
recem cuidadosa atenção. Donde se conclui que a 
televisão cristã não está preparada para a comunica­
ção visual.
Afinal de contas, a finalidade da comunicação é 
transmitir uma idéia de uma pessoa para outra. A 
transmissão dessa idéia tem de ser entendida. Pregan­
do um sermão na igreja, o pastor não tem comunica­
ção pessoal com o indivíduo mas com a congregação. 
Ele reage ao grupo como este reage à sua mensagem. 
O pregador pode perceber quando a congregação 
começa a perder interesse numa determinada parte da 
mensagem; ele pode, então, passar para outro assun­
to. A congregação ainda sofre a dinâmica das reações 
das pessoas que lhe estão ao redor. No púlpito, o 
pregador se movimenta para manter o contato visual 
com tantas pessoas quantas lhe for possível. Contudo, 
as mesmas pessoas que poderiam ouvi-lo durante 
uma hora numa igreja, em geral não permaneceriam o 
mesmo tempo diante de um aparelho de televisão. A 
dinâmica da multidão não funciona no lar. Portanto, 
para comunicar com eficácia, é preciso ter consciência 
da necessidade de parecer interessante e tornar aquilo 
que o telespectador vê interessante também, sem que 
o desvie da mensagem. Descobrimos que usar partes 
do vídeo-teipe mostrando o conteúdo de minha 
mensagem é muito útil na comunicação visual bem 
como auditiva.
Ainda há pouco eu comentava a respeito de minha 
viagem pela Dinamarca. Eu havia falado em duas 
cruzadas sobre crescimento da igreja. Escolhemos um 
interessante local para sentar-me em frente de um 
restaurante onde se podia ver o porto de Copenhague
74 Muito mais do que números
e a famosa estátua da Pequena Sereia ao fundo. 
Enquanto eu mostrava o que Deus havia feito na 
semana anterior, o pessoal técnico da televisão exibia 
o motivo de minha palestra. A audiência não precisava 
olhar para o movimento dos meus lábios, porque 
podia ver o que eu estava dizendo.
Passo N? 9. Cuidado com a Forma de Levantar Dinheiro
O dinheiro é um dos principais problemas na 
televisão cristã. Se nos apresentamos na televisão a 
fim de ganhar os perdidos para Cristo, e nosso método 
de levantar fundos faz que percamos a credibilidade, 
que foi que ganhamos? Quando assisto à televisão 
cristã, pergunto-me: que é que a pessoa não-salva está 
pensando quando vê a pesada campanha para levan­
tamento de fundos? Na Coréia não nos é permitido 
levantar dinheiro pela televisão. Portanto, isto não 
constitui problema no meu país.
Entretanto, sei que o tempo no ar é muito dispen­
dioso. Felizmente, nunca recebemos nenhuma carta 
negativa concernente ao levantamento de fundos. Em 
primeiro lugar, não é de meu feitio pedir dinheiro. 
Prefiro sair do ar a ter de pedir. Também confio na 
inteligência do telespectador. Creio que quando os 
crentes virem o que Deus está fazendo através do 
ministério do crescimento da Igreja Internacional, 
desejarão participar financeiramente.
Passo N? 10. Não Ter Medo de Repetir
É comum os pastores pensarem que as pessoas 
ouvem o que dizemos da primeira vez que o dizemos. 
Muitas pessoas retêm muito pouco do que se está 
dizendo. As vezes tenho de dizer alguma coisa seis 
vezes antes que a maior parte das pessoas me ouçam 
pela primeira vez. Quantas vezes Jesus se repetiu? 
Repetidas vezes ele ensinou princípios fundamentais 
concernentes ao reino de Deus. Ele usava ilustrações
E os veículos de comunicação 75
diferentes, circunstâncias diferentes, e auditórios dife­
rentes, mas ensinava os mesmos princípios básicos. 
Na verdade, no que tange à ressurreição, os discípulos 
não ouviram ou não entenderam seu ensino senão 
depois que ele morreu e ressuscitou.
Se aquilo que temos para dizer é importante, 
convém que seja repetido. Durante muitos anos 
venho ensinando a milhares de pessoas a verdade 
concernente a visões e sonhos. Ainda me espanto com 
o pequeno número de pessoas que entendem o que 
digo. Digo que, ao orar, é preciso que a pessoa tenha 
um quadro nítido do que deseja de Deus, e ainda 
assim muitas pessoas não me entendem. Lembro-me 
de usar a história de como o Espírito Santo me 
ensinou esta lição dando-me uma bicicleta, uma 
cadeira e uma escrivaninha de mogno. Muitos têm-me 
contado a bênção que a história representou para eles, 
mas depois de conversar com tais pessoas, percebo 
que nunca entenderam o ponto.
Em realidade, este princípio é importante não 
apenas no que se refere à televisão; é importante 
também no ministério de pregação.
Televisão Cristã no Japão
Estamos agora cobrindo Kanto, Tóquio e Kansai 
(Osaka) com a televisão cristã. Filmamos o programa 
de nossa igreja na Coréia e o dublamos em japonês. 
Uso parte do mesmo material que uso na televisão 
norte-americana, mas tenho alterado o programa 
porque sei que estou atingindo uma cultura completa­
mente diferente. Os resultados têm sido maravilhosos.
Meu ministério na televisão japonesa é principal­
mente evangelístico. Apenas uma pequena porcenta­
gem dos japoneses se diz cristã. Em realidade, menos 
de 0,5% confessa-se cristã.
É difícil pregar o evangelho no Japão. Não há, com
76 Muito mais do que números
efeito, um nome que se possa usar para Deus. No 
Japão há milhares de deuses. Portanto, usar uma 
palavra japonesa própria para significar o único e 
verdadeiro Deus vivo, é uma dificuldade. Em coreano 
temos uma palavra para o nome de Deus: HANNA- 
NEEM. “Hanna” é uma palavra que significa o 
número um. Portanto, quando dizemos Deus, não há 
problema para saber que estamos falando do Deus da 
Bíblia. No Japão não temos tal nome. Os japoneses 
perguntam-me: “A respeito de qual deus você está 
falando? O Deus israelense ou o norte-americano? Ou 
se refere aos deuses hindus? Que é que você quer 
dizer por Deus?” Entendendo bem sua cultura e 
podendo pregar fluentemente em japonês, tenho 
condições de pregar o evangelho de Jesus Cristo a 
120 milhões de almas perdidas.
No ano passado um telespectador japonês mostrou- 
-me algumas fotografias tiradas no mês anterior. A 
família Tanaka havia aceitado a Cristo enquanto 
assistia a um dos nossos programas e escrevera ao 
nosso escritório em Osaka. Um membro de nossa 
equipe foi à sua casa e começou a estudar a Bíblia 
com eles. Foram batizados em água e filiaram-se a 
uma congregação local. A medida que a Palavra de 
Deus começou a criar raízes em seus corações, toda a 
família se preocupou com uma imagem que, acima de 
tudo, era uma antigüidade muito valiosa. Que fariam 
com este ídolo? Vendê-lo-iam? Qual seria a reação 
dos parentes ao “insulto” que estava sendo planejado 
por esses novos convertidos?
Depois de muita oração, a família resolveu queimar 
a imagem em público e arcar com as conseqüências. 
Tiraram fotografias da imagem ardendo e me foram 
elas mostradas. Agora a família sente nova liberdade 
em seu lar. O restante dos familiares começou a 
entender e Cristo lhes está dando paz.
E os veículos de comunicação 77
Resultados da Televisão Cristã
Muitos pastores se apresentam na televisão com um 
programa da igreja a fim de fazer publicidade. Outros 
acham que a televisão atrairá novos membros. Alguns 
pensam até que um programa de televisão local dará 
credibilidade à igreja. Todos esses motivos para apre­
sentar-se na televisão são legítimos. Entretanto, há 
alguns resultados intangíveis que justificam o dispên­
dio de tempo, energia e recursos para que o pastorse 
apresente na televisão.
Uma senhora escreveu-me e endereçou a carta à 
sede do nosso trabalho em Nova Iorque. Dizia ela que 
estivera presa ao leito por muitos anos. Nosso progra­
ma de televisão trouxe-lhe tantas bênçãos que ela se 
via na obrigação de escrever-me. Ela vira fotografias 
de nossa gente orando na Montanha da Oração (veja 
p. 121). É normal termos entre 5.000 e 10.000 
pessoas orando dia e noite por suas necessidades, 
pelo reavivamento na Coréia e no restante do mundo.
A senhora que me escreveu, Sally Porter, fora 
tocada de tal sorte pelo Espírito Santo, que se sentiu 
levada a pedir a Deus uma oportunidade de servir. Eis 
a sua oração: “Pai, tu sabes que sou velha e enferma. 
Não tenho família nem dinheiro. Jesus, tenho estado à 
espera da morte. Venho pleiteando contigo que eu 
possa morrer. Agora, porém, desejo viver. Se os 
cristãos coreanos podem tomar de seu valioso tempo 
a fim de trabalhar por ti em oração, também posso.”
Essa carta tocou-me realmente. Respondi-lhe de 
imediato. Em minha carta incentivei-a a ler as passa­
gens bíblicas que mencionam a intercessão. As notí­
cias que tenho dessa senhora dizem que ela se sente 
muito melhor. Continua sem família e sem dinheiro, 
mas agora tem um motivo para viver. Ela anda em sua 
cadeira de rodas, pra lá e pra cá, entregando aos 
outros pacientes tiras de papel nas quais eles escrevem
78 Muito mais do que números
seus pedidos de oração; depois ela passa um dia 
inteiro em seu quarto, orando a favor de cada 
necessidade, citando nome por nome. Ela aprendeu a 
ser específica quanto aos pedidos de oração. Hoje ela 
se sente muito feliz por estar no hospital; está conse­
guindo resultados positivos. Os outros pacientes a 
procuram regularmente, e até os funcionários do 
hospital lhe fazem pedidos de oração. Ela sente que 
agora tem uma nova família.
Isto é resultado de termos um ministério regular pela 
televisão naquela comunidade. Ela nunca virá à nossa 
igreja; nunca poderá contribuir financeiramente para o 
ministério. Não importa. Ela foi transformada numa 
força positiva e dotada naquele hospital da Califórnia.
A igreja receberá benefícios diretos se tiver um 
ministério pela televisão em sua comunidade; ele 
contribui para o crescimento da igreja. Há pessoas que 
nunca responderiam aos seus apelos ou nunca iriam à 
sua igreja; não obstante, podem ser abençoadas e 
tomar-se uma bênção por intermédio do programa da 
igreja. Nunca se apresente na televisão com a idéia de 
apenas receber. Faça-o pensando em dar à sua cidade 
algo que seja uma grande bênção. Se começar seu 
ministério pela televisão tendo este propósito em 
mente, você nunca se desapontará.
Ministério Pelo Rádio
De certo modo, a televisão eclipsou o rádio como 
veículo de comunicação. Não obstante, em muitas 
partes do mundo o povo não tem aparelhos de 
televisão. O melhor meio para atingir as massas do 
Terceiro Mundo é o rádio.
Temos programas radiofônicos diários que cobrem 
toda a Coréia. Também temos um ministério pelo 
rádio em chinês, transmitido todos os domingos para a 
República Popular da China. Não tenho espaço aqui
£ os veículos de comunicação 79
para escrever tudo o que Deus está fazendo ali, mas 
posso dizer isto: a igreja na China vai melhor do que 
nunca. Todas as semanas recebemos relatórios do que 
o Espírito Santo está realizando naquela parte do 
mundo. As pessoas estão sendo salvas e acrescenta­
das à igreja aos milhares. Creio que, neste momento, 
há pelo menos de vinte a trinta milhões de cristãos na 
China.
A igreja chinesa está crescendo através do sistema 
de grupos familiares. Não posso indicar com precisão 
onde e como a igreja está crescendo; posso dar-lhe 
apenas informação de caráter geral. O motivo de 
minha cautela é que eu disse algumas coisas em 
público com referência à igreja na China e depois 
descobri que as autoridades exterminaram o grupo.
Em certa parte da China o sistema de grupos 
familiares está funcionando tão bem e com tanta 
rapidez, que as autoridades ali não ousam deter o que 
o Espírito Santo está realizando. A China passa, no 
presente momento, por um novo impulso e moderni­
zação. Para que a nova China saia de seu atual 
desastre econômico, precisa de uma nova estirpe de 
trabalhador—uma pessoa dedicada ao desenvolvi­
mento econômico do país.
Na Coréia a igreja cresceu, no início, porque os 
cristãos coreanos eram extremamente patriotas. Em 
outras palavras, os bons cristãos se tornaram sinônimo 
de bons coreanos.
Quando os japoneses ocuparam nosso país, os 
cristãos coreanos foram dos primeiros a conduzir a luta 
pela independência. Os líderes da igreja passaram por 
maus momentos; sofreram perseguição. Na verdade, 
atribuo nosso êxito em grande parte ao sangue dos 
mártires que clamava por justiça. Pagaram o preço 
para dar credibilidade ao Cristianismo em nossa 
nação.
80 Muito mais do que números
Assim, também, na China. Os cristãos não estão 
vinculados a nenhum grupo estrangeiro. Todos são 
cristãos consagrados. Creem, porém, que tudo o que 
está na Bíblia é verdadeiro e para hoje. Creem no 
miraculoso poder de Deus. Vêem milagres ocorrendo 
com regularidade. Mais importante, ainda, é que eles 
excedem os não-cristãos em produção e trabalho. São 
cidadãos que não brincam em serviço. Por este motivo 
as autoridades locais não se atrevem a impedir as 
conversões em massa que ocorrem naquela área. 
Deter a evangelização dessa parte da China podia 
significar, também, que as cotas de produção não 
seriam atingidas. Assim, nos seus melhores interesses, 
convém deixar que a igreja cresça.
Um dos principais veículos de ensino da igreja 
naquela parte da China são nossas transmissões 
regulares pelo rádio. Visto que elas não vêm do 
Ocidente, e considerando que sou oriental, há um 
sentimento diferente com relação aos meus progra­
mas, diferente do que sentem quanto a outros ótimos 
programas divulgados na Ásia.
Em Quê Difere o Rádio?
No rádio, a pessoa tem apenas as palavras como 
veículo de comunicação; portanto, é preciso pintar o 
quadro com palavras. Ao apresentar uma ilustração, é 
preciso dar muito mais detalhes do que na televisão. 
Se pretendemos que as pessoas ouçam e retenham a 
nossa mensagem, há necessidade de competirmos 
com todos os estímulos visuais que cercam a audiên­
cia. Nessas condições, é preciso pensar muito no que 
dizer através do rádio.
Normalmente, mantenho transmissões curtas e ob­
jetivas. Aprendi que se pode realizar muito mais pelo 
mesmo preço, dizendo o que tenho para dizer em 
períodos mais breves de tempo, porém mais vezes. O
E os veículos de comunicação 81
rádio é muito mais barato do que a televisão, o que o 
torna mais viável para as igrejas menores que desejam 
levar ao ar um ministério radiofônico.
No rádio é preciso, também, que definamos a 
audiência que pretendemos atingir. Nossa audiência 
baseia-se no tipo de ministério que estamos transmi­
tindo. Se o que temos em mira é ensinar os cristãos, 
então passaremos boa parte do tempo preparando 
uma mensagem de ensino. Se a audiência é, antes de 
tudo, constituída de não-salvos, e estamos apresen­
tando um programa evangelizante, então teremos de 
tratar de tópicos importantes e notícias que despertem 
interesse.
É preciso lembrar ainda que o rádio é um veículo de 
comunicação mais versátil. As pessoas ouvem rádio 
quando dirigem automóveis, quando saem para rela­
xar-se, e muitas vezes deixam o rádio ligado enquanto 
trabalham na casa. Este é um dos motivos de haver 
necessidade de mais preparo em apresentar o evange­
lho pelo rádio. Aprendi que posso dar detalhes vívidos 
em minhas mensagens. Também relato no rádio 
muitas experiências importantes, porque as histórias 
humanas captam a atenção.
Por Que Devem os Pastores Usar os Veículos 
de Comunicação?
Quer utilizemos a televisão, quer o rádio, o motivo 
da existência desses modernos órgãos de comunica­
ção é a propagação do evangelho de Jesus Cristo. Se 
o pastor desejar que a igreja cresça, então deseja 
automaticamente quea evangelização prolifere. 
Quanto mais almas salvas, tanto maior o número de 
pessoas que desejarão fazer parte da igreja.
Creio que o pastor é quem deve usar os veículos de 
comunicação. A esta altura as ondas aéreas estão 
cheias de evangelistas pregando o evangelho. En-
82 Muito mais do que números
tretanto, em minha opinião o evangelista deve traba­
lhar com a igreja, e não fora dela. Creio nos ministé­
rios de comunicação de massa. Creio, porém, que a 
pessoa a usar o veículo de comunicação em maior 
escala do que qualquer outra deve ser o pastor. A ele 
cabe a maior responsabilidade pelo crescimento da 
igreja.
O Crescimento da Igreja é uma Possibilidade
O pastor pode exercer maior influência na comuni­
dade por causa do evangelho. Uma tentação a evitar é 
a idéia da possibilidade de fazer outras coisas na 
televisão e no rádio além da pregação do evangelho. 
Muitas vezes me indagam a respeito de política. 
Venho de uma nação que tem sido muito mal- 
-interpretada. Às vezes me perguntam: “Dr. Cho, que 
pensa o senhor da posição de seu país quanto aos 
direitos humanos?” Geralmente respondo: “Senhor 
(ou senhora), vou dizer-lhe o que penso sobre a 
posição da Coréia quanto aos direitos religiosos.”
Não que eu tenha medo de assumir uma posição 
política. Não tenho motivo para temer, mas creio que, 
como ministro de Cristo, minha missão é pregar o 
evangelho; só isso. Se eu envolver-me na política, 
estarei descendo do alto propósito para o qual o Pai 
me chamou. Resista à tentação e pregue apenas a 
Palavra de Deus. Se você pregar a Palavra, as pessoas 
modificarão a sociedade e a situação política. Já 
mudei minha comunidade com os 330.000 membros 
de minha igreja. Os políticos percebem que temos 
uma voz poderosa em nosso país. Mas também sabem 
que vou orar por eles e apoiar seu trabalho.
Paulo pediu aos cristãos romanos que se sujeitas­
sem às autoridades constituídas e orassem por elas. Eu 
teria entendido esta ordem se fosse dada a outra 
igreja. Mas aos cristãos de Roma? Não era aí a sede
£ os veículos de comunicação 83
dos odiados ditadores do mundo? Não estavam os 
romanos, à época em que Paulo escrevia a epístola, 
matando os cristãos? Contudo, Paulo disse que toda 
autoridade, religiosa ou política, é concedida por 
Deus. Jesus disse a Pilatos que ele tinha autoridade 
para executar a crucificação só porque o Pai lha 
concedera.
Meu maior interesse é pela liberdade de pregar o 
evangelho à humanidade perdida. Não que eu não 
creia em programas sociais de ajuda aos necessitados. 
Creio, porém, que a coisa mais importante que se 
possa dar a um ser humano é a finalidade para a qual 
foi criado. Desde que a pessoa reconheça que é 
especial, que Deus realmente a ama, será motivada a 
transformar seu próprio meio ambiente. Desejará ser 
membro produtivo de sua sociedade. Quando recuso 
participar de grupos políticos e de ação social, expo­
nho-me a considerável crítica por parte de outros 
ministros. Acontece, porém, que enquanto eles estão 
ocupados com o combate de causas, estou edificando 
a maior igreja na história da cristandade.
Portanto, os veículos de comunicação devem ser 
usados para a pregação do evangelho. Com o uso da 
televisão e do rádio surge um tipo especial de poder. A 
televisão, em especial, leva as pessoas a considerar-nos 
diferentes das demais. Elas sentem como se nos 
conhecessem pessoalmente. De certo modo, estamos 
em desvantagem. Ao produzir um programa para a 
televisão, vemos apenas lentes. Transmitido o progra­
ma, milhões de pessoas veem o nosso rosto. Elas 
acham que estiveram pessoalmente conosco, isto é, se 
realizamos um bom trabalho. Este tipo de poder nas 
mãos da pessoa errada pode ter um efeito corruptor.
E por isto que o Senhor Jesus deve lidar com os 
motivos do coração. Daí a razão de eu dispensar tanto 
tempo sobre o assunto no início deste livro. O desejo
84 Muito mais do que números
pessoal de ser famoso e benquisto pelas massas, se 
não for santificado pelo Espírito Santo, destruirá o 
pastor por meio de enorme orgulho, avareza e sede de 
dinheiro, ou por desastrosos problemas morais. Quan­
to mais famoso o pastor se torna, tanto maior a 
pressão exercida sobre ele, e tanto mais sólido tem de 
ser seu caráter cristão.
E os veículos de comunicação 85
5(maio DA IGREJA
E O REINO DE DEUS
Faz alguns anos, uma bela e idosa senhora convi- 
dou-me para jantar em sua casa. Essa noite haveria de 
causar um grande impacto sobre minha vida e ministé­
rio. A Sra. Park, ex-deputada, chegou à sala de jantar 
e nos assentamos à mesa onde estava servido um 
lauto jantar coreano e começou a narrar-me sua 
história. Embora eu já conhecesse pormenores de seu 
testemunho, considerei privilégio ouvi-lo de seus pró­
prios lábios.
—Durante o ataque dos comunistas norte-coreanos 
a Seul. . .—disse ela com voz suave. Fez uma pausa 
enquanto saboreava uma porção de arroz. — . . .che­
garam tão de surpresa que a maioria das principais 
figuras políticas não tiveram oportunidade de fugir 
para o sul. Fui ao meu guarda-roupa, peguei um 
vestido velho e tentei disfarçar-me de vendedora 
ambulante. Quando fugia para o sul, os soldados 
norte-coreanos me prenderam. Disse-lhes que eu era 
apenas uma pobre mulher, mas não acreditaram em 
mim. Levaram-me para o quartel a fim de interrogar- 
-me. Quanto mais eu negava ser alguém de importân­
cia, tanto mais me interrogavam, até que um deles 
tomou-me as mãos e disse que eu mentia. “Essas não 
são mãos de uma vendedora ambulante; são muito
macias” , disse ele. Logo depois fui conduzida à 
presença de um oficial que, abruptamente, senten­
ciou: “Amanhã, ao alvorecer a senhora será fuzilada.” 
—O corredor era úmido e frio. Eu podia ouvir apenas 
o fraco ruído de passos acima de mim quando me 
levaram para uma cela no porão. Tudo o que eu tinha 
sobre o corpo eram uns trapos de roupa que usava na 
tentativa de disfarçar-me. Nessa hora eu estava muito 
cansada e deitei-me no piso de cimento. Enquanto a 
mente percorria os fatos que me aconteceram, senti 
muita tristeza e remorso.
Que belo final para a sua gloriosa carreira, disse 
comigo mesma. Você que tinha tudo. Você que 
conhece tanta gente. Entretanto, esta é sua última 
noite. Que lhe acontecerá amanhã? Continuei a 
perguntar-me, e caí no sono.
— É sempre difícil acordar quando se tem muito 
sono. Porém é duplamente difícil quando se sabe que 
essa é a última vez que se estará acordado. Um jovem 
de uns vinte anos segurou-me pelo braço e me levou 
de volta pelo corredor, escada acima, e saímos para a 
rua. Quando o sol me brilhou no rosto, fiquei ofusca­
da. Mas não tão ofuscada que não pudesse ver o fuzil 
que ele trazia aos ombros.
—Caminhamos diversos quarteirões. Observei os 
buracos que restaram do que outrora eram lares 
carinhosos, embora pequenos. Todas essas casas 
estavam espremidas umas contra as outras como se 
tentassem proteger-se do frio severo que nos recebia 
naquela manhã. Meus olhos encheram-se de lágrimas 
ao lembrar-me dos principais acontecimentos de mi­
nha vida. Lembrei-me de sempre estar participando 
de alguma atividade. Não é comum que uma mulher 
coreana negligencie o casamento e a educação dos 
filhos a fim de dirigir uma seção da resistência 
antijaponesa. Lembrei-me das emoções sentidas
88 Muito mais do que números
£ o reino de Deus 89
quando as tropas norte-americanas derrotaram os 
japoneses; estávamos livres de tudo isso afinal. Entrei 
para a política em busca de justiça para o povo. Mas 
logo fui apanhada na ascensão social que acompanha 
o poder recém-encontrado.
—Minha mente voltou-se para nossa pequena igreja 
metodista. Não sentia interesse pelos sermões, mas 
tinha prazer em cantar os hinos. Na realidade, muitas 
vezes me via cantarolando alguns de meus hinos 
prediletos quando estava amedrontada ou solitária. 
“Quão bondoso amigo é Cristo” , eu cantava baixi­
nho. Mais lágrimas me enchiam os olhos e rolavam 
pela face enquanto eu dizia para mim mesma: “Você 
nunca aceitou realmente a Jesus Cristocomo seu 
Salvador.” Esta declaração, percebida na mente e 
proferida em voz baixa, trazia-me sentimentos ainda 
mais profundos de dor e frustração.
—Eu me perguntava se Jesus me perdoaria e me 
salvaria naquele instante. Então, com todas as forças 
que pude reunir, eu disse: “Jesus, vou morrer em 
poucos minutos. Tenho sido uma pecadora. Sei que 
não mereço, mas peço que perdoes os pecados desta 
velha e me salves como fizeste com o ladrão na cruz.”
—Senti uma alegria súbita encher-me o coração. 
Ele batia tão depressa que, tenho certeza, o jovem que 
me olhava com curiosidade enquanto subíamos a 
colina onde eu seria executada, podia ouvi-lo. Fui 
perdoada; estava livre, preparada para morrer.
