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L IN G U A G E N S , C Ó D IG O S E S U A S T E C N O LO G IA S 01 - 02 - 03 - 04 - 05 - 06 - 07 - 08 - 09 - 10 - 11 - 12 - 13 - 14 - 15 - 16 - 17 - 18 - 19 - 20 - 21 - 22 - 23 - 24 - 25 - 26 - 27 - 28 - 29 - 30 - 31 - 32 - 33 - 34 - 35 - 36 - 37 - 38 - 39 - 40 - 41 - 42 - 43 - 44 - 45 - 46 - 47 - 48 - 49 - 50 - 51 - 52 - 53 - 54 - 55 - 56 - 57 - 58 - 59 - 60 - 61 - 62 - 63 - 64 - 65 - 66 - 67 - 68 - 69 - 70 - 71 - 72 - 73 - 74 - 75 - 76 - 77 - 78 - 79 - 80 - 81 - 82 - 83 - 84 - 85 - 86 - 87 - 88 - 89 - 90 - SIMULADO ENEM 2024 - VOLUME 2 - PROVA I C IÊ N C IA S H U M A N A S E S U A S T E C N O LO G IA S LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01 Ouro Preto is a city of churches, cobblestone streets, hilly narrow passageways, and colonial houses with cute little balconies founded in the 17th century. During the Gold Rush, the city was flooded by people from all around the world trying to dig out their luck out of the ground. At one time, Ouro Preto was the biggest city or rather the most inhabited city in the Americas (the half of the population consisted of African enslaved people). The city was the center of culture as many artists, painters, writers, and architects such as the famous Aleijadinho wanted to reside there. At the end of the 18th century, Ouro Preto also played an important role in Brazil’s fight for independence. Once the Gold Rush had faded, Ouro Preto transformed into a university city, and when walking the streets, you can feel the relaxed, carefree atmosphere. Disponível em: <www.laidbacktrip.com>. Acesso em: 16 out. 2023 (Adaptação). O texto sobre a cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais, tem o objetivo de A. descrever os costumes religiosos do local. B. associar o nome da cidade à corrida pelo ouro. C. recomendar locais para visita durante a estadia. D. resumir a história do município para os turistas. E. informar sobre a arquitetura clássica dos edifícios. Alternativa D Resolução: Está correta a alternativa D. O texto traz, de início, características físicas da cidade e o que alguém irá encontrar ao visitá-la. Em seguida, a história da cidade é brevemente descrita até os dias atuais. Portanto, é correto afirmar que o objetivo do texto é o de resumir a história do município para os turistas. A alternativa A está incorreta, pois o texto não discorre sobre os costumes religiosos locais, apenas diz que há igrejas no município. A alternativa B está incorreta porque, em nenhum momento do texto, há a associação do nome da cidade com a corrida pelo ouro (Gold Rush). A alternativa C está incorreta porque não há nenhuma indicação de locais para se visitar durante a estadia, visto que o texto apenas apresenta uma descrição panorâmica da cidade. A alternativa E está incorreta porque o texto não informa sobre a arquitetura clássica dos edifícios. Apenas há a informação de que a cidade foi um centro cultural, em que muitos artistas e arquitetos, como Aleijadinho, queriam residir ali. D925 356SE02ING2024III QUESTÃO 02 The US Food and Drug Administration (FDA) has taken a “momentous” step toward banning menthol in cigarettes and banning flavored cigars, proposing a rule that public health experts say could save hundreds of thousands of lives. FDA must do more to penalize retailers that illegally sell tobacco to kids, government review finds. The FDA has been talking about banning menthol and flavored cigars for years and has said the issue is important for the agency. Scientists have long understood that menthol flavor can make those cigarettes more addictive than tobacco-flavored ones. Menthol flavoring is attractive, particularly to new smokers, because it masks the harsh taste of tobacco, and a 2015 study found that it makes people want to smoke more. Disponível em: <https://edition.cnn.com>. Acesso em: 18 out. 2023 (Adaptação). O texto informa que a agência responsável pelo controle de alimentos, medicamentos e drogas nos Estados Unidos deu um passo importante no banimento dos cigarros saborizados. O motivo de a agência propor o banimento desses produtos relaciona-se ao(à) A. preferência de novos fumantes pelo cigarro tradicional. B. superlotação dos hospitais com as vítimas do tabaco. C. caráter viciante e atrativo dos cigarros mentolados. D. insistência dos comerciantes em descumprir o novo acordo. E. aumento da quantidade geral de fumantes nos últimos anos. Alternativa C Resolução: Está correta a alternativa C. Segundo o texto, pesquisas e pesquisadores mostram que os cigarros mentolados são mais viciantes que os cigarros tradicionais e que o mentol é mais atrativo, pois mascara o gosto forte do cigarro tradicional (Scientists have long understood that menthol flavor can make those cigarettes more addictive than tobacco-flavored ones. Menthol flavoring is attractive, particularly to new smokers, because it masks the harsh taste of tobacco, and a 2015 study found that it makes people want to smoke more). Assim, esses dados motivam a proposição do banimento de cigarros mentolados. A alternativa A está incorreta, pois o texto explica que os cigarros mentolados são mais atrativos para novos fumantes, não os tradicionais. As alternativas B e E estão incorretas, pois não há informações no texto sobre superlotação de hospitais ou acerca do aumento na quantidade geral de fumantes nos últimos anos. O texto apenas defende que milhares de vidas poderiam ser salvas com a proibição da venda de cigarros mentolados / saborizados. A alternativa D está incorreta, pois não há um novo acordo estabelecido pela FDA. O texto explica que a agência pretende aplicar ações mais duras aos comerciantes que vendem cigarros ilegalmente para crianças. Portanto, a lei já prevê e já pune os comerciantes infratores. O fato de eles insistirem na venda ilegal não faz parte de um descumprimento de um novo acordo que motiva a proposição do banimento dos cigarros mentolados e saborizados, mas sim o descumprimento de uma lei já existente. QQF3 356SE02ING2024II ENEM – VOL. 2 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 1BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 03 Are female artists worth collecting? Tate doesn’t seem to think so The museum preaches diversity, but its annual acquisitions suggest that great art is mostly created by men. The dire situation for equality in the British visual arts has been laid bare. We’ve reversed back into the Victorian age, where women can’t paint and women can’t write. My research suggests that female creatives are less likely to succeed now than they were in the 1990s. Today, when men’s artwork is signed, it goes up in value; conversely when work by women is signed, it goes down in value, and the addition of a woman’s signature can devalue artwork to the extent that female artists are more likely to leave their work unsigned. Hysteria, the female-specific Victorian malady, has returned to the UK, with women accused of being mad and out of control if they don’t conform to gallerists’ often unreasonable demands. GORRIL, H. Disponível em: <https://www.theguardian.com>. Acesso em: 13 ago. 2018 (Adaptação). No trecho do artigo anterior sobre museus no Reino Unido, a menção à Era Vitoriana tem como objetivo A. fazer uma crítica ao governo britânico atual. B. apontar um momento de retrocesso no cenário das artes visuais. C. alertar para o retorno de uma doença conhecida como histeria. D. refletir sobre a importância das artistas mulheres do século XIX. E. comparar a arte produzida na Era Vitoriana à arte contemporânea. Alternativa B Resolução: Está correta a alternativa B. Ao alegar que voltamos à Era Vitoriana, quando as mulheres não podiam pintar nem escrever (We’ve reversed back into the Victorian age, where women can’t paint and women can’t write),a autora do texto menciona essa época com a finalidade de colocar em evidência certas restrições impostas a mulheres no cenário atual das artes. As demais alternativas estão incorretas porque: não há, no texto, nenhuma menção ao governo britânico atual (A); embora a autora mencione o retorno da histeria ao Reino Unido, ela o faz de forma simbólica para traçar um paralelo com a maneira que as mulheres têm sido tratadas atualmente (C); o trecho não menciona nenhuma mulher artista do século XIX (D); a arte da Era Vitoriana também não aparece no texto (E). CWI8 CALIBRADA_ING QUESTÃO 04 Now, lying on my back in bed, I imagined Buddy saying, “Do you know what a poem is, Esther?” “No, what?” I would say. “A piece of dust.” Then just as he was smiling and starting to look proud, I would say, “So are the people you think you’re curing. They’re dust as dust as dust. I reckon a good poem lasts a whole lot longer than a hundred of those people put together.” And of course Buddy wouldn’t have any answer to that, because what I said was true. People were made of nothing so much as dust, and I couldn’t see that doctoring all that dust was a bit better than writing poems people would remember and repeat to themselves when they were unhappy or sick and couldn’t sleep. PLATH, S. The Bell Jar. London: Heinemann, 1963. [Fragmento adaptado] No livro de Sylvia Plath, a narradora imagina um diálogo com o seu psicólogo para expor sua conclusão de que a A. poeira é a representação do nada. B. vida é efêmera quando se é poeta. C. resposta para os problemas é a terapia. D. psicologia é a chave para desvendar a arte. E. poesia é mais duradoura que a vida humana. Alternativa E Resolução: No trecho, a narradora parece se sentir ofendida quando o colega afirma que a poesia é apenas “pó”, e afirma que o ser humano também não passaria disso. Desta forma, com a finalidade de defender a poesia, ela aposta que esta não seria menor que a vida humana, dado que, ao contrário da vivência humana, a poesia é mais duradoura. Portanto, a alternativa correta é a E. A alternativa A está incorreta porque, como explicado, a narradora afirma que pessoas são feitas de “nada” tanto quanto a poeira, e não que a poeira é a representação do nada. A alternativa B está incorreta, pois trata-se de uma leitura incorreta do que é dito, visto que a narradora faz ponderação sobre a duração da vida e do poema, dizendo que este é mais duradouro. Portanto, subentende-se que ela acredita que a poesia possui caráter mais duradouro, e não que a vida é efêmera quando se é poeta. As alternativas C e D estão incorretas, pois vão na contramão do que é defendido pela narradora no excerto. Ela discorda de seu psicólogo e acredita que o tratamento de todas aquelas pessoas, as quais ela compara a pó, não é tão melhor que escrever poemas dos quais as pessoas lembrariam e leriam em momentos de tristeza ou doença. 48R1 356SE02ING2024IV LCT – PROVA I – PÁGINA 2 ENEM – VOL. 2 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 05 KLOSSNER, J. Disponível em: <www.jklossner.com>. Acesso em: 27 nov. 2023. No cartum, a fala da personagem, associada aos elementos visuais, propõe uma crítica que evidencia a A. relativização da poluição. B. preocupação com a saúde. C. geração de novos empregos. D. solução para a emissão de gases. E. relação entre indústria e bem-estar. Alternativa A Resolução: No cartum, o homem de terno e maleta, representando a indústria, diz para a família imaginar quantos empregos relacionados à área da saúde eles estão gerando. Ele diz isso porque, como a indústria emite muita poluição, mais pessoas ficam doentes e, assim, há mais procura pelos serviços de saúde. O fato de a família usar máscaras de gás contribui para a leitura de que a poluição é uma coisa ruim para a saúde. Ao invés de propor o fim da emissão de poluentes, o representante da indústria traz uma razão que faz parecer que a poluição é uma coisa boa, mas ela continua resultando em malefícios para a sociedade ao deixar muitas pessoas doentes. Assim, há uma relativização da poluição e, portanto, está correta a alternativa A. Por essa explicação, é possível descartar as alternativas B e D. As alternativas C e E estão incorretas porque, apesar de o personagem dizer que eles estão gerando novos empregos, isso não é o foco principal da mensagem ou a crítica que o cartum propõe. Como explicado, ele apenas traz a criação de empregos na área da saúde como desculpa para que as indústrias continuem poluindo. Portanto, não há ligação entre a indústria e bem-estar nem a criação de novos empregos. C4L6 356SE02ING2024V ENEM – VOL. 2 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 3BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção espanhol) QUESTÃO 01 NIK. Disponível em: <www.gaturro.com>. Acesso em: 21 mar. 2019. O uso do termo “peros”, em destaque no último quadrinho da tirinha, A. demonstra a coerência nas considerações feitas pela gata. B. indica temor do gato em ser contrariado em qualquer circunstância. C. manifesta perturbação do gato devido à segurança na fala da gata. D. remete às hesitações da gata diante das investidas amorosas do gato. E. denota reconhecimento da perturbação que lhe causam os cachorros. Alternativa D Resolução: Na tirinha em análise, os peros (poréns) a que se refere Gaturro são aqueles que Ágatha usa para demovê-lo de suas tentativas de conquista amorosa. Portanto, está correta a alternativa D. A alternativa A está incorreta porque as falas da gata são contraditas tão logo ela as enuncia, não havendo, portanto, coerência. A alternativa B está incorreta porque não há elementos suficientes no quadrinho para afirmar que o gato teme ser contrariado em qualquer circunstância que esteja fora do contexto amoroso a que o uso de peros se refere. A alternativa C está incorreta porque não há segurança na fala de Ágatha; ao contrário, há dúvidas e contradições, pois, se por um momento ela responde afirmativamente àquilo que o gato lhe pergunta, logo em seguida muda de ideia. A alternativa E está incorreta porque o termo peros refere-se aos usos da conjunção adversativa, e não a perros, cuja escrita é muito semelhante, mas que significa “cachorros”. QUESTÃO 02 Disponível em: <https://www.navarra.es>. Acesso em: 20 out. 2023. ZSIN CALIBRADA_ESP 2A4J 364SE02ESP2024III LCT – PROVA I – PÁGINA 4 ENEM – VOL. 2 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A campanha anterior tem o objetivo de A. indicar a reutilização de material plástico. B. refletir sobre o descarte de itens recicláveis. C. propor o fim do uso de objetos descartáveis. D. mostrar a falta de conscientização ambiental. E. convidar a repensar sobre a produção de lixo. Alternativa C Resolução: O texto em análise é uma campanha da região autônoma de Navarra, na Espanha, pelo fim da utilização do plástico, intitulada de “#ADIÓSPLÁSTICO”, por se tratar de item descartável. A mensagem Esto no es un hasta pronto, es un hasta nunca indica que não se trata de uma campanha pela suspensão temporária do uso do plástico, mas sim de uma suspensão definitiva, algo evidenciado pela expressão “até nunca”. Portanto, está correta a alternativa C. A alternativa A está incorreta porque o texto não pede que se reutilizem os materiais plásticos, mas sim que se pare de utilizá-los. A alternativa B está incorreta porque, embora o pedido de não utilização de descartáveis possa levar a uma reflexão sobre o descarte, esse não é o objetivo da campanha, uma vez que ela não menciona esse tema. A alternativa D está incorreta porque a campanha não trata de falta de consciência, tampouco aborda a questão ambiental de maneira geral; seu foco são os objetos descartáveis. A alternativa E está incorreta porque o texto não trata da produção de lixo de modo geral. QUESTÃO 03 En Mesoamérica, el desplazamiento de lenguas indígenas comenzó antes de la Conquista yse profundizó durante la Colonia. En México, actualmente, muchas lenguas originarias están en un proceso avanzado de extinción. La supervivencia de una lengua depende de una serie de variables multifactoriales que incluye las políticas lingüísticas. En nuestro país, por muchos años dichos lineamientos se enfocaron en promover el desplazamiento de las lenguas indígenas en favor del español como lengua nacional. Hoy ya han cambiado las políticas lingüísticas, pero la discriminación hacia las lenguas originarias y sus hablantes persiste en el grueso de la población mexicana. En este contexto, algunas comunidades van decidiendo, consciente o inconscientemente, no continuar con la transmisión intergeneracional de su lengua. Las madres dejan de transmitirla a sus hijos y, en consecuencia, ellos adquieren el español como su lengua materna. Aunque los adultos pueden seguir hablando su lengua, cuando ellos mueren, su lengua muere con ellos. AGUILAR, F. G.; NOVOA, D. Disponível em: <https://unamglobal.unam.mx>. Acesso em: 20 out. 2023. XHR9 364SE02ESP2024IV No contexto do México, as línguas tradicionais vivenciam um processo de extinção, que A. deriva da falta de registro escrito dos idiomas ancestrais. B. reflete o preconceito contra os indígenas e sua cultura. C. encontra resistência social nas comunidades mexicanas. D. leva as famílias a uma dúvida em relação ao que ensinar. E. faz o governo se isentar de políticas para idiomas nativos. Alternativa B Resolução: Segundo o texto, durante muitos anos, as políticas linguísticas no México buscaram promover o espanhol como língua nacional. Embora, nos últimos anos, essas políticas tenham sido alteradas, ainda se observa o preconceito contra as línguas tradicionais e seus falantes. Isso demonstra a relação entre o preconceito contra as línguas indígenas e a extinção dessas línguas. Portanto, está correta a alternativa B. A alternativa A está incorreta porque o texto não menciona a falta de registro escrito dos idiomas tradicionais. A alternativa C está incorreta porque o texto não aborda que as comunidades mexicanas estejam resistindo ao processo de extinção das línguas indígenas. A alternativa D está incorreta porque as famílias das comunidades tradicionais não têm demonstrado dúvida quanto ao que ensinar, mas têm optado por não transmitir as línguas tradicionais. A alternativa E está incorreta porque o processo de extinção fez com que as políticas linguísticas fossem repensadas, de modo a promover a valorização das línguas indígenas. QUESTÃO 04 Te vas a Tebas Yo no me puedo despedir así tan fácil Te hice una carta sin final para tu viaje Y en el camino la leerás Vida, ya no podré decirte “amor” todos los días Seré discípulo y profeta de mentiras Y mi alegría no se regenerará Amor Si mañana vas a partir hoy quédate en casa Yo no me puedo despedir y si me abrazas Puede que las palabras se quieran acortar Y si al regresar ves que está cerrada mi puerta Sabes que siempre una ventana queda abierta Para que entres sin llamar. UMPI, D. Lechiguanas. Buenos Aires: Sony Music, 2017. [Fragmento] BZ37 364SE02ESP2024I ENEM – VOL. 2 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 5BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A frase las palabras se quieran acortar evidencia que o(a) A. eu lírico evita se posicionar devido à tristeza pelo afastamento. B. pessoa amada prefere não ouvir opiniões a respeito da viagem. C. rejeição experimentada pelo eu lírico vem da falta de comunicação. D. sentimento de culpa de quem parte causa o silêncio dos amantes. E. momento da despedida faz desaparecer a possibilidade de falar. Alternativa E Resolução: Na letra da canção, que expressa um momento de partida, o eu lírico revela que não pode se despedir e, caso seja abraçado, pode ser que as palavras sejam abreviadas ou lhe faltem (Yo no me puedo despedir y si me abrazas / Puede que las palabras se quieran acortar). Nesse sentido, a despedida faz desaparecer a possibilidade de fala entre os interlocutores. Portanto, está correta a alternativa E. A alternativa A está incorreta porque o eu lírico não evita deliberadamente pronunciar-se, mas sente que o momento da despedida o faz perder a fala. Além disso, ele se posiciona ao evidenciar sua tristeza com a partida da pessoa amada. A alternativa B está incorreta porque o texto não aborda que a pessoa amada se esquive de ouvir opiniões sobre a viagem. A alternativa C está incorreta porque não é possível inferir que o eu lírico experimente rejeição. A alternativa D está incorreta porque a canção não revela que quem parte tem sentimento de culpa. QUESTÃO 05 La poesía es conocimiento, salvación, poder, abandono. Operación capaz de cambiar al mundo, la actividad poética es revolucionaria por naturaleza; ejercicio espiritual, es un método de liberación interior. La poesía revela este mundo; crea otro. Pan de los elegidos; alimento maldito. Aísla; une. Invitación al viaje; regreso a la tierra natal. Inspiración, respiración, ejercicio muscular. Plegaria al vacío, diálogo con la ausencia: el tedio, la angustia y la desesperación la alimentan. Niega a la historia: en su seno se resuelven todos los conflictos objetivos y el hombre adquiere al fin conciencia de ser algo más que tránsito. Arte de hablar en una forma superior; lenguaje primitivo. Obediencia a las reglas; creación de otras. Pura e impura, sagrada y maldita, popular y minoritaria, colectiva y personal, desnuda y vestida, hablada, pintada, escrita, ostenta todos los rostros pero hay quien afirma que no posee ninguno: el poema es una careta que oculta el vacío, ¡prueba hermosa de la superflua grandeza de toda obra humana! PAZ, O. El arco y la lira. Ciudad de México: Fondo de Cultura Económica, 1986. [Fragmento] O intelectual Octavio Paz debruçou-se, em seus estudos, sobre o tema da poesia. Nesse texto, o autor a descreve como A. realização de caráter transformador. B. representação histórica do mundo. C. técnica para alcançar inspiração. D. forma de criação de normas literárias. E. expressão única de tradições culturais. Alternativa A Resolução: De acordo com Octavio Paz, a poesia é inspiração, é algo revolucionário, que cria outros universos e novas regras, sendo capaz de mudar o mundo. Nesse sentido, ela tem caráter transformador. Portanto, está correta a alternativa A. A alternativa B está incorreta porque a poesia não é uma simples representação histórica do mundo, mas uma possibilidade de recriá-lo. A alternativa C está incorreta porque o texto não apresenta a poesia como uma técnica por meio da qual se alcança a inspiração, mas é a própria inspiração, respiração, um exercício muscular. A alternativa D está incorreta porque o texto não menciona que a poesia seja uma forma para se criar normas literárias. A alternativa E está incorreta porque o autor não associa a poesia às tradições culturais. PGG4 364SE02ESP2024II LCT – PROVA I – PÁGINA 6 ENEM – VOL. 2 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 06 Disponível em: <https://www12.senado.leg.br>. Acesso em: 9 jun. 2022. Segundo o infográfico piramidal, pode-se afirmar que as fake news A. dominaram a internet, dificultando sua identificação. B. possuem características que lhes são reconhecíveis. C. despertam a atenção de pessoas menos escolarizadas. D. entretêm os internautas por meio de matérias inusitadas. E. desvirtuam o sentido de fatos de interesse da sociedade. Alternativa B Resolução: Segundo o infográfico piramidal, pode-se afirmar que as fake news possuem características que lhes são reconhecíveis, já que fontes desconhecidas, títulos distorcidos, notícias em tom alarmista ou absurdas demais, etc. são alguns indícios de que essas notícias possam ser falsas. Logo, a alternativa B está correta. A alternativa A está incorreta, pois, ainda que seja verdade, o infográfico, em momento algum, destaca que as fake news dominaram a internet; além disso, o próprio infográfico traz uma série de dicas para identificaruma notícia falsa. A alternativa C está incorreta, pois, pela leitura do texto verbal, não se pode afirmar que as fake news atingem pessoas com menos escolaridade. A alternativa D está incorreta, pois, em nenhum momento, o infográfico destaca que as notícias falsas geram entretenimento nos internautas. A alternativa E está incorreta, pois não é possível afirmar, sobretudo pelo texto verbovisual, que todo fato que vira uma fake news é de interesse geral da sociedade. OIKN CALIBRADA_POR ENEM – VOL. 2 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 7BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 07 “[...] eu pari esta terra. Deixa ver se a senhora entendeu: esta terra mora em mim”, bateu com força em seu peito, “brotou em mim e enraizou.” “Aqui”, bateu novamente no peito, “é a morada da terra. Mora aqui em meu peito porque dela se fez minha vida, com meu povo todinho. No meu peito mora Água Negra, não no documento da fazenda da senhora e de seu marido. Vocês podem até me arrancar dela como uma erva ruim, mas nunca irão arrancar a terra de mim.” VIEIRA JUNIOR, I. Torto Arado. São Paulo: Todavia, 2019. A metáfora desenhada pelo texto de Itamar Vieira Junior se baseia no(a) A. identificação entre o indivíduo e seu povo. B. encontro entre elementos naturais e a força. C. aproximação entre o trabalhador e a terra. D. desacordo entre o documento e a realidade. E. oposição entre senhores e trabalhadores. Alternativa C Resolução: A obra Torto Arado, de Itamar Vieira Junior, apresenta a relação de duas irmãs, Belonísia e Bibiana, que cresceram em uma comunidade de trabalhadores escravizados no sertão da Chapada Diamantina. Vieira Junior vale-se da linguagem poética para estabelecer a relação entre sua narrativa e o texto oral, característico das culturas tradicionais. No fragmento analisado, observa-se como se dá a construção da relação entre o trabalhador escravizado e a terra. Apesar de não ser dono da terra em que trabalha, de acordo com os documentos, o trabalhador torna-se parte dela e constrói com ela uma unidade indissociável. A metáfora é fortalecida pelo uso de referências à reprodução e à natureza, como a figura da semente que cria raiz e brota. Assim, a alternativa C está correta. A alternativa A está incorreta, pois a relação entre Salustiana e seu povo reforça a importância da terra em sua vida. A alternativa B está incorreta, pois o povoado de Água Negra também representa a terra referida por Salustiana. A alternativa D está incorreta, pois a falta de suporte legal para a relação entre trabalhador e terra reforça a metáfora de algo que se constrói naturalmente por meio do trabalho e do cultivo desta. Finalmente, a alternativa E está incorreta, pois, ao posicionar trabalhadores e senhores em polos opostos, a narrativa reforça a relação de exploração ali estabelecida. V7IN CALIBRADA_POR QUESTÃO 08 Círculo Vicioso Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume: – “Quem me dera que fosse aquela loura estrela, Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!” Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme: – “Pudesse eu copiar o transparente lume, Que, da grega coluna à gótica janela, Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela!” Mas a lua, fitando o sol, com azedume: – “Mísera! tivesse eu aquela enorme, aquela Claridade imortal, que toda a luz resume!” Mas o sol, inclinando a rútila capela: – “Pesa-me esta brilhante auréola de nume... Enfara-me esta azul e desmedida umbela... Porque não nasci eu um simples vaga-lume?” ASSIS, M. Ocidentais. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br>. Acesso em: 27 out. 2023. No poema, o eu lírico atribui características humanas aos personagens de forma a produzir e transmitir uma crítica sobre a A. negligência do ser humano com a natureza. B. inveja que impede o crescimento pessoal. C. dificuldade para manter relações sociais. D. insatisfação humana com a própria vida. E. ânsia incessante por reconhecimento. Alternativa D Resolução: Os elementos da natureza citados (vagalume, estrela, lua e sol) dispõem de capacidade de pensar e sentir, e cada um fala sobre sua insatisfação e desejo de ser diferente. Assim, a alternativa D é a correta. A alternativa A é incorreta: os elementos da natureza não estão sob risco nem são ameaçados pelos seres humanos. Neste poema, não há referência a ações do ser humano à natureza. A alternativa B é incorreta: das quatro falas dos elementos naturais, só é possível identificar o sentimento de inveja em uma, a que se refere à lua na terceira estrofe, de forma que a crítica à inveja não contempla todos os personagens. A alternativa C é incorreta: não são explicitadas relações entre os personagens, eles observam um ao outro e desejam possuir características que admiram. A alternativa E é incorreta: os personagens não falam de si mesmos de forma a exigir que se reconheçam as próprias qualidades, eles observam no outro algo que gostariam para si. X4FT 301SE02POR2024V LCT – PROVA I – PÁGINA 8 ENEM – VOL. 2 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 09 Quatro bagatelas I Todas as soluções são boas, menos a que você escolher. Escolha, sim. (Mesmo que doa, dá uma espécie de prazer.) BRITTO, P. H. Formas do nada: poemas. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. O eu lírico traz no texto um conselho acerca de escolhas da vida e, ao fim, cria uma mensagem na qual A. relaciona a existência à busca por soluções acertadas. B. reforça o incentivo de resoluções bem-intencionadas. C. defende a existência de satisfação na angústia da decisão. D. questiona a exaustão proveniente de viver entre escolhas. E. minimiza as dificuldades enfrentadas com resoluções ruins. Alternativa C Resolução: No terceiro e quarto versos, há uma informação dentro dos parênteses: fazer escolhas é necessário e a ação se associa à dor e ao prazer simultaneamente. O conselho dado pelo eu lírico é categórico: ele defende a ideia de fazer escolhas e acrescenta, em comentário, dados sobre os sentimentos envolvidos nesse processo. Portanto, a alternativa correta é a C. A alternativa A é incorreta: a poesia não menciona a existência em seus versos, assim, não é possível identificar uma relação de dependência entre a existência e as soluções. A alternativa B é incorreta: as soluções são caracterizadas de apenas uma forma no poema, por meio do adjetivo “boa”. Não há traços que possibilitem associar esse qualificativo à intencionalidade da resolução. A alternativa D é incorreta: as sensações mencionadas no poema, experienciadas pelas resoluções, são a dor e o prazer. Não se menciona a sensação de exaustão. A alternativa E é incorreta: as resoluções ruins não são abrandadas na poesia, elas são factuais, constatadas como aquelas que são tomadas pelo leitor e pelo eu lírico. QUESTÃO 10 Em geral, começamos a falar naturalmente. Imitamos o que ouvimos dos pais, dos amigos, de quem estiver por perto. Ou seja, modificamos as vocalizações de acordo com o que ouvimos. Aprendemos, erramos, ensaiamos de novo. E disso resulta um sistema de comunicação único no mundo animal, a linguagem falada. Ela é singular, universal, uma característica biológica nossa. No entanto, um seleto grupo de animais compartilha conosco o que chamamos de aprendizado vocal: eles aprendem ouvindo e copiando outros animais da espécie. Para surpresa de alguns, este grupo não inclui os grandes primatas, mas outros animais: mamíferos aquáticos (baleias, golfinhos, pinípedes), morcegos, pássaros, e possivelmente elefantes e o sagui-de-tufos-brancos. Não são todas as aves, porém, que aprendem suas vocalizações, apenas pássaros canoros, beija-flores e papagaios. Disponível em: <https://cienciafundamental.blogfolha.uol.com.br>. Acesso em: 21 jun. 2022. De acordo com o texto, estabelece-se uma relação entre A. o som das aves e o aprendizado vocal. B. os mamíferos aquáticos e os beija-flores. C. a entoação animal e a linguagem escrita. D. o canto de aves canoras e a fala humana. E. os grandes primatas e ospássaros canoros. Alternativa D Resolução: A alternativa correta é a D, pois, no início do segundo parágrafo, o autor afirma que um grupo restrito de animais compartilha com os humanos o aprendizado vocal, ou seja, a emissão de sons. Os animais aos quais o autor se refere são as aves canoras, como afirmado na última frase do texto. A alternativa A está incorreta, pois o texto não relaciona a fala humana com o som de todas as aves, mas com o das aves canoras. A alternativa B está incorreta, pois não menciona a fala humana. A alternativa C está incorreta, pois a discussão do texto não se estende à entoação de todos os animais, tampouco à linguagem escrita. A alternativa E está incorreta, pois o texto não afirma que o grupo dos primatas compartilha conosco o aprendizado vocal. OBY5 301SE02POR2024III MAVC CALIBRADA_POR ENEM – VOL. 2 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 9BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 11 As pichações põem à prova a nossa miopia urbana. Onde vemos borrões, jovens veem marcas nítidas da passagem de pessoas, identidades e bairros. Os rabiscos que cobrem a cidade são nomes com rosto e reputação. São uma linguagem com sensibilidade e valores próprios que delimitam espaços e marcam fronteiras entre o mundo do nós e o dos outros. São grafismos que trazem histórias de vidas, memórias, projetos, perdas, sensações intensas de prazer, medo, aventura, revolta, realização, risco e morte. KUSCHNIR, K.; AZEVEDO, V. Mensagens criptografadas. Disponível em: <https://blogdoims.com.br>. Acesso em: 30 out. 2023. [Fragmento adaptado] A coesão lexical articula ideias, assegurando a continuidade do tema por meio das substituições de termos com cargas de sentido próximas entre si. No fragmento, a palavra “pichações” é A. recuperada pela locução “com rosto e reputação”. B. referenciada pelos termos “rabiscos” e “grafismos”. C. parafraseada pela expressão “sensibilidade e valores próprios”. D. retomada, negativamente, por “marcas nítidas da passagem de pessoas”. E. parodiada por “borrões”, que indica a perspectiva da juventude sobre o assunto. Alternativa B Resolução: Para evitar repetições desnecessárias em um curto período, a palavra “pichações”, tema central do texto, é substituída por sinônimos que pertencem ao mesmo campo semântico. As palavras e expressão que se referem a “pichações” no texto são: “borrões”, “rabiscos”, “linguagem”, “grafismos” e “marcas nítidas da passagem de pessoas”. Por isso, a alternativa correta é a B. A alternativa A é incorreta: a locução “com rosto e reputação” refere-se à palavra “nomes”. A alternativa C é incorreta: “sensibilidade e valores próprios” são características que acompanham um dos referentes que substitui a palavra “pichações”. A alternativa D é incorreta: a referenciação a “marcas nítidas da passagem de pessoas” não é feita de forma pejorativa, ao contrário, é uma adjetivação positiva atribuída pelos jovens. A alternativa E é incorreta: a referenciação pela palavra “borrões” indica a forma como aqueles que não têm conhecimento desse universo enxergam as pichações. QUESTÃO 12 TEXTO I Parente dos lobos selvagens e dos cachorros domésticos, o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) é um animal típico do Cerrado e maior canídeo da América do Sul, podendo atingir até um metro de altura e pesar 30 quilos. Além do Brasil, pode ser encontrado em regiões da Argentina, Bolívia, Paraguai, Peru e Uruguai. Altivo, esguio e elegante, também é conhecido como lobo-de-crina, lobo-vermelho, aguará, aguaraçu e jaguaperi, todos nomes atrelados a sua bela pelagem laranja-avermelhada, que o torna um dos mais belos animais brasileiros. Na natureza, vive cerca de 15 anos. A cada gestação, que dura pouco mais de dois meses, nascem em média dois filhotes. WWF. Lobo-guará. Disponível em: <www.wwf.org.br>. Acesso em: 28 out. 2023. [Fragmento] TEXTO II AMIGOS DO LOBO. Disponível em: <www.facebook.com>. Acesso em: 28 out. 2023. 1SB3 287SE02POR2023XV 9O48 287SE02POR2023II LCT – PROVA I – PÁGINA 10 ENEM – VOL. 2 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Tendo como temática o lobo-guará, os textos se diferenciam pelo objetivo comunicativo, o que se reflete, respectivamente, através do(a) A. detalhamento da espécie e do elemento visual. B. informação sobre o animal e do sentido injuntivo. C. comparação entre as espécies e da tese defendida. D. narrativa com objetividade e da pontuação enfática. E. apresentação da espécie e do enunciado descritivo. Alternativa B Resolução: O texto I é informativo, pois apresenta de maneira objetiva informações sobre os lobos-guará, como parentesco entre espécies e sua localização geográfica, já o texto II é injuntivo, pois o cartaz estimula uma ação por meio de uma construção apelativa, a preservação da espécie. Por isso, está correta a alternativa B. A alternativa A é incorreta: para que houvesse detalhamento a respeito da espécie, seria necessário reunir mais informações sobre ela, resultando num texto extenso. Neste fragmento lê-se brevemente sobre localização, parentesco, nomenclatura, tempo de vida e gestação. A alternativa C é incorreta: não há comparação entre as espécies citadas (lobo selvagem e cachorro doméstico), constata-se a proximidade evolutiva das espécies. A alternativa D é incorreta: o texto I é o fragmento de um texto de tipologia descritiva, enumerando características da espécie. Além disso, o uso da exclamação no texto II não define seu objetivo comunicativo. A alternativa E é incorreta: o enunciado do texto II foi construído com o objetivo de persuadir o leitor à preservação da espécie, não há fragmentos descritivos do lobo-guará. QUESTÃO 13 A dança como atividade para pessoas com deficiência física é um trabalho relativamente recente no Brasil, com pouca tradição e sem muitos documentos que ofereçam subsídios para a discussão desta proposta. A dança inclusiva é um trabalho no qual os focos terapêuticos e educacionais não são desprezados, mas a ênfase encontra-se em todo o processo do resultado artístico, levando em consideração a possibilidade de mudança da imagem social e inclusão social dessas pessoas, pela arte de dançar. Dentro da dança inclusiva, uma de suas vertentes é a dança esporte, definida como uma atividade física relacionada à música, englobando um usuário de cadeira de rodas (deficiente físico) com um parceiro em pé (não deficiente), auxiliar bailarino, em uma atividade competitiva. No Brasil, ela foi desenvolvida por grupos independentes, vinculados a clubes, universidades, associações de deficientes, prefeituras municipais, centros de reabilitação e algumas escolas de dança isoladas. Porém, não existem grupos oficialmente regulamentados e mantidos pelos órgãos governamentais. OLIVEIRA, A. et al. Benefícios da Dança Esporte para Pessoas com Deficiência Física. Rev. Neurociências, 10(3): 153-157, 2002. Disponível em: <https://periodicos.unifesp.br>. Acesso em: 10 nov. 2023. [Fragmento] O texto aborda elementos sobre a dança inclusiva no Brasil com o objetivo de A. criticar a presença de não deficientes em competições de dança. B. identificar o efeito dessa prática esportiva nas habilidades cognitivas. C. denunciar a falta de apoio governamental aos grupos independentes. D. apresentar a dança como meio expressivo das pessoas com deficiência. E. indicar o papel de grupos artísticos autônomos no apoio aos dançarinos. Alternativa D Resolução: O início do segundo parágrafo do texto explica no que consiste e a finalidade da dança inclusiva. Nela, dialogam três fatores: a perspectiva do processo artístico, a mudança da imagem social e a inclusão das pessoas com deficiência. Por isso, a alternativa correta é a D. A alternativa A é incorreta: a presença de não deficientes nas competições de dança inclusiva se dá na forma de auxiliares bailarinos e o fragmento não tece críticas a respeito dessa participação. A alternativa B é incorreta: não há menção no texto sobre os efeitos ou ganhos em habilidades cognitivas adquiridaspela prática da dança inclusiva. Os ganhos mencionados são de caráter subjetivo e social, como o fazer artístico, a mudança da imagem social e a inclusão. A alternativa C é incorreta: no primeiro e último parágrafos do texto, fala-se sobre a escassez de documentos, subsídios e a inexistência de grupos regulamentados ou mantidos por órgãos governamentais. Porém, não há nestes fragmentos denúncias ou reivindicações a ações públicas, as informações estão postas em forma expositiva, e não argumentativa. A alternativa E é incorreta: apesar de os grupos de dança inclusiva mencionados no texto serem autônomos, nesse fragmento não é citado o papel desses grupos no apoio aos dançarinos. N6H6 287SE02POR2023XI ENEM – VOL. 2 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 11BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 14 ZEBRADAA. In: Depósito de tirinhas. Disponível em: <www.instagram.com>. Acesso em: 30 out. 2023. O elemento visual da tirinha completa o sentido do vocábulo “coragem”, ao representá-lo como uma A. problemática feminina. B. postura de persistência. C. ação de saída da inércia. D. superação de empecilhos. E. reflexão comum às pessoas. Alternativa C Resolução: A palavra “coragem” foi dividida em três sílabas e cada uma delas acompanha um desenho. A sequência de desenhos revela um corpo que estava em repouso e se coloca em movimento. Portanto, a alternativa correta é a C. A alternativa A é incorreta: não há subsídios suficientes na imagem para associar a palavra “coragem” ou a silhueta humana a situações problemáticas. A alternativa B é incorreta: para que a postura fosse de persistência, seria necessário manter uma constância entre os desenhos, ou seja, o posicionamento da silhueta deveria ser o mesmo em suas representações. A alternativa D é incorreta: para que houvesse a superação de empecilhos, seria necessário existir no desenho algum tipo de barreira ou obstáculo. A alternativa E é incorreta: a representação de uma mulher “comum”, de traços genéricos, indica que, na percepção do criador da ilustração, a coragem seria esse movimento de “fazer algo”, sair da inércia. Porém, essa é a visão do criador da ilustração, ou seja, sua definição e visão do que ele vê como “coragem”, mas não há indicação de que esse processo de construção de pensamento e definição seja comum a todas as pessoas, não há nenhuma demarcação de unidade de pensamento comum acerca do que é coragem enquanto uma definição fechada e conjunta de uma população. Ou seja, para outras pessoas, coragem pode ter outros significados e definições. ID4W 287SE02POR2023XVI QUESTÃO 15 De ofensores a ofendidos: uma análise da eficácia da medida socioeducativa de internação aplicada a adolescentes infratores face o dever de reeducação do Estado Resumo O presente trabalho tem por escopo a análise do caráter pedagógico e eficácia da medida socioeducativa de internação aplicada a menores infratores em situações de conflito com a lei. O suporte para tal abordagem é ancorado em contribuições textualizadas por pensadores de notório saber como Vygotsky. Assim, busca-se compreender em que medida o Estado tem cumprido com o seu dever constitucional de promover a reeducação de adolescentes infratores. Concluindo-se que o problema não reside na legislação em vigência, mas sim na atuação do Estado em investir na concretização dos anseios sociais sistematizados no ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente], por meio de adequada infraestrutura dos centros de cumprimento das medidas, capacitação dos profissionais e respeito às condições e princípios vinculados aos indivíduos em especial etapa de desenvolvimento, a fim de que se obtenha melhores resultados, de modo que o socioeducando não venha reincidir no cometimento de condutas socialmente recriminadas. SANTOS, T. J. De ofensores a ofendidos: uma análise da eficácia da medida socioeducativa de internação aplicada a adolescentes infratores face o dever de reeducação do Estado. Disponível em: <https://repositorio.ufpe.br>. Acesso em: 24 fev. 2022. Na estrutura do texto científico, após o resumo, são apresentadas as palavras-chave, as quais resumem a temática abordada. Para o texto anterior, elas poderiam ser: A. ECA – desigualdade social – medidas de eficácia. B. Adolescentes – roubos – medidas socioeducativas. C. Ressocialização – adolescentes infratores – doenças. D. Vygotsky – Constituição – melhorias comportamentais. E. Menores infratores – ECA – intervenções pedagógicas. Alternativa E Resolução: A alternativa correta é a E, pois o próprio título do trabalho já apresenta duas das palavras-chave do texto: “adolescentes infratores”, que corresponde a “menores infratores”, e “medida socioeducativa”, que corresponde a “intervenções pedagógicas”. Além disso, como o problema está diretamente relacionado a jovens que ainda não completaram 18 anos, cabe ao ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) tomar as medidas cabíveis para com esse público. A alternativa A está incorreta, pois, em nenhum momento, o resumo menciona o tema da desigualdade social, o que invalida essa alternativa. A alternativa B está incorreta, pois o fato de um jovem ser um menor infrator não significa que ele tenha se envolvido em roubos. A alternativa C está incorreta, pois o resumo não focaliza, em momento algum, a discussão sobre doenças. A alternativa D está incorreta, pois Vygotsky é mencionado apenas em uma parte do texto, o que inviabiliza a presença desse psicólogo como palavra-chave do resumo. G8ØU CALIBRADA_POR LCT – PROVA I – PÁGINA 12 ENEM – VOL. 2 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 16 PAULINA, entrando e à parte – Bem me custa... FABIANA, vendo-a e à parte – Oh, a desavergonhada de minha nora! PAULINA, à parte – Em vez de conciliar-me, tenho vontade de dar-lhe uma descompostura. FABIANA, à parte – Olhem aquilo! Não sei por que não a descomponho já! PAULINA, à parte – Mas é preciso fazer a vontade a meu marido... FABIANA, à parte – Se não fosse por amor da paz... (Alto:) Tem alguma coisa que dizer-me? PAULINA, à parte – Maldita suçurana! (Alto:) Sim senhora, e a rogos de meu marido é que aqui estou. FABIANA – Ah, foram a rogos seus? O que lhe rogou ele? PAULINA – Que era tempo de se acabarem essas desavenças em que andamos... FABIANA – Mais que tempo... PAULINA – E eu dei-lhe a minha palavra que faria todo o possível para de hoje em diante vivermos em paz... e que principiaria por pedir-lhe perdão, como faço, dos agravos que de mim tem... FABIANA – Quisera Deus que assim tivesse sido desde princípio! E acredite, menina, que prezo muito a paz doméstica, e que minha maior satisfação é viver bem com vocês todos. MARTINS PENA, L. C. Quem casa, quer casa. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br>. Acesso em: 25 out. 2023. [Fragmento] Martins Pena foi um dramaturgo do século XIX que produziu obras de comédia de costumes, como o exemplo do fragmento anterior, cuja ironia constrói uma crítica às A. vantagens obtidas como resultado da bajulação. B. relações desconexas entre diferentes gerações. C. afinidades criadas por necessidades financeiras. D. situações humilhantes impostas às mulheres. E. relações sociais baseadas em falsas atitudes. Alternativa E Resolução: O texto traz Fabiana e Paulina, sogra e nora, que não têm uma boa relação. As duas mulheres expõem à parte o que pensam em relação uma à outra, porém, quando precisam conversar, o que se vê é um diálogo com falsidade, contrário ao que realmente pensam. Assim, a alternativa E está correta. A alternativa A está incorreta: não há no fragmento exposição de elogios excessivos entre as personagens, nem são expostas vantagens recebidas pela boa relação entre elas, mas sim uma falsa reconciliação para agradar o filho / marido. A alternativa B está incorreta: a dificuldade de relação entre as mulheres ocorre devido à ligação familiar, e não necessariamente em razão de elas pertencerem a diferentes gerações. A alternativa C está incorreta:percebe-se a necessidade de haver uma boa convivência entre as personagens, mas não devido ao dinheiro, já que questões financeiras não são mencionadas no texto. A alternativa D está incorreta: o que se vê é uma situação de fingimento de ambas as partes, não sendo possível afirmar que se trata de uma humilhação das mulheres em geral. QUESTÃO 17 GEHRE, L. In: Depósito de tirinhas. Disponível em: <www.instagram.com>. Acesso em: 30 out. 2023. UTNØ 301SE02POR2024I 8AØX 287SE02POR2023XIII ENEM – VOL. 2 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 13BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Na tirinha, os elementos visuais e textuais relacionam-se a partir da proposição de uma metáfora baseada na A. representação dos sofrimentos da vida. B. relação entre plantas e seres humanos. C. noção de crescimento interpessoal brusco. D. repetição do mesmo desenho nos quadrinhos. E. simplificação da mensagem através da gravura. Alternativa B Resolução: O texto da questão pertence ao gênero tip, do inglês, “dica”, “conselho”. Esse gênero, muito comum em ambientes virtuais, é composto do equilíbrio entre os elementos não verbais e verbais, sendo estes últimos curtos, cujo conteúdo é direcionado ao aconselhamento de caráter positivo. O conselho, neste caso, é construído a partir de uma metáfora em que se compara a velocidade de crescimento das plantas ao crescimento pessoal dos seres humanos. Portanto, a alternativa correta é a B. A alternativa A é incorreta: a planta está saudável e crescendo, ação representada pelo verbo “subir”, por isso, não há elementos que nos permitam associar o sentimento de “sofrimento” à imagem. A alternativa C é incorreta: no terceiro quadrinho, de cima para baixo, lê-se as palavras “aos poucos”, que sugerem um crescimento interpessoal desacelerado. A alternativa D é incorreta: a proposição da metáfora constrói-se a partir de dois elementos simultâneos: a continuidade do desenho nos três quadros e os elementos verbais. A alternativa E é incorreta: a gravura é um importante elemento que compõe a mensagem, porém não é o único, ela depende do elemento verbal para transmitir a mensagem de forma completa. QUESTÃO 18 Disponível em: <www.dicionariopopular.com>. Acesso em: 30 out. 2023. O estabelecimento da coerência textual no meme deriva de um fator definido pelo(a)(s) A. variante coloquial, realçada na frase final. B. imagem hiperbólica, figurada na expressão animal. C. conhecimento externo, expresso nas frases citadas. D. frases encadeadas, demarcadas por vocábulo repetido. E. simplicidade estética, justificada pela circulação virtual. Alternativa C Resolução: O meme é constituído por três frases comuns dos falantes brasileiros, sendo a primeira e a terceira ditados populares e a segunda uma frase de cantiga de roda. Nesse sentido, para compreender a chateação do gato representado no meme, é necessário ter o conhecimento externo da origem das frases, que, por sua vez, indicam sua força cultural e, consequentemente, sua repetição, fazendo com que, então, o gato se questione sobre o que ele teria feito para receber tal tratamento. Portanto, a resposta correta é a alternativa C. A alternativa A é incorreta: a variante coloquial está localizada no texto na abreviação da pergunta “O que” (oq) e do pronome de realce “que” (q), na troca da vogal “e” por “i” em “ti”, incentivada por sua pronúncia, e na escrita do verbo “fiz” com a letra “s” (fis). Todos esses traços revelam a coloquialidade da frase, porém, o que provoca o efeito de coerência textual entre as frases é a sua relação de compatibilidade com a imagem apresentada. A alternativa B é incorreta: a hipérbole é uma figura de linguagem que reflete exagero, no entanto, a representação emocionada do gato, com lágrimas na eminência de sair de seus olhos, é uma reação compatível em intensidade às frases violentas contra ele. A alternativa D é incorreta: o vocábulo repetido, “gato”, permite identificar o elemento a que se direcionam as acusações das frases, porém, ele depende do recurso imagético do meme para que se construa a coesão entre as duas partes. A alternativa E é incorreta: a simplicidade estética deriva do gênero, e não de sua circulação; além disso, esse elemento não contribui para a construção da coerência textual. 2HNO 287SE02POR2023XIV LCT – PROVA I – PÁGINA 14 ENEM – VOL. 2 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 19 “O sonho só existe porque é socializado” entre os yanomami, aponta Limulja em entrevista à revista Gama. Senão, ele não passa de uma ideia ou lembrança na cabeça de quem sonhou. O processo de recontá-los aos outros também é importante para que a comunidade continue lembrando e registrando de forma oral aquilo que seus membros sonham todas as noites. Aliás, para os yanomami, a pesquisadora explica, não existe supremacia da vida diurna em relação aos sonhos. As duas experiências têm a mesma importância, até porque consideram que tudo que vivem nos sonhos é real, já aconteceu, está acontecendo ou ainda vai acontecer. NEIVA, L. Hanna Limulja: “A forma única como os yanomami sonham, assim como todo o universo deles, está sob ameaça”. Disponível em: <https://gamarevista.uol.com.br>. Acesso em: 23 out. 2023. [Fragmento adaptado] Na entrevista, a antropóloga Hanna Limulja fala sobre seu livro O Desejo dos Outros, que aborda a cultura yanomami a partir de seus sonhos. No trecho, o uso dos conectivos “senão” e “aliás” apresentam o objetivo de A. delimitar a significação da importância dos sonhos. B. descrever a metodologia de registro social dos sonhos. C. distinguir o mundo onírico da realidade coletiva indígena. D. comparar a experiência indígena de vida diurna e noturna. E. ressaltar a importância do registro escrito da tradição oral. Alternativa A Resolução: “Senão” inaugura a frase seguinte a uma definição crucial para a cultura yanomami, “O sonho só existe porque é socializado”, com o objetivo de defendê-la por meio de uma estratégia contrastiva. Ao passo que “aliás” ressalta uma característica própria do grupo, que o distingue de outras comunidades sociais: o valor atribuído às experiências diurnas em equilíbrio às experiências noturnas, aos sonhos. Por isso, a alternativa correta é a A. A alternativa B é incorreta: o processo de registro dos sonhos é mencionado no texto, porém não há detalhamento sobre a forma como se realiza. A alternativa C é incorreta: o mundo dos sonhos não se afasta nem se diferencia da realidade coletiva do grupo indígena, ao contrário, ele faz parte da realidade desta comunidade e é valorizado por ela. A alternativa D é incorreta: a declaração realizada pelo conectivo “aliás” contraria a existência de comparações entre a experiência diurna e noturna. A alternativa E é incorreta: os registros escritos e a tradição oral são abordados no texto como processos importantes para o povo yanomami, porém, este tema não se relaciona às informações que acompanham os conectivos pontuados pelo comando da questão. QUESTÃO 20 As fitas vão avoando No braço dessa viola Feita de pinho da serra Temperada com o orvalho da aurora As cordas vão dim-dim-dando No braço dessa viola E o canto que brota do bojo Feliz só ele me consola LOBO, C. No braço dessa viola. In: No braço dessa viola. Humaitá Music Pub, 2007. [Fragmento] No trecho da canção, o verso “As cordas vão dim-dim-dando” é evocado pelo eu lírico para A. designar o zelo com o objeto de afeição. B. humanizar o convívio com o aparelho. C. representar o vigor do equipamento. D. descrever o estilo musical preferido. E. caracterizar o som do instrumento. GZZL 287SE02POR2023VII HR54 301SE02POR2024II ENEM – VOL. 2 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 15BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa E Resolução: A expressão “vão dim-dim-dando” aparece em construção de perífrase (verbo “ir” conjugado + verbo principal no gerúndio), que é utilizada comumente para mostrar progressão e acúmulo gradual no desenvolvimento de uma ação. Neste caso, o que ocupa a posiçãode verbo principal é a onomatopeia “dim-dim-dan”, que se transformou em verbo para caracterizar o som da viola. Por isso, a alternativa correta é a E. A alternativa A está incorreta: o verso “as cordas vão dim-dim-dando” tem caráter descritivo, não sendo possível observar nele traços de subjetividade, dos sentimentos ou cuidado do eu lírico. A alternativa B está incorreta: o verso em destaque descreve o som reproduzido pelas cordas, não há humanização do instrumento por meio da atribuição de ações tipicamente humanas. A alternativa C está incorreta: para representar o vigor do instrumento, seria necessário que houvesse adjetivos ou advérbios intensificando as cordas ou o ruído reproduzido. A alternativa D está incorreta: não há subsídios suficientes no verso que possibilitem a identificação de um estilo ou ritmo musical de preferência do eu lírico. QUESTÃO 21 MINISTÉRIO DOS DIREITOS HUMANOS E DA CIDADANIA. Disponível em: <https://twitter.com>. Acesso em: 28 out. 2023. As publicações do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania constituem uma thread (um fio) do Twitter, estando, portanto, ligadas. Tal recurso se revela como uma estratégia textual, ao A. desenvolver um enredo narrativo. B. publicizar as ações governamentais. C. promover a conta oficial do Ministério. D. segmentar as informações noticiadas. E. transmitir o evento citado em tempo real. Alternativa D Resolução: Por ser um fio, os textos das publicações estão ligados, sendo cada um centrado em uma informação: primeiro, a participação do ministro no evento e, depois, o que foi abordado em sua fala. Logo, a thread divide as informações, sequenciando-as e, por isso, a alternativa correta é a D. A alternativa A é incorreta: mesmo que os eventos sejam sequenciais em ordem cronológica, não há a construção de um encadeamento de ações do ministro que configurem um enredo, uma trama. A alternativa B é incorreta: o comando da questão aborda a thread como uma estratégia textual, ou seja, desde a perspectiva da construção do texto. A publicação do evento e da fala do ministro na rede social tem como objetivo tornar pública a ação governamental, porém essa é a finalidade da divulgação em rede social, e não uma estratégia discursiva do formato em que se dá a divulgação. A alternativa C é incorreta: a promoção da conta oficial do Ministério é um fator subjetivo que está relacionada à credibilidade dada a ela pelos internautas. As publicações do evento e da fala do ministro na thread não estão acompanhadas de qualquer discurso de juízo de valor que enalteça o canal de comunicação. A alternativa E é incorreta: as informações elencadas têm caráter informativo. Apenas a primeira informação menciona “Acontece agora!” com o objetivo de situar o leitor e a notícia no tempo. A estratégia da thread não consiste na exposição dos acontecimentos do evento em tempo real. U9H2 287SE02POR2023IV LCT – PROVA I – PÁGINA 16 ENEM – VOL. 2 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 22 Calor. Tudo o que me disseram que eu encontraria por aqui eram temperaturas altas e gente animada. E, tudo bem, foi um bom conselho, ótimo, pois eu tenho a estranha mania de carregar em minhas malas de viagem roupas que nunca usarei, como um cachecol fofo com estampa de caveirinhas ou até aqueles suéteres de caxemira. O problema é que estamos na Bahia. E suéteres não combinam nem um pouco. Começo a sentir o sol incomodar minha pele como pequenas alfinetadas em algumas partes do corpo. Para quem não sabe, sou alva (famosa cor de parede), puxei à família branquela do meu pai e de vez em quando tento mudar isso. Tento. Mesmo que para isso sejam necessários alguns dias (no mínimo sete) exposta ao sol, molhando-me de vinte em vinte minutos na água salgada. Só assim eu voltaria com alguma corzinha do Nordeste brasileiro. FREITAS, I. Não se iluda, não. 2. ed. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2015. [Fragmento adaptado] Na introdução do romance de Isabela Freitas, a construção narrativa indica a A. noção de pertencimento social. B. caracterização caótica do cenário. C. felicidade provocada pela viagem. D. harmonia pessoal da personagem. E. relação da narradora com o espaço. Alternativa E Resolução: O fragmento traz uma contextualização sobre o local em que a personagem está no tempo presente da narrativa, o estado da Bahia. Assim, a alternativa correta é a E. A alternativa A está incorreta: a personagem faz menção a uma parcela de sua família para detalhar a explicação sobre seu tom de pele e a justificativa que a levou àquele lugar. Assim, não há outros personagens daquela comunidade a quem ela possa se comparar para sentir-se inserida. A alternativa B é incorreta: o significado de caótico estende-se a tudo aquilo que foge à ordem e à organização, no entanto o local é caracterizado no texto apenas no que diz respeito às altas temperaturas e habitantes animados, fatores que não correspondem ao adjetivo “caos”. A alternativa C é incorreta: a personagem se limita a descrever sua relação com o espaço e a temperatura do local sem explicitar seus pensamentos ou sentimentos sobre a viagem. A alternativa D é incorreta: a introdução do romance não se atém a descrições sobre o estado de espírito da personagem ou seu bem-estar consigo mesma. QUESTÃO 23 Patrimônio mineiro, igreja inacabada do século XVII sofre com vandalismo O prazer de vândalos em marcar a ruína é um ataque ao patrimônio público e à história da Bom Jesus de Matozinhos. A igreja começou a ser erguida no século XVII. Por algum motivo que ninguém sabe explicar, a obra não foi acabada. Há várias teses e lendas sobre o tema. Uma diz que os operários morreram de malária. Outra sustenta que a construção foi interrompida ao se constatar que o leito do Velhas, a menos de 10 metros de lá, inundaria o templo em época de enchente. A imagem da ruína da Bom Jesus sempre esteve ligada ao conceito de morte. Pelo menos é o que contam por aquelas bandas. Além da versão de que o templo não foi concluído porque os operários morreram de malária, há quem sustente que Fernão Dias (1608-1681), o paulista cuja bandeira deu origem a várias cidades de uma região inóspita que viria a ser Minas Gerais, foi vítima de uma peste e fechou os olhos para sempre ao lado da igreja inacabada. LOBATO, P. H. Disponível em: <https://www.em.com.br>. Acesso em: 28 jun. 2018. O gênero reportagem se caracteriza por apresentar linguagem concisa e objetiva, que visa à transmissão de informações precisas. O texto em questão, no entanto, apresenta linguagem incomum para o gênero, a qual pode ser percebida pela presença de A. fatos duvidosos, em “Por algum motivo que ninguém sabe explicar”. B. divulgação de diferentes versões dos fatos, em “Há várias teses e lendas sobre o tema”. C. trechos subjetivos e emotivos, em “sempre esteve ligada ao conceito de morte”. D. expressões típicas de contos populares, em “é o que contam por aquelas bandas”. E. elogios à pessoa notória, em “o paulista cuja bandeira deu origem a várias cidades”. V1NL 301SE02POR2024VIII X86I CALIBRADA_POR ENEM – VOL. 2 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 17BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa D Resolução: Considerando que o gênero reportagem caracteriza-se por apresentar comumente linguagem concisa e objetiva, que visa à transmissão de informações de forma precisa, o texto apresenta uma perspectiva histórica da igreja alvo de vândalos e, para tanto, o autor utiliza uma linguagem associada ao ato de contar histórias populares, como em “é o que contam por aquelas bandas”. A alternativa correta é, portanto, a D. A incerteza dos fatos veiculados, proposta na alternativa A, e as versões distintas dos acontecimentos, conforme sugerido na alternativa B, são comuns no gênero reportagem, que pode apresentar caráter investigativo e trabalhar com hipóteses ou múltiplas versões dos fatos, o que invalida essas alternativas. Por sua vez, a alternativa C está incorreta porque o trecho “sempre esteve ligadaao conceito de morte” não impõe caráter subjetivo e emotivo, mas consiste em uma constatação feita com base no resgate histórico. Já o tom elogioso sugerido na alternativa E não pode ser inferido do texto, que apenas descreve a ação historicamente conhecida do bandeirante. QUESTÃO 24 Duro (2016) Concepção, performance e edição: Renata Sampaio Filmagem: Jerê Nunes Estúdio Sobre Olhar / SP Registro da performance de longa duração na qual a artista penteia o cabelo, recolhe os fios que caem do processo, coloca-os em pequenos sacos e os distribui para as pessoas presentes. Duro é uma forma literal de mostrar que o cabelo crespo não é duro e também uma crítica à incisiva vontade branca de toque nos cabelos crespos, ao mesmo tempo que brinca com o fetiche do toque na obra de arte. A ação é também uma contestação de como as práticas de beleza femininas altamente divulgadas na mídia correspondem a um padrão de beleza branco sendo altamente violentos para aquelas cujo crescimento do cabelo é para o alto. Atualmente o trabalho integra o acervo do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS). SAMPAIO, R. Duro. Disponível em: <https://cargocollective.com>. Acesso em: 29 out. 2023. 9JZJ 287SE02POR2023IX De acordo com a descrição da obra Duro, compreende-se que a performance de Renata Sampaio promove o(a) A. crítica à arte performática contemporânea. B. questionamento dos estereótipos estéticos. C. quebra da convenção artística de toque nas obras. D. diálogo com as pessoas presentes na performance. E. valorização da beleza negra em detrimento da branca. Alternativa B Resolução: A performance parte do estereótipo de que o cabelo crespo é “duro”, qualificativo pejorativo e racista. O uso dessa nomenclatura foi proposital, para questionar falsas convenções estéticas e realizar crítica racial. Portanto, a alternativa correta é a B. A alternativa A é incorreta: não há informações no texto que sustentem uma crítica, positiva ou negativa, à arte performática contemporânea. A alternativa C é incorreta: a quebra da convenção artística que limita a interação entre espectador e obra à observação é uma das possibilidades promovidas pelo registro, e não seu tema central. A alternativa D é incorreta: a obra não propõe um diálogo com as pessoas presentes, uma vez que a interação é unilateral (artista distribui os pequenos sacos com seu cabelo). A alternativa E é incorreta: a valorização da beleza negra pode ser considerada uma possível consequência da obra, mas não é realizada nenhuma comparação de forma a desmerecer um ou outro tipo de beleza. QUESTÃO 25 Canto I Fundação da ilha Um barão assinalado sem brasão, sem gume e fama cumpre apenas o seu fado: amar, louvar sua dama, dia e noite navegar, que é de aquém e de além-mar a ilha que busca e amor que ama. Nobre apenas de memórias, vai lembrado de seus dias, dias que são as histórias, histórias que são porfias de passados e futuros, naufrágios e outros apuros, descobertas e alegrias. [...] LIMA, J. Invenção de Orfeu. In: Obra completa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1958. PCGA CALIBRADA_POR LCT – PROVA I – PÁGINA 18 ENEM – VOL. 2 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO O poema “Invenção de Orfeu” é considerado uma epopeia moderna. O fragmento anterior reforça essa perspectiva por A. caracterizar o herói como personagem mítica. B. concentrar a narrativa em uma figura da realeza. C. determinar a terra natal como espaço da narrativa. D. introduzir o enredo amoroso que será acompanhado. E. anunciar aventuras do herói como lembranças nobres. Alternativa E Resolução: A epopeia consiste em uma forma poética cuja narrativa volta-se para feitos históricos e heroicos. Por se incluir no gênero épico, apresenta entre seus elementos um narrador e um personagem heroico. O texto de Jorge de Lima insere-se na tradição épica, o que fica claro pela estrutura do texto: divisão em cantos, narrativa em versos, uso de rimas e métrica. O fragmento do Canto I deixa ainda claro que vamos embarcar na memória do nosso herói, em suas histórias de apuros e de alegrias, estando a alternativa E correta. A alternativa A está incorreta, pois o herói de Jorge de Lima é um homem sem brasão e sem nobreza, não havendo no fragmento relação entre este e alguma figura mítica. Confirmamos aqui também que a alternativa B está incorreta, pois a nobreza do herói reside apenas em seus feitos, suas memórias. A alternativa C está incorreta, pois o fragmento ainda não situa o espaço da narrativa. É interessante, no entanto, observar que, para que o herói viva uma aventura, é comum que ele deixe a terra natal rumo ao desconhecido. Por fim, a figura amada é parte importante da narrativa, no entanto, não é uma marca distintiva do gênero épico, o que torna a alternativa D incorreta. QUESTÃO 26 Natal, 23 de novembro de 1977 Dona Maria, Vai chegando o Natal e começa a dar uma nostalgia fininha, doída na gente. Isto é normal, mãe? A senhora que já cursou oito filhos poderia me dizer se esta dor tem chá que cura? Erva cidreira é bom? Ou foi porque andei tomando friage depois de beber quente? A senhora sempre disse que Natal só é bom com a família reunida, que é muito triste ficar contando as cadeiras vazias na ceia da meia-noite-feliz. Pois parece que, por mais um ano, na nossa mesa não poderão estar presentes o Betinho e a Maria. E, como na nossa, noutras tantas mesas de Natal pelo Brasil afora cadeiras ficarão vazias, viúvas de vivos. HENFIL. Cartas da mãe. Rio de Janeiro: Codecri, 1980. [Fragmento adaptado] O fragmento faz parte de uma série de cartas que Henfil trocou com sua mãe Maria entre 1970 e 1985, sobretudo por meio das páginas da revista IstoÉ. Nele, o autor aborda indiretamente a questão do exílio vivido por seu irmão e sua cunhada, reconhecendo o Natal como um(a) A. momento de análise da finitude das reuniões familiares. B. época de identificação das perdas de familiares exilados. C. período de incerteza pela ausência de notícias da família. D. fase de revisão das expectativas sobre os desejos natalinos. E. tempo de melancolia pela ausência de cerimônia em família. Alternativa B Resolução: A carta de Henfil é motivada pela nostalgia ocasionada pelo Natal, e é a partir dessa motivação que ele constrói o vínculo com a questão dos exilados políticos, ausentes na data festiva. Nas últimas linhas do texto, “como na nossa, noutras tantas mesas de Natal pelo Brasil afora cadeiras ficarão vazias”, entende-se a ausência de familiares na cerimônia de Natal como fator compartilhado por outras famílias. Portanto, a alternativa correta é a B. A alternativa A é incorreta: a finitude não está nas reuniões familiares por questões particulares a cada uma delas, mas na ausência daqueles que não podem estar na comemoração do Natal por imposições políticas. A alternativa C é incorreta: dois nomes são citados como pessoas que não poderão estar presentes, Betinho e Maria, mas não há partes do texto que evidenciam a falta de notícias a respeito dessas pessoas. A alternativa D é incorreta: o autor não lista expectativas para o Natal, ao contrário, ele apresenta à mãe as expectativas frustradas diante dessa data, um sentimento de nostalgia que dói. A alternativa E é incorreta: pode-se verificar o sentimento de melancolia do autor, porém, não pela ausência da cerimônia, mas sim pela ausência dos familiares. HFTO 287SE02POR2023VI ENEM – VOL. 2 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 19BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 27 Canto III Põe tu, Ninfa, em efeito meu desejo, Como merece a gente Lusitana; Que veja e saiba o mundo que do Tejo O licor de Aganipe corre e mana. Deixa as flores de Pindo, que já vejo Banhar-me Apolo na água soberana; Senão direi que tens algum receio Que se escureça o teu querido Orfeio. Prontos estavam todos escuitando O que o sublime Gama contaria, Quando, despois de um pouco estar cuidando Alevantando o rosto, assi dizia: – Mandas-me, ó Rei, que conte declarando De minha gentea grão genealogia; Não me mandas contar estranha história, Mas mandas-me louvar dos meus a glória. CAMÕES, L. V. Os Lusíadas. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br>. Acesso em: 29 out. 2023. [Fragmento] O fragmento anterior se relaciona ao contexto de produção, evidenciando uma característica de seu gênero ao A. abordar a inferioridade das outras nações. B. propagar uma crença nos deuses antigos. C. valorizar a descrição das terras ibéricas. D. refutar histórias da cultura lusitana. E. retratar feitos heroicos portugueses. Alternativa E Resolução: O texto pertence ao gênero épico, que aborda narrativas de caráter heroico. No caso de Os Lusíadas, o eu lírico narra os feitos dos portugueses de maneira heroica, exaltando também a nação, como em “O que o sublime Gama contaria” e “Mas mandas-me louvar dos meus a glória”. Assim, a alternativa E está correta. A alternativa A está incorreta: o texto exalta os portugueses sem realizar comparações com outras nações de forma a diminuí-las. A alternativa B está incorreta: a menção a deuses e criaturas da Antiguidade é uma característica do gênero, e pode ser observada no fragmento na referência à Ninfa (verso 1) e a Apolo (verso 6), porém, sem o objetivo de propagar a crença nesses seres. A alternativa C está incorreta: há menção a apenas um elemento das terras portuguesas, o rio Tejo. Ainda assim, essa menção é permeada de elementos gregos clássicos para sua valorização, como a fonte de Aganipe e as flores de Pindo. Portanto, as terras ibéricas não estão sendo ressaltadas por suas singularidades. A alternativa D está incorreta: ao contrário de “refutar”, que significa “desmentir”, “rejeitar”, neste fragmento, os fatos da História lusitana são enaltecidos. H7Z7 301SE02POR2024XI QUESTÃO 28 CHICÓ Que invenção foi essa de dizer que o cachorro era do major Antônio Morais? JOÃO GRILO Era o único jeito de o padre prometer que benzia. Tem medo da riqueza do major que se pela. Não viu a diferença? Antes era “Que maluquice, que besteira!”, agora “Não vejo mal nenhum em se abençoar as criaturas de Deus!”. CHICÓ Isso não vai dar certo. Você já começa com suas coisas, João. E havia necessidade de inventar que era empregado de Antônio Morais? JOÃO GRILO Meu filho, empregado do major e empregado de um amigo do major é quase a mesma coisa. O padeiro vive dizendo que é amigo do homem, de modo que a diferença é muito pouca. Além disso, eu podia perfeitamente ter sido mandado pelo major, porque o filho dele está doente e pode até precisar do padre. SUASSUNA, A. O auto da compadecida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2018. [Fragmento] No fragmento, a conversa de Chicó e João Grilo traz, por meio do humor, a crítica em relação ao A. incentivo à obediência aos governantes mediante a fé. B. esforço dos trabalhadores ao executarem um trabalho. C. uso de estratégias para convencer pessoas influentes. D. poder que classes sociais exercem sobre as pessoas. E. descaso dos religiosos pelo sofrimento do cachorro. Alternativa D Resolução: A conversa entre os personagens João Grilo e Chicó revela que o primeiro mentiu sobre quem era o dono de um cachorro para que este fosse benzido pelo padre. O suposto dono do cachorro é um homem de posses, um major, e, nessas condições, o padre aceitou benzê-lo. Anteriormente, ao realizar o mesmo pedido ao padre, sem expor de quem era o cachorro, João Grilo, homem pobre, recebeu do padre uma resposta negativa. Levando em consideração esses dados, contata-se que o poder aquisitivo das pessoas influencia no tratamento que recebem. Portanto, a alternativa correta é a D. A alternativa A é incorreta: as figuras de autoridade que são citadas no fragmento são o major e o padre, no entanto, nenhuma delas é apresentada como governante nem os personagens são instigados a obedecê-los. A alternativa B é incorreta: o objeto de desejo do personagem João Grilo é a benção do padre ao cachorro. 8EIK 301SE02POR2024X LCT – PROVA I – PÁGINA 20 ENEM – VOL. 2 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO O esforço demandando para alcançar seu objetivo não foi físico, mas cognitivo, assim, não houve a execução de um trabalho a partir do esforço físico de um trabalhador. A alternativa C é incorreta: a conversa entre os personagens não propõe em subtexto uma crítica à forma como João Grilo consegue a benção para o cachorro, mas a mudança de postura do padre diante do merecimento da benção em função de a quem pertence o cachorro. A alternativa E é incorreta: o descaso do padre não se direciona ao cachorro, mas a quem pertence este cachorro, uma vez que, quando ele é posse de um major, merece a benção, quando não, a benção torna-se uma “maluquice”, uma “besteira”. QUESTÃO 29 O gosto amargo das frutas brasileiras padrão exportação Mão de obra barata e migrante, uso intenso de água e concentração de terra formam as bases do “sucesso” de um setor que tem batido recorde. Era uma tarde de um domingo quente e seco quando chegamos na casa de Dona Francisca, em Maniçoba, distrito da cidade de Juazeiro, na Bahia. Ela nos convida a entrar, oferece cadeiras de plástico e água gelada. Na sala, havia um sofá de dois lugares sobre o chão no contrapiso e uma televisão. Oito pessoas, entre filhos e netos, se dividem entre dois quartos, sala, cozinha e banheiro. No lugar de portas, cortinas. A casa de tijolo aparente foi uma conquista recente para a família. “Está inacabada”, adverte. Francisca, de 49 anos, e o marido Antônio, de 53, são agricultores e chegaram a Juazeiro nos anos 90 fugindo da seca na Paraíba. Seguiram o caminho dos pais e de centenas, talvez milhares de sertanejos que migraram para o Vale do São Francisco, o eldorado verde do Nordeste. Os dois se conheceram nas roças de melão, tomate e laranja, no lote que trinta anos depois daria origem a uma das grandes exportadoras de uvas e mangas onde trabalham até hoje. “Nós ajudamos a fundar a empresa”, orgulham-se. COSTA, M. O gosto amargo das frutas brasileiras padrão exportação. Disponível em: <https://ojoioeotrigo.com.br>. Acesso em: 13 nov. 2023. [Fragmento adaptado] Na reportagem, a escolha da tipologia narrativa como estratégia de progressão textual relaciona-se com a intencionalidade argumentativa do texto por A. exemplificar a realidade em que vivem esses trabalhadores. B. descrever o cenário de desamparo social dos migrantes. C. demonstrar as condições de insalubridade da indústria. D. contextualizar uma jornada de superação e adaptação. E. expor a evolução do uso de mão de obra migrante. Alternativa A Resolução: Narrar a história de Francisca e Antônio traz pessoalidade para a informação genérica do subtítulo do texto. Por mais que os termos “mão de obra barata e migrante” e o uso irônico das aspas no termo “sucesso” sejam informativos e carregados de intencionalidade, o uso da tipologia narrativa funciona como uma estratégia de aproximação do leitor às pessoas que são afetadas. Portanto, está correta a alternativa A. A alternativa B é incorreta: a descrição do cenário em que estão inseridos faz parte da construção do objetivo maior do texto, que é contrastar o contexto de quem ajuda a promover a empresa e o sucesso obtido por ela. A alternativa C é incorreta: as condições precárias não se relacionam à indústria, mas a subsistência dos trabalhadores em suas vidas particulares. A alternativa D é incorreta: mesmo que a história de Francisca e Antônio tenha melhorado por terem fugido da seca, suas condições ainda estão abaixo do que deveriam ter pelo trabalho que desempenham. Por isso, não é possível afirmar que a intencionalidade do texto seja reafirmar um traço de superação, mas de denúncia. A alternativa E é incorreta: não há no texto o desenvolvimento da evolução de mão de obra migrante, seja ela em perspectiva técnica ou temporal. 3K5A 301SE02POR2024XIII ENEM – VOL. 2 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 21BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 30 TEXTO I Booksde cachorros resgatados fazem o número de adoções aumentar Uma iniciativa simples impulsionou a adoção de cachorros resgatados pela Prefeitura de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba. O setor de comunicação da administração municipal se mobilizou para fazer uma campanha diferente: alguns dos cães ganharam um ensaio fotográfico. Os dois books foram postados na página da prefeitura no Facebook e repercutiram rapidamente. O primeiro, divulgado em fevereiro, teve quase dez mil compartilhamentos e quatro mil curtidas, além de centenas de comentários, mais de 500. O interesse pela adoção foi tão grande que a administração municipal decidiu fazer uma campanha de adoção logo depois do lançamento do ensaio fotográfico na rede social. KANIAK, T. Disponível em: <http://g1.globo.com/>. Acesso em: 31 out. 2016. [Fragmento adaptado] TEXTO II Campanha realizada pelo shopping Golden Square, em São Bernardo do Campo. Disponível em: <http://www.abcdoabc.com.br/>. Acesso em: 31 out. 2016. A notícia e o cartaz tratam da adoção de cachorros. Quanto à abordagem, o texto II apresenta um posicionamento que A. invalida o texto I, pois, se aumentam as adoções, as campanhas tornam-se desnecessárias. B. desvirtua o texto I, pois é uma campanha de iniciativa privada, visando, portanto, ao lucro. C. reforça o texto I, pois, bem como a notícia, o cartaz tem o objetivo de promover mais adoções. D. completa o texto I, pois o fato noticiado somente se legitima pela exposição do cartaz. E. apoia o texto I, pois a adoção de animais tende a aumentar por meio de campanhas. VTGV CALIBRADA_POR LCT – PROVA I – PÁGINA 22 ENEM – VOL. 2 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa E Resolução: A relação existente entre ambos os textos é de reforço de mensagem, visto que o cartaz promove uma feira de adoção a ser realizada, enquanto a notícia traz a informação de uma campanha bem-sucedida para estimular a adoção de cães, realizada pela Prefeitura de Piraquara, no Paraná. Portanto, a alternativa correta é a E. A alternativa A está incorreta porque o cartaz não invalida a notícia, já que as adoções aumentaram na cidade de Piraquara, ao passo que a campanha visa atingir os habitantes de São Bernardo do Campo, em São Paulo. Além disso, o aumento das adoções não dispensa a existência de campanhas com esse objetivo, sendo estas um dos principais meios de divulgação da adoção de animais. A alternativa B está incorreta porque a campanha promovida pelo shopping não busca lucro, mas sim estimular as pessoas a adquirirem um animal via adoção. A alternativa C está incorreta porque nenhum dos textos tem o objetivo de promover mais adoções: a notícia tem caráter informativo e relata um acontecimento: o cartaz divulga uma campanha que se realizará num shopping de São Bernardo do Campo. A alternativa D está incorreta porque os acontecimentos por trás dos textos (o aumento da adoção em Piraquara, no texto I; e a campanha promovida pelo shopping, no texto II) não se relacionam diretamente, sendo, portanto, independentes. QUESTÃO 31 O coração delator Sorri – pois o que tinha a temer? Dei as boas-vindas aos senhores. O grito, disse, fora meu, num sonho. O velho, mencionei, estava fora, no campo. Acompanhei minhas visitas por toda a casa. Incentivei-os a procurar – procurar bem. Levei-os, por fim, ao quarto dele. Mostrei-lhes seus tesouros, seguro, imperturbável. No entusiasmo de minha confiança, levei cadeiras para o quarto e convidei-os para ali descansarem de seus afazeres, enquanto eu mesmo, na louca audácia de um triunfo perfeito, instalei minha própria cadeira exatamente no ponto sob o qual repousava o cadáver da vítima. POE, Edgar Allan. Disponível em: <http://oficinaideiaseideais.blogspot.com.br/ 2008/09/discurso-direto-indireto-e-indireto.html>. Acesso em: 04 jun. 2013. Em uma narrativa, o narrador incorpora no ato de narrar as vozes que compõem a história contada, encenando diálogos, reflexões e remissões a outros personagens. Para tanto, utiliza-se de procedimentos de representação que podem ser sintetizados em três: discurso direto, indireto ou indireto livre. No fragmento do conto de Edgar Allan Poe, nota-se o uso de discurso A. direto, uma vez que se utilizam travessões e falas explícitas das personagens que são interrogadas pelo narrador. B. indireto livre, pois ocorre a fusão tanto do discurso direto quanto do indireto, respectivamente comprovados pelo uso de travessões e elocução. C. indireto, já que não ocorre diálogo explícito e as cenas e atitudes das personagens são descritas pelo próprio narrador. D. indireto livre, pois se apresenta um fluxo de consciência do narrador, o qual se confunde com as falas de outras personagens. E. direto, porque, além do uso de travessões, o narrador expressa explicitamente seus sentimentos e atitudes com adjetivos e verbos de ação. Alternativa C Resolução: O fragmento em questão apresenta um narrador-personagem, que descreve as cenas e os diálogos, porém sem utilizar marcações explícitas das falas, sendo, portanto, um discurso indireto. Dessa forma, a alternativa C está correta. A alternativa A está incorreta, pois não há no trecho travessões e falas explícitas de personagens. O discurso indireto livre define-se pela fusão das falas e dos pensamentos das personagens à voz do narrador, não havendo marcas, como travessões. Assim, a alternativa B está incorreta, bem como a alternativa D, visto que o trecho não apresenta fluxo de consciência do narrador nem características desse tipo de discurso. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois, no texto, não ocorre a utilização de travessões, característica do discurso direto. ZMQ1 CALIBRADA_POR ENEM – VOL. 2 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 23BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 32 Numa porta (imaginária ou não), surge Madame Crisálida com um prato e o respectivo pano de enxugar. De chinelos, desgrenhada, um aspecto inconfundível de miséria e desleixo. Atrás, de pé no chão, está seu filho de 10 anos. Durante toda a cena, a criança permanece, bravamente, com o dedo no nariz. Zulmira tosse muito. Madame Crisálida – Quem é? Zulmira – Por obséquio. Eu queria falar com Madame Crisálida. Madame Crisálida – Consulta? Zulmira – Sim. Madame Crisálida – Da parte de quem? Zulmira – De uma moça assim, assim, que esteve aqui outro dia. (Madame, sempre acompanhada pelo garoto de dedo no nariz, abre a porta, a princípio, imaginária.) Madame Crisálida – Sou eu. Vamos entrar. (Zulmira entra, fechando o guarda-chuva.) Zulmira – Com licença. (Madame suspira.) Madame Crisálida – É preciso estar de olho. A polícia não é sopa. RODRIGUES, N. A falecida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006. [Fragmento] No excerto da peça teatral A falecida, de Nelson Rodrigues, tem-se como marcador de seu gênero a presença de A. diálogo com alternância de fala entre protagonistas. B. pensamentos dos personagens vinculados a ações. C. elementos que conduzem a representação cênica. D. discursos de desvalorização da figura feminina. E. linguagem formal relativa a uma classe social. Alternativa C Resolução: O trecho pertence ao gênero dramático e, para a direcionar a forma de encenar o texto, são inseridos elementos que colaboram para isso, as chamadas rubricas ou didascálias, indicadas em itálico e entre parênteses. Assim, a alternativa correta é a C. A alternativa A é incorreta: ainda que o texto apresente a alternância de turnos de fala das personagens, esta não é uma característica intrínseca ao gênero, já que podem ser estabelecidos longos trechos de monólogo ou encadeamento assimétrico das falas sem alterar o gênero. A alternativa B é incorreta: os pensamentos dos personagens não são mostrados neste espaço, ele é reservado para auxiliar os atores a compreender de que forma devem ser encenadas determinadas ações, intenções e / ou movimentos. TRON 301SE02POR2024IX A alternativa D é incorreta: Madame Crisálida é uma personagemfeminina caracterizada intencionalmente de forma desleixada para compor o enredo. Não é possível estender a desvalorização a todas as personagens presentes no fragmento, tampouco é um traço comum a todas as obras que pertencem ao gênero dramático. A alternativa E é incorreta: não é uma característica do gênero dramático a utilização de uma linguagem formal, as peças podem ser escritas tanto em linguagem formal quanto em linguagem informal. QUESTÃO 33 Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi: Sou filho das selvas, Nas selvas cresci; Guerreiros, descendo Da tribo tupi. Da tribo pujante, Que agora anda errante Por fado inconstante, Guerreiros, nasci; Sou bravo, sou forte, Sou filho do Norte; Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi. Já vi cruas brigas, De tribos imigas, E as duras fadigas Da guerra provei; Nas ondas mendaces Senti pelas faces Os silvos fugaces Dos ventos que amei. Andei longes terras Lidei cruas guerras, Vaguei pelas serras Dos vis Amoreis; Vi lutas de bravos, Vi fortes – escravos! De estranhos ignavos Calcados aos pés. DIAS, G. I-Juca-Pirama. Disponível em: <www.cervantesvirtual.com>. Acesso em: 29 out. 2023. [Fragmento] 781L 301SE02POR2024XII LCT – PROVA I – PÁGINA 24 ENEM – VOL. 2 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Em “I-Juca Pirama”, Gonçalves Dias enfatiza o caráter heroico do personagem. No trecho, essa característica típica do gênero épico é evidenciada através da A. autopromoção de bravura. B. exaltação do povo Aimoré. C. descrição de feitos heroicos. D. conexão forte com a natureza. E. indicação da rivalidade entre tribos. Alternativa A Resolução: Em “I-Juca Pirama”, o caráter heroico do personagem é evidenciado por meio da adjetivação do enunciador, que se caracteriza como bravo, forte, filho das selvas e guerreiro. Além disso, lista sua experiência que comprovaria tais adjetivações, como ter andado em longes terras, ter lidado com guerras, ter visto lutas, etc. Dessa forma, o enunciador proclama – e, assim, promove – sua bravura, conforme indicado corretamente pela alternativa A. A alternativa B está incorreta. No texto, o povo Aimoré é descrito como vil (“Dos vis Aimorés”), logo, não há exaltação deste povo. A alternativa C está incorreta: no trecho não há descrição de feitos heroicos, mas sim uma listagem do que é e passou o guerreiro que enuncia, não havendo descrição ou detalhamento de nenhum dos atos citados, uma vez que ele apenas menciona ter visto as brigas, guerras e afins para construir sua imagem enquanto forte guerreiro. A alternativa D está incorreta: a menção a elementos da natureza se dá como plano de fundo ao tema central, que é a descrição das características do guerreiro. Além disso, a conexão com a natureza não é própria do gênero épico, mas da Primeira Fase do Romantismo, movimento artístico literário ao qual pertence o poema. A alternativa E está incorreta: o fragmento aborda o conflito tribal como algo presenciado pelo herói, mas não é o tema central do fragmento, além de ser uma característica particular da obra, e não do gênero. QUESTÃO 34 Abrindo um antigo caderno foi que eu descobri: Antigamente eu era eterno. LEMINSKI, P. Toda Poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. O eu lírico afirma que descobriu que já foi eterno. O uso da linguagem figurada constrói o sentido de que a A. escrita garante a permanência duradoura de um indivíduo. B. proximidade do fim desperta um sentimento de nostalgia. C. memória é inserida na história pelos registros pessoais. D. mocidade precisa compreender a passagem do tempo. E. maturidade traz reconhecimento da finitude humana. Alternativa E Resolução: O eu lírico aborda que, ao ler um caderno antigo, o que se deduz ser de sua juventude, ele percebe que, naquela época, era eterno, ou seja, na sua juventude não havia a preocupação sobre o fim da vida, o que passou a ser algo de seu conhecimento com a maturidade. Por isso, a alternativa E está correta. A alternativa A é incorreta: o objetivo do poema não é abordar o exercício da escrita, mas a mudança de percepção do tempo com o avanço da idade. A alternativa B é incorreta: não há elementos que possam sustentar que o eu lírico se encontra no fim da vida. A alternativa C é incorreta: os registros são uma forma de gravar uma memória, mas não é esse o tema abordado no poema, porque a conclusão a que se chega não detalha informações a respeito da escrita. A alternativa D é incorreta: é possível deduzir que os jovens deveriam atentar para a finitude da vida, mas, no poema, o eu lírico direciona a si mesmo, compreendendo e abordando seu próprio amadurecimento. 