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Seção 3 
SUA PETIÇÃO 
 
DIREITO 
PENAL 
 
 
 
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Recordando o caso concreto, Cleópatra e Afrodite eram moradoras de uma comunidade rival, 
chefiada por outro traficante, que era inimigo de Brutus, sendo que, quando a notícia do homicídio 
das moças chegou até ele, foi acionada a Polícia Militar, de forma anônima, dando o direcionamento 
exato da residência de Brutus para constatar que os corpos lá estavam e ele ser preso. 
A Polícia Militar, sem qualquer investigação prévia, chegou logo pela manhã e arrombou a porta, 
encontrando Brutus ainda dormindo e os dois corpos no chão com orifício de entrada de uma bala de 
fuzil que transfixou ambas as vítimas e parou a trajetória na parede, tendo sido recolhido o projétil. 
Além disso, os policiais encontraram 40 papelotes de cocaína embalados prontos para comércio, bem 
como o fuzil utilizado no delito e uma pistola 9 mm que estava no armário da cozinha. 
Cumpre ressaltar que, para encontrar as drogas e a pistola, os militares asfixiaram Brutus com uma 
sacola plástica, tendo ele, após não aguentar mais ser espancado e asfixiado, apontado onde 
guardava a arma e as drogas, bem como confessou ter praticado os homicídios. 
Com sua prisão em flagrante, Brutus foi encaminhado para o Instituto Médico Legal para fazer exame 
de corpo de delito, constatando-se que ele fora asfixiado e espancado horas antes de fazer a perícia. 
Após receber o auto de prisão em flagrante, o Juiz responsável pelos fatos designa audiência de 
custódia para a oitiva do acusado e ficar a par dos moldes em que se deram a sua prisão. 
Na audiência de custódia, realizada dentro do prazo legal, o acusado mencionou que os policiais 
militares entraram em sua residência sem o seu consentimento, tendo ainda espancado e asfixiado 
ele, de forma a confessar o crime, o que fora comprovado pelo exame de corpo de delito. 
Não obstante, o membro do Ministério Público, tendo visto que Brutus tinha uma extensa ficha 
criminal, bem como pelos crimes que foram flagrados no momento de sua prisão em flagrante, 
requereu a conversão em prisão preventiva, uma vez que o acusado teria praticado crime hediondo, 
consistente no delito do art. 121, §2º, II (motivo fútil) e VIII (emprego de arma de fogo de uso restrito), 
 
Seção 3 
DIREITO PENAL 
 Sua causa! 
 
 
 
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do Código Penal, por duas vezes (duas vítimas), combinado com o crime do art. 16, caput (porte ilegal 
de arma de fogo de uso restrito), da Lei nº 10.826/03, por duas vezes (fuzil e pistola 9 mm), e art. 33, 
caput (tráfico de drogas), da Lei nº 11.343/06, todos em concurso material de crimes, na forma do art. 
69 do Código Penal, destacando que não era possível a concessão de liberdade provisória com fiança, 
pois a Lei nº 8.072/90, art. 2º, II, veda tal benefício legal. Além disso, o Promotor de Justiça não 
acreditou que os policiais teriam espancado e asfixiado o acusado, bem como que os crimes 
praticados foram comprovados pela entrada em sua residência, sendo dispensável o consentimento 
do morador nessas situações de permanência do delito. 
A Defesa requereu o relaxamento da prisão ilegal, tendo em vista que a prisão foi ilícita e ilegal, eis 
que os policiais militares praticaram crime de tortura e violaram o domicílio do acusado, apontando, 
ainda, que os requisitos da prisão preventiva não estavam presentes. 
Todavia, o Magistrado com atuação na audiência de custódia entendeu por bem decretar a prisão 
preventiva com base nos seguintes fundamentos: “Decido que o crime de tortura não foi claramente 
comprovado, devendo ser investigado em via própria; a invasão de domicílio feita pelos policiais é 
justificável, pois estava ali sendo praticado um crime hediondo, constituindo a ausência de 
consentimento mera irregularidade. Por isso, decreto a prisão preventiva com base na garantia da 
ordem pública, bem como pela hediondez dos delitos”. 
Além disso, até o presente momento, não foi feito exame de corpo de delito no corpo da vítima, pois 
ela fora sepultada sem essa análise pericial, o que impediu aferir, tecnicamente, a causa da sua morte, 
mas a Polícia e o Ministério Público entenderam que isso era dispensável, pois era óbvio que foi por 
meio de disparo de arma de fogo. 
Dessa forma, o réu foi preso preventivamente na cidade de Porto Seguro/BA, mais precisamente por 
ordem da 1ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Porto Seguro/BA. A Defesa impetrou pedido de 
revogação de prisão preventiva, mas ele foi negado pelo Magistrado, tendo os autos retornado ao 
Ministério Público para oferecimento de denúncia. 
Na sequência, o Ministério Público ofertou a peça acusatória, na forma seguinte: “Trata-se de 
denúncia criminal ofertada em razão de o acusado ter praticado os delitos previstos no art. 121, §2º, 
II (motivo fútil) e VIII (emprego de arma de fogo de uso restrito), do Código Penal, por duas 
vezes (duas vítimas), combinado com o crime do art. 16, caput (porte ilegal de arma de fogo de 
uso restrito), da Lei nº 10.826/03, por duas vezes (fuzil e pistola 9 mm), e art. 33, caput (tráfico 
de drogas), da Lei nº 11.343/06, todos em concurso material de crimes, na forma do art. 69 do 
Código Penal. A materialidade dos delitos de porte ilegal de arma de fogo e tráfico de drogas pode 
ser aferida ao longo do processo, sendo dispensável o exame de corpo de delito nesse momento 
processual. Quanto ao crime de homicídio, entende-se que ele ocorrera por meio de disparo de arma 
de fogo, não sendo necessária a sua comprovação pericial. Por fim, quanto ao concurso material de 
 