—Creio sinceramente que ninguém está preparado 
para a vida sem Cristo; muito menos, porém, para a 
morte sem a certeza que só o Senhor Jesus Cristo 
pode dar. Agora que eu me sentia feliz e livre, comecei 
a cantar em voz alta: “Revelou-nos seu amor, e nos 
diz que lhe entreguemos os cuidados sem temor.”
—Cale essa boca, velha! —gritou comigo o rapaz 
que se fizera soldado. —Pare com essa cantoria agora!
—Por que deveria eu obedecer-lhe agora? —per­
guntei. —Não é verdade que vou morrer? Agora sou 
cristã; acabo de ser salva ao subir esta colina e 
aproveitarei os últimos minutos que me restam na 
terra para louvar a meu Senhor e Salvador, Jesus 
Cristo.
— “Que segurança, Jesus é meu; tenho antegozo 
da glória do céu.” Comecei a cantar um novo hino 
para o jovem e rude soldado. De súbito, veio-me à 
memória toda a letra do hino e continuei a cantar tão 
alto quando pude. Ao lado de outra colina nos 
arredores da cidade notei que havia uma área plana. 
O jovem pegou uma pá e começou a cavar a minha 
sepultura. Enquanto cavava, continuei a cantar. De 
quando em quando ele me olhava e continuava a 
cavar. Terminada a cova, ele pegou uma venda, 
colocou-a nos meus olhos e disse: “Velha, deseja dizer 
alguma coisa antes que eu a mate e sepulte seu 
corpo?” Embora eu estivesse com os olhos vendados, 
percebi que podia ver o que se passava no coração do 
jovem carrasco ali diante de mim.
—Ah, sim—disse eu, sentindo pesar por ele. —Te­
nho apenas umas poucas coisas que dizer. Tenho 
vivido uma vida maravilhosa na terra. Mas enquanto 
caminhávamos para cá, você pôde notar que algo me 
aconteceu. Acordei esta manhã cheia de medo. Agora 
tenho paz e alegria. Veja bem, hoje cedo eu era cristã 
apenas de nome, mas agora sou salva. Gostaria que 
você pudesse conhecer este maravilhoso Salvador 
Jesus Cristo —. Eu poderia ter dito mais alguma coisa, 
mas naquele momento senti alguém dizer-me que 
orasse a favor de meu jovem guarda.
—Posso passar os últimos instantes de minha vida 
orando pela sua alma? —perguntei, encaminhando-me 
para o buraco que ele havia cavado para minha 
sepultura. Ajoelhei-me e comecei a orar. Depois de
90 Muito mais do que números
E o reino de Deus 91
orar uns poucos minutos, ouvi o jovem chorar. 
Terminei a oração e disse: “Pronto, pode fuzilar-me 
agora.” Nada, porém, aconteceu. Que havia de 
errado? Eu disse de novo: “Terminei a oração. Pode 
atirar.”
—Não posso—ouvi-o dizer entre soluços e lágrimas 
de agonia. Ele desceu à sepultura, tirou-me a venda 
dos olhos, e fitou-me. —Minha mãe orava desse 
modo por mim. Posso vê-la orando por mim agora. 
Quando ergui o fuzil para matá-la, tive uma visão de 
minha mãe, e não posso fuzilar minha mãe.
—Você tem de obedecer às ordens, do contrário 
eles o matarão—disse-lhe eu, agora mais preocupada 
com a vida dele do que com a minha.
—Não posso matá-la. Por favor, fuja quando eu der 
um tiro para o ar—disse ele enquanto me desamarra­
va as mãos e me deixava ir. Corri para as colinas em 
busca de segurança.
No momento em que a Sra. Park terminou a 
história, eu chorava com ela, pouco me preocupando 
com o fato de mal haver tocado o alimento. Hoje a 
Sra. Park está no céu, porém ela passou o resto da 
vida testemunhando aos líderes acerca do poder de 
Jesus de salvar e de libertar prisioneiros. Foi ela que 
começou o primeiro desjejum de oração presidencial 
na Coréia, e tocou os corações de muitos de nossos 
mais poderosos líderes políticos e econômicos. Lem­
bro-me, contudo, de ela olhar-me nos olhos ao final 
de sua história e dizer-me algo que causou grande 
impacto.
—Pastor Cho, o senhor é jovem. Tem um grande 
futuro no ministério. Devo, porém, aconselhá-lo acer­
ca de algo que nunca deverá esquecer. Pregue o reino 
de Deus. Nunca entre por desvios. Pregue o evange­
lho do reino. Nunca permita que as conveniências ou 
a proeminência o impeçam de pregar a mensagem
que Jesus pregou. Repito: pregue o reino de Deus!
Nunca me esqueci das palavras desta santa corea­
na. Portanto, falarei da importância de pregar o reino 
de Deus e de ver o poder do reino de Deus em ação.
Que é o Evangelho do Reino de Deus?
Antes de tratarmos do que Jesus queria dizer por 
evangelho do reino, convém entender o que é o reino 
de Deus. O reino de Deus manifesta-se de duas 
formas. Há o aspecto futuro e também a realidade 
presente. Embora este importante assunto bíblico 
tenha muitas facetas, julgo de importância que todo 
cristão entenda como o reino de Deus influencia o 
crescimento da igreja. Entendida esta grande lição, 
podemos liberar o poder dinâmico que jaz dentro de 
todo crente. Podemos ver o poder do Espírito Santo 
atuando em nosso ministério como atuou no ministé­
rio dos primeiros apóstolos.
Que é o Reino de Deus?
Desde que se começou a registrar a experiência 
humana, os homens sempre tentaram imaginar uma 
sociedade ideal. Platão, renomado filósofo grego, 
sonhava com uma sociedade ideal baseada numa 
estrutura política ética. Sua República veio a ser um 
modelo para as futuras sociedades, mas o próprio 
Platão reconhecia que suas filosofias política e social 
eram idealistas demais para serem levadas a cabo com 
a perfeição que ele desejava.
Os profetas do Antigo Testamento falaram de uma 
era futura em que os homens viveriam juntos sem 
armamentos de guerra. Isaías falou de lanças transfor­
madas em podadeiras, e de uma nação não levantar a 
espada contra outra. Na verdade, a paz do mundo 
seria tão dramaticamente diferente, que ele usou as 
imagens do lobo habitando com o cordeiro, do 
leopardo deitando-se junto ao cabrito, e do bezerro e
92 Muito mais do que números
E o reino de Deus 93
o leão novo andando juntos, querendo com isso 
significar a radical mudança nos negócios mundiais 
que haveria de ocorrer no futuro.
A mensagem que Jesus pregou era de arrependi­
mento porque estava próxima a inauguração de uma 
nova era. “Arrependei-vos, porque está próximo o 
reino dos céus” (Mateus 4:17). Seus ensinos, ilustra­
ções e parábolas versavam, antes de tudo, sobre o 
reino de Deus. Com efeito, a oração que ele ensinou 
aos discípulos, diz: “Venha o teu reino, faça-se a tua 
vontade, assim na terra como no céu” (Mateus 6:10).
Até ao fim, Jesus nunca deixou de acentuar aos 
discípulos a importância do reino. Embora seja óbvio 
a todos os que estudam os evangelhos que a principal 
ênfase de Jesus era sobre o reino de Deus (Mateus 
chamava-o de reino dos céus porque escrevia tendo 
em vista os judeus) há pouco acordo sobre o que é o 
reino de Deus e o que deveria ser a mensagem do 
evangelho do reino.
Agostinho entendia que o reino de Deus era 
sinônimo da igreja. O movimento da Reforma desem­
penhou grande papel em redefinir o significado do 
reino de Deus. Calvino concordava basicamente com 
Agostinho. Divergiam apenas sobre que aspecto da 
igreja representava o reino de Deus. No seu entender, 
a verdadeira igreja, dentro da igreja visível era a 
manifestação terrenal do reino de Deus, cabendo-lhe 
a missão de transformar as nações do mundo em 
povos dispostos a submeter-se ao senhorio de Jesus 
Cristo. A tarefa da igreja seria possível mediante o uso 
de um poder especial chamado evangelho do reino. 
Este evangelho do reino de Deus tocaria de tal modo a 
vida, primeiro dos homens e depois das nações, que 
haveria uma poderosatransformação da realidade 
social, política e econômica. A igreja foi comparada ao 
fermento que lentamente vai permeando a massa da
terra de tal modo que num determinado ponto da 
história a terra proclamaria a Jesus Cristo como 
Senhor e Rei. A essa altura o Senhor Jesus Cristo 
voltaria a fim de receber o reino que o Pai celestial 
preparou para ele.
Há outra escola de teologia que não tenta explicar o 
reino de Deus em termos do futuro; procura entendê-lo 
em seu presente contexto social. Harvey Cox é apenas 
um dos muitos teólogos modernos que consideram o 
reino de Deus como uma ordem social produzida pela 
igreja. Os problemas de desigualdades, preconceitos, 
bem como o restante de nossas preocupações sociais, 
devem ser ventilados e tratados por uma igreja cônscia 
de sua missão. Os termos bíblicos são redefinidos para 
torná-los mais aplicáveis aos problemas hodiernos. 
Muitos de nossos líderes eclesiásticos liberais são 
motivados pelo que consideram falta de interesse dos 
líderes eclesiásticos evangélicos mais conservadores.
Embora mais adiante, neste capítulo, eu externe 
minha opinião acerca do reino de Deus, creio que há 
uma falha fundamental em manter-se apenas uma 
opinião sobre ele. Conquanto eu creia na razão, não 
creio na infalibilidade dela. Há um fundamento maior 
do que a razão para estabelecer-se o que é realmente 
o reino de Deus. Esse fundamento é a simples porém 
profunda Palavra de Deus. Examinemos alguns princí­
pios bíblicos básicos que nos ajudarão a entender o 
que é o reino de Deus.
1. O reino de Deus não é só pare o futuro, mas 
também para o presente. “O reino de Deus não é 
comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no 
Espírito Santo” (Romanos 14:17). Paulo revela-nos 
que o reino de Deus transcende a existência natural do 
homem e leva-o a experimentar no presente o fruto 
do Espírito Santo; que se a pessoa associar-se com o 
Espírito Santo, tornar-se-á semelhante àquele com
94 Muito mais do que números
E o reino de Deus 95
quem se associa. O resultado natural da associação 
com o Espírito Santo será uma existência mais de 
acordo com a qualidade que Deus confere à vida do 
que com seus aspectos essenciais, como comer e 
beber.
2. Paulo revela ainda que o reino de Deus é algo em 
que entramos como resultado da regeneração pelo 
Espírito Santo. “Ele [Deus] nos libertou do império 
das trevas e nos transportou para o reino do Filho do 
seu amor” (Colossenses 1:13).
No grego, a palavra “transportou” é metestasen, 
que literalmente significa mudar de lado.
Pode-se comparar este versículo a um jogo de 
futebol. Cada time ocupa um lado do campo. Num 
lado está a equipe representando o reino das trevas. 
No outro, a que representa o reino de Deus. Durante o 
jogo, um dos principais jogadores do time das trevas 
tira a camisa, vai para o banco do adversário e veste a 
camisa do reino de Deus. Depois ele entra em campo 
para jogar contra o time das trevas. Ele simplesmente 
troca de lado.
Foi isto que aconteceu conosco. Passamos de um 
reino para o outro, o reino de nosso Senhor.
3. O reino de Deus também é retratado em sua 
perspectiva futura de bem-aventurança eterna: “Por 
isso, irmãos, procurai, com diligência cada vez maior, 
confirmar a vossa vocação e eleição; porquanto, 
procedendo assim, não tropeçareis em tempo algum. 
Pois, desta maneira é que vos será amplamente 
suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e 
Salvador Jesus Cristo” (2 Pedro 1:10, 11).
Jesus falou do futuro, ao dizer: “Muitos virão do 
Oriente e do Ocidente e tomarão lugar à mesa com 
Abraão, Isaque e Jacó no reino dos céus” (Mateus 8: 11) .
Ainda no capítulo 13 desse mesmo Evangelho
nosso Senhor narra parábolas que dão maior clareza 
ao que, para ele, significava o reino de Deus. Ele diz 
que, expurgado o reino das impurezas, os justos 
resplandecerão como o sol.
4. Jesus é a representação de como é estar no reino. 
“Não vem o reino de Deus com visível aparência. 
Nem dirão: Ei-lo aqui! ou: Lá está! porque o reino de 
Deus está dentro em vós” (Lucas 17:20-21).
Este versículo pode aplicar-se ao fato de que o reino 
de Deus estava no meio deles. Jesus estava entre eles. 
Os fariseus não deviam procurar uma manifestação 
gloriosa no futuro, porque o reino estava diante deles 
e eles eram cegos demais para observar que Deus 
estava operando sem estardalhaço.
5. O paradoxo do reino tem de ser considerado na 
base de uma compreensão equilibrada. Jesus disse a 
Pilatos, no capítulo 18 de João: “O meu reino não é 
deste mundo.” Também ele disse, no capítulo 13 de 
Lucas, que o reino de Deus cresce quase impercepti- 
velmente como um grão de mostarda. Não obstante, 
esta semente, quase despercebida, cresceria e afetaria 
o mundo inteiro.
Em vez de ver opiniões opostas na Bíblia, como 
contraditórias, vejo-as como um equilíbrio. Portanto, 
o reino de Deus é futuro, mas também é presente. 
Não é deste mundo, mas afeta este mundo. Pode-se 
entrar nele agora, mas há uma realização futura.
Não se pode vê-lo com os olhos naturais, mas o 
reino de Deus encontra-se onde Cristo está. Quando 
analisamos o reino um pouco mais, podemos perce­
ber que é possível entendê-lo de diferentes modos.
Tanto baileia, palavra grega traduzida como reino, 
assim como a palavra hebraica malkuth, representam 
a categoria de autoridade exercida por um rei. A idéia 
que temos hoje relaciona-se com as pessoas que estão 
sob a autoridade do rei ou com o território $obre o
96 Muito mais do que números
£ o reino de Deus 97
qual se exerce a autoridade real. Assim, a natureza da 
autoridade pode estar mais próxima da compreensão 
do conceito bíblico de reino do que os súditos estão da 
autoridade.
O Salmo 145:13 expressa em termos poéticos algo 
desta idéia: “O teu reino é o de todos os séculos, o teu 
domínio subsiste por todas as gerações.” Na poesia 
clássica hebraica, os dois versos do poema devem 
expressar a mesma idéia de modos diferentes. Portan­
to, o conceito que o poeta tem do reino é de que era 
domínio real de Deus.
Herodes o Grande não foi um rei popular em Israel. 
Conquanto ele tenha reconstruído o templo com 
grandeza majestática e tenha edificado muitos prédios 
públicos em Jerusalém, não tinha um reino verdadei­
ro. Não havia base autêntica para sua autoridade à 
parte do poder romano. Ele tinha ido a Roma e 
recebera o reinado sobre Israel sem uma base legítima 
para gozar deste tipo de autoridade. Não nasceu para 
isso. Não foi ungido por um profeta reconhecido. Não 
era descendente de Judá. Não tinha legitimidade. 
Embora vivesse num palácio, usasse coroa e fosse 
chamado rei Herodes, seu reino fora comprado, não 
merecido. Na Grã-Bretanha há propriedades que, 
adquiridas, trazem consigo um título. Nesse caso, se a 
pessoa tiver dinheiro suficiente, poderá comprar um 
título. Não obstante, não é a mesma coisa que receber 
um título concedido pela rainha; ou haver nascido 
numa família nobre. O dinheiro pode comprar-lhe um 
título, porém não um título legítimo.
Quando analisamos um pouco mais esta idéia, 
podemos entender a oração que Jesus nos ensinou: 
“Venha o teu reino, faça-se a tua vontade, assim na 
terra como no céu.” Mais do que pedir a Deus que 
assuma o comando do mundo numa situação catas­
trófica, parece que há, no coração do Senhor, o
desejo de que a autoridade de Deus seja tão óbvia na 
terra como o é no céu.
Creio, portanto, que o reino de Deus é a natureza 
de seu domínio ou autoridade. É autêntico, indisputá­
vel, eterno. O reino de Deus é presente, mas também 
futuro. Deus sempre esteve no comando! Ele é o 
Criador da terra e do universo todo. Ele é Todo- 
-poderoso. Contudo, nesta arena humana chamada 
terra, Deus limitou-se a si mesmo. Satanás recebeu 
um domínio de autoridade. Ele é o deus do presente 
século. Ele tem autoridade sobre os sistemas mun­
diais. Sua sede de autoridade está na atmosfera que 
envolve o mundo. Mas Deus não permitiu que o 
homem ficasse à mercê de Satanás. Ele proveu uma 
via de escape do território sobre o qualSatanás tem 
autoridade. Essa via de escape é Jesus Cristo, o último 
Adão.
O último Adão deu a todos os que confiam nele 
tudo quanto o Adão original perdeu, e ainda mais. 
Pois agora o homem está incluído numa relação de 
amor. Ele é aceito no amado.
Não obstante, Cristo entrou no território de Satanás 
e teve de merecer o direito de demarcar o território 
para o lado oposto, o reino da luz. Deus não quebra 
sua palavra divina. Para que a autoridade de Satanás 
fosse diminuída, ele teria de perder o direito a essa 
autoridade. Satanás tinha, portanto, de tentar destruir 
o filho. Mas Deus o protegeu. Satanás tentou o 
homem Jesus Cristo, mas Cristo venceu a batalha. 
Tão-logo Satanás perdeu o primeiro assalto da luta 
pela autoridade para governar a terra, Jesus manifes­
tou o poder do reino de Deus. Ele curou os enfermos e 
expeliu demônios.
Jesus chamou discípulos que não só receberam seu 
poder e foram enviados, mas também foram prova­
dos. Os setenta foram enviados para curar enfermos e
98 Muito mais do que números
expelir demônios. Ficaram assombrados por também 
eles terem autoridade.
A última luta contra Cristo aconteceu na cruz. 
Satanás, através do domínio ou autoridade que 
recebeu, havia estabelecido as regras do jogo. Mataria 
o Filho de Deus e dispersaria os discípulos. Já não 
teria de temer contradita ao seu direito de governar. 
Jesus não só morreu; ressuscitou no terceiro dia e 
venceu a Satanás e todas as suas hostes. Ele tomou as 
chaves da morte e do próprio Hades e foi proclamado 
Senhor de tudo.
Antes de Jesus deixar a terra e ascender ao Pai, ele 
disse: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na 
terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as 
nações” (Mateus 28:18, 19). Marcos acrescenta uma 
dimensão maior ao que Jesus ordenou aos discípulos: 
“Estes sinais hão de acompanhar aqueles que creem: 
em meu nome expelirão demônios; falarão novas 
línguas . . .se impuserem as mãos sobre enfermos, 
eles ficarão curados” (Marcos 16:17, 18).
Em Mateus, Jesus disse que um sinal de que o reino 
dos céus se manifestara a eles era a capacidade que 
ele tinha de curar os enfermos e expelir demônios. 
Agora que ele obteve a vitória final sobre Satanás, ele 
dava esta mesma autoridade a todos os crentes. O fato 
de que Cristo está no comando é manifesto ao mundo 
por nossa pregação no poder do Espírito Santo, por 
nossa capacidade de orar pelos enfermos e vê-los 
curados, e também por nossa capacidade de assumir 
autoridade sobre o que resta do falso reino de 
Satanás.
Digo que o reino das trevas de Satanás é falso por 
causa de sua natureza, extensão e durabilidade.
Um reino terreno não se concentra apenas em 
manter sua autoridade, mas também sua longevidade. 
Por isso que uma das coisas mais importantes para um
E o reino de Deus 99
rei era um herdeiro. Hoje, em algumas partes do 
mundo, aceita-se o divórcio como recurso bastante 
para um rei quando a rainha não lhe dá um herdeiro 
ao trono. Tendo um herdeiro, o rei sente que seu 
reino poderá sobreviver-lhe.
A autoridade de Satanás devia ser apenas um 
fenômeno temporário na história. Em Gênesis 3:15, 
Deus diz à serpente, representativa de Satanás, que a 
semente da mulher seria ferida no calcanhar, mas a 
cabeça da serpente seria ferida pela semente da 
mulher. Não havia dúvida na mente de Satanás 
quanto ao significado desta profecia.
Nas batalhas antigas, o vencedor podia terminar o 
conflito e proclamar a vitória colocando o pé sobre a 
cabeça do vencido. Satanás sabia que haveria Al­
guém, procedente da raça humana, que limitaria a 
extensão de sua autoridade sobre a terra. Não seria 
um anjo; mas um homem. Este homem foi Jesus 
Cristo. Profecia posterior do Antigo Testamento decla­
rava que ele seria da tribo de Judá e da descendência 
de Jessé. Foi por esse motivo que Satanás atacou a 
descendência do homem. Em muitas oportunidades, 
Israel teria sido destruído como povo, não fora a 
proteção de Deus. Satanás fez todo o possível para 
obstar o cumprimento da profecia de Gênesis 3:15.
Paulo diz-nos no primeiro capítulo da carta aos 
Efésios que a autoridade de Cristo está muito acima de 
todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de 
todo nome, não só no presente século, mas também 
no vindouro. Portanto, a autoridade de Cristo não 
termina nunca.
O apóstolo resolve também a questão dos herdeiros 
de Cristo, declarando que somos co-herdeiros com 
Cristo. Portanto, estamos sentados com Cristo no 
reino celestial que se encontra muito acima do plano 
terrenal. É claro que agora temos toda a autoridade
100 Muito mais do que números
£ o reino de Deus 101
necessária para realizar a Grande Comissão de ir por 
todo o mundo e fazer discípulos de todas as nações.
Que é o Evangelho do Reino?
A palavra evangelho significa boas-novas. Tantas 
vezes as pessoas vão à igreja e ouvem de tudo, menos 
boas-novas. Ouvem falar do que Satanás está fazen­
do; do que os políticos estão fazendo. O que está 
acontecendo no mundo é indicativo de que o tempo 
do Anticristo está próximo. Tenho visto cristãos irem 
felizes à igreja, e voltarem temerosos e deprimidos. 
Ouviram más notícias em vez de boas-novas. Ligue a 
televisão, o rádio, ou pegue um jornal, e terá todas as 
más notícias que desejar. As pessoas que vão à igreja 
precisam saber o que são as boas-novas!
As boas-novas são que Deus está no controle total e 
estamos do lado vencedor. Quando pego um livro, 
gosto de ler o último capítulo. Se descubro que o livro 
tem um final triste, não começo a leitura. Por que iria 
eu ler durante muitas horas, para sentir-me entristeci­
do no final da história? Mas quando leio a última 
porção da Palavra de Deus, as boas-novas são óbvias. 
Somos os vencedores. Mateus 13:16 dá-nos uma 
compreensão de que somos realmente especiais. No 
contexto de uns poucos versículos Jesus declara quão 
felizes somos por podermos entender todo o quadro.
Penso nesses versículos como um belo quebra- 
cabeças como aqueles que eu costumava dar aos 
meus filhos. Eles pegavam todas as peças e as 
espalhavam pelo chão. Certas partes do quadro eram 
desde logo reconhecíveis, mas outras seções do que­
bra-cabeças não eram compreendidas enquanto não 
se conhecia o quadro. Foi assim com os profetas. Eles 
profetizavam só em parte. Transmitiam o que o 
Espírito Santo os ungia para dizer. Mas agora que 
Cristo completou o quebra-cabeças, somos bem-aven-
turados. Isto é, podemos olhar cada peça e ver como 
ela se encaixa no quadro. Podemos voltar-nos para 
Isaías e ver o que Deus tinha em mente quando deu 
ao profeta o capítulo cinqüenta e três.
Todavia, o evangelho do reino cai em diferentes 
tipos de solo. Satanás aí está para nos tomá-lo porque 
o evangelho é a única mensagem que expõe sua total 
derrota efetuada por Cristo e nos dá coragem para 
combater o bom combate da fé.
A palavra do reino cai em quatro tipos de coração.
A beira de uma estrada é tão trilhada que se torna 
dura. A semente que cai sobre este tipo de terreno tem 
pouca possibilidade de vir a ser uma planta significati­
va. Essas pessoas simplesmente não estão interessa­
das, e nunca permitem que a mensagem crie raízes em 
seus corações.
O terreno pedregoso indica o grupo de pessoas que 
ouvem a palavra, entendem suas implicações, mas 
não pagarão o preço para que a mensagem realmente 
lhes transforme a vida.
O terreno espinhoso indica aqueles que aceitam a 
palavra, mas estão mais preocupados com as coisas da 
presente vida, portanto ela não lhes é importante e 
nunca cria raiz.
Mas então vem o grupo dos que ouvem a mensa­
gem do reino de Deus e estão dispostos a pagar 
qualquer preço para que ela produza frutos. Dão-lhe a 
prioridade necessária para que ela tenha êxito e 
frutifique de acordo com a capacidade que lhes foi 
concedida.
O evangelho do reino de Deus tem de ser ouvido, 
experimentado e proclamado. Os apóstolos estavam 
prontos para pagar o preço necessário para que o 
reino de Deus se manifestasse na igreja primitiva. 
Roma não faria objeção ao aparecimentode outra 
seita judaica, mas as autoridades romanas foram
102 Muito mais do que números
£ o reino de Deus 103
veementemente contrárias à proclamação de que 
havia outro rei, Jesus Cristo, o Senhor. César reinava 
naquele tempo, mas a igreja primitiva proclamava que 
ele era apenas uma realidade temporária. Havia outro 
rei mais poderoso e eterno, Jesus Cristo. Então, pela 
cura dos enfermos, provaram que este rei estava no 
comando. Os milagres foram um meio óbvio de não 
serem desafiados a simplesmente defender os méritos 
de uma nova religião.
