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Introdução à Homeopatia

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Prévia do material em texto

Introdução à homeopatia
Prof.ª Tereza Cristina de Andrade Leitão Aguiar
Descrição
Conceito e história da homeopatia e da farmácia homeopática no
mundo e no Brasil, após os anos 1980. A racionalidade homeopática, a
legislação e as linhas de pesquisa em homeopatia.
Propósito
Compreender o que é a homeopatia e a racionalidade homeopática é
essencial para que o profissional farmacêutico possa atuar como
responsável técnico, tanto na farmácia como na indústria homeopática,
dentro dos termos previsto na legislação em vigor, e mantendo os
critérios de qualidade na manipulação e produção dos medicamentos
homeopáticos. Além de contribuir para o exercício da assistência
farmacêutica em homeopatia no país.
Objetivos
Módulo 1
Histórico da homeopatia e da farmácia
homeopática
Reconhecer a definição e o histórico da homeopatia e da farmácia
homeopática.
Módulo 2
O recrudescimento da homeopatia e da
farmácia homeopática
Identificar o recrudescimento da homeopatia no Brasil após os anos
1980.
Módulo 3
Racionalidade homeopática
Analisar a racionalidade homeopática em comparação com as outras
racionalidades médicas.
Módulo 4
Pesquisa e legislação em homeopatia
Reconhecer os marcos regulatórios e as áreas de pesquisa em
homeopatia.
Introdução
A homeopatia foi fundada por Samuel Hahnemann no final do
século XVIII. Desde então, a homeopatia cresceu, ganhou
vertentes e hoje está disponível inclusive no Sistema Único de

Saúde brasileiro, o SUS. Desde a introdução da terapêutica
homeopática no Brasil, em meados do século XIX (1840), a
farmácia homeopática tem sido uma área de atuação do
farmacêutico, tendo inclusive legislação específica para o setor.
Neste conteúdo, conheceremos o que é a homeopatia, um pouco
de sua história, seus fundamentos, sua importância como
racionalidade médica, os princípios que a regem e quais são os
principais marcos regulatórios que acompanharam sua evolução
desde a sua fundação. Veremos ainda como é feita e o que existe
em termos de pesquisa na homeopatia e quais são as principais
teorias que a cercam.
Vamos juntos?
1 - Histórico da homeopatia e da farmácia homeopática
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a de�nição e o histórico da homeopatia
e da farmácia homeopática.
A origem da homeopatia
Você já ouviu falar de homeopatia? Sabe o que é um medicamento
homeopático?
Se você pensou em medicamentos diluídos e em cura pelo semelhante,
está no caminho certo!
Processo de sucussão do medicamento homeopático.
A farmacopeia homeopática define medicamento homeopático como
“toda forma farmacêutica de dispensação ministrada segundo o
princípio da semelhança e/ou da identidade, com finalidade curativa
e/ou preventiva. É obtido pela técnica de dinamização e utilizado para
uso interno ou externo.”
Como podemos ver na definição, o medicamento homeopático não deve
ser simplesmente diluído, ele precisa ser dinamizado. O que isso quer
dizer? A dinamização é o processo de diluição seguido de sucussão,
agitação vigorosa e ritmada contra um anteparo semirrígido, quando o
medicamento for líquido ou de triturações sucessivas quando for sólido.
A diluição é apenas um dos quatro pilares da homeopatia. Conheça-os a
seguir.
Lei da semelhança
Aponta que uma substância capaz de provocar determinados sintomas
em um homem sadio é capaz também de curar um paciente que
apresente esses mesmos sintomas, exceto em casos de lesões
irreversíveis.
Experimentação no homem sadio
Aponta, segundo os princípios da homeopatia, que não se pode
extrapolar dados obtidos na experimentação com animais. A
experimentação para se determinar os efeitos de um medicamento deve
ser feita em humanos saudáveis.
Doses mínimas
Aponta que os medicamentos homeopáticos mais potentes são aqueles
mais diluídos. A diluição minimiza os riscos de intoxicação pelas
substâncias utilizadas e pode ser feita com diversos insumos inertes,
como água e álcool, para preparações líquidas, e sacarose ou lactose
para sólidas.
Medicamento único
Aponta que uma cada ser humano deve ser tratado integralmente com
um único medicamento, levando em consideração todos os seus
sintomas. Esse pilar foi sendo discutido ao longo do tempo e hoje
existem diferentes vertentes de tratamento.