 
 
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crime previsto no art. 69 do CP, ele deve ser aplicado, pois o princípio da consunção não possui 
aplicação no presente caso, pois os bens jurídicos tutelados são diversos, pelo que pede o Ministério 
Público a sua condenação em todos os crimes narrados”. 
O Magistrado, antes de decidir sobre o processamento ou não do fato, deu vista para que você, 
advogado, ofertasse a peça cabível para defender os interesses do seu cliente, lembrando que a 
citação para tal defesa ocorrera em 16/10/23 e você deve considerar o último dia do prazo para a 
interposição da aludida peça defensiva. 
 
Fundamentando! 
 
A Constituição Federal, em seu art. 5º, LV, preleciona que serão assegurados o contraditório e a 
ampla defesa a todos os litigantes. Nesses termos: “LV - aos litigantes, em processo judicial ou 
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os 
meios e recursos a ela inerentes;”. 
Assim, ao acusado é assegurado que ele se defenda das imputações feitas pela acusação, podendo 
valer-se de todos os meios e recursos existentes no Processo Penal, como no caso a resposta à 
acusação. 
Um detalhe relevante é que, nos crimes dolosos contra a vida, como ocorre com o homicídio, a 
competência para julgar todos os delitos conexos é do Tribunal do Júri, daí sendo relevante direcionar 
a peça processual para esse juízo específico, na forma do art. 78, I, do CPP. 
A peça processual chamada de resposta à acusação, como demonstra o Professor Renato Brasileiro, 
é a oportunidade que o acusado tem de ser ouvido antes de o juiz receber a denúncia, in verbis: 
 
Esta peça defensiva visa evitar o processo como pena, isto é, impedir a instauração 
de um processo leviano, com base em acusação que a apresentação de defesa 
preliminar antes do recebimento da peça acusatória possa, de logo, demonstrar de 
toda infundada. A dialética inicial proporcionada pela defesa preliminar é de singular 
importância. (Lima, 2020, p. 1410) 
 
Na sistemática infraconstitucional, a resposta à acusação está prevista no art. 406, nesses termos: 
Art. 406. O juiz, ao receber a denúncia ou a queixa, ordenará a citação do acusado 
para responder a acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. (Redação 
dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
§ 1º O prazo previsto nocaput deste artigo será contado a partir do efetivo 
cumprimento do mandado ou do comparecimento, em juízo, do acusado ou de 
defensor constituído, no caso de citação inválida ou por edital. (Redação dada pela 
Lei nº 11.689, de 2008) 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11689.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11689.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11689.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11689.htm#art1
 
 
 
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§ 2º A acusação deverá arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), na denúncia 
ou na queixa. 
§ 3º Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e alegar tudo que interesse a 
sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e 
arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), qualificando-as e requerendo sua 
intimação, quando necessário. 
 