O assunto da cura divina é controverso em nossos 
dias. Nunca tive problema com a cura divina porque 
se não fosse por ela eu seria agora um budista morto. 
Lembre-se, converti-me ao Cristianismo no leito da 
morte, sofrendo do que parecia ser um caso terminal 
de tuberculose.
Reconheço, porém, que para muitos ministros 
evangélicos a cura divina apresenta um problema 
teológico. Em verdade, muitas das nossas conferên­
cias sobre crescimento da igreja são patrocinadas por 
pastores e igrejas que não praticam a cura divina. No 
México, o presidente da Conferência de Crescimento 
da Igreja, que atraiu 4.500 líderes cristãos, era um 
presbiteriano que tinha reservas quanto a esse assun­
to. Muitos de meus melhores amigos aprenderam que 
a cura divina foi um processo necessário à igreja 
primitiva, mas temporário. Uma vez completada a 
Bíblia, já não havia necessidade da cura divina, que 
por isso foi abandonada. Embora eu não concorde 
com essa perspectiva teológica, não creio que os que a 
esposem tenham menos amor a Jesus ou sejam 
ministros de segunda classe.
Creio que devemos tentar manter a unidade que o 
Espírito Santo procura estabelecer na igreja hoje, até 
que todos finalmente estejamos de acordo. Considero 
as diferenças de opinião sobre interpretação da Bíblia 
entre cristãos sinceros e autênticos como entrar em um
quarto escuro. Pode alguém entrar por uma porta e 
dizer que está na sala de estar. Eu posso entrar por 
outra porta e dizer que estou na sala de jantar. O único 
jeito para descobrir a realidade é continuar amando-nos 
uns aos outros até que a luz acenda e se torne óbvia a 
função da sala em que estamos.
Pedro fala do caráter progressivo da revelação: 
“Temos assim tanto mais confirmada a palavra profé­
tica, e fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia 
que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a 
estrela da alva nasça em vossos corações” (2 Pedro 
1:19). Pedro diz que as Escrituras são mais uma 
revelação profética do que uma palavra audível do Pai 
no monte da Transfiguração. Esta Escritura é então 
comparada a uma luz que brilha num lugar escuro. O 
verbo brilhar está aí no tempo presente progressivo. 
Os tempos progressivos no grego mostram continuida­
de de ação. Isso quer dizer que nosso entendimento 
da Bíblia vai-se tornando cada vez mais brilhante, até 
que a entendamos com clareza por ocasião da volta de 
nossa estrela da alva, o Senhor Jesus Cristo.
Assim, se você não concorda comigo sobre a cura 
divina, não se escandalize; queira-me bem, pois você 
pode aprender alguma coisa! Espero que você nunca 
tenha de mudar de opinião por necessitar da cura 
divina. Se você já crê na cura divina e pensa que estou 
procurando justificá-la, engana-se. Não tenho por que 
justificar aquilo que vejo como a verdade segura da 
Palavra de Deus e manifestação clara de que o reino 
está operando em nossa comunidade.
Tenho, literalmente, milhares de experiências de 
cura divina em minha igreja. Cremos em Deus para 
manter a saúde dos membros de nossa igreja. Mas 
também cremos na oração a favor dos enfermos e 
esperamos que Deus opere o milagre. Cremos no 
ministério da medicina. Temos muitos médicos em
104 Muito mais do que números
£ o reino de Deus 105
nossa igreja, e os vemos como que dando a Deus uma 
oportunidade de realizar um milagre óbvio ou então 
usar suas habilidades dadas por Deus como médicos e 
ver que Deus cura por esse processo também. Deus 
usa ambos. Contudo, creio em Deus para realizar 
milagres em nossa igreja. Isto prova a uma comunida­
de incrédula que Deus está vivo e que as pessoas 
necessariamente não têm de sofrer. Afinal de contas, 
Buda não pode curá-las. Só Jesus pode curar o 
espírito, a alma e o corpo.
Cura e Milagres em Relação com o Crescimento da Igreja
Certa vez um ministro me disse que a cura já não 
era necessária. Disse-me que os milagres tiveram 
razão de ser numa época em que a civilização ainda 
não havia ensinado o mundo a raciocinar. Discordo 
inteiramente dele. Viajando pelo mundo, tenho visto 
homens que se dizem civilizados atuar de forma 
muitíssimo incivilizada. No fim da Segunda Guerra 
Mundial o mundo descobriu que a Alemanha, a nação 
mais educada, culta e cientificamente mais avançada 
do mundo, permitira-se executar as atrocidades mais 
incivilizadas de que a história guarda registro. Não, o 
mundo pode estar mais instruído, mas temos visto a 
presente época afogando-se nas águas poluídas da 
pornografia, da imundícia e da perversão. Em nossos 
dias, o poder de cura do Espírito Santo tem de ser 
ministrado a uma sociedade enferma e necessitada.
Descobrimos, na Coréia, que muitas pessoas fecha­
das ao evangelho, abrem-se quando enfrentam uma 
necessidade física em seu corpo ou em sua família. 
Quase toda a Coréia sabe muito bem que nossa igreja 
é um lugar onde Deus está evidentemente em ação. 
Não que tenhamos curas em massa aos domingos. O 
que acontece é que Deus opera a cura e as pessoas 
espalham a notícia.
O Espírito Santo Está Interessado
Um dos presbíteros de minha igreja tinha um filho 
aleijado. Tinha sido um belo rapaz, mas de repente as 
pernas deixaram de funcionar e foi parar numa 
cadeira de rodas. Os médicos não conheciam o 
problema do moço e disseram ao pai que seu filho 
teria de passar o resto da vida como aleijado. Durante 
três anos orei por ele, porém nada aconteceu. Revol­
tei-me com o diabo por afligir este rapaz na flor da 
idade com esta moléstia deformante.
—Por que estou doente, pastor? —perguntou-me o 
rapaz um dia em meu escritório. —Que pecado cometi 
para que Deus me castigue dessa forma?
Eu tinha poucas respostas. Mas assegurei-lhe que a 
aflição não vinha de Deus. Tranqüilizei-o, dizendo-lhe:
—Isto é obra de Satanás. Não vamos aceitar esta 
enfermidade paralisante como final. O diabo é um 
inimigo derrotado. Pelas feridas que Jesus sofreu, 
você está curado.
Isto lhe deu esperança por algum tempo, mas logo 
depois todos aceitaram a enfermidade e o amamos e 
aceitamos com seu problema.
Minha esposa e eu gostamos de estar com os nossos 
presbíteros. Nossa igreja tem agora cinqüenta, e eles 
funcionam como uma junta de diretores, como um 
conselho no sistema presbiteriano. Uma noite estáva­
mos todos reunidos num jantar de confraternização. 
Minha esposa e eu nos sentamos juntos, desfrutando 
de uma refeição coreana.
“Vá ao presbítero Kim e diga-lhe que seu filho será 
curado esta noite!” Falou-me ao coração o Espírito 
Santo. Inclinei-me para Grace, minha esposa, e disse:
—O Espírito Santo acaba de falar-me.
Ela olhou para mim e sorriu. O nome Grace lhe 
assenta muito bem; ela é capaz de fazer tudo de 
maneira graciosa.
106 Muito mais do que números
—Maravilhoso! —disse ela, não sabendo o que 
Deus me havia dito.
—Grace, o Espírito Santo acaba de falar-me que 
devo dizer ao presbítero Kim que seu filho vai ficar 
completamente curado hoje à noite.
Grace, por causa dos que estavam sentados à mesa, 
não alterou muito a expressão ao ouvir o que eu lhe 
dizia. Porém me deu um beliscão na perna e com um 
sorriso apagado, disse:
—Yonggi Cho, você não se atreverá a tanto! 
Quantas vezes você já orou por ele? Se a cura não 
acontecer, você será alvo de zombaria de toda a 
comunidade.
Minha esposa crê em Deus com uma fé poderosa, 
mas desta vez não tinha ouvido a voz, por isso 
raciocinava por conta própria.
“Não dê ouvidos à sua esposa. Vá e diga ao 
presbítero Kim que seu filho será curado esta noite!” A 
vozera mais forte e meu coração estava mais fraco. 
Em silêncio procurei sair de meu lugar. Nesse instante 
minha esposa percebeu e perguntou:
—Aonde vai?
—Por aí—respondi-lhe com voz fraca. Deus sabe 
que eu não desejava obedecer à voz. Parecia-me que 
ia morrer. Mas tenho aprendido que é melhor obede­
cer do que perguntar-me se devia ter obedecido. 
Quando começamos a andar com o Espírito Santo, a 
obediência é muito importante. Se continuamente 
desobedecemos, a voz que nos fala vai-se enfraque­
cendo até que desaparece de vez e nos tomamos 
insensíveis.
Inclinei-me sobre a mesa onde o presbítero Kim e a 
esposa estavam sentados. Dentro de instantes ele 
ergueu os olhos para mim e perguntou:
—Alguma coisa errada, pastor? Por que me olha?
Respirei fundo e disse com vigor:
£ o reino de Deus 107
—Deus acaba de falar-me que seu filho vai ser 
curado hoje à noite.
—Louvado seja Deus! —exclamou o presbítero.
Ele e a esposa começaram a chorar. Vertiam 
lágrimas de alegria. Outros se uniram a eles em 
regozijo. Eu, porém, não me regozijava; sentia-me 
doente.
—Por que fiz isso? —perguntei à minha esposa.
—Porque você não me deu ouvidos, só por isso— 
respondeu ela.
Sempre tenho grande fé quando o Espírito Santo 
vem a mim, mas depois que sua presença especial se 
retira, minha mente natural assume o comando e 
lamento haver obedecido ao Senhor. Todavia, apren­
di a nunca deixar que a razão me governe o coração. 
É preciso cuidado para não sermos guiados pela 
emoção, mas pelo Espírito Santo.
Quando o presbítero Kim chegou a casa, esperava 
ver o filho curado. Mas o rapaz se arrastava fora da 
cama, incapaz de andar. Entraram no quarto e 
contaram-lhe o que eu havia dito. Contudo, o rapaz 
ainda estava no chão, sem poder mover-se. Sabendo 
os pais que eu nunca lhes diria algo que não estivesse 
seguro ser a voz de Deus, pegaram o rapaz pelos 
braços e o ergueram.
—Em nome de Jesus, você está curado. Deus falou 
ao nosso pastor e cremos que é verdade. Ande!
Após uns poucos minutos, o rapaz começou a sentir 
algo nas pernas.
Eu não conseguia dormir; deitado na cama, eu me 
perguntava o que iria acontecer no dia seguinte. Se 
nada acontecesse ao rapaz, eu não importava tanto 
com minha reputação como com a integridade de 
Deus em nossa cidade.
Na casa do presbítero Kim, as pernas do rapaz iam 
encontrando novas forças.
108 Muito mais do que números
E o reino de Deus 109
—Sinto uma sensação de formigamento subindo- 
-me pelas pernas, pai—. Depois de alguns minutos, o 
rapaz começou a andar. Os pais regozijaram-se, mas 
não me telefonaram.
Pela manhã eu fiquei sabendo que o jovem havia 
corrido fora da casa e começava a contar aos vizinhos 
o que havia acontecido. Os budistas e outros não- 
-cristãos da cidade, ao tomarem conhecimento do 
acontecido, ficaram assombrados com o poder de 
Deus. Desde então, a maioria das pessoas daquela 
parte da cidade foi salva por causa do poder curador 
de Deus. O reino de Deus manifestou-se naquela 
comunidade e as pessoas vieram a Cristo.
Deus deseja curar, não para firmar minha reputa­
ção, mas para glorificar seu nome. Não obstante, por 
três anos o rapaz havia sofrido. Por quê? Não tenho 
todas as respostas, nem tento justificar os caminhos de 
Deus. Estão totalmente fora de minha compreensão. 
Uma coisa eu sei: Deus pode e deseja curar, desde 
que sejamos obedientes à suz voa e confiemos no 
cumprimento de sua palavra.
Amarrando a Satanás
Nossa igreja crê na existência de um diabo real. 
Cremos que ele é mais do que a personificação do 
mal. Cremos que ele é tão real quanto Jesus. Deus 
disse a Moisés: “EU SOU me enviou a vós outros.” 
Satanás teria dito: “Eu sou e não sou.” Não crer na 
existência de Satanás é ficar sem nenhuma defesa 
contra ele.
Quando oramos, devemos usar a autoridade que 
Jesus nos deu. Jesus disse, primeiro a Pedro e depois 
ao restante dos discípulos: “Tudo o que desligardes na 
terra, terá sido desligado no céu.” Nosso povo apren­
deu que não estamos lutando contra came e sangue. 
Nossa principal preocupação não é com os comunistas
na fronteira norte. Nosso principal inimigo é o poder 
que está impulsionando os comunistas. Portanto, 
atamos o poder de Satanás em operação em nossa 
comunidade. Podemos realizar mais através das ora­
ções conjuntas do que se pode realizar por meio de 
todas as armas à disposição do mundo livre. Moisés 
aprendeu a importância da oração quando teve de 
manter erguidos os braços para que Israel derrotasse o 
inimigo. Temos poder e autoridade porque Cristo no-los 
deu.
Uma igreja crescente e ativa é uma congregação de 
crentes que sabem que estão em Cristo. Sabem que 
os cristãos são mais do que vencedores. Sabem que as 
armas de nossa guerra não são carnais ou temporais, 
mas poderosas para derrubar as fortalezas do inimigo. 
Não têm medo dele, mas estão cônscios de sua tática. 
Sabem que a guerra com o diabo é real e isso os 
mantém sóbrios e vigilantes.
Dou graças a Deus porque a Palavra do reino de 
Deus na Coréia não caiu em ouvidos surdos. Talvez 
seja porque como povo temos passado por grande 
sofrimento. Sofremos duas guerras nos últimos qua­
renta anos. Assim, não tratamos com leviandade as 
promessas divinas.
A igreja primitiva também sofreu. O império roma­
no a perseguiu. Aqueles cristãos sabiam que deviam 
morrer pela causa de Cristo. Por isso que Cristo lhes 
enviou uma carta por intermédio de João na ilha de 
Patmos. O livro de Apocalipse assusta muita gente que 
não entende sua mensagem. Mas quando vemos o 
livro inteiro em seu contexto, reconhecemos que 
Cristo é Senhor. Conquanto o Anticristo possa apare­
cer logo; conquanto possamos ter ainda muito sofri­
mento pela frente, Jesus Cristo está no controle total e 
sua vitória final já foi ganha. Com esta forte certeza do 
Cristo ressurreto, a igreja primitiva pôde resistir firme e
110 Muito mais do que números
E o reino de Deus 111
por fim sair vitoriosa sobre os perseguidores. Sim, a 
igreja primitiva conquistou os conquistadores, não 
com cavalos e carruagens, mas com a mensagem do 
evangelho do reino de Deus. Roma caiu diante do 
mundo cristão, não por aniquilamento, mas por 
conversão. Roma finalmente aceitou o fato de que 
Jesus era Senhor e o César, Constantino, teve de 
dobrar os joelhos diante de um rei mais forte, o 
Senhor Jesus Cristo.
O evangelho do reino de Deus deve ser pregado 
regularmente de todos os púlpitos do mundo, dia após 
dia. Então as pessoas ficarão emocionadas com o 
Senhor a quem servimos e amamos.
Sim, sua igreja pode crescer e crescerá, se os 
pecadores da comunidade à qual você serve finalmen­
te reconhecerem que o Deus que é cultuado em sua 
igreja está vivo e ativo. Ele pode suprir-lhes as 
necessidades^Só os que não reconhecem ter grande 
necessidade é que podem proceder com indiferença 
em relação ao seu ministério. Mas todos tomam 
posição quando necessitam de Cristo. Nesse tempo, 
as pessoas saberão que Deus está em ação na sua 
igreja e virão e verão a manifestação do reino de Deus.
6
CRESCIMENTO DA IGREJA
E REAVIVAMENTO
Que é reavivamento? F. Carlton Booth deu uma 
excelente definição. “Em muitos casos, a palavra 
reavivar (em hebraico, “haya” ; em grego: “anazao” ) 
significa literalmente voltar à vida de entre os mortos. 
Mesmo quando este não seja o significado, a palavra 
traz em si maior força do que ela tem para nós hoje, 
pois temos confundido reavivamento com evangeliza­
ção. Evangelização é boas-novas; reavivamento é 
nova vida. Evangelização é o homem trabalhando 
para Deus; reavivamento é Deus trabalhando de uma 
forma soberana a favor do homem. Falar de realizar 
um reavivamento é empregar erradamente o termo. 
Nenhum ser humano pode despertar o interesse, 
avivar a consciência de uma pessoa, gerar a intensida­
de da vida espiritual, seja individual ou comunitária, 
seja na igreja ou numa nação; só o Espírito de Deus 
pode fazê-lo. Ninguém pode programar um reaviva­
mento, porque só Deus é o doador da vida. Mas 
quando as trevas se adensam; quando a decadênciamoral atinge seu mais baixo nível; quando a igreja se 
torna fria, morna, morta; quando chega a ‘plenitude 
do tempo’ e a oração ascende de uns poucos corações 
sinceros, ‘Porventura não tornarás a vivificar-nos, para 
que em ti se regozije o teu povo?’ (Salmo 85:6), então
a história ensina que é tempo para a maré do 
reavivamento extravasar-se uma vez mais. O reaviva- 
mento sempre requer a pregação do juízo divino, da 
confissão de pecados, do arrependimento, da aceita­
ção da salvação como dom gratuito, da autoridade das 
Escrituras e da alegria e disciplina da vida cristã. 
Embora os reavivamentos não durem, os seus efeitos 
sempre perdurarão” (Baker s Dictionary ofTheology).
É preciso ter sempre em mente que a igreja 
começou como obra soberana do Espírito Santo. 
Enquanto os 120 seguidores de Cristo aguardavam 
em Jerusalém, não tinham a mínima idéia do que ia 
acontecer. Estavam juntos, perseveravam unânimes 
em oração, e esperavam que Deus fizesse algo. Então 
o Espírito Santo fez o que nunca antes havia aconteci­
do. A igreja nasceu, pois, num reavivamento.
O primeiro fenômeno que acompanhou a obra do 
Espírito Santo na vida dos fiéis serviu para mostrar aos 
de fora que Deus verdadeiramente operava no meio 
do seu povo. Portanto, as línguas de fogo que 
pousaram sobre os discípulos eram sinais para os 
incrédulos. De modo que a finalidade de um reaviva­
mento, a operação de Deus na vida do seu povo, é 
mostrar ao mundo que ele, Deus, está vivo e os leva a 
ouvir as boas-novas de Jesus Cristo.
Como tantas vezes acontece, aquilo que começa 
com a centelha da vida divina, acaba nas cinzas da 
razão humana. Todos os movimentos têm início 
porque uma idéia leva as pessoas a entusiasmar-se; 
mas como se verifica com as emoções humanas, o 
entusiasmo não pode ser mantido indefinidamente. 
Enquanto se desenvolve um movimento, são atraídos 
homens que têm capacidade mental para projetar a 
dinâmica e desenvolver a ideologia que dará perspec­
tiva ao que acaba de ser motivado pelo entusiasmo. 
Com o declínio gradual da emoção, o movimento que
114 Muito mais do que números
E reavivamento 115
negligencia aquilo que lhe deu origem acomoda-se no 
estudo de sua ideologia. A igreja tem comprovado este 
fato.
O livro de Atos não trata de teologia; é uma história 
das primeiras fases da igreja de Jesus Cristo. Mostra-nos 
com clareza alguns princípios de reavivamento.
Todos os reavivamentos são obra soberana do 
Espírito Santo. A terceira pessoa da Trindade é, tantas 
vezes, a pessoa esquecida da Divindade. Oramos ao 
Pai em nome do Filho. E que dizer do Espírito Santo?
A primeira vez que o Espírito Santo é mencionado 
no livro de Atos dos Apóstolos, vemos uma de suas 
mais importantes funções. “Até ao dia em que, depois 
de haver dado mandamentos por intermédio do 
Espírito Santo aos apóstolos que escolhera, foi eleva­
do às alturas” (Atos 1:2). O Espírito Santo é o Espírito 
da Verdade. É ele quem ilumina nossas mentes para 
falar a verdade de Deus, e também nos ilumina os 
corações para entender a verdade proferida.
O Espírito Santo havia descido sobre os profetas, 
porém nunca havia manifestado sua plenitude em 
ninguém, não imergira em ninguém até à vinda de 
Jesus. Agora Jesus oferecia aquilo que tinha direito 
exclusivo de dar: o batismo no Espírito Santo. Eviden­
temente, os discípulos, quando lhe perguntaram sobre 
a restauração do reino a Israel, desconheciam a 
importância do que Jesus lhes oferecia. Jesus, porém, 
continuou, mostrando quais seriam os efeitos do 
batismo do Espírito Santo. “Recebereis poder.” Este 
seria o efeito de ficarem os discípulos cheios do 
Espírito Santo. Este poder capacitaria os fracos e 
ineficientes seguidores de Cristo a ser fortes e podero­
sas testemunhas do evangelho. O Espírito Santo não 
somente deu à nova igreja grande poder que podia 
atrair a atenção dos incrédulos, mas também romper 
com os preconceitos da igreja primitiva.
Enquanto a igreja se compunha de judeus, podia 
atrair muitos outros judeus ao conhecimento de 
Cristo, o Messias. Desde, porém, que a igreja abriu as 
portas da fé aos gentios, os judeus hesitaram em unir-se 
a um grupo que os levaria a ser menos do que 
tradicionalmente judeus. O Espírito Santo deu uma 
visão a Pedro e falou com ele. A ordem era no sentido 
de ir à casa de um italiano por nome Comélio, homem 
temente a Deus. Enquanto Pedro falava na casa de 
Comélio, o Espírito Santo, não obstante o preconceito 
de Pedro, operou soberanamente. Aqueles crentes 
gentios também foram cheios do Espírito, da mesma 
forma que Pedro o havia experimentado no dia de 
Pentecoste. Este acontecimento despertou tanto alvo­
roço que Pedro teve de defender-se em Jerusalém: 
“Pois se Deus lhes concedeu o mesmo dom que a nós 
nos outorgou quando cremos no Senhor Jesus, quem 
era eu para que pudesse resistir a Deus?” (Atos 
11:17). Portanto, a obra soberana do Espírito Santo 
rompeu a atitude antigentia dos apóstolos e abriu a 
porta da fé ao restante do mundo não-judaico. Em 
ambos os casos em que Pedro usou as chaves do 
reino para abrir a porta da fé aos judeus e mais tarde 
aos gentios, o Espírito Santo atuou soberanamente. 
Todavia, há outro fato que precisamos examinar com 
relação a esses dois acontecimentos. Tanto os discípu­
los em Jerusalém como os gentios na casa de Corné- 
lio, estavam em atitude de prolongada oração.
A oração é o segredo do reavivamento. Se o 
reavivamento é trabalho soberano do Espírito Santo, 
que é que o leva a atuar no coração do povo de Deus, 
concedendo novo poder e maior ousadia? A resposta 
é simples: oração.
Quantas vezes você passou a noite inteira de joelhos 
diante de Deus? Quantas vezes sua igreja reuniu todos 
os membros para um longo período de jejum e
116 Muito mais do que números
E reavivamento 117
oração? Seria a falta de oração o motivo de você não 
estar tendo reavivamento em sua vida e ministério?
Se for este o seu problema, ânimo! Esta seção é 
escrita especialmente para você. Você vai encontrar 
um novo desejo de orar. Vai admitir que o motivo de 
não ter sido o tipo de cristão que tem desejado ser é 
que não tem orado. Espero que você não adquira o 
desejo de orar só porque vou citar-lhe alguns ver­
sículos conhecidos. Não! Você desejará orar porque o 
Espírito Santo vai tocar-lhe o coração enquanto 
continua a leitura em espírito de oração.
Lucas nos apresenta um grande segredo: “Qual 
dentre vós, tendo um amigo e este for procurá-lo à 
meia-noite e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães, 
pois um meu amigo, chegando de viagem, procurou- 
-me, e eu nada tenho que lhe oferecer. E o outro lhe 
responda lá de dentro, dizendo: Não me importunes; a 
porta já está fechada e os meus filhos comigo também 
já estão deitados. Não posso levantar-me para tos dar; 
digo-vos que, se não se levantar para dar-lhos, por ser 
seu amigo, todavia o fará por causa da importunação, 
e lhe dará tudo o de que tiver necessidade” (Lucas 
11:5-8). O Senhor responderá à oração importuna e 
será tocado por nossa importunação. E importante 
entender a dinâmica desses versículos.
Primeiro, o homem que pede o pão é amigo 
daquele que o tem. Não devemos aproximar-nos de 
Deus como estranhos. Ele é nosso Pai celestial e 
deseja dar-nos tudo o de que temos necessidade. 
Necessitamos de um reavivamento em nossa vida e 
especialmente em nossa igreja. Estamos cansados dos 
cultos mortos e das reuniões de oração sem vida que 
vimos realizando. Necessitamos de um despertamento 
espiritual. Mas não nos aproximamos de Deus como 
estranhos e, sim, como amigos.
Segundo, não estamos pedindo apenas para nós
mesmos. O homem que Jesus está usando como 
exemplo recebeu a visita de um amigo tarde da noite e 
não tem nada que dar-lhe. A hospitalidade oriental 
exige que o anfitrião alimente os que vêm à sua casa. 
A igreja também é visitada a todo instante por 
pecadores famintos, necessitados de vida espiritual. 
Tantas são as igrejas que têm a despensa vazia, que os 
pecadores deixam os templos vazios e sem salvação,para nunca mais voltar. Justifica-se nosso pedido a 
Deus; necessitamos do reavivamento por causa da­
queles pelos quais Cristo morreu, daqueles que não 
encontraram o sentido da vida eterna.
