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HISTÓRIA MODERNA - AULA 6

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HISTÓRIA MODERNA 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Lorena Zomer 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
A palavra cidadania é conhecida pela nossa sociedade, pois ela faz parte 
de nossa constituição e, portanto, dos nossos direitos e deveres como pessoas 
que vivem na nação brasileira. Temas como o direito à liberdade de pensamento, 
o direito à liberdade de expressão e associação, o estado laico e representantivo 
são recorrentes nas discussões políticas e sociais de nosso contexto, cujo 
objetivo maior é dar dignidade aos brasileiros. 
E estes estão relacionados também à Revolução Francesa (e à Tomada 
da Bastilha em 14 de julho de 1789), embora este seja um acontecimento de 
outro local. O que tem em comum com a realidade brasileira é o marco temporal 
que representa, visto que a ideia de revolução política e social cristalizou outras 
perspectivas de organização para o mundo ocidental ao longo dos últimos dois 
séculos. A pintura abaixo é de Eugène Delacroix e representa esse processo: 
Figura 1 – Delacroix, E. A Liberdade guiando o povo, 1830. Museu do Louvre. 
 
Crédito: CC-PD 
É possível observar inúmeros cadáveres abaixo da liberdade, esta como 
uma alegoria de uma deusa. Considerem ainda que para que ela fosse 
conquistada as mortes foram necessárias. O mastro com a bandeira na mão está 
com a liberdade, uma república (mais tarde) que se ergueria em nome da 
igualdade de todos. 
 
 
3 
Apesar de a liberdade parecer um aspecto natural para o cotidiano das 
sociedades do século XXI, ela é o principal elemento na tela e de reivindicação 
desse processo político e era também desconhecida pelas massas. Isso porque, 
até aquele período, as desigualdades sociais baseadas na ideia de classe, de 
nascimento, entre outras, eram naturalizadas, ou seja, não havia um princípio 
regulador dentro das leis dos Estados que proporcionasse igualdade entre as 
pessoas. 
É nesse sentido que a Revolução Francesa, um acontecimento europeu, 
é importante para o mundo, embora mais para o Ocidente. Sobre o que significa 
a Revolução, ela: 
é reconhecida como o nascimento da democracia moderna, pois 
enquanto a sociedade do Antigo Regime se fundamentava na 
desigualdade entre os homens, surgiu pela primeira vez na História 
uma revolução que tinha como bandeira a igualdade, a soberania do 
povo, a liberdade, a ideia de Direitos do Homem. Segundo François 
Furet e Mona Ozouf, essa ruptura já exprime a natureza ao mesmo 
tempo política e filosófica do movimento. E não é por acaso que a 
Revolução Francesa é considerada o marco da transição da Idade 
Moderna para a Idade Contemporânea. (Silva; Silva, 2009, p. 366) 
Assim, tanto a Revolução Francesa, quanto a independência dos Estados 
Unidos, em 1776, foram tentativas – bem-sucedidas de maneira geral, de 
implantar princípios políticos ligados a um pensamento mais liberal para o 
período, bem como, influenciados pelo Iluminismo. 
Não obstante, frisamos o que entendemos como revolução, já que esse 
acontecimento transformou todo um contexto. Para Hannah Arendt: 
O conceito moderno de revolução, inextricavelmente ligado à noção de 
que o curso da História começa subitamente de um novo rumo, de que 
uma História inteiramente nova, uma história nunca antes conhecida 
ou narrada está para se desenrolar, era desconhecido antes das duas 
grandes revoluções no final do século XVIII. (Arendt, 1988, p. 23-24) 
Além disso, é preciso salientar que esses aspectos, mesmo que já 
adquiridos, são constantemente ameaçados e negociados devido a processos 
reacionários e autoritários que ocorrem em todo o mundo, especialmente como 
consequência dos interesses econômicos e por disputas por zonas de influência. 
Portanto, resumimos esse tema ligado à Revolução Francesa do seguinte 
modo: luta pelo direito à liberdade de pensamento, de expressão e de 
associação. Para entendermos isso, é preciso considerar os antecedentes 
políticos, econômicos e sociais da Revolução Francesa que durou 10 anos (1789 
– 1799), assim como, as fases da revolução e, a fim de desconstruir uma 
 
