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Introdução à homeopatia Prof.ª Tereza Cristina de Andrade Leitão Aguiar Descrição Conceito e história da homeopatia e da farmácia homeopática no mundo e no Brasil, após os anos 1980. A racionalidade homeopática, a legislação e as linhas de pesquisa em homeopatia. Propósito Compreender o que é a homeopatia e a racionalidade homeopática é essencial para que o profissional farmacêutico possa atuar como responsável técnico, tanto na farmácia como na indústria homeopática, dentro dos termos previsto na legislação em vigor, e mantendo os critérios de qualidade na manipulação e produção dos medicamentos homeopáticos. Além de contribuir para o exercício da assistência farmacêutica em homeopatia no país. Objetivos Módulo 1 Histórico da homeopatia e da farmácia homeopática Reconhecer a definição e o histórico da homeopatia e da farmácia homeopática. Módulo 2 O recrudescimento da homeopatia e da farmácia homeopática Identificar o recrudescimento da homeopatia no Brasil após os anos 1980. Módulo 3 Racionalidade homeopática Analisar a racionalidade homeopática em comparação com as outras racionalidades médicas. Módulo 4 Pesquisa e legislação em homeopatia Reconhecer os marcos regulatórios e as áreas de pesquisa em homeopatia. Introdução A homeopatia foi fundada por Samuel Hahnemann no final do século XVIII. Desde então, a homeopatia cresceu, ganhou vertentes e hoje está disponível inclusive no Sistema Único de Saúde brasileiro, o SUS. Desde a introdução da terapêutica homeopática no Brasil, em meados do século XIX (1840), a farmácia homeopática tem sido uma área de atuação do farmacêutico, tendo inclusive legislação específica para o setor. Neste conteúdo, conheceremos o que é a homeopatia, um pouco de sua história, seus fundamentos, sua importância como racionalidade médica, os princípios que a regem e quais são os principais marcos regulatórios que acompanharam sua evolução desde a sua fundação. Veremos ainda como é feita e o que existe em termos de pesquisa na homeopatia e quais são as principais teorias que a cercam. Vamos juntos? 1 - Histórico da homeopatia e da farmácia homeopática Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a de�nição e o histórico da homeopatia e da farmácia homeopática. A origem da homeopatia Você já ouviu falar de homeopatia? Sabe o que é um medicamento homeopático? Se você pensou em medicamentos diluídos e em cura pelo semelhante, está no caminho certo! Processo de sucussão do medicamento homeopático. A farmacopeia homeopática define medicamento homeopático como “toda forma farmacêutica de dispensação ministrada segundo o princípio da semelhança e/ou da identidade, com finalidade curativa e/ou preventiva. É obtido pela técnica de dinamização e utilizado para uso interno ou externo.” Como podemos ver na definição, o medicamento homeopático não deve ser simplesmente diluído, ele precisa ser dinamizado. O que isso quer dizer? A dinamização é o processo de diluição seguido de sucussão, agitação vigorosa e ritmada contra um anteparo semirrígido, quando o medicamento for líquido ou de triturações sucessivas quando for sólido. A diluição é apenas um dos quatro pilares da homeopatia. Conheça-os a seguir. Lei da semelhança Aponta que uma substância capaz de provocar determinados sintomas em um homem sadio é capaz também de curar um paciente que apresente esses mesmos sintomas, exceto em casos de lesões irreversíveis. Experimentação no homem sadio Aponta, segundo os princípios da homeopatia, que não se pode extrapolar dados obtidos na experimentação com animais. A experimentação para se determinar os efeitos de um medicamento deve ser feita em humanos saudáveis. Doses mínimas Aponta que os medicamentos homeopáticos mais potentes são aqueles mais diluídos. A diluição minimiza os riscos de intoxicação pelas substâncias utilizadas e pode ser feita com diversos insumos inertes, como água e álcool, para preparações líquidas, e sacarose ou lactose para sólidas. Medicamento único Aponta que uma cada ser humano deve ser tratado integralmente com um único medicamento, levando em consideração todos os seus sintomas. Esse pilar foi sendo discutido ao longo do tempo e hoje existem diferentes vertentes de tratamento. A obtenção dos medicamentos homeopáticos origina sistemas ultradiluídos que ultrapassam o número de Avogadro e, portanto, torna- se estatisticamente improvável encontrar moléculas do insumo ativo. O processo de dinamização e as doses infinitesimais continuam a desafiar a racionalidade médica e materialista dos nossos dias e carecem de pesquisas científicas que afirmam incontestavelmente que a homeopatia é uma ciência. A teoria homeopática diz ainda que cada indivíduo apresenta três níveis energéticos – mental, emocional e físico –, e é o equilíbrio entre essas energias que mantém o indivíduo são. O objetivo da homeopatia, então, é auxiliar o organismo através do reforço dos mecanismos naturais de cura, agindo de maneira sinérgica à força vital. Ao longo do tempo, alguns fatores como a complexidade das doenças e dos sintomas dos pacientes e a experiência clínica dos homeopatas levaram à formação de diferentes escolas de pensamento dentro da homeopatia. Hoje existem quatro principais: Unicismo É, conforme o pensamento original de Hahnemann, a escola que se vale da prescrição de um único medicamento que cobre a totalidade dos sintomas do paciente, o chamado simillimum. Pluralismo (ou alternismo) É a prescrição de dois ou mais medicamentos que cobrem a gama de sintomas do paciente, porém devem ser administrados em momentos diferentes para que ajam de forma sinérgica. Conforme avançarmos nos estudos entenderemos como tudo começou. Vamos avançar! A história da homeopatia Primórdios da medicina As doenças, segundo Hipócrates, eram alterações no equilíbrio do indivíduo consigo mesmo, com o cosmos e com a natureza. Os sintomas seriam reações do organismo à enfermidade, e que o processo de cura consistia em estimular as defesas orgânicas. As teorias hipocráticas baseavam-se em três princípios: Similia similibus curantur Complexismo É, da mesma forma que o pluralismo, uma escola em que são prescritos dois ou mais medicamentos, mas esses devem ser tomados ao mesmo tempo para tratar o paciente. Nesta escola, podem ser encontrados medicamentos homeopáticos industrializados prontos para tratar doenças específicas como sinusite ou gripe. Organicismo É a vertente mais próxima da alopatia por focar nos órgãos e sistemas, e não no paciente como um todo. De maneira geral. Nesta escola, os sintomas mentais e emocionais não são considerados. Cura pelo semelhante. Contraria contrariis curantur Cura pelo contrário. Vix medicatrix naturae Cura natural. Segundo Hipócrates, a cura pelos semelhantes e pelos contrários funcionaria. Nomes importantes da ciência antiga, no entanto, como Galeno e Avicena eram defensores da cura pelo contrário e a utilizavam de maneira extensiva. A maior parte dos médicos da época utilizava sanguessugas, sangramentos, vômitos, sudorese e laxantes como forma de tratamento e, para alguns, a maior parte das doenças poderia ser tratada dessa forma, sem muita distinção. Foi no século XVI, com Paracelso, que a ideia da cura pelo semelhante foi retomada. Sua tese considerava que a mente e o corpo deveriam ser considerados para o tratamento do indivíduo, ou seja, se deveria analisar não apenas a enfermidade, mas o indivíduo como um todo. Isso se devia por sua crença na anima, um conceito abstrato da época que retrata o espírito e a força vital do indivíduo como principal comandante do organismo. Foi