A obtenção dos medicamentos homeopáticos origina sistemas
ultradiluídos que ultrapassam o número de Avogadro e, portanto, torna-
se estatisticamente improvável encontrar moléculas do insumo ativo.
O processo de dinamização e as doses infinitesimais
continuam a desafiar a racionalidade médica e
materialista dos nossos dias e carecem de pesquisas
científicas que afirmam incontestavelmente que a
homeopatia é uma ciência.
A teoria homeopática diz ainda que cada indivíduo apresenta três níveis
energéticos – mental, emocional e físico –, e é o equilíbrio entre essas
energias que mantém o indivíduo são. O objetivo da homeopatia, então,
é auxiliar o organismo através do reforço dos mecanismos naturais de
cura, agindo de maneira sinérgica à força vital.
Ao longo do tempo, alguns fatores como a complexidade das doenças e
dos sintomas dos pacientes e a experiência clínica dos homeopatas
levaram à formação de diferentes escolas de pensamento dentro da
homeopatia. Hoje existem quatro principais:
 Unicismo
É, conforme o pensamento original de Hahnemann,
a escola que se vale da prescrição de um único
medicamento que cobre a totalidade dos sintomas
do paciente, o chamado simillimum.
 Pluralismo (ou alternismo)
É a prescrição de dois ou mais medicamentos que
cobrem a gama de sintomas do paciente, porém
devem ser administrados em momentos diferentes
para que ajam de forma sinérgica.
Conforme avançarmos nos estudos entenderemos como tudo começou.
Vamos avançar!
A história da homeopatia
Primórdios da medicina
As doenças, segundo Hipócrates, eram alterações no equilíbrio do
indivíduo consigo mesmo, com o cosmos e com a natureza. Os
sintomas seriam reações do organismo à enfermidade, e que o
processo de cura consistia em estimular as defesas orgânicas.
As teorias hipocráticas baseavam-se em três princípios:
Similia similibus curantur
 Complexismo
É, da mesma forma que o pluralismo, uma escola
em que são prescritos dois ou mais medicamentos,
mas esses devem ser tomados ao mesmo tempo
para tratar o paciente. Nesta escola, podem ser
encontrados medicamentos homeopáticos
industrializados prontos para tratar doenças
específicas como sinusite ou gripe.
 Organicismo
É a vertente mais próxima da alopatia por focar nos
órgãos e sistemas, e não no paciente como um
todo. De maneira geral. Nesta escola, os sintomas
mentais e emocionais não são considerados.
Cura pelo semelhante.
Contraria contrariis curantur
Cura pelo contrário.
Vix medicatrix naturae
Cura natural.
Segundo Hipócrates, a cura pelos semelhantes e pelos contrários
funcionaria. Nomes importantes da ciência antiga, no entanto, como
Galeno e Avicena eram defensores da cura pelo contrário e a utilizavam
de maneira extensiva. A maior parte dos médicos da época utilizava
sanguessugas, sangramentos, vômitos, sudorese e laxantes como
forma de tratamento e, para alguns, a maior parte das doenças poderia
ser tratada dessa forma, sem muita distinção.
Foi no século XVI, com Paracelso, que a ideia da cura pelo semelhante
foi retomada. Sua tese considerava que a mente e o corpo deveriam ser
considerados para o tratamento do indivíduo, ou seja, se deveria analisar
não apenas a enfermidade, mas o indivíduo como um todo. Isso se
devia por sua crença na anima, um conceito abstrato da época que
retrata o espírito e a força vital do indivíduo como principal comandante
do organismo. Foi ele ainda quem introduziu o conceito de dose em uma
época em que as intoxicações eram frequentes e que defendeu o uso de
medicamentos únicos para os indivíduos.
Paracelso.
Hahnemann
A terapêutica homeopática foi introduzida pelo médico alemão Christian
Friedrich Samuel Hahnemann, no final do século XVIII, na Alemanha.
Hahnemannera um jovem médico alemão que teve acesso às leis
hipocráticas de cura e diversas outras literaturas que impactaram a sua
forma de pensar e, principalmente, de exercer a medicina.
