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Normas Gerais de Direito Financeiro 1 Normas Gerais de Direito Financeiro Created Tags D. Econômico e Financeiro Introdução ⚖ CF Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; O Direito Financeiro trata sobre a atividade financeira do Estado. Por meio da atividade financeira é que o Estado obtém e despende recursos, com a finalidade de satisfazer as necessidades públicas. Essa atividade é considerada um meio para atingir os objetivos estatais e por essa razão entende-se que seu caráter é notadamente instrumental. March 24, 2024 331 PM Normas Gerais de Direito Financeiro 2 Portanto, ao realizar diversas ações voltadas à criação, gestão e gasto dos recursos públicos a fim de atender necessidades coletivas de natureza pública, o Estado estará exercendo a atividade financeira. RICHE, Natalia. Direito Financeiro Introdução ao Direito Financeiro. p. 5. Em outras palavras, o Direito Financeiro contempla a arrecadação em sentido amplo, bem como a gestão e gasto dos recursos, a execução e elaboração do orçamento e a disciplina da dívida pública. RICHE, Natalia. p. 14. Necessidade Pública → tudo aquilo que o Estado se incumbiu de prestar, baseada em uma decisão política contida em um instrumento normativo. São de interesse geral; Como o Estado Realiza as Necessidades Públicas? a) Poder Normativo → intervenção no domínio econômico; b) Poder de Polícia; c) Regime de Despesas; d) Prestação de serviços públicos, delegáveis ou não. Nesse ponto de nossa matéria, é importante dar destaque a diferenciação entre atividade financeira em sentido estrito, que está relacionada ao exercício do poder da soberania e ao poder de império estatais e atividade financeira em sentido amplo, que admite como atividade financeira a atuação do setor privado, já que os agentes privados estão incluídos no Sistema Financeiro Nacional por expressa disposição constitucional. RICHE, Natalia. Direito Financeiro Introdução ao Direito Financeiro. p. 9. O STF admite que, quanto aos órgãos da Adm. P. que atuam no setor privado (empresas públicas e sociedade de economia mista), ocorra ampla Normas Gerais de Direito Financeiro 3 fiscalização pelo TC, ainda que não ocorra dano ao erário. Conceito de Direito Financeiro Rege o direito financeiro a atividade financeira do Estado, que é aquela tendente a levantar dinheiro na economia estadual (por meios contratuais ou coativos), gerir esse dinheiro e despendê-lo. Tal é o campo material desse ramo do direito. ATALIBA, Gustavo. Normas Gerais de Direito Financeiro. p. 40. O exercício da atividade financeira do Estado envolve o uso de sua Soberania → desempenha-se o exercício do governo; ATALIBA (p. 40 salienta que o direito financeiro é o conjunto de normas jurídicas que devem ser obedecidas pelo Estado e pelos cidadãos no tocante à atividade financeira do poder público. Sintetiza Giannini a extensão desse ramo jurídico como: "o complexo das normas que disciplinam o recolhimento, a gestão e distribuição dos meios econômicos necessários à vida dos entes públicos" Istituzioni, pág. 4. ATALIBA, Gustavo. Normas Gerais de Direito Financeiro. p. 40 Conceitos Fundamentais que Compõem a Atividade Financeira Estatal Receita → obtenção de receitas/recursos financeiros para arcar com os gastos do Estado. Incluem-se, aqui, as receitas originárias (decorrentes do patrimônio estatal) e as receitas derivadas (decorrentes do poder coercitivo estatal). Normas Gerais de Direito Financeiro 4 Ex. de receita originária: cobrança de aluguel de prédio pertencente ao patrimônio público. Ex. de receita derivada: cobrança de impostos. Crédito Público → obtenção de recursos financeiros de forma diversa, mas que devem ser devolvidos posteriormente, com pagamento de juros e encargos correspondentes, gerando o endividamento público. Ex. Ingressos Financeiros, Empréstimos. Despesa → aplicação dos recursos recebidos para satisfação de um objetivo do Estado, sendo necessária autorização legal; Orçamento → gerenciamento dos recursos recebidos, com o intuito de se estabelecer condições, limites e formas de controle do gasto. Focos da Atividade Financeira do Estado Foco Fiscal → objetiva a arrecadação; Foco Extrafiscal ou Regulatório → objetiva intervir na economia, induzindo o comportamento de agentes privados ou fomentando determinado setor econômico. Ex. Controle de Inflação, Redistribuição de Riquezas. Princípios Gerais Aplicáveis ao Direito Financeiro Princípio da Legalidade → impede-se que as despesas públicas sejam realizadas sem autorização da lei e determina-se quais são as regras a serem observadas na aprovação do orçamento; Princípio da Transparência → objetiva operacionalizar a publicidade e possibilitar um maior controle dos gastos públicos. A CF não prevê expressamente sua aplicação, mas a Lei de Responsabilidade Fiscal sim. Princípio da Responsabilidade Fiscal → o gasto público deve cumprir limites e regras legais, com uma ação planejada e transparente que almeje Normas Gerais de Direito Financeiro 5 o equilíbrio das contas públicas. ⚖ LRF Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação. Princípio da Economicidade → deve-se buscar sempre o melhor custo benefício na realização das necessidades públicas e na alocação dos recursos públicos; Princípio da Especialidade dos Incentivos Fiscais → aplica-se na concessão de incentivos fiscais, buscando-se evitar abusos e ilegalidades e conferindo maior transparência à gestão dos recursos públicos. Os incentivos fiscais dependem sempre de lei específica, exceto a concessão e revogação de incentivos de ICMS; Outros Princípios Gerais → impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. OBS. Existem exceções à exigência de lei para realização das despesas públicas? (exceção ao princípio da legalidade) Sim, a abertura de crédito adicional extraordinário será feita por Medida Provisória. OBS. 2 O princípio da responsabilidade na gestão fiscal não proíbe que haja renúncia tributária, desde que sejam obedecidas as normas de responsabilidade na gestão fiscal estabelecidas na LRF. A Quem compete legislar sobre Direito Financeiro? Normas Gerais de Direito Financeiro 6 ⚖ CF Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; Parte