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Cicatrização de feridas em cães e gatos

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XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. 
 
Produção do gel da babosa (Aloe vera) para cicatrização de feridas 
cutâneas de cães e gatos. 
 
Mayra Karla Monteiro de Sousa
1
, Stefani de Paula Cordeiro Cavalcante
2
, Caroline Isabelle de Souza
3
, Luana Thamires 
Rapôso da Silva
4
, Claudia Roberta Andrade Amaral
5
, Maria Cristina de Oliveira Cardoso Coelho
 6
 
 

 
Introdução 
Fitoterapia é o tratamento de doenças mediante o uso de plantas (Ferreira, 1999). É uma terapêutica caracterizada 
pelo uso de plantas medicinais em suas diferentes formas farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas isoladas, 
ainda que de origem vegetal. A fitoterapia constitui uma forma de terapia medicinal que vem crescendo notadamente 
neste começo do século XXI. (Ministério da Saúde, 2006) 
A utilização da fitoterapia vem desde épocas remotas (Araújo, 1979), onde os homens buscavam na natureza recursos 
para melhorar suas condições de vida, aumentando assim suas chances de sobrevivência (Pontes, 2003). Há mais de 
sessenta mil anos tem-se o conhecimento da utilização das plantas como finalidade medicamentosa. A utilização das 
plantas medicinais faz parte da história da humanidade, adquirindo grande importância tanto nos aspectos medicinais, 
como culturais (Araújo, 1979). Seu emprego na cicatrização de feridas tem evoluído ao longo dos tempos desde a sua 
utilização de forma mais simples em um tratamento local, até as formas mais sofisticadas da fabricação industrial 
utilizadas pelo homem atual (Lorenzi & Matos, 2002). 
Aproximadamente 80% da população brasileira não têm acesso aos medicamentos essenciais. Como as plantas 
medicinais apresentam maior facilidade quanto ao acesso, custo e manipulação, passam a atuar como a primeira ou 
talvez única escolha para o acesso à saúde (Nolla & Severo, 2005). 
O tratamento fitoterápico, como qualquer outro, requer um diagnóstico correto do problema, para que a planta 
utilizada ofereça um resultado eficaz, ocasionando dessa forma uma série de benefícios para a saúde. Associados às suas 
atividades terapêuticas estão seu baixo custo, a grande disponibilidade da matéria prima e a cultura relacionada ao seu 
uso. A prescrição de fitoterápicos até a pouco tempo não era aceita pelos próprios cientistas, por ser considerada uma 
medicina inferior. Porém, o conceito da fitoterapia vem sendo modificado, à medida que os profissionais veterinários 
vêm utilizando produtos naturais que tem a sua base científica já comprovada (FERNANDES, 2003; ALVES & SILVA, 
2003). 
A cicatrização é o processo pelo qual um tecido lesado é substituído por tecido conjuntivo vascularizado, quer a lesão 
tenha sido traumática ou necrótica (Panobianco et al., 2012). Após uma lesão, um conjunto de eventos bioquímicos se 
estabelece para reparar o dano (Paganela et al., 2009) e promover a cicatrização. Os eventos que desencadeiam a 
cicatrização são intercedidos e sustentados por mediadores bioquímicos, descritos em diferentes fases, que 
correspondem aos principais episódios observados em determinado período de tempo (Lima et al., 2012). 
 
Dentre as plantas cicatrizantes a Aloe vera, também conhecida como babosa, é utilizada há muito tempo devido ao 
efeito curativo (Schmid, 1991). A partir da extração das suas folhas, duas frações podem ser obtidas: um exsudato 
amargo e um gel mucilaginoso. O primeiro é considerado pelas farmacopeias como a droga Aloe, líquido extraído das 
células do periciclo, de coloração amarelo-avermelhada, rico em compostos antracênicos. O segundo provém do 
parênquima da folha (McKeown, 1987), com aspecto de gel incolor (mucilagem) e que tem sido utilizado para curar 
queimaduras, cicatrizar feridas, aliviar dores, além de ser um poderoso agente hidratante (Grindlay & Reynolds, 1986). 
A babosa é de fácil cultivo, pois não é exigentes quanto ao solo, desde que este seja drenado e permeável (arenoso e 
areno-argiloso), mas são sensíveis à acidez. Solos com abundância de matéria orgânica devem ser equilibrados com 
 
1 Primeiro Autor é aluno do Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Rua Dom Manoel de 
Medeiros, s/n, Dois Irmãos - CEP: 52171-900 - Recife/PE E-mail: mayrakarlams@hotmail.com 
2 Segundo Autor é aluno do Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Rua Dom Manoel de 
Medeiros, s/n, Dois Irmãos - CEP: 52171-900 - Recife/PE 
3 Terceiro Autor é aluno do Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Rua Dom Manoel de 
Medeiros, s/n, Dois Irmãos - CEP: 52171-900 - Recife/PE. 
4 Quarto Autor é aluno do Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Rua Dom Manoel de 
Medeiros, s/n, Dois Irmãos - CEP: 52171-900 - Recife/PE. 
5 Quinto Autor é aluno do Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Rua Dom Manoel de 
Medeiros, s/n, Dois Irmãos - CEP: 52171-900 - Recife/PE. 
6 Sexto Autor é professor Associado do Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Rua Dom 
Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos - CEP: 52171-900 - Recife/PE. 
 
 
 
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. 
 
boas doses de nutrientes e minerais: potássio, cálcio, fósforo e magnésio. A planta é característica de climas tropicais e 
subtropicais e deve ser cultivada em locais protegidos de geadas e de ventos frios hibernais, quer por exposições mais 
quentes (leste e norte), quer pelo uso de quebra-ventos (Correa JR. et al., 1991). 
A atividade cicatrizante do Aloe vera é explicada por várias teorias Estima-se que ela possua cerca de duzentas 
moléculas biologicamente ativas que atuam sinergicamente sobre os fibroblastos durante a formação de um novo 
epitélio (Terrycorp, 1977; Davis, 1989). Sua ação cicatrizante é explicada pela presença do tanino que favorece a 
granulação e contração da ferida com mais eficiência (Oliveira, 1992). 
 
 Este trabalho teve como objetivo mostrar a importância da babosa (Aloe vera) na elaboração de produto terapêutico 
para cicatrização de feridas, aos tutores dos animais atendidos no hospital veterinário. 
 
Material e métodos 
Este trabalho foi elaborado em 5 etapas: 
1- CULTIVO DA BABOSA 
 Foi reservado um espaço em solo arenoso no Departamento de Medicina Veterinária para a plantação das 
babosas. Foram cultivadas dez mudas com um espaçamento de 20cm entre elas. Apenas duas vezes por mês 
eram regadas. 
2- PRODUÇÃO DO GEL 
 A folha da babosa era cortada junto a raiz e levada ao Laboratório de Implantes Biológicos do DMV/UFRPE 
onde era lavada com água corrente em abundância. Utilizando luva estéril, era feito um corte vertical na folha 
com o auxílio de uma faca serrilhada. Com a parte não serrilhada da faca, era feita a raspagem de modo a sair 
apenas uma consistência viscosa (gel). Em um pedaço de papel laminado foi fracionado um pequeno filete de 
1cm do gel e em seguida enrolou-se delicadamente o papel modelando em forma de cone. Os cones formados 
eram refrigerados à uma temperatura de 4ºC. Uma hora antes da sua utilização eram retirados e descongelados 
a temperatura ambiente. 
3- UTILIZAÇÃO DO GEL DE BABOSA NO HOSPITAL VETERINÁRIO 
Os cones de babosa ficavam á disposição para serem utilizados em vários tipos de feridas dos animais 
atendidos no Hospital Veterinário, dentre elas, as mais frequentes eram as lesões provocadas por traumas e 
feridas pós cirúrgicas decorrentes de castrações em fêmeas (Ováriosalpingohisterectomia (OSH)). Nos traumas 
o curativo feito com o gel, gaze e atadura, sendo recomendado a troca duas vezes ao dia até a cicatrização. Nos 
decorrentes da cirurgia, o gel era aplicado diretamente na ferida cirúrgica e recoberto com fita microporosa 
uma única vez até a retirada dospontos realizado com sete dias. 
4- AVALIAÇÃO DA CICATRIZAÇÃO. 
Com o retorno do animal a ferida era avaliada quanto a presença de deiscência, edema, hiperemia, secreção, 
odor e coloração. 
5- EXPOSIÇÃO DA BABOSA 
Foi realizado aos tutores dos animais em atendimento no Hospital Veterinário uma exposição da planta Aloe 
vera onde, no evento, foi esclarecido a importância da babosa, seu cultivo e como utilizá-la como cicatrizante 
de feridas em animais. Após as palestras, foram distribuídos brindes como cadernetas informativas e jarrinhos 
com a planta. 
 