Terceiro, já se faz tarde. O mundo não tem onde 
buscar segurança e nutrição. Somente nós temos a 
capacidade de satisfazer às necessidades deste mundo 
que está às portas da morte. Se não nós, quem? Se 
não agora, quando? Este é o estado em que se 
encontra a sociedade atual no mundo todo; precisa­
mos ser sensíveis bastante aos problemas do mundo 
para sabermos que está ficando tarde.
Quatro, a porta pode estar fechada, mas é possível 
abri-la. No coração do homem que solicita os três 
pães, há esperança de que a resposta seja afirmativa. 
O reavivamento é possível para qualquer igreja. A 
pessoa não precisa estar na Coréia para experimentar 
o reavivamento; pode estar em qualquer parte. Como 
a história japonesa que relatei anteriormente, não há 
nenhum campo difícil demais. Conquanto a porta 
pareça estar fechada, creia que o Deus que está por 
trás dela a abrirá se não desfalecermos mas persistir­
mos em oração.
Por último, é preciso criar uma atitude de intenso 
desejo a fim de que alguém persista em oração. O 
homem que solicitava os três pães tinha medo de 
perder a honra. Se alguém ficasse sabendo que seus 
hóspedes não haviam sido tratados como convinha,
118 Muito mais do que números
E reauiuamento 119
ele perderia a honra; nesse caso, seria melhor que ele 
morresse. Nós, no mundo oriental, temos uma expres­
são: “perder a cara” , isto é, perder o prestígio, 
desmoralizar-se. Quando se perde a cara, perde-se a 
honra. Portanto, o homem estava desesperado. Para 
que alguém persista no tipo de oração necessária para 
trazer o reavivamento, é preciso manifestar seu deses­
pero diante de Deus.
Às vezes a prosperidade impede que os cristãos 
mostrem desespero diante de Deus. Nós, na Coréia, 
passamos por grande sofrimento—primeiro, durante 
muitos anos, nas mãos dos japoneses, e depois nas 
dos comunistas. Sabemos o que é passar fome, 
vergonha e não ter o que vestir. Aprendemos a orar, 
não no conforto das salas de estar, mas fora, nos 
campos. De maneira semelhante os cristãos chineses 
aprenderam a orar nos bosques e florestas, em 
cavernas e porões frios. Se apanhados, poderiam ser 
mortos por estarem orando, mas aprenderam que sem 
oração não se pode sobreviver.
Charles Dickens, renomado escritor inglês do século 
dezenove, diz que o espírito da revolução se manifes­
tou de maneiras diferentes na cultura francesa e na 
inglesa, nos começos do século dezenove. A Inglaterra 
evitou a revolução sangrenta ocorrida na França, não 
por causa de diferenças políticas, mas por ter a Grã- 
-Bretanha passado por um reavivamento do Espírito 
Santo no ministério de João Wesley, sacerdote da 
Igreja da Inglaterra no século dezoito. Ele e seu irmão 
Carlos experimentaram, pessoalmente, um desperta- 
mento espiritual. Num momento de adversidade pes­
soal, João Wesley ajoelhou-se diante de Deus e o 
Senhor o tocou de um modo especial. Seus olhos se 
abriram para a verdade bíblica da santificação e da 
santidade pessoal. Em 1739 ele começou a comunicar 
o que o Espírito Santo lhe havia revelado. Esta nova
compreensão fez que ele e outros ministros avivados 
da Igreja Anglicana sofressem grande perseguição.
Nos meados do século dezoito, seus ensinos se 
espalhavam por todas as colônias britânicas, incluin­
do-se os Estados Unidos. Em sua maioria, os divulga­
dores deste novo método de vida cristã eram leigos.
O reavivamento wesleyano na Inglaterra causou tal 
mudança que se lhe atribui o mérito de salvar as 
massas da revolta e do derramamento de sangue. 
Também estimulou a educação popular e uma atitude 
mais humanitária para com os pobres. Os historiado­
res devem reconhecer a influência do reavivamento 
metodista na atual cultura ocidental.
Hoje, a Igreja Metodista é uma das maiores denomi­
nações do mundo. Contudo, muitos dos seus mem­
bros não sabem como o movimento teve início. 
Começou na adversidade e cresceu por causa do 
reavivamento. Grande parte da literatura metodista 
relata as vigílias e reuniões de oração que duravam a 
noite inteira.
Há muita coisa que se pode dizer acerca dos 
reavivamentos no país de Gales, na índia, na América 
Latina, e nos Estados Unidos; um fato, porém, 
permanece constante: nenhum reavivamento histórico 
ou moderno jamais ocorreu sem que as pessoas 
reconhecessem a necessidade de orar. Não me refiro a 
orações de uma sentença, ou momentos de oração, 
ou palavras de orações—refiro-me a orações longas e 
concertadas, e também jejuns, perante Deus. Posso 
honestamente dizer que estamos passando por um 
verdadeiro reavivamento na Coréia. No presente, 
estamos crescendo à razão de quatro vezes a taxa de 
nascimentos de nosso país. Isto significa que em vinte 
anos, caso o Senhor retarde sua vinda, vamos ter uma 
população cristã superior a 80% da população do 
país.
120 Muito mais do que números
£ reavivamento 121
Devemos lembrar-nos de que a Coréia é uma nação 
tradicionalmente budista. Não tem sido fácil conquis­
tar almas para Cristo. É muito mais fácil converter 
alguém que foi criado num ambiente cristão tradicio­
nal. Afinal de contas, há muito que o Ocidente está 
exposto à ação do evangelho. Contudo, estamos 
vendo na Coréia uma grande colheita entre os não-cren­
tes. Eles estão chegando ao Deus da Bíblia. Esta é, em 
realidade, uma obra do Espírito Santo.
Enquanto escrevo esta página (1983), temos mais 
de 330.000 membros só em nossa igreja. Quando o 
livro for publicado, é possível que esse número tenha 
ultrapassado a casa dos 350.000. Mensalmente, cerca 
de 10.000 convertidos filiam-se à nossa igreja. Não 
diria você que isto é um reavivamento?
Como é que temos mantido esse crescimento fora 
do comum? Oração; essa é a verdadeira resposta. 
Todas as sextas-feiras temos uma reunião de oração 
que dura a noite toda. Não temos espaço suficiente 
para todas as pessoas que desejam vir e orar. Oramos 
a favor da nação e de seus líderes. Oramos para que o 
evangelho seja pregado no mundo todo. Oramos pela 
volta de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. 
Oramos para que os Estados Unidos e o Japão 
tenham um reavivamento. Cantamos, adoramos e 
ouvimos a Palavra; porém, a maior parte do tempo 
oramos. O modo mais fácil de deter o reavivamento 
que experimentamos agora é cancelar as reuniões de 
oração semanais, de noite inteira. Contudo, não 
temos a mínima intenção de abandoná-las. Precisa­
mos orar.
Montanha da Oração
Alguns anos atrás adquirimos um pedaço de terra 
de pouco mais de 240.000m2, distante cerca de 95 
quilômetros da fronteira com a Coréia do Norte. No
início a idéia era usar o terreno como cemitério da 
igreja. Minha sogra, a Dra. Choi, estava jejuando e 
orando; de súbito o Senhor lhe falou: “Construa um 
lugar especial dedicado à oração.”
—Precisamos criar uma montanha da oração— 
disse-me ela.
—O momento é muitíssimo difícil para nós— 
respondi-lhe. —Estamos metidos na pior crise finan­
ceira da história de nossa igreja—arrazoei. Mas a 
minha sogra não pareceu impressionar-se com a 
lógica de adiar a Montanha da Oração. Eu também 
era de opinião que nossa igreja necessitava de um 
lugar aonde ir para concentrar-se de corpo e alma à 
oração e ao jejum. Assim, sem dinheiro algum, 
começamos a construir a Montanha da Oração.
No início levantamos uma tenda na qual as pessoas 
pudessem orar juntas. Depois, nas encostas da colina 
construímos grutas de oração, isto é, pequenas caver­
nas na terra, com uma esteira e uma porta. Aí as 
pessoas podiam trancar-se com Deus e buscá-lo sem 
distrações. Dentro em pouco verificamos que havia 
mais gente querendo jejuar e orar do que o espaço 
disponível. A seguir, construímos um edifício de 
blocos de cimento, capaz de acomodar três mil 
pessoas.
Em 1982, contamos 630.000 pessoas, procedentes 
de todo o mundo, que vieram à Montanha da Oração. 
Uma das pessoas de que me lembro ter ido à 
Montanhada Oração era uma senhora que tinha um 
filho aleijado.
—Dr. Cho, por favor, ore por meu filho—implorou- 
-me a mãe. —Ele é totalmente paralítico. Suas pernas 
estão dilaceradas e agora a paralisia está piorando.
—A senhora deve ir à Montanha da Oração. Seu 
filho será curado em sete semanas—disse-lhe eu. A 
mulher foi com o filho, fielmente, durante seis fins de
122 Muito mais do que números
E reavivamento 123
semana; nada, porém, acontecia. No último dia da 
sétima semana, Deus curou o jovem e agora ele está 
completamente são. Espalhou-se pelo país a notícia 
de que se alguém precisasse de um milagre, a 
Montanha da Oração é o lugar onde Deus opera. Não 
digo com isso que todos quantos vão à Montanha da 
Oração serão curados. O que digo é que sei de muitas 
pessoas que Deus curou aí.
Como líder, devo dar o exemplo aos membros de 
minha igreja. Se eu não orar, eles não oram. Tenho 
minha própria gruta de oração na Montanha. Sempre 
que tenho um problema para o qual não encontro 
solução, entro na gruta e fecho a porta. Às vezes leva 
horas para extrair da mente as coisas que lá estão. O 
melhor modo de fazê-lo é contar tudo ao Senhor. 
Tenho aprendido a ser honesto com Deus.
Se alguém me magoou, conto-o a Deus.
Não faz muito tempo, um homem procurou destruir 
meu ministério. Enviou espias à nossa igreja para 
ouvir-me falar. Domingo após domingo lá estavam 
eles, prestando atenção a tudo o que eu dizia, na 
esperança de captar algum exagero. Todo testemunho 
que eu dava, era conferido com todo cuidado. Um dia 
falei sobre a importância de honrar os pais. Este 
assunto é de especial importância para os crentes 
orientais, por causa de nosso passado confucionista. 
Confúcio ensinava um sistema de ética, e não uma 
religião. Sua ética ainda é popular por todo o Oriente. 
Um de seus mais importantes ensinos relaciona-se 
com a honra aos antepassados. Em algumas partes da 
Ásia, as pessoas ainda cultuam os antepassados. 
Muitos não podem aceitar o Cristianismo porque ele 
não ensina qual a posição dos antepassados do 
indivíduo. Mostrei que a Bíblia nos ensina a honrar os 
pais. Isto não significa cultuá-los mas simplesmente tê-los 
em alta estima. Não era intenção de Deus que os
honrássemos apenas enquanto vivos; assim supúnha­
mos não ser pecado honrá-los mesmo depois de 
haverem passado para a glória. Abraão ainda era tido 
em elevada estima como pai da fé.
Isto deu ao espia a munição que procurava. 
Acusou-me publicamente de ser um falso mestre e de 
ensinar idolatria. Esta acusação chegou aos jornais e 
fui envolvido numa controvérsia. Alguns me disseram 
que eu devia processá-lo, mas achei que devia ir à 
Montanha da Oração. Ali, contei ao Senhor toda a 
história. Contei-lhe a ira que eu sentia e o que eu 
desejava fazer.
Depois de diversas horas em oração, ouvi o Senhor 
dizer-me que perdoasse ao homem. Sendo assim, 
perdoei-lhe. Desejei perdoar-lhe? Sim. Por quê? Por­
que Deus havia colocado o perdão em mim. Isto não 
aconteceu de imediato. Levou horas para o Senhor 
curar-me o coração de toda mágoa e amargura; 
finalmente senti que o perdão me entrava no coração 
e pude, com honestidade, perdoar ao homem.
Como o leitor pode ver, fui curado na Montanha da 
Oração. Sim, fui curado de uma enfermidade mais 
grave do que a paralisia: a amargura que me domina­
va o coração. Quando relato ao meu povo o que Deus 
realizou em mim na Montanha da Oração, incentivo 
os outros a ir e resolver seus problemas.
Por que deveriam dez mil pessoas orar e jejuar na 
Montanha da Oração? Não têm elas televisão para 
assistir e bons restaurantes onde comer? Estou certo 
de que muitas pessoas têm feito esta pergunta. Nós, 
coreanos, somos como qualquer outro povo. Gosta­
mos de uma boa refeição num restaurante, e temos 
muitos dos melhores restaurantes do mundo. Temos 
televisão e rádio. Em realidade, Seul é uma das mais 
belas e modernas cidades do mundo.
Agora que nos preparamos para hospedar os Jogos
124 Muito mais do que números
E reavivamento 125
Olímpicos em 1988, há um grande surto de constru­
ções ocorrendo em toda a cidade de Seul. Assim, as 
pessoas não vão à Montanha da Oração por não 
terem o que fazer. Elas vão porque creem que Deus ali 
está para responder às suas necessidades. Isto não 
significa que Deus não possa responder-lhes em 
qualquer outra parte. Esse não é o ponto. Deus está 
em todos os lugares. Mas não é sempre que podemos 
encontrar um lugar dedicado a Deus, onde possamos 
estar a sós com ele durante muitas horas e também 
unir-nos a milhares de pessoas que dedicaram total­
mente esse tempo para buscarem a Deus.
E preciso motivar as pessoas. A Montanha da 
Oração estaria vazia se eu não acentuasse a importân­
cia de orar com regularidade. Por isso, se o leitor for a 
um dos seminários do Crescimento da Igreja Interna­
cional, verá também nosso novo auditório com capa­
cidade para 10.000 lugares, lotado de pessoas que 
estão buscando a Deus. Nossos pisos são aquecidos 
para que a pessoa possa colocar aí sua esteira e orar 
com os demais irmãos. Estou certo de que você jamais 
seria a mesma pessoa.
Agora que temos esses milhares de pessoas acostu­
madas a ir à Montanha da Oração, posso encarregá-las 
de orar por assuntos especiais. Por exemplo, quando o 
presidente Ronald Reagan foi alvejado, todos os 
cristãos oraram por ele dia e noite. Ficamos muito 
contentes quando recebemos um telefonema do escri­
tório de Nova Iorque informando-nos que o presiden­
te não corria risco de vida.
Oramos também pela guerra no Líbano. Eu acredi­
tava que Deus interviria e poria fim ao desnecessário 
derramamento de sangue entre os libaneses. Estamos 
orando para que ali a igreja tenha um despertamento 
espiritual. Com todo o sofrimento que o Líbano 
suportou nos últimos oito anos, essa nação está
preparada para um reavivamento do Espírito Santo à 
moda antiga, que sare toda a amargura do passado e 
leve milhares de pessoas a Deus.
Nos últimos dois anos temos orado a favor do 
Japão. Com o programa de televisão que temos ali, 
podemos alcançar setenta milhões de japoneses. Esta­
mos em oração contínua na Montanha da Oração 
para que haja um reavivamento na igreja japonesa. 
Estou certo de que em breve havemos de ver uma 
grande obra do Espírito Santo nesse país. Foi-me 
tremendamente difícil ir ao Japão. Ao tomar conheci­
mento dos milhões de pessoas massacradas pelos 
japoneses antes de 1945, eu os odiava demais. 
Contudo, Deus curou-me o coração quando confessei 
o meu pecado. Agora viajo ao Japão todos os meses.
Chegou a hora de um reavivamento em sua igreja. 
Sua comunidade nunca mais será a mesma. O povo 
verá o Espírito Santo operando e será atraído pelo 
espírito de amor que emana de cada membro. Creio 
sinceramente que Deus conduziu você até este capítu­
lo porque agora está obtendo um novo desejo de 
começar a orar como nunca. Não me importa há 
quantos anos você é cristão; o importante é que 
necessita deste novo desejo de orar. Você está obten­
do também uma nova visão de como sua igreja pode 
começar a jejuar e orar com regularidade. Como sei 
disto? Porque oro enquanto escrevo este capítulo.
Como oro? Já fiz referência a diversos princípios 
básicos, mas agora vou dar-lhe meus sete princípios 
fundamentais da oração:
1. Aquiete-se diante de Deus
O salmista escreveu de sua própria experiência: 
“Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus” (Salmo 
46:10). É preciso reconhecer que Deus não nos deu 
uma opção, mas uma ordem. Infelizmente, a maior
126 Muito mais do que números
E reavivamento 127
parte de nossa oração inexperiente é falar a Deus. 
Nada há de errado nisso; é, de fato, uma boa forma de 
aquietar-nos diante de Deus. Como eu disse anterior­
mente, tenho aprendido a contar a Deus tudo quanto 
me aborrece. Isto me alivia e faz que me acalme diante 
dele. Devemos lembrar-nos, também, que a oração é 
um diálogo e não um monólogo. Portanto, quando 
oramos, devemos não apenas falar mas também 
ouvir. Deus não é autor de confusão mas de paz.
2. Entre em comunhãocom o Espírito Santo
Já demos uma olhada no capítulo 2 à primeira carta 
de Paulo aos Coríntios. Vimos que só o Espírito Santo 
conhece a mente de Deus. E ele que tem poder para 
colocar um espírito tranqüilo em comunhão com Deus 
e revelar o plano divino para nós. Isto se verifica tanto 
na direção específica como na direção geral que Deus 
deseja levar-nos.
Começo falando diretamente ao Espírito Santo. 
Digo-lhe: “Amado Espírito Santo, preciso saber o que 
meu Pai deseja que eu faça. Por favor, abre-me o 
espírito neste momento e revela-me o que ele deseja 
mostrar-me para que eu glorifique a meu Salvador 
Jesus Cristo.” E continuo: “Eu te amo, ó Espírito 
Santo. Tu me fizeste nascer no corpo de Cristo. Deste - 
-me tua plenitude. Deste-me teus dons, de modo que 
eu possa ser uma bênção para este mundo. Amado 
Espírito Santo, mostra-me o que eu devo conhecer.”
Um dia tive um problema. Alguém me perguntou 
onde ficava a residência de Deus. Era no céu? 
Respondi que sim. Mas onde é o céu? Se alguém que 
vive na Austrália erguer os olhos para o alto, então a 
pessoa que vive no Alasca deve estar olhando para 
baixo. Devo admitir que na ocasião eu não tinha a 
resposta. Assim, no próximo domingo, disse à igreja: 
“Domingo que vem vou dar-lhes o endereço de
Deus.” Todos ficaram muito felizes. Então fui à gruta 
da oração e aquietei meu espírito diante de Deus, em 
comunhão com o Espírito Santo. Afinal de contas, ele 
é onisciente; sabe todas as coisas. Enquanto orava, o 
Espírito Santo me deu a resposta. Eu não agüentava 
esperar pelo domingo. Pus-me em pé perante a 
congregação e disse: “Hoje vou dar-lhes o endereço 
de Deus.” Todos me fitavam, munindo-se ao mesmo 
tempo de lápis e papel. “O endereço de Deus está 
dentro de vocês!” Enquanto eu pregava, o povo era 
abençoado pela realidade da presença permanente de 
Deus.
3. Desenvolva suas visões e sonhos
Já declarei quão importante é ter uma visão vinda 
de Deus. Isto é de particular importância na oração. 
Faz pouco tempo, ouvi um psiquiatra dizer que a 
mente subconsciente é sobremodo influenciada pela 
imaginação. Se alguém vê alguma coisa, isso lhe 
afetará a mente consciente muito mais do que apenas 
ouvir. É por isso que muitas pessoas oram olhando 
para alguma coisa. Quando Daniel ficou preocupado 
com o futuro de sua nação, ele orava voltado para 
Jerusalém. A João, na ilha de Patmos, foi dito que 
visse o que Deus lhe revelaria. Estou certo de que 
João assentou-se na praia de Patmos, de onde quase 
se pode ver as praias de Efeso. A revelação começou 
por mostrar-lhe a condição das igrejas que estiveram 
sob seus cuidados antes que Roma o exilasse. José 
teve uma visão antes que ela se tornasse realidade. 
Abraão teve de olhar para alguma coisa enquanto 
Deus lhe fazia promessas. Olhou para a terra que 
haveria de herdar, e essa imagem se lhe gravou no 
coração. Encheu-se daquela visão até que ela se 
tornou realidade.
Uma mulher me procurou e disse:
128 Muito mais do que números
E reavivamento 129
—Dr. Cho, ore a favor de meu filho; ele não é 
crente e leva uma vida muito pecaminosa. Venho 
orando por ele há anos, mas nada acontece.
—Vá para casa e comece a vê-lo como crente 
enquanto ora pela sua salvação. Sim, retrate na 
imaginação a pessoa que ele seria se fosse crente.
Depois de algumas semanas essa irmã me contou 
que a princípio foi difícil orar pelo filho segundo 
minhas instruções. Porém mudou de atitude e come­
çou a ver o filho como crente. Imaginava-o indo com 
ela à igreja. Imaginava-o lendo a Bíblia e orando. 
Ficou tão feliz com esta nova visão do filho que em vez 
de continuar orando por ele, começou a dar graças a 
Deus pela sua salvação.
Não muito depois que ela começou a dar graças 
pela salvação do filho, ele lhe disse que queria ir com 
ela à igreja. Naquele domingo entregou o coração ao 
Senhor e ainda está servindo a Deus.
Um homem em minha igreja tinha um negócio que 
ia de mal a pior. Veio ao meu escritório e pediu-me 
que orasse por ele.
—Não sei o que há de errado, pastor—disse em 
lágrimas. —Sou dizimista regular. Contribuo para os 
pobres e tento levar uma vida cristã. Porém minha 
panificadora está indo à falência. Para mim isto seria 
um desastre por causa do mau testemunho na comu­
nidade. Tenho dado testemunho a muitos de meus 
fregueses. Por isso, se eu falir, irão rir do meu Jesus— 
continuou ele torcendo o lenço em grande angústia.
Depois de orar por ele, ensinei-lhe o princípio das 
visões e sonhos. Disse-lhe:
—Sr. Ho, volte à panificadora. Comece a ver o 
êxito. Comece a contar o dinheiro na registradora 
vazia e veja toda aquela gente lá fora fazendo fila para 
entrar em sua confeitaria apinhada.
Depois de dizer-lhe essas palavras, orei de novo e o
despedi. Enquanto ele saía, olhou para mim de um 
modo um tanto espantado; mas de qualquer maneira, 
tentou.
Em apenas dois meses, voltou ao meu escritório um 
sorridente Sr. Ho.
—Dr. Cho, a coisa funcionou. Eu não entendi o que 
o senhor me dizia. Pensei que o senhor estava maluco, 
mas o senhor é um homem de Deus e devo obedecer 
ao meu pastor. Minha esposa e eu temos agora um 
cheque para entregar à igreja.
Fiquei admirado ao ver um cheque de mil dólares. 
Era o dízimo.
4. Em suas circunstâncias, assuma autoridade 
sobre o diabo
Lembre-se de que você está assentado com Cristo 
nas regiões celestes. Paulo diz-nos que o trono de 
Cristo está muito acima de todos os principados e 
potestades. Você tem o direito de ver cumprida a 
resposta às suas orações. O diabo não tem vez em 
seus negócios. Mas como enganador, ele tentará 
ocupar território que não lhe pertence. Portanto, 
assuma a autoridade legítima que você tem em nome 
de Jesus e repreenda o diabo—ele deverá fugir de 
suas circunstâncias.
5. Mantenha um registro preciso de seus pedidos a 
Deus
Saiba quando você orou; por que orou—e anote. 
Deste modo você não terá de depender da memória. 
Também pode manter diante de Deus as orações não 
respondidas e lembrá-lo do que ainda precisa ser feito. 
Garanto-lhe que louvará a Deus pelas respostas, 
desde que reconheça quantas de suas orações estão 
sendo respondidas. Quantas vezes oramos e esquece­
mos o motivo das orações! Quando a resposta chega, 
não reconhecemos a fidelidade de Deus.
130 Muito mais do que números
E reavivamento 131
6. Louve a Deus antecipadamente
Lembre-se: Deus chama as coisas que não são 
como se fossem. Deus vê a você e a mim perfeitos em 
Cristo. Com todas as nossas deficiências, com todos os 
nossos pensamentos pecaminosos, Deus se regozijará 
em nós com júbilo. “O Senhor teu Deus está no meio 
de ti, poderoso para salvar-te; ele se deleitará em ti 
com alegria; renovar-te-á no seu amor, regozijar-se-á 
em ti com júbilo” (Sofonias 3:17).
Mal posso imaginar o poderoso Deus do universo 
regozijando-se em mim e em você. Ora, se Deus pode 
ver-nos perfeitos em Cristo, por que não podemos ver 
a obra de Deus já concluída? Portanto, regozijemo- 
-nos antes mesmo que a resposta de Deus se torne 
óbvia.
7. Orar sem cessar
Como posso pastorear uma igreja tão grande, viajar 
pelo mundo, escrever livros, ter um ministério na 
televisão em dois continentes e ainda orar todo o 
tempo? Por que não? Que é a oração se não 
comunhão?
Aprendi, no decorrer dos anos, a ter o espírito 
postado na direção própria. Posso estar num banque­
te, cercado por muitas pessoas e ainda ter meu íntimo 
voltado para o alto. Digo ao Senhor: “Amado Senhor, 
tenho de ir a este jantar com a minha esposa. Estarei 
na companhia do teu povo. Mas a qualquer momento 
estarei pronto para ficar a sós contigo. Pelo simples 
fato de eu estar ocupado, não hesites em puxar-me 
para um lado. Tenha a bondade, Senhor; estou em 
atitude contínua de oração, muito embora esteja 
ocupado exteriormente.”