ele ainda quem introduziu o conceito de dose em uma época em que as intoxicações eram frequentes e que defendeu o uso de medicamentos únicos para os indivíduos. Paracelso. Hahnemann A terapêutica homeopática foi introduzida pelo médico alemão Christian Friedrich Samuel Hahnemann, no final do século XVIII, na Alemanha. Hahnemannera um jovem médico alemão que teve acesso às leis hipocráticas de cura e diversas outras literaturas que impactaram a sua forma de pensar e, principalmente, de exercer a medicina. Dr. Samuel Hahnemann 1755 – 1843 Samuel Hahnemann inicia sua prática médica em consonância com a formação da época, baseada em um modelo com o uso de sangrias, vomitivos, modelos empíricos de tratamento, descritos nas literaturas existentes. Sua facilidade no aprendizado de idiomas, sendo um poliglota, fez com que estudasse não só as patologias e doenças, mas também correntes filosóficas como o vitalismo e o organicismo. Os vitalistas definem que todo organismo é dotado de uma força ou energia vital que o mantém hígido e saudável, enquanto os organicistas atribuem unicamente à organização biológica o seu funcionamento adequado. Em 1790, Hahnemann, ao traduzir a Matéria Médica de Cullen sobre a eficiência terapêutica da droga quina, discorda da sua explicação sobre seu efeito tônico sobre o estômago do paciente com malária. Decide, então, experimentar a quina por vários dias e se surpreende com o aparecimento de sintomas típicos da malária. Quando suspende a ingesta, volta à normalidade. Supôs então uma relação entre a droga ingerida e a doença. Ou seja, sua doutrina foi baseada no conhecimento da medicina clássica da época, mas suas observações e práticas foram além do modelo cartesiano clássico que vemos ainda hoje. A lei hipocrática da cura pelo semelhante tornava-se uma realidade experimental, em que uma droga utilizada para um tratamento, no caso a malária, era capaz de produzir sintomas semelhantes aos da doença em indivíduos saudáveis. A partir dessa hipótese, Hahnemann experimentou em si e em seus colaboradores, todos saudáveis, diversas drogas, sempre catalogando os sinais e sintomas comuns de cada droga no grupo de experimentadores. Estabeleceu, assim, um modelo de experimentação que vai depois ser utilizado para o tratamento de indivíduos adoecidos com sinais e sintomas semelhantes aos catalogados quando da experimentação no homem são. A experimentação em indivíduos sadios veio a se tornar um dos princípios da homeopatia, pois Hahnemann defendia que não era possível extrapolar os conhecimentos obtidos a partir de animais para seres humanos. As suas observações na clínica confirmaram que os sinais e sintomas oriundos das substâncias simples, aplicados segundo a lei da semelhança, levavam à cura dos seus pacientes. Assim, em 1796 Hahnemann publica Ensaio sobre um novo princípio para descobrir as propriedades curativas das substâncias medicinais, além disso introduz as doses infinitesimais, visando atenuar os efeitos tóxicos das drogas, que surgiam como sintomas durante a experimentação no homem são e que se apresentavam como reações adversas naqueles que eram tratados com suas preparações. Saiba mais Outra observação perspicaz do pai da homeopatia se deu quando começou a notar maior eficiência dos seus preparados nos pacientes que moravam mais longe dele. Atribui esse fato, então, ao sacolejar da carroça até a casa do doente e introduziu o conceito de medicamentos dinamizados, que nos legou indagações que permanecem até os dias de hoje. Tendo o método de trabalho definido e consolidado, Hahnemann publica, em 1810, a primeira edição do Organon da Arte de Curar, onde explicita toda a racionalidade homeopática, desde a experimentação no homem são de cada droga, a sistematização e a catalogação dos sinais e sintomas dela decorrentes e, posteriormente, a anamnese do paciente, buscando a similitude no uso do medicamento homeopático, que cobrirá a totalidade dos sintomas, promovendo a cura. Hahnemann publica, entre 1811 e 1826, os seis volumes da Matéria Médica, em que relata os 64 medicamentos experimentados. Com o desenvolvimento da terapêutica homeopática, aprofunda seu tratamento para os casos crônicos persistentes e dedica sua última publicação Doenças Crônicas a explicitar como a homeopatia pode tratar os pacientes crônicos. A homeopatia passa a ser a racionalidade médica científica durante o século XIX, e se expande pela Europa, Índia, América do Norte e Brasil. A homeopatia no Brasil No Brasil, a homeopatia foi introduzida em 1840 por um discípulo de Hahnemann, o médico francês Benoît Jules Mure, conhecido como Bento Mure, despertando o interesse dos médicos e dos farmacêuticos. A cientista Madel Luz elaborou a seguinte subdivisão da homeopatia brasileira: Perído inicial no qual figuras como Bento Mure e Vicente José Lisboa, nomes importantes da homeopatia no Brasil, fizeram sua propaganda para a sociedade e formaram pessoas leigas em seus ensinamentos. No ano de 1841, Bento Mure criou um projeto que chamou de Escola Suplementar de Medicina e Instituto Homeopático de Saí, localizado na colônia de Saí na região sul do país. A instituição teria como objetivo ensinar os princípios e a manipulação homeopática, assim como o francês, para jovens médicos da região, além de incluir um hospital e o atendimento gratuito aos mais pobres. O projeto, no entanto, não deu certo e em 1843 Mure se muda para o Rio de Janeiro onde funda o Instituto Homeopático do Brasil o qual, segundo seus próprios estatutos, tinha como objetivo “propagar a homeopatia por meio de ensino, publicações, experiências e prática desta ciência; e pela preparação dos remédios homeopáticos, os mais puros e homogêneos que seja possível obter" (GALHARDO, 1928, p. 305- 307), e contava com um consultório homeopático, o primeiro do país. Período caracterizado pelo aumento significativo da aceitação da homeopatia pela sociedade brasileira, principalmente pelos setores mais pobres da população. Nesse período, espaços que até então eram dominados pela medicina alopática começaram a abrir espaço para a homeopatia com a criação de hospitais religiosos e militares. Essa expansão, no entanto, continuou encontrando resistência por parte daqueles que eram contrários à homeopatia e que rejeitavam sua incorporação à ordem médica oficial. Implantação (1840-1859) Expansão e resistência (1859-1900) Período áureo (1900-1930) Período complexo no qual, embora ainda encontrasse resistência, a homeopatia e seus defensores conseguiram marcos importantes como a equiparação e oficialização da medicina homeopática à medicina alopática, permitindo a criação de escolas, hospitais e ligas com a finalidade de incentivar e promover o uso de medicamentos homeopáticos. Esse período marca o reconhecimento da homeopatia como conhecimento científico. Período no qual o uso e a popularidade da homeopatia entraram em queda. Até o final dos anos de 1920, a homeopatia manteve seu uso e força na sociedade, mas acredita-se que a chegada da terapêutica química com medicamentos como as sulfas e, posteriormente, os antibióticos, como a penicilina, fizeram com que a homeopatia perdesse espaço, tendo seu uso retomado com maior relevância a partir dos anos 1980. O histórico da homeopatia - Quiz Neste vídeo, o especialista discutirá questões relacionadas ao histórico da homeopatia na forma de Quiz. Declínio da homeopatia (1930-1975) Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 O princípio da cura pelos semelhantes, Similia similibus curantur, diz que “A doença é produzida pelos semelhantes e pelos semelhantes o paciente retorna à saúde", ou seja, semelhante cura semelhante. Esse aforismo foi descrito primeiro por: Parabéns! A alternativa D está correta. Hipócrates desenvolveu três teorias que ficaram conhecidas como teorias hipocráticas. Essas teorias afirmavam que existiam três maneiras pelas quais um indivíduo poderia ser curado de uma doença, através dos semelhantes, dos contrários ou pela via natural. Questão 2 Hahnemann começou sua prática médica seguindo o modelo da época em que estava inserido, mas uma experiência ao longo de sua trajetória o fez se aprofundar nos estudos da cura pelos semelhantes.Essa experiência foi: A Galeno B Hahnemann C Cullen D Hipócrates E Paracelso A Estudos sobre o vitalismo. Parabéns! A alternativa E está correta. Hahnemann discordou da descrição feita por Cullen acerca dos efeitos da quina e começou a experimentá-la por vários dias. Ao longo dos dias, percebeu que estava desenvolvendo sintomas semelhantes aos apresentados pelos indivíduos com malária e, por isso, resolveu fazer uma experimentação com homens sadios para que pudesse comprovar sua teoria. 