Dr. Samuel Hahnemann 1755 – 1843
Samuel Hahnemann inicia sua prática médica em consonância com a
formação da época, baseada em um modelo com o uso de sangrias,
vomitivos, modelos empíricos de tratamento, descritos nas literaturas
existentes. Sua facilidade no aprendizado de idiomas, sendo um
poliglota, fez com que estudasse não só as patologias e doenças, mas
também correntes filosóficas como o vitalismo e o organicismo. Os
vitalistas definem que todo organismo é dotado de uma força ou energia
vital que o mantém hígido e saudável, enquanto os organicistas
atribuem unicamente à organização biológica o seu funcionamento
adequado.
Em 1790, Hahnemann, ao traduzir a Matéria Médica de Cullen sobre a
eficiência terapêutica da droga quina, discorda da sua explicação sobre
seu efeito tônico sobre o estômago do paciente com malária. Decide,
então, experimentar a quina por vários dias e se surpreende com o
aparecimento de sintomas típicos da malária.
Quando suspende a ingesta, volta à normalidade. Supôs então uma
relação entre a droga ingerida e a doença. Ou seja, sua doutrina foi
baseada no conhecimento da medicina clássica da época, mas suas
observações e práticas foram além do modelo cartesiano clássico que
vemos ainda hoje.
A lei hipocrática da cura pelo semelhante tornava-se uma realidade
experimental, em que uma droga utilizada para um tratamento, no caso
a malária, era capaz de produzir sintomas semelhantes aos da doença
em indivíduos saudáveis.
A partir dessa hipótese, Hahnemann experimentou em si e em seus
colaboradores, todos saudáveis, diversas drogas, sempre catalogando
os sinais e sintomas comuns de cada droga no grupo de
experimentadores. Estabeleceu, assim, um modelo de experimentação
que vai depois ser utilizado para o tratamento de indivíduos adoecidos
com sinais e sintomas semelhantes aos catalogados quando da
experimentação no homem são. A experimentação em indivíduos
sadios veio a se tornar um dos princípios da homeopatia, pois
Hahnemann defendia que não era possível extrapolar os conhecimentos
obtidos a partir de animais para seres humanos.
As suas observações na clínica confirmaram que os sinais e sintomas
oriundos das substâncias simples, aplicados segundo a lei da
semelhança, levavam à cura dos seus pacientes. Assim, em 1796
Hahnemann publica Ensaio sobre um novo princípio para descobrir as
propriedades curativas das substâncias medicinais, além disso introduz
as doses infinitesimais, visando atenuar os efeitos tóxicos das drogas,
que surgiam como sintomas durante a experimentação no homem são e
que se apresentavam como reações adversas naqueles que eram
tratados com suas preparações.
Saiba mais
Outra observação perspicaz do pai da homeopatia se deu quando
começou a notar maior eficiência dos seus preparados nos pacientes
que moravam mais longe dele. Atribui esse fato, então, ao sacolejar da
carroça até a casa do doente e introduziu o conceito de medicamentos
dinamizados, que nos legou indagações que permanecem até os dias
de hoje.
Tendo o método de trabalho definido e consolidado, Hahnemann
publica, em 1810, a primeira edição do Organon da Arte de Curar, onde
explicita toda a racionalidade homeopática, desde a experimentação no
homem são de cada droga, a sistematização e a catalogação dos sinais
e sintomas dela decorrentes e, posteriormente, a anamnese do paciente,
buscando a similitude no uso do medicamento homeopático, que
cobrirá a totalidade dos sintomas, promovendo a cura.
Hahnemann publica, entre 1811 e 1826, os seis volumes da Matéria
Médica, em que relata os 64 medicamentos experimentados. Com o
desenvolvimento da terapêutica homeopática, aprofunda seu tratamento
para os casos crônicos persistentes e dedica sua última publicação
Doenças Crônicas a explicitar como a homeopatia pode tratar os
pacientes crônicos. A homeopatia passa a ser a racionalidade médica
científica durante o século XIX, e se expande pela Europa, Índia, América
do Norte e Brasil.
A homeopatia no Brasil
No Brasil, a homeopatia foi introduzida em 1840 por um discípulo de
Hahnemann, o médico francês Benoît Jules Mure, conhecido como
Bento Mure, despertando o interesse dos médicos e dos farmacêuticos.
