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Síndrome de Cushing → Eixo da adrenal: hipotálamo libera o hormônio CRH → estimula a hipófise anterior a produzir o hormônio ACTH → estimula o córtex da adrenal a produzir o cortisol e os andrógenos. → Quando está em excesso, através de um feedback negativo, bloqueia a produção tanto do CRH e do ACTH → A glândula adrenal é constituída pela medula (10%) onde são produzidas as catecolaminas, e os outros 90% dessa é o córtex que se divide em três camadas: a camada glomerulosa que produz a aldosterona, a camada fasciculada que produz o cortisol e a camada reticular que produz os androgênios. Introdução → Exposição prolongada a quantidades excessivas de glicocorticoides livres circulantes → SC Exógena = administração terapêutica prolongada de glicocorticoides → SC Endógena = hiperprodução crônica de cortisol (hipofisária, adrenal ou ectópica) → Elevada morbimortalidade. Etiologia → Endógena: ACTH dependente: ocorre em 80% dos casos (problema está na hipófise) Doença de Cushing (80%) ACTH ectópico (20%) CRH ectópico ACTH independente (problema está na adrenal) Adenoma adrenal (60%) Carcinoma adrenal (40%) Hiperplasia de adrenal. Síndrome de Cushing exógena ou iatrogênica: → Causa mais comum de síndrome de Cushing → Doses diárias > 7,5mg de prednisona, 0,75mg de dexametasona ou 30mg de hidrocortisona por um longo período → Uso prolongado de preparações nasais, cremes e colírios contendo glicocorticoides. → Labs: ACTH e cortisol baixos (exceto nos casos do uso de hidrocortisona). → Tratamento: desmame lento do corticoide para evitar insuficiência adrenal → Redução gradual: diminuir para metade da dose e depois em dias alternados, e tentar tirar esse corticoide de forma lenta para que o eixo seja reestabelecido e não faça a insuficiência adrenal SC Endógena ACTH-DEPENDENTE Doença de Cushing: → Causa mais comum da SC endógena, seguida pelas patologias adrenais e síndrome do ACTH ectópico. → Geralmente microadenoma secretor de ACTH. → Carcinomas são extremamente raros. → Resulta em hiperplasia adrenal bilateral, mas também causa hiperplasia macronodular. → Predomínio no sexo feminino (M:H=5:1). → Início entre 20 e 40 anos. → Progressão lenta Síndrome do ACTH ectópico: → 10 a 15% dos casos de SC. → Mais comum em homens e após os 40 anos → Causa mais comum: carcinoma pulmonar de células pequenas. → Outras causas: tumores carcinoides, feocromocitomas, carcinoma medular da tireóide e tumores ovarianos. → Muito rara em crianças e adolescentes. Síndrome do CRH ectópico: → Bastante rara. → Maioria secundária a carcinoides brônquicos, carcinoma medular da tireoide e carcinoma prostático. → Secreção combinada ACTH e CRH é muito mais comum do que a secreção isolada de CRH. SC Endógena ACTH-INDEPENDENTE Distúrbios adrenais: → 20 a 30% dos casos de SC. → Adenoma produtor de cortisol (60%) = benigno, pequenos < 3cm e acomete mulheres de 30-40 anos → Carcinoma (40%) = maligno, marcante elevação de androgênios causando virilização (infância e idoso), grandes > 6cm e unilaterais → Geralmente são facilmente visualizadas por meio da tomografia computadorizada. Estado de Pseudo-Cushing: → Fenótipo clínico e/ou laboratorial similar ao da SC + hipercortisolismo leve ou moderado. → Depressão, alcoolismo crônico, obesidade, síndrome de abstinência alcoólica, anorexia e demais doenças psiquiátricas. → Hipercortisolismo sem causa bem definida. → Tratar ou eliminar o fator indutor do hipercortisolismo. Síndrome de Cushing subclínica: → Excesso de cortisol bioquímico, sem manifestações clássicas de hipercortisolismo. → 5 a 30% dos incidentalomas adrenais. → Prevalência em adultos: 0,2 a 2%. → Alta prevalência de obesidade, HAS e DM tipo 2, redução da densidade