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Acessos Cirúrgicos Abdominais História → A história da laparotomia confunde-se com a da cirurgia oncológica e da anestesiologia → 1809: Ephraim McDowell – Ovariotomia → O amplo uso da laparotomia só foi possível conforme surgiram técnicas de anestesia → Corning e Bier: Raquianestesia → 1934: Sódio tiopental Definição e Etimologia → Refere-se a abertura da cavidade abdominal para acesso às vísceras → Laparotomia – grego antigo “Lapára” (λαπάρα) = flanco, vazio + “temu” (τέμνω) = eu corto → Nome ideal – Celiotomia Etapas de uma Laparotomia Convencional → Abertura da pele e tecido celular subcutâneo → Abertura da aponeurose + musculatura → Abertura do peritônio e acesso à cavidade → Inventário da cavidade → Cirurgia propriamente dita → Revisão de materiais, compressas e gazes → Sutura por planos Tipos de Incisão → Longitudinais: medianas, pararretais (externas ou internas), transretais → mais feitas → Transversais: expõe muito bem o abdome → Oblíquas: pouco usadas por não respeitarem a anatomia e fisiologia da parede abdominal → Kocher e McBurney → Combinadas: Escolha da Incisão → Familiaridade do cirurgião e situação do procedimento → Acesso ao órgão ou região visada → Mínimo trauma possível → Possibilidade de ampliação se necessário → Permitir reconstituição funcional da parede → Planejamento de posicionamento de estomas e drenos → Estética (o tamanho muda se é de emergência ou eletiva) Fechamento da cavidade → PERMANENTE: quando o procedimento é completo e não há intenção de reabordagem → TEMPORÁRIO: quando o procedimento é incompleto, ou espera-se complicação precoce que indica reabordagem Permanente • Múltiplos planos: Procedimentos limpos com muito espaço morto na ferida, incisões transversais • Plano único musculo-aponeurótico: Mais utilizado, incisões medianas • Plano único total: Para abdomes frágeis, mais aplicado em ressuturas de parede Temporário • Bolsa de Bogotá: traumas abdominais com múltiplos órgãos → quando há risco de hipertensão intra-abdominal • Curativo a vácuo a Barker • Pinças, presilhas, adesivos e suturas → quando há risco de hipertensão intra- abdominal → Ressutura de parede Pontos a Smead-Jones Pontos de retenção Pontos totais captonados Incisões de relaxamento Escolha dos fios → Peritôneo: sem suturas, ou fio absorvível de curta duração, agulha cilíndrica (catgut, poliglecaprone, vicryl rapid) → Músculo: aproximação apenas, pontos em X, fios absorvíves e agulha cilíndrica → Aponeurose: pontos em X ou chuleio, fios inabsorvíveis ou absorvíveis de longa duração (poligalactina, ac. poliglicolico, polidioxanona) → Tecido celular subcutâneo: se houver espaço morto, aproximar com fios absorvíveis de curta duração → Pele: pontos separados de nylon, para cirurgias limpas, considerar suturas contínuas ou intradérmicas com fio absorvível de curta duração (poliglecaprone) Como fazer a sutura? • Mínimo 2 cm de fio: 1 cm de incisão • O ideal seria 4:1 • Preferir pontos pequenos, próximos um do outro (“small bites”) Complicações → Infecção da parede abdominal → Cicatriz hipertrófica e quelóide → Hérnia incisional: o colágeno da cicatriz que se forma da sutura do abdome alarga (na oblíqua tem mais chance) → Deiscência Evisceração: Deiscência completa com exteriorização das vísceras Eventração: deiscência do plano muscular com herniação das vísceras para o espaço morto no TCSC Má técnica - Rotura dos fios, ou dos nós Fragilidade da parede - fio “rasga” a parede Hipertensão intra-abdominal Desnutrição Estados hipercatabólicos Acessos Minimamente Invasivos → Método que permite abordagem da cavidade abdominal através de pequenas incisões e uso de equipamentos óticos- eletrônicos → Primeiro uso em 1901 (Von Ott ou George Kellig) → Início do uso em cirurgias na década de 1980 → A pedra fundamental da laparoscopia é a transformação do peritônio em uma cavidade ampla que permita adequada visualização das vísceras → Gás utilizado: CO2 → Criado através de uma agulha antes do acesso, ou após a entrada na cavidade Agulhas de Veres Punção de Palmer Portal de Hasson Técnica de Dingfelder → Monitor → Insuflador → Fonte de luz – Cabo de fibra ótica → Processador de imagens → Câmera → Ótica → Portais → Colecistectomia > 97% das colecistectomias da Europa → Apendicectomia → Cirurgias ginecológicas (miomectomias, ooforectomias, laqueadura, histerectomia) → Esplenectomia → Prostatectomia → Cirurgia bariátrica → Acesso: pode causar lesão de víscera, lesão vascular, pneumo-extraperitônio → Pneumoperitonio: pode causar embolia de CO2, restrição ventilatória → Manipulação: lacerações e lesão térmica que ocorrem por efeito capacitor Vantagens • Menores feridas cirúrgicas • Menos dor pós-operatória • Melhor resultado cosmético • Recuperação pós operatória mais rápida • Permite gravação e revisão da cirurgia • Aparentemente menos complicações Desvantagens • Pneumoperitônio • Hipercapnia • Hipotermia • Hipoventilação • Maior tempo cirúrgico • Maior curva de aprendizado → Natural orifice Transluminal endoscopic surgery → Preconiza a realização de laparoscopia por orifícios naturais (boca, ânus, vagina, etc) → Nada mais é que um incremento tecnológico da laparoscopia → Pode ser aplicada em cirurgias não laparoscópicas → Tem um altíssimo custo comparado à laparoscopia → Sistemas: Da Vinci, ZEUS, AESOP, Versius, Solo Assist → Menor contato do cirurgião com o paciente = menos infecções? → Maior precisão dos movimentos → Movimentos mais livres e ergonômicos → Perda da inabilidade inata → Democratização da saúde ou elitização do ofício de cirurgião? Menor necessidade para assistentes Reserva de mercado dos profissionais em topo de carreira, restringindo acesso ao uso do robô aos outros profissionais Telecirurgia aumentando a fatia de mercado dos grandes centros Barreira adicional na curva de aprendizado para o jovem médico (financeira e de tempo) → Democratização do acesso à tecnologia, ou alocação desproporcional de recursos? Hospitais dos grandes centros gastando milhões do SUS em poucas cirurgias robóticas Hospitais do interior e periferias em crise orçamentária porque o custeio de uma AIH do SUS não compensa sequer o material usado para uma cirurgia aberta Pacientes demoram para chegar ao cirurgião por falhas na atenção primária e na rede de urgência e emergência
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