A cientista Madel Luz elaborou a seguinte subdivisão da homeopatia
brasileira:
Perído inicial no qual figuras como Bento Mure e Vicente José
Lisboa, nomes importantes da homeopatia no Brasil, fizeram sua
propaganda para a sociedade e formaram pessoas leigas em
seus ensinamentos. No ano de 1841, Bento Mure criou um
projeto que chamou de Escola Suplementar de Medicina e
Instituto Homeopático de Saí, localizado na colônia de Saí na
região sul do país. A instituição teria como objetivo ensinar os
princípios e a manipulação homeopática, assim como o francês,
para jovens médicos da região, além de incluir um hospital e o
atendimento gratuito aos mais pobres.
O projeto, no entanto, não deu certo e em 1843 Mure se muda
para o Rio de Janeiro onde funda o Instituto Homeopático do
Brasil o qual, segundo seus próprios estatutos, tinha como
objetivo “propagar a homeopatia por meio de ensino,
publicações, experiências e prática desta ciência; e pela
preparação dos remédios homeopáticos, os mais puros e
homogêneos que seja possível obter" (GALHARDO, 1928, p. 305-
307), e contava com um consultório homeopático, o primeiro do
país.
Período caracterizado pelo aumento significativo da aceitação
da homeopatia pela sociedade brasileira, principalmente pelos
setores mais pobres da população. Nesse período, espaços que
até então eram dominados pela medicina alopática começaram
a abrir espaço para a homeopatia com a criação de hospitais
religiosos e militares. Essa expansão, no entanto, continuou
encontrando resistência por parte daqueles que eram contrários
à homeopatia e que rejeitavam sua incorporação à ordem
médica oficial.
Implantação (1840-1859) 
Expansão e resistência (1859-1900) 
Período áureo (1900-1930) 
Período complexo no qual, embora ainda encontrasse
resistência, a homeopatia e seus defensores conseguiram
marcos importantes como a equiparação e oficialização da
medicina homeopática à medicina alopática, permitindo a
criação de escolas, hospitais e ligas com a finalidade de
incentivar e promover o uso de medicamentos homeopáticos.
Esse período marca o reconhecimento da homeopatia como
conhecimento científico.
Período no qual o uso e a popularidade da homeopatia entraram
em queda. Até o final dos anos de 1920, a homeopatia manteve
seu uso e força na sociedade, mas acredita-se que a chegada da
terapêutica química com medicamentos como as sulfas e,
posteriormente, os antibióticos, como a penicilina, fizeram com
que a homeopatia perdesse espaço, tendo seu uso retomado
com maior relevância a partir dos anos 1980.
O histórico da homeopatia - Quiz
Neste vídeo, o especialista discutirá questões relacionadas ao histórico
da homeopatia na forma de Quiz.
Declínio da homeopatia (1930-1975) 

Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O princípio da cura pelos semelhantes, Similia similibus curantur, diz
que “A doença é produzida pelos semelhantes e pelos semelhantes
o paciente retorna à saúde", ou seja, semelhante cura semelhante.
Esse aforismo foi descrito primeiro por:
Parabéns! A alternativa D está correta.
Hipócrates desenvolveu três teorias que ficaram conhecidas como
teorias hipocráticas. Essas teorias afirmavam que existiam três
maneiras pelas quais um indivíduo poderia ser curado de uma
doença, através dos semelhantes, dos contrários ou pela via
natural.
Questão 2
Hahnemann começou sua prática médica seguindo o modelo da
época em que estava inserido, mas uma experiência ao longo de
sua trajetória o fez se aprofundar nos estudos da cura pelos
semelhantes.Essa experiência foi:
A Galeno
B Hahnemann
C Cullen
D Hipócrates
E Paracelso
A Estudos sobre o vitalismo.
Parabéns! A alternativa E está correta.
Hahnemann discordou da descrição feita por Cullen acerca dos
efeitos da quina e começou a experimentá-la por vários dias. Ao
longo dos dias, percebeu que estava desenvolvendo sintomas
semelhantes aos apresentados pelos indivíduos com malária e, por
isso, resolveu fazer uma experimentação com homens sadios para
que pudesse comprovar sua teoria.
2 - O recrudescimento da homeopatia e da farmácia
homeopática
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car o recrudescimento da homeopatia no
Brasil após os anos 1980.
B Contato com as correntes filosóficas da época.