8163 301SE02POR2024XIV ENEM – VOL. 2 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 25BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 35 Encruzilhada, de Maxwell Alexandre, é uma instalação composta por 14 piscinas Capri de dimensões variadas que foi elaborada para o ocupar o pátio do Paço Imperial no Rio de Janeiro. A obra fez parte da exposição dos vencedores do Prêmio Pipa em novembro de 2021. Nos últimos dias da mostra, um grupo de jovens negros ocuparam as piscinas do pátio para se banhar, o que gerou atrito com os seguranças e estranhamento no local, uma vez que nunca foi permitido pelas Instituições esse tipo de interação com a obra. Em fevereiro de 2023, Encruzilhada foi reinstalada no Morro do Santo Amaro na Descoloração Global Pré-Carnaval, evento gratuito fora do circuito oficial de arte contemporânea, organizado pelo artista. Ali o trabalho ganhou um novo arranjo e ativação, onde a comunidade se banhava nas piscinas enquanto ouvia música, comia churrasco e descoloria o cabelo. Disponível em: <https://www.maxwellalexandre.faith>. Acesso em: 28 out. 2023. [Fragmento adaptado] A instalação do artista contemporâneo Maxwell Alexandre, em relação às convenções consolidadas no espaço museológico, distingue-se pelo(a) A. uso de piscinas, evidenciando o objeto popular. B. interação do público, expressando prática social. C. reinstalação da obra, mudando o público alcançado. D. especificidade do público, rejeitando valores universais. E. conflito com a instituição, indicando retrocesso artístico. Alternativa B Resolução: Está convencionada, à maior parte dos equipamentos culturais (museus, galerias de arte), apenas a observação das obras. A instalação Encruzilhada destaca-se por ir contra a mera observação e resultar, em seus dois momentos de exposição, em interação com o público, numa prática social de lazer. Por isso, a alternativa correta é a B. A alternativa A é incorreta: a distinção da obra não está no uso do objeto em si, mas na prática social que ele enseja. A alternativa C é incorreta: a reinstalação de obras em diferentes locais (e, consequentemente, alcançando públicos diferentes) é uma prática comum dentro das convenções consolidadas no espaço museológico, dessa forma, esse não é um fator de distinção da obra. A alternativa D é incorreta: a obra não define o público, uma vez que ele não se limita a quem desfruta das piscinas instaladas. A alternativa E é incorreta: o conflito é uma consequência da quebra dos padrões que devem ser seguidos em ambientes culturais tradicionais. Essa quebra, entretanto, ocorre em acordo com a proposta do artista de interação arte e público, sendo essa interação, então, a responsável pela distinção da obra. QUESTÃO 36 Disponível em: <https://facfan.ufms.br>. Acesso em: 11 nov. 2023. VNK8 287SE02POR2023I 84W6 287SE02POR2023III LCT – PROVA I – PÁGINA 26 ENEM – VOL. 2 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A campanha do Dia Mundial da Atividade Física propõe a prática de exercício físico por crianças através da A. explicitação do efeito provocado. B. utilização de discurso infantilizado. C. referenciação de mobilização global. D. orientação voltada aos responsáveis. E. alusão às consequências positivas no futuro. Alternativa E Resolução: A frase “Criança ativa; adulto saudável!” constrói-se por meio deuma relação de condição e conclusão, em que a condição é a criança em atividade física e o resultado é tornar-se um adulto saudável. A associação “se criança ativa / logo adulto saudável” estabelece ações práticas no presente para que consequências positivas de saúde sejam atingidas no futuro. Portanto, a alternativa correta é a E. A alternativa A é incorreta: na campanha, o efeito provocado (adulto saudável) não está mais destacado que as demais informações ou ilustrações, de forma que, apesar de ser o argumento pelo qual se constrói a proposta de atividade física por crianças, a frase não está explicitada em relação aos demais elementos da campanha. A alternativa B é incorreta: o discurso utilizado não apresenta marcações de infantilização, de forma que atinge um público mais vasto, e não apenas as crianças. A alternativa C está incorreta: a referência ao globo, na campanha, procura indicar a mobilização mundial, porém, não é a partir dela que se constrói o argumento dos benefícios da prática de atividade física pelas crianças. A alternativa D está incorreta: a campanha busca atingir tanto as crianças quanto seus responsáveis, uma vez que utiliza elementos lúdicos (como o desenho do relógio na bicicleta) e o direcionamento àquele que deva praticar exercícios (no caso, as crianças, com o direcionamento por meio do uso do imperativo em “Acumule”) e, simultaneamente, emprega um discurso que, embora simples, não é infantil, fazendo com que a mensagem se estenda aos responsáveis, que devem incentivar a prática de exercício para suas crianças. QUESTÃO 37 A compensação Não faz muito, li um artigo sobre as pretensões literárias de Napoleão Bonaparte. Aparentemente, Napoleão era um escritor frustrado. Tinha escrito contos e poemas na juventude, escreveu muito sobre política e estratégia militar e sonhava em escrever um grande romance. Acreditava-se, mesmo, que Napoleão considerava a literatura sua verdadeira vocação, e que foi sua incapacidade de escrever um grande romance e conquistar uma reputação literária que o levou a escolher uma alternativa menor, conquistar o mundo. Se Napoleão só foi Napoleão porque não conseguiu ser escritor, então temos esta justificativa pronta para o nosso estranho ofício: cada escritor a mais no mundo corresponde a um Napoleão a menos. A literatura serve, ao menos, para isso: poupar o mundo de mais Napoleões. VERISSIMO, L. F. Disponível em: <https://docente.ifrn.edu.br>. Acesso em: 23 out. 2023. [Fragmento] Na crônica, a relação feita a partir da história de Napoleão propõe uma visão de literatura enquanto um A. instrumento que salvaguarda a humanidade. B. movimento de restauração da sociedade. C. ato revolucionário diante do militarismo. D. objeto de conexão entre as pessoas. E. acessório de auxílio governamental. Alternativa A Resolução: “Napoleão” é utilizado no texto de forma a relacionar o nome ao perfil de pessoa que poderia ser prejudicial ao desenvolvimento da sociedade. O autor afirma: “cada escritor a mais no mundo corresponde a um Napoleão a menos”, o que, em outras palavras, indica que, se a pessoa consegue ser escritora, evita ter outra aspiração, como a dominação mundial pretendida por Napoleão. Por isso, a literatura apresenta-se como um instrumento que salva a humanidade. Assim, alternativa A é a correta. A alternativa B está incorreta: a literatura não é posta no texto como um elemento capaz de consertar uma sociedade destruída, mas como algo que substitui o desejo de dominação mundial. A alternativa C é incorreta: no texto, quando se realiza um comparativo entre a literatura e o militarismo, ela é qualificada como uma alternativa maior, superior a ele. Levando em consideração os significados que pertencem ao mesmo campo semântico desta palavra, constata-se que o adjetivo “revolucionário” não pode ser inferido ou associado nesta comparação. A alternativa D é incorreta: no texto, a interação com a literatura é individual, ou seja, limita-se ao escritor e seus próprios escritos, e não entre as pessoas. A alternativa E é incorreta: os temas “literatura” e “governo” estão interligados por um ponto em comum: Napoleão Bonaparte, ou seja, as duas esferas não estão relacionadas entre si, apenas fazem parte da trajetória da figura histórica. ZBFJ 301SE02POR2024IV ENEM – VOL. 2 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 27BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 38 A desumanização começa e se realiza, antes de tudo, pelo discurso, descrevendo quem é visto como “alvo” enquanto perigoso e violento, buscando atribuir a ele características bestiais e dignas de medo. Avança para a deslegitimação de sua forma de pensar e sentir o mundo, tolhendo a razão de existir desses indivíduos. O processo de desumanização, portanto, desemboca em segregação, marginalização e privação de liberdades fundamentais. Alimenta preconceitos e estereótipos negativos sobre grupos específicos, podendo perpetuar a discriminação e dificultar a convivência entre desiguais. Trata-se de uma prática que tende a inflamar tensões e levar a conflitos mais graves, inclusive genocídios. A desumanização mina a coesão social e a construção de consensos. Ao contrário, é uma ferramenta poderosa de manutenção de tensões, justificando a desigualdade, legitimando a hostilidade e incentivando a permanente desconfiança. Ao olhar para um mundo em conflito, deveríamos nos perguntar com maior frequência: a quem interessa a polarização e o ressentimento? Não estaríamos, nós, em muitos casos, sendo “massa de manobra” para vozes que manipulam rumo à “arquitetura da destruição”? MAGNOTTA, F. Precisamos travar uma guerra coletiva contra a desumanização. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br>. Acesso em: 29 out. 2023. O uso das perguntas, ao final do artigo de opinião, tem como propósito desencadear a A. retomada da tese. B. identificação do leitor. C. crítica à desconfiança. D. mudança de comportamento. E. explicação da desumanização. Alternativa D Resolução: As perguntas estimulam o leitor a refletir sobre os discursos que promovem o ressentimento e o ódio, questionando os objetivos de quem os profere. O processo de reflexão dos leitores tem como objetivo fazê-los analisar o próprio comportamento para, por fim, alinhá-lo ao que defende o texto. Por isso, a alternativa correta é a D. A alternativa A é incorreta: o último parágrafo não apenas retoma as ideias anteriormente apresentadas, mas insere uma proposta por estratégia de inferência: a da mudança de atitude. A alternativa B é incorreta: não se aponta um público leitor exclusivo, sendo o texto destinado a um público amplo, irrestrito. O uso dos verbos conjugados em primeira pessoa do plural promove a identificação / aproximação dos leitores com a autora do texto. A alternativa C está incorreta: o texto não propõe uma crítica à desconfiança, mas sim a instiga. A alternativa E é incorreta: o fragmento do texto que tem como objetivo explicar no que consiste a “desumanização” é o primeiro parágrafo, e não as perguntas feitas ao final. UH29 287SE02POR2023VIII QUESTÃO 39 Nem sempre o leito manicomial é necessário para encarcerar quem ganha a etiqueta de “louca”. Há a exclusão, o isolamento, a invisibilidade. Há também a desconsideração corriqueira, que pode vir na forma de falta de escuta, de relativização das queixas, de silenciamento das falas. Essas são formas de dizer que o que a “louca” diz não deve ser considerado, tampouco o que ela sente ou pensa. A loucura não é só uma forma de destruição das mulheres “inadequadas”, é também uma forma de manutenção dos homens realmente inadequados. A italiana Elena Ferrante narra a história de Melina na série de quatro livros que ficou conhecida como tetralogia napolitana. Personagem secundária, a vizinha das protagonistas Lila e Lenu é uma viúva de saúde mental frágil que “enlouquece de amor”. Claro que não é o amor que impacta sua sanidade, é a violência do homem por quem ela se apaixona, o galanteDonato Sarratore. Representado como poético, eloquente e sedutor, ele é um mulherengo que deixa um rastro de destruição em Nápoles. Sua violência tem máscara de delicadeza, não usa músculos. Melina esfrega sem parar as escadarias do prédio, como se estivesse a limpar as próprias dores. MAYER, G. A poesia sufocada das mulheres loucas. Disponível em: <https://outraspalavras.net>. Acesso em: 10 nov. 2023. No texto, é evidenciada uma reflexão entre mulheres e saúde mental. Entende-se, como conclusão desse pensamento, a ideia de que o(a) A. busca por apoio psicológico é uma necessidade imperativa. B. estigma da loucura feminina é uma faceta da violência de gênero. C. silenciamento das mulheres é uma das respostas ao controle masculino. D. pressão social pela “perfeição” impulsiona o aumento das doenças mentais. E. desilusão romântica é a maior causadora de sofrimento psíquico em mulheres. Alternativa B Resolução: Rotular uma mulher como “louca” é, segundo o texto, uma estratégia de silenciar as marcas da violência de gênero. Esse adjetivo é atribuído para tolher queixas e falas de mulheres “inadequadas” ao mesmo tempo que contribui para a permanência dos homens causadores dos problemas. Portanto, a alternativa correta é a B. A alternativa A é incorreta: ainda que afetada psicologicamente, a personagem mencionada pelo texto serve como alegoria para a elaboração de um raciocínio que associa a “loucura” feminina à violência provocada pelo gênero masculino. 7ZF7 287SE02POR2023XII LCT – PROVA I – PÁGINA 28 ENEM – VOL. 2 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A alternativa C é incorreta: o silenciamento das mulheres não está posto no texto como um ato responsivo, mas como uma imposição masculina que busca privá-las do direito de fala. A alternativa D é incorreta: mesmo que o texto apresente nomenclaturas taxativas das quais se supõem oposições, como mulheres “adequadas”, “inadequadas”, “loucas” ou “sãs”, o texto não trata o tema estabelecendo um padrão de perfeição perseguido pelas mulheres, seja ele de caráter físico ou psicológico. A alternativa E é incorreta: o texto contraria a ideia de que parte da loucura das mulheres justifique-se por desilusões amorosas. A primeira frase do último parágrafo explicita que a causadora de sua doença psicológica é a violência do homem por quem ela se apaixona. QUESTÃO 40 Os dados que revelam o tamanho da seca no estado do Amazonas foram obtidos a partir de imagens de satélites dos sistemas LandSat e Sentinel. E se as fotos de lagos e rios secos pela falta de chuva na Amazônia impressionam, as imagens de satélites da floresta são igualmente chamativas. Em setembro foram registrados 3,56 milhões de hectares, uma redução de 1,39 milhão de hectares em relação aos 4,95 milhões de hectares de setembro de 2022. Ao todo, 25 municípios do estado tiveram redução na superfície de água superior a 10 mil hectares. Barcelos, no centro do Amazonas, teve a maior perda: 69 mil hectares entre setembro de 2022 e setembro de 2023. Na sequência estão Codajás (47 mil hectares), Beruri (43 mil hectares) e Coari (40 mil hectares) – todos com perdas superiores a 40 mil hectares de água. UOL NOTÍCIAS. Cotidiano. Seca na Amazônia deixa cidades em estado de emergência. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br>. Acesso em: 17 out. 2023. [Fragmento adaptado] Considerando as estratégias linguísticas e textuais para introduzir e desenvolver ideias no gênero reportagem, o uso de “todos”, ao final do excerto, justifica-se em razão de o termo A. explicitar a tese defendida. B. substituir o vocábulo “dados”. C. retomar os municípios citados. D. abarcar o estado integralmente. E. apresentar uma opinião pessoal. Alternativa C Resolução: O termo “todos”, em “todos com perdas superiores a 40 mil hectares de água”, retoma os municípios com as maiores perdas de água em hectares (Barcelos, Codajás, Beruri e Coari), atuando, sintática e coesivamente, como anáfora. Por isso, a alternativa correta é a C. A alternativa A é incorreta: o texto é uma reportagem, expondo dados de uma situação-problema, mas não constituindo uma tese, característica de textos argumentativos. FV8C 287SE01POR2024III A alternativa B é incorreta: o termo “todos” retoma os municípios citados nominalmente, e não “dados” – distante, inclusive, do pronome. A alternativa D é incorreta: por se referir apenas aos municípios citados nominalmente, não é possível afirmar que “todos” se refira ao estado do Amazonas como um todo, já que é formado por outros municípios que não estão envolvidos na pesquisa. A alternativa E é incorreta: a sentença após o travessão não é uma opinião pessoal do autor do texto, mas uma constatação, a partir dos dados explicitados – e, por isso, há o uso de “todos” para mencioná-los sem repetir a informação. QUESTÃO 41 A ampliação da conectividade no campo é um dos maiores desafios na busca por inovação no setor, que poderia obter mais tecnologia se a cobertura de internet fosse maior: hoje mais de 70% das áreas rurais não contam com acesso à internet. Segundo estudo do Mapa e da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – Esalq, somente com o aproveitamento de 4.400 torres e antenas já existentes, a cobertura subiria de 23% para 48% nas áreas rurais até 2026. Esse aumento representa crescimento de 4,5% no Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária brasileira. Entretanto, o critério de priorização de localidades com maior população rural potencialmente beneficiada ainda é incompleto. Isso porque esse setor apresenta diferentes concentrações populacionais em função da tipologia do produtor rural. Por exemplo, a distribuição espacial dos agricultores familiares tende a ser muito mais concentrada do que a dos grandes produtores, sem que, necessariamente, os primeiros necessitem mais da conexão em banda larga para suas atividades do que os outros. BRASIL. Cenários e perspectivas da conectividade para o agro. Brasília: MAPA / AECS, 2021. E-book. [Fragmento adaptado] De acordo com o fragmento, a ampliação da conectividade no campo precisa A. considerar o tipo de produção a ser beneficiado com essa tecnologia. B. apontar o impacto estrutural da expansão da cobertura de internet. C. privilegiar os espaços de maior concentração de produtores rurais. D. sustentar os índices de crescimento do Valor Bruto da Produção. E. priorizar o uso da tecnologia nas práticas da agricultura familiar. TCLA 287SE02POR2023X ENEM – VOL. 2 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 29BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa A Resolução: O terceiro parágrafo trata sobre os critérios ainda serem insuficientes para contemplar corretamente a conectividade no campo. O exemplo dado como argumento foi a concentração populacional dos agricultores em função do tipo de produção que executam: grandes produtores e agricultores familiares. Portanto, está correta a alternativa A. A alternativa B é incorreta: o segundo parágrafo do texto menciona, por meio de números expressivos, o aumento da cobertura utilizando equipamentos já existentes e o impacto que reverberaria na economia. Esse dado contribui para a tese principal do texto: a distribuição estratégica da internet no campo. A alternativa C é incorreta: o texto menciona que a concentração dos agricultores familiares é maior que a de grandes produtores e que a distribuição da internet baseada apenas no fator “concentração” não configura obrigatoriamente a real necessidade. A alternativa D é incorreta: o índice de crescimento do Valor Bruto da Produção (VBP) foi uma projeção do que poderia vir a ser, e não um número já alcançado ou uma meta a ser mantida. A alternativa E é incorreta: a concentração de pessoas na agricultura familiar foi um exemplo dado para ilustrar a necessidade de se levar outros fatores em consideração para a distribuição de internet, e não para privilegiá-la em detrimento de outro tipo de produção. QUESTÃO42 O que ela amava acima de tudo era fazer bonecos de barro – o que ninguém lhe ensinara. – Quando queria com muita força ia pela estrada até ao rio. Numa de suas margens, escalável embora escorregadia, achava-se o melhor barro que alguém poderia desejar: branco, maleável, pastoso: frio. Só em pegá-lo, em sentir sua frescura delicada, alegrezinha e cega, aqueles pedaços timidamente vivos, o coração da pessoa se enternecia úmido quase ridículo. Virgínia cavava com os dedos aquela terra pálida e lavada. O rio em pequenos gestos molhava-lhe os pés descalços e ela mexia os dedos úmidos com excitação e clareza. Como, como explicar o milagre… Ela se amedrontava pensativa. Nada dizia, não se movia, mas interiormente sem nenhuma palavra repetia: Eu não sou nada, não tenho orgulho, tudo me pode acontecer; se quiser, me impedirá de fazer a massa de barro; se quiser, pode me pisar, me estragar tudo; eu sei que não sou nada. Era menos que uma visão, era uma sensação no corpo, um pensamento assustado sobre o que lhe permitia conseguir tanto barro e água e diante de quem ela devia humilhar-se com seriedade. LISPECTOR, C. Os bonecos de barro. Disponível em: <https://contobrasileiro.com.br>. Acesso em: 27 out. 2023. [Fragmento] Como característica dos textos narrativos, o tempo influencia na transmissão do enredo ao leitor. No fragmento, verifica-se a opção pelo tempo psicológico, em que A. as lembranças são retomadas para acessar emoções antigas. B. o ensinamento absorvido no passado é utilizado na realidade. C. o desenvolvimento infantil é apresentado por meio de marcos. D. o momento presente se mistura a pensamentos da personagem. E. o período de criação dos bonecos se relaciona ao momento social. Alternativa D Resolução: O primeiro parágrafo é dedicado à descrição do barro e da atividade que desempenha a personagem no momento presente, enquanto o segundo aborda questões subjetivas do eu, de como ela se vê em relação ao mundo. Essa mudança abrupta de temas e a inclusão da subjetividade da personagem caracteriza o tempo psicológico. Portanto, a alternativa correta é a D. A alternativa A é incorreta: a retomada de lembranças é um ponto-chave para a classificação do tempo psicológico, porém essa retomada não infere obrigatoriamente o acesso a emoções anteriores da personagem. A alternativa B é incorreta: a prática de recolher o barro branco e fazer bonecos não foi ensinada à personagem por ninguém. Além disso, este é um fator particular do enredo que não é comum à construção do tempo psicológico. A alternativa C é incorreta: não é possível observar fatores que configurem marcos de crescimento ou amadurecimento da personagem. O texto divide-se em dois momentos: o de descrição de uma ação – recolher um tipo especial de barro – e o da exposição dos pensamentos da personagem. A alternativa E é incorreta: não há referências ou marcas temporais verificáveis no texto, de forma que não se pode afirmar que haja compatibilidade entre o processo de criação dos bonecos e o tempo de publicação da história. 7UX7 301SE02POR2024VI LCT – PROVA I – PÁGINA 30 ENEM – VOL. 2 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 43 Quatro dúzias de plataformas de gelo da Antártida encolheram pelo menos 30% desde 1997 e 28 delas perderam mais de metade do seu volume nesse período, relata um novo estudo que pesquisou estes “guardiões” cruciais entre as enormes geleiras do continente congelado e as regiões abertas do oceano. Esse gelo derretido, que geralmente envolve geleiras maiores atrás dele, vai, então, para o mar. Os cientistas temem que o degelo provocado pelas alterações climáticas na Antártida e na Groenlândia provoque um aumento perigoso e significativo do nível do mar ao longo de muitas décadas e séculos. Disponível em: <https://g1.globo.com>. Acesso em: 29 out. 2023. [Fragmento] No texto, a temática das mudanças climáticas é desenvolvida por meio de variados recursos coesivos. Para costurar a coesão entre certos vocábulos do texto, recorre-se à A. atribuição do adjetivo “guardiões” para ressaltar o impacto do território no oceano. B. aplicação do advérbio “então” para indicar a causa do aumento do nível do mar. C. adoção do substantivo “degelo” para recuperar a perda de volume congelado. D. repetição do nome do continente para delimitar a origem do problema. E. utilização do adjetivo “maiores” para qualificar as geleiras encolhidas. Alternativa C Resolução: No primeiro parágrafo, explicita-se o volume de gelo que já derreteu e se fundiu ao oceano: “Quatro dúzias de plataformas de gelo da Antártida encolheram pelo menos 30% desde 1997 e 28 delas perderam mais de metade do seu volume nesse período”. À continuidade, no segundo parágrafo, o tema continua sendo abordado e, para que não haja repetição desnecessária de toda a expressão, optou-se pelo substantivo “degelo”, que tem significado sinônimo. Por isso, a alternativa correta é a C. A alternativa A é incorreta: o adjetivo “guardiões” refere-se a “quatro dúzias de plataformas de gelo” e ressalta a importância da permanência desses paredões em sua forma sólida. A alternativa B é incorreta: o advérbio “então” indica conclusão, o fim que leva o gelo. A alternativa D é incorreta: a repetição do nome do continente se faz necessária e acontece de forma espaçada entre uma ocorrência e outra, mas não configura a origem do problema, visto que as causas do degelo envolvem as emissões de carbono e o aumento do aquecimento global. A alternativa E é incorreta: o adjetivo “maiores” refere-se a geleiras localizadas atrás daquelas que foram encolhidas. QUESTÃO 44 Saudade nenhuma de mim Volta e meia, crônicas, romances e poemas terminam com a indefectível frase: “Saudades de mim”. Será que eu já escrevi isso alguma vez, que sinto saudades de mim? Devo ter cometido, eu também, esta dramatização barata, somos todos reincidentes nos clichês. Mas, olha, sinceramente, não sinto, não. Lembro de uma menina que se sentia uma estranha na sala de aula. Que adorava tomar lanche nas Lojas Americanas do centro da cidade. Que ficava esperando ser tirada pra dançar nas reuniões dançantes, e quando acontecia, que êxtase! Lembro da menina agindo como adulta, indo morar fora do país. Lembro da menina voltando, sem resquícios da menina que havia sido. Saudades dela? Afeto por ela. Saudades eu tenho de nada. Não voltaria um único dia na minha vida, e lembranças boas é o que não me faltam. Não tenho saudades nem de um minuto atrás. Tudo o que eu fui prossegue em mim. MEDEIROS, M. Disponível em: <www.pensador.com>. Acesso em: 27 out. 2023. [Fragmento adaptado] Nesse fragmento, é possível analisar o foco narrativo em primeira pessoa como importante para o desenvolvimento da crônica narrativa, pois A. afasta a condição de debate sobre a memória. B. garante a abordagem da experiência singular. C. valoriza a exposição da temática controversa. D. sustenta a veracidade das opiniões expostas. E. possibilita a progressão de clichês saudosistas. KB95 301SE02POR2024XV S73A 301SE02POR2024VII ENEM – VOL. 2 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 31BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa B Resolução: O foco narrativo em primeira pessoa é usual nos textos do gênero crônica, em que o autor utiliza um acontecimento da rotina para desenvolver um tema. No texto de Martha Medeiros, vê-se que a utilização da primeira pessoa permite que o desenvolvimento ocorra por meio da exposição de uma experiência individual. Assim, a alternativa B está correta. A alternativa A é incorreta: ao contrário, o uso da primeira pessoa pode estimular o debate sobre a memória, porque, ao observar a perspectiva do outro, contada em tom intimista, o leitor é estimulado a fazer suas próprias reflexões. A alternativa C é incorreta: o uso da primeira pessoa do singular não garante que a opinião seja verdadeira ou falsa, apenas define a quem ela pertence. A alternativa D é incorreta: o uso da primeira pessoa do singular não influencia positivamentena construção de debates de temas opostos, ele confere pessoalidade à discussão. A alternativa E é incorreta: toda a construção do texto vai contra a ideia de sustentar um sentimento saudosista; fragmentos que comprovam o rompimento com ele são “sinceramente, não sinto, não”, “Saudades eu tenho de nada” e todo o último parágrafo. QUESTÃO 45 FIGUEIREDO, R. Disponível em: <www.defeitodefabrica.com>. Acesso em: 14 nov. 2023. Na tirinha de Rafa Figueiredo, o elemento visual completa o sentido do texto verbal na medida em que representa a A. perspectiva do enunciador e o subtexto da mensagem. B. limitação de sentidos e a ausência de determinação. C. subjetividade do narrador e a postura preguiçosa. D. solidão e a comunicação ausente de interlocutor. E. passividade e a monotonia da inércia necessária. Alternativa A Resolução: O elemento visual da tirinha, somado ao texto verbal “olhando pro teto”, permite ao leitor inferir que o espaço cinza representa o teto de um cômodo. Dessa forma, o observador, que direcionou a perspectiva para o teto, foi o próprio enunciador da frase “[eu – primeira pessoa do singular] vejo o dia acabar”. Portanto, está correta a alternativa A. A alternativa B é incorreta: a ausência de determinação pode ser inferida tanto pelo texto verbal quanto pelo elemento visual, porém não há elementos – de qualquer natureza – que sustentem a ideia de que o enunciador tenha os sentidos limitados. A alternativa C é incorreta: ainda que se diga que o enunciador está deitado, não é possível afirmar qual é a razão que o motiva a encontrar-se nessa posição, seja em resposta ao trabalho ou a questões patológicas. A alternativa D é incorreta: a reflexão apresentada pelo enunciador é direcionada a ele mesmo, e não a relacionamentos com terceiros. A alternativa E é incorreta: não se pode afirmar que o enunciador julga seu estado de inércia como necessário, já que ele não o qualifica nem apresenta as razões que o motivam a encontrar-se dessa forma. 