 
4 
perspectiva homogeneizante trazemos também a participação decisiva das 
mulheres. 
TEMA 1 – REVOLUÇÃO FRANCESA: CONTEXTO POLÍTICO 
O último dos reis da Dinastia dos Bourbons na França foi Luís XVI, um 
governo conturbado por conflitos internos e problemas econômicos, os quais 
foram agravados pela participação francesa na Independência dos Estados 
Unidos. Isso porque o país, devido a conflitos com a Inglaterra, apoiou a 
independência da colônia norte-americana, sem ter um retorno financeiro para o 
seu investimento. 
No absolutismo francês, a corte, composta pela nobreza, também tinha 
gastos exorbitantes, com base em uma sociedade estamental, em que as 
diferenças de classe eram justificadas e naturalizadas. Os nobres formavam o 
Segundo Estado e eram por voltar de 350 a 400 mil membros, não pagavam 
impostos e ainda usufruíam de tributos feudais no século XIX. 
Junto a esse grupo estava o clero (formando o primeiro estado), também 
com privilégios, entre eles, a posses de terras, o recebimento de rendas e o 
pagamento de impostos inexistente. Além disso, o clero, que era formado por um 
grupo de cerca de 130 mil membros, mantinha a posse da maior parte das terras 
francesas e cobrava o dízimo. 
Assim, o pagamento de impostos era algo específico do Terceiro Estado, 
que era composto pela alta e média burguesia, camponeses e proletários. Cerca 
de 20 milhões compunham esse grupo, ou seja, 80% da população francesa era 
responsável por todos os gastos da França e eram alijados de direitos sociais e 
políticos. 
Com essas considerações, percebemos que os camponeses, os 
proletários e a burguesia estavam insatisfeitos com a política francesa. Uma das 
formas de se entender como a falta de liberdade afetava o povo francês era a 
presença das lojas maçônicas, porque estas eram as únicas que aceitavam 
igualmente a todos (em relação à burguesia especialmente). 
Com base também nessas experiências, segundo Hobsbawm, os ânimos 
foram alterados e diversos princípios foram construídos na Declaração dos 
Direitos do Homem e do Cidadão, posteriormente, como: 
Este documento é um manifesto contra a sociedade hierárquica de 
privilégios nobres, mas não um manifesto a favor de uma sociedade 
 
 
5 
democrática e igualitária: “os homens nascem e vivem iguais perante 
as leis”, mas ela [a Constituição] também prevê a existência de 
distinções sociais. (Hobsbawm, 2009, p. 106) 
São essas distinções sociais que incentivaram a vários desses grupos a 
exigirem mais representação política. A tomada da Bastilha é o que representa 
esse momento, em que grupos diferentes tomaram uma instituição que 
simbolizava o poder absolutista do período, demonstrando que o poder também 
estava com ele. 
Figura 2 – Tomada da Bastilha, 1789 
 
Créditos: Jean-Pierre Houël. 
Os dias da Tomada da Bastilha são também conhecidos como a fase do 
Grande Medo, na qual os direitos começaram a mudaram. Nesse período, foi 
votada a Assembleia Nacional Constituinte, que iniciou o que seria promulgada 
no ano de 1791: a Constituição Francesa. Esta incluía a Declaração dos Direitos 
do Homem e do Cidadã, documentos próprios do Clero com novas funções e 
menos direitos, a abolição de qualquer prática feudal, desde os direitos e 
deveres, bem como a distribuição de terras. 
 