Penso que nosso Senhor aprecia este tipo de 
consideração. Jesus estava continuamente em comu­
nhão com o Pai. Ele nunca disse coisa alguma que não
tivesse antes ouvido o Pai dizer. Nunca fez coisa 
alguma que não tivesse visto o Pai fazer. Portanto,é 
possível estar continuamente aberto ao Pai.
Dei-lhe os sete princípios que uso em minha vida 
pessoal de oração porque desejo que você também 
desenvolva a sua. Se já tem uma vida de oração, sei 
que não se molestou por eu haver tratado do assunto 
aqui. Se não a tem, é hora de começar.
Você nunca terá reavivamento em sua vida e 
ministério se não orar. Sua igreja nunca começará a 
orar, a menos que você o faça.
“O Espírito Santo, o reavivamento vem de ti. Envia-o; 
começa a obra em mim. A Palavra declara que tu 
suprirás nossa necessidade de bênção agora; ó Se­
nhor, rogo-te humildemente.” Estas palavras de um 
antigo poema retratam a atitude que Deus deseja 
tenhamos com relação ao reavivamento.
Plano para um reavivamento
Neste importante capítulo sobre crescimento da 
igreja e reavivamento, tenho acentuado a importância 
de conceber um reavivamento, de orar por ele, e de 
perseverar até que se realize. Agora desejo falar sobre 
a importância de um plano num reavivamento. Por 
que o plano? A resposta é simples. Deus nunca fez 
nada sem um plano definido. Quando deu instruções 
a Moisés com vistas ao tabernáculo, deu-lhe planos 
claros. O templo foi construído segundo o plano claro 
dado por Deus. A igreja primitiva crescia de acordo 
com o plano de Deus. Sim, desde a criação do 
universo até à salvação da alma do leitor, Deus seguiu 
um plano claro. Assim sendo, por que iríamos nós 
edificar a igreja local sem um plano definido?
Como podemos ter um plano para um reavivamen­
to?
Já afirmei que o reavivamento é obra soberana do
132 Muito mais do que números
E reavivamento 133
Espírito Santo. Não podemos, pois, planejar um 
reavivamento. Mas devemos ter um plano num reavi­
vamento.
Estou considerando como certo que você agora crê 
em Deus para que o Espírito Santo atue em sua vida e 
em sua igreja. Por que orar se não crê que Deus 
responde? Se, porém, você crê que Deus vai respon­
der às suas orações e sua igreja passará por um 
reavivamento, então espere que centenas e até milha­
res de almas sejam adicionadas a ela. Surge, contudo, 
uma pergunta óbvia: Que fazer com as centenas ou 
com os milhares de novos membros? Como cuidar 
deles? Onde irão sentar-se? Que programa de treina­
mento foi traçado para motivar os novos convertidos e 
treiná-los para conquistar outros? Surge, pois, o 
problema óbvio, isto é, muitas igrejas oram por algo 
para o qual não estão preparadas.
Só porque Deus faz alguma coisa soberanamente 
não quer dizer que ele vai mantê-la sem a nossa 
cooperação. Lembre-se de que Deus o escolheu como 
instrumento da obra divina em sua comunidade. É 
preciso que você esteja preparado para a resposta às 
suas orações pelo reavivamento.
Por que não Planejamos Antes?
Os pregadores evangélicos não têm, tradicional­
mente, planejado com cuidado o crescimento de suas 
igrejas. Que aconteceria com o governo se não tivesse 
um plano ou um orçamento? O fato é que os négocios 
da igreja têm sido dirigidos de modo a garantir o não- 
-crescimento.
Desejo a volta de nosso Senhor Jesus Cristo. Creio 
que ele virá em breve. Trabalho dia e noite na 
esperança de que Jesus me encontre labutando com 
fidelidade em sua vinha quando ele vier. Mas também 
reconheço que cristãos fiéis vêm aguardando a volta
do Senhor, já vai para dois mil anos. E ele ainda não 
veio. Isto significa que o Senhor Jesus não voltará até 
que sejam atingidas condições próprias neste mundo. 
Jesus disse, em Mateus, que o evangelho do reino 
teria de ser pregado por todo o mundo como testemu­
nho claro antes que viesse o fim. Isto significa que o 
Senhor não retornará até que, em toda parte, todos os 
homens tenham a oportunidade de aceitar ou rejeitar 
o senhorio de Jesus Cristo. Visto que mais de 80% de 
todos esses que não ouviram falar do evangelho 
vivem na Asia, sinto-me particularmente desafiado por 
esse versículo do capítulo 24 de Mateus. Creio que os 
pastores que não planejam por crerem que o Senhor 
vem já, estão sendo desobedientes à ordem do 
Senhor. Lucas revela a ordem de Cristo aos discípu­
los: “Chamou os dez servos seus, confiou-lhes dez 
minas e disse-lhes: Negociai até que eu volte” (Lucas 
19:13).
A palavra grega aqui usada e traduzida por “nego­
ciai” é pragmateomai. O Theological Dictionary ofthe 
New Testament geralmente conhecido como de Kittel, 
diz que esta palavra só é usada no Novo Testamento, 
neste versículo. Literalmente significa ocupar-se de 
um negócio, obter lucro. Não é uma palavra passiva; é 
ativa. Nos clássicos, a palavra era empregada com 
referência aos que concediam empréstimos em dinhei­
ro. Esta ordem revela a atitude que o Senhor espera 
tenhamos aqui na terra até que ele volte. É interessan­
te notar que a palavra “pragmático” tem suas raízes 
etimológicas na palavra grega acima citada.
Portanto, nossa atitude, de acordo com a ordem de 
nosso Senhor, deveria ser a mesma do antigo empres- 
tador de dinheiro. Devemos estar interessados em 
obter lucro para o reino de Deus até que nosso Senhor 
regresse. Recebemos o capital—o evangelho do reino
134 Muito mais do que números
E reaviuamento 135
de Deus. Conhecemos o mercado—os corações dos 
homens pecadores. Temos um banco seguro—a igreja 
de Jesus Cristo. Portanto, devemos ver aumento. Mas, 
para consolidar o aumento e assegurar retorno contí­
nuo sobre o principal, precisamos planejar com cuidado.
Outro motivo da falta de planejamento é que muitos 
pastores não têm fé realista.
Em algumas mentes, a fé é uma entidade surrealis­
ta, de natureza etérea. Considero que minha fé tem 
natureza transcendental. Isto é, ultrapassa os limites de 
minha experiência; é semelhante à compreensão do 
conhecimento de Kant; ao mesmo tempo sou, tam­
bém, um homem muito prático. Reconheço que para 
melhor realizar o propósito para o qual Deus me 
vocacionou, devo exercitar fé prática.
A carta aos Hebreus diz que a fé tem substância. 
Jesus também descreveu a fé como pessoal: “Confor­
me a vossa fé” (Mateus 9:29, itálico do autor).
Paulo diz que cada um de nós recebeu certa medida 
de fé (Romanos 12:3). Portanto, cremos que, ao orar, 
devemos fazê-lo na medida da fé que nos foi concedi­
da especificamente.
Por exemplo, se você tem uma igreja de trezentos 
membros, não comece a orar para que ela cresça para 
dez mil membros. Você não tem a experiência nem a 
atuação interior do Espírito Santo para arcar com tão 
grande responsabilidade. Isto não quer dizer que em 
poucos anos você não esteja preparado para isso; 
significa, sim, que no presente momento você deve 
lutar por algo que esteja dentro de um plano exeqüí- 
vel. Comece a orar por uma congregação de mil 
membros. Estou limitando Deus? De maneira nenhu­
ma. Deus não pode ser limitado. Mas entendo que 
Deus deseja trabalhar por meu intermédio e preciso 
reconhecer a capacidade de minha fé atual.
Estabeleça Metas Realistas
Tomemos o caso de um pastor que tem uma 
congregação de trezentos membros. Estabelece um 
alvo definido de mil membros. Coloca esse alvo diante 
do Pai e começa a insistir nele. Fica obsedado com a 
idéia de mil membros. Ao pregar aos domingos, vê mil 
membros diante dele. Feito isso, está preparado para 
começar o planejamento.
Treinamento da Liderança
Seus futuros líderes estão diante de você. O único 
problema é que você ainda não os identificou. Preste 
atenção nos homens e mulheres que fielmente com­
parecem à igreja todos os domingos. Já manifestam 
uma importante qualidade da futura liderança—fideli­
dade.
Na maioria das congregações, geralmente há umas 
poucas pessoas que fazem a maior parte do trabalho. 
Essas pessoas já estão ocupadas; mas quando você 
deseja fazer algo, estão dispostas a ir um pouco além. 
São líderes em formação.
Não cometa o erro comum de convocar para guia 
leigos os membros de sua congregação, de êxito nos 
negócios. Com freqüência, a maioria das pessoas de 
sucesso nos negócios não se dispõem a dedicar seu 
tempo para o trabalho da igreja. Isto não quer dizer 
que Deus não usa pessoas bem-sucedidas. Mas é 
precisoselecioná-las de acordo com as qualidades que 
já estão revelando.
Fale com os líderes em potencial acerca de sua 
visão e alvo. Leve-os a começarem a orar com você 
por um reavivamento. Dê a cada um deles uma 
responsabilidade especial no futuro crescimento da 
igreja. Essa responsabilidade especial significa que 
cada um deve orar a favor de uma parte específica de 
sua igreja. Por exemplo, a igreja vai precisar de
136 Muito mais do que números
E reavivamento 137
instalações mais amplas. Nesse caso, o orçamento terá 
de ser maior. Comece a falar sobre a importância de 
criar um sistema de grupos familiares. Mais importante 
ainda: instile neles o desejo ardente de salvação das 
almas perdidas.
Um dos problemas que você terá de enfrentar é a 
falta geral de desejo sincero de ganhar almas. Desen­
volvemos o antigo método de colocar pessoas nas 
esquinas das ruas e distribuir folhetos a todos os que 
passam. Isto não é errado, contanto que venha de 
Deus a orientação de distribuir folhetos ou pregar em 
praças públicas. Contudo, com o crescimento de 
cultos religiosos de índole pagã, muitas pessoas ficam 
apreensivas com aqueles que mercadejam materiais 
religiosos nas ruas; seus líderes podem sentir-se hesi­
tantes em fazer esse tipo de evangelização.
Outro problema que você terá de enfrentar é o 
seguinte: Muitas pessoas ativas numa igreja estão à 
procura de grupos de comunhão com a finalidade de 
tornar-se mais espirituais. Isto significa que não estão 
muito ansiosas por ganhar almas se esta atividade as 
impede de crescer no Senhor.
Uma das verdades que devem ser instiladas em seus 
futuros líderes é que o tornar-se mais espiritual não é 
apenas ler a Bíblia e manter comunhão com outros 
crentes. Não. O modo mais eficaz é tornar-se um pai 
ou uma mãe no Senhor. Se você é pai, sabe disto 
imediatamente. Lembra-se do nascimento do seu 
primeiro filho. Você assumiu a responsabilidade por 
outro ser humano. Achou que simplesmente amadu­
receu quase da noite para o dia. Agora, você já não se 
preocupava apenas consigo mesmo. Tinha de apren­
der a dar-se como nunca antes. Isto se verifica 
também com os que se tornam pais espirituais. A 
pessoa acha que tem de estudar mais porque agora há 
alguém que depende do seu ensino. Tem de orar mais
porque deve responder às intermináveis perguntas do 
recém-convertido. Sua experiência espiritual adquire 
também um novo entusiasmo e vigor porque agora 
você tem uma compreensão vicária do novo nasci­
mento, inteiramente nova.
Uma vez que a congregação entenda que é de seu 
maior interesse levar as pessoas a Cristo, você encon­
trará muitos outros verdadeiros ganhadores de almas. 
Descobri um princípio simples na vida. Ninguém será 
motivado a fazer alguma coisa durante um prolongado 
período de tempo se não crer que é de seu melhor 
interesse fazê-lo. Portanto, não tento combater o que 
é natural a todos os homens; simplesmente uso esse 
princípio para a glória de Deus.
Exponha o Plano de Longo Alcance
Depois de cuidadosa e piedosa consideração com 
sua liderança fiel, é preciso expor à assembléia o plano 
de longo alcance, o qual não deve constituir-se em 
surpresa para ninguém. Todo o tempo você precisa 
estar despertando interesse na congregação. Seus 
sermões devem ter um propósito definido. E preciso 
criar um crescente entusiasmo pelo futuro. Chega, 
então, a oportunidade de expor o plano.
Que período deve o plano abranger? Geralmente 
faço um plano de cinco anos para minha igreja.
Em 1979 estabeleci um alvo de 500.000 membros 
para 1984. Sei que era a vontade de Deus. Todos nós 
havíamos orado e examinado cuidadosamente o 
plano durante um longo período. Naquela ocasião 
tínhamos apenas 125.000 membros. O plano foi 
dividido em várias etapas. Em 1980, teríamos
150.000 membros; em 1982, 200.000, e em 1983,
300.000 membros. Completaríamos nossas novas 
instalações durante esse ano e teríamos capacidade 
para 30.000 lugares no santuário central e outros
138 Muito mais do que números
E reauivamento 139
30.000 nas muitas capelas ligadas ao santuário por 
circuito fechado de televisão. Isto nos daria um total de
60.000 para cada culto. Continuando a realizar sete 
cultos por domingo, poderíamos acomodar 420.000 
pessoas no fim de 1983. Em 1984, adicionaríamos 
outras instalações, o que nos daria uma capacidade de 
500.000. Posso agora dizer que no momento em que 
terminar o manuscrito deste livro, teremos 300.000 
membros. O programa de construções continua con­
forme planejado, e se nada der errado, terminaremos 
antes do prazo.
Todos sabem para onde vamos. Estamos edificando 
uma igreja de 500.000 membros. Pararemos aí? Claro 
que não. Só me preocupo com o alvo e com o plano 
que Deus coloca diante de mim. Se ele tiver um alvo 
maior, então ele o revelará mais tarde. Comece onde 
está. Diz um antigo provérbio chinês: “Uma viagem de 
mil quilômetros começa com o primeiro passo.”
Orçamento
Em sua maioria, as igrejas elaboram um orçamento. 
Calculam as despesas e depois o que os membros da 
igreja devem fazer para atendê-las. O dinheiro é 
levantado através de compromissos ou de apelos 
durante uma campanha para levantamento de fundos. 
Sim, creio em orçar com fé.
Se Deus vai derramar o Espírito Santo sobre sua 
igreja para que ela tenha um avivamento, espere 
novas almas. Com o esperado aumento do rol, serão 
precisos mais assistentes e instalações maiores. Por­
tanto, se Deus lhe deu um alvo claro para o rol de 
membros, então é preciso elaborar um orçamento 
para atender às maiores necessidades de sua crescente 
congregação. Precisará de mais salas para a escola 
dominical. Precisará de maior espaço para escritórios, 
e assim por diante.
Você precisa, pois, de um orçamento de fé. Confie 
em que Deus lhe mostrará a quantia que satisfará às 
necessidades da ampliação do ministério. Creio que 
Deus tem o dinheiro de que necessitamos para realizar 
seu plano. Uma vez que os membros deixem de 
considerar a contribuição para a igreja como um 
imposto espiritual, você os verá a dar com fé. Se 
captarem sua visão, desejarão participar do cumpri­
mento dela. No final, a congregação maior terá 
condições de arcar com o aumento das despesas do 
orçamento acrescido de sua igreja. Mas, como uma 
organização que cresce, é preciso planejar as finanças 
com os coeficientes realistas de crescimento.
Nossa igreja tem um escritório onde guardamos 
nossos gráficos. Um dos gráficos mostra o aumento do 
rol de membros; outro mostra o crescimento das 
finanças. Num relancear de olhos posso ver se estamos 
em dia ou adiantados com o programa. Com a recente 
recessão, atrasamo-nos um pouco, o que nos levou a 
orar mais e Deus está suprindo os fundos orçados.
O reino de Deus não é inferior aos reinos do 
mundo. Jesus disse: “Os filhos do mundo são mais 
hábeis na sua própria geração do que os filhos da luz” 
(Lucas 16:8).
Se todos os governos e as grandes empresas fazem 
planos e orçamentos de longo prazo, por que deve­
riam os filhos da luz funcionar de uma forma menos 
condizente?
Foi-nos confiado o mais importante desenvolvimen­
to deste mundo. A igreja de Jesus Cristo não é um 
instrumento secundário para a salvação do mundo. E 
o instrumento fundamental de Deus. Na realidade, 
Deus não tem um plano B. Ele só tem o plano A—a 
igreja de Jesus Cristo. Portanto, compete-nos planejar 
com clareza e eficiência o grande reavivamento que 
está para vir ao mundo.
140 Muito mais do que números
E reaviuamento 141
Pressões do Reavivamento
Finalmente, creio que uma das mais importantes 
coisas que posso dizer-lhe neste capítulo sobre o 
reavivamento é como vencer com êxito as pressões do 
reavivamento. Se você pudesse imaginar a grande 
pressão que recairá sobre seus ombros uma vez que o 
reavivamento chegue à sua igreja, talvez parasse de 
orar imediatamente. Entretanto, Deus lhe colocou no 
coração um grande desejo de que o Espírito Santo 
atue em sua vida e em sua igreja, por isso não se 
deterá. Contudo, já tenho vinte e cinco anos de 
experiência comopastor e creio que posso ajudá-lo a 
evitar os erros que cometi. Consola-me, porém, o fato 
de que uma coisa é cometer erros; outra, muito 
diferente, é aprender deles. O que hoje sei, aprendi a 
duras penas.
Há muitas áreas que eu poderia mencionar sobre 
este importante assunto, mas vou referir-me breve­
mente apenas a cinco.
1. Reavivamento e pressões sobre as relações da 
família. A família é o mais importante grupo em sua 
vida e ministério. Acho que minha esposa é o segredo 
de meu sucesso ou fracasso. Se ela me apóia, pode 
conduzir-me ao êxito. Se perde o interesse, pode 
levar-me ao fracasso. As mulheres são motivadas de 
forma diferente dos homens. Os homens são motiva­
dos, em sua maioria, pelo trabalho; as mulheres, por 
seus relacionamentos. Para elas, o relacionamento 
mais importante é com o esposo. Embora na socieda­
de hodierna muitas mulheres tenham de trabalhar 
para que a família sobreviva financeiramente, ainda 
assim são motivadas por seus relacionamentos, mais 
do que pelos empregos. Isto foi revelado em uma 
pesquisa feita em 1983 nos Estados Unidos. Creio que 
tal fato é verdadeiro no mundo todo.
Quando o reavivamento atingir a sua igreja, haverá
um grande aumento de almas. O rol de membros 
crescerá. Exigir-se-á mais de você.
O livro de Atos mostra-nos o começo de um grande 
reavivamento. Pedro viu três mil almas responderem 
ao seu primeiro sermão. Mais tarde, outras cinco mil 
foram adicionadas à igreja. Havia tal entusiasmo entre 
as pessoas que elas se dispunham a vender o que 
possuíam e repartir o produto da venda com os 
membros da nova unidade familiar, a igreja. En­
tretanto, depois de algum tempo surgiu uma grande 
contenda na igreja, entre as mulheres gentias de 
origem grega e as judias. Tenho para mim que 
enquanto a energia e entusiasmo do reavivamento 
eram intensos, as pessoas estavam dispostas a deixar 
de lado preconceitos e problemas. Mas arrefecido o 
fervor, esses problemas vieram à tona e causaram 
grandes transtornos.
Descobri que as grandes demandas sobre o meu 
tempo não devem impedir-me de manter um íntimo 
relacionamento com a minha esposa. Ela tem de vir 
em primeiro lugar. Uma forma de realizar isto é tê-la 
trabalhando comigo. Minha esposa dirige o programa 
de música de nossa igreja. Ela tem dois diplomas de 
mestrado em música e é muito competente.
Grace é, também, chefe de nossa casa publicadora. 
Ela cuida de todos os nossos livros. ̂Vai comigo às 
principais cruzadas e conferências. E parte vital de 
meu ministério. Eva foi criada como auxiliadora 
idônea de Adão. Por isso, quando a esposa se sente 
parte do que o marido realiza, poderá aceitar as 
pressões indizíveis que um reavivamento acarreta, 
sem queixar-se. Os filhos não podem ser criados 
detestando o trabalho que lhes rouba o pai. Às vezes 
esta atitude latente aflora anos mais tarde, levando-os 
a evitar a igreja.
Qual é a resposta?
142 Muito mais do que números
E reaviuamento 143
Muito simples: aprenda a dividir o tempo com 
eficácia. Atribua prioridades sobre o tempo. A família 
vem logo abaixo de seu relacionamento com Deus. 
Depois, vêm as responsabilidades eclesiásticas.
2. Manter uma atitude conveniente e disciplinada. É 
tão difícil lidar com o sucesso quanto o é com o 
fracasso; porém a pressão do êxito sobre o caráter é 
muito mais forte. O fracasso faz o homem pensar 
sobre o que saiu errado e então fazer as devidas 
correções para que não venha a incidir no mesmo 
erro. O sucesso concentra nossa atenção sobre os 
aspectos positivos de nosso trabalho. Traz-nos distin­
ções. Às vezes faz-nos pensar que por algum motivo 
somos muito especiais, talvez fora das normas que 
Deus aplica aos outros. Isto acarreta pressão indizível 
sobre os fundamentos de nossa integridade. E por isso 
que na primeira parte deste livro acentuo a importân­
cia de desenvolver recursos pessoais.
Portanto, num reavivamento é de extrema impor­
tância que guardemos nossa vida moral. Devemos 
estar atentos aos sinais de escorregões morais. Não 
devemos evitar os velhos amigos que se dispõem a 
discordar de nós e usam de franqueza conosco 
quando entendem que erramos. Também erramos ao 
cercar-nos de pessoas que sempre concordam conos­
co. Foi o que aconteceu com o rei Saul. Quando ele 
era pequeno aos seus próprios olhos, o Senhor o fez 
rei; mas quando se envaideceu, o Senhor tomou-lhe o 
reino e deu-o a Davi.
3. Manter um espírito de perdão. Com o crescimen­
to do rol de membros, crescem também os problemas. 
Quanto maior a igreja, tanto maior o número de 
problemas a resolver. Nem sempre se pode agradar a 
todos. Se o pastor passa o tempo tentando agradar ao 
Senhor e procurando andar na paz do Espírito Santo, 
satisfará àqueles que, na igreja, também estão em
harmonia com o Espírito Santo. E quanto mais 
popular ele se torna, tanto mais sujeito estará a 
críticas. Portanto, a amargura e a ira tentarão arraigar- 
-se em seu coração. Lembre-se de que o coração é o 
lugar em que o diabo começa sua obra destruidora. Se 
a atitude do coração do líder começa a azedar, sua 
saúde e força física também tendem a declinar.
O melhor modo de enfrentar este problema é praticar 
o perdão. Perdoe a todos que o magoem, quer lhe 
peçam perdão, quer não. Lembre-se de que Cristo 
perdoou a humanidade na cruz, muito embora não se 
levantasse uma voz sequer pedindo-lhe perdão.
Nasci numa época difícil da história coreana. Não 
éramos uma nação. Vivíamos sob a mão opressora 
dos japoneses. Milhões de coreanos foram levados 
para o Japão como escravos. Nem mesmo nos era 
permitido falar nossa língua. Assim, cresci com ódio 
aos japoneses.
Há questão de oito anos, o Espírito Santo começou 
a lidar comigo a respeito do Japão. Eu disse ao 
Senhor: “Amado Senhor, sei que minha atitude para 
com os japoneses não é correta, mas não posso deixar 
de sentir-me assim.” Entretanto, o Senhor tinha um 
meio especial de curar-me. Fui convidado a falar a um 
grupo de pastores japoneses.
Chegado ao Japão, não me sentia à vontade. Era 
esta a terra que nos havia tirado o nome e a língua; 
que havia castigado nossos patriotas; que havia incen­
diado nossos templos e massacrado os cristãos que 
permaneceram fiéis à sua religião e à sua pátria. 
Quando me levantei para falar, tentei dizer algumas 
coisas boas sobre o Japão, mas qual! não conseguia. 
Comecei a chorar. Um profundo silêncio dominou o 
auditório. Então ergui os olhos e confessei meus 
sentimentos, dizendo:
—Devo confessar que odeio todos vocês. Não os
144 Muito mais do que números
E reaviuamento 145
odeio pessoalmente, mas odeio o fato de serem 
japoneses. Sei que é uma atitude errada, mas, hones­
tamente, é isso o que sinto. Podem perdoar-me? 
Arrependo-me do meu pecado e peço-lhes que orem 
por mim.
Ditas essas palavras, curvei a cabeça e comecei a 
chorar. Ao erguer os olhos, vi que os pastores também 
choravam. Após alguns minutos, um dos ministros se 
levantou e disse:
—Dr. Cho, nós, como japoneses, assumimos plena 
responsabilidade pelos pecados de nossos pais. Pode­
ria o senhor perdoar-nos?
Então desci da plataforma e abracei o homem que 
acabava de falar.
—Sim, eu os perdoo e me comprometo a orar por 
vocês e pelo Japão.
Instantaneamente senti-me curado da amargura 
que vinha sofrendo desde criança. Estava livre.
Deus deu-me uma promessa de que dez milhões de 
japoneses serão salvos na década dos anos oitenta. 
Agora vou ao Japão todos os meses. Tenho um 
ministério pela televisão de âmbito nacional. Confio 
em que Deus vai promover um grande reavivamento 
que se espalhará por todo o Japão. Vi tudo isto 
acontecer porque pedi a Deus que me livrasse da 
amargura.