Destaca-se que, nessa peça processual, o acusado poderá alegar tudo aquilo que possa ser usado 
em seu interesse, ou seja, deverá elencar as teses defensivas, bem como apontar eventuais exceções 
processuais, tais como suspeição, impedimento e litispendência. Noutro giro, é nessa fase que a 
defesa poderá arrolar, em número de oito, as testemunhas a serem ouvidas em juízo, devendo 
especificar quais provas serão produzidas durante a instrução processual. 
Em relação ao prazo processual, destaca-se que o Código de Processo Penal trata da matéria em 
seu art. 798, com a seguinte redação: 
 
Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não 
se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado. 
§ 1º Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do 
vencimento. 
§ 2º A terminação dos prazos será certificada nos autos pelo escrivão; será, porém, 
considerado findo o prazo, ainda que omitida aquela formalidade, se feita a prova do 
dia em que começou a correr. 
§ 3º O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á prorrogado até 
o dia útil imediato. 
§ 4º Não correrão os prazos, se houver impedimento do juiz, força maior, ou obstáculo 
judicial oposto pela parte contrária. 
§ 5º Salvo os casos expressos, os prazos correrão: 
a) da intimação; 
b) da audiência ou sessão em que for proferida a decisão, se a ela estiver presente a 
parte; 
c) do dia em que a parte manifestar nos autos ciência inequívoca da sentença ou 
despacho. 
 
Por essa disposição legal, os prazos processuais são contados excluindo o dia de início e incluindo o 
dia final, contrariamente ao Código Penal, em que o prazo inicial é contado, e o dia final, excluído. 
 
EXAME PERICIAL 
Muito relevante destacar que os crimes não transeuntes (que deixam vestígios) exigem a necessidade 
de realização de perícia para constatar a materialidade do crime, notadamente quando se trata de 
delitos contra a vida, em que a causa da morte deve ser averiguada. 
De forma a tornar clara a questão, menciona-se o art. 158 do CPP, na forma citada a seguir: 
 
 
 
 
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Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de 
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. 
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando 
se tratar de crime que envolva: 
I - violência doméstica e familiar contra mulher; 
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência. 
 
Dentro da disposição legal, fica bem nítida a ideia de que o exame pericial é fundamental nos delitos 
que deixam vestígios, como sói acontecer nos crimes contra a vida, sendo que sua ausência impede 
a constatação da materialidade delitiva. 
Ausente o exame pericial, carece a ação penal de lastro probatório mínimo, ensejando a rejeição da 
denúncia, conforme preleciona o Código de Processo Penal, nesses termos: 
 
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: 
I - for manifestamente inepta; 
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; 
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. 
 
Caso já tenha ocorrido o sepultamento do corpo da vítima, isso não é empecilho para a realização do 
exame de corpo de delito, pois o Código de Processo Penal, em seu art. 163, assim traz: 
 
Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade providenciará 
para que, em dia e hora previamente marcados, se realize a diligência, da qual se 
lavrará auto circunstanciado. 
 
Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou particular indicará o lugar 
da sepultura, sob pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem 
indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a 
inumações, a autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que tudo constará do 
auto. 
 
Dessa forma, o exame pericial em crimes dolosos contra a vida é indispensável. Além disso, nos 
crimes de posse e porte de arma de fogo e no tráfico de drogas, o exame pericial faz-se necessário, 
de forma a avaliar se a arma é própria para o fim que se destina e se a droga de fato se encontra no 
rol de substâncias proibidas. 
A Lei nº 11.343/06 estabelece, em seu art. 50, §§ 1º e 2º: 
 
Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia judiciária fará, 
imediatamente, comunicação ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto 
lavrado, do qual será dada vista ao órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e quatro) 
horas. 
§ 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento da 
materialidade do delito, é suficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade 
da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea. 
 
 
 
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§ 2º O perito que subscrever o laudo a que se refere o § 1º deste artigo não ficará 
impedido de participar da elaboração do laudo definitivo. 
 