6PG8 055SE06POR2022I LCT – PROVA I – PÁGINA 32 ENEM – VOL. 2 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO TEXTO I A convivência familiar e comunitária é um direito fundamental de crianças e adolescentes garantido pela Constituição Federal (artigo 227) e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Em seu artigo 19, o ECA estabelece que toda criança e adolescente tem direito a ser criado e educado por sua família e, na falta desta, por família substituta. Adoção e acolhimento. Disponível em: <www.gov.br>. Acesso em: 23 out. 2023. TEXTO II Quando a criança é privada da relação familiar, sofre uma série de efeitos prejudiciais descritos por Bowlby (1988) de acordo com o grau de privação. A privação parcial pode gerar angústia, exagerada necessidade de amor; fortes sentimentos de vingança e, consequentemente, culpa e depressão. Como a criança pequena não sabe lidar com essas emoções, sua forma de reação a tais perturbações poderá resultar em distúrbios nervosos, em uma personalidade instável. A privação quase que total, observada, por vezes, em instituições de abrigos, creches, hospitais, aumenta a severidade dos danos no desenvolvimento psicoafetivo, denominada “hospitalismo”; sendo que a privação total, por sua vez, pode aniquilar a capacidade da criança de estabelecer relações futuras com outras pessoas. BÖING, E.; CREPALDI, M. Os efeitos do abandono para o desenvolvimento psicológico de bebês e a maternagem como fator de proteção. Disponível em: <www.scielo.br>. Acesso em: 23 out. 2023. [Fragmento adaptado] TEXTO III Crianças acolhidas por motivo de abandono no Brasil 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023* 2 637 2 466 2 740 2 976 3 549 3 002 3 403 3 872 2 414 *até julho Fonte: SNA (Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento) - CNJ (Conselho Nacional de Justiça) BORGES, E. “Me deixou e nunca mais vi”: País tem 8 casos de abandono de menor por dia. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br>. Acesso em: 23 out. 2023. TEXTO IV As mães “abandonantes” no Brasil são, em sua maioria absoluta, mães excluídas. Elas abandonam porque estão abandonadas pela sociedade. Elas fazem parte de um enorme contingente de uma população que não tem acesso aos bens socioculturais nem aos meios de produção necessários à sua sobrevivência. Elas abandonam porque não encontram alternativas viáveis, porque não acreditam nos poderes constituídos, porque não tiveram educação, porque não têm esperança. WEBER, L. Os filhos de ninguém: abandono e institucionalização de crianças no Brasil. Disponível em: <https://geracaoamanha.org. br>. Acesso em: 23 out. 2023. INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO 1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado. 2. O texto definitivo deve ser escrito à tinta preta, na folha própria, em até 30 (trinta) linhas. 3. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para a contagem de linhas. 4. Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que: 4.1. tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “texto insuficiente”; 4.2. fugir ao tema ou não atender ao tipo dissertativo-argumentativo; 4.3. apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto; 4.4. apresentar nome, assinatura, rubrica ou outras formas de identificação no espaço destinado ao texto. 2XS2 PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da Língua Portuguesa sobre o tema “O abandono de crianças e adolescentes no Brasil”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista. ENEM – VOL. 2 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 33BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A proposta de redação orienta-se por uma temática geral: O ABANDONO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO BRASIL Toda a coletânea apresenta informações referentes a esse tema e, de modo geral, também oferece elementos para que os alunos consigam problematizar seu enfoque. A proposição de um título não é obrigatória na redação do Enem, no entanto, caso os alunos decidam por dar um título a seu texto, a correção deve penalizar apenas aqueles que colocarem o tema como tal. Itens de correção de acordo com a grade Enem: I. Item destinado à avaliação da composição linguística do texto (uso da norma-padrão). São considerados os aspectos de domínio gramatical explorados na estruturação do raciocínio: concordância verbonominal, acentuação gráfica, ortografia, variedade vocabular, pontuação, entre outros recursos que, caso mal utilizados, devem ser penalizados. O aspecto linguístico deve ser considerado em função do conteúdo do texto. Desse modo, se o texto for claro, mas apresentar algumas falhas gramaticais que não prejudiquem o conjunto textual, elas devem ser penalizadas de forma moderada ou mesmo não ser penalizadas. • Para a obtenção de nota total nessa competência, são permitidos até dois erros linguísticos. Este item é avaliado em consonância com o item IV. II. Em um primeiro momento, é preciso que os alunos atentem para o tipo de texto solicitado: o dissertativo-argumentativo. Devem, portanto, mesclar essas suas duas condições: precisam progredir na exposição e no aprofundamento do tema ao mesmo tempo que usam as informações novas como conteúdo para seus argumentos na defesa de um determinado ponto de vista, sempre de maneira impessoal. Na compreensão do tema, é necessário que os alunos problematizem a situação abordada, o abandono de crianças e adolescentes no Brasil. No texto I, o estudante constatará que a convivência comunitária e familiar, seja ela de origem biológica ou substituta, possui o status de direito fundamental respaldado pordois documentos oficiais: a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). No texto II, o aluno tem acesso a previsões dos danos causados pela privação das relações familiares. O texto organiza as consequências negativas da privação familiar em três graus (parcial, quase total e total) que interferem diretamente no desenvolvimento de doenças psicológicas e na capacidade de socialização desses indivíduos. O texto III é um gráfico de barras horizontal que permite ao aluno visualizar estatísticas a respeito do número de menores acolhidos por motivo de abandono no Brasil nos últimos 9 anos. Além disso, o título da publicação localizado na fonte “País tem 8 casos de abandono de menor por dia” também traz uma informação numérica que contribui para uma perspectiva macro da situação. Por fim, o texto IV apresenta a realidade, também de desamparo, que vivem as responsáveis pelo abandono dos menores. O autor define essas mulheres e lista uma série de justificativas que se somam e resultam no abandono de crianças e adolescentes no Brasil. • Sinalizar, na correção, a existência ou a ausência da tese de raciocínio. Caso não haja tese no texto dos alunos, este item deve ser penalizado com maior rigor: nota mínima ou zero. Penalizar também a presença de trechos longos que escapem às tipologias argumentativa e expositiva, como os de cunho narrativo. Este item é avaliado em consonância com o item III. III. Com relação à terceira habilidade avaliada, domínio da estrutura textual argumentativa, os alunos devem confirmar ou discutir sua tese por meio de estratégias argumentativas diversificadas, com certo grau de ineditismo e indícios de autoria, procurando fugir, ao menos parcialmente, de uma abordagem atrelada ao senso comum. No caso dessa proposta, podem ser utilizados os dados e as informações dos textos motivadores, cuidando para que não ocorra uma cópia destes. Tratando-se de um tema vinculado às demandas de saúde e sociais, a argumentação deve levar a uma reflexão acerca do abandono de crianças e adolescentes no Brasil. A partir do texto I, o estudante pode reivindicar a garantia do direito à convivência familiar e comunitária. Esse texto pode auxiliar na construção de um dos argumentos de redação, refutando o caráter subjetivo da convivência familiar que pode vir a apresentar-se como empecilho no exercício desse direito. Também no parágrafo de conclusão, no agente da proposta de intervenção, responsabilizando os órgãos públicos de assistência social, encarregados de fiscalizar e atuar em nome do poder público, quanto ao problema do abandono infantil. Pode-se desenvolver como ação o acompanhamento de famílias em situação de vulnerabilidade social, mais propensas ao abandono, com o objetivo de agir de maneira efetiva em consonância ao que é previsto pelo artigo 227 da Constituição Federal e artigo 19 do ECA. A partir do texto II, o aluno poderá fazer uso das informações técnicas dos três diferentes níveis de privação da relação familiar para construir um parágrafo argumentativo de perspectiva científica e alegar danos permanentes nos indivíduos. LCT – PROVA I – PÁGINA 34 ENEM – VOL. 2 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A profundidade dos dados trazidos pelas projeções negativas contribui para o efeito de urgência do argumento. Isso se dá porque, ainda que os efeitos (depressão, distúrbios nervosos, “hospitalismo”, etc.) piorem em função do grau de privação (parcial, quase total, total), é possível chamar atenção para a gravidade do abandono em si, já que mesmo o primeiro grau, parcial, concatena danos e doenças psicológicas que repercutem por toda vida adulta do indivíduo. Já o texto III apresenta o problema a partir de um gráfico com números que revelam, a partir de fontes confiáveis, o constante crescimento da quantidade de menores em situação de abandono ano a ano. O gráfico tem o potencial de nortear a linha argumentativa do estudante, sugerindo que, mesmo que as informações pertinentes a 2023 se mantivessem estabilizadas na média traçada nos primeiros sete meses do ano (345 crianças abandonadas por mês), a quantidade de menores em situação de abandono teria ultrapassado o ano anterior, totalizando 4 139 crianças. O uso de estatísticas concretas, como essa, acompanha os parágrafos de argumentação ou a contextualização da introdução. Por fim, o texto IV leva em consideração o ponto de vista do responsável pelo abandono e associa as causas motivadoras para tal a fatores sociais que são negados a essas famílias (a educação, os bens socioculturais, entre outros meios necessários à sobrevivência). No fragmento, as responsáveis citadas são as “mães” e esse dado pode ser utilizado pelo aluno de forma conveniente num parágrafo de desenvolvimento, propondo-se a complementar as justificativas listadas no texto-base, apontando a ausência das autoridades competentes, no que diz respeito à garantia de direitos sociais básicos, e da figura paterna, uma vez que, se ela não é nem citada, tampouco é responsabilizada pelo abandono. • A ausência de problematização do enfoque deve ser penalizada com nota igual ou inferior a 50%. Este item deve ser avaliado em conexão com o item II, para que não haja penalização dupla dos mesmos problemas. IV. Na quarta habilidade, domínio da estrutura linguístico-semântica, os alunos devem demonstrar uso coerente de sequências discursivas, especialmente no que diz respeito às cadeias coesivas construídas no texto, com o auxílio de determinadas ferramentas da norma-padrão: pontuação, conectores, entre outros. As relações coesivas devem ser avaliadas entre as sentenças e entre os parágrafos. • Este item deve ser avaliado em conexão com o item I, para que não haja penalização dupla dos mesmos problemas. V. Na quinta habilidade avaliada, proposta de intervenção, os alunos devem propor estratégias para solucionar as situações-problema apresentadas ao longo do texto. Nesse sentido, deve haver detalhamento e variedade nas propostas apresentadas. Com relação ao tema em questão, devem ser apontadas medidas para solucionar os desafios citados na argumentação. É esperado que a proposta de intervenção apresente cinco elementos estruturantes: ação (o que deve ser feito); agente (quem realizará); meio / modo (como a ação será concretizada ou por meio de que instrumento); finalidade (para que a ação será feita); detalhamento. Considerando esses aspectos, pode-se propor, por exemplo, que o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), com apoio do Governo Federal, elabore estratégias de interferência que visem reduzir a zero o número de abandono de menores. Esse processo deve equilibrar ações práticas de subsídio de curto e longo prazo para atender imediatamente famílias vulneráveis ao abandono e alterar o quadro futuro. Deve-se estudar as estatísticas para compreender as causas mais alarmantes e, assim, atuar pontualmente na área mais fragilizada: auxílios financeiros, geração de empregos, disponibilidade de creches e escolas públicas. Dessa forma, o problema do abandono de crianças e adolescentes no Brasil será extinto. • A intervenção proposta pelos alunos deve estar em conformidade com a tese e a argumentação desenvolvidas ao longo do texto. Do contrário, deve haver penalização. ENEM – VOL. 2 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 35BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 46 a 90 QUESTÃO 46 Tamanho da riqueza econômica de um país, medido através do Produto Interno Bruto (PIB), em 2016 Disponível em: <https://educa.ibge.gov.br>. Acesso em: 5 nov. 2021 (Adaptação). O mapa trata-se de uma anamorfose, que é um tipo de representação que envolve a A. deformação proporcional a um tema de interesse. B. incapacidade de permitir análises comparativas. C. inviabilidade para informar dados quantitativos. D. preservação das áreas territoriais dos países. E. adequação para a utilização na navegação. Alternativa A Resolução: O mapa trata-se de uma anamorfose, queé um tipo de representação cartográfica onde as áreas são deformadas de forma proporcional a um tema de interesse. Na anamorfose da questão, o tema é o Produto Interno Bruto (PIB) e é possível identificar que, entre os países que se destacam por apresentar elevados valores do PIB, tem-se a China, os Estados Unidos, o Japão e alguns da Europa; visto que estão com as suas áreas bastante ampliadas no mapa. A alternativa B está incorreta, pois, ao se comparar as áreas dos países representados na anamorfose, é possível estabelecer uma análise comparativa entre os seus valores do PIB. A alternativa C está incorreta, pois, nas anamorfoses, as áreas podem ser deformadas de forma proporcional a uma informação quantitativa, como, por exemplo, o valor do PIB e a população absoluta de uma determinada localidade. A alternativa D está incorreta, pois, nas anamorfoses, as áreas representadas são deformadas de modo proporcional a um tema de interesse. A alternativa E está incorreta, pois as anamorfoses são usadas para a representação de uma informação de forma mais direta, sendo adequadas para a utilização com fins didáticos. Para a navegação, além dos instrumentos tecnológicos disponíveis atualmente, é mais adequado o uso de mapas tradicionais, onde a representação de cada localidade (continentes, países, estados, cidades, entre outras) é realizada levando-se em conta a sua área territorial. QUESTÃO 47 Consequentemente, as tarefas da Sociologia incluem não só o exame e interpretação de forças compulsivas específicas que agem sobre as pessoas nos seus grupos e sociedades empiricamente observáveis, mas também a libertação do discurso e do pensamento relativos a essas forças, das suas ligações com modelos heterônomos anteriores. Em vez de palavras e de conceitos marcados pela sua origem mágico-mítica ou vindos das ciências naturais, a Sociologia deverá produzir gradualmente outros conceitos, que sejam mais adequados às particularidades das representações sociais do homem. ELIAS, N. Introdução à Sociologia. Lisboa: Edições 70, 2008. [Fragmento] W7SE CALIBRADA_GEO J6S6 352SE02SOC2024IV CH – PROVA I – PÁGINA 36 ENEM – VOL. 2 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO De acordo com o texto, o principal propósito do conhecimento sociológico é o(a): A. Desmistificação do conhecimento acerca da humanidade. B. Superação da terminologia das ciências da natureza. C. Desenvolvimento da técnica de produção industrial. D. Delimitação do estudo empírico na ciência humana. E. Institucionalização da Sociologia na universidade. Alternativa A Resolução: No texto da questão, o sociólogo e historiador Norbert Elias destaca a necessidade da Sociologia em se afastar das concepções místicas e míticas na análise de seu objeto de estudo, ao mesmo tempo que deve produzir conceitos e teorias mais adequadas às representações sociais do homem. Nesse trecho, portanto, Elias reafirma a necessidade que a Sociologia tem de separar conhecimentos místicos das relações sociais, de maneira que a alternativa A é a correta. A alternativa B está incorreta porque o uso das terminologias das ciências da natureza não é descartado, mas o autor chama atenção para que a Sociologia não dependa exclusivamente delas. A alternativa C está incorreta porque o texto não tem como temática a produção industrial. A alternativa D está incorreta porque o texto já parte do consenso sobre o objeto de estudo da Sociologia. A alternativa E está incorreta porque o texto não se refere à temática da institucionalização acadêmica da Sociologia. QUESTÃO 48 [...] Cantando espalharei por toda parte, Se a tanto me ajudar o engenho e arte. Cessem do sábio Grego e do Troiano As navegações grandes que fizeram; Cale-se de Alexandro e de Trajano A fama das vitórias que tiveram; Que eu canto o peito ilustre Lusitano, A quem Neptuno e Marte obedeceram. Cesse tudo o que a Musa antiga canta, Que outro valor mais alto se alevanta. CAMÕES, L. Os Lusíadas. Porto: Porto Editora, 1975. p. 69. [Fragmento] DJJT CALIBRADA_HIS O trecho apresentado é do poema “Os Lusíadas”, de Camões, que aborda o contexto das Grandes Navegações e pode ser compreendido no sentido de A. enaltecer os feitos portugueses registrando-os na memória social. B. vangloriar as riquezas adquiridas no novo mundo pela nação lusa. C. reproduzir o modelo civilizacional grego nas terras portuguesas. D. destacar as ações de cunho comercial dos portugueses. E. justificar o projeto expansionista pela fé católica. Alternativa A Resolução: O poema “Os Lusíadas”, de Luís de Camões, tem como temática central a narrativa da Expansão Marítima portuguesa, que narra a viagem de Vasco da Gama às Índias. No trecho apresentado, Camões busca exaltar os feitos lusitanos, e por meio do poema, essas histórias ficaram registradas na memória social, o que vai ao encontro da alternativa A. A alternativa B está incorreta, pois, no trecho apresentado, Camões não trata sobre as riquezas adquiridas no novo mundo por meio da Expansão Marítima. A alternativa C está incorreta, pois, embora a epopeia de Camões ter sido inspirada pelas epopeias gregas, não traz a ideia de uma reprodução do modelo civilizacional grego. A alternativa D está incorreta, pois, embora o poema faça um enaltecimento dos feitos portugueses, Camões não faz um destaque sobre ações comerciais. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois, no trecho apresentado, não se aborda o aspecto religioso. QUESTÃO 49 Uma conversação de tal natureza transforma o ouvinte; o contato de Sócrates paralisa e embaraça; leva a refletir sobre si mesmo, a imprimir à atenção uma direção incomum: os temperamentais, como Alcibíades, sabem que encontrarão junto dele todo o bem de que são capazes, mas fogem porque receiam essa influência poderosa, que os leva a se censurarem. E sobretudo a esses jovens, muitos quase crianças, que ele tenta imprimir sua orientação. BRÉHIER, E. História da Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1977. O trecho de Bréhier, historiador da Filosofia, apresenta os impactos da formação socrática, que tinha como cerne o(a) A. descrição dos objetos do mundo. B. censura das opiniões dos cidadãos. C. análise das crenças sobre a natureza. D. defesa das verdades acerca das coisas. E. exame dos conhecimentos dos indivíduos. SSAK CALIBRADA_FIL ENEM – VOL. 2 – 2024 CH – PROVA I – PÁGINA 37BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa E Resolução: Para Sócrates, era somente ao analisar as crenças que os indivíduos traziam sobre os variados objetos de reflexão que seria possível desconstruí-los e, com isso, tentar alcançar o conhecimento apropriado sobre aqueles temas. Nesse sentido, a alternativa correta é a E. A alternativa A está incorreta, pois ela traz uma afirmação mais próxima da filosofia aristotélica, não da socrático- -platônica. A alternativa B está incorreta, uma vez que não se pretende censurar as opiniões das pessoas, mas demonstrar que a maioria das crenças que os indivíduos trazem são baseadas em falas ou formulações irrefletidas sobre as coisas. A alternativa C está incorreta, uma vez que Sócrates indaga seus contemporâneos não somente sobre questões da natureza, mas também sociais e políticas. A alternativa D está incorreta, já que a formulação célebre socrática é o “só sei que nada sei”. Ou seja, o cerne de sua filosofia não é defender verdades, mas questionar os indivíduos sobre suas opiniões acerca de todas as coisas, relações e campos. QUESTÃO 50 Em vastas regiões do estado de São Paulo, os climas foram quentes e secos há cerca de 100 milhões de anos. Desertos existentes no passado deixaram esses vestígios. A relação entre areia e rocha (arenito), no caso de um antigo deserto, pode ser estabelecida estudando-se os processos, como os mecanismos de soterramento e compressão causados pelo peso das camadas que se depositaram acima da areia, ou de fluidos que cimentaram seus espaços vazios, até fazercom que ela se transformasse em rocha. Muito tempo depois, a rocha pode aflorar ou ter sua cobertura removida pela ação da erosão, muitas vezes em locais que há muito tempo deixaram de ser desertos, como é o caso dos campos de dunas dos arenitos Botucatu, que hoje abrigam reservas subterrâneas importantíssimas de água doce na América do Sul, o chamado Aquífero Guarani. CARNEIRO, C.; GONÇALVES, P.; LOPES, O. O ciclo das rochas na natureza. Terræ Didatica, n. 5, v. 1, 2009. Disponível em: <www.ige.unicamp.br>. Acesso em: 21 nov. 2023. [Fragmento adaptado] As evidências sobre o passado geológico da região citada devem-se à presença atual de um tipo de rocha formado através do(a) A. ciclo sedimentar. B. colisão tectônica. C. intrusão magmática. D. metamorfismo termal. E. derramamento basáltico. KZYP 350SE02GEO2024IX Alternativa A Resolução: O texto indica que uma evidência da existência de um deserto no passado geológico de algumas regiões do estado de São Paulo é a presença atual do arenito. Este corresponde a uma rocha sedimentar, que foi formada pela deposição e consolidação das camadas de areia do antigo deserto. A alternativa B está incorreta, pois as rochas sedimentares são originadas a partir de processos exógenos, como o intemperismo, que causa a desagregação e a decomposição de rochas preexistentes expostas na superfície, e a erosão, que realiza o transporte e a deposição dos sedimentos derivados do intemperismo. A colisão entre placas tectônicas, por sua vez, é um processo endógeno, que pode desencadear fenômenos que originam rochas cristalinas (metamórficas e magmáticas). A alternativa C está incorreta, pois a intrusão magmática ocorre quando o magma ascende e resfria-se lentamente no interior da crosta, o que leva à sua solidificação, resultando na formação de rochas magmáticas plutônicas (ou intrusivas). A alternativa D está incorreta, pois o metamorfismo termal ocorre quando uma rocha preexistente sofre alterações ao ser submetida a um aumento da temperatura, originando uma nova rocha, classificada como metamórfica. A alternativa E está incorreta, pois o derramamento de lavas basálticas corresponde ao extravasamento do magma na superfície, que se resfria rapidamente, solidificando-se e originando rochas magmáticas vulcânicas (ou extrusivas). QUESTÃO 51 Alexandre anima o exército com o seu ardor enquanto o dirige com a ciência do estratego mais seguro. De resto, este intrépido cavaleiro, este temível manejador de homens, este capitão grande entre os maiores, mostra-se o mais genial dos organizadores. Assim, tem a sabedoria de não querer unificar um Império polimorfo e de manter em cada região a administração a que ela está habituada. Alexandre não comunga do ideal pan-helênico, não quer submeter e humilhar o bárbaro, mas, sim, fundi-lo com o grego num conjunto harmonioso onde cada um terá a sua parte. LÉVÊQUE, P. O mundo helenístico. Lisboa: Edições 70, 1987 (Adaptação). No contexto de expansão imperial macedônica entre os séculos III e II a.C., as ações descritas no texto possibilitaram o(a) A. associação de culturas de sociedades distintas. B. perpetuação da linhagem dos macedônicos. C. imposição da racionalidade filosófica grega. D. primazia política das cidades autônomas. E. desgaste do expansionismo macedônico. F6LF 150SE02HIS2024I CH – PROVA I – PÁGINA 38 ENEM – VOL. 2 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa A Resolução: De acordo com o texto, “Alexandre não comunga do ideal pan-helênico, não quer submeter e humilhar o bárbaro, mas, sim, fundi-lo com o grego num conjunto harmonioso onde cada um terá a sua parte”, indicando que ocorreu uma associação de culturas distintas, mas buscando respeitar, em certa medida, as estruturas sociopolíticas dos povos dominados. Portanto, a alternativa A está correta. A alternativa B está incorreta, pois, embora o texto aborde sobre as fusões que ocorreram nesse contexto, não trata necessariamente de uma intenção de perpetuação da linhagem macedônica. Contrariamente ao indicado nas alternativas C e D, as tradições culturais e as estruturas político-administrativas dos povos dominados foram preservadas. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois o trecho não trata de um possível desgaste do expansionismo macedônico. QUESTÃO 52 Balança comercial do agronegócio brasileiro – 2000 a 2021 1998 2000 2002 2004 2006 2010 20142012 2016 20182008 2020 2022 0 20 40 60 100 120 140 80 Exportação Importação Saldo B ilh õe s de d ól ar es 21 121 15 105 6 16 CAMPOS, S.; GRUNDLING, R. Crescimento das exportações brasileiras e atendimento a novos mercados. Disponível em: <www.embrapa.br>. Acesso em: 23 nov. 2023. O desempenho do agronegócio indicado no gráfico contribui para o(a) A. promoção do superavit comercial. B. diminuição das escalas de produção. C. esgotamento do modelo agroexportador. D. estabilização dos preços das commodities. E. comprometimento da modernização agrícola. Alternativa A Resolução: O desempenho do agronegócio brasileiro, ao longo de todo o período representado no gráfico, contribuiu para o superavit da balança comercial, pois o valor das exportações manteve-se superior ao das importações. A alternativa B está incorreta, pois, no período representado no gráfico, ocorreu um crescimento do valor das exportações do agronegócio brasileiro, indicando uma ampliação da demanda externa, o que implica um aumento das escalas de produção nesse setor da economia. A alternativa C está incorreta, pois o crescimento do valor das exportações do agronegócio indica a manutenção da importância do modelo agroexportador no Brasil. A alternativa D está incorreta, pois os preços das commodities, que incluem os produtos agropecuários, são muito vulneráveis a oscilações no mercado internacional. A alternativa E está incorreta, pois o crescimento das exportações do agronegócio foi possibilitado pelo aumento da produtividade na agropecuária, o que se deu por meio de intensa modernização tecnológica da produção. 