4. Praticar a moderação. Com o êxito de uma igreja 
crescente vem a grande tentação de o pastor pensar 
em si mesmo como um empresário de sucesso, e 
passar a viver numa escala semelhante à daqueles que 
ele considera bem-sucedidos. O dinheiro pode consti- 
tuir-se no maior obstáculo à manutenção do cresci­
mento de sua igreja rediviva. Tenho aprendido a 
abster-meda aparência do mal. Constantemente 
recebo envelopes cheios de dinheiro. Nunca abro tais 
envelopes. Entrego-os imediatamente à secretaria da
igreja que os passa às mãos do tesoureiro. Não aceito 
dinheiro que me é dado pessoalmente por qualquer 
serviço. Entrego tudo à igreja. Dessa forma, evito ser 
acusado de aceitar dinheiro das pessoas a fim de orar 
por elas.
Também levo uma vida moderadamente confortá­
vel. Minha esposa e eu temos quem cuida de todas as 
nossas necessidades, porém não temos um estilo de 
vida que, de alguma maneira, prejudique a eficiência 
de meu ministério. Isto não quer dizer que não creio 
na prosperidade. Creio. Porém creio mais na conti­
nuada eficiência de meu ministério à igreja, ao país e 
ao mundo.
5. Precavenha-se de criar uma atitude sectária. 
Como líderes da igreja, temos sempre de lembrar-nos 
de que não estamos em competição com os pastores 
das outras igrejas, mas nos encontramos numa batalha 
mortal com o diabo pelas almas perdidas. Não deve­
mos ter um espírito exclusivista, mas um espírito de 
amor e cooperação com as demais igrejas da comuni­
dade. Este ano é um perfeito exemplo de como 
devemos todos trabalhar juntos na cidade de Seul. Em 
1982, nossa igreja cresceu de 200.000 para 300.000 
membros. Entretanto, demos 15.000 novos converti­
dos a outras igrejas. Depois fundamos duas outras 
igrejas em Seul e lhes cedemos 5.000 convertidos com 
os quais começar. Temos um bom relacionamento 
com a igreja presbiteriana, com a metodista, e com 
outras igrejas em nossa comunidade. Embora sejamos 
a maior igreja, não somos a única da cidade—e 
certamente não sou o único pastor!
O mundo precisa ver que amamos uns aos outros. 
Precisa ver que Cristo só tem um Corpo, e esse Corpo 
não está dividido. O mundo nunca crerá em nossa 
mensagem se não puder ver nosso amor.
Esta é a última grande ação do Espírito Santo antes
146 Muito mais do que números
£ reavivamento 147
que Cristo volte. Creio que a ênfase agora é sobre a 
igreja local. As necessidades do mundo serão satisfei­
tas por um clero e laicato redivivos, todos cooperando 
para a evangelização do mundo. O reavivamento 
deve vir à igreja local a fim de que ela esteja preparada 
para a grande tarefa que Cristo lhe deu. Está você 
preparado para as pressões que o reavivamento 
acarretará?
Se a resposta for positiva, então está confiando na 
graça de Deus para guiá-lo ao que está para vir.
7
CRESCIMENTO DA IGREJA
INTERNACIONAL
Não tenho a menor dúvida acerca da recente ênfase 
que o Espírito Santo tem produzido sobre a questão 
do crescimento da igreja. Crescimento da Igreja Inter­
nacional não é uma denominação ou movimento 
limitado a um tipo particular de igreja. Crescimento da 
Igreja Internacional é uma organização criada para 
atender às necessidades dos líderes eclesiásticos no 
mundo todo.
Anos atrás, quando eu voltava de uma série de 
conferências na Europa, o Espírito Santo falou-me ao 
coração, dizendo: “Dê início a uma organização 
dedicada ao crescimento da igreja!”
“Senhor, como é isso possível? Sou coreano. 
Quem me ouvirá?” foi minha reação de surpresa à 
ordem de Deus.
“Pai, todas as grandes organizações começam nos 
Estados Unidos. Eles têm ministros tão talentosos. 
Pertenço ao Terceiro Mundo, o mundo em desenvol­
vimento” , continuei, notando meu coração subita­
mente temeroso enquanto enfrentava este novo desa­
fio. Olhei para fora da janela do avião e me perguntei 
como poderia começar outra organização e ainda 
manter meu horário todo tomado, como pastor do 
que era então uma igreja de 50.000 membros. Mas as
palavras continuavam a soar-me no coração: “Crie 
um centro de treinamento. As pessoas virão de todo o 
mundo para ver por si mesmas o crescimento da 
igreja.”
Resolvi o problema, dizendo ao Senhor: “Pai, 
precisamos de uma instalação na Ilha Yoido (onde se 
localiza nossa igreja) e vai custar muito dinheiro. Se no 
domingo, quando eu apresentar esta visão, as pessoas 
responderem com compromissos e donativos de um 
milhão de dólares, então ficarei sabendo que realmen­
te desejas que eu construa na Coréia um centro para o 
crescimento da igreja.”
Contei a visão aos líderes de nossa igreja e concor­
damos em levá-la à congregação. Naquele domingo 
solicitamos ofertas, incluindo compromissos para a 
construção de um Centro de Missão Mundial. Após o 
último culto, o tesoureiro da igreja entrou em meu 
escritório com um sorriso.
—Pastor, recebemos compromissos e donativos 
que totalizam exatamente um milhão de dólares.
Deus havia falado e confirmava sua palavra com os 
recursos necessários para o começo da construção do 
novo edifício.
O Senhor também nos enviou de volta um missio­
nário norte-americano que me ajudara no passado. 
Ele trabalhou comigo até ao ano passado, quando o 
Dr. II Suk Cha assumiu a responsabilidade de coorde­
nador do Crescimento da Igreja Internacional. Foi 
para mim uma bênção ver meu velho amigo e 
presbítero assumir esta nova responsabilidade como 
voluntário. Trazendo consigo muitos anos de expe­
riência nos negócios, e um sincero desejo de evangeli­
zar o mundo, o Dr. Cha está organizando o C.I.I. de 
modo a tornar-se num instrumento eficaz no movi­
mento de crescimento da igreja.
Há dois anos, em dezembro, fomos convidados a ir
150 Muito mais do que números
Internacional 151
à Cidade do México. O convite veio do Rev. Daniel 
Ost, estadista missionário e pastor de três grandes 
igrejas mexicanas. A comissão executiva era presidida 
por um pastor presbiteriano e se constituía da maior 
parte das igrejas evangélicas do México. Ao chegar à 
Cidade do México, de imediato me senti à vontade. 
Percebi o espírito de reavivamento na atmosfera da 
cidade, uma das maiores do mundo.
Ao assomar à plataforma, estava tão cansado da 
viagem que eu disse ao Rev. Ost, meu intérprete: 
“Danny, não poderei falar mais do que trinta minutos. 
Estou realmente cansado.” Mas quando vi o salão de 
festas do Hotel México lotado (mais de dez mil líderes 
cristãos) e observei o seu entusiasmo, o profundo 
amor a Jesus e a generosa hospitalidade latina, 
encontrei novas forças para falar durante duas horas!
Havia pastores de doze países, a maioria da Améri­
ca Latina. Vieram com uma expectativa que tenho 
encontrado em poucos lugares do mundo. Oh, quanto 
amo o povo mexicano! São tão calorosos! Amaram-me, 
embora fôssemos obviamente diferentes. O importan­
te, porém, é que compareceram às sessões de ensino 
com uma atitude de fé e de expectação. Ainda 
estamos recebendo relatórios do México relativos aos 
efeitos de nossa conferência sobre Crescimento da 
Igreja Internacional. Creio com sinceridade que a 
conferência teve um efeito profundo e duradouro 
sobre a evangelização da América Latina.
Com os problemas econômicos do México, o 
momento era propício para uma grande ação do 
Espírito Santo. Os pastores estão agora edificando 
suas igrejas de acordo com o sistema de grupos 
familiares. Captaram a visão de oração e reavivamen­
to, e trabalham para atender às necessidades do povo. 
Esta é a hora da visitação do Espírito Santo aos 
mexicanos. Por isso estamos orando a favor desta
grande nação. Dela pode irradiar-se uma grande 
influência.
Liderança do Crescimento da Igreja Internacional
O Crescimento da Igreja Internacional é orientado e 
dirigido por uma junta consultiva internacional com­
posta de pastores bem-sucedidos. São homens de 
ministério comprovado e interessados em devotar 
tempo e energia para que os princípios do crescimento 
da igreja sejam ensinados em todo o mundo. Também 
me ajudam a levantar os fundos necessários ao 
atendimento das conferências do C.I.I. em toda parte. 
Na verdade, estamos formando um rol de membros 
do C.I.I. composto de clérigos e leigos com o ideal de 
alcançar os países que não têm condições de arcar 
com as despesas de uma dessas conferências.
Na reunião anual do ano passado, realizada na 
Austrália, resolvemos concentrar-nos no ensino dos 
países mais necessitados. Sem exceção, a resposta é 
semprepositiva. Mas, por causa da falta de fundos, 
não nos tem sido possível alcançar muitos países. 
“Por que não levantam ofertas na Coréia para essas 
necessidades?” é a pergunta que ouço com freqüên- 
cia. Devido aos estritos regulamentos sobre câmbio, o 
dinheiro não pode sair da Coréia com facilidade, 
especialmente em quantias significativas. Temos de 
depender do país hospedeiro e dos que estão captan­
do a visão do crescimento da igreja nos países 
desenvolvidos.
Meu desejo é ir aos países^ que nos têm feito 
insistentes apelos de ajuda. A índia pediu-nos que 
fôssemos lá e realizássemos uma conferência do C.I.I. 
Com facilidade teríamos 100.000 pastores e líderes 
presentes. No momento, porém, não há fundos. Mas 
tenho esperança e confiança em que Deus vai suprir 
os recursos necessários para alcançar países como a
152 Muito mais do que números
índia, as ilhas do Caribe, e os países africanos que nos 
têm convidado.
Direção do Crescimento da Igreja Internacional
Tenho recebido do Espírito Santo a direção concer­
nente à manifestação do reino de Deus na terra. A 
igreja tem de reavivar-se antes da segunda vinda do 
Senhor. Embora esteja havendo uma redução, esta é a 
poda da árvore, não o corte dos ramos vivos. A 
finalidade da poda é trazer vida nova. Conquanto 
vejamos muitas igrejas vazias, muitos púlpitos desocu­
pados por falta de interesse no ministério, há uma vida 
nova em desenvolvimento. As igrejas que verdadeira­
mente pregam o evangelho do Senhor Jesus Cristo no 
poder do Espírito Santo, essas estão sendo reaviva­
das.
Para cumprir sua missão na terra, a igreja precisa 
tocar todos os setores da sociedade. Deve servir tanto 
aos líderes do governo como aos camponeses. Deve 
ser exemplo de justiça e de misericórdia. Deve atender 
às necessidades humanas e físicas do povo enquanto 
procura salvar-lhes a alma. Para que a igreja atinja este 
grande alvo, é preciso que tenha direção. Precisa 
saber para onde vai e como chegar lá. Tem de dizer ao 
mundo que não o abandonamos ao léu da sorte— 
que, embora o deus deste século esteja em atividade, 
assumimos um novo compromisso de alcançar a 
comunidade incrédula de uma maneira mais ampla.
Nosso Plano para Alcançar as Nações
O Crescimento da Igreja Internacional reúne-se com 
líderes cristãos evangélicos de todas as partes do 
mundo. Nosso plano é simples.
1. Avaliamos a composição geral da comissão 
organizadora nacional. Desejamos tocar a igreja toda e 
não apenas um segmento dela. Não somos de nature­
za sectária; desejamos trabalhar com pessoas verda-
Internacional 153
deiramente interessadas na evangelização e no cresci­
mento da igreja. Cuidamos de que a comissão se 
constitua de membros respeitados e representativos 
da igreja evangélica no país. Cremos que os princípios 
aqui apresentados funcionarão em qualquer igreja que 
crê. Por isso não desejamos limitar a conferência a 
uma denominação em particular.
2. Trabalhamos, pois, estreitamente com a comis­
são local dos líderes eclesiásticos para que os arranjos 
coordenados sejam feitos com fé. Em fevereiro de 
1982 fomos às Filipinas. Disseram-me que esta seria a 
pior conferência do C.l.I. Não havia dinheiro nem 
tempo suficientes para um cuidadoso planejamento. 
Não obstante, nosso povo, trabalhando com a comis­
são local, encabeçada pelo bispo Castro da igreja 
metodista, havia planejado com fé. Alugaram o maior 
auditório, com capacidade para 30.000 pessoas.
Embora alguns de meus mais chegados auxiliares 
me aconselhassem a cancelar a conferência, eu sabia 
que Deus me havia falado. Por isso não fiquei 
surpreso ao ver os resultados da reunião do C.l.I. de 
Manilha. Nosso grupo foi recebido no aeroporto por 
uma delegação oficial, incluindo autoridades governa­
mentais. Imediatamente fomos conduzidos aos veícu­
los que o governo providenciou para levar-nos ao 
hotel. Viajávamos, sempre escoltados por policiais em 
motocicletas. Cinco mil pastores inscreveram-se para 
fregüentar o seminário.
A noite, o auditório lotava. Preguei o evangelho 
todas as noites e convidei o povo a decidir-se por 
Cristo. Oito mil pessoas tomaram a decisão de seguir a 
Jesus Cristo. O governo foi tão receptivo à nossa 
ênfase sobre o crescimento da igreja, que nos ofereceu 
um almoço. O presidente Marcos agradeceu nossa ida 
às Filipinas. Reconheceu a importância da igreja em 
seu país como a mais eficiente organização promotora
154 Muito mais do que números
Internacional 155
de uma época de renovação social e espiritual.
Durante a semana que passamos em Manilha, vi­
mos os líderes eclesiásticos da nação tocados pelo 
poder de Deus. Saíram dos seminários de ensino com 
uma nova confiança e esperança no crescimento da 
igreja.
3. Escolhem-se oradores que possam falar por 
experiência própria e também teoricamente acerca do 
crescimento da igreja. Tenho uma dívida de gratidão 
para com muitos pastores que viajam às suas próprias 
expensas para apresentar os princípios de crescimento 
da igreja nas conferências do C.I.I. O pastor Thomas 
F. Reid, de Buffalo, da cidade de Nova Iorque, tem 
trabalhado comigo em muitas conferências sobre 
crescimento da igreja.
Havendo posto a funcionar em sua igreja de 
Orchard Park os princípios expostos neste livro, o 
pastor Reid fala com base na experiência. As reuniões 
de grupos familiares têm sido o segredo do seu êxito. 
Um dos grupos, dirigido por um judeu convertido, 
treinado pelo Dr. Reid, começou na comunidade 
judaica da região de Buffalo. Logo perceberam a 
necessidade de adquirir um local de reuniões, e 
compraram uma ex-casa funerária judaica. Agora,* nas 
noites de sextas-feiras, muitos crentes judeus se reú­
nem e trocam experiências sobre sua nova fé no 
Messias. Estão mobilizados, também, para ganhar 
outros judeus para Cristo. O grupo ainda é parte vital 
da igreja-mãe, mas adotou o princípio da homogenei­
dade e vem obtendo ótimos resultados.
Outro grupo é responsável por alcançar os bairros 
necessitados da cidade de Buffalo. Com isso, prestam 
um grande serviço a uma parte dessa cidade negligen­
ciada por outras igrejas. Essas pessoas outrora pobres 
têm nova esperança. Suas condições financeiras talvez 
não tenham mudado dramaticamente ainda, mas
descobriram que a pobreza é um estado mental e não 
falta de saldo na conta bancária, se é que pobre tem 
conta em banco! Como cristãos não podemos ser 
pobres. Somos filhos do Rei. Embora não tenhamos 
todos os bens do mundo, somos herdeiros com Cristo 
de todas as riquezas do Pai. Uma vez mudada a 
atitude mental e a auto-imagem, suas condições 
materiais começaram a mudar também.
4. Escolhem-se assuntos práticos. Creio que em 
toda parte os líderes cristãos se interessam em obter 
respostas práticas para seus problemas. Não estão 
muito interessados em teorias; querem respostas que 
funcionem, dadas por pessoas que comprovaram tais 
respostas na experiência real. Portanto, os assuntos 
que ensinamos são de natureza muito prática.
Em um dos seminários nos Estados Unidos, come­
cei as sessões perguntando: “Como vão convencer 
suas igrejas de que precisam mudar a forma de pensar 
e tomar um rumo diferente?” De imediato pude ver o 
interesse no rosto dos ouvintes. Homens e mulheres 
que se inscreveram para a conferência haviam viajado 
muitos quilômetros para descobrir nova direção para 
seus ministérios. Depois de freqüentar seminários e 
mais seminários e sessões de pergunta-e-resposta, 
estavam entusiasmados com o crescimento da igreja 
em suas próprias congregações. Estou certo de que 
durante a noite muitos deles se puseram a fazer planos 
para convencer as comissões de suas igrejas a aceita­
rem a idéia desta nova direção. Minha pergunta havia 
despertado intenso interesse.
Falei durante duas horas sobre uma forma prática 
de motivar as igrejas. Usei muitos exemplos de minha 
própria igreja bem como de alguns dos mais bem- 
-sucedidos pastores do mundo. Mantemos as sessões 
engrenadas de modo a atender às necessidades 
práticas dos líderes evangélicos.
156 Muito maisdo que números
Internacional 157
5. Sempre trabalhamos através da igreja local. 
Embora me fosse mais fácil e mais prático organizar 
nossas próprias reuniões com uma equipe preparada 
para obter a cooperação das igrejas locais, prefiro 
trabalhar através destas. Não estou, com isto, critican­
do o ministério de muitos dos grandes evangelistas 
que vão a uma cidade com sua própria organização. 
Creio que o pastor e o evangelista devem trabalhar 
juntos visando ao grande alvo da evangelização do 
mundo. Se os evangelistas fossem esperar pela coope­
ração dos pastores de algumas comunidades, nunca 
pregariam nessas áreas. Infelizmente, muitas igrejas 
ainda vivem em competição e não captam a visão do 
crescimento da igreja. Contudo, como pastor que tem 
um ministério dedicado à edificação do Corpo de 
Cristo, devo trabalhar através da igreja local. Isto 
mantém minhas boas relações com a liderança da 
igreja local e torna mais eficaz a obra do Crescimento 
da Igreja Internacional.
6. Como é financiado o C.I.I.? Toda organização 
religiosa tem, hoje, um programa para levantar fun­
dos; ou, assim parece. A recente recessão tem atingido 
o mundo com um severo golpe que não tem poupado 
os grupos religiosos. Contudo, nossa confiança está 
depositada no Senhor do povo e não no povo do 
Senhor. Mas, para que o Crescimento da Igreja 
Internacional continue a existir fora da Coréia, precisa­
mos levantar uma considerável soma.
Quando estamos em países economicamente de­
senvolvidos, geralmente levantamos uma oferta de 
amor para o C.I.I. que ajuda a financiar nossa obra no 
mundo subdesenvolvido. As igrejas nesta parte do 
mundo passam por grandes necessidades.
Nosso ministério pela televisão nos Estados Unidos, 
tão-logo comece a sustentar-se, passará a levantar 
fundos missionários para alcançar o mundo todo com
a mensagem do crescimento da igreja. Esta é a única 
esperança do mundo. E preciso que a igreja local e o 
ministério se revitalizem, se quisermos ver este mundo 
efetivamente ganho para Cristo. Pessoalmente, tenho 
meus recursos comprometidos com esta causa; e Deus 
está agora trazendo muitas igrejas e homens de 
negócios que se unem a nós para as finalidades já 
mencionadas.
Deus tem-nos dado membros do C.I.I. com uma 
nova visão em Cingapura, na Europa e nos Estados 
Unidos. Embora o grupo esteja apenas começando a 
crescer, seu compromisso é com a evangelização do 
mundo.
7. As publicações são outro recurso com que conta 
o Crescimento da Igreja Internacional. Até ao ano 
passado, a revista das nossas missões denominava-se 
World of Faith (Mundo da Fé). Seu nome atual é 
Church Growth (Crescimento da Igreja), publicação 
trimestral. Nela continuamos a apresentar os princí­
pios que efetivam o crescimento da igreja. Publicamos 
com regularidade artigos escritos por pastores bem-su­
cedidos, que em todas as edições dão suas experiên­
cias sobre o crescimento da igreja. Outro aspecto 
importante de cada edição é a reportagem vinda de 
todo o mundo, mostrando o que Deus está fazendo 
por intermédio do C.I.I. Atualmente esta revista é 
publicada em inglês, mas esperamos produzir edições 
em outras línguas também.
Publicamos a revista na Coréia com o auxílio de um 
pessoal consagrado. Uma das seções mais populares 
da revista é um relatório atualizado do progresso da 
Igreja Central do Evangelho Pleno.
8. Efeitos do Crescimento da Igreja Internacional. 
Através do ministério do C.I.I. temos visto um número 
significativo de igrejas tornar-se literalmente mais 
eficientes em alcançar suas comunidades para Cristo.
158 Muito mais do que números
Internacional 159
O pastor Robert Tilton, do norte de Dallas, contou-me 
recentemente sua história. Hoje ele é membro da 
nossa junta de televisão, que conta com alguns dos 
mais bem-sucedidos pastores dos Estados Unidos. É 
um forte mantenedor do ministério do C.I.I.
Não faz muitos anos, o pastor Tilton e a esposa 
mudaram-se para um bairro de Dallas com o propósi­
to de edificar uma igreja para atender às necessidades 
daquela grande cidade. Conheci o pastor Tilton há 
dois anos, e logo reconheci nele um homem de visão. 
Em questão de poucos anos, ele construiu uma igreja 
com uma congregação de sete mil membros. Seu 
ministério pela televisão, “Estrela d’Alva” , é agora 
retransmitido em várias cidades dos Estados Unidos. 
Uma vez que o pastor Tilton captou a visão do 
crescimento da igreja, foi em frente com ela. Hoje ele 
conta com seiscentos grupos familiares na cidade de 
Dallas. Estão, presentemente, com um programa de 
construção que em breve se completará, com capaci­
dade para cinco mil lugares.
“Meu alvo é ter uma congregação de 100.000 
membros em 1986” , declarou ele com firme determi­
nação. Creio que haverá muitas igrejas desse porte em 
todas as grandes cidades do mundo quando os 
pastores captarem a visão do crescimento da igreja.
O pastor Stanley, da Primeira Igreja Batista de 
Atlanta, do estado de Geórgia, há dois anos veio à 
Coréia com seu colega de pastorado. Eu não sabia 
que o Dr. Stanley era um destacado ministro da 
denominação batista. Chegado à Coréia, ele apresen­
tou uma atitude humilde. Disse apenas: “Viemos orar 
e aprender.” Fiquei bem impressionado com a humil­
dade e simplicidade do Dr. Stanley. Todavia, de volta 
à bela cidade de Atlanta, ele começou a pôr em prática 
os princípios que aprendeu em Seul. Os resultados 
são de fato impressionantes. Nos últimos dois anos a
igreja dobrou de tamanho, o que é uma realização 
notável mesmo pelos padrões batistas.
Van Nuys, na Califórnia, é uma localidade deliciosa 
dos Estados Unidos. A Primeira Igreja Batista dessa 
cidade é pastoreada pelo Dr. Jess Moody. O pastor 
Moody ia muitíssimo bem em Palm Beach, na Flórida, 
quando o Senhor o chamou para sua nova congrega­
ção na Califórnia. A igreja passara por algumas 
dificuldades e a assistência estava caindo. O Dr. 
Moody começou a buscar o Senhor com respeito a 
uma nova direção para a igreja. Depois de muito orar, 
o Espírito Santo falou-lhe ao coração que entrasse em 
contato com o nosso ministério. Desde esse tempo nos 
tornamos amigos íntimos, e agora o Dr. Moody faz 
parte da junta consultiva do C.I.I.
Através do sistema de grupos familiares, a igreja do 
Dr. Moody é hoje uma das maiores da Califórnia. Mas 
a visão não parou aí. Ele acredita em manter contato 
com cada membro de sua grande igreja. Por isso foi 
instituído o sistema de grupos familiares. Hoje os 
líderes desses grupos estão falando do amor de Cristo, 
individualmente, aos astros do cinema e também à 
classe trabalhadora de Van Nuys.
Desejamos contatar igrejas de todas as denomina­
ções que sintam sincero desejo de evangelizar as 
comunidades em que vivem e, portanto, crescer 
dinamicamente.
Seja na América do Norte, na América Latina ou na 
Europa, a história é sempre a mesma. Deus está 
usando o C.I.I. como jamais imaginei. E possível que 
no passado, minha visão tivesse sido pequena demais, 
mas agora tenho uma visão maior do que nunca. 
Minha visão quanto ao C.I.I. foi influenciada no ano 
passado pela cruzada evangelística de Cingapura.
Cingapura é um dos mais belos lugares do mundo. 
A prosperidade chegou a esta pequena ilha não faz
160 Muito mais do que números
Internacional 161
muitos anos. O país é, em grande parte, de origem 
chinesa, mas há, também, uma grande população 
indiana e européia.
No ano passado, os dirigentes de empresa de 
Cingapura receberam uma visão do Espírito Santo. 
Deviam patrocinar uma cruzada nacional que atingisse 
todo o país. Alugaram um estádio de futebol com 
capacidade para 70.000 pessoas. Um líder empresa­
rial, o Sr. Wy Wy Wond, pagou toda a publicidade nos 
jornais do país. A comissão era constituída de pasto­
res, empresários e profissionais de diversas categorias. 
Esses homens e mulheres tinham algo em comum: um 
desejo ardente de reavivamento em Cingapura, cuja 
população cristã é pequena.