Pela redação legal, são necessários dois laudos na sistemática procedimental, quais sejam, laudo de 
constatação (preliminar) e laudo definitivo, sendo que qualquer ausência gerará uma nulidade 
processual. 
Quanto ao crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo, a jurisprudência inclina-se no sentido de 
ser necessário o laudo de eficiência e prestabilidade, conforme se destaca do julgado abaixo do 
Superior Tribunal de Justiça, nesses termos: 
 
AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PORTE 
ILEGAL DE MUNIÇÕES DE USO PERMITIDO. VIOLAÇÃO DOS ARTS. 14 DA LEI 
10.826/2003 E 386, III, DO CPP. PLEITO DE ABSOLVIÇÃO. MUNIÇÕES 
ISOLADAMENTE CONSIDERADAS. COMPROVAÇÃO DA LESIVIDADE. MAIOR 
REPROVABILIDADE DA CONDUTA. MUNIÇÕES APREENDIDAS EM VIA PÚBLICA. 
CRIME DE MERA CONDUTA. TIPICIDADE CONFIGURADA. PRECEDENTES DO 
STJ E DO STF. ALTERAÇÃO DO QUANTO DISPOSTO NO ACÓRDÃO. 
NECESSIDADE DE REEXAME DO ARCABOUÇO FÁTICO-PROBATÓRIO. 
INVIABILIDADE. SÚMULA 7/STJ. 
1. No que se refere ao pleito de afastamento do óbice da Súmula 7/STJ, visando a 
absolvição do agravante, o Tribunal de origem dispôs que a materialidade do crime do 
artigo 14 do Estatuto do Desarmamento está comprovada pelo auto de prisão em 
flagrante delito (fls. 02/08-v), pelo boletim de ocorrência (fls. 10/21-v), pelo 
auto de apreensão (fl. 26) e pelo laudo pericial de eficiência e prestabilidade das 
munições (fl. 85). [...] O acusado admitiu perante a autoridade policial ter sido preso 
"portando uma arma de fogo calibre .38 municiada com dois cartuchos" (fl. 06). Em 
juízo, ele exerceu seu sagrado direito constitucional de permanecer em silêncio 
(audiência audiovisual - CD de fl. 208). [...] A confissão extrajudicial do réu foi 
confirmada em juízo pelo policial militar Marcelo Gonçalves da Silva, que relatou que 
apreendeu com o apelante um revólver calibre 38 com duas munições (mídia de fl. 
 208). 
2. O Tribunal de Justiça de Minas Gerais destacou, ainda, que para a tipificação do 
delito do artigo 14 da Lei 10.826/03, crime de perigoabstrato ou de mera conduta, 
basta a probabilidade de dano; não é necessária sua efetiva ocorrência. Entretanto, o 
simples fato de o crime de porte de munições de uso permitido ser de mera conduta 
ou de perigo abstrato não significa que é prescindível a realização de laudo pericial 
para aferir a eficiência e prestabilidade delas. Ou seja, é necessário atestar que as 
munições são aptas a ofender a incolumidade pública, independentemente de tal 
resultado ocorrer. 
[...] No caso em tela, a despeito de o laudo de fls. 81/82 não ter constatado 
a eficiência e a prestabilidade da arma de fogo, o laudo de fl. 85 constatou 
a eficiência e a prestabilidade das duas munições calibre 38 que foram apreendidas 
com o acusado. Ou seja, elas eram capazes de ofender a integridade 
física de alguém. [...] O bem jurídico tutelado pelo Estatuto do Desarmamento é a 
incolumidade pública, o que transcende a mera proteção à incolumidade pessoal, 
abrangendo a garantia e preservação do estado de segurança. 
 
3. Para revisar o aferido pela Corte de origem, seria necessária a incursão em 
aspectos de índole fático-probatória, medida essa inviabilizada na via eleita pela 
incidência do óbice constante da Súmula 7/STJ. 
 
 
 
 
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4. Para o Superior Tribunal de Justiça, há tipicidade na conduta do 
porte de munição de arma de fogo, ainda que desacompanhada de artefato bélico. 
 
5. A particularidade descrita no combatido aresto, atinente à apreensão das munições 
em via pública, demonstra uma maior reprovabilidade da conduta do agravante, o que 
impossibilita, no caso, o reconhecimento da atipicidade material de sua conduta. 
 