5C4S 350SE02GEO2024XII ENEM – VOL. 2 – 2024 CH – PROVA I – PÁGINA 39BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 53 Já que possuíam animais, os khoi [Koikoi] deviam contentar-se com zonas bem irrigadas e não podiam explorar regiões áridas, o que permitiu à população em geral e ao efetivo de cada grupo aumentar progressivamente. Como os bois podiam transportar bagagens, os khoi puderam fazer tendas e levá-las consigo em vez de terem que construir novos abrigos cada vez que se deslocavam. Do mesmo modo, a presença de indivíduos muito jovens, muito velhos e de pouca mobilidade deixava de constituir o mesmo embaraço de outrora. Nessas condições, os khoi tiveram como acumular bens em pequena escala (e até em grande escala no que toca ao rebanho), o que acarretou certa estratificação nas sociedades pastoris, diferentemente do que se passava com os san, que eram mais igualitários e não conheciam a propriedade privada. Para reger sua sociedade, os khoi não tiveram necessidade de criar uma verdadeira estrutura política, mas alguns deles exerciam uma relativa autoridade sobre seu clã e, quando começaram a se efetuar trocas esporádicas com os navios europeus, alguns indivíduos adquiriram um poder pessoal considerável e se tornaram proprietários de muitas cabeças de gado. OGOT, B. A. História geral da África, V: África do século XVI ao XVIII. Brasília: UNESCO, 2010 (Adaptação). O texto sugere que o grupo étnico Koikoi tinha uma estrutura sociopolítica caracterizada pela A. centralização político-administrativa. B. impossibilidade de mobilidade social. C. adoção do modelo de vida sedentário. D. formação de alianças com outros povos. E. organização hierárquica da comunidade. Alternativa E Resolução: Segundo o texto, “os khoi tiveram como acumular bens em pequena escala (e até em grande escala no que toca ao rebanho), o que acarretou certa estratificação nas sociedades pastoris”,indicando, assim, uma organização hierárquica da comunidade. Portanto, a alternativa E está correta. A alternativa A está incorreta, pois o texto afirma que “os khoi não tiveram necessidade de criar uma verdadeira estrutura política, mas alguns deles exerciam uma relativa autoridade sobre seu clã”, sugerindo a inexistência de uma centralização político-administrativa. A alternativa B está incorreta, pois o texto não aborda o aspecto de impossibilidade de mobilidade social. Além disso, o texto menciona “quando começaram a se efetuar trocas esporádicas com os navios europeus, alguns indivíduos adquiriram um poder pessoal considerável e se tornaram proprietários de muitas cabeças de gado” revelando a possibilidade de ascensão social dos indivíduos. A alternativa C também está incorreta, pois, de acordo com o texto, “como os bois podiam transportar bagagens, os khoi puderam fazer tendas e levá-las consigo em vez de terem que construir novos abrigos cada vez que se deslocavam”, revelando um estilo de vida nômade. Por fim, a alternativa D está incorreta, pois o texto não aborda o aspecto da formação de alianças com outros povos. QUESTÃO 54 O dogmatismo é tido como toda e qualquer doutrina que afirma a possibilidade de que o homem possa conhecer a verdade, estando ela inserida em um contexto metafísico ou não. A verdade (ou o dogma adquirido) não poderia ser submetida a nenhum tipo de questionamento ou, ao menos, não poderia ser problematizada; seria, desse modo, perfeita, absoluta, permitindo que o homem conhecesse a essência das coisas em si mesmas. Os dogmáticos, apesar do que se pensa, são chamados assim não porque não apresentam argumentos os quais, de certa forma, comprovam suas teses, pois estes o fazem de maneira, por vezes, muito convincente, mas são ditos dogmáticos pela precipitação que tiveram em afirmar a filosofia na qual se enquadram como capaz de exprimir a verdade mesma das coisas. AMORIM, J. D. É possível conhecer a verdade? Disponível em: <https://revistapandorabrasil.com>. Acesso em: 13 dez. 2023 (Adaptação). A postura dogmática é caracterizada no texto como um(a) A. marca geracional, uma vez que sustenta a tradição. B. produto cultural, pois varia de acordo com o tempo. C. desrespeito intelectual, posto que inviabiliza o debate. D. crença infrutífera, já que problematiza o conhecimento. E. atitude afirmativa, porque defende a possibilidade de aquisição da verdade. 4O24 150SE02HIS2024XIV LODL 295SE02FIL2024III CH – PROVA I – PÁGINA 40 ENEM – VOL. 2 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa E Resolução: A atitude dogmática é caracterizada no texto como afirmativa, pois defende a possibilidade de aquisição da verdade. Nesse sentido, os dogmáticos são descritos como aqueles que afirmam que suas doutrinas expressam a verdade das coisas. Esses pensadores defendem que a verdade é acessível e que podem conhecê-la. Portanto, a postura dogmática é descrita como uma atitude afirmativa em relação ao conhecimento da verdade, o que contrasta com outras abordagens filosóficas que podem adotar uma postura mais crítica ou cética em relação à possibilidade de conhecer a verdade de forma absoluta. Desse modo, a alternativa correta é a E. A alternativa A está incorreta, já que os dogmáticos podem pertencer a toda e qualquer geração, e não necessariamente sustenta a tradição. A filosofia racionalista de Descartes é um exemplo de doutrina dogmática que propunha cindir todas as concepções anteriores sobre o conhecimento. A alternativa B está incorreta, já que o núcleo da postura dogmática é a defesa da capacidade humana de alcançar a verdade, independentemente da cultura, do período ou do lugar. A alternativa C está incorreta, posto que o dogmático não é fechado ao debate, basta observar filosofias como a aristotélica, por exemplo. A alternativa D está incorreta porque os dogmáticos não problematizam o conhecimento em si. QUESTÃO 55 Como percurso histórico, na sociedade capitalista, podem-se identificar algumas etapas na Divisão Internacional do Trabalho (DIT). Umas dessa etapas, conhecida como Nova DIT, surge no pós-Segunda Guerra, com a hegemonia dos Estados Unidos da América. Ela foi marcada pelo capitalismo financeiro, oportunidade em que os países subdesenvolvidos receberam investimentos oriundos dos países detentores de capital, e muitas empresas passaram a instalar filiais em diferentes regiões do mundo, o que acabou por transformar países subdesenvolvidos em exportadores de produtos industrializados. RAMOS, A.; WEBER, J. Nova Divisão Internacional do Trabalho e terceirização: da centralidade da categoria trabalho à flexibilização dos direitos trabalhistas. VIII Simpósio Iberoamericano em Comércio Internacional, Desenvolvimento e Integração Regional, Cerro Largo/RS, 2017. Disponível em: <www.uffs.edu.br>. Acesso em: 22 nov. 2023 (Adaptação). A etapa da DIT abordada foi acompanhada do(a) A. declínio do comércio mundial. B. dispersão da produção industrial. C. isolamento das economias nacionais. D. enfraquecimento dos fluxos financeiros. E. superação das disparidades tecnológicas. ULØH 350SE02GEO2024XIII Alternativa B Resolução: O texto aponta que, na Nova Divisão Internacional do Trabalho (Nova DIT), os países subdesenvolvidos receberam investimentos oriundos dos países desenvolvidos e houve uma expansão das empresas transnacionais, que passaram a instalar filiais em diferentes regiões do mundo. Com isso, países subdesenvolvidos passaram por um processo de industrialização, ocorrendo uma dispersão mundial da atividade industrial. A alternativa A está incorreta, pois, na Nova DIT, com a dispersão da atividade industrial e a formação de cadeias globais de produção, intensificaram-se as trocas comerciais de matérias-primas, insumos, produtos industrializados e inovações tecnológicas. A alternativa C está incorreta, pois a Nova DIT aprofundou a interdependência econômica entre os países. Os países subdesenvolvidos passaram a ser fornecedores de matérias-primas e produtos industrializados. Já os países desenvolvidos destacam-se na exportação de tecnologias e capitais. A alternativa D está incorreta, pois o texto aponta que a Nova DIT foi marcada pelo capitalismo financeiro, em que há uma intensa transferência de capitais produtivos e financeiros, sobretudo, oriundos dos países desenvolvidos. A alternativa E está incorreta, pois os países subdesenvolvidos permanecem dependentes da importação de tecnologias provenientes dos países desenvolvidos. QUESTÃO 56 A situação tornou-se mais crítica quando os povos vizinhos começaram a atacar e saquear as regiões romanas perto das fronteiras. O fato de o Império ser muito grande agravava esse problema, pois diversos povos podiam realizar ataques ao mesmo tempo. Na Europa, eram os germanos, povo então considerado bárbaro pelos romanos, que atacavam. Os imperadores foram obrigados, assim, a aumentar a força de seus exércitos e a participar das campanhas militares. Além dos gastos provocados por essas guerras, nem sempre os romanos eram bem-sucedidos, e o resultado era a destruição de seus exércitos e de várias cidades. MACHADO, C. A. R. Roma e seu Império. São Paulo: Saraiva, 2000 (Adaptação). De acordo com o texto, o colapso do Império Romano do Ocidente está relacionado, entre outros aspectos, à(s) A. ausência do Estado nos investimentos para proteção territorial. B. migrações de populações para o interior do território romano. C. mudança da estrutura social vigente no Período Imperial. D. dificuldades do governo em atender às demandas sociais. E. inexperiência dos agrupamentos militares do Exército. 2HUM 150SE02HIS2024II ENEM – VOL. 2 – 2024 CH – PROVA I – PÁGINA 41BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa B Resolução: O texto aponta que os ataques e saques promovidos pelos povos vizinhos nas fronteiras do Império Romano e as ações dos povos germanos na Europa exigiram grandesinvestimentos no Exército e em obras de defesa. Além disso, em muitos casos, as forças de defesa romanas foram superadas, contribuindo, assim, para a degradação do Império Romano no Ocidente. Portanto, a alternativa B está correta. A alternativa A está incorreta, pois o Império Romano teve grandes despesas com a defesa do território. Contrariamente ao indicado na alternativa C, o texto não relaciona o colapso do Império a uma eventual transformação da estrutura social. A alternativa D está incorreta, pois, embora a crise econômica afetasse o atendimento às demandas da população, esse aspecto não está presente no texto. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois, apesar de o texto afirmar que, em algumas situações, as forças de defesa romanas foram derrotadas, não é possível afirmar, com base no trecho, que o Exército romano era inexperiente, tendo em vista as diversas guerras nas quais o Império Romano se envolvia, além dos investimentos estatais nesse setor. QUESTÃO 57 Em definitivo, esse direito tem na sociedade um papel análogo ao do sistema nervoso no organismo. De fato, este tem por tarefa regular as diferentes funções do corpo, de maneira a fazê-las concorrer harmonicamente; ele exprime, assim, naturalmente, o estado de concentração a que chegou o organismo, em consequência da divisão do trabalho fisiológico. Por isso, pode-se medir, nos diferentes níveis da escala animal, o grau dessa concentração segundo o desenvolvimento do sistema nervoso. Isso quer dizer que se pode igualmente medir o grau de concentração a que chegou uma sociedade, em consequência da divisão do trabalho social, segundo o desenvolvimento do direito cooperativo com sanções restitutivas. São previsíveis todos os serviços que esse critério nos prestará. DURKHEIM, É. Da divisão do trabalho social. São Paulo: Martins Fontes, 1999. O texto demonstra que a teoria sociológica de Durkheim possui influências advindas do(a) A. individualismo metodológico. B. pensamento filosófico. C. economia liberal. D. ciência natural. E. cultura política. Alternativa D Resolução: O texto-base ilustra uma comparação, feita por Durkheim, entre a divisão do trabalho fisiológico e a divisão do trabalho social. É importante salientar que Durkheim foi o responsável por sistematizar a Sociologia como uma ciência autônoma. Contudo, para o autor, a pesquisa em Sociologia deveria seguir alguns métodos que foram desenvolvidos pelas ciências naturais. Assim, a alternativa correta é a D. A alternativa A é incorreta, dado que o individualismo metodológico não possui eco na teoria de Durkheim. A alternativa B é incorreta, uma vez que o texto-base não discute questões ligadas à Filosofia. A alternativa C é incorreta, visto que o texto-base não discute economia. Por fim, a alternativa E é incorreta, já que o texto-base não debate questões referentes à cultura política da sociedade. QUESTÃO 58 TEXTO I Contra todos, os vassalos devem ajudar o senhor: contra os seus próprios irmãos, contra os seus filhos, contra os seus pais. LEHMANN, K. Das Langobardische Lehnrecht: Vulgata. II, 28, 4. In: BLOCH, M. A sociedade feudal. Lisboa: Setenta, 2015. TEXTO II Se o meu senhor for morto, eu quero que me matem, Se ele for enforcado, enforcai-me com ele, Se ele for posto na fogueira, quero ser queimado, E, se ele se afogar, lançai-me à água com ele. ROUSSILION, G. In: BLOCH, M. A sociedade feudal. Lisboa: Setenta, 2015. JKQS CALIBRADA_SOC GY6K 150SE02HIS2024III CH – PROVA I – PÁGINA 42 ENEM – VOL. 2 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO De acordo com os excertos apresentados, a sociedade feudal estava baseada A. nos laços de fidelidade informais. B. no pacto entre nobres e campesinos. C. nos vínculos de produção escravistas. D. nas relações de dependência pessoal. E. nas obrigações simétricas entre nobres. Alternativa D Resolução: Os excertos abordam as relações de vassalagem que marcaram a sociedade feudal e que consistiam em estabelecer um laço de fidelidade entre dois indivíduos: um dependente de amparo, o vassalo, e um senhor, o suserano, geralmente um grande proprietário de terras. A vassalagem baseava-se, portanto, em uma relação de dependência pessoal do vassalo em relação ao suserano, o que torna correta a alternativa D. A alternativa A está incorreta, pois os textos revelam uma forte dependência entre os indivíduos. Além disso, de modo geral, essas relações não eram informais, por se tratar de laços de fidelidade estabelecidos em uma cerimônia. Contrariamente ao indicado na alternativa B, os laços de vassalagem eram estabelecidos entre dois membros da nobreza. A alternativa C também está incorreta, pois as relações de vassalagem não se confundem com relações servis ou escravistas. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois, embora seja um acordo mútuo, ele é assimétrico, em função da posição que cada um dos indivíduos ocupa na relação. QUESTÃO 59 Geralmente se diz que o Mito é uma explicação fantasiosa, ilusória, irracional sobre as coisas. Na academia, fala-se muito isso, numa tentativa de contrapor o Mito à Ciência. O Mito seria um tipo de pensamento que forneceria explicações irracionais, enquanto a Ciência forneceria explicações racionais sobre o mundo. Entretanto, essa definição é no mínimo superficial sobre o que seria o Mito (para não dizer preconceituosa), associando o conceito de Mito a uma forma pouco desenvolvida, ou pouco elaborada de pensamento. Essa explicação é equivocada, porque o Mito não pretende explicar nada, logo, ele não pode ser uma explicação irracional. Nas palavras Joseph Campbel, um dos maiores mitólogos, o Mito: “É o que dá sentido à experiência de estar vivo”, ou seja, a função do Mito não é explicar, mas sim dar sentido às coisas. SILVA, A. L. P.; RAMOS, A. R. A relação entre Mito e Ciência: o sentido do conhecimento. Disponível em: <https://e-revista.unioeste.br>. Acesso em: 13 dez. 2023. [Fragmento adaptado] NUØP 295SE02FIL2024IV À luz da reflexão apresentada pelo texto, o Mito é compreendido como um(a) A. forma legítima de conhecimento. B. manifestação cultural dos antigos. C. discurso irracional dos sacerdotes. D. explicação técnica dos fenômenos. E. experiência imaginativa dos escritores. Alternativa A Resolução: O texto argumenta que a definição comum do Mito como uma explicação irracional é superficial e equivocada. Em vez disso, ele sugere que o Mito não se destina a fornecer explicações sobre o mundo, mas sim a dar sentido à experiência humana. Nesse sentido, o Mito é visto como uma forma legítima de conhecimento, pois ajuda a atribuir significado e compreensão às questões fundamentais da vida. Portanto, o Mito é mais do que simplesmente uma manifestação cultural antiga, um discurso irracional ou uma explicação técnica dos fenômenos; é uma expressão profunda da experiência humana e, como tal, é uma forma válida e legítima de conhecimento. Dessa forma, a alternativa correta é a A. A alternativa B está incorreta, pois, embora o Mito possa ser uma manifestação cultural antiga, essa definição é muito limitada. O Mito transcende o tempo e o espaço, sendo encontrado em diversas culturas ao longo da história e até mesmo em contextos contemporâneos. Além disso, o Mito não se restringe apenas aos antigos, mas continua a desempenhar um papel significativo na cultura e na sociedade modernas. A alternativa C está incorreta, já que o texto argumenta que a visão do Mito como uma explicação irracional é simplesmente equivocada. Os sacerdotes podem ter utilizado mitos em suas práticas religiosas, mas isso não significa que os mitos sejam irracionais. Nessa perspectiva, o Mito é mais bem compreendido como uma forma de narrativa simbólica que busca dar sentido à experiência humana. A alternativa D está incorreta, uma vez que o Mito não é uma explicação técnica dos fenômenos naturais. Enquanto a Ciência se concentra em descobrir as leis e os mecanismos por trásdos fenômenos naturais, o Mito busca proporcionar uma compreensão simbólica e significativa desses fenômenos, muitas vezes recorrendo a narrativas míticas e figuras arquetípicas. A alternativa E está incorreta porque, embora alguns escritores possam incorporar elementos míticos em suas obras, essa definição é muito restritiva. O Mito não é apenas uma experiência imaginativa individual, mas uma expressão cultural que transcende as fronteiras individuais. Além disso, o Mito não se limita apenas à imaginação; ele desempenha um papel fundamental na formação da identidade cultural e na transmissão de valores e significados dentro de uma sociedade. ENEM – VOL. 2 – 2024 CH – PROVA I – PÁGINA 43BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 60 120 140160 180 200220240 Disponível em: <www.geosensori.com.br>. Acesso em: 23 out. 2023. A técnica cartográfica apresentada permite a representação de A. fusos horários. B. vias de transporte. C. hierarquias urbanas. D. altimetrias de relevo. E. limites de municípios. Alternativa D Resolução: Na representação cartográfica apresentada, tem-se o uso de isolinhas, que consistem em linhas que unem pontos que têm um mesmo valor em relação ao aspecto representado. Este pode ser a topografia do terreno, empregando isolinhas que unem pontos que apresentam a mesma altitude, também conhecidas como curvas de nível. A alternativa A está incorreta, pois os fusos horários são representados por faixas que delimitam intervalos longitudinais que adotam um mesmo horário oficial. A alternativa B está incorreta, pois as vias de transporte são representas por linhas traçadas de acordo com a sua disposição sobre a superfície. Portanto, não se trata de isolinhas, às quais é atribuído um valor numérico. A alternativa C está incorreta, pois a hierarquia urbana refere-se às relações entre as cidades que compõem uma rede urbana. Portanto, não se trata de um fenômeno essencialmente quantitativo a ser representado por isolinhas. A alternativa E está incorreta, pois os limites de municípios são representados por linhas que delimitam seus territórios. Portanto, também não se trata de isolinhas. QUESTÃO 61 Na sequência das Guerras Pérsicas, foi criada em 477 a.C. a Liga de Delos, aliança naval constituída por Atenas e diversas cidades do Egeu. [...] Para a manutenção de uma frota aliada, todos os membros deviam contribuir com navios e com dinheiro ou, no caso dos estados mais pobres, apenas com dinheiro. Esses contributos, feitos uma vez por ano e recebidos por funcionários atenienses, eram guardados no tesouro comum, em Delos. [...] Sendo a cidade mais poderosa, Atenas impunha as leis na organização e controlava os votos no Conselho da Liga. Alguns membros da Liga tentaram abandoná-la, mas foram impedidos por Atenas. Em 454 a.C., o tesouro e a sede da Liga foram transferidos para Atenas, a pretexto de ameaça dos Bárbaros. Consequentemente, todos os assuntos relativos à Liga passaram a ser tratados na Assembleia ou nos tribunais atenienses. [...] A maioria das cidades que a constituíam sentiam que tinham perdido a sua liberdade e o resultado foram várias tentativas de revolta subjugadas por uma Atenas cada vez mais dura. SANTA BÁRBARA, M. L. A guerra numa sociedade democrática em crise: Atenas no final do séc. V a.C. Revista da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, n. 16, Lisboa, Edições Colibri, 2003, p. 133-139. [Fragmento adaptado] De acordo com o texto, a criação da Liga de Delos, além de cumprir com seu objetivo na vitória contra os Persas, para Atenas, se tornou um A. unificador das cidades-estados gregas. B. instrumento do imperialismo ateniense. C. elemento causador do declínio ateniense. D. instituidor da democracia nas pólis gregas. E. determinador para a submissão espartana. 1BCN 350SE02GEO2024III J9JL CALIBRADA_HIS CH – PROVA I – PÁGINA 44 ENEM – VOL. 2 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa B Resolução: A Liga de Delos foi uma associação militar entre as cidades gregas, que arrecadava impostos e os depositava na ilha de Delos. Foi criada com o objetivo de fortalecimento do exército grego contra a ameaça persa. Desde o início da Liga, Atenas possuía papel hegemônico, comandando a associação e gerindo o tesouro. Após a vitória grega contra os persas, a Liga foi mantida e Atenas passou a um efetivo exercício de poder sobre os confederados, conforme descrito no texto. O tesouro foi transferido para Atenas e a assembleia dos confederados deixou de se reunir. Deu-se início a um período de submissão das demais cidades ao poder ateniense, e a Liga acabou se tornando um instrumento do imperialismo ateniense, o que torna a alternativa B correta. A alternativa A está incorreta, pois não houve uma unificação das cidades-estados gregas. A alternativa C está incorreta, pois Esparta, embora fizesse parte da Liga no início, diante da atuação de domínio de Atenas, não se submeteu a esta, inclusive, tendo saído da Liga de Delos e, juntamente com outras cidades-estados, criado a Liga do Peloponeso. A alternativa D está incorreta, pois a Liga contribuiu para o imperialismo ateniense, período que marcou o apogeu da cultura clássica e Atenas viveu sua idade do ouro. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois, embora, no período tratado, a democracia ateniense tenha-se consolidado, a Liga não serviu para instituir a democracia em outras pólis. QUESTÃO 62 TEXTO I Igreja Positivista do Brasil – Templo da Humanidade. Foto de PABON, V. Google Maps, ago. 2021. TEXTO II Sua construção serviu como sede do apostolado positivista no Brasil e teve início em 1890, sendo concluída em 1897. As concepções arquitetônicas e ornamentais foram de Miguel Lemos e se consubstanciam em um manifesto da filosofia e da religião positivistas. A fachada imita o Panthéon de Soufflot, em Paris, mas foram omitidos os capitéis das colunas. O interior do templo segue prescrições de Auguste Comte, com inúmeras referências ao ideário do catecismo positivista. No friso da fachada, lê-se a máxima positivista: “O Amor por princípio, a Ordem por base, o Progresso por fim”. INEPAC. Templo da Humanidade. Disponível em: <www.inepac.rj.gov.br>. Acesso em: 5 dez. 2023. [Fragmento] 976S 352SE02SOC2024III A Igreja Positivista do Brasil, como demonstrado nos textos, na concepção comteana, representa a A. substituição do deus pagão pela entidade positiva. B. promoção da doutrina progressista na política nacional. C. materialização do estado positivo no progresso humano. D. inspiração da arquitetura francesa no cenário urbanístico. E. conversão do cristianismo colonial pela ciência experimental. Alternativa C Resolução: Os textos da questão tratam da presença da religião positivista no Brasil, demonstrando que os aspectos teóricos e ideológicos concebidos por Auguste Comte foram, para além do campo conceitual, materializados na construção do Templo da Humanidade da Igreja Positivista do Brasil. Dessa forma, a alternativa C é a resposta correta, pois a religião positivista representaria, para Comte, a materialização do estado positivo no progresso humano. A alternativa A está incorreta porque, na concepção de Comte, a religião positiva não seria uma substituição, mas a superação do estado teológico na humanidade. A alternativa B está incorreta, pois, ainda que a doutrina progressista de Comte tenha marcado a política nacional, esse elemento não é trabalhado nos textos. A alternativa D está incorreta porque os aspectos arquitetônicos não são o elemento central trabalhado nos textos. A alternativa E está incorreta porque o positivismo não almeja a conversão, mas a superação do teologismo pelo positivismo. QUESTÃO 63 Uma das camadas internas da Terra é o núcleo. Ele é dividido em duas partes, a interna, formada por ferro, níquel e outros metais em estado sólido, e a externa, em que esses elementos estão na forma líquida. Disponível em: <https://super.abril.com.br>. Acessoem: 10 nov. 2023 (Adaptação). A diferenciação entre as partes do núcleo decorre da A. variação da pressão interna. B. inércia dos materiais magmáticos. C. homogeneidade da energia térmica. D. movimentação das placas tectônicas. E. influência das condições atmosféricas. Alternativa A Resolução: O núcleo interno é a camada mais profunda da Terra, apresentando valores muito elevados de pressão e temperatura. No entanto, a alta pressão eleva os pontos de fusão dos materiais, fazendo com que eles permaneçam em estado sólido. Assim, há uma diferenciação entre o núcleo interno, sólido, e o núcleo externo, líquido. NPIQ 350SE02GEO2024IV ENEM – VOL. 2 – 2024 CH – PROVA I – PÁGINA 45BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A alternativa B está incorreta, pois o magma situa-se no manto. Além disso, apresenta um comportamento dinâmico, movimentando-se de forma cíclica através das correntes de convecção e podendo ascender até a crosta através dos fenômenos de plutonismo e vulcanismo. A alternativa C está incorreta, pois há uma variação da temperatura no interior da Terra, que se eleva à medida que se aumenta a profundidade. A alternativa D está incorreta, pois o movimento das placas tectônicas ocorre na litosfera, que é a camada mais externa. A alternativa E está incorreta, pois as condições atmosféricas influenciam os processos exógenos, que são aqueles que ocorrem na superfície. QUESTÃO 64 Quase todo o litoral da América do Norte tornou-se, dessa maneira, possessão inglesa por volta do fim do século XVI. Os meios empregados pelo governo britânico para povoar esses novos domínios foram de diferente natureza. Nesse caso, o sistema consistia em dar a certo número de emigrantes o direito de se constituírem em sociedade política, sob o patrocínio da mãe-pátria, e de se governarem eles próprios em tudo o que não era contrário às leis desta. Esse modo de colonização só foi posto em prática na Nova Inglaterra. TOCQUEVILLE, A. A democracia na América. São Paulo: Martins Fontes, 2005. [Fragmento adaptado] O texto reforça um aspecto da colonização inglesa da América, notadamente da Nova Inglaterra, vinculado à A. dependência econômica em relação à metrópole. B. influência de princípios religiosos protestantes. C. existência de uma relativa autonomia política. D. ruptura com o governo monárquico inglês. E. construção de uma sociedade igualitária. Alternativa C Resolução: O texto afirma que, no caso da Nova Inglaterra, o sistema empregado pelo governo britânico “consistia em dar a certo número de emigrantes o direito de se constituírem em sociedade política, sob o patrocínio da mãe-pátria, e de se governarem eles próprios em tudo o que não era contrário às leis desta”, o que reforça a relativa autonomia gozada pelos colonos da região, comumente conhecida como self-government. Portanto, a alternativa C está correta. A alternativa A está incorreta, pois, com a chamada negligência salutar, a Nova Inglaterra também gozava de relativa autonomia econômica. A alternativa B também está incorreta, pois, embora os emigrantes ingleses fossem, em sua maioria, adeptos de religiões protestantes, esse não é um aspecto trabalhado no texto. A alternativa D está incorreta, pois, embora gozassem de relativa autonomia, as colônias inglesas na América mantiveram uma submissão à Coroa inglesa. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois a ideia de igualdade não está presente no texto. Além disso, as organizações coloniais inglesas não se pautaram na igualdade social. QUESTÃO 65 DISTORÇÃO BAIXA MÉDIA ALTA MORATO, R. Projeções. Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br>. Acesso em: 22 out. 2023 (Adaptação). A imagem ilustra o seguinte aspecto da projeção de Mercator: A. Exagero das áreas polares. B. Preservação das proporções reais. C. Achatamento das formas continentais. D. Eliminação das superfícies oceânicas. E. Supressão das coordenadas geográficas. Ø6VO 150SE02HIS2024XIII EO7L 350SE02GEO2024II CH – PROVA I – PÁGINA 46 ENEM – VOL. 2 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa A Resolução: A imagem mostra uma projeção cilíndrica cujas distorções aumentam com a latitude, ou seja, à medida que se afasta da Linha do Equador, sendo máxima nas regiões polares. Essa é uma característica da projeção de Mercator, que causa distorções nas áreas representadas, sendo que as de elevada latitude têm suas áreas exageradas. As alternativas B e C estão incorretas, pois a projeção de Mercator é classificada como conforme, o que significa que preserva as formas, mas distorce as áreas. A alternativa D está incorreta, pois os mapas construídos a partir da projeção de Mercator representam os oceanos. A alternativa E está incorreta, pois os mapas elaborados a partir dessa projeção também possibilitam identificar as coordenadas geográficas (latitude e longitude) a partir dos paralelos e meridianos, que são traçados como linhas retas perpendiculares entre si. QUESTÃO 66 A primeira roupa de que a América se travestiu, aos olhos do europeu, foi dada por Colombo através da palavra Índias. Colombo pensou ter chegado às Índias, e, portanto, tudo o que viu correspondia a um indício capaz de comprovar sua hipótese [...]. Colombo se esquiva de analisar a flora americana, pois não podia identificá-la com a flora das Índias ou das Moluscas. [...]. O seu imaginário era regido por inúmeras informações, trazidas por viajantes (como Marco Polo) que gostavam de contar suas façanhas, sem que os interlocutores estivessem interessados em pedir provas. O prazer de produzir uma narração, de acordo com as suas expectativas, construídas bem antes da viagem, era superior à sua capacidade de descrever um continente desconhecido. SILVA, J. T. Revista de História Brasileira. Disponível em: <www.anpuh.org>. Acesso em: 27 out. 2016 (Adaptação). O texto sugere uma incapacidade de Cristóvão Colombo de descrever as terras do Novo Mundo, uma vez que, para o navegador genovês, a “descoberta” da América A. significava uma conquista inacreditável para o europeu dotado de conhecimentos limitados. B. precisava legitimar aquilo que ele e seus contemporâneos europeus imaginavam. C. confrontava com o seu projeto baseado no conhecimento pré-existente das novas terras. D. fundamentava o discurso dos viajantes acerca das características das terras encontradas. E. invalidava a existência do paraíso terrestre ambicionado desde os tempos medievais. Alternativa B Resolução: A) A “descoberta” da América não foi considerada “inacreditável” por Colombo – que era dotado de conhecimentos revolucionários para a época –, uma vez que ele idealizava esse território, mas sob a roupagem das Índias. B) A América incorporou-se ao imaginário de Colombo e de outros europeus com uma série de atributos que já haviam sido delegados ao Novo Mundo muito antes do seu “descobrimento”. Desse modo, Colombo buscou descrever as novas terras com base nos relatos medievais sobre as Índias e no imaginário europeu, procurando associar tudo o que via ao Oriente. No entanto, quando ele se deparou com características que não condiziam com o território que imaginara ter encontrado (como a flora americana), preferiu não se expressar. C) O projeto de Colombo era baseado no conhecimento preexistente do Oriente, não das novas terras, isto é, da América. D) A flora americana é um exemplo apresentado no texto de que a “descoberta” do continente não fundamentava os viajantes europeus, como Marco Polo. E) Para Colombo, as terras encontradas representavam o Paraíso Terrestre, apesar de esse “paraíso” apresentar algumas características divergentes dos relatos que inspiraram o navegador. QUESTÃO 67 Localizada entre os limites das Placas Tectônicas Norte-Americana e da Eurásia, a Islândia é uma ilha formada por erupções vulcânicas que aconteceram cerca de 24 milhões de anos atrás. Os limites das placas marcam a formação da Dorsal Mesoatlântica, que consiste na maior cadeia de montanhas submarinasdo mundo, chegando a medir 65 mil quilômetros de extensão. A cadeia montanhosa é composta por basaltos, provenientes das erupções vulcânicas. Disponível em: <www.megacurioso.com.br>. Acesso em: 10 nov. 2023 (Adaptação). 2GC4 CALIBRADA_HIS 9VUC 350SE02GEO2024VII ENEM – VOL. 2 – 2024 CH – PROVA I – PÁGINA 47BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO As formações geológicas abordadas no texto estão relacionadas com a ocorrência de A. eventos epirogênicos litosféricos. B. processos modeladores do relevo. C. encontros transformantes de placas. D. movimentos orogenéticos da crosta. E. deslocamentos tectônicos divergentes. Alternativa E Resolução: As formações geológicas abordadas no texto resultam do movimento divergente entre placas tectônicas, cujo afastamento gera uma fenda por onde o magma ascende e extravasa, resfriando e solidificando-se. Isso leva à formação de rochas e à construção de uma nova crosta, causando uma expansão do assoalho submarino. Também leva à formação de uma cordilheira submarina, a Dorsal Mesoatlântica. A alternativa A está incorreta, pois a epirogênese consiste em movimentos verticais da crosta associados ao equilíbrio isostático, que causa soerguimentos e rebaixamentos no relevo. As formações geológicas indicadas no texto decorrem do movimento horizontal das placas tectônicas. A alternativa B está incorreta, pois os processos modeladores do relevo são aqueles que atuam na superfície terrestre. As formações geológicas abordadas no texto resultam da atuação dos processos endógenos, que são aqueles originados no interior da Terra. A alternativa C está incorreta, pois os encontros transformantes são aqueles em que as placas deslizam lateralmente entre si. Nesse tipo de limite tectônico, há a conservação da crosta, ou seja, não ocorre a sua expansão nem a sua destruição. Esse tipo de encontro também gera falhas transformantes. A alternativa D está incorreta, pois a orogênese decorre da colisão entre placas tectônicas, que leva à formação de cordilheiras montanhosas continentais. QUESTÃO 68 Em 1503, para controlar o rápido crescimento do volume de negócios com a América Espanhola, foi criada a Casa de Contratação de Sevilha – responsável pela organização e controle do tráfego de homens, navios e mercadorias e centralização de todo o comércio americano nas mãos de Castela. Entretanto, em 1524, a especificidade da estrutura monárquica espanhola levou a uma divisão das funções sobre o monopólio nas Índias Ocidentais. O Conselho das Índias veio, então, a fornecer o mecanismo formal para que os negócios continuassem sob tutela do monarca e que sua vontade fosse transmitida à América através de leis, decretos e instituições. O Conselho das Índias era responsável pela produção de recomendações sobre as medidas a tomar nas possessões americanas, cabendo ao rei consultá-las. CEBALLOS, R. À margem do Império: autoridades, negociações e conflitos – modos de governar na América Espanhola (séculos XVI e XVII). Saeculum, João Pessoa, n. 21, jul.-dez. 2009. Z1DO 150SE02HIS2024XII No contexto colonial espanhol na América, a criação das instituições descritas no texto visava, em última instância, A. assegurar a manutenção do exclusivo colonial metropolitano. B. chefiar a administração do território colonial espanhol na América. C. representar os interesses dos colonos na América Espanhola. D. combater a utilização do trabalho escravo no território colonial. E. permitir a expansão dos domínios espanhóis no Novo Mundo. Alternativa A Resolução: O texto afirma que a Casa de Contratação de Sevilha era “responsável pela organização e controle do tráfego de homens, navios e mercadorias e centralização de todo o comércio americano nas mãos de Castela” e que “o Conselho das Índias veio, então, a fornecer o mecanismo formal para que os negócios continuassem sob tutela do monarca”, revelando a intenção espanhola em garantir a manutenção do monopólio comercial colonial. A principal função da casa de contratação era direcionar os aspectos administrativo-econômicos do Novo Mundo, com ênfase no recolhimento tributário, que garantiria o cumprimento do ideal mercantilista da Coroa espanhola. Portanto, a alternativa A está correta. A alternativa B está incorreta, pois as instituições referidas foram responsáveis pela criação das estruturas de comando, como a fundação dos vice-reinos, logo era responsabilidade dos vice-reis chefiar a estrutura administrativa colonial. A alternativa C está incorreta, pois a Casa de Contratação e o Conselho das Índias eram órgãos sediados na Espanha que representavam os interesses da metrópole nos assuntos coloniais. A alternativa D também está incorreta, pois tanto a Casa de Contratação como o Conselho das Índias não visavam o combate do trabalho escravo, além do que a proibição do trabalho escravo indígena só vem a ocorrer posteriormente, em 1542, devido a uma solicitação do Frei Bartolomeu de las Casas, que solicita uma audiência com o rei Carlos V denunciando uma série de abusos cometidos aos nativos. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois a criação das referidas instituições visava à manutenção do controle monárquico sobre a colônia espanhola na América, e não à expansão dos domínios espanhóis. QUESTÃO 69 A borda oeste da América do Sul está bem próxima da zona de convergência entre a Placa Sul-Americana (continental) e a Placa de Nazca, que está sob o Oceano Pacífico. A Placa de Nazca, por ser composta por rochas mais densas, penetra sob a Placa Sul-Americana e, à medida que desce, pode acumular e liberar energia, gerando focos de abalos sísmicos. LIMA, C.; NASCIMENTO, A. Existem terremotos no Brasil. Saiba onde e por que eles acontecem. Disponível em: <https://super.abril.com.br>. Acesso em: 21 nov. 2023 (Adaptação). DJQM 350SE02GEO2024VIII CH – PROVA I – PÁGINA 48 ENEM – VOL. 2 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO O texto refere-se a abalos sísmicos causados pela A. subducção da crosta oceânica. B. exploração de jazidas minerais. C. expansão do assoalho submarino. D. dissolução de rochas carbonáticas. E. construção de reservatórios hídricos. Alternativa A Resolução: O texto menciona abalos sísmicos causados pela colisão entre a Placa Sul-Americana (continental) e a Placa de Nazca (oceânica). A placa oceânica, por ser mais densa, mergulha sob a continental em direção ao manto, ocorrendo a sua destruição parcial, o que caracteriza o processo de subducção. As alternativas B, D e E estão incorretas, pois, apesar de citarem processos que podem até gerar pequenos tremores, não indicam a causa de terremotos abordada no texto. A alternativa C está incorreta, pois a expansão do assoalho submarino é causada pelo afastamento entre placas tectônicas. QUESTÃO 70 Uma das muitas palavras-chave que circularam durante o Fórum Econômico Mundial de 2022, em Davos, na Suíça, foi “fragmentação”, considerada por economistas como uma força que pode ter consequências devastadoras. Por “fragmentação”, eles estão se referindo a um colapso do tipo de comércio e investimento livre e transfronteiriço que definiu a ordem econômica global nas últimas três décadas. É uma forma de desglobalização – reconstruindo cercas em torno de “feudos” nacionais ou regionais. “A fragmentação é a sensação de que podemos ter economias se protegendo um pouco mais internamente, e isso pode desacelerar as coisas”, disse Josh Lipsky, diretor do Centro de Geoeconomia do Atlantic Council. MORROW, A. Globalização está se desfazendo e isso é um sinal de alerta, dizem especialistas. CNN Business, maio 2022. Disponível em: <www.cnnbrasil.com.br>. Acesso em: 21 nov. 2023 (Adaptação). A tendência abordada no texto pode se manifestar da seguinte forma: A. Fortalecimento do comércio multilateral. B. Aprofundamento do modelo neoliberal. C. Redução das restrições migratórias. D. Adoção de medidas protecionistas. E. Promoçãodo intercâmbio cultural. Alternativa D Resolução: Uma forma pela qual a tendência de desglobalização se manifesta é pela imposição de barreiras para o comércio internacional, o que ocorre por meio do aumento do protecionismo. Este consiste na adoção de medidas estatais para proteger as atividades econômicas nacionais da concorrência estrangeira, o que pode se efetivar por meio do aumento de barreias aduaneiras para os produtos importados. A alternativa A está incorreta, pois o comércio multilateral fortalece a globalização, já que visa reduzir as barreiras para o comércio internacional. A alternativa B está incorreta, pois o neoliberalismo também favorece a globalização ao defender a redução da intervenção estatal na economia e o livre-comércio. A alternativa C está incorreta, pois a desglobalização manifesta-se justamente por meio da imposição de restrições para as migrações internacionais. A alternativa E está incorreta, pois a intensificação do intercâmbio cultural é uma das marcas do processo de globalização. QUESTÃO 71 Imagine-se uma cidade no México colonial. Lá todos são católicos e só encontramos igrejas católicas. Em toda a colônia a missa é rezada com o mesmo ritual romano, na mesma língua e por um grupo que, em traços gerais, teve uma formação semelhante: os padres. Todo o ensino está nas mãos da Igreja e a noção de Deus é imposta como igual por toda a colônia. As diversidades são consideradas crime e a heresia, punida com a Inquisição. Judeus e protestantes são queimados. O oposto ocorre nas aldeias e cidades das colônias inglesas. [...] Unidade? Genericamente, todos acreditam em Jesus. Daí por diante o caleidoscópio muda de forma com grande variação. KARNAL, L. História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. São Paulo: Contexto, 2007. 8QDC 350SE02GEO2024XI B82Z CALIBRADA_HIS ENEM – VOL. 2 – 2024 CH – PROVA I – PÁGINA 49BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Na descrição apresentada no texto, o aspecto que diferencia o modelo de colonização inglês do ibérico esteve relacionado à A. tolerância com as crenças dos povos originários. B. situação religiosa marcada pela pluralidade. C. ausência de um projeto administrativo. D. inexistência de núcleos educacionais. E. ambição guiada pelo ideal metalista. Alternativa B Resolução: O texto aborda um aspecto que diferenciava o modelo de colonização inglês do espanhol, no que se refere à questão religiosa. No modelo espanhol, o catolicismo era a religião oficial e imposta a todos, não sendo permitida a liberdade religiosa, como no caso inglês, que foi marcado pela diversidade. A América Inglesa contou com imigrantes de grupos religiosos como puritanos, católicos, presbiterianos, amish e quakers. Inclusive, esses imigrantes buscavam na América Inglesa essa liberdade religiosa, o que vai ao encontro da alternativa B. A alternativa A está incorreta, pois a tolerância religiosa é entre os grupos imigrantes, mas não para as crenças dos povos originários. A alternativa C está incorreta, pois, nos dois casos, há no processo colonizador um projeto administrativo. A alternativa D está incorreta, pois, nos dois casos apresentados, também há a existência de núcleos educacionais, não sendo esse, portanto, o aspecto que os diferencia. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois o ideal metalista não é o aspecto apresentado no texto. QUESTÃO 72 Está evidenciado que a litosfera, constituída pela crosta continental e pela crosta oceânica, não é um corpo estático. Apesar da aparente estabilidade e rigidez, a litosfera é dotada de dinamismo alimentado pelas forças do manto e do núcleo. Essas duas partes internas da Terra apresentam material em estado fluido no núcleo (com temperaturas que podem atingir os 4 000 °C) e de pastoso a rígido no manto (onde as temperaturas chegam a mais de 2 000 °C). Em decorrência de suas características físico-químicas, toda essa enorme massa de material apresenta movimentação interna que acaba por se refletir na camada rígida externa, a litosfera. ROSS, J. Os fundamentos da Geografia da natureza. In: ______. Geografia do Brasil. 6. ed. São Paulo: EDUSP, 2019. Um dos fatores responsáveis pelo dinamismo da litosfera é o(a) A. ausência de interação entre as camadas terrestres. B. mecanismo das correntes de convecção do manto. C. homogeneidade interna da estrutura do planeta. D. comportamento estático das camadas internas. E. resistência das rochas ao processo de fusão. YGWJ CALIBRADA_GEO Alternativa B Resolução: No manto, tem-se movimentos de convecção do magma, que se originam devido à variação da temperatura ao longo dessa camada interna da Terra. A região mais próxima ao núcleo é mais aquecida e a região mais próxima à litosfera apresenta temperaturas inferiores. Dessa maneira, o magma que se encontra mais elevado torna-se mais denso e movimenta-se em sentido descendente em direção ao núcleo, e o magma que se encontra mais rebaixado se torna menos denso e movimenta-se em sentido ascendente em direção à litosfera. Isso origina as células de convecção do manto, que impulsionam os movimentos das placas tectônicas responsáveis por processos endógenos que causam transformações na litosfera, como o vulcanismo e tectonismo. A alternativa A está incorreta, pois ocorre a interação entre as camadas internas da Terra. As próprias correntes de convecção são originadas em função dessa interação. A alternativa C está incorreta, pois a Terra tem uma estrutura interna diferenciada em camadas. A alternativa D está incorreta, pois as camadas da Terra são dinâmicas. O próprio texto destaca a vulnerabilidade da litosfera em sofrer alterações causadas pelas forças internas do planeta. A alternativa E está incorreta, pois, em camadas internas da Terra, em função do aumento da pressão e temperatura, as rochas podem sofrer processo de fusão, originando materiais fluidos e pastosos, como o magma presente no manto e a parte externa do núcleo. QUESTÃO 73 O caráter cristão da realeza franca é o traço duradouro do poder dos carolíngios, que se apresentam a seus súditos como chefes de uma sociedade cristã que eles têm o dever de conduzir à salvação. Os reis francos eram cristãos desde a época de Clóvis; no entanto, a ideologia estabelecida pelos carolíngios, com o apoio da Igreja, fez nascer uma concepção do exercício do poder na qual o soberano age como o responsável perante Deus pela manutenção da paz e da justiça, tarefa a qual divide com a aristocracia. Essa concepção está na base do restabelecimento da unidade imperial, com a coroação de Carlos Magno, no Natal de 800, mas também na base das guerras levadas a cabo pelos carolíngios contra aqueles que eles designavam “bárbaros”. Nesse sentido, a “barbárie” tornou-se sinônimo de paganismo e um cimento importante para a nascente ideia de Cristandade. SILVA, M. C. História medieval. São Paulo: Contexto, 2019. p. 39. [Fragmento adaptado] Os aspectos presentes no texto reforçam que, durante a dinastia de Carlos Magno, a religião cristã relacionou-se ao(à) A. legitimação do poder imperial. B. esgotamento da relação vassálica. C. desestabilização política carolíngia. D. enfraquecimento da nobreza franca. E. fragmentação do Império Carolíngio. TJV3 150SE02HIS2024VI CH – PROVA I – PÁGINA 50 ENEM – VOL. 2 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa A Resolução: De acordo com o texto, “a ideologia estabelecida pelos carolíngios, com apoio da Igreja, faz nascer uma concepção de exercício do poder na qual o soberano age como responsável perante Deus pela manutenção da paz e da justiça”. Sendo assim, a base cristã é responsável por legitimar as ações do imperador franco, o que torna correta a alternativa A. As alternativas C e E estão incorretas, pois, de acordo com o texto, “essa concepção está na base do restabelecimento da unidade imperial, com a coroação de Carlos Magno”, o que acarreta a estabilidade política e a unidade dos francosno período. A alternativa D está incorreta, pois o texto afirma que “o caráter cristão da realeza franca é o traço duradouro do poder dos carolíngios, que se apresentavam a seus súditos como chefes de uma sociedade cristã”, indicando que a religião cristã auxiliava os monarcas a se legitimarem perante a sociedade. Além disso, a manutenção da paz e da justiça, tarefa de responsabilidade do soberano perante Deus, era dividida com a aristocracia, indicando que a religião também contribuía para a estabilidade da posição da nobreza. Por fim, a alternativa B está incorreta, pois tal aspecto não está presente no texto. QUESTÃO 74 Os bancos de dados utilizados como base para o desenvolvimento dos sistemas de IAs muitas vezes refletem preconceitos e desigualdades já existentes, o que acaba sendo reproduzido pelas decisões tomadas, como pôde ser analisado recentemente, quando o The Bulimia Project, um grupo de conscientização sobre distúrbios alimentares, testou geradores de imagens de inteligência artificial, incluindo Dall-E 2, Stable Diffusion e Midjourney, para revelar como é a ideia dos programas de um físico “perfeito” em mulheres e homens. De acordo com o resultado obtido, 40% das imagens mostravam mulheres loiras, 30%, mulheres de olhos castanhos e mais de 50% tinham pele branca, enquanto quase 70% dos homens “perfeitos” tinham cabelos castanhos e 23%, olhos castanhos. Semelhante às mulheres, a grande maioria dos homens tinha pele branca e quase metade tinha pelos faciais. VALERI, J. Inteligência artificial utiliza base de dados que refletem preconceitos e desigualdades. Disponível em: <https://jornal.usp.br>. Acesso em: 5 dez. 2023. [Fragmento] O texto revela que as teorias raciais como as divulgadas no século XIX tiveram como resultado o(a) A. aversão da população jovem a diferentes culturas. B. diversificação da arte digital na automação criativa. C. estigma da elite financeira a casamentos interraciais. D. perpetuação de preconceitos raciais na estrutura social. E. valorização da estética atlética na modelagem profissional. 5YGI 352SE02SOC2024II Alternativa D Resolução: O texto da questão aborda o fato de que os bancos de dados utilizados para o desenvolvimento e treinamento das inteligências artificiais são majoritariamente enviesados, refletindo preconceitos e desigualdades estruturais da sociedade incorporados nessas novas tecnologias. De acordo com os dados do experimento relatado no texto, é possível traçar a perpetuação dos preconceitos raciais que foram amplamente aceitos pela sociedade e pelo Estado disseminados pelas teorias raciais defendidas no século XIX. Dessa forma, a alternativa correta é a D, pois os preconceitos raciais advogados pelas teorias racistas do século XIX ainda perpetuam na estrutura social de inúmeros países. As alternativas A e E estão incorretas porque não apresentam aspectos tratados no texto. A alternativa B está incorreta porque o texto demonstra um cenário avesso ao da diversificação na produção das imagens pelas inteligências artificiais. Por fim, a alternativa C está incorreta porque não é um assunto retratado no texto. QUESTÃO 75 O furo de sondagem mais profundo que já se fez na crosta terrestre atingiu cerca de 12 km de profundidade, um valor insignificante para um planeta que tem mais de 6 000 km de raio. Entretanto, dispõe-se de informações obtidas por medições indiretas a partir da superfície que proporcionam evidências das propriedades físicas e químicas das camadas internas. BRANCO, P. Estrutura interna da Terra. Disponível em: <www.sgb.gov.br>. Acesso em: 23 nov. 2023 (Adaptação). A caracterização da estrutura interna da Terra é possibilitada pelo(a) A. análise das ondas sísmicas. B. estudo da translação planetária. C. mapeamento de eventos erosivos. D. aplicação do sensoriamento remoto. E. adoção do georreferenciamento digital. Alternativa A Resolução: As ondas sísmicas, ao se propagarem no interior da Terra, sofrem alterações em seu comportamento ao atravessarem materiais com diferentes propriedades físicas e químicas. Dessa forma, o estudo dessa mudança de comportamento constitui um método indireto que possibilita caracterizar e diferenciar as camadas internas do planeta. A alternativa B está incorreta, pois a translação do planeta (movimento da Terra em torno do Sol) condiciona fenômenos que ocorrem na superfície, como a alternância entre as estações do ano. A alternativa C está incorreta, pois a erosão consiste no transporte de sedimentos sobre a superfície. A alternativa D está incorreta, pois o sensoriamento remoto trata-se da obtenção de informações sobre a superfície por meio de sensores que não estão em contato direto com os fenômenos estudados. A alternativa E está incorreta, pois o georreferenciamento digital permite obter a localização de pontos situados sobre a superfície. JGTG 350SE02GEO2024V ENEM – VOL. 2 – 2024 CH – PROVA I – PÁGINA 51BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 76 Um belo exemplo dessa maneira antropoística de apreciar a conduta animal é a comovedora história vivida por um cão de Tóquio, que costumava acompanhar o seu amo à estação, todos os dias, quando este tomava o trem de subúrbio que o conduzia à Universidade, onde lecionava, e esperá-lo à tarde, por ocasião do regresso. Havendo, de uma feita, partido para uma longa viagem e falecido, o cão continuou a esperá-lo, como de costume, comparecendo diariamente à estação à hora habitual. A ternura que tal procedimento inspirara às pessoas que ali desembarcavam fez com que, por meio de uma subscrição, funcionários da estrada e passageiros erigissem uma estátua ao animal. Essa interessante história mostra de maneira muito clara aquele antropoísmo que faz com que o homem interprete a conduta animal como se fosse uma conduta humana. PIZA, S. T. J. Acerca da conduta instintiva e do instinto dos animais. Disponível em: <www.scielo.br>. Acesso em: 13 dez. 2023. [Fragmento adaptado] A reflexão apresentada no texto está inserida no debate filosófico sobre a A. confirmação do livre-arbítrio na natureza. B. valorização dos laços afetivos entre as espécies. C. distinção dos humanos em relação aos animais. D. especulação do mundo sensível a partir de teorizações. E. limitação do cognitivo animal na compreensão dos acontecimentos. Alternativa C Resolução: A história do cão de Tóquio retrata como o ser humano tende a antropomorfizar as ações dos demais animais a partir de seus próprios padrões morais e afetivos. O cão fora condicionado por seu dono a desempenhar um comportamento determinado padrão que fora repetido pelo cachorro mesmo após sua morte. No entanto, as pessoas identificaram tal comportamento a partir do prisma da relação afetiva e da lealdade do canídeo com seu dono. Desse modo, a alternativa correta é a C. A alternativa A está incorreta, já que o caso colabora para os argumentos que defendem certo determinismo dos animais não humanos. A alternativa B está incorreta, posto que o enunciado pergunta sobre o debate filosófico. Além disso, as primeiras e as últimas linhas do texto- -base delimitam que a questão trabalhada por ele é a da antropomorfização da natureza. A alternativa D está incorreta, já que não há uma especulação sobre o mundo sensível. Este é usado somente como exemplificação para uma ideia. A alternativa E está incorreta, pois o que se busca elucidar é um elemento da natureza humana por meio da comparação com o comportamento animal. XX5E 295SE02FIL2024I QUESTÃO 77 Samoa e Samoa Americana são um conjunto de ilhas localizadas no Oceano Pacífico. Uma das maiores confusões que um viajante vai enfrentar ao visitar a região é em relação ao fuso horário. Samoa, situada a apenas 163 km de distância, tem diferença de 24 horas no relógio em relação à Samoa Americana. Samoa é um dos primeiros lugares do mundo a celebrar o Ano Novo, enquanto a Samoa Americana está entreos últimos. Isso acontece devido a um acordo feito por Samoa nas últimas décadas para facilitar as transações comerciais com as vizinhas Nova Zelândia e Austrália. Disponível em: <www.passagenspromo.com.br>. Acesso em: 7 nov. 2023 (Adaptação). A diferença horária entre os locais destacados no texto deve-se ao fato de eles estarem situados próximos ao traçado do(a) A. Paralelo do Equador. B. Trópico de Capricórnio. C. Círculo Polar Antártico. D. Meridiano de Greenwich. E. Linha Internacional de Data. Alternativa E Resolução: A Linha Internacional de Data (LID) trata-se de uma linha imaginária situada nos extremos leste e oeste do planeta. Ela é irregular, mas foi traçada com base na localização do Antimeridiano de Greenwich, que é o meridiano que está no lado oposto, ou seja, a uma distância longitudinal de 180° do meridiano inicial (0°). A LID marca onde ocorre a mudança de data no planeta. Ao ultrapassar a LID rumo ao Hemisfério Ocidental, deve-se alterar a data para o dia anterior. Ao ultrapassá-la rumo ao Hemisfério Oriental, deve-se adiantar um dia. As localidades citadas no texto estão próximas à LID, sendo que Samoa está no Hemisfério Oriental e Samoa Americana está no Hemisfério Ocidental, o que explica a diferença de 24 horas em seus fusos. As alternativas A, B e C estão incorretas, pois indicam linhas horizontais traçadas sobre o globo, ou seja, paralelos. Estes são usados para determinar a latitude de uma localidade, que se trata da sua distância em graus em relação à Linha do Equador (0°). Já as diferenças horárias sobre a superfície são definidas com base nos meridianos, linhas verticais, usadas para determinar a longitude, que corresponde à distância em graus em relação ao Meridiano de Greenwich (0°). A alternativa D está incorreta, pois as localidades citadas no texto estão próximas à LID. Portanto, estão muito distantes do Meridiano de Greenwich. S4S4 350SE02GEO2024I CH – PROVA I – PÁGINA 52 ENEM – VOL. 2 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 78 Existem, evidentemente, vários tópicos usados incidentalmente no discurso colonial para justificar a expansão. Um deles era a ideia de Cruzada e de expansão da fé. Mas, a partir dele, vinha o de engrandecimento do rei ou o das finalidades do comércio metropolitano ou, mais tarde, de população. No entanto, esse conglomerado não era harmônico, sendo que cada tópico levava frequentemente a políticas diferentes ou mesmo opostas. Aparentemente, o equilíbrio dos vários mudava com os tempos e com os lugares. HESPANHA, A. M. A constituição do Império Português: revisão de alguns enviesamentos correntes. In: BICALHO, M. F.; FRAGOSO, J.; GOUVÊA, M. F. (org.). Antigo Regime nos trópicos: a dinâmica imperial portuguesa, séculos XVI-XVIII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. [Fragmento adaptado] De acordo com o texto, as Grandes Navegações portuguesas foram marcadas pela A. fortificação relacional entre as autoridades religiosa e secular. B. debilidade estatal na condução da empreitada marítima. C. transformação imposta pelos avanços técnico- -científicos. D. atuação direcionada ao atendimento dos interesses dos diversos grupos. E. superioridade expansionista com a localização geográfica privilegiada. Alternativa D Resolução: O texto aponta a existência de uma série de fatores, de diferentes dimensões (religiosas, políticas, econômicas, sociais), utilizados para justificar a expansão, que demandaram do Estado a adoção de diferentes políticas, sugerindo uma preocupação em responder aos interesses de diferentes grupos sociais. Portanto, a alternativa D está correta. A alternativa A está incorreta, pois, ainda que tenha sido um fator fundamental para a expansão marítima portuguesa, o texto não aborda a relação entre a Coroa portuguesa e a Igreja Católica. A alternativa B está incorreta, pois, embora saliente os desafios enfrentados para conciliar os diferentes interesses, o texto não indica uma debilidade estatal na condução do processo de expansão marítima. A alternativa C está incorreta, pois, embora o desenvolvimento técnico-científico tenha contribuído para as Grandes Navegações, esse não é um aspecto abordado pelo texto. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois, ainda que a posição geográfica privilegiada tenha contribuído para a expansão marítima portuguesa, o texto também não aborda esse aspecto. QUESTÃO 79 Segundo a Teoria da Deriva dos Continentes, existe um movimento, ainda que imperceptível, dentro de nossa vivência de tempo, que faz os continentes se deslocarem lentamente. Essa teoria foi proposta em 1912 pelo alemão Alfred Wegener (1880-1930). 5M52 150SE02HIS2024VIII J3HØ 350SE02GEO2024VI De acordo com essa teoria, há centenas de milhões de anos, todos os continentes formavam um só bloco, a Pangeia (do grego, pan = toda e geo = terra). Ao longo de milhões de anos, a Pangeia dividiu-se inicialmente em duas partes: Gondwana e Laurásia. Daí em diante, as partes foram sendo fragmentadas, até assumirem a forma atual. IBGE. Atlas geográfico escolar. 8. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2018. [Fragmento] Uma evidência que auxiliou Wegener na elaboração da teoria apresentada foi o(a) A. estabilidade dos abalos sísmicos. B. encolhimento do assoalho atlântico. C. comportamento do campo magnético. D. escassez de similaridades arqueológicas. E. complementariedade dos formatos continentais. Alternativa E Resolução: Uma das evidências em que se baseou a Teoria da Deriva Continental, elaborada por Alfred Wegener no início do século XX, foi a complementariedade entre os formatos continentais da costa leste da América do Sul e da costa oeste da África, indicando que, no passado geológico, essas massas continentais estavam unidas. A alternativa A está incorreta, pois a crosta terrestre é vulnerável à ocorrência de abalos sísmicos, não havendo uma estabilidade. Além disso, Wegener não dispunha de informações sobre processos endógenos, como a movimentação das placas tectônicas, que são causadores desses abalos. A alternativa B está incorreta, pois o movimento divergente entre placas tectônicas causa a expansão do assoalho atlântico. Além disso, como já mencionado, na época da elaboração da Teoria da Deriva Continental, não havia um conhecimento sobre a dinâmica das placas tectônicas. A alternativa C está incorreta, pois o comportamento do campo magnético não tem relação com a deriva continental. Além disso, as evidências usadas por Wegener foram a respeito do encaixe entre blocos continentais, da distribuição de fósseis e de dados paleoclimáticos. A alternativa D está incorreta, pois uma evidência em que se baseou a Teoria da Deriva Continental foi a presença de fósseis das mesmas espécies em diferentes continentes, indicando que, no passado geológico, eles estavam unidos. QUESTÃO 80 Em 1986, Portugal passava a fazer parte da União Europeia (à época, CEE), o que aproximava a nação ibérica desse bloco, tornando-se, ainda mais, um destino para migrantes do continente antigo em busca de nova residência. Portugal passou a acolher nacionalidades de origens distintas e, como o domínio de um novo idioma é um dos anseios comuns aos migrantes, ao lado da empregabilidade e do acesso à moradia, passou-se a falar, ainda nos anos de 1990, sobre o conceito de língua de acolhimento. XKTX 352SE02SOC2024I ENEM – VOL. 2 – 2024 CH – PROVA I – PÁGINA 53BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Uma das precursoras dessa terminologia é Maria Helena Ançã (Universidade de Aveiro), ao defender que “o domínio da língua é seguramente a via mais poderosa para a integração social, para a igualdade de oportunidades e para o exercício da plena cidadania”. RINALDI, S. Português como acolhimento: pertencer pelo idioma. Disponível em: <www.correiobraziliense.com.br>. Acesso em: 5 dez. 2023. [Fragmento adaptado] A partir do texto, considerando a perspectiva durkheimiana, o idioma seriaum elemento importante para o(a) A. bem-estar dos europeus na Península Ibérica. B. inserção precária dos nativos no mercado de trabalho. C. coesão social dos migrantes na sociedade portuguesa. D. segregação simbólica dos viajantes na vida cotidiana. E. benefício patronal dos empregadores na exploração proletária. Alternativa C Resolução: O texto relata a experiência migratória que Portugal sofreu no decorrer das décadas de 1980 e 1990, ressaltando a importância que o domínio da Língua Portuguesa representava na melhor integração e socialização dos imigrantes. Analisando o excerto a partir da perspectiva do sociólogo Émile Durkheim, o idioma é um elemento importante na coesão social dos migrantes na sociedade portuguesa, portanto, a alternativa C é a correta. A alternativa A está incorreta porque o idioma não está ligado ao estado de bem-estar dos europeus na Península Ibérica. As alternativas B e D estão incorretas porque, de acordo com o texto, o domínio do idioma seria uma maneira de facilitar a vida dos migrantes, não o contrário. A alternativa E está incorreta porque o texto não deixa explícito que o idioma seja usado como benefício patronal aos empregados. QUESTÃO 81 As cidades maias, bem como outras da região do Golfo do México, teriam ocupado o vácuo provocado pelo declínio de Teotihuacán. As mercadorias e ideias provavelmente continuaram a ser compartilhadas. Os arqueólogos hoje estão convencidos de que a direção desta influência nem sempre foi exercida do México Central para as terras baixas maias. Hoje, os arqueólogos reconhecem a complexidade do mundo clássico maia. Cada centro urbano não é uma cópia dos demais, mesmo estando em áreas vizinhas e possuindo a mesma tradição. Os recursos locais eram distintos, implicando que as culturas variaram regionalmente, mas possibilitaram uma rede de comércio local através de mercadorias, gêneros alimentícios e artigos de elite. NAVARRO, A. G. A Civilização Maia: contextualização historiográfica e arqueológica. História, São Paulo, v. 27, n. 1, p. 362-363, 2008 (Adaptação). SRHO 150SEM12HIS2024XIII Os aspectos apresentados no texto indicam que a organização político-administrativa da Civilização Maia baseava-se na A. criação de uma hierarquia entre as cidades. B. associação entre poder temporal e divino. C. uniformização de formas de governo. D. conformação de um vasto Império. E. estruturação de cidades-estados. Alternativa E Resolução: O texto afirma que “os arqueólogos hoje estão convencidos de que a direção desta influência nem sempre foi exercida do México Central para as terras baixas maias” e que “cada centro urbano não é uma cópia dos demais, mesmo estando em áreas vizinhas e possuindo a mesma tradição”, indicando que, diferentemente dos astecas e dos incas, os maias não construíram um grande império, mas cidades, independentes entre si, ou seja, tinham governos e leis próprios, e, por isso, chamadas de cidades-estados. Portanto, a alternativa E está correta e as alternativas C e D estão incorretas. A alternativa A também está incorreta, pois, por serem independentes, isto é, não responderem a um poder central, não havia uma ordem hierárquica entre as cidades. Por fim, a alternativa B está incorreta, pois o texto não relaciona a organização político-administrativa a aspectos religiosos. QUESTÃO 82 O controle era, direta ou indiretamente, estabelecido por um poder central, representado na figura de governante, designado pelo termo “mansa”. Este era tido como o líder supremo, o executor das decisões coletivas e o aplicador da justiça. O mansa era o representante máximo dos costumes ancestrais da comunidade, e mesmo que em sua corte alguns tivessem adotado a crença muçulmana, a população continuava a praticar seus ritos e cultos tradicionais politeístas. Havia na corte espaço para os eruditos das mesquitas, conhecedores do Corão e da lei corânica, e espaço para os djeli, ou griots, os conhecedores e transmissores dos costumes seculares próprios das populações locais. MACEDO, J. R. História da África. São Paulo: Contexto, 2015. [Fragmento adaptado] O texto reforça uma característica da organização sociopolítica do reino do Mali identificada no(a) A. favorecimento das religiões monoteístas. B. fomento aos laços de solidariedade. C. aculturação dos povos dominados. D. supressão das hierarquias sociais. E. respeito à diversidade cultural. 59TL 150SE02HIS2024XI CH – PROVA I – PÁGINA 54 ENEM – VOL. 2 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa E Resolução: Segundo o texto, mesmo que na corte do mansa “alguns tivessem adotado a crença muçulmana, a população continuava a praticar seus ritos e cultos tradicionais politeístas”, o que indica uma relativa tolerância religiosa no reino do Mali e o respeito às culturas. Portanto, a alternativa E está correta e as alternativas A e C, incorretas. A alternativa B também está incorreta, pois, embora muitas das comunidades africanas estruturem-se em laços de solidariedade, esse não é um aspecto associado pelo texto ao reino do Mali. Por fim, a alternativa D também está incorreta, pois o texto não aborda a estrutura social do Mali, embora mencione a existência de uma corte em torno do mansa. QUESTÃO 83 Tudo aquilo que nós vemos, o que nossa visão alcança, é a paisagem. Esta pode ser definida como o domínio do visível, aquilo que a vista abarca. Não é formada apenas de volumes, mas também de cores, movimentos, odores, sons, etc. SANTOS, M. Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo: Hucitec, 1998. Na perspectiva do texto, o conceito abordado é definido como a dimensão do espaço apreendida através da A. delimitação de fronteiras políticas. B. constituição de relações de poder. C. aplicação de técnicas cartográficas. D. mobilização dos sentidos humanos. E. anulação dos elementos da natureza. Alternativa D Resolução: A paisagem consiste na dimensão do espaço geográfico apreendida através dos sentidos humanos. Como evidenciado pelo texto, ela é percebida através da visão (cores, volumes e movimentos), do olfato (odores) e da audição (sons). A alternativa A está incorreta, pois a delimitação de fronteiras políticas estabelece territórios, como os dos Estados Nacionais. A alternativa B está incorreta, pois a constituição de relações de poder também leva ao estabelecimento de territórios. A alternativa C está incorreta, pois a aplicação de técnicas cartográficas é uma forma de representar o espaço geográfico. A alternativa E está incorreta, pois as paisagens, mesmo aquelas transformadas pela ação humana, são compostas e influenciadas por elementos da natureza; como relevo, solos, rios, aspectos climáticos, entre outros. CNHX 350SE02GEO2024X QUESTÃO 84 A partir do século III, o Império Romano ingressou num período dramático de crise interna, com guerras civis duradouras, entre 230 e 260 d.C. A era das conquistas chegara ao fim e houve mesmo uma diminuição do território dominado. Assim, o abastecimento de escravos ficou comprometido, desorganizando a economia com dramáticas consequências sociais e políticas. Muitos romanos, assustados com as consequências da crise, procuraram consolo nas crenças religiosas. A religião oficial já não lhes propiciava paz de espírito e foram, portanto, procurar certezas e tranquilidades em outras religiões, rompendo com as tradições romanas. O cristianismo era uma das opções e atraiu muita gente, dando esperanças. A esperança da instauração do paraíso na Terra, que havia caracterizado a primeira geração de cristãos, foi sendo substituída pela noção de recompensa em uma vida pós-morte. Foi isso que tornou o cristianismo atrativo para as mais diversas classes sociais, pois, ao sofrimento e às incertezas no presente, o cristianismo contrapunha a esperança e o consolo de uma vida feliz e eterna no além. FUNARI, P. P. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2009. [Fragmento adaptado]Segundo o historiador Pedro Paulo Funari, a propagação do cristianismo em Roma foi favorecida pela A. instabilidade do Império Romano Ocidental. B. conversão dos imperadores ao catolicismo. C. subversão da estrutura social estabelecida. D. imposição da fé cristã pelo poder imperial. E. difusão de práticas religiosas sincréticas. Alternativa A Resolução: De acordo com o texto, o contexto do Império Romano estava marcado por diversas crises, e a religião oficial já não propiciava paz de espírito aos romanos, que foram procurar certezas e tranquilidades em outras religiões, rompendo com as tradições romanas. Isso indica que a propagação do cristianismo no interior do Império esteve relacionada a essa instabilidade presente no contexto. Portanto, a alternativa A está correta. A alternativa B está incorreta, pois, embora a conversão de imperadores tenha contribuído, o texto não associa esse aspecto à expansão da religião cristã em Roma. A alternativa C também está incorreta, pois a crise mencionada no texto não implicou, no momento inicial de expansão do cristianismo, uma subversão da ordem social vigente. Contrariamente ao indicado na alternativa D, no momento histórico descrito no texto, o cristianismo não era a religião oficial do Império Romano. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois o texto relaciona a expansão do cristianismo à busca dos romanos pela esperança da vida eterna. Além disso, o cristianismo não se fundamentava em práticas sincréticas. KJB2 150SE02HIS2024VII ENEM – VOL. 2 – 2024 CH – PROVA I – PÁGINA 55BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 85 O palco de instalação da Guerra Fria foi a Europa – e particularmente a derrotada Alemanha – do pós-guerra, dividida em áreas de influência ocidental (EUA, Reino Unido e França) e oriental (URSS), uma divisão que, tendo em vista a competição entre as superpotências, acabou por se cristalizar. SILVA, A. Guerra Fria. Disponível em: <https://cpdoc.fgv.br>. Acesso em: 7 dez. 2021 (Adaptação). A divisão da Alemanha, após a Segunda Guerra Mundial, acabou repercutindo na A. padronização do sistema econômico. B. eliminação do autoritarismo político. C. dissolução da Cortina de Ferro. D. construção do Muro de Berlim. E. superação da bipolaridade. Alternativa D Resolução: A Alemanha saiu derrotada da Segunda Guerra Mundial, o que levou à sua divisão entre os países vencedores do conflito em áreas de influência ocidental (Estados Unidos, Reino Unido e França) e oriental (União Soviética). Berlim estava situada na área sob controle soviético, mas, por ser a capital, também foi dividida. Os países capitalistas ficaram com a porção oeste da cidade, enquanto os soviéticos ficaram com o leste. Portanto, a parte ocidental de Berlim tornou-se um enclave capitalista na parte da Europa pertencente ao bloco socialista, o que se transformou em um problema, pois muitas pessoas fugiram do leste para o oeste de Berlim. Com isso, as autoridades socialistas determinaram a construção de uma barreira que separasse as duas partes da cidade, o Muro de Berlim, erguido em 1961. A alternativa A está incorreta, pois a Alemanha foi dividida em partes que adotaram diferentes sistemas econômicos. Na parte ocidental, surgiu a República Federal da Alemanha, sob o modelo e influência capitalista, e na parte oriental, foi criada a República Democrática Alemã, sob o modelo e influência socialista. A alternativa B está incorreta, pois o modelo socialista soviético apresentava um viés autoritarista, tanto que as pessoas foram impedidas de se deslocarem da parte oriental para a ocidental de Berlim. A alternativa C está incorreta, pois a Cortina de Ferro representava a divisão da Europa entre a área de influência capitalista e socialista. Portanto, a divisão da Alemanha integrava a Cortina de Ferro. A alternativa E está incorreta, pois a divisão da Alemanha era um reflexo da bipolaridade da Guerra Fria. XFTK CALIBRADA_GEO QUESTÃO 86 Na verdade, as condições naturais das colônias do Norte eram semelhantes às da Europa, o que as tornava inadequadas ao projeto do capital comercial, ou seja, ao estabelecimento da grande exploração agrária de artigos de exportação, e, ademais, inexistiam possibilidades da mineração de metais preciosos no Nordeste americano. Dessa forma, somente foi possível a implantação de débeis atividades extrativas de exportação, como a pesca, a produção de peles ou de madeiras, etc. OLIVEIRA, C. A. O processo de industrialização. Do capitalismo originário ao atrasado. São Paulo: UNESP, 2003. O texto sugere que as características apresentadas pelas colônias do Norte da América Inglesa contribuíram, no início do projeto colonizador, para o(a) A. consolidação de uma colonização exploratória. B. formação de uma aristocracia vinculada à terra. C. desenvolvimento de um robusto sistema escravista. D. desinteresse relativo da Coroa em relação à região. E. estabelecimento de uma economia agroexportadora. Alternativa D Resolução: De acordo com o texto, “as condições naturais das colônias do Norte eram semelhantes às da Europa, o que as tornava inadequadas ao projeto do capital comercial”. Além disso, no início do período moderno, a Inglaterra não apresentou condições internas favoráveis a um projeto efetivo colonizador, reforçando o relativo desinteresse da metrópole inglesa em relação à região. Portanto, a alternativa D está correta. A alternativa A está incorreta, pois as características das colônias do Norte determinaram o desenvolvimento de uma colonização marcadamente de povoamento. As alternativas B e E também estão incorretas, pois a economia da região estava baseada na produção, sobretudo familiar, em minifúndios e voltada para a subsistência e para o mercado interno. Por fim, a alternativa C também está incorreta, pois o desenvolvimento de um robusto sistema escravista foi uma marca das colônias sulistas. QUESTÃO 87 Em 2017, a Organização Mundial do Comércio (OMC) confirmou uma decisão que considerou como subsídios ilegais e regras discriminatórias uma série de programas de incentivo do governo brasileiro à indústria nacional. Após queixas da União Europeia e do Japão, o painel aberto pelo órgão internacional concluiu que programas estabelecidos nos últimos anos no Brasil taxavam excessivamente produtos importados na comparação com os nacionais. O motivo é que eles ofereciam isenções fiscais ou vantagens competitivas tendo como base regras de uso de conteúdo local ou desempenho em exportações. ALVARENGA, D. Entenda por que a OMC condenou o Brasil e quais os setores impactados. Disponível em: <https://g1.globo.com>. Acesso em: 23 nov. 2023 (Adaptação). XØNØ 150SE02HIS2024X S7BQ 350SE02GEO2024XIV CH – PROVA I – PÁGINA 56 ENEM – VOL. 2 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Na situação relatada, a decisão da Organização relaciona-se com o objetivo da sua atuação, que é de A. limitar as exportações industriais. B. favorecer a liberalização comercial. C. beneficiar os países desenvolvidos. D. restringir a globalização econômica. E. impedir os investimentos produtivos. Alternativa B Resolução: A Organização Mundial do Comércio (OMC) atua a favor da liberalização dos mercados, procurando combater obstáculos para a circulação de mercadorias e práticas que comprometam o livre-comércio. Por isso, a organização condenou as práticas do governo brasileiro, que dificultavam a entrada de produtos estrangeiros no país e favoreciam e protegiam a indústria nacional. A alternativa A está incorreta, pois a OMC visa fortalecer o comércio internacional, incentivando tanto as importações como as exportações. A alternativa C está incorreta, pois a OMC é considerada uma organização multilateral, ou seja, que não privilegia os interesses particulares de determinados países. Além disso, um de seus princípios é o “Tratamento especial para países em desenvolvimento”, visando impulsionar o seu desenvolvimentoeconômico. A alternativa D está incorreta, pois, ao procurar fortalecer o comércio internacional e a liberalização dos mercados, a OMC atua a favor da globalização. A alternativa E está incorreta, pois a OMC, ao defender a liberalização, favorece a circulação de capitais, inclusive na forma de investimentos produtivos. O que a organização procura combater são as práticas protecionistas, que são aquelas que protegem as atividades econômicas nacionais da concorrência estrangeira. QUESTÃO 88 No século XVI, os Estados funcionavam, principalmente, como grandes agentes financeiros, sustentando suas ações por meio da arrecadação de impostos, pela venda de cargos, pelo confisco de bens e pela cessão, por lucrativos contratos temporários, de privilégios e monopólios, como os relativos à navegação. Até que os Estados se tornassem os principais empreendedores do século XVI, cada caso “nacional” teve características, tempo e ritmo próprios, o que também desaconselha traçar qualquer modelo de Estado, embora isso não impeça que apontemos, sumariamente, seus principais elementos formadores, quais sejam: um sistema legal unificado, uma burocracia de funcionários especializados para elaborar e fazer cumprir as normas, além de um exército permanente – tudo isso mantido à custa dos impostos e dos outros mecanismos de arrecadação já referidos. MICELI, P. História moderna. São Paulo: Contexto, 2016 (Adaptação). De acordo com o texto, os Estados Nacionais modernos europeus caracterizaram-se, entre outros aspectos, pela A. legitimação do poder pela religião. B. ampliação da participação política. C. manutenção de privilégios feudais. D. sustentação financeira da nobreza. E. criação de um aparelho administrativo. Alternativa E Resolução: De acordo com o texto, os principais elementos formadores dos Estados Nacionais modernos europeus eram “um sistema legal unificado, uma burocracia de funcionários especializados para elaborar e fazer cumprir as normas, além de um exército permanente – tudo isso mantido à custa dos impostos e dos outros mecanismos de arrecadação”, o que só foi possível com a centralização político-administrativa na figura do rei e a criação de um aparelho administrativo. Portanto, a alternativa E está correta. A alternativa A está incorreta, pois, apesar de, em vários casos, teorias de cunho religioso tenham sido empregadas para legitimar os modelos políticos adotados nesses Estados, elas não estão relacionadas aos aspectos apresentados no texto. Contrariamente ao indicado na alternativa B, com a formação dos Estados Nacionais, não houve ampliação da participação política. A alternativa C está incorreta, pois, embora os privilégios feudais da nobreza tenham sido preservados com a formação dos Estados Nacionais, os elementos do texto não se vinculam a esse aspecto. Por fim, a alternativa D está incorreta, pois foi a burguesia quem apoiou financeiramente o processo de organização dos Estados Nacionais europeus, no início do período moderno, em troca, por exemplo, de privilégios e monopólios. Além disso, esse aspecto não está presente no texto. JEU3 150SE02HIS2024IV ENEM – VOL. 2 – 2024 CH – PROVA I – PÁGINA 57BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 89 A dignidade humana é uma qualidade congênita e inalienável de todos os seres humanos, a qual impede a sua coisificação e se materializa através da capacidade de autodeterminação que os indivíduos possuem por meio da razão. Este atributo, contudo, é também reconhecido aos indivíduos desprovidos de condições de se autogerirem, como, por exemplo, as crianças de tenra idade e as pessoas que sofrem de problemas mentais, uma vez que também eles possuem o direito de receberem um tratamento digno por sua existência. XAVIER, B.; NARCISO, L.; RECKZIEGEL, J. O Direito Humano fundamental de autodeterminação e os seus limites éticos frente ao princípio da proteção da dignidade humana. Prisma Jurídico, v. 12, n. 1, jan.-jun. 2013. [Fragmento adaptado] A capacidade de autodeterminação expressa no texto relaciona-se com aquilo que A. inclui as pessoas com adoecimentos mentais. B. caracteriza a essência da natureza humana. C. incorpora os animais aos direitos humanos. D. define a razão como critério excludente. E. garante os direitos mínimos individuais. Alternativa B Resolução: A capacidade de autodeterminação expressa no texto está relacionada ao que caracteriza a essência da natureza humana. Essa capacidade é descrita como um atributo inalienável de todos os seres humanos, que se materializa através da razão. O texto sugere que a dignidade humana está intrinsecamente ligada à capacidade de autodeterminação, refletindo, assim, a essência da natureza humana. Portanto, está correta a alternativa B. A alternativa A está incorreta, pois o texto utiliza pessoas com adoecimento ou condições mentais apenas como um exemplo extensivo de indivíduos cobertos pelo princípio da dignidade humana. A alternativa C está incorreta, já que não há menção alguma no texto sobre a incorporação dos direitos humanos aos animais. A capacidade de autodeterminação está ligada à natureza humana, conforme explicitado. A alternativa D está incorreta, posto que ela não corresponde ao conteúdo do texto. O texto não estabelece a razão como critério excludente, mas sim como uma faculdade que os seres humanos têm para exercer sua autodeterminação. A alternativa E está incorreta, já que, embora o texto mencione o direito de receber um tratamento digno, este não se restringe apenas aos direitos mínimos individuais. A capacidade de autodeterminação vai além disso, envolvendo a própria essência da natureza humana. TRUB 295SE02FIL2024II QUESTÃO 90 O valor não se fundamenta na riqueza ou mesmo nas realizações do indivíduo, porém na estima que o rei tem por ele, na influência de que goza junto aos poderosos, na sua importância no jogo das coteries da corte. Tudo isso, estima, influência, importância, todo esse jogo complexo e sério no qual estão proibidas a violência física e as explosões emocionais diretas, e a ameaça à existência exige de cada jogador uma constante capacidade de previsão e um conhecimento exato de cada um, de sua posição e valor na rede de opiniões da corte, tudo isso exige um afinamento preciso da conduta a esse valor. Qualquer erro, qualquer descuido reduz o valor do indivíduo na opinião da corte e pode pôr em xeque a sua posição. ELIAS, N. O processo civilizador. Uma história dos costumes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1994. [Fragmento adaptado] De acordo com o texto, na França do século XVIII, a posição dos indivíduos nas relações sociais era definida pelo(a) A. determinação divina. B. prestígio econômico. C. talento individual. D. distinção social. E. origem familiar. Alternativa D Resolução: Conforme apresentado pelo texto, o valor dos indivíduos na rede de opiniões da corte francesa relaciona-se à “estima que o rei tem por ele, na influência de que goza junto aos poderosos”, isto é, na distinção social desse indivíduo. A posição que ele ocupa nas relações sociais está relacionada a esse aspecto. Portanto, a alternativa D está correta. A alternativa A está incorreta, pois, embora a justificação da posição do indivíduo na sociedade, em diversos momentos do contexto abordado, esteja relacionada a aspectos religiosos, não é o aspecto que o texto aborda. Contrariamente ao indicado na alternativa B, o texto afirma que o valor do indivíduo não se fundamenta na riqueza, isto é, no poder econômico. A alternativa C está incorreta, pois o texto afirma que o valor do indivíduo na sociedade francesa do Antigo Regime não se fundamenta em suas realizações, ou seja, em sua capacidade de atuação ou em talentos individuais. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois, mais do que o prestígio familiar, é preciso que o indivíduo seja estimado pelo rei e tenha uma avaliação positiva da própria corte. 7969 150SE02HIS2024V CH – PROVA I –PÁGINA 58 ENEM – VOL. 2 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO