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resumo - Psicologia Organizacional e do Trabalho 1- Psicologia Organizacional e do Trabalho ➔ Psicologia Organizacional: beneficia o gerenciamento das pessoas. ➔ Psicologia do trabalho: defesa do trabalhador. ➔ Psicologia social do trabalho e das organizações: ◆ Amplia o olhar e a intervenção da POT ◆ Visualização da organização e do mundo de trabalho como processos sociais passíveis de análise e intervenção operados pela psicologia social. ◆ 2- Trabalho O trabalho é objeto de múltipla atribuição de significados e/ou sentidos, que caracterizam e enriquecem o campo de estudos. O trabalho como ação transformadora da natureza. Ação dirigida por finalidades conscientes (intencional) Relação dialética entre teoria e prática (projeto/ação) Etimologia: “tripaliare” do substantivo “tripalium” (instrumento de tortura) → Trabalho associado a sofrimento, pena e labuta → desvalorização histórica do trabalho manual. Evolução Histórica: Na Grécia o trabalho considerado digno era o da contemplação. O trabalho sempre moveu todo tipo de sociedade e civilização, mudando de acordo com as necessidades de cada época e cultura. Acesso a trabalho é desigual 3- Emprego Emprego é um tipo de trabalho, que é caracterizado por: forte institucionalização, regulação contratual, proteção social e direitos conquistados historicamente (consolidação das leis trabalhistas) 4- Dimensões do trabalho ● Material – é a dimensão concreta: tecnologia utilizada / condições do ambiente; ● Social – como os papéis são desempenhados – organização da sociedade; ● Econômica – PIB/PEA ● Psicológica – sentido → atividade, consciência, identidade ● Ideológica/Cultural – discursos socialmente construídos. Ex: “Deus ajuda quem cedo madruga” ● Gerencial - como o trabalho é gerido. 5- Visão Histórica do Trabalho A identidade e representação social da Psicologia Organizacional e do Trabalho foram construídas historicamente em relação a: 1) modelos da administração; 2) demandas da gestão do trabalho; 3) teorias psicológicas e seus instrumentos; 4) fatos históricos e sociais; 5) movimentos de resistência dos trabalhadores à exploração e à humilhação. ❖ Rápida industrialização - Inglaterra (1720-1870/XVIII e XIX) ➢ Produção em massa ➢ trabalhador assalariado ➢ mão de obra sem qualificação ➢ indústria têxtil - máquina a vapor ➢ confinamento do trabalho (salão, galpão, pátio) ➢ legitimação do controle (horário, tarefa, prazo, vigilância) ❖ Pressão por produção elevada (1870-1920/XIX e XX) ➢ Capitalismo industrial – S.A ➢ Mercado financeiro – EUA e Europa ➢ Eletromecânica - máquina de óleo diesel ➢ Jornadas de trabalho – 14 a 16 horas por dia ➢ Condições fabris péssimas – doenças e acidentes → crescimento da fadiga (obstáculo à produção) ➢ Psicologia chamada para estudar o desempenho e criar padrões apropriados dos ritmos, movimentos e capacitação ➢ Marco inicial para o surgimento da Psi. Industrial→ em 1889 Patrizi monta um laboratório de Psicologia Experimental na Itália para estudo de causas da fadiga. ➢ ➔ Mudanças na Estrutura Ocupacional (1910-1920): Redesenho do trabalho e do ambiente → Alocação adequada da pessoa ao cargo → “Homem certo para o lugar certo” (Taylorismo) → Problema: identificar indivíduos competentes. ● 1910- 1920: Psicometria → vocação e ajustamento ● 1ª GM → Testes Army Alpha Beta (adaptados às indústrias) ● 1913 – Munsterberg → Psicologia e eficiência industrial. Administração Científica FW TAYLOR ➢ Busca de sistemas de racionalização do trabalho. ➢ FOCO: Divisão das funções do administrador: planejar, organizar, comandar, controlar. ➢ Homo Economicus: Ser humano altamente racional, escolhe a melhor alternativa em busca do lucro, comportamento egoísta, previsível e controlável; disfunções vistas como falhas na organização do trabalho. ➢ A produção padrão: há uma única maneira certa de executar o trabalho: monitorar tempos e movimentos para encontrar maneira correta e mais rápida, administradores e engenheiros planejam e operários executam. ➢ Operário poupado de pensar, apenas executa. ➢ Incentivo monetário -> Pagamento por peça. Selecionar “homem de primeira classe” – Treinamento para execução de operações simples – Controle por meio de supervisão cerrada. ➢ Estrutura da organização eficiente – ○ Quanto mais dividido o trabalho melhor; ○ Agrupamento de tarefas com objetivos semelhantes; ○ alto grau de centralização das decisões; ○ pequeno número de subordinados para cada chefe; ○ não considera aspectos de ordem pessoal. FORDISMO Final da 1ª Guerra Mundial – Único modelo em larga escala e baixo custo. ● Sistema de linha de montagem e estações de trabalho ● Bonificação em função da produtividade e negociação com sindicatos ● Possibilidade de consumo dos trabalhadores (democratiza o uso do automóvel, antes artesanal e caríssimo) ● Sistema eficiente, porém, rígido – pois não se adapta ao mercado (Ford T Preto) Críticas/Implicações ● “Homo Economicus” – Variável econômica como determinante do comportamento. ● “Uma única maneira certa de realizar um trabalho” – desumanização/alienação. ● Incentivo monetário – não é suficiente, pois não elimina a supervisão cerrada. ● Redução da punição arbitrária – caso o operário seguisse as instruções e algum problema ocorresse ou a produtividade não aumentasse, a culpa era atribuída aos ENGENHEIROS. ● Contribuição para o processo de regulamentação do trabalho – Oposição à antiga prática de contratação por empreitada. OMovimento de Relações Humanas (1920 ~ 1930) Psicologia → influência da teoria de Freud Despontar dos sindicatos: Rússia, França e Inglaterra / Brasil – Getúlio Vargas Passeatas e comícios – Conquista de Leis Trabalhistas Problema → Obediência a líderes ao invés de chefes Experimento De Elton Mayo - Psicólogo australiano e prof. em Havard (Teoria das Relações Humanas): ● Western Eletric – Fábrica de Equipamentos Telefônicos em 1927 ● Objetivo: relacionar condições físicas e produtividade. ● Conclusão: outras variáveis estavam presentes, há fatores psicossociais no trabalho (necessidade de sentir se útil, valorização, etc.). A produção aumenta não pela força física dos empregados, mas sim pela integração social da equipe. ● A motivação não é apenas monetária o Organização formal → Grupos Informais e Inter-relações. o Incentivos monetários → Incentivos Psicossociais. 1-) O homo social: comportamento: Sistema social + Demandas de ordem biológica (segurança, afeto, aprovação social, prestígio e auto realização) 2-) Grupo Informal: Pequeno conjunto de indivíduos que se comunicam de forma direta e frequente. Relações espontâneas e extraoficiais, fora do ambiente de trabalho 3-) Participação nas decisões: A participação (planejada e exercida sobre condições controladas) motiva o indivíduo a atingir os objetivos da organização. Reconhecimento, segurança e pertencimento são importantes para moral e produtividade. Ajustamento do homem à máquina somado ao ajustamento do homem ao homem (dimensão social). Psicologia Industrial – permanece tentando adaptar pessoas ao trabalho (ex – treinamento e avaliação de desempenho/estratégias de aconselhamento individual) -Críticas- Industriais – Valorizar o funcionário aumenta os custos e diminui os lucros. Psicólogos – Foco centrado na busca de harmonia das equipes, visando eliminar conflitos. Sociólogos – Experimentos de Mayo desconsideram o contexto social. Mérito da Escola Relações Humanas – Trouxe maior complexidade à visão de homem e seu comportamento nas organizações. Abordagem Japonesa (1980 ~1990) Modernismo e existencialismo. Maior consciência das relações do indivíduo frente a forças institucionais. Ideias ganham força após horrores da segunda guerra. Conflitos Industriais nas organizações. Movimentos para ampliar autonomia e participação. TOYOTISMO: ● Evolução gradual da prática do processo de produção japonês. ● Tradição japonesa do grupo prevalecer sobre o indivíduo e deste preservar a harmonia do grupo. ● Alta racionalização dos processos de produção aliados à valorização do “saberfazer” dos funcionários. ● Valorização das sugestões dos operários ● Produção flexível vinculada à demanda. ● Trabalho em equipe, círculos de controle da Qualidade (CQC- perda zero). Grupos que observam a qualidade, polivalência (um trabalhador faz várias coisas) ● Just in time – Demanda puxa produção (não sobra nem falta produtos acabados, semiacabados e matérias-primas). ● Kanban – Reposição do Estoque. ● Kaizen – Aperfeiçoamento Contínuo. ● Terceirização – Empresa “enxuta”, redução do quadro de pessoal (reengenharia) ● Trabalhador polivalente -Análise Crítica- - Intensificação do trabalho – Produtividade. - Redução da vida útil dos produtos. - Incerteza no trabalho – precarização. Dimensão da Globalização (a partir dos anos 90): ● Dimensões: situação econômica, fatores políticos, mudanças na legislação e tributos, descobertas de novas tecnologias, novos produtos/serviços, atuação da concorrência, sociedade civil cada vez mais organizada. ● “Compreensão do tempo e espaço pela utilização da teleinformação” (MALVEZZI, 2000) ● Robotização! ● Amplia mobilidade e dinamismo. ● Vivência de múltiplas identidades (psicológicas) – Diferente personagem em diferentes ambientes. ● No mundo do trabalho: ○ Mais flexível ○ Mais dependente do conhecimento ○ Menos estruturado pelas empresas ○ Novas carreiras ○ Tema de diversidade se impõe ○ ● Consequências para a psicologia organizacional: propiciar o desenvolvimento e a ampliação do conhecimento. Incentivar laços sociais e referências no trabalho (autoridade fluida) ● Hoje em dia há a precarização do trabalho: sobrecarga. 6- Campo Profissional do Psicólogo em Organização e no Trabalho Constituição histórica da POT ➔ Da colonização da 2° Guerra Mundial (1889-1945): administração científica (Taylor) → psicologia industrial, desenv. psicometria, processos seletivos, foco nos pequenos grupos (análise e intervenção); Métodos de treinamento. ➔ Pós Guerra (1945-1960): identidade profissional (consolidação da psicologia organizacional, legitimando a atuação dos psicólogos no contexto organizacional) → processo seletivo permanece como atividade central, desenvolvimento teórico: aprendizagem, aquisição de habilidades, métodos de ensino, treinamento gerencial, motivação. ➔ Incertezas e tensões (1960-1970) - transição para uma sociedade pós-industrial e tensões no mundo do trabalho, testes psicológicos criticados: ampliação do campo da POT → a interface com outros domínios revela a falta de integração teórica, programas de qualidade de vida no trabalho, modelos de gestão e controle começam a ser substituídos por modelos de compromisso e envolvimento. ➔ Globalização e crise (1910-2010) - neoliberalismo, crescimento de BRICS, crises nos países capitalistas centrais): ampliação do campo do POT (maior atenção às questões de saúde no trabalho) → concepções tradicionais deram lugar a novos conceitos. ➔ Fases do desenvolvimento da POT no Brasil: ◆ Psicologia industrial: a partir dos 1930 - psicotécnica ● Seleção e colocação de pessoal ◆ Psicologia Organizacional: ênfase na produtividade das empresas, ampliando o foco de atuação ● Trabalho com grupos ◆ Psicologia do trabalho: maior ampliação do foco, com ênfase nas questões de saúde ● preocupação para além das organizações. ➔ Interface entre POT e outros campos disciplinares e profissionais ◆ Administração: teoria organizacional, tecnologia, mudanças, ambiente e estratégia ◆ sociologia: poder, política, conflito, (des)emprego e social no trabalho ◆ antropologia: diversidade cultural, valores, atitudes e análise transcultural. ◆ Educação: qualificação e trabalho, métodos de ensino e aprendizagem, EAD ◆ Direito: relações trabalhistas, leis trabalhistas, assédio moral e discriminação ◆ (Lousa) Interesse da área: O trabalho e as organizações, o comportamento no ambiente laboral. Aspectos subjetivos e objetivos, fatores individuais sociais e culturais (psicossocial) Psicologia do Trabalho, Organizacional e Gestão de Pessoas. A atuação dos psicólogos desenvolveu-se na direção de incorporar níveis maiores, mais complexos da realidade organizacional e do mundo de trabalho. É um campo comum para diferentes áreas, nele o psicólogo pode perder sua identidade. Observa-se um movimento de fortalecimento do sujeito e uma necessária intervenção multidisciplinar. Forte interlocução com Administração – interfaces psicologia e outras áreas podem gerar tensões e diálogo. A atuação nas organizações é multiprofissional. Fora a avaliação psicológica, nenhuma atividade é restrita a psicólogos. (Rotatividade) Absentismo é um padrão habitual de ausências no processo de trabalho, dever ou obrigação, seja por falta ou atraso, falta de motivação ou devido a algum motivo interveniente. É usado também para designar a soma dos períodos de ausência de um funcionário de seu ambiente de trabalho. Disciplina científica embora com baixa representatividade e problemas na formação Novidade: Saúde e bem-estar do trabalhador ● Objetivo: Construir organizações saudáveis e produtivas, atenção a ética. 7- Saúde Mental e Trabalho – A Neurose das Telefonistas Texto clássico, foi um dos primeiros a estabelecer relações entre condições do trabalho e saúde mental dos trabalhadores. Estuda fadiga nervosa das telefonistas da França – Patologia do Trabalho Moderno. Método da pesquisa considera: frequência conhecida e crescente das alterações mentais e nervosas das telefonistas (de 75 em 1918 para 629 em 1955) a natureza das atividades profissionais. Em 1910 ocorreram pesquisas sobre choques e tensão e depois sobre desclassificação social. Quadro de sintomas: Afeta a subjetividade como um todo, repercutindo na vida dos trabalhadores. Descrição da síndrome: Síndrome subjetiva comum da fadiga nervosa/ alterações de humor e de caráter/ distúrbios do sono – quase constantes, 14% relatam sono normal. A medicação não funciona e as deixam em estado de obnubilação (perturbação da consciência) que atrapalha o trabalho/ Alterações somáticas. Sintomas se distribuem de maneira variável e podem estar associados ● A existência se torna totalmente perturbada, voltada unicamente para o trabalho experimentando a impressão de perda do controle de si. ● Sintomas pouco graves, mas o seu conjunto afeta a vida das telefonistas, tornando-a intolerável. ● Possuem uma existência perturbada e limitada, voltada unicamente para o trabalho, experimentando a impressão de perda de controle sobre si. ● Redução da vida social. ● Necessidade de fazer algo ao ar livre como forma de resistência. ● Dia de descanso é insuficiente, o que mostra a gravidade do fato. Sintomas desaparecem quando descansam por duas semanas, mudando de ambiente. No retorno, bastam mais dois dias para que a síndrome se restabeleça. Agravantes: Gravidez, período menstrual, conflitos afetivos-familiares. Elementos patogênicos do trabalho: ● A própria atividade foi pouco mencionada pelos empregados (ruído das salas, relações com usuários, fadigas dos gestos, uso do fone, iluminação, etc.) ● Insistiram nas condições gerais em que o trabalho é realizado, especialmente exigência por rendimento e controle. ● Automatização, não tomar iniciativa, não acrescentar nada ao trabalho. ● Questões psicossociais. Procedimentos metodológicos para responder críticas adotadas: A-) Questionário para realização de balanço estatístico B-) Levar em conta conjunto das condições de vida que poderia afetar o trabalho. Evidencia a importância do trabalho das telefonistas Conclusão: Neurose causada pelos fatores do trabalho 8- Saúde Mental e Trabalho – Subjetividade, Trabalho e Ação Objetivo do texto: Expor a contribuição da Psicodinâmica do trabalho para relação entre trabalho e subjetividade, compreendendo as consequências da gestão neoliberal e enriquecer a concepção da ação no campo político. A psicodinâmica do trabalho é uma disciplina clínica e teórica. A partir do olhar clínico, o trabalho é: tudo aquilo presente no ato de trabalhar (gestos, fazer, refletir); “certo modo de engajamento da personalidadepara responder a uma tarefa determinada por pressões sociais e materiais”; preencher a lacuna entre prescrito e real; lidar com imprevistos, o trabalho não pode ser medido ou avaliado. Existe uma lacuna entre o trabalho prescrito e o real, o trabalho é uma vivência afetiva que pode gerar sofrimento. A discrepância entre trabalho prescrito e real causa uma vivência afetiva no trabalhador que pode ser raiva, aflição, stress... Ou seja, um sofrimento (estado de luta) O trabalho pode ser uma fonte de saúde, ou algo patogênico: ● Fonte de saúde quando o trabalho fornece um ambiente favorável, que permite o trabalhador expressar sua subjetividade, criar soluções criativas. ● Patogênico quando o ambiente não permite o trabalhador se expressar, condições muito restritivas, invisibilidade do trabalhador. Sofrimento no trabalho: ● Estado de luta, mobilização. ● Ponto de partida da subjetividade. ● Proteção da subjetivação na busca de meios para agir. ● Tempo de expansão e dilatação da subjetividade. ● Origem da inteligência e da conquista do mundo. A inteligência não é inata e sim adquirida no exercício da atividade Corpo é sempre convocado, mesmo o trabalho intelectual não se reduz à pura cognição. O corpo inteiro é sede de inteligência (poder da engenhosidade) Experiência singular e coletiva – O trabalho é sempre uma relação social. Coordenação prescrita → Cooperação efetiva → Compromisso técnico (eficácia) e compromisso social (solidariedade e pertencimento). O trabalho efetivo precisa vencer a invisibilidade, possibilitando o reconhecimento à saúde. A ação coletiva é racional e produtiva, se além de lutar contra a injustiça, propiciar a celebração da vida. Mas isso só ocorre se a subjetividade for considerada. Críticas à gestão neoliberal (promove o controle e invisibilidade do trabalhador). ● A avaliação é uma forma de dominação, a premiação individual não afeta positivamente a eficácia da produção. ● Individualismo e concorrência são condutas desleais e promovem a ruína da solidariedade. ● No geral, ocorre o agravamento da patologia mental.
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