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DOENÇAS ORIFICIAIS ANATOMIA Canal anal é o fim do tubo digestivo. Esfíncter anal interno e externo. EAI: espessamento e continuação da camada circular de musculatura lisa do reto. Musculatura lisa = contração involuntária = comandado por inervação autônoma. Continência basal ou de repouso. EAE: fibras estriadas, incluindo parte do músculo puborretal. Inervação somática. Contração voluntária. Zona de transição do epitélio colunar para o escamoso -> linha pectínea (ou linha dentada). Coluna de Morgagni, sendo uma região rica em criptas que se comunicam com as glândulas anais, local onde se originam a maioria das fístulas e abscessos anais. EXAME FÍSICO Inspeção estática e dinâmica. Toque retal. Anuscopia. DOENÇA HEMORROIDÁRIA A teoria mais aceita para etiologia é a de que a submucosa do canal anal não forma um anel contínuo de espessamento tecidual, mas sim uma série descontínua de “almofadas”, as quais chamamos de coxins. Compostos de vasos sanguíneos e fibras musculares do EAI e do músculo longitudinal conjunto. Função: manutenção da aderência da mucosa e submucosa ao esfíncter interno, sustentar vasos sanguíneos da submucosa e amortecer a passagem das fezes. CLASSIFICAÇÃO Acima da linha pectínea -> internas. Abaixo da linha pectínea -> externas. Deteriorização do tecido conjuntivo que ancora os coxins: hemorroidas comecem a deslizar para o canal anal. Hipertrofia do esfíncter anal interno: durante a defecação o bolo fecal força o plexo hemorroidário contra o esfíncter fazendo com que este aumente de tamanho e se torne sintomático e a dilatação anormal das veias do plexo venoso hemorroidário interno. Fatores predisponentes: idade avançada, diarreia, gravidez, tumores pélvicos, tempo sentado prolongado, esforço, constipação crônica. QUADRO CLÍNICO 40% são assintomáticos. Sangramento vivo, quase sempre indolor e geralmente está associado a uma evacuação se apresentando em gotejamento ou mesmo notado na higienização com papel. Maioria pequeno volume, sem anemia e sem instabilidade hemodinâmica. Dor associada a uma hemorroida trombosada, prolapso hemorroidário, prurido perianal. Hemorroida interna -> sangramento. Hemorroida externa -> dor e edema, prurido. Trombose hemorroidária -> dor é súbita, intensa e está associada com abaulamento endurecido do mamilo trombosado. DIAGNÓSTICO Clínico = anamnese + exame físico. Sangramento hemorroidário é caracterizado por sangue vivo nas fezes e indolor. Dor ao evacuar não está associado a hemorroidas, a menos que seja trombosada, e é sugestiva de outro diagnóstico. O objetivo da colonoscopia não é diagnosticar doença hemorroidária e sim excluir malignidade e outras causas de sangramento. CLASSIFICAÇÃO TRATAMENTO TODOS -> mudança de hábitos dietéticos e orientações de higiene. Podemos usar flebotônicos. Hemorroidas internas sintomáticas grau I, II, III refratárias ao tratamento conservador -> procedimento ambulatorial. Hemorroidas externas ou mistas -> hemorroidectomia. TRATAMENTO AMBULATORIAL Ligadura elástica: Acima da linha pectínea. Complicações: sangramento, trombose hemorroidária, abscesso. Contraindicação: anticoagulantes ou antiplaquetários, imunocomprometidos ou hipertensão portal -> alto risco de sangramento tardio. Escleroterapia ou coagulação infravermelha -> desvascularizar mamilo hemorroidário. Ligadura elástica é mais eficaz e requer menos sessões. Indicado quando contraindicada a ligadura elástica. Escleroterapia -> injeção de soluções esclerosantes -> reação inflamatória = fibrose e cicatriz. Fenol 5% em óleo vegetal, morruato de sódio, cloridrato de ureia. Fotocoagulação com infravermelho -> aplicação de ondas de luz -> aumenta temperatura e faz coagulação protéica. Hemorroida grau I ou II. Maior recorrência que ligadura, menor complicação e menos desconforto pós procedimento. TRATAMENTO CIRÚRGICO Hemorroida interna grau III (discutível) ou IV. Falha no tratamento clínico e ambulatorial. Hemorroida externa. Hemorroidas mistas. Hemorroidectomia aberta ou Milligan Morgan: Excisão do mamilo hemorroidário. Aberto para cicatrização por segunda intenção. Ferguson: excisão do mamilo hemorroidário. Os leitos das ressecções dos mamilos, ao contrário da técnica de Milligan Morgan, são suturados. Maior risco de estenose do canal anal e infecção de ferida operatória. Hemorroidopexia grampeada: hemorroidas internas, NUNCA EXTERNAS. Indicação: hemorroida grau II, III circunferenciais e é possível grau IV com maior taxa de recidiva. Acima da linha pectínea. Desarterialização: USG doppler encontra a artéria que irriga o mamilo e é realizada sutura. Hemorroidas externas sempre opera? Não, a não ser que tenha sintomas refratários ao tratamento clínico. Trombose hemorroidária: Tratamento clínico: analgesia, laxativos, orientações de higiene dieta. Devemos operar se dor intensa ou refratária ou complicação. FISSURA ANAL Pode ser classificada quanto a etiologia: Primária: trauma local (constipação, diarréia, parto vaginal, uso de papel higiênico, sexo anal). É a mais comum. Secundária: Doença de Crohn e ISTs. LOCALIZAÇÃO 90% são localizadas na linha