 
 
6 
Figura 3 – Símbolo da Assembleia Nacional (França) 
 
É perceptível que o entendimento das diferenças sociais e políticas deixa 
de ser naturalizado para ser compreendido como algo classista ou mesmo 
cultural. Entretanto, essa mesma declaração traz desigualdades após à 
Revolução Francesa quando frisou o direito à propriedade privada, sem 
questionar o acesso e as condições que os cidadãos, especialmente os 
camponeses e operários têm a esse direito. A historiadora francesa Lynn Hunt 
faz essas observações ao analisar fontes dos conselhos municipaisdo período: 
As autoridades revolucionárias eram os proprietários dos meios de 
produção; eram comerciantes com capital, profissionais liberais 
qualificados, artesãos com oficinas próprias ou, mais raramente, 
camponeses com terras. Não foram encontrados homens sem 
qualificação ocupacional, trabalhadores diaristas e camponeses sem 
terra em posições de liderança e nem sequer sua representatividade 
foi expressiva entre as bases militantes. (Hunt, 2007, p. 207) 
As ideias de Hunt confirmam que a falta de participação política se tornou 
um dos principais motivos para que a burguesia promovesse – junto a outros 
grupos – a Revolução Francesa. Os ideais de Liberdade, de Igualdade e 
Fraternidade eram o objetivo, para que assim especialmente a burguesia 
pudesse votar e decretar novas leis. Camponeses, proletários embora 
estivessem junto tiveram menos poderes após o fim da Revolução, isto é, a ideia 
de Fraternidade não foi a mais exigida e aplicada após a tomada de poder. 
TEMA 2 – REVOLUÇÃO FRANCESA: CONTEXTO ECONÔMICO 
As motivações políticas não eram as únicas que deixavam insatisfeitos os 
camponeses, proletários e os burgueses. Desde o início da década de 1780, 
havia uma forte inflação, carestia e diminuição da renda do povo de modo geral. 
 
 
7 
Esses acontecimentos se deram especialmente por problemas ou intempéries 
climáticas, com ênfase a períodos de seca, porém de inundações também. As 
más colheitas intensificaram a disputa pelos alimentos e, consequentemente, a 
inflação, além de enfraquecer os pequenos comerciantes e o comércio interno 
da França. 
Junto a isso estavam os gastos de duas guerras com alimentação, armas, 
soldados, além de questões diplomáticas. A primeira guerra era a travada com 
a Inglaterra (Guerra dos Sete Anos) e, a segunda, a da independência dos 
Estados Unidos. Apesar dos rendimentos baixos, a monarquia não exigiu ou 
baixou os impostos pagos pelo Terceiro Estado. Os gastos com nobres – e seus 
privilégios – se mantiveram – gerando um déficit de cerca de 100 milhões de 
libras. 
Além disso, é preciso considerar que a França, embora fosse apontada 
mais como um país camponês e com resquícios feudais, vivia em meados do 
século XVIII acontecimentos envolvendo trabalhadores urbanos. Robert 
Darnton, historiador francês, narra sobre a vida do operário Nicolas Contat e o 
seu estágio em uma gráfica na rua Saint-Séverin em Paris (1750): 
A vida de aprendiz era dura, ele explicou. Havia dois aprendizes [...] 
dormiam num quarto sujo e gelado, levantavam-se antes do 
amanhecer, saíam para executar tarefas o dia inteiro, tentando furtar-
se dos insultos dos oficiais (assalariados) e os maus-tratos do patrão 
(mestre) e nada recebiam para comer [...] pior ainda, o cozinheiro 
vendia, secretamente, as sobras, e dava aos rapazes comida de gato 
– velhos pedaços de carne podre que não conseguiam tragar, e, então, 
passavam para os gatos, que os recusavam. (Darnton, 2006, p. 103-
104) 
O que é possível afirmar é que naquele contexto, mesmo que de forma 
pequena e nem sempre organizada, havia operários que questionavam as 
condições sociais e de trabalho. Quando Nicolas Contat percebe que animais 
poderiam ser mais bem tratados que os próprios seres humanos, entende parte 
de sua desigualdade e a questiona e mostra sua ira, ao matar o bichano. Falta 
de condições ideais de trabalho, de alimento, somadas às insatisfações pelas 
condições econômicas da França, darão a esse grupo voz e resistência durante 
o processo revolucionário, mesmo que subestimados pela burguesia. 
Desse modo, a Revolução Francesa não abalou apenas a estrutura do 
Antigo Regime, mas ofereceu outras perspectivas para o futuro. É uma revolução 
social de massa que gerou uma transformação econômica-social, além de 
 
 
8 
práticas políticas como o liberalismo e a democracia (no decorrer do século XIX 
(Silva; Silva, 2006, p. 367). 
Apesar das condições inviáveis destinadas à maior parte da população, o 
rei convocou os Estados Gerais para efetivar uma solução, que foi justamente o 
aumento de impostos. 
Figura 4 – Salle des Menus Plaisirs in Versailles. Bibliothèque nationale de 
France 
 
Fonte: CC-PD. 
É importante ressaltar que as cadeiras ocupadas por nobres e o clero 
somavam menos que as ocupadas pelo Terceiro Estado, porém, a contagem era 
feita por categoria de Estado e, normalmente, Primeiro e Segundo Estado 
votavam nas mesmas posições. Essa reunião ocorreu em maio de 1789, porém, 
a burguesia (maioria no Terceiro Estado) exigiu a votação por membros e não 
por categoria. Naquele período, o Terceiro Estado convocou os demais a 
votarem com eles e da forma proposta. Com a recusa e a ausência de muitos, o 
Terceiro Estado nomeou a Assembleia de Nacional e Constituinte, isto é, um 
instrumento que questionava o próprio Absolutismo. 
Após desentendimentos entre membros dos dois primeiros estados com 
o Terceiro, a Assembleia ou a reunião convocada foi cancelada, sendo proibida 
qualquer reunião dentro daquele espaço. Deste modo, membros desejosos de 
votar em novas medidas econômicas, com a representação política de uma 
forma mais igualitária, se reuniram em um local conhecido como de “jogo da 
Péla”, em 30 de junho de 1789. 
 
 
9 
Este constitui-se como um acontecimento marcante para que a Revolução 
se tornasse mais concreta. O espaço estava fora da Assembleia Nacional, no 
entanto, deputados representantes da burguesia e uma parcela do clero 
decretaram que não mais aceitariam os Três Estados e atuariam juntos por uma 
nova Constituição. 
TEMA 3 – FASES DA REVOLUÇÃO FRANCESA 
Os Três Estados, portanto, reuniam grupos diversos. No entanto, não 
eram diferentes apenas entre os três, mas dentro dos grupos havia diversidade. 
No Terceiro Estado, havia entre seus membros desde mendigos e prostitutas até 
banqueiros e grandes empresários, embora o número de burgueses fosse maior. 
Apesar de terem pontos comuns, diferenças estabeleceram três grandes grupos 
dentro do Terceiro Estado, sendo eles: Girondinos, Jacobinos (este com a 
influência de Moderados e Exaltados) e Pântanos. 
É importante considerar que todos os grupos dentro do Terceiro Estado 
tiveram destaque dentro de algum momento revolucionário francês. No caso dos 
Girondinos, eles conduziram o período da Monarquia Constitucional ou da 
Assembleia (1789 – 1792). 
Esta ficou caracterizada como o tempo em que ocorreu: a Tomada da 
Bastilha, o fim dos privilégios feudais, a formação da Assembleia Nacional 
Constituinte e, em especial, a aprovação de declaração dos Direitos do Homem 
e do Cidadão. No trecho abaixo, é possível perceber o quanto se inovou com tal 
documento: 
Art. 6º. A lei é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o 
direito de concorrer, pessoalmente ou através de mandatários, para a 
sua formação. Ela deve ser a mesma para todos, seja para proteger, 
seja para punir. Todos os cidadãos são iguais 
a seus olhos e igual- mente admissíveis a todas as dignidades, lugares 
e empregos públicos, segundo a sua capacidade e sem outra distinção 
que não seja a das suas virtudes e dos seus talentos. 
Art. 7o. Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos 
determinados pela lei e de acordo com as formas por esta prescritas. 
Os que solicitam, expedem, executam ou mandam executar ordens 
arbitrárias devem ser punidos; mas qualquer cidadão convocado ou 
detido em virtude da lei deve obedecer imediatamente, caso contrário 
torna-se culpado de resistência. 
(https://www.parismuseescollections.paris.fr) 
 
https://www.parismuseescollections.paris.fr/
 
 
10 
Figura 5 - Jean-Jacques-François Le Barbier (1738–1826). Déclaration des droits 
de l'homme et du citoyen. Musée Carnavalet. Paris. França 
 
Fonte: CC-PD. 
Percebemos que a ideia de humanidade e de igualdade parecem ser mais 
próximas a todos, bem como uma perspectiva de justiça para todos. Os Direitos 
Humanos eram entendidos como naturais (a partir donascimento), iguais (para 
todos) e universais (aplicável em qualquer situação). Nessa fase, é possível dizer 
que há um rompimento com uma prática autoritária, que era o caso do 
absolutismo. No entanto, direito como à propriedade, à segurança embora 
importantes para todos, permaneceram destinados a poucos. 
Para acalmar a população e como resposta aos anseios revolucionários, 
foi aprovada uma nova Constituição que trazia o voto universal, além de 
conquistas sociais. É desse contexto os primeiros debates da Assembleia 
Legislativa, a qual além de ter as suas diferenças internas entre os políticos, 
precisava ainda enfrentar a recusa da aristocracia e de Luís XVI em aceitar as 
novas leis e acordos políticos. Junto a isso, a França também se encontrava em 
guerra com a Inglaterra, período em que Bonaparte começou a ter destaque 
como general. 
Não obstante, as fugas constantes de clérigos, nobres e girondinos 
permitiram que eles também se organizassem e pensassem em uma 
contrarrevolução. Isso ocorreu após o confisco e nacionalização de todos os 
bens da Igreja, bem como pela pressão para que esta rompesse com o papado 
 
 
11 
e se tornassem funcionários públicos (Constituição Civil do Clero), fazendo com 
que padres aderissem à contrarrevolução. 
Isso gerou um período conturbado que, como tal, presenciou a falta de 
produção de alimentos e, por isso, de uma forte inflação; revoltas camponesas 
e no espaço urbano. Aliás, os camponeses também se recusavam em pagar pela 
extinção das leis feudais. 
A pequena e média burguesia também viu alguns direitos votados e 
aprovados, porém não eram efetivados no cotidiano. Além disso, leis 
relacionadas a direitos trabalhistas e até sobre a existência de sindicatos não 
eram consideradas, o que minava os direitos de um público significativo, porém 
com pouca representação legislativa. 
A insegurança e a pouca presença na prática de igualdade para todos fez 
com que os jacobinos tivessem mais espaço no campo político, com promessas 
de alcançar as propostas da Revolução Francesa: a de Liberdade, a de 
Igualdade e a de Fraternidade. Esse período ficou conhecido como o de 
Convenção Nacional ou do “Terror”, no qual os Exaltados coordenaram inúmeras 
execuções, isso depois da prisão e morte de Luís XVI e Maria Antonieta. que 
foram presos em 1792 e 1793, respectivamente. 
Foram muitos os motivos que levaram os girondinos a perder o poder. 
Uma das influências desse processo foi de Jean Paul Marat, médico, escritor, 
jornalista e político. Marat fazia inúmeras críticas aos girondinos especialmente 
por meio de seu jornal, fundamental para que a opinião pública já marcada pelas 
crises e instabilidade política também se colocasse contra a monarquia. Em seus 
jornais, incentivou a crítica aos grupos dominantes, como também dava voz aos 
movimentos populares. 
É importante ressaltar que é principalmente pela presença popular que 
esse período ficou conhecido como o mais radical. O governo era conduzido pelo 
que chamavam de Comitê de Salvação Pública, o Comitê de Segurança Geral e 
o Tribunal Revolucionário, que reunia nomes como o de Robespierre, de Marat 
e de Danton. 
No entanto, apesar das conquistas sociais importantes, a tática de 
racionar comida devido à própria crise e a não aceitação de qualquer crítica 
fizeram com que esse grupo fosse amplamente questionado. Um dos jornais em 
que mais se disputava sobre o entendimento das ações daquele contexto era 
 