2 - O recrudescimento da homeopatia e da farmácia homeopática Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car o recrudescimento da homeopatia no Brasil após os anos 1980. B Contato com as correntes filosóficas da época. C Frustração com os modelos de tratamento empíricos. D Próprio contágio da malária. E Tradução da Matéria Médica de Cullen a respeito da quina. Recrudescimento da homeopatia no Brasil – anos 1960 e 1970 Os movimentos de contracultura, iniciados no final dos anos 1960, produzem alterações e reflexos em todas as áreas do conhecimento, provocando uma alteração profunda nos modos e costumes das gerações posteriores. São questionados os modelos educacionais, de comportamento, de vestuário, chegando até o questionamento sobre os diferentes papéis do homem e da mulher na sociedade. Na medicina, o modelo hegemônico que vigorava até aquele período foi também alvo de contestação, não só pelos estudantes de medicina, mas também por parcela da sociedade civil organizada. A medicina contemporânea, imperando no final de século XX, estava alicerçada no paradigma anátomo-morfofisiológico e em todo o aparato tecnológico utilizado para descobrir de modo incessante, a origem etiológica da doença. Saiba mais Disciplinas como a fisiopatologia, a bioquímica, a genética e, recentemente, a biologia molecular eram utilizadas para determinar não só o “modo de funcionamento do organismo humano”, mas, principalmente, especificar com os detalhes as origens do adoecer dos seres humanos. A prática médica consolidou-se, ao longo do século XX, como ciência em detrimento da arte de curar, privilegiando as especialidades médicas, além de transformar o uso dos novos equipamentos e tecnologias de diagnósticos ou de intervenção cirúrgica em instrumentos indissociáveis da prática médica corrente. Este fenômeno de transformação da arte de curar é decorrência da convivência contraditória por meio de uma tripla cisão entre a prática médica de combate às doenças (práxis), o agir clínico (tekné) da unidade relacional terapêutica médico-paciente e a introdução de tecnologias “frias” que acabam diminuindo o contato do médico com o corpo do paciente. Esta cisão justificaria a procura de parcela da população por outra(s) racionalidade(s) médica(s), além de sinalizar para o profundo mal-estar cultural de parte da sociedade ao modelo hegemônico da medicina. Alguns autores argumentam que este retorno à natureza e a procura por sistemas alternativos de terapêutica se opoem frontalmente ao establishment médico vigente, representando uma tendência ao naturismo, como significado de busca de tratamentos menos invasivos e não iatrogênicos, ligados às racionalidades médicas tradicionais, como as medicinas indiana, chinesa e homeopática. Além disso, houve uma busca por medicamentos de origem natural (não sintéticos), em sua maioria fitoterápicos, além de práticas terapêuticas como ioga, meditação, acupuntura, dentre outras. Racionalidade(s) médica(s) O termo foi criado em 1993 pela pesquisadora Madel Luz e é, segundo Tesser (2006) “um conjunto integrado e estruturado de práticas e saberes composto de cinco dimensões interligadas: uma morfologia humana (anatomia, na biomedicina), uma dinâmica vital (fisiologia), um sistema de diagnose, um sistema terapêutico e uma doutrina médica (explicativa do que é a doença ou adoecimento, sua origem ou causa, sua evolução ou cura), todos embasados em uma sexta dimensão implícita ou explícita: uma cosmologia”. Iatrogênicos Refere-se a um estado de doença, efeito adverso ou complicações decorrentes de um procedimento médico Certamente, a busca pelo natural, pelo menos agressivo, remete o indivíduo à sua busca constante por um modo de curar. Se a medicina contemporânea escolheu como modo de atuação a ciência das doenças, privilegiando a tecnologia médica intervencionista e medicamentosa à clínica, como arte terapêutica, o indivíduo não abandonou o seu desejo de curar-se, proporcionando um movimento de busca de outras terapêuticas e/ou racionalidades que pudessem suprir o hiato deixado pelo modelo médico oficial. Não se tratava de modo algum de trocar uma racionalidade já estabelecida socialmente e legitimadas pelas inovações tecnológicas. A questão que se estabeleceu, neste momento, foi a de propor alternativas ao modelo hegemônico, buscando-as tanto nas medicinas tradicionais de cada país como nas terapêuticas com maior afinidade pela arte de curar. Estavam criadas, do ponto de vista social, as condições propícias para o ressurgimento da terapêutica homeopática e a difusão no Brasil da medicina tradicional chinesa no cenário médico do final dos anos 1970 e início dos anos 1980. Por outro lado, a medicina indiana não teve grande difusão, concentrando-se em pequenos núcleos espalhados pelo país. A crise do modelo hegemônico na medicina A crise do modelo hegemônico na medicina não se restringiu à população; também os gestores de saúde se referiram à crise deste modelo durante a Conferência de Alma Ata, realizada em 1978. Promovida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a Conferência declarou a falência do modelo vigente, apresentando-o como inapto a resolver os problemas básicos de saúde que afligiam a população mundial. Nesta conferência, foi proposto um estímulo às nações para que buscassem modelos alternativos de atenção médica, mais simples, com custo menor, que apresentassem maior eficácia e que fossem acessíveis a toda a população. No Brasil, a declaração de Alma Ata, como ficou conhecido o documento final da Conferência da OMS, refletiu de forma positiva para os terapeutas e clínicos alternativos, legitimando socialmente no país o movimento das medicinas tradicionais. Havia naquele momento, no país, o acompanhamento de todo o movimento da contracultura em nível mundial, um movimento em prol das terapêuticas naturistas. Paralelamente a estas novas demandas sociais, o modelo assistencial de saúde vigente no Brasil, baseado na especialização e na tecnologia médica, entrava em colapso. Os estudantes da área biomédica também deram a sua parcela de contribuição, a seu modo, para o ressurgimento das medicinas alternativas no país, em particular da homeopatia, ao questionarem de modo veemente, no final dos anos 1970, o ensino médico vigente, associando-o à ordem política autoritária que imperava no país. Os estudantes organizavam-se para protestar contra o regime militar e para terem melhores condições de ensino na área biomédica. O fórum para esses debates foram os Encontros Científicos