da doutrina entende que, pela interpretação literal do texto constitucional, os municípios não possuem competência suplementar para legislar sobre direito financeiro; Todavia, outra parte entende que, por força do art. 30, II, da CF, os municípios possuiriam essa competência suplementar. ⚖ CF Art. 30. Compete aos Municípios: II suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; A União tem competência exclusiva para legislar sobre normais gerais de direito financeiro. ⚖ CF Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: § 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. Quais normas disciplinam o Direito Financeiro? Normas Gerais de Direito Financeiro 7 ⚖ CF Art. 163. Lei complementar disporá sobre: I finanças públicas; II dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidades controladas pelo Poder Público; III concessão de garantias pelas entidades públicas; IV emissão e resgate de títulos da dívida pública; V fiscalização financeira da administração pública direta e indireta; VI operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; VII compatibilizaçãodas funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas as características e condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional. VIII sustentabilidade da dívida, especificando: a) indicadores de sua apuração; b) níveis de compatibilidade dos resultados fiscais com a trajetória da dívida; c) trajetória de convergência do montante da dívida com os limites definidos em legislação; d) medidas de ajuste, suspensões e vedações; e) planejamento de alienação de ativos com vistas à redução do montante da dívida. Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso VIII do caput deste artigo pode autorizar a aplicação das vedações previstas no art. 167A desta Constituição. Normas Gerais de Direito Financeiro 8 ⚖ CF Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: § 9º Cabe à lei complementar: I dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual; II estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta bem como condições para a instituição e funcionamento de fundos. III dispor sobre critérios para a execução equitativa, além de procedimentos que serão adotados quando houver impedimentos legais e técnicos, cumprimento de restos a pagar e limitação das programações de caráter obrigatório, para a realização do disposto nos §§ 11 e 12 do art. 166. A LC prevista no art. 165, §9º ainda não foi aprovada → alguns pontos deste artigo são tratados pelo art. 35, §2º do ADCT. Normas Gerais de Direito Financeiro 9 ⚖ ADCT Art. 35. O disposto no art. 165, § 7º, será cumprido de forma progressiva, no prazo de até dez anos, distribuindo-se os recursos entre as regiões macroeconômicas em razão proporcional à população, a partir da situação verificada no biênio 198687. § 2º Até a entrada em vigor da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º, I e II, serão obedecidas as seguintes normas: I o projeto do plano plurianual, para vigência até o final do primeiro exercício financeiro do mandato presidencial subsequente, será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do primeiro exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa; II o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa; III o projeto de lei orçamentária da União será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa. O art. 62 da CF veda a edição de medidas provisórias referentes à planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, e matérias reservadas à lei complementar. ⚖ CF Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: I relativa a: d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º; Normas Gerais de Direito Financeiro 10 A intenção desse artigo é garantir a democracia fiscal, por meio da participação do Poder Legislativo no processo de elaboração e aprovação das leis orçamentárias. RICHIE, p. 29. O art. 68, §1º da CF proíbe a utilização de leis delegadas sobre planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos. ⚖ CF Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional. § 1º Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre: III planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos. Lei nº 4.320/64 Lei federal editada como lei ordinária, mas recepcionada pela CF como lei complementar; Possui abrangência nacional → aplica-se à União, aos estados, ao DF e aos municípios; Síntese de seu conteúdo: a) Classificação das receitas e despesas quanto à categoria econômica ou natureza legal; b) Definição das etapas da despesa públicas; c) Disciplina dos créditos adicionais; d) Positivação dos princípios da unidade de tesouraria, exclusividade, orçamento bruto, unidade, universalidade e anualidade; e) Definição dos regimes de caixa para as receitas públicas e de competência para as despesas públicas; f) Conceituação dos restos a pagar; Normas Gerais de Direito Financeiro 11 g) Disciplina dos fundos especiais. Lei de Responsabilidade Fiscal LC Nº 101/2000; Atinge todos os entes federados, a administração direta e parte da administração indireta; A LRF busca garantir maior transparência, eficiência e controle por meio de normas mais rigorosas a serem aplicadas e observadas no planejamento e no gasto do dinheiro público. Com o advento da LRF houve um enorme avanço na transparência fiscal, por meio da divulgação em diversos meios de acesso das finanças e serviços públicos; foram criadas novas formas de controle contábil e financeiro; mecanismos de controle e limitação de gastos, planejamento e acompanhamento de resultados na elaboração e execução orçamentária; além de inovações nos conteúdos das leis orçamentárias (por exemplo, os famosos anexos da Lei de Diretrizes Orçamentárias). RICHE, p. 30. A Lei n. 4.320/1964 é que estabelece normas gerais para elaboração e controle dos orçamentos balanços, enquanto a LRF estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal. RICHE, p. 31. Fontes do Direito Financeiro Fontes Formais: a) Primárias CF, Leis Complementares, Leis Ordinárias, MP; Normas Gerais de Direito Financeiro 12 b) Secundárias → decretos, resoluções, atos normativos, decisões administrativas. Fontes Materiais → ciência das finanças.
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