 
12 
também de Marat, O Amigo do Povo. Uma cópia abaixo é dele com o sangue do 
próprio Marat, assassinado no ano de 1793: 
Figura 6 – O amigo do Povo 
 
Fonte: CC-PD. 
No fim de 1792, Marat foi eleito na Convenção Nacional, ao tempo em que 
também publicava sobre temas republicanos em seu Journal Le République 
Fraçaise. Marat chegou a ser processado quando defender que Luis XVI deveria 
ser morto apenas se recusasse a aceitar a constituição e, por isso, tem grande 
apoio popular. E foi em 1793 que ele, como uma figura importante da resistência, 
foi assassinado por Charlotte Corday, provavelmente por influências dos 
girondinos, a quem ajudou a derrubar do governo: 
Figura 7 – Cruikshank, Isaac (–1811). A Second Jean d'Arc, Or, The 
Assassination Of Marat By Charlotte Cordé Of Caen In Normandy On Sunday. 
1793. Lewis Walpole Library, Farmington, Connecticut-EUA 
 
Fonte: CC-PD. 
https://en.wikipedia.org/wiki/en:Isaac_Cruikshank
http://images.library.yale.edu/walpoleweb/oneitem.asp?imageId=lwlpr07789
 
 
13 
TEMA 4 – REVOLUÇÃO FRANCESA: DO “TERROR” AO DIRETÓRIO 
O “período do terror” é considerado o mais tenso do processo 
revolucionário francês. Isso porque um grupo mais radical, chamado de 
jacobinos, estavam à frente no poder durante a Convenção Nacional. 
É desse período também transformações significativas que dão sentido 
ao caráter revolucionário do processo, tais como: fortalecimento do Estado Laico 
como expressão principal do governo republicano, sufrágio universal aprovado, 
entre outros. Nesse tempo, o general Napoleão Bonaparte comandava incursões 
internacionais contra inimigos dos franceses, mesmo com inovações 
significantes, o grupo dos jacobinos mostrou-se contrário a qualquer reação 
negativa às suas ações ou decisões, o que fez com que centenas de opositores 
fossem mortos ou condenados à prisão. 
Assim, grupos se reuniram, em especial o que era chamado de pântano 
ou planície tomou o poder, em julho de 1794, ou 9º Termidor. Essa fase ficou 
conhecida como Reação Termidoriana e terminou com a morte de Robespierre 
e o fim da Convenção. 
O governo que se deu foi um composto por cinco diretores da alta 
burguesia, o Diretório, que outorgou uma nova constituição cancelou diversas 
medidas sociais que haviam sido conquistadas, como o voto que voltou a ser por 
renda. Essa fase finalizou cinco anos depois com Napoleão Bonaparte, com o 
golpe de 18 de Brumário. Bonaparte havia conquistado o apoio de parte da 
burguesia e do povo com suas expedições. Em 1799, novamente, o processo 
revolucionário passa por um golpe de Estado, a partir do qual é criado o 
Consulado. 
O Diretório permaneceu como forma de governo por cinco anos, cujo 
poder central estava nas mãos da Alta Burguesia, embora o legislativo 
permanecesse com duas câmaras diversificadas. Diversos golpes ocorreram, 
tanto da direta (monarquistas), quanto da esquerda (jacobinos), entre eles o 
movimento da Conjuração dos Iguais. 
Ele foi liderado por François Noël Babeuf, que tinha como pauta principal 
o que ressaltamos nesse texto: era preciso mais que ter direitos, era preciso 
colocá-los em prática de forma universal. O movimento não chegou a acontecer 
porque foi denunciado antes. Mas seus ideais foram importantes para os 
levantes operários no século XIX. 
 