de Medicina (ECEM) realizados a partir de 1974 e os Encontros Nacionais de Estudantes de Farmácia (ENEF), ocorridos a partir de 1978. Os ECEMs, por congregarem um número maior de estudantes, tornaram-se um importante fórum de debates acerca do modelo hegemônico da medicina no país. Saiba mais Um dos debates surgidos referia-se à homeopatia e às medicinas alternativas, propiciando um espaço para estes debates nos Encontros Nacionais de Estudantes Interessados em Homeopatia (ENEIHs), realizados periodicamente. Um outro fenômeno que derivou também desses encontros foi o surgimento de grupos de estudo por cidade, ou mesmo por instituição de ensino, congregando médicos, farmacêuticos, veterinários, estudantes de filosofia e biólogos interessados em plantas medicinais. Esses grupos de estudo foram, em sua maioria, embriões de cursos de formação de homeopatia pelo país. Muitas vezes, os estudantes concluíamo ciclo profissional já com as atenções voltadas para a homeopatia. Foram esses estudantes alternativos da área biomédica os responsáveis pela sustentação da homeopatia enquanto prática médica na sociedade brasileira, a partir do final da década de 1970. Oriundos do movimento de contracultura, esse grupo de estudantes optou por novos modelos terapêuticos, além de questionarem o modelo assistencial praticado pelo governo, reivindicando políticas de saúde mais eficazes e democráticas para a população. Saiba mais Pelo fato de o Brasil ser um país periférico do desenvolvimento capitalista, com políticas de saúde atreladas ao modelo econômico estabelecido pelos países desenvolvidos, principalmente no período da ditadura militar, as políticas de saúde implantadas acentuaram muito a enorme desigualdade social do país e estimularam a crise da medicina. Após sucessivas tentativas comandadas, durante os anos 1970, pelos Generais da Homeopatia em entidades como Associação Médica Brasileira (AMB) e o Conselho Federal de Medicina (CFM), o reconhecimento da homeopatia como especialidade médica ocorreu por meio da Resolução no 1000/80 do Conselho Federal de Medicina. Na área da farmácia, o reconhecimento junto ao Conselho Federal de Farmácia (CFF), por meio da Resolução aconteceu com certa rapidez, pois a farmácia homeopática era vista pelos órgãos fiscalizadores e pelos líderes da profissão como mais um lócus de atuação do farmacêutico. Para o farmacêutico, a homeopatia surgiu como perspectiva de atuação em um novo mercado de trabalho. Ele foi convocado a gerenciar todos os processos pelo qual o medicamento passa até chegar ao usuário. O farmacêutico homeopata foi fundamental como um dos elos na relação médico-medicamento-paciente, com vital importância para que a prática médica homeopática fosse eficaz. Além disso, a homeopatia, ao privilegiar o medicamento homeopático como um dos pilares da sua terapêutica, favorecia a que ele exercesse com plenitude a assistência farmacêutica preconizada pelas lideranças e pelos documentos das entidades representativas da categoria naquele período. O recrudescimento da homeopatia e da farmácia homeopática no Brasil Neste vídeo, veremos os marcos históricos do recrudescimento da homeopatia no Brasil, traçando um paralelo com os acontecimentos social, político e econômico brasileiros da época. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A medicina passou por um longo processo de transformação, tornando-se a ciência responsável por combater as doenças e ser possível controlar as mortes, em plano coletivo. Este modelo hegemônico se contrapõe à contracultura que busca: Parabéns! A alternativa E está correta. A contracultura surgiu com a ideia de buscar se aproximar mais da natureza, de métodos menos invasivos e agressivos, que focasse não na doença, mas na cura do indivíduo, ou seja, na arte de curar. A Uma medicina alicerçada no paradigma anátomo- morfofisiológico. B Descobrir a origem etiológica da doença e privilegiar as especialidades médicas. C No enfoque de disciplinas como fisiopatologia, bioquímica, genética e mais recentemente a biologia molecular. D Uma medicina ocidental contemporânea com novos fármacos e equipamentos de diagnóstico mais elaborados. E Uma ciência baseada na arte de curar. Questão 2 A redescoberta da homeopatia se deu na década de 1970, acompanhado pelo movimento de contracultura e um movimento no país em prol de terapêuticas naturistas. Um dos marcos importantes dessa terapêutica no Brasil foi: Parabéns! A alternativa C está correta. Os estudantes de farmácia, nos ENEF, e os de medicina, nos ECEM, tiveram importância fundamental na retomada da homeopatia a partir do final da década de 1970. No entanto, o reconhecimento da homeopatia como especialidade médica incentivou outras categorias a fazerem o mesmo e alavancou seu uso pela população em geral. A Movimento dos estudantes de farmácia nos ENEIHs. B Legitimação da Homeopatia em outras áreas da saúde como a farmácia, a odontologia e a veterinária. C Reconhecimento da Homeopatia pela AMB como especialidade médica. D Aceitação da população destas terapêuticas alternativas. E Insatisfação com as soluções oferecidas tanto pelo governo como pela rede privada. 3 - Racionalidade homeopática Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar a racionalidade homeopática em comparação com as outras racionalidades médicas. A homeopatia como racionalidade médica A homeopatia, além de ser uma especialidade médica, foi elevada à categoria de “racionalidade médica”. Esse termo foi criado pela pesquisadora Madel Luz para se referir a um sistema médico complexo (SMC) estruturado. Segundo a criadora, existem seis dimensões básicas que qualificam as raízes filosóficas das racionalidades médicas. São elas: Morfologia humana (na biomedicina, anatomia) Define a estrutura e a forma de organização do corpo. Dinâmica vital humana (na biomedicina, �siologia) D fi i t d it lid d ilíb i As racionalidades médicas podem ser divididas em antigas e recentes. As mais antigas foram passadas através da oralidade ou de textos Define o movimento da vitalidade, seu equilíbrio ou desequilíbrio no corpo, suas origens ou causas. Doutrina médica Define, em cada sistema, o que é o processo saúde- doença, o que é a doença ou adoecimento, em suas origens ou causas, o que é passível de tratar ou curar (na biomedicina, o que pertence ou não à clínica). Sistema diagnóstico Determina se há ou não um processo mórbido, sua natureza, fase e evolução provável, origem ou causa. Sistema terapêutico Determina as formas de intervenção adequadas a cada processo mórbido (ou doença) identificado pela diagnose. Cosmologia Conjunto organizado e definido de visão de mundo e conhecimentos que suportam suas concepções, premissa e corolários decorrentes, leis e todo o conjunto de procedimentos que executa no exercício de sua arte de curar. clássicos. A medicina tradicional chinesa (MTC) e a Ayurvédica, desenvolvidas na China e na Índia, respectivamente, existiram por milênios antes do desenvolvimento da medicina convencional baseada em ciências naturais. Enquanto a homeopatia e medicina antroposófica são mais jovens, com menos de 250 anos. As racionalidades médicas têm diversas semelhanças, a saber: 1. Uma compreensão holística sobre o homem e a natureza, e sobre a doença e a cura. Não focando apenas na doença, mas nas dimensões física, emocional, mental, espiritual e social do indivíduo. 2. A promoção da saúde, prevenção e cura das doenças. 3. O tratamento individualizado com base em uma abordagem sistêmica, Vitalista. Todo ser humano é dotado de uma energia vital que mantém o organismo hígido, saudável. 