Durante cinco noites seguidas as chuvas caíam 
torrencialmente. Mas às seis horas da tarde océu 
clareava e podíamos reunir grandes multidões para 
ouvir o evangelho.
O número total de pessoas que vieram à frente para 
aceitar a Cristo me deixou surpreso. Todas as noites 
eu repetia: “Por favor, venham somente os que 
desejam aceitar a Cristo como seu Salvador pessoal 
pela primeira vez na vida.” E cada noite, contamos 
mais de 50.000 pessoas decidindo-se por Cristo.
Minhas reuniões com os dirigentes das igrejas locais 
foram muito animadoras. Creio que Cingapura será 
futuramente um baluarte do Cristianismo. Há pessoas 
aí comprometidas com o crescimento da igreja. Minha 
esperança é que usem sua recente prosperidade para 
alcançar com maior eficiência outros asiáticos para 
Cristo.
Seja na França, onde vimos dez mil pessoas ir à 
frente, ou na Dinamarca, Finlândia, Alemanha Oci­
dental, ou no Japão, temos visto o C.I.l. como 
instrumento eficaz nas mãos de Deus para alcançar
lideres e membros das igrejas com nova esperança e 
nova visão.
Em janeiro deste ano falei num Seminário da Fé, 
em Winter Haven, na Flórida. O pastor Quinten 
Edwards hospedou esta conferência em sua bela e 
nova igreja, com capacidade para mais do quatro mil 
pessoas. O Dr. Edwards também é membro da junta 
de televisão do C.I.I. Enquanto estava neste seminá­
rio, o Espírito Santo falou-me: “Meu filho, você vai 
tocar cada pastor e líder eclesiástico deste país. 
Embora eu lhe dê permissão para falar a todos os 
cristãos, sua principal tarefa é abrir o coração e 
comunicar aos pastores e líderes de igrejas o que eu 
lhe tenho falado.” Sexta-feira à noite anunciamos que 
no domingo de manhã eu falaria somente aos líderes e 
pastores. As nove horas, vi duzentos pastores reunir-se 
na Catedral do Cipreste, ansiosos por ouvir a Palavra 
de Deus. Nessa reunião falei durante duas horas. 
Notei que havia poucos com os olhos enxutos en­
quanto eu lhes transmitia a Palavra. Alguns me 
disseram que a unção do Espírito Santo foi tão 
poderosa que mal podiam conter-se assentados.
Isto mudou minha estratégia. Agora realizo uma 
sessão especial com os líderes eclesiásticos aonde quer 
que eu vá. Também oro a favor de cada um, pedindo 
a Deus que lhes comunique a visão do crescimento da 
igreja.
Creio que estamos vendo apenas o começo da 
eficiência do Crescimento da Igreja Internacional. 
Posso ver cada país da terra sendo alcançado com o 
evangelho de Jesus Cristo. Posso ver cada pastor que 
ama a Cristo recebendo uma nova visão do Espírito 
Santo e começando um despertamento na igreja local.
É a visão grande demais? Não! Para que o trabalho 
seja feito, precisamos ver em cada comunidade da 
terra uma igreja que se esforce. Visto que Deus me
162 Muito mais do que números
Internacional 163
permitiu edificar a maior igreja na história do mundo, 
posso falar com experiência e autoridade.
O mesmo Deus que pegou um rapaz que estava 
morrendo de tuberculose e o curou; o mesmo Deus 
que salvou esse jovem do budismo; o mesmo Deus 
que o fez construir a maior igreja num país do Terceiro 
Mundo—esse mesmo Deus ajudará este ministério em 
cooperação com outros ministérios consagrados à 
evangelização mundial.
Devemos todos trabalhar juntos para trazer de volta 
o Rei dos reis e Senhor dos senhores.
8
CRESCIMENTO DA IGREJA
E O FUTURO
Há alguns meses, voltando de uma viagem, notei 
um cavalheiro no outro lado do corredor do avião, 
que parecia estar brincando com o relógio fazia já 
algum tempo. Levantei-me, passei perto de sua pol­
trona e vi que ele brincava com o “video game” do 
relógio. Isto me levou a pensar enquanto voltava à 
minha poltrona.
Vivemos hoje na era das maiores transformações da 
história. A tecnologia desenvolveu-se tão rapidamente 
que é impossível predizer como será a vida no mundo 
nos próximos dez anos. Na Coréia, podemos ver de 
imediato o que está acontecendo ao redor do mundo.
Sociologicamente, o mundo está muito mais dife­
rente do que se pode imaginar. Não somente nos 
Estados Unidos, mas em muitos outros países, as 
pessoas estão sendo classificadas por meros números. 
Isto tem causado uma despersonalização geral da 
sociedade. Os computadores realizam hoje muitos 
serviços que antes eram feitos por pessoas. Palavras 
como “bytes” , “chips” e “software” estão-se tornan­
do parte integrante de nosso vocabulário. Por conse­
guinte, a desumanização da sociedade moderna tem 
produzido numerosos problemas que a igreja tem de 
analisar. Alienação, solidão e depressão constituem
sintomas comuns de nosso moderno estilo de vida. 
Para que possa crescer, a igreja deve conhecer os 
problemas dos nossos tempos, e indicar-lhes as res­
postas.
De há muito o medo vive conosco; nunca, porém, 
com a intensidade de hoje. Nossa capacidade de fazer 
o planeta desaparecer com o simples pressionar de um 
botão tem levado grande parte do mundo a viver com 
medo. Historicamente, sempre tivemos tragédias. 
Contudo, os sistemas atuais de comunicação instantâ­
nea têm-nos conscientizado de mais catástrofes, guer­
ras, terremotos e revoluções do que nunca antes.
Outro fato que desafia a igreja hoje é a explosão 
populacional. No ano 2000, calcula-se que haverá 
mais pessoas vivas neste planeta do que a soma de 
quantas já morreram. Entretanto, apenas pequena 
porcentagem da população mundial detém a maioria 
dos recursos do mundo. Por toda parte existem 
desigualdades. A injustiça, a opressão e a desumani­
dade crescem sempre. Qual é o lugar dos representan­
tes de Deus nesses importantes problemas? Tem a 
igreja alguma utilidade para a sociedade atual? A todo 
instante ouvimos essas perguntas, formuladas não 
apenas por liberais, mas cada vez mais por outros 
crentes evangélicos sensíveis a tais problemas e preo­
cupados com eles.
Alvin Toffler, renomado escritor norte-americano, 
recentemente escreveu um livro que fala das altera­
ções sociológicas atuais, e procura dar-nos uma pers­
pectiva fora do comum com respeito a elas. Em seu 
livro, A Terceira Onda, ele analisa o passado em 
termos de ondas da experiência humana. Usa a 
metáfora das ondas porque elas se misturam umas às 
outras de sorte que muitas vezes coexistem, não 
obstante permanecerem distintas.
A primeira onda, que durou milhares de anos, foi a
166 Muito mais do que números
sociedade agrícola. A segunda onda foi a revolução 
industrial, que teve início no século dezenove. A 
terceira onda, a do futuro, é a que estamos experi­
mentando agora. Contudo, a definição de Toffler não 
é fácil de se compreender. Embora o livro me pareça 
interessante, acho que o autor não poderia predizer o 
futuro com a mesma clareza com que descreveu o 
passado. E sempre mais fácil ser historiador do que 
profeta. Preocupa-me o fato de que muitos ministros 
do evangelho considerem um mal as mudanças que 
estão ocorrendo. Esquecem-se de que é Deus, e não o 
diabo, quem está no controle do futuro deste mundo. 
Todos os problemas, presentes e futuros, não são 
necessariamente obstáculos, mas oportunidades. A 
igreja não pode ser vítima da mudança; deve ser a luz 
orientadora em meio a ela.
Não tenho a mínima dúvida de que o livro mais lido 
tem as respostas na forma de princípios para os 
problemas com os quais se defronta a última parte do 
século vinte. Contudo, a verdade de Deus, a Bíblia, 
precisa ser interpretada de sorte que o mundo entenda 
a sua mensagem. Jesus não citou a Bíblia. Ele tomou a 
Palavra de Deus e a interpretou para satisfazer às 
necessidades das pessoas às quais ele servia. Para 
crescer, a igreja deve atender às necessidades da 
sociedade. Ela tem de responder às indagações e curar 
as enfermidades espirituais e emocionais que infestam 
a todos. No futuro, a igreja terá de lidar com os 
problemas que a desafiam no presente, e então 
proclamar e viver com eficiência a realidade das boas- 
-novas. Para isto, é preciso que identifiquemos os 
problemas fundamentais com que nos defrontamos. 
Lembremo-nos, também, de que o mundo não tem 
resposta para as necessidades básicas do homem; ele 
só pode fazer perguntas. Nossa responsabilidadeé 
ouvir com atenção, analisar as perguntas em espírito
£ o futuro 167
de oração, e responder com humildade.
A ciência não tem respostas para as necessidades 
humanas e sociais; contudo, é útil para dar-nos 
informações e dados. Quando os cientistas tentam 
desempenhar o papel de profetas, geralmente dão 
saltos de fé maiores que os cristãos. Robert J. Oppen­
heimer, cientista e um dos pais da bomba atômica, 
tentou imiscuir-se no papel de profeta, na década de 
1960. Declarou que, devido ao progresso da ciência, o 
futuro seria brilhante. No futuro os cientistas poderiam 
resolver os problemas do homem. Contudo, vinte 
anos depois, temos mais problemas sociais do que o 
Dr. Oppenheimer teria imaginado. A verdade é que os 
cientistas estudam as enfermidades humanas partindo 
de uma base de pressupostos errados. Visto que o 
problema básico do homem é espiritual, a resposta 
deve ter uma base espiritual. Só quem está em 
comunhão com o Espírito Santo pode lidar efetiva­
mente com os problemas do mundo. Em assim 
fazendo, preenche o vazio da necessidade humana e 
se torna mais pertinente na opinião da comunidade.
Nossa mensagem. Nossa mensagem deve ser apre­
sentada com clareza e concisão. Temos de ventilar 
problemas importantes para nossa comunidade. De­
vemos considerar as perguntas que as pessoas estão 
fazendo e dar-lhes respostas honestas e específicas. 
Nenhum outro grupo possui um livro-fonte eterna­
mente verdadeiro. Somos os guardiães do manual do 
fabricante para uma vida melhor. Nosso Criador 
comunicou-nos as regras que funcionam. Entretanto, 
o mundo não está cônscio das direções claras que 
Deus nos deu. Certa vez ouvi um ditado que me 
pareceu verdadeiro: “Se tudo mais falhar, leia as 
instruções.” A sociedade não está funcionando, mas 
onde estão as instruções? Estão na Bíblia Sagrada. O 
Espírito Santo está à espera de que nos comunique-
168 Muito mais do que números
mos com ele, para que possa tomar a verdade eterna e 
aplicá-la especificamente aos nossos problemas pre­
sentes.
Mensagem bem-sucedida. Um princípio fundamen­
tal de êxito usado nos negócios é: “Encontre um vazio 
e preencha-o eficientemente.” Este mesmo princípio 
funciona na edificação de uma igreja bem-sucedida. 
Toda cidade tem algo com que preocupar-se; pode ser 
desemprego, inflação, energia, crime, política ou outra 
coisa qualquer. Preencha o vazio! Comunique-se com 
o Espírito Santo e descubra o que ele tem para dizer 
acerca do problema. Ele o guiará às passagens bíblicas 
corretas. Quantas vezes lemos que Jesus tomou um 
rolo do Antigo Testamento; leu um capítulo, e a seguir 
começou a falar sobre os versículos que havia lido? 
Poucas vezes. Por quê? Porque ele sabia como 
prender a atenção das pessoas.
Que adianta ter as respostas para perguntas que as 
pessoas não fazem? Devemos responder às perguntas 
que estão sendo feitas. Jesus lidou com problemas 
como os impostos cobrados pelos romanos e atitudes 
para com os pobres e maltratados. A seguir deu as 
respostas vindas do Pai e apoiou suas palavras com as 
Escrituras. Ao examinar o ministério da igreja do Novo 
Testamento, vemos um grupo que contava com 
poucos intelectuais, que dispunha de poucos recursos 
financeiros, mas que mudou o curso da história. Este é 
o tipo de igreja que pode, no fim da presente era, 
satisfazer às necessidades da raça humana na hora de 
sua maior provação. O necessário é que a igreja 
complete o processo de restauração. Isto é, restabele­
cer a igreja ao seu equilíbrio, ministério, verdade, 
unidade e poder iniciais.
Escatologicamente falando, creio na verdade de 
que há um período vindouro em que o mundo passa­
rá por grande tribulação. Creio que o Anticristo se
£ o futuro 169
manifestará e os homens receberão a justa recompen­
sa por seus atos. Mas creio também que a igreja será 
forte antes do fim da presente era e poderá realizar a 
ordem que Cristo deu de levar as boas-novas a todas 
as nações. Sou, portanto, otimista quanto ao futuro da 
igreja.
Poderemos usar os recursos de que dispomos para 
pregar com eficácia a Palavra à maior audiência em 
potencial já congregada na história do mundo? Ser- 
mos-á possível pregar a verdade no poder do Espírito 
Santo para que o resultado seja mais gente no céu do 
que no inferno? A resposta às duas perguntas deve ser 
positiva.
Para atingir essas grandes metas, devemos ver 
completado o processo de restauração. Que pretendo 
dizer por processo de restauração?
Depois de tornar-se aceitável e dotada de poder, a 
igreja se corrompeu. Na história européia, a resultante 
degeneração da igreja causou o que comumente se 
conhece como Séculos de Trevas, ou seja, a Idade 
Média. Ocorreu uma mudança quando Martinho 
Lutero redescobriu a doutrina da justificação pela fé e 
a trouxe de volta à igreja. O Espírito Santo serviu-se 
de João Wesley para mostrar outro aspecto do 
processo de reforma e restauração—acentuar a verda­
de da santificação e da santidade. O Espírito Santo e 
seus dons foram trazidos de volta à igreja no começo 
do presente século, de uma forma nova. Agora 
estamos vendo a restauração da igreja local e seu 
crescimento como parte integrante do processo de 
restauração.
Hoje os pastores estão redescobrindo que sua 
principal função é preparar os leigos para o serviço ou 
ministério. Estão estabelecendo o ministério de casa 
em casa bem como o do templo. Crendo na renova­
ção e planejando para ela, estão fazendo os preparati­
170 Muito mais do que números
vos para o maior reavivamento na história do mundo. 
Há, pelo menos, cinco áreas que creio devemos ver 
restauradas na igreja em futuro próximo.
1. Equilíbrio entre razão e espiritualidade
Os homens são naturalmente atraídos para duas 
áreas diferentes de entendimento: a mística e a 
racional. Um neurocirurgião disse-me, certa vez, que 
as partes do cérebro que controlam a emoção e a 
razão operam diferentemente em todos nós. Portanto, 
somos atraídos para o aspecto místico do Cristianis­
mo, ou o que chamo de espiritual e racional. Esta 
dicotomia da percepção existe desde os tempos de 
Platão e de Aristóteles. Entretanto, na igreja do Novo 
Testamento, Paulo apresentou a doutrina básica da fé, 
enquanto João apresentou o relacionamento experi­
mental com Cristo. Houve um equilíbrio de teologia e 
experiência.
Calvino, embora muitíssimo influenciado pelo con­
ceito agostiniano da graça, dependeu fortemente da 
razão para desenvolver sua teologia. Sua razão, 
porém, foi usada dentro da estrutura bíblica. Ele 
influenciou e, por sua vez, mudou totalmente a 
sociedade da sua época mediante o ensino contínuo 
da Palavra de Deus. Mas deu pouca ênfase ao aspecto 
experimental do Cristianismo.
Não obstante os ensinos de Martinho Lutero serem 
ortodoxos, muitas vezes ele se referia às suas expe­
riências espirituais.
Os cristãos evangélicos da era presente enfrentam a 
mesma opção com referência à fé. Contudo, o que a 
comunidade crente está tendo é um equilíbrio ade­
quado entre a razão e a experiência. Nós, na Igreja 
Central do Evangelho Pleno, esforçamo-nos por al­
cançar uma síntese adequada entre experiência e 
teologia. Nos últimos quinze anos tenho visto a
E o futuro 171
importância de ambas. Oriundo de um ambiente 
pentecostal, tive forte influência de um Cristianismo 
experimental, o que fez que a realidade da presença 
divina se tomasse significativa não só para a minha 
mente mas também para o meu coração. Mas tenho 
observado que muitos que confiam demais na expe­
riência tendem para a instabilidade em seu andar 
cristão. O motivo é que a experiência não é uma 
constante. Ela se baseia na emoção, que, do ponto de 
vista moral, é neutra. Em outras palavras, a emoção 
não é boa nem má. É um fenômeno da vida que, 
dependendo dos estímulos, pode ser a base de grande 
dor ou de grande prazer.
A igreja não teve origem como resultado de prele­
ções teológicas; começou como resultado de uma 
intervenção divina que resultou em elevação emocio­
nal. Mas a igreja cresceu em virtude do ensinocontínuo dos apóstolos e da aplicação prática desse 
ensino na comunhão diária e na oração dos novos 
santos.
A ênfase de nossa igreja não tem desprezado o 
aspecto experimental, em particular a experiência 
muitíssimo importante que é o novo nascimento; 
temos ensinado nosso povo a viver e a testemunhar. 
Nossos cultos são de tal natureza que ninguém que 
entre na igreja pela primeira vez se sinta fora de lugar. 
Temos procurado manter equilíbrio entre ensino vigo­
roso e experiência. Por outro lado, tenho observado 
que, em muitas igrejas que acentuam puramente o 
ensino e negam a experiência, os membros têm a 
tendência de ser estéreis e mortos. A oração, o 
principal ingrediente do reavivamento, não é encareci­
da com o fervor mencionado nas Escrituras. Há 
necessidade de que as pessoas se libertem do temor 
do desconhecido e confiem em que o Espírito Santo 
não trará confusão e, sim, paz.
172 Muito mais do que números
Tive, recentemente, o prazer de visitar a Primeira 
Igreja Batista de Van Nuys, na Califórnia. Durante 
algumas semanas o pastor Jess Moody ministrou 
ensino sobre louvor e adoração. Embora a igreja não 
seja carismática, os membros cantavam e cultuavam a 
Deus de uma maneira tão entusiástica que a gente 
pensava estar num culto pentecostal. O Dr. Moody, 
homem erudito, com longa e fiel reputação na deno­
minação batista, crê que as passagens bíblicas concer­
nentes ao louvor e à adoração não podem ser 
eliminadas da Bíblia. Visto como as igrejas evangélicas 
creem nas Escrituras, o entusiasmo pertence a todos 
os evangélicos, pentecostais ou não. O vigoroso 
crescimento da igreja do Dr. Moody se deve não só ao 
sistema de grupos familiares, mas também a um culto 
de adoração animado e vibrante nos domingos.
Espírito sem Palavra causa fanatismo. Palavra sem 
Espírito causa estagnação (o Dr. Cho emprega, no 
original, um neologismo: “estagnatismo” —N. do T.). 
Um equilíbrio adequado de ambos causará crescimen­
to dinâmico da igreja.
2. Restauração do ministério
Um problema que vemos na igreja atual é a erosão 
da confiança do público em geral com relação a 
muitos que se encontram em posição de liderança 
eclesiástica. Os jornais atacam a ética e a credibilidade 
dos ministros religiosos com aparente impunidade. 
Muitos dos renomados líderes religiosos têm sido 
atacados de uma maneira incomum, nestes últimos 
tempos, com relação à moral e negócios. Infelizmente, 
isto influencia a todos nós que estamos no ministério.
Conquanto grande parte daquilo que se diz contra 
os servos de Deus não tenha apoio nos fatos, Satanás 
tem utilizado este fogo de barragem para desacreditar 
a igreja em geral. O cinismo que se tem desenvolvido
E o futuro 173
no público em geral não é novidade. Na Idade Média, 
a comunidade européia mostrou atitude semelhante 
para com o clero, o que ajudou a motivar a Reforma. 
Hoje há necessidade de uma nova reforma e esta deve 
começar pelos líderes da igreja.
O profeta trata deste assunto no capítulo 34 de 
Ezequiel, que corresponde ao 23 de Jeremias. Deus 
censura os pastores de Israel em termos fortíssimos. A 
base de seu juízo divide-se em quatro partes.
1. Deus responsabiliza os líderes pela salvaguarda 
das ovelhas.
2. O cuidado devido das ovelhas as impedirá de 
transviar-se.
3. A alimentação devida proporcionará segurança.
4. A raiz do problema está na preocupação do 
pastor com suas próprias necessidades e não 
com as do povo.
A resposta de Deus é explícita.
Davi seria levantado como pastor e Deus seria mais 
evidente para as ovelhas. A esta altura o povo seria 
abençoado e bem alimentado. Há necessidade, nesta 
última parte do século vinte, de uma restauração do 
ministério. A palavra ministro significa servo, e não 
governante. A base de nossa autoridade não é judicial 
mas voluntária. As pessoas seguem minha liderança 
não porque tenham de fazê-lo, mas porque o dese­
jam. Que é que faz 300.000 pessoas desejarem seguir 
minha liderança como pastor? É simples, sabem que 
sou seu pastor porque estou a serviço delas e porque 
Davi (o Senhor Jesus Cristo) está operando por meu 
intermédio. Portanto, não posso aceitar o crédito 
pessoal pelo êxito que com toda a honra pertence a 
Cristo. Ele é o Pastor. Eu sou o pastor-ajudante, cujo 
dever é executar suas instruções.
O fato de sermos simples servos do povo deve
174 Muito mais do que números
demonstrar-se por ações, e não apenas por palavras:
1. Nossa atitude não pode ser arrogante; deve ser 
humilde.
2. Nosso estilo de vida não pode pôr em dúvida 
nossos motivos.
3. Nosso ministério não deve salientar o perfil 
pessoal.
4. Nossos recursos não podem ser usados para 
edificar monumentos a nós mesmos.
5. Nosso tempo não pode ser gasto em atividades 
que não tragam benefícios diretos à igreja.
6. Nossa vida de oração deve ser mantida para que 
o Grande Pastor possa dirigir-nos ativa e conti­
nuamente.
7. Nossos desejos devem ser purificados de tudo 
quanto não pertença ao reino de Deus.
A observação dos sete princípios arrolados acima 
não nos livrará dos ataques de Satanás, mas impedirá 
ataques justificados. À medida que permanecemos 
fiéis a Cristo, a ele cabe justificar-se. Não temos, 
portanto, de justificá-lo.
Assim como o século dezesseis produziu um novo 
ministério que serviu de exemplo para outros, assim 
também vemos que se desenvolve um novo corpo de 
clérigos nestes últimos tempos. O desejo deles é para 
as ovelhas, e não para si próprios. Seu alvo é a 
edificação do reino de Deus, e não seus próprios 
reinos. Sua fonte é o Espírito Santo, e não suas 
próprias idéias. Isto terá como causa uma nova 
credibilidade dentro de cada comunidade dos que 
estão sinceramente buscando a realidade que só 
Cristo pode oferecer.
Portanto, sou otimista com relação ao futuro da 
igreja no final da presente era. Temos o exemplo da 
igreja primitiva que não era perfeita, mas dotada de
E o futuro 175
poder. Temos dois mil anos de história da igreja que 
podem ajudar-nos a não cometer os mesmos erros. E 
temos a promessa do primeiro milagre de Cristo; que 
Cristo reservou o melhor para o fim.
3. Restauração da verdade
Para compreendermos a crescente importância do 
papel do serviço equilibrado que a igreja presta ao 
mundo, devemos entender para onde vai o homem 
do século vinte.
Andando por uma grande cidade do Ocidente, no 
ano passado, fui a um museu de arte. Conquanto 
geralmente eu esteja ocupado demais para ir a 
museus, fiquei curioso por descobrir o que os artistas 
estavam produzindo na década de 1980. Dirigi-me à 
seção chamada Arte Moderna. Estudei o que me 
pareciam ser linhas irracionalmente pintadas na tela. 
“Isto é arte?” perguntei a mim mesmo. “Meu filho 
pequeno poderia pintar melhor do que isto” , conti­
nuei, de mim para mim. Todavia, em vez de apenas 
bancar o crítico, enquanto voltava ao hotel comecei a 
pensar sobre o que eu havia visto. E facílimo para os 
cristãos criticarem o mundo hoje e julgarem-no segun­
do nossos padrões. Se Deus nos concedeu a graça de 
viver, pensar e atuar como cristãos, por que somos tão 
prontos para julgar o mundo se ele não é recipiente 
desta graça? Não, a responsabilidade do servo de 
Deus não é proferir sentença sobre o sistema mundial, 
mas trazer a verdade divina aos não-regenerados de 
forma compreensível e amável.
Não é difícil ver que o mundo, como outrora o 
conhecemos, mudou muito. Basta que giremos o 
botão sintonizador do rádio para que topemos com o 
que presentemente se chama “o novo som”. Se 
agüentarmos ouvir por alguns minutos, perceberemos 
que o que estamos ouvindo já não são melodias e
176 Muito mais do que números
harmonias, mas puro barulho. As regras que costuma­
vam governar a composição musical foram sistemati­
camente quebradas pelo desejo de libertar-se delas. A 
linha que ressalta aquilo que está por trás da nova arte 
e música é um crescente senso de extremo cepticismo; 
não apenas quanto a Deus, mas cepticismo básico ao 
conceito da verdade. Em outras palavras, a desordem 
geral que seavoluma na maioria das áreas da 
expressão humana é um ataque à qualidade funda­
mental da própria ordem. Para que entendamos isto, 
precisamos compreender a relação que há entre 
verdade, ordem e regras. As regras existem para 
manter a ordem. A ordem existe devido ao conceito 
humano básico de verdade.
No passado, a composição musical tinha ordem e 
significado. J. S. Bach compunha música com grande 
simetria. Havia começo e fim. As artes visuais também 
continham significado. As grandes obras-primas po­
diam ser apreciadas porque o observador entendia 
imediatamente o assunto da pintura. Também o pintor 
expunha o assunto de modo que deixava a pessoa 
emocionada por uma compreensão ou sentimento 
particular. Dessa forma, a pintura transmitia significa­
do. Que foi que causou essa mudança dramática e 
intrigante? Que é que está impulsionando a contínua 
destruição da ordem em nossa sociedade? Na minha 
opinião, é um ataque à ordem provocado pelo 
cepticismo.
Uma pessoa céptica é aquela que já não crê na 
universalidade, na integridade e na objetividade da 
verdade. A verdade se torna, pois, uma realidade 
subjetiva. A afirmativa do céptico é: “Aquilo que é 
verdadeiro para você não é necessariamente verda­
deiro para mim.” Para o céptico, a verdade já não é 
universal, não tem sentido. Visto que a verdade, 
segundo o céptico, já não é significativa, ela perde a
E o futuro 177
integridade. E pelo fato de já não ser objetiva, pode 
tomar-se pessoal e subjetiva.
Então o céptico pode justificar sua ética como sendo 
situacional. Isto é, aquilo que é certo pode mudar, 
dependendo das circunstâncias. Visto que artistas e 
compositores são os intérpretes óbvios da filosofia 
predominante da época, pintam e compõem hoje para 
convencer a sociedade atual da realidade e autentici­
dade de sua posição filosófica.
No meu entender, esta nova posição do cepticismo 
não é nova. Pirro, antigo filósofo grego, foi o primeiro 
expoente desta filosofia de que temos conhecimento. 
Assim, entre os filósofos e os teólogos, esta posição é 
chamada de “Pirronismo” . Qual é nossa resposta?
Embora essa tendência não seja nova, o que é novo 
é a aceitação em larga escala que o cepticismo tem 
tido dentro da comunidade intelectual do Ocidente. 
Nós, no Oriente, estamos começando a ser influen­
ciados por ela. Se julgarmos pela história recente, em 
futuro próximo a igreja estará às voltas com o 
cepticismo numa escala muito mais ampla.
Quando a verdade se torna relativa, deixa de existir. 
Quando digo: “Isto é verdadeiro” , não estou apenas 
dando uma opinião acerca de algo que, naturalmente, 
é subjetivo. Estou confiando numa realidade universal 
que dá substância àquela declaração. Isto significa 
que, sem exceção, essa afirmativa é sempre verdadei­
ra. Embora alguns filósofos modernos aleguem que as 
declarações só podem ser universalmente verdadeiras 
na ciência exata da matemática, outros declaram que 
a experiência e a lógica podem ser também considera­
das. Por exemplo, existem agora (em 1983) mais de 
330.000 membros em nossa igreja em Seul. Essa 
afirmativa é verdadeira. Pode ser verificada, mas 
dentro de uma semana mudará. Portanto, não é 
universalmente verdadeira. “A terra é basicamente
178 Muito mais do que números
redonda, e não plana.” Esta declaração era verdadeira 
antes de Colombo navegar da Espanha para o Novo 
Mundo. É verdadeira hoje. E, a não ser que o globo 
seja destruído, será verdadeira no futuro.
Que é que produziu este cepticismo?
Duas grandes guerras na Europa em apenas três 
décadas causaram grande devastação. A devastação 
não foi apenas material e social; foi também intelec­
tual.
Nos séculos dezessete e dezoito, a sociedade secular 
começou a descartar a fé no Cristianismo. Por outro 
lado, em particular no século dezenove, a comunidade 
intelectual começou a ter fé na capacidade do homem 
de criar uma sociedade pacífica, justa e duradoura, 
usando para isso a lógica e a razão. Muitos teólogos 
também participaram desta opinião filosófica predomi­
nante. Através da medicina, o homem venceria todas 
as enfermidades. Através da ciência, daria resposta a 
todos os mistérios do universo. Uma vez respondidas 
todas as perguntas, a humanidade poderia criar paz na 
terra. A atitude para com a religião era de que esta 
desapareceria como desapareceram os antigos mitos. 
Portanto, o homem tinha confiança em si próprio.
O Extremo Oriente estava muito mais estruturado 
em seu arcabouço sociológico. Confúcio ensinou um 
sistema de ética que permeou a maioria das socieda­
des orientais. Devido à nossa perene superpopulação, 
nós no Oriente tivemos de aprender a conviver uns 
com os outros. Portanto, adotamos um sistema que 
controlava nossas ações na vida da família, nos 
negócios e na política. O budismo era mais filosófico 
na Coréia e no Japão do que as religiões no Sudeste 
asiático.
Não obstante, a Segunda Guerra Mundial destruiu 
muitos de nossos hábitos e idéias. Os Estados Unidos 
eram o novo conquistador. Não vieram ao Extremo
£ o futuro 179
Oriente para colonizar, como o haviam feito a Grã- 
-Bretanha, Portugal e Espanha. Ajudaram-nos a re­
construir e procuraram transmitir-nos amor à liberda­
de e à democracia. Portanto, em nossa parte da Ásia, 
começamos a contar com os Estados Unidos para uma 
nova ordem social e intelectual. Aprendemos inglês a 
fim de comunicar-nos com o nosso novo Grande 
Irmão. Parece tratar-se de uma lição para a história 
moderna que as idéias começam na Europa e levam 
diversos anos para cruzar o Oceano Atlântico. Uma 
vez que se tornam parte da cultura norte-americana, 
são transportadas por filmes, televisão e literatura ao 
restante do mundo em desenvolvimento. Particular­
mente após a Segunda Guerra Mundial, o cepticismo 
começou a crescer. O existencialismo secular, que não 
deve ser confundido com a teologia existencial de 
Kirkegaard, foi promovido por muitos filósofos como 
Heidegger, Sartre, Camus e Becket, do continente 
europeu.
Na Inglaterra, começou a deitar raízes outro ramo 
da filosofia. Bertrand Russell foi um dos expoentes de 
uma filosofia chamada análise lingüística. A perda da 
fé na visão positiva do homem levou os existencialistas 
da Inglaterra e, mais tarde, os dos Estados Unidos, a 
definir palavras. Pensavam que entendendo as pala­
vras usadas na língua inglesa, a comunicação podia 
ser um meio para o progresso.
A visão existencialista secular é a de existir para o 
momento. A universalidade e a objetividade abriram 
passagem para o subjetivo. Nos anos 60, os Estados 
Unidos estavam às voltas com uma revolução social 
semelhante. Embora o cepticismo se localizasse princi­
palmente nos maiores centros intelectuais do país, 
crescia em força. A guerra do Vietnã foi o choque 
social que provocou a desordem produzida pelo 
cepticismo. Naquele tempo foram atacados o patriotis­
180 Muito mais do que números
mo, a fé no Deus Supremo, e até os mais fundamen­
tais elementos da estrutura social norte-americana.
Embora os Estados Unidos tenham vencido os 
aspectos mais insidiosos do cepticismo, os elementos 
básicos ainda funcionam na arte e na música. As 
implicações sociais e intelectuais revelam-se nos filmes 
e nos livros exportados para todo o mundo. Os filmes 
que agora trazem anti-heróis como personagens cen­
trais; os programas de televisão que pregam a aceita­
ção da imoralidade e da promiscuidade sexual, e os 
livros que proclamam a liberdade total do indivíduo a 
expensas do bem-estar da sociedade influenciam 
rapidamente o restante do mundo.
A prosperidade das últimas décadas só tem propor­
cionado mais lazer para as práticas que nós, cristãos, 
detestamos. O uso ilícito de drogas, até por dirigentes 
públicos e empresariais, o crime, a pornografia como 
arte, e a homossexualidade são apenas sintomas e não 
a causa dos problemas que a igreja local deve 
enfrentar no futuro.
O problema básico é o cepticismo, que ataca a 
universalidade e a objetividade da verdade. Que 
podemos fazer a fim de preparar-nospara atender às 
necessidades desta geração perdida?
Não somos filósofos nem teólogos. Cristo nos 
chamou a todos para amar. Devemos, portanto, 
observar três princípios básicos:
1. Entender o problema.
2. Entender a causa do problema.
3. Revelar a verdade na prática.
Nossa missão de pregar tem-se tomado mais prática 
em virtude de muitos fatores. Não temos de satisfazer 
à fé que o homem costumava depositar na ciência e 
na tecnologia a fim atender às necessidades humanas 
e sociais. Também não estamos enfrentando a grande 
fé que o homem tem tido em sua bondade inerente
£ o futuro 181
(de que ele não precisa ser salvo de coisa alguma). 
Portanto, no presente, e mais ainda no futuro, podere­
mos falar aos corações abertos ao evangelho. O 
ataque à verdade tem produzido um vazio que só 
Cristo pode preencher, porque ele é a Verdade.
Entendendo o problema. Conforme declarei ante­
riormente, o problema não é a desordem na arte, na 
música e na sociedade em formas crescentes. O 
problema é mais complexo. É uma incessante e 
crescente rejeição da verdade em sua forma universal 
e objetiva. O fato de seu argumento ser irracional não 
parece importunar os cépticos, visto como têm pouco 
desejo de serem racionais.
Entendendo a causa do problema. Não se chegou 
ao cepticismo racionalmente. O que lhe deu origem foi 
uma reação emocional à depravação do homem, que 
não é um fato novo para o crente. A Bíblia sempre 
ensinou que o homem não-regenerado era basica­
mente pecador, e só a graça de Deus o torna moral e 
reto. Jesus levou o pecado à cruz. Confiando no 
sacrifício de Cristo, que satisfaz à justiça de Deus, o 
homem é salvo do pecado.
O futuro, portanto, é nosso. Só o cristão tem uma 
estrutura universal e objetiva da realidade. Temos o 
Criador, o Pai. Temos a fonte do entendimento, o 
Espírito Santo. Temos o exemplo, o Senhor Jesus 
Cristo. E temos o grupo óbvio que revela a verdade na 
vida diária, a igreja.
Captando uma visão de ilimitado crescimento, bem 
como organizando-se de uma forma que possa efeti­
vamente lidar com esse crescimento, a igreja pode 
preencher o vazio que os cépticos criaram. Todavia, a 
igreja não deve confiar apenas em sua capacidade de 
proclamar a verdade, de uma forma clara e racional. 
Ela deve, também, proclamar a verdade no poder do 
Espírito Santo.
182 Muito mais do que números
E o futuro 183
4. Restauração do poder
“Mas recebereis poder” (Atos 1:8). A diferença 
entre a pregação atual do evangelho e a proclamação 
do evangelho na época da igreja primitiva é uma 
questão de poder. Embora usemos meios mais pode­
rosos de comunicação, a mensagem que pregamos 
parece ser menos potente. A diferença é o Espírito 
Santo. Não se trata, aqui, de uma declaração de fato 
apenas individual; é, antes, uma observação coletiva.
Para entendermos o problema, precisamos estudar 
a promessa. Atos 1:8, que citamos acima, apresenta 
dois princípios.
1. A promessa é, por natureza, coletiva. O verbo 
“recebereis” está no plural. A promessa do poder é 
dada aos discípulos como grupo. A igreja recebeu 
certas promessas que pode reclamar como grupo. 
Embora possamos ver a manifestação de poder em 
pastores ou evangelistas, individualmente, a igreja 
como um todo não está, no presente, manifestando o 
mesmo poder da igreja primitiva.
O desafio à igreja será aumentado pelas forças de 
Satanás inerentes ao secularismo, cepticismo, comu­
nismo e materialismo. Em resposta, a igreja deve atuar 
com um novo poder coletivo, e creio que o fará.
2. A promessa é certa. Jesus não disse: “Talvez 
recebais poder.” Não, ele foi categórico: “Recebereis 
poder.” A certeza de Cristo no poder que a igreja 
manifestou após o Pentecoste não estava na capacida­
de, na coragem ou na vontade dos discípulos, mas na 
capacidade do Espírito Santo.
O Espírito Santo podia tomar pessoas não dotadas 
e fazer com que os dons divinos fluíssem por seu 
intermédio. Podia tomar um apóstolo como Pedro, 
que numa só noite negou a Cristo três vezes, e fazê-lo 
erguer-se corajosamente diante de uma multidão de
judeus procedentes de todo o império romano e 
potencialmente hostis. Revestido de coragem, Pedro 
proclamou o evangelho de Jesus Cristo com grande 
clareza e poder.
Cristo podia ter certeza por causa do Espírito Santo. 
Podemos contar com o mesmo Espírito Santo, no fim 
da presente era, para fazer guias espirituais do que 
agora chamamos pastores; evangelistas, de proclama- 
dores proféticos; e testemunhas vigorosas, de leigos 
desinteressados.
5. Poder em ação
Precisamos de poder para testemunhar. A promessa 
de Cristo, em Atos 1:8, era definida: “Sereis minhas 
testemunhas.” O “dunamis” de Deus não sugere 
apenas a intensidade da força, mas também a dinâmi­
ca do propósito. O poder que Cristo prometeu, 
“martus” no grego, transformaria os discípulos em 
testemunhas. A testemunha contém três aspectos 
básicos:
a. Mártir é palavra derivada de “martus” . Portanto, 
a palavra testemunha significa sacrifício. O Espírito 
Santo dá poder à igreja para que possa proclamar as 
boas-novas de Jesus Cristo—mesmo que isso signifi­
que grande sacrifício. Em verdade, nos países em que 
a igreja se sacrifica ao máximo, seu testemunho é 
muitíssimo poderoso.
b. No grego clássico, a palavra significa uma pessoa 
que testemunha num julgamento. As testemunhas de 
maior credibilidade são as que conhecem, de primeira 
mão, determinado acontecimento. Se uma testemu­
nha no tribunal meramente repete o que ouviu al­
guém dizer, seu depoimento é considerado testemu­
nho auricular ou testemunho de ouvido. E tido como 
inaceitável e eliminado dos registros da corte.
O Espírito Santo concede poder à igreja para
184 Muito mais do que números
experimentar, em primeira mão, o esplendor e a glória 
de Cristo. Com isso ela pode proclamar as boas-novas 
do Senhorio de Cristo como testemunha ocular. Este 
testemunho é, a um tempo, seguro e crível.
c. A testemunha devia ser específica: “Minhas 
testemunhas.” O Espírito Santo deu à igreja poder 
para testemunhar as boas-novas de Jesus Cristo. Ela 
não devia pregar nenhuma outra mensagem. Con­
quanto o evangelho tenha implicações sociais, políti­
cas e econômicas, a mensagem fundamental da igreja 
tem de permanecer: “Jesus Cristo, e este crucificado.”
A vida de Paulo é um exemplo perfeito deste ponto. 
Os capítulos 17 e 18 de Atos revelam a história de 
duas cidades, Atenas e Corinto. Atenas era o centro 
intelectual do mundo ocidental. Corinto era um pode­
roso centro industrial.
Em Atenas, viajando sozinho, Paulo proclamou o 
evangelho usando seu poder intelectual. Em Corin­
to—acompanhado por Timóteo, Silas, Áqüila e Prisci­
la—Paulo proclamou o evangelho não só de forma 
racional, mas no poder do Espírito Santo. Em Atenas, 
a estada de Paulo foi breve. Em Corinto, ele permane­
ceu seis meses.
Não temos conhecimento de nenhum grande mila­
gre ocorrido em Atenas. Em Corinto, a situação foi 
diferente. “A minha palavra e a minha pregação não 
consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, 
mas em demonstração do Espírito e de poder” (1 
Coríntios 2:4). Em Atenas, o relato bíblico não indica 
que se tivesse estabelecido uma igreja. Em Corinto, 
estabeleceu-se uma igreja forte e cheia de dons, 
embora mais tarde se dividisse em facções. Se a igreja 
quiser experimentar o crescimento dinâmico, é preciso 
que reconheça, como um corpo, a promessa de 
Cristo. O desejo do Senhor é que a igreja proclame a 
mensagem com poder, de sorte que o mundo céptico
£ o futuro 185
tenha um testemunho claro.
Talvez o mundo inteiro não responda com fé; mas, 
o mundo todo deve receber um testemunho claro 
antes do fim da presente era.
6. Restauração da unidade
Durante muitos anos tem-se pregado, escrito e 
orado a respeito de João 17:24. Não obstante, o 
grande alvo da unidade cristã ainda está por atingir. 
Historicamente, o maior obstáculo que o Cristianismo 
tem tido nas partes não evangelizadas do mundo são 
as muitas vozes que o proclamam, mas que se opõem 
umas às outras.
Antesque possamos vencer as forças que nos 
dividem, devemos entender quem somos em Cristo. 
Na carta aos Efésios, Paulo revela vinte fatores que 
representam a igreja em Cristo. O que se segue é um 
comentário de versículo por versículo de trechos 
escolhidos de Efésios.
1. Escolhidos (1:4). Não somos cristãos porque 
escolhemos a Cristo, mas, sim, porque ele nos esco­
lheu.
2. Santos (1:4). A intenção divina é que sejamos 
um povo santo, o que significa sermos separados para 
o serviço divino.
3. Irrepreensíveis (1:4). Por causa da cruz, estamos 
livres de toda culpa diante de Deus.
4. Predestinados (1:5). Fomos predestinados a ser 
conformes à imagem de Cristo.
5. Favorecidos (1:6). Nossa união com Cristo 
levou-nos ao favor divino.
6. Herança de Cristo (1:11). Somos a herança que 
Cristo recebeu depois de morrer e ressuscitar dos 
mortos.
7. Preordenados (1:4). Deus quis que pertencêsse­
mos a Cristo antes mesmo da criação do mundo.
186 Muito mais do que números
8. Louvor (1:12). A intenção é que sejamos um 
louvor que traga glória ao Pai.
9. Selados (1:13). O Espírito Santo selou-nos com 
segurança.
10. Propriedade de Deus (1:14). Já não somos de 
nós mesmos, mas fomos comprados por bom preço.
11. Sentados (1:20). Estamos sentados no trono de 
Cristo, muito acima de toda autoridade na era presen­
te e na futura.
12. Seu corpo (1:23). Compomos a presença física 
de Cristo neste mundo.
13. Sua plenitude (1:23). Ele é ainda tão pleno 
neste mundo como somos plenos em sua igreja.
14. Vivos (2:5). Fomos criados com percepção 
espiritual.
15. Feitura dele (no grego, “poema” — 2:10). 
Somos obra-prima da sua criação para trazer glória ao 
Grande Senhor.
16. Concidadãos (2:19). Somos agora concidadãos 
dos santos do Antigo Testamento do Israel de Deus. 
Temos plenos direitos e privilégios.
17. Membros da família de Deus (2:19). Estamos 
incluídos entre os parentes mais chegados de Deus. 
Somos aceitos como parte de sua família.
18. Seu santuário (2:21). Somos parte de sua 
habitação divina.
19. Co-herdeiros (3:6). Somos co-herdeiros com 
Cristo. Portanto, herdamos o que Cristo herdou.
20. Somos seu exército (6:11-17). Foi-nos dado 
armamento defensivo e ofensivo com o qual podemos 
combater vitoriosamente a Satanás.
Expus essas vinte posições que desfrutamos em 
Cristo porque devemos reavaliar o que somos a fim de 
vermos o que não somos. Examinando brevemente os 
títulos que recebemos em Efésios, podemos notar 
uma similaridade esplendorosa: Não alcançamos ne-
E o futuro 187
nhuma das vinte condições por nossos próprios esfor­
ços. Elas nos foram dadas por Deus como resultado da 
obra de Cristo.
Não podemos vir a ser aquilo que Deus já nos fez 
por sua graça. Por conseguinte, é evidente que nós, 
por nossa própria força, não podemos ser nada sem a 
graça de Deus. Isto é de suma importância ao 
examinarmos o assunto da unidade.
Um princípio penetrante, que tem orientado meu 
ministério durante vinte e cinco anos é este: “Ache o 
rio da vontade de Deus. Nade nele até à metade e 
deixe que a vontade divina o faça flutuar na direção de 
seu divino propósito.” Creio ser isto que o autor da 
epístola aos Hebreus tinha em mente quando fala de 
descansar. O descanso não é passivo, mas ativo. 
Contudo, não é atividade ou esforço de nossa parte. É 
a vontade de Deus, operando em nós, que alcança 
resultados duradouros.
7. A unidade do Espírito Santo
“Esforçando-vos diligentemente por preservar a 
unidade do Espírito no vínculo da paz” (Efésios 4:3). 
O problema da união que muitas igrejas têm tentado 
realizar é que seus esforços, conquanto nobres, são 
humanos.
A igreja do Novo Testamento não se achava 
dividida em denominações rigidamente estruturadas. 
Ainda assim, as forças que causaram cismas denomi- 
nacionais estavam operando.
Uns seguiam a Paulo, outros a Apoio. Alguns 
favoreciam à adesão de Pedro à lealdade judaica; 
outros, porém, praticavam a liberdade de Timóteo.
A diferença estava em que a igreja primitiva tinha 
um jeito de lidar com os conflitos e diferenças 
doutrinárias. Os concílios podem não ter tido êxito em 
mudar as tendências naturais dos santos primitivos,
188 Muito mais do que números
mas conseguiram manter a unidade pelo espírito de 
comunicação e companheirismo.
A ordem é que preservemos a unidade do corpo de 
Cristo. Efésios 4:3 possui três aspectos que precisam 
ser estudados aqui.
1. A unidade que devemos preservar é aquela 
produzida pelo Espírito Santo. O Espírito Santo é 
espírito de harmonia, e não de discórdia. Toca todos 
os que estão em sincera comunhão com ele visando à 
unidade. A unidade é uma atitude mental. Não quer 
dizer que sempre estamos em comunhão ininterrupta 
com as demais partes da igreja. Significa que estare­
mos numa atitude de cooperação.
2. Devemos preservar a unidade. A palavra original, 
traduzida por preservar, deriva seu significado das 
ações de uma sentinela. Nossa atitude deve ser de 
vigilância. Temos de estar cônscios, acordados, infor­
mados, alertas. A sentinela não pode dormir enquanto 
em serviço. Paulo diz que devemos preservar a 
unidade porque essa é a única coisa que Satanás pode 
sempre atacar com êxito. Destruindo a unidade, 
Satanás não precisa temer nossa força.
3. O que mantém a unidade é a paz. Tranqüilidade 
é uma das mais difíceis atitudes que somos chamados 
a apresentar. Os cuidados deste mundo podem des­
truir com muita facilidade a nossa paz. Uma vez 
perturbada esta, já não nos mantemos vigilantes em 
preservar a unidade do Espírito Santo. Assim, é de 
suma importância conservar o coração em paz.
8. A unidade da fé
O corpo de Cristo será, finalmente, considerado 
maduro quando a igreja chegar à unidade da fé. “E 
ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para 
profetas, outros para evangelistas, e outros para 
pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos
£ o futuro 189
santos para o desempenho do seu serviço, para a 
edificação do corpo de Cristo, até que todos chegue­
mos à unidade da fé e do pleno conhecimento do 
Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da 
estatura da plenitude de Cristo” (Efésios 4:11-13).
Conforme eu já disse, a finalidade do ministério é 
preparar os leigos. Mas a missão de treinamento deles 
só se completará quando nós, como igreja universal, 
chegarmos a uma compreensão mais completa de 
Cristo.
Este alto e supremo alvo será alcançado quando 
chegarmos à unidade da fé.
Os primeiros crentes estavam reunidos num local e 
eram unânimes em sua maneira de proceder, quando 
o Espírito Santo concebeu a igreja. Como crianças, 
eram idealistas, mas ingênuos.
No fim do século vinte temos a mesma oportunida­
de com o mesmo Espírito Santo que deu início à 
igreja. Ele está trabalhando para aperfeiçoá-la. Temos 
dois mil anos de história para estudar e entender. Não 
temos escusa se repetirmos os erros do passado.
A unidade coletiva conduzirá a um poder renovado 
da mensagem e do ministério, que levará a uma 
compreensão ilimitada. Esta nova compreensão nos 
introduzirá na maturidade coletiva que Deus está 
aguardando. O futuro não será facil. Mas é possível 
que toda expressão local de Cristo cresça tanto 
espiritual como numericamente.
O processo de restauração está funcionando. A 
restauração não é de origem humana, mas demanda 
preservação de nossa parte. O movimento de cresci­
mento da igreja é parte integrante do processo de 
restauração. Pois, como podemos observar, os desa­
fios do futuro devem ser enfrentados numa base de 
igreja por igreja. O crescimento cristão significativo é 
realizado individualmente em cada comunidade dota-
190 Muito mais do que números
E o futuro 191
da de poder pelo Espírito Santo de Deus.
CONCLUSÃO
Procurei, neste livro, elaborar um guia para o 
crescimento da igreja, baseado nos meus vinte e seis 
anos de ministério. Passei centenas de horas orando a 
respeito do material que incluí nestas páginas. Meu 
desejo é que o leitor receba bênçãos de sua leitura.
Agora que você completou a leitura do livro,por 
favor, ore para que o Espírito Santo lhe conceda a 
graça e o poder de pôr em prática as lições que 
aprendeu. Se não usar o que eu transmiti, então a 
leitura terá sido de pouco valor.
A quem muito se dá, muito lhe será exigido. Se 
você leu e compreendeu o que eu disse, Deus o fará 
responsável. Caso tenha perguntas, escreva-me para 
o escritório de Nova Iorque:
Church Growth International
Post Office Box 3434
New York, N.Y. 10163 — E.U.A.
Impresso nas oficinas da 
Editora Betânia S/C 
Venda Nova, MG

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