Resultados e Discussão 
A babosa é uma planta de baixo custo e fácil plantio. Por ser uma planta característica de climas tropicais, se adaptou 
muito bem obtendo crescimento satisfatório com folhas grossas, carnosas, eretas, com aproximadamente 40cm de 
comprimento. Não houve nenhuma infestação por pragas seja fúngica ou bacteriana durante todo seu desenvolvimento. 
Como não necessitam de muita água, apenas uma vez por semana foram regadas obtendo excelente resultado. O 
espaçamento de 20cm para cada muda foi satisfatório para um crescimento sem obstáculos. 
Na avaliação final observou-se que não houve deiscência, secreção e nem edema nos tecidos cicatrizados. Apenas um 
curativo com o gel da babosa foi suficiente para uma total cicatrização das feridas pós-cirúrgicas provocadas pela OSH. 
Segundo Terrycorps, (1977) e Davis, (1989) a explicação para o efeito cicatrizante em feridas é que o gel da babosa 
possui cerca de duzentas moléculas biologicamente ativas que atuam sobre os fibroblastos durante a formação de um 
novo epitélio. O que justifica o processo de cicatrização acelerado como avaliado por Davis, (1997). 
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. 
 
Agradecimentos 
 Agradecemos à Universidade Federal Rural de Pernambuco pelo espaço cedido, à professora orientadora do projeto e 
aos tutores pela atenção e por permitir o experimento em seus animais. 
 
Referências 
ALVES, D. L., SILVA, C. R. Fitohormônios. Abordagem natural de terapia hormonal. São Paulo: Atheneu, 2003. 
ARAÚJO, A. A. Medicina Rústica. 3ª ed. São Paulo: Brasiliense; 1979. 
CORREA J. C.; Ming, L. C.; Scheffer, M.C. Cultivo de plantas medicinais,condimentares e aromáticas. Curitiba: 
SEAB-EMATER-PR,. il, 1991,150 p. 
DAVIS, R.H. - Wound healing: oral and topical activity of Aloe vera. J. Am. Podiat. Med. Assoc. 79(8): 395-397; 
79(11): 559-562, 1989. 
DAVIS, R. H., Aloe vera: a scientific approach. New York: Vantage Press, 1997 
FERNANDES, A. V. Efeitos do uso tópico da Calendula officinalis na cicatrização de feridas em mucosa palatina: 
estudo histológico em ratos. Dissertação (mestrado). Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Odontologia, 
Araçatuba, 2003. 
FERREIRA, S. H., org. – Medicamentos a partir de plantas medicinais no Brasil. Rio de Janeiro: Academia Brasileira 
de Ciências, 1998. 
GRINDLAY & REYNOLDS. The Aloe vera phenomenon: a review of the properties and moderns uses of the 
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LIMA R.O.L., RABELO E.R., MOURA V.M.B.D., SILVA L.A.F., TRESVENZOL L.M.F. 2012. CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS 
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LORENZI, H. F. & MATOS, F. J. A. (2002) Plantas medicinais do Brasil, nativas e exóticas. 1 ed. São Paulo. 
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Abordagem clínica de feridas cutâneas em equinos. RPCV. 104(569-572):13-18. 
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