mineral óssea. → Evolução para a síndrome de Cushing clássica ocorre na minoria dos casos. Aspectos Clínicos → Ganho de peso (80-97% dos pacientes) → Letargia, fraqueza (56-90%) → Irregularidades menstruais, perda da libido, → Hirsutismo (64-84%), acne, calvície feminina → Hiperpigmentação da pele (dependente de ACTH) → Depressão, psicose → HAS (74-90%), DM → “Giba de búfalo” → aumento da gordura na região posterior do pescoço (34-67%), face arredondada (88-92%) → Osteopenia e osteoporose → Equimoses surgidas espontaneamente ou aos mínimos traumatismos (fragilidade capilar) → Miopatia proximal → Estrias violáceas > 1cm → Pletora facial (mancha avermelhada) → Hipercoagulabilidade e risco aumentado de complicações tromboembólicas → No hipercortisolismo leve: manifestações clínicas mínimas ou ausentes 25 anos, aumento de peso + obesidade abdominal + amenorreia há 5 meses + pletora facial + estrias violáceas → síndrome de Cushing secundária à automedicação crônica para rinite alérgica “Face de lua cheia” + “giba de búfalo” + obesidade abdominal → adenoma adrenal secretor de cortisol Estrias purpúricas estão presentes em até 2/3 dos casos. Equimoses Homem, ganho de peso, estrias purpúricas, hipertensão e fraqueza muscular proximal → SC por tumor carcinoide brônquico secretor de ACTH 22 anos, ganho de 10kg e irregularidade menstrual no último ano / sem aspectos fenotipicos de hipercortisolismo e elevação discreta de cortisol livre urinário → Doença de Cushing por macroadenoma hipofisário Em crianças: → Obesidade generalizada. → Diminuição da velocidade do crescimento. → Em cerca de 40% dos casos: virilização. Síndrome do ACTH ectópico (por carcinoma pulmonar de pesquenas células): → Geralmente aspectos cushingóides ausentes. → Predominam sintomas e sinais de malignidade associados a hipertensão, hipocalemia, fraqueza muscular intensa e hiperpigmentação. SC por uso crônico de Trok (dexametasona creme), para prevenção de assaduras Em quem pesquisar? → Excluir exposição exógena aos corticoides → Crianças com diminuição do crescimento e ganho de peso → Múltiplos e progressivos achados, particularmente os mais específicos como equimose, estrias, fraqueza proximal e amenorreia → Achados anormais para idade (osteoporose vertebral em jovem) → Incidentalomas adrenais → DM 2 e/ou obesidade: apenas investigar se 2 achados característicos de exame físico Diagnóstico → Suspeita de Síndrome de Cushing → Descartar o uso de glicocorticoides → Confirmação do hipercortisolismo → Definição da etiologia → O cortisol é um hormônio que está ao contrário do GH, da leptina e da melatonina. Enquanto eles estão altos, o cortisol está baixo. Começando a amanhecer o cortisol sobe, faz o seu pico 8/9h da manhã, cai ao longo do dia, e o período mais baixo é 23h. → No paciente que tem hipercortisolismo, o cortisol vai estar alto o tempo todo pois ele está produzindo de fontes ectópicas, e não acontece a queda ao longo do dia. Confirmação do Hipercortisolismo → Testes de 1ª linha: Testes de supressão com doses baixas de dexametasona Dosagem do cortisol salivar ao final da noite Dosagem do cortisol livre urinário em 24h → Testes de 2ª linha: Dosagem do cortisol sérico à meia-noite Teste de dexametasona-CRH → Para ter o diagnóstico precisa combinar os resultados, não é um exame positivo que confirma a síndrome de Cushing ou o hipercortisolismo → Teste de 1mg overnight: tomar 2 comprimidos de 0,5mg de dexametasona as 23h e dosa o cortisol as 8h, em jejum. Frequentemente utilizado como rastreamento Cortisol sérico <1,8mcg/dl praticamente descarta a síndrome de Cushing ativa. Resultados falso-positivos: obesidade, síndromes psiquiátricas, alcoolismo, uso de ACO → Teste de supressão com 2mg de dexametasona: tomar 1 comprimido de 0,5mg a cada 6h e colheo exame 6h após a última tomada (9h, 15h, 21h, 3h e colhe as 9h) Normais = cortisol < 1,8mcg/dl após 24 e/ou 48h Melhor teste para a distinção entre a obesidade comum e a síndrome de Cushing. → Elevação do cortisol ao final da noite é considerada como o mais precoce e mais sensível marcador da SC → CSaFN >350ng/dl → diagnóstico de SC bastante provável. → CSaFN <150ng/dl → diagnóstico improvável. → Valores entre 150 e 350ng/dl → repetir dosagem do CSaFN e outros testes de rastreamento. → Falso-positivos: estresse antes da coleta, depressão, pessoas que trabalham a noite, criticamente enfermos, tabagismo. → Um valor anormal não deve ser considerado isoladamente para estabelecer o diagnóstico → Alteração mais tardia → Indicado em pacientes com quadro clinico muito característico e em usuárias de ACO → 10 a 15% dos pacientes com SC: UFC dentro da variação normal → Análise de até 2 amostras urinárias adicionais. → Se 3 coletas normais → o diagnóstico altamente improvável. → Níveis leve/moderadamente elevados: depressão, ansiedade crônica, SOP, alcoólatras, obesidade. → Valores > 4x o LSN → síndrome de Cushing. Qual teste de rastreamento escolher? → Combinação de 2 ou mais exames Teste de supressão overnight com 1mg de dexametasona + cortisol salivar ao final da noite Alternativa: cortisol livre urinário Teste de supressão com 2mg: casos em que os outros exames não possibilitam a definição diagnóstica; melhor ferramenta para a distinção entre obesidade e SC. Definição da Etiologia → Dosagem de ACTH plasmático: Pelo menos 2 dosagens do ACTH Coletar entre 8h e 9h da manhã: Suprimido (<10pg/ml) = ACTH independente = adrenal Elevado (>20pg/ml) = ACTH dependente - Acima de 90pg/ml = síndrome do ACTH ectópico (carcinoma de pequenas células pulmonares) - Normal (50% dos casos) ou moderadamente elevado = doença de Cushing. → Potássio plasmático: hipocalemia é mais frequente na síndrome do ACTH ectópico. ACTH Independente → TC abdômen Adenoma < 3cm Carcinoma > 6cm Atrofia restante da glândula e da contralateral ACTH Dependente = distinguir entre hipofisário e ectópico → Teste de supressão com dose alta de dexametasona: 2mg 6/6h ou 8mg a noite em dose única (internado) Supressão do cortisol sérico > 50% com relação ao valor basal → doença de Cushing (hipófise) Supressão <50% → ectópico → Teste do CRH = 100mcg ACTH ovino EV = dosa cortisol e ACTH tempos -5,-1,15,30,45min → Teste da desmopressina =10mcg DDAVP EV Elevação > 20% cortisol basal: ectópico Elevação > 35% ACTH basal: Doença de Cushing (hipófise) → RNM hipófise: Microadenoma é mais comum na Doença de Cushing Em 40% não é evidenciado adenoma 10% da população normal tem incidentaloma = lesão <6mm pode não ser a causa do hipercortisolismo → Cateterismo bilateral dos seios petrosos inferiores CRH ou desmopressina EV e colhe amostras periféricas e centrais Gradiente entre o ACTH basal central e o ACTH basal periférico > 2:1 ou um após estimulação >3:1 → Hipófise Gradientes menores → ectópico → Imagem na secreção ectópica de ACTH: Encontrar a lesão TC e/ou RNM de pescoço, tórax e abdome. Mais comuns = Câncer de pulmão de células pequenas e os tumores carcinoides brônquicos Tratamento → Cirurgia curativa com ressecção do tumor. Tumor adrenal. → Secreção ectópica de ACTH: Maioria: remoção cirúrgica completa do tumor neuroendócrino produtor de ACTH. Diante de falha cirúrgica ou malignidade tumoral: terapias adicionais. → Doença de Cushing: 1ª linha: cirurgia transesfenoidal (a longo prazo: 60% dos pacientes estarão curados, mas 40% podem ter recidiva). 2ª linha: segunda cirurgia, radioterapia, adrenalectomia bilateral e terapia medicamentosa (cetoconazol e metirapona, cabergolina e o pasireotide).