 
14 
TEMA 5 – PARTICIPAÇÃO DAS MULHERESAS E A REVOLUÇÃO 
Foram muitas as participações das mulheres naquele processo, mesmo 
sendo aquela sociedade bastante patriarcal e excludente. De classes sociais 
diversas e atuando em frentes diferentes, mulheres aristocratas, de todos os 
segmentos burgueses e de família proletárias e de camponeses. 
Ressaltamos os limites da sociedade do período, porque os lugares 
dessas mulheres eram em casa, nas indústrias, no campo e nas ruas, entretanto, 
apenas para trabalhar. A rua, como um espaço em que suas vozes seriam 
ouvidas, não era algo pensável nas décadas anteriores. 
Além de Maria Antonieta, odiada pelo povo por suas decisões absolutistas 
e autoritárias havia outras, as quais lutaram pela burguesia ou os mais 
marginalizados. Entre elas, estavam Charlotte Corday, a qual assassinou o 
deputado radical Jean Paul Marat, assim como Théroige de Méricourt, atriz e 
cantora de origem pequeno-burguesa, que incentivou as mulheres a 
caminharem até Versalhes, em outubro de 1789. 
Figura 8 – Marcha das mulheres a Versalhes. Autor desconhecido. Gravura. 
Século XVIII. Paris: Biblioteca Nacional da França 
 
Fonte:CC-PD. 
Estas, entre outras, exigiram o fim do absolutismo e, em especial, que 
todos tivessem acesso ao mínimo de igualdade social. Importante lembrar que a 
 
 
15 
nossa historiografia foi uma profissão de homens e sobre homens por longos 
séculos, o que silenciou inúmeras mulheres. 
Não menos importante e que também questionava a invisibilidade de 
mulheres foi Olympe de Gouges. Esta contestou a Declaração dos Direitos do 
Homem e do Cidadão, pois, segundo ela, o documento ignorava as mulheres 
como cidadãs. Gouges escreveu e discursou no ano de 1791, logo após à 
promulgação do documento. Além disso, a feminista também exigia que as 
mulheres tivessem o direito de votar e de serem votadas. Embora Gouges tenha 
acabado guilhotinada, ela (como outras) incentivou para que muitas buscassem 
a conquista de direitos sociais, políticos e culturais. 
NA PRÁTICA 
Ao longo da aula, podemos perceber como a iconografia revela muito de 
um período. O destaque ocupado pelos elementos que compõe uma 
pintura/aquarela etc., bem como devemos ver como um discurso sobre algo. Se 
uma pintura é feita durante ou depois do acontecimento, qual é o sentido que ela 
defender? Em uma disputa de memória sobre aquele acontecimento, qual é a 
perspectiva reafirmada. 
O trabalho do historiador e da historiadora não é decretar a mais ou menos 
verdadeira, mas entender o jogo de disputa que ocorra entre as relações de 
poder variadas de uma sociedade. Assim, para saber mais a respeito de como o 
movimento foi representado em obras do período, acesse o acervo do Museu 
Carnavalet, de Paris: <http://www.carnavalet.paris.fr/>. Acesso em: 21 set. 2021. 
FINALIZANDO 
Vimos, nesta aula, como a maior parte da população francesa de meados 
até o fim do século XVIII buscou se organizar para mudar a realidade social em 
que se encontravam. Mais que isso, desejavam transformações políticas que 
não eram conhecidas na França até aquele período, ou seja, a ideia de igualdade 
em todos os segmentos, embora de uma maneira que não atingia a todos, como 
as mulheres, as crianças, negros e idosos. 
Para isso, precisaram experimentar o direito de ter a voz ouvida, fosse por 
meio de manifestações sangrentas ou mesmo pelos jornais populares. Ideais 
relacionadas à República, aos Direitos Humanos, à Constituição ou mesmo à 
 
 
16 
Assembleia Legislativa precisaram ser debatidas, construídas e também foram 
contestadas. Para entender esse contexto complexo que forma de fato um 
processo revolucionário, buscamos compreender parte dos antecedentes 
políticos, econômicos e sociais da Revolução (1789 – 1799), suas fases e a 
participação da burguesia, de camponeses e de mulheres. 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
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	Figura 7 – Cruikshank, Isaac (–1811). A Second Jean d'Arc, Or, The Assassination Of Marat By Charlotte Cordé Of Caen In Normandy On Sunday. 1793. Lewis Walpole Library, Farmington, Connecticut-EUA

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