6. Segundo a jurisprudência deste Superior Tribunal, o simples fato de possuir arma 
de fogo, mesmo que desacompanhada de munição, acessório ou munição, 
isoladamente considerada, já é suficiente para caracterizar o delito previsto no art. 14 
da Lei n. 10.826/2003, por se tratar de crime de perigo abstrato. Nesse contexto, é 
irrelevante aferir a eficácia da arma de fogo/acessório/munição para a configuração 
do tipo penal, que é misto-alternativo, em que se consubstanciam, justamente, as 
condutas que o legislador entendeu por bem prevenir, seja ela o simples 
porte de munição, seja o porte de arma desmuniciada. 
 
7. A conclusão do aresto impugnado está em sintonia com a orientação jurisprudencial 
desta Corte quanto à tipicidade da conduta de porte ilegal de munição 
desacompanhada de arma de fogo (EREsp n. 1.853.920/SC, Ministro Joel Ilan 
Paciornik, Terceira Seção, DJe 14/12/2020). 
 
8. Agravo regimental improvido. (AgRg no AREsp 1544853 / MG). 
 
Dessa forma, o exame pericial é indispensável nos delitos de homicídio, posse/porte ilegal de arma 
de fogo e tráfico de drogas, não havendo justa causa a sua ausência no procedimento penal. 
 
PROVA ILÍCITA 
Outro ponto que merece atenção é sobre os efeitos de uma prova produzida de forma ilícita, 
consoante ocorre quando há a prática de um crime (tortura e abuso de autoridade). Nesse viés, 
destaca-se o art. 157 do CPP, nesses termos: 
 
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas 
ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. 
§ 1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não 
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas 
puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. 
 
Ainda que existam apontamentos de que o acusado tenha praticado algum delito, pois foi encontrado 
produto do crime com ele, a forma é relevante para o Código de Processo Penal, não podendo ser 
considerada prova lícita quanto violados dispositivos processuais ou constitucionais. 
Para tornar clara a questão, o ordenamento jurídico brasileiro prevê como crime a tortura e a invasão 
de domicílio feita de forma ilegal, trazendo para o caso a aplicação do art. 157 do CPP, que fora citado 
anteriormente, conforme se vê a seguir, nesses termos: 
Lei nº 9.455/97 
Art. 1º Constitui crime de tortura: 
 
 
 
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I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe 
sofrimento físico ou mental: 
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira 
pessoa; 
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; 
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; 
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência 
ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo 
pessoal ou medida de caráter preventivo. 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
 
Lei nº 13.869/19 
Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade 
do ocupante, imóvel alheio ou suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas 
condições, sem determinação judicial ou fora das condições estabelecidas em lei: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 
Como se trata de crimes, todas as provas produzidas são consideradas ilícitas e devem ser 
desentranhadas dos autos, restando sem justa causa a ação penal que está lastreada em 
fundamentos ilegais. 
 
CONCURSO MATERIAL DE CRIMES – ART. 69 DO CP – ERRO NA EXECUÇÃO – ART. 73 DO 
CP 
Um ponto relevante a ser discutido é quando ocorre o instituto do concurso material de crimes, em 
que as penas dos delitos são somadas, bem como quando é o caso de aplicação do chamado conflito 
aparente de normas, em que apenas um crime é aplicado, restando os demais afastados. 
A redação do art. 69 do CP está disposta nesse sentido: 
 
Concurso material 
 
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou 
mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de 
liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de 
reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de 
liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a 
substituição de que trata o art. 44 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá 
simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais. 
 
A regra estampada no artigo é de que as penas deverão ser somadas em caso de prática de dois ou 
mais crimes, todavia deve ser lembrado que, se houver a aplicação do concurso aparente de normas, 
impõe-se a releitura do princípio da consunção ou absorção, em que o crime-fim absorve o crime-
meio, pois se trata do chamado crime de passagem. No caso, se alguém se vale de uma arma de 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art69
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art69
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art69
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art69
 
 
 
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fogo para realizar o delito de homicídio, o crime de porte ilegal será absorvido pelo crime de homicídio, 
considerado crime-fim, devendo o agente responder apenas pelo crime previsto no art. 121 do CP. 
Além disso, deve ser lembrado que no presente caso ocorreu a hipótese de erro na execução prevista 
no art. 73 do CP, que tem a seguinte redação: 
 
Erro na execução 
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao 
invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde 
como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º 
do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente 
pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. 
 
Quando o agente queria atingir apenas uma pessoa, mas atinge ambas, tem-se a regra do art. 70 do 
CP, que é citada na parte final do art.73. Por tal regra, ocorre aquilo que se chama de concurso formal 
próprio, em que o agente responde apenas pelo crime mais grave com a pena exasperada, sem que 
haja a soma delas. Por exemplo, se cometeu um homicídio que almejava e a outra morte não foi 
desejada, responderá por um crime de homicídio com a pena aumentada, em vez de somar dois 
homicídios. 
Essa é a dicção do art. 70, 1ª parte, do CP, nesses termos: 
 
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais 
crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, 
somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As 
penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os 
crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo 
anterior.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 
deste Código. 
 
Caso o agente quisesse os dois homicídios, então teria o concurso formal impróprio da 2ª parte do 
art. 70 do CP, em que as penas seriam somadas, mas isso somente se houvesse dolo de matar as 
duas vítimas. 
 
 
 
 
 
 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art70
 
 
 
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Para elaborarmos uma peça prático-profissional que visa à defesa de alguém, cumpre ressaltar as 
seguintes indagações: 
1. Já tendo sido oferecida a denúncia, qual medida poderia ser utilizada nesse momento 
processual? 
2. A denúncia preencheu todos os requisitos legais? 
3. Foram elencadas todas as questões fáticas trazidas até o momento pela narrativa dos fatos? 
4. Existe tese que possa impedir o recebimento da ação penal? 
Respondidas essas perguntas, poderemos começar a desenvolver a nossa peça. 
• Sempre importante fundamentar, inicialmente, com algum artigo da Constituição Federal, 
notadamente o art. 5º. 
• Após a utilização de um artigo da Constituição Federal, é interessante que se utilize um ou 
mais artigos da legislação infraconstitucional e evidentemente explique o motivo da citação 
legal. 
• Precisamos utilizar também a doutrina, se possível mais de um doutrinador com o mesmo 
entendimento. A utilização de uma doutrina atual enriquece qualquer peça. 
• Não podemos deixar de utilizar uma jurisprudência atual acerca do assunto debatido. Deve-
se preferir jurisprudência de Tribunais superiores, como Superior Tribunal de Justiça e 
Supremo Tribunal Federal. Atenção: jurisprudência são decisões reiteradas dos Tribunais, 
decisões isoladas devem ser evitadas. 
 
A resposta à acusação é o primeiro momento em que a Defesa apontará 
as teses defensivas e as provas que possam demonstrar a inocência do 
acusado, devendo todos os pontos que beneficiam o acusado serem 
demonstrados e fundamentados. 
 
PONTO DE ATENÇÃO 
 Vamos peticionar! 
 
 
 
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• Se possível, utilizar súmulas, vinculantes e/ou não vinculantes. 
A primeira medida a se fazer em uma peça processual é o endereçamento, ou seja, precisamos saber 
de quem é a competência para analisar aquele fato. Por esse motivo, antes de ajuizar uma ação ou 
apresentar qualquer peça processual, é necessário que o estudante conheça as regras de 
competência. As questões da OAB sempre demonstram onde se deu o fato, o que fica claro de atestar 
a competência. 
Após o endereçamento, faz-se um preâmbulo, no qual colocaremos todos os dados das partes. Nunca 
se deve inventar dados nas peças práticas da OAB, pois isso identifica a sua prova, gerando a 
desclassificação. 
Em seguida ao preâmbulo, iniciaremos os fatos, que nada mais são que a história contada pelo 
examinador. 
Depois da narrativa dos fatos, iniciaremos os fundamentos jurídicos. É nesse ponto que você 
demonstra seu conhecimento. Portanto, faça com muita atenção e demonstre para o seu examinador 
que você conhece do assunto. 
Após a fundamentação, é hora de fazer os pedidos. Cuidado! Você só pode pedir o que fundamentou. 
Essas são as chamadas “dicas de ouro”. Tenho certeza de que com esse roteiro mental será fácil 
compreender e colocar em prática todos os seus poderes para uma escorreita peça prático-
profissional. Vamos peticionar?

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