média posterior do canal anal. Linha média anterior é mais comum em mulheres. Típica: linha média (primárias). Atípicas: fora da linha média, lateralmente (secundárias). QUADRO CLÍNICO Dor anal presente que piora durante a evacuação e sangramento. No exame físico: laceração linear plana, superficial e avermelhada = fissura anal aguda. Não fazer toque retal ou anuscopia pois é doloroso. As lesões com bordas elevadas, fundo esbranquiçado, mais profundas = fissura crônica. Tríade clássica = fissura + papila hipertrófica + plicoma sentinela. DIAGNÓSTICO É clínico! OBS:#### FISSURA ANAL = DOR A EVACUAÇÃO + SANGRAMENTO. HEMORRÓIDA = SANGRAMENTO INDOLOR. TRATAMENTO Clínico: fibras, banho de assento, analgésico tópico, nifedipina ou nitroglicerina, laxantes. Nitroglicerina EC -> cefaleia e hipotensão. Reavaliar em 08 semanas, se mantiver sintomas devemos fazer ELI ou botox. Fissura atípica -> tratamento da doença de base. ESFINCTEROTOMIA LATERAL INTERNA Risco -> incontinência anal. Alto risco de incontinência -> múltiplos PN, idoso, por isso nesses pacientes optamos por toxina botulínica. ABSCESSO E FÍSTULA ANORRETAL DEFINIÇÃO Fístula anal: processos supurativos crônicos caracterizados por uma comunicação anormal entre a parede do reto e o canal anal. Abscessos anorretais com resolução espontânea ou cirúrgica levam secundariamente, por processo inflamatório crônico, a formação de túnel fibroso que consiste na fístula. 30 - 70% dos abscessos anorretais podem estar associados a uma fístula anorretal concomitante. 30 - 40% dos pacientes que foram submetidos a drenagem de abscesso anorretal, evoluem com fístula anorretal. Abscesso anorretal: glândula da cripta anal é obstruída com detritos espessos -> crescimento bacteriano -> formação de abscesso. QUADRO CLÍNICO - ABSCESSO ANORRETAL Dor intensa na região anal ou retal, sendo que a dor é constante e não necessariamente associada a uma evacuação, febre e mal-estar. No exame físico: Área de hiperemia e enduração ou flutuação sobre a pele perianal. Abscessos mais profundos (supraelevador), podem não apresentar nenhum achado no EF e o abscesso só pode ser sentido pelo toque retal ou por imagem. DIAGNÓSTICO DE ABSCESSO ANORRETAL É clínico! Quadro clínico típico + exame físico não encontra abscesso -> exame de imagem (tomografia computadorizada de pelve, ressonância magnética da pelve, ultrassonogradia endorretal ou um exame proctológico sob anestesia. TRATAMENTO ABSCESSO ANORRETAL Drenagem cirúrgica! Todos os abscessos anorretais devem ser drenados prontamente independente da presença de flutuação ou não -> RISCO DE FOUNIER! ETIOLOGIA DA FÍSTULA ANORRETAL Mais comum -> infecção de glândula dacripta anal. Outras causas são: Doença de Crohn, lesão obstétrica, proctite por radiação, corpos estranhos, malignidade, doenças infecciosas. QUADRO CLÍNICO FÍSTULA ANORRETAL Irritação, prurido e drenagem de secreção purulenta de odor fétido perianal, lesão semelhante a pústula na região perianal ou na nádega. CLASSIFICAÇÃO Fístulas complexas: transesfincterianas envolvendo mais de 30% do esfíncter anal, supraesfincterianas, extraesfincterianas ou em ferradura e fístulas associadas à doença de Crohn, radiação, malignidade ou incontinência fecal existente. Fístulas simples: superficiais, interesfincterianas e transesfincterianas envolvendo < 30% do complexo do esfíncter anal. DIAGNÓSTICO FÍSTULA ANORRETAL O diagnóstico é clínico. Exames podem ser úteis para avaliação de fístulas complexas ou recorrentes. Os melhores exames são: RNM de pelve e USG endoanal. Fistulografia: é a injeção de contraste pela fístula. Não visualiza enfíncteres. USG endoanal: RNM de pelve: é o padrão-ouro. TRATAMENTO É cirúrgico! Erradicar a fístula + conservar a continência anal. Regra de Goodsall-Salomon: prediz o trajeto da fístula a partir da localização do orifício externo. Fístulas com orifício externo anterior têm trajeto retilíneo em direção ao canal anal. Fístulas com orifício externo posterior têm trajeto curvilíneo em direção à linha média. Orifício externo está a mais de 3cm da borda anal não seguem necessariamente a regra de Goodsall, independente de estar anterior ou posterior, o trajeto é curvilíneo com abertura do orifício interno na linha média posterior. Não se aplica a fístulas complexas. TRATAMENTO FÍSTULA ANORRETAL Fistulotomia: abertura e curetagem do trajeto fistuloso. A ferida operatória é deixada aberta e cicatriza por segunda intenção. Fístulas com comprometimento do esfíncter interno e externo -> sedenho ou setton. Outras técnicas: Retalho de avanço: curetagem e desbridamento do trajeto fistuloso + retalho que inclui mucosa, submucosa e uma porção das fibras musculares do esfíncter para cobrir o orifício interno. Fistulas complexas ou recidivadas, que envolvem grande parte do esfíncter anal, em ferradura e trajetos longos ou múltiplos. Cola de fibrina é uma opção de tratamento minimamente invasiva para fístulas anais. Mistura de fibrinogênio, trombina e íons de cálcio formam uma solução que é injetada no trato da fístula. Taxa de recorrência varia de 14% a 69%.
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