4. Uso medicinal de um grande número de substâncias e produtos medicinais diferentes, principalmente de plantas, mas também de origem mineral e animal (por exemplo, 700 espécies de plantas medicinais em MTC, mais de mil substâncias em homeopatia, mais de 4.000 espécies de plantas medicinais na ayurvédica, e mais de 800 substâncias na medicina antroposófica). Dentre as diferenças das racionalidades médicas, pode-se apontar: Diferentes linguagens usadas, incluindo diferentes conceitos de níveis de totalidade. Diferentes sistemas de diagnóstico utlilizados. Diferentes modalidades terapêuticas específicas. As modalidades terapêuticas específicas abrangem, por exemplo, acupuntura na MTC, terapias artísticas na medicina antroposófica, massagem, exercícios físicos, hidroterapia, termoterapia, meditação e dieta. Veja a tabela a seguir que traz a comparação entre as diferentes racionalidades médicas. Racionalidades Médicas Homeopatia MTC Conceitos chave Semelhante cura semelhante, dose mínima, experimentos em pessoas saudáveis 2 forças (yin, yang), energia vital (Qi), 5 elementos, meridianos Produtos medicinaise substâncias Origem animal, vegetal, mineral, definidos quimicamente e bioterápicos Plantas, minerais, animais Outros tratamentos não medicamentosos Tomada de caso, aconselhamento sobre estilo de vida acupuntura, moxabustão Exercícios físicos Sim Qigong, Tai Chi Auto tratamentos Redução de estresse Dieta Sim Sim Tabela 1: Diferenças entre as racionalidades médicas. Adaptado de BAARS, 2017. Apesar do senso comum acreditar que a medicina convencional e as racionalidades médicas apresentam apenas diferenças entre si, estudiosos da área acreditam que há também uma série de similaridades que derivam da evolução da medicina convencional Entre elas, podemos citar um processo de tomada de decisão compartilhada, o aumento do papel das preferências e autonomia do paciente, a noção de que estudos clínicos para as diversas condições humanas e seus tratamentos são limitados principalmente em função dos custos e da complexidade e o desenvolvimento de uma medicina personalizada em favor dos protocolos-padrão. Ainda assim, diferenças seguem existindo e foram resumidas na tabela a seguir. Medicina convencional Racionali Filosofia Modelo Humanístico/Biomédico Modelo b Saúde Situação padrão da máquina Resultado (por exem Restauran "Resultad autorregu ou psicos integridad Doença Quebra da máquina Desvio de normas biológicas Não há significado intrínseco Expressã insuficiên totalidade Desequilí psicológic Vincula u humano Diagnóstico Nível de grupo (muitas vezes, mas nem sempre) Nível indiv Nível de s Tratamento Diretrizes/protocolos orientados para o grupo (muitas vezes) Luta contra a doença Requer recursos externos Uso de farmacoterapia com efeitos predominantemente específicos e alto uso de tecnologia Intervenç Promoçã Requer re espírito e devem se Uso de fa não medi Tabela 2: Diferenças entre medicina convencional e racionalidades médicas. Adaptado de BAARS, 2017. A racionalidade médica homeopática Vamos ver a seguir item a item os componentes da racionalidade médica homeopática: É a visão de mundo e conhecimentos que amparam o exercício da arte de curar. No caso de Hahnemann, ele não deixa explícita suas convicções quanto à concepção de vida e de universo, mas, em diferentes trechos e momentos de suas obras, é possível notar que ele acredita que o universo foi criado por um Deus e que cada ser vivo tem uma razão de existir. Ele estabelece ainda que os seres vivos não são formados apenas pela matéria orgânica que os compõem, mas também pela vitalidade, uma força que mantém a existência e garante a singularidade a cada ser. O vitalismo é presença marcante na homeopatia assim como a dynamis, a essência da vida sempre em movimento e em estado de equilíbrio autossustentado. Para a homeopatia, o homem é uma composição indissociável da matéria orgânica, da Cosmologia energia/força vital e do espírito. Nenhum representa o homem sem o outro. Na homeopatia, as alterações de saúde (doenças) são manifestações do desequilíbrio da energia vital do homem, ou seja, quando o indivíduo está enfermo, não é apenas o local afetado que está doente, mas todo ele. Por isso, o objetivo do homeopata deve ser reconhecer as alterações na ordem natural do organismo e restabelecê-la. Para isso, o homeopata deve: - Ter clareza no que há para ser curado em cada caso patológico; - Ter clareza de qual é a propriedade curativa de cada substância em particular; - Saber a dose correta e o modo correto de preparação para cada caso. A morfologia segue a anatomia clássica dos órgãos e sistemas, mas define que estes estão a serviço das funções e sensações próprias do organismo humano, ou seja, a morfologia está intrinsecamente relacionada à função. Existem quatro planos de manifestação na morfologia homeopática, sendo eles o plano estrutural, o plano funcional, o plano sensorial e o plano espiritual, que se influenciam mutuamente. Para a homeopatia, uma disfunção orgânica pode ter origem no plano mental ou espiritual uma vez que levam a desequilíbrios na força vital do indivíduo. O homeopata tem a obrigação de observar a dinâmica vital do paciente, utilizando todas as manifestações do organismo como guia. É necessário avaliar o estado de equilíbrio, mensurando-o, estabelecendo prognósticos e acompanhando as modificações ao longo da terapêutica de escolha. Doutrina médica Morfologia Dinâmica vital Como quantificar a saúde do paciente com base na dinâmica vital? Primeiro, não esquecer o senso de unidade do organismo. Todas as manifestações expressas pelo organismo devem ser levadas em consideração para avaliar a saúde do indivíduo. Depois, entender se as manifestações estão associadas ao plano estrutural, funcional, sensorial ou espiritual. As alterações observadas são de aumento ou de diminuição? Qual é a intensidade e duração? Quantas partes do organismo estão afetadas? Qual é a relevância das partes afetadas para a manutenção da vida? O objetivo fundamental do diagnóstico é individualizar o paciente. O diagnóstico clínico é importante, mas é necessário entender o que torna esse paciente único e como sua vivência e experiência estão afetando sua saúde. Para isso, faz-se necessária uma entrevista extensa e abrangente. Além disso, é necessário que o homeopata seja observador e capaz de perceber o que é estranho, raro e exclusivo do paciente a ser tratado. Esses sintomas individualizantes são aqueles que raramente estão vinculados à doença principal, que não estão presentes em todas as enfermidades, que pertencem a um campo diferente de ação do que o transtorno dominante, entre outros. Sistema diagnóstico Centrado na administração de medicamentos, mas o homeopata deve lembrar ao paciente da importância da regularidade na vida e da necessidade de atividades físicas como instrumentos de manutenção da saúde. Na homeopatia, o objetivo nunca é calar o sintoma, mas sim a direção dos sintomas dentro dos planos e a categoria aos quais pertencem, se mais ou menos vitais. O processo do estabelecimento de doença acontece na seguinte ordem: Plano sensorial -> Plano funcional -> Plano estrutural -> Plano espiritual Logo, na cura, os sintomas devem fazer o processo contrário até que desapareçam completamente. Para facilitar a compreensão das características classificatórias da racionalidade homeopática, Luz (1993) apresenta, dentro do projeto de estudos das racionalidades médicas, a tabela abaixo: COSMOLOGIA DOUTRINA MÉDICA MORFOLOGIA Implícita Vitalismo Vida Universal Ordem Universal Leis Teleologismo Homem=Unidade (corpo-espírito- energia vital) Homem em relação com universo Energia Vital como manifestações Alterações energia vital=Sintomas Lei de Cura Terapêutica por semelhantes Experimentação em Homem São Anatomia Clássica Especificidade morfofuncional Unidade Estrutural- funcional- sensorial Analogias funcionais Sistema terapêutico Tabela 3: Resumo das seis dimensões da homeopatia que a caracteriza como racionalidade médica LUZ, H.S. 1993. Pág. 34. Racionalidades médicas x racionalidade homeopática Neste vídeo, o especialista apresentará as semelhanças e diferenças entre racionalidades médicas. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 As racionalidades médicas são constituídas por seis dimensões básicas. Assinale a alternativa que apresenta corretamente essas dimensões: Parabéns! A alternativa C está correta. A individualidade do paciente deve ser o foco do sistema diagnóstico na homeopatia e a religião não entra em nenhum momento da teoria homeopática. Sendo assim, as seis dimensões que compõem a racionalidade médica são a cosmologia, morfologia humana, dinâmica vital humana, doutrina médica, sistema diagnóstico e sistema terapêutico. Questão 2 Na homeopatia, o processo de adoecimento e de cura ocorre seguindo a hierarquia dos quatro planos existentes.Marque a opção que traz corretamente a ordem do processo de adoecimento: A Morfologia humana, força vital, doutrina médica, sistema diagnóstico, individualidade do paciente e sistema terapêutico. B Religião, morfologia humana, dinâmica vital humana, doutrina médica, sistema diagnóstico e sistema terapêutico. C Cosmologia, morfologia humana, dinâmica vital humana, doutrina médica, sistema diagnóstico e sistema terapêutico. D Morfologia humana, força vital, doutrina médica, sistema diagnóstico, religião e sistema terapêutico. E Cosmologia, morfologia humana, dinâmica vital humana, doutrina médica, sistema diagnóstico e individualidade do paciente. Parabéns! A alternativa A está correta. Os quatro planos são sensorial, estrutural, funcional e espiritual e o processo de adoecimento acontece nesta ordem. 4 - Pesquisa e legislação em homeopatia A Plano sensorial -> Plano funcional -> Plano estrutural -> Plano espiritual B Plano espiritual -> Plano funcional -> Plano estrutural -> Plano tátil C Plano sensorial -> Plano funcional -> Plano espiritual -> Plano estrutural D Plano tátil -> Plano funcional -> Plano estrutural -> Plano espiritual E Plano sensorial -> Plano estrutural -> Plano funcional -> Plano espiritual Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os marcos regulatórios e as áreas de pesquisa em homeopatia. Pesquisa em homeopatia e o modelo �sico-químico Características da pesquisa em homeopatia A homeopatia é uma ciência baseada em evidências. Desde a sua criação, o seu fundador utilizou métodos experimentais e observacionais que provaram a sua eficácia e segurança clínica. Na prática, a homeopatia está presente nas áreas da saúde humana, animal, vegetal e, mais recentemente, na ecologia. Com essa diversidade de aplicação, mais pesquisadores têm se interessado na compreensão dos mecanismos de ação dos medicamentos dinamizados. A pesquisa em homeopatia busca responder a duas perguntas essenciais para o entendimento dessa ciência: Se a homeopatia funciona e como age o medicamento homeopático. Pode-se dividir didaticamente os estudos principais de pesquisa em homeopatia que: Buscam evidenciar a e�cácia da homeopatia Incluem os estudos clínicos (humanos e veterinários) e os estudos em agroecologia. Buscam elucidar os mecanismos de ação dos medicamentos homeopáticos Incluem os modelos físico-químicos e ensaios celulares. Modelos físico-químicos Os medicamentos homeopáticos são ultradiluídos. Doses ponderais podem ser quantificadas pelos métodos atuais, porém, para as altas diluições, poucas ferramentas são capazes de detectar mudanças tão sensíveis. A partir da potência 12CH e 24DH, não há mais moléculas do insumo ativo que deu origem ao medicamento, no entanto, as propriedades deste ativo são potencializadas a cada dinamização. Na tentativa de explicar o mecanismo de ação dos medicamentos homeopáticos, algumas explicações racionais e científicas têm sido estudadas. As teorias que tentam explicar o comportamento dos sistemas líquidos dinamizados baseiam-se em modelos físico-químicos e estruturais, tais como, memória da água, modelos dos clatratos, dos domínios coerentes e formação de nanopartículas. Teoria da “memória da água” A água é considerada um solvente universal, sua estrutura é composta por dois átomos de hidrogênio (H) ligados a um átomo de oxigênio (O). Essa estrutura leva à polarização das ligações H-O. As cargas positivas parciais (+) são expostas pelos átomos de hidrogênio, enquanto o átomo de oxigênio expõe sua carga negativa parcial (-). A presença de dois prótons (H+) e dois pares isolados de elétrons do oxigênio permite que a molécula da água tenha mais quatro ligações adjacentes. Os rearranjos das ligações originam formas tetraédricas, como observado na estrutura cristalina do gelo. As fortes interações intermoleculares influenciam significativamente nas propriedades físico- químicas da água. Exemplo Muitas alterações no comportamento da água em solução podem ser observadas após sucessivas dinamizações, como condutividade elétrica, pH e espectro de fluorescência. A teoria da “memória da água'' se apoia nessa premissa de que a água, ao ser agitada vigorosamente, na presença de um insumo ativo, tem as suas propriedades físico-químicas modificadas e essas informações permanecem conservadas pela molécula de água. Ou seja, as impressões da substância original �cariam armazenadas na água, sendo transferidas a cada dinamização. Hahnemann preparou altas diluições entendendo que nada da substância química original permaneceria. Porém, o poder curativo da solução estava ativo e conservado na água. Essa teoria foi proposta pelo cientista francês Jacques Benveniste por meio de ensaios laboratoriais na década de 1990. O seu trabalho relatou que os basófilos, glóbulos brancos, que controlam a reação do corpo a alérgenos, podem ser ativados para produzir uma resposta imune por soluções de anticorpo que foram diluídos até o ponto de não conter nenhuma dessas biomoléculas. Era como se as moléculas de água preservassem a memória dos anticorpos com os quais haviam estado em contato anteriormente e, assim, o efeito biológico permanecesse quando os anticorpos não estivessem mais presentes. Intrigado com esses achados, Luc Montagnier, virologista que ganhou o prêmio Nobel de Medicina em 1988 pela descoberta do vírus da AIDS, retomou as pesquisas de Benveniste. Seu trabalho demonstrou que algumas sequências de DNA bacteriano e viral eram capazes de induzir ondas eletromagnéticas, mesmo em altas diluições aquosas. Modelo dos clatratos O modelo dos clatratos, conhecido como “clusters”, ou agregados de moléculas de água, são estruturas geométricas complexas que se formam após o processo de dinamização. Essas figuras, que podem estar internamente vazias, especialmente após a ultradiluição, se organizam a partir de diferentes ligações de hidrogênio e outras ligações químicas, como dipolos entre hidrogênio e íons hidroxila. Segundo este modelo, após as diluições e sucussões necessárias à produção das soluções homeopáticas, clatratos vazios seriam formados. Agregados de moléculas de água. Entretanto, esses clatratos vazios formados seriam capazes de manter os núcleos equivalentes do padrão originalmente induzido pela substância ativa, utilizada no preparo das primeiras dinamizações homeopáticas, dando origem a nichos ou gaiolas. Este modelo é muito especulativo, mas a presença de clusters na água é bem estabelecido por simulações computacionais e evidências analíticas. A possibilidade de que os clusters podem formar gaiolas em nanoescala é aceita através da espectroscopia por infravermelho e difração de raio-X que confirmam os aglomerados das moléculas de água. Modelos dos “domínios coerentes" Este modelo defende a existência de domínios coerentes de água, cujos dipolos elétricos poderiam oscilar em fase criando um equilíbrio dinâmico. Os líquidos não estão em um sistema estático ligados por ligações hidrogênio e dipolos, mas em ligações induzidas por radiação de longo alcance. Assim, nesta teoria, os átomos, moléculas, elétrons e núcleos estarão em flutuações quânticas, sintonizados, dando origem a uma oscilação coletiva, na qual todo o sistema se comportaria como um só, sem perder as características de cada componente, logo, através deste regime dinâmico, existiria o domínio de coerência. Formação de “nanopartículas” A presença de aglomerados, nanopartículas e nanobolhas nas altas diluições homeopáticas mostram que a água pura não existe. Mesmo as soluções mais puras obtidas por destilação e/ou ultrafiltração irão conter gases dissolvidos e traços de contaminantes que interagem química ou fisicamente com o meio. Saiba mais Experimentalmente, foram observados agregados em soluções aquosas composto por eletrólitos fortemente solvatados, moléculas orgânicas, biomoléculas e aglomerados de até 280 moléculas de água com tamanho de 0,5 a 6µm.As nanopartículas possuem propriedades interessantes como maior biodisponibilidade, capacidade de adsorção, reatividade e propriedades eletromagnéticas e quânticas que diferem do mesmo material quando na sua forma em massa (bulk). Modelos biológicos e pesquisa clínica Modelos biológicos Os estudos realizados in vitro, com culturas celulares, avaliam a atividade biológica, observando mecanismos de adaptação celular e processos de sinalização intracelular em resposta aos medicamentos homeopáticos. A priorização dos estudos in vitro que utilizam métodos alternativos ao uso de animais tem sido conhecida como estudos translacionais. Os resultados obtidos através desses estudos in vitro ou em modelos animais e vegetais têm sido incentivado, pois permite uma rápida aplicabilidade clínica. Um desses estudos demonstrou que a co-cultura de macrófagos com Leishmania amazonensis tratada com Antimonium crudum 30CH in vitro levou a uma redução da atividade lisossomal e na produção de quimiocinas envolvidas no recrutamento de monócitos no sítio inflamatório. No entanto, não foi observado que o tratamento levava ao aumento da digestão do parasita. Em uma situação hipotética, pacientes tratados com Antimonium crudum 30CH poderiam obter melhoras das lesões inflamatórias, mas não a eliminação da infecção. Holandino e colaboradores vêm estudando as propriedades físico- químicas de soluções dinamizadas preparadas a partir de medicamentos de origem vegetal, biológica, sintética e mineral, em potências decimais, centesimais e cinquenta-milesimais. Os trabalhos científicos em diferentes modelos celulares evidenciaram que os medicamentos homeopáticos promovem alterações biológicas, porém, os mecanismos pelo qual essas soluções ativam sensores biológicos estão longe de ser esclarecidos. A eficácia dos medicamentos dinamizados e a sua ação em sistemas biológicos podem ser investigados também em plantas. Conheça as vantagens e desvantagens deste modelo de estudos: Vantagens Ausência de efeito placebo, grande número amostral e de dados disponíveis, curto período de execução, baixo custo e não necessitam de aprovação de comitês de ética. Essas são as principais vantagens, havendo ainda inúmeras delas. Desvantagens Ausência de experimentação patogenética, o que possibilitaria a seleção do medicamento individualizado para cada espécie vegetal. Parâmetros relevantes ou artefatos podem agir no desenvolvimento e saúde da planta dificultando a reprodutibilidade dos ensaios. O uso de preparações homeopáticas em modelos de plantas é dividido, conforme ao propósito a que se destina e compreende estudos em: Plantas sadias Um modelo útil para investigar questões relacionadas à potência ou à dinamização. Fitopatológico Um modelo que visa estudar a aplicação da homeopatia no controle de pragas e manejo de plantas doentes, muito difundido nos dias de hoje na agroecologia e na agricultura orgânica, conhecido como agrohomeopatia. Plantas submetidas a fatores de stress abiótico (toxidez mineral, salinidade, pH etc.) Um modelo onde se empregam agentes estressores ultradiluídos para restabelecer o estado de saúde, conforme a lei da semelhança. Pesquisa clínica A pesquisa clínica envolve seres humanos ou animais e busca avaliar se um medicamento ou um procedimento terapêutico é seguro e eficaz. Existem dois tipos de pesquisa clínica, estudos observacionais e ensaios clínicos. Os ensaios clínicos podem ser utilizados na prevenção, no tratamento ou mesmo no alívio dos sintomas de uma doença. Os seres humanos participam voluntariamente para fornecer respostas a perguntas como: O tratamento funciona? Funciona melhor que outros tratamentos? Tem efeitos colaterais? Além dessas informações importantes, estes estudos podem fornecer informações sobre a relação custo-benefício de um tratamento e como o tratamento melhora a qualidade de vida do paciente. Na homeopatia, os dossiês especiais, revisões sistemáticas e mapas de evidência buscam reunir centenas de estudos científicos, publicados em revistas indexadas, que atestem a eficácia e segurança da terapêutica homeopática. O mapa de evidências representa, de forma sistematizada, o resultado de uma ampla busca na base de dados de estudos clínicos. A categorização e a qualificação são realizadas por pesquisadores especializados que contribuem fazendo uma análise das abordagens terapêuticas, condições clínicas específicas, desfechos clínicos, bem como, produzindo um banco de dados que serão utilizados na construção do mapa. O mapa de homeopatia foi construído com base nas publicações entre 1991 e 2021, reunindo 51 trabalhos científicos. Cerca de 45% desses estudos apresentaram desfechos para as doenças crônicas, infectocontagiosas e metabólicas. Dos 51 artigos selecionados, 19% mostraram resultados positivos para dor e saúde mental, 7% para saúde reprodutiva, 7% para saúde bucal e 7% para bem-estar e qualidade de vida. O tratamento com medicamentos individualizados mostrou resultados positivos, em sete revisões de alto nível de confiança, para fibromialgia, otite média, diarreia e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade em crianças (TDAH). Enquanto o uso de complexo manipulado apresentou resultado positivo para síndrome pós-menopausa. O tratamento individualizado é aquele que segue o princípio da semelhança, o clínico faz a escolha do medicamento com base na observação do paciente, selecionando o medicamento que apresente maior similitude com os sintomas do indivíduo (CABSIN/BIREME/OPAS/OMS/FIOCRUZ, 2021). Pesquisa em homeopatia Neste vídeo, o especialista apresentará exemplos a respeito da pesquisa em homeopatia. Legislação em homeopatia O farmacêutico e a farmácia homeopática realizam um serviço de saúde indispensável na sociedade. A prestação desse serviço contribui para a promoção e recuperação da saúde da população. Para garantir um serviço, sob os mesmos padrões de qualidade em todas as localidades do país, o profissional e o estabelecimento devem obedecer às regulamentações exigidas pelos órgãos competentes. O principal órgão regulamentador, nesse contexto, é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), criada em 1999, por meio da Lei 9.782. Uma das funções da ANVISA é regulamentar a produção, distribuição, comercialização e dispensação dos medicamentos no país. Como se trata de um serviço que atende à saúde pública, o Estado, por meio dos poderes representados, legislativo, executivo e judiciário, participa, respectivamente, na elaboração, execução e cumprimento das legislações pertinentes à Farmácia. Assim, a farmácia e o farmacêutico estão sujeitos a uma série de leis federais, estaduais e municipais, como também, aos seus respectivos conselhos, Conselho Federal de Farmácia e Conselho Regional de Farmácia, que regulamentam o exercício da profissão. O farmacêutico, portanto, responde não só pelos seus atos técnicos, mas também pelo ato de terceiros sob a sua responsabilidade no desempenho das suas funções. Com isso, o profissional está sujeito às implicações éticas, civis e criminais, bem como, às leis sanitárias e demais regulamentações. A regulamentação da farmácia homeopática no Brasil tem seu início com a separação da prática farmacêutica da prática médica marcado pelo Decreto n° 9.554 no ano de 1851 que concede o direito de exclusividade da manipulação de medicamentos homeopáticos pelo farmacêutico. Mas, somente no século XX, é que os principais dispositivos legais ganham notoriedade e importância para os estabelecimentos que prestam serviços de saúde. Os principais marcos regulatórios da homeopatia são: Decreto n° 57.477 de 1965 Que regulamentou a manipulação, receituário, industrialização e venda de produtos utilizados em homeopatia; e Portaria n° 17, de 1966, que regulamentou este decreto. Decreto nº 78.841 de 1976 Que aprova a Primeira edição da Farmacopeia Homeopática Brasileira (FHB). Res. CFM n.1.000 de 1980 Reconhece a homeopatia como especialidade médica. Res. CFF n. 176 de 1986 Define a farmácia homeopática como atividade exclusiva do farmacêutico. Res. CFMV n. 440 de 1995 Reconhece a homeopatia como especialidade médica veterinária. Para o farmacêutico homeopata, uma das resoluções mais importantes, no entanto, é a Resolução do Conselho Federal de Farmácia - nº 635, de 14 de dezembro de 2016, pois esta é a resolução que determina quais são as atribuições do farmacêutico no âmbito da homeopatia. O farmacêutico homeopata tem a responsabilidade de zelar pela qualidade e segurança dos medicamentos homeopáticos. Sua atuação pode ir desde o ensino e pesquisa até a dispensação e cuidados farmacêuticos, passando por todas as etapas de produção e garantia da qualidade. É papel do farmacêutico homeopata instruir os pacientes quanto ao uso racional de medicamentos homeopáticos, Portaria nº 1.180 de 1997 Aprova a segunda edição da Farmacopeia Homeopática Brasileira (FHB). RDC nº 39/2011 Aprova a Farmacopeia Homeopática Brasileira (FHB) - 3ª edição. Res. CFF nº 576 de 2013 Estabelece prerrogativas para o exercício da responsabilidade técnica em homeopatia. RDC nº 302 de 2019 Diz respeito à aprovação do Formulário Homeopático da Farmacopeia Brasileira, 2ª edição. participar da elaboração e atualização de marcos regulatórios da área, garantir a qualidade e o zelo pelos princípios homeopáticos nas farmácias onde houver manipulação, orientar estágios, gerir a qualidade em processos de produção de medicamentos homeopáticos, garantir o cumprimento das boas práticas de fabricação e várias outras. Outras resoluções que tratam das boas práticas, do registro e de outras questões legais podem ser consultadas na biblioteca temática da ANVISA sobre medicamentos. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Considerando as diferentes teorias de modelo físico-químico que explicam o funcionamento dos medicamentos homeopáticos, assinale a alternativa correta: A A teoria da memória da água diz que os medicamentos homeopáticos funcionam, pois a água se liga irreversivelmente a uma molécula do composto ativo para que sua memória não seja perdida. B No modelo dos clusters, são formadas “gaiolas” onde a água aprisiona o composto ativo e essa estrutura tem atividade no organismo. C Modelos biológicos não foram capazes de mostrar nenhum tipo de melhora em culturas de células tratadas com medicamentos homeopáticos. Parabéns! A alternativa E está correta. Estudos mostram que a condutividade elétrica, o pH e o espectro de fluorescência são algumas das características da água que sofrem alteração após diversas dinamizações. Questão 2 A resolução que traz as atribuições do farmacêutico homeopata é: Parabéns! A alternativa C está correta. D Na pesquisa clínica, apenas ensaios clínicos são aceitos para o estudo de medicamentos homeopáticos. E Sucessivas dinamizações levam a alterações no comportamento da água, como condutividade elétrica e pH. A Res. CFF n. 176 de 1986 B Res. CFF nº 576 de 2013 C Res. CFF nº 635 de 2016 D Res. CFF nº 1.000 de 1980 E Res. CFF nº 440 de 1995 A Resolução do Conselho Federal de Farmácia nº 635, de 14 de dezembro de 2016, é a que traz as atribuições do farmacêutico homeopata. Considerações �nais Como vimos, a terapêutica homeopática teve seu início com o Christian Friedrich Samuel Hahnemann, no final do século XVIII. A partir dos seus diversos estudos e publicações, juntamente com outros estudiosos da área, a terapêutica homeopática se desenvolveu e se consolidou como racionalidade médica. No Brasil, em 1840, a homeopatia é introduzida passa por diferentes períodos de crescente expansão, porém, com o surgimento da terapêutica química, entra em declínio. A partir dos anos 1960, a homeopatia retoma seu crescimento e hoje a produção e uso de medicamentos homeopáticos são regulamentados por um sólido aparato legal por meio de legislações específicas. Vimos ainda que, por ser uma ciência baseada em evidências, desde sua origem, teve sua eficácia e segurança clínica provadas a partir de metodologias científicas. Estudamos, ainda, que as pesquisas em homeopatia buscam entender o funcionamento e ação dos medicamentos homeopáticos no organismo e se dividem grupos distintos de estudo: aqueles que buscam evidenciar a eficácia da homeopatia e aqueles que buscam elucidar os mecanismos de ação dos medicamentos homeopáticos. Podcast Neste podcast, o especialista apresentará um resumo dos principais pontos do conteúdo. Além disso, abordará o cenário atual da homeopatia (principalmente como terapia integrante do PNPIC) e as perspectivas futuras. Explore + Para conhecer melhor a história da homeopatia, assista aos vídeos História da Homeopatia - IHB - Parte 1 e Parte 2. Leia o artigo Entre a Ciência e a Cultura: O Caso da Homeopatia Brasileira, de Luiz Otávio Ferreira e entenda mais sobre a história da homeopatia do Brasil Aprenda mais sobre a importância da Homeopatia no Sistema Único de Saúde lendo o artigo Homeopatia no Sistema Único de Saúde: representações dos usuários sobre o tratamento homeopático, publicado por Dalva de Andrade Monteiro e Jorge Alberto Bernstein Iriart. Leia a legislação existente sobre o assunto: Lei 5477/1965; Portaria 17/1966; Lei 5991/73 – capítulo 3; Decreto 78841/1976; Portaria 1180/1997; RDC da ANVISA 39/2010; Resolução do CFF 635/2016. Referências ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE HOMEOPATIA. Dossiê Especial “Evidências Científicas em Homeopatia”. Revista de Homeopatia, 2017. BAARS, E. W.; HAMRE, H. J. Whole Medical Systems versus the System of Conventional Biomedicine: a critical, narrative review of similarities, differences, and factors that promote the integration process. 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