C
Frustração com os modelos de tratamento
empíricos.
D Próprio contágio da malária.
E
Tradução da Matéria Médica de Cullen a respeito da
quina.
Recrudescimento da homeopatia no
Brasil – anos 1960 e 1970
Os movimentos de contracultura, iniciados no final dos anos 1960,
produzem alterações e reflexos em todas as áreas do conhecimento,
provocando uma alteração profunda nos modos e costumes das
gerações posteriores. São questionados os modelos educacionais, de
comportamento, de vestuário, chegando até o questionamento sobre os
diferentes papéis do homem e da mulher na sociedade.
Na medicina, o modelo hegemônico que vigorava até aquele período foi
também alvo de contestação, não só pelos estudantes de medicina,
mas também por parcela da sociedade civil organizada.
A medicina contemporânea, imperando no final de século XX, estava
alicerçada no paradigma anátomo-morfofisiológico e em todo o aparato
tecnológico utilizado para descobrir de modo incessante, a origem
etiológica da doença.
Saiba mais
Disciplinas como a fisiopatologia, a bioquímica, a genética e,
recentemente, a biologia molecular eram utilizadas para determinar não
só o “modo de funcionamento do organismo humano”, mas,
principalmente, especificar com os detalhes as origens do adoecer dos
seres humanos.
A prática médica consolidou-se, ao longo do século XX, como ciência
em detrimento da arte de curar, privilegiando as especialidades médicas,
além de transformar o uso dos novos equipamentos e tecnologias de
diagnósticos ou de intervenção cirúrgica em instrumentos
indissociáveis da prática médica corrente.
Este fenômeno de transformação da arte de curar é
decorrência da convivência contraditória por meio de
uma tripla cisão entre a prática médica de combate às
doenças (práxis), o agir clínico (tekné) da unidade
relacional terapêutica médico-paciente e a introdução
de tecnologias “frias” que acabam diminuindo o
contato do médico com o corpo do paciente.
Esta cisão justificaria a procura de parcela da população por outra(s)
racionalidade(s) médica(s), além de sinalizar para o profundo mal-estar
cultural de parte da sociedade ao modelo hegemônico da medicina.
Alguns autores argumentam que este retorno à natureza e a procura por
sistemas alternativos de terapêutica se opoem frontalmente ao
establishment médico vigente, representando uma tendência ao
naturismo, como significado de busca de tratamentos menos invasivos
e não iatrogênicos, ligados às racionalidades médicas tradicionais,
como as medicinas indiana, chinesa e homeopática. Além disso, houve
uma busca por medicamentos de origem natural (não sintéticos), em
sua maioria fitoterápicos, além de práticas terapêuticas como ioga,
meditação, acupuntura, dentre outras.
Racionalidade(s) médica(s)
O termo foi criado em 1993 pela pesquisadora Madel Luz e é, segundo
Tesser (2006) “um conjunto integrado e estruturado de práticas e saberes
composto de cinco dimensões interligadas: uma morfologia humana
(anatomia, na biomedicina), uma dinâmica vital (fisiologia), um sistema de
diagnose, um sistema terapêutico e uma doutrina médica (explicativa do
que é a doença ou adoecimento, sua origem ou causa, sua evolução ou
cura), todos embasados em uma sexta dimensão implícita ou explícita:
uma cosmologia”.
Iatrogênicos
Refere-se a um estado de doença, efeito adverso ou complicações
decorrentes de um procedimento médico
Certamente, a busca pelo natural, pelo menos agressivo, remete o
indivíduo à sua busca constante por um modo de curar. Se a medicina
contemporânea escolheu como modo de atuação a ciência das
doenças, privilegiando a tecnologia médica intervencionista e
medicamentosa à clínica, como arte terapêutica, o indivíduo não
abandonou o seu desejo de curar-se, proporcionando um movimento de
busca de outras terapêuticas e/ou racionalidades que pudessem suprir
o hiato deixado pelo modelo médico oficial.
Não se tratava de modo algum de trocar uma racionalidade
já estabelecida socialmente e legitimadas pelas inovações
tecnológicas.
A questão que se estabeleceu, neste momento, foi a de propor
alternativas ao modelo hegemônico, buscando-as tanto nas medicinas
tradicionais de cada país como nas terapêuticas com maior afinidade
pela arte de curar.
Estavam criadas, do ponto de vista social, as condições propícias para o
ressurgimento da terapêutica homeopática e a difusão no Brasil da
medicina tradicional chinesa no cenário médico do final dos anos 1970
e início dos anos 1980. Por outro lado, a medicina indiana não teve
grande difusão, concentrando-se em pequenos núcleos espalhados pelo
país.
A crise do modelo hegemônico na
medicina
A crise do modelo hegemônico na medicina não se restringiu à
população; também os gestores de saúde se referiram à crise deste
modelo durante a Conferência de Alma Ata, realizada em 1978.
Promovida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a Conferência
declarou a falência do modelo vigente, apresentando-o como inapto a
resolver os problemas básicos de saúde que afligiam a população
mundial.
Nesta conferência, foi proposto um estímulo às nações para que
buscassem modelos alternativos de atenção médica, mais simples, com
custo menor, que apresentassem maior eficácia e que fossem
acessíveis a toda a população.
No Brasil, a declaração de Alma Ata, como ficou conhecido o documento
final da Conferência da OMS, refletiu de forma positiva para os
terapeutas e clínicos alternativos, legitimando socialmente no país o
movimento das medicinas tradicionais. Havia naquele momento, no
país, o acompanhamento de todo o movimento da contracultura em
nível mundial, um movimento em prol das terapêuticas naturistas.
Paralelamente a estas novas demandas sociais, o modelo assistencial
de saúde vigente no Brasil, baseado na especialização e na tecnologia
médica, entrava em colapso.
Os estudantes da área biomédica também deram a sua parcela de
contribuição, a seu modo, para o ressurgimento das medicinas
alternativas no país, em particular da homeopatia, ao questionarem de
modo veemente, no final dos anos 1970, o ensino médico vigente,
associando-o à ordem política autoritária que imperava no país.
Os estudantes organizavam-se para protestar contra o regime militar e
para terem melhores condições de ensino na área biomédica. O fórum
para esses debates foram os Encontros Científicos de Medicina (ECEM)
realizados a partir de 1974 e os Encontros Nacionais de Estudantes de
Farmácia (ENEF), ocorridos a partir de 1978. Os ECEMs, por
congregarem um número maior de estudantes, tornaram-se um
importante fórum de debates acerca do modelo hegemônico da
medicina no país.
Saiba mais
Um dos debates surgidos referia-se à homeopatia e às medicinas
alternativas, propiciando um espaço para estes debates nos Encontros
Nacionais de Estudantes Interessados em Homeopatia (ENEIHs),
realizados periodicamente.
Um outro fenômeno que derivou também desses encontros foi o
surgimento de grupos de estudo por cidade, ou mesmo por instituição
de ensino, congregando médicos, farmacêuticos, veterinários,
estudantes de filosofia e biólogos interessados em plantas medicinais.
Esses grupos de estudo foram, em sua maioria, embriões de cursos de
formação de homeopatia pelo país. Muitas vezes, os estudantes
concluíamo ciclo profissional já com as atenções voltadas para a
homeopatia. Foram esses estudantes alternativos da área biomédica os
responsáveis pela sustentação da homeopatia enquanto prática médica
na sociedade brasileira, a partir do final da década de 1970.
Oriundos do movimento de contracultura, esse grupo de estudantes
optou por novos modelos terapêuticos, além de questionarem o modelo
assistencial praticado pelo governo, reivindicando políticas de saúde
mais eficazes e democráticas para a população.
Saiba mais
Pelo fato de o Brasil ser um país periférico do desenvolvimento
capitalista, com políticas de saúde atreladas ao modelo econômico
estabelecido pelos países desenvolvidos, principalmente no período da
ditadura militar, as políticas de saúde implantadas acentuaram muito a
enorme desigualdade social do país e estimularam a crise da medicina.
Após sucessivas tentativas comandadas, durante os anos 1970, pelos
Generais da Homeopatia em entidades como Associação Médica
Brasileira (AMB) e o Conselho Federal de Medicina (CFM), o
reconhecimento da homeopatia como especialidade médica ocorreu por
meio da Resolução no 1000/80 do Conselho Federal de Medicina.
Na área da farmácia, o reconhecimento junto ao Conselho Federal de
Farmácia (CFF), por meio da Resolução aconteceu com certa rapidez,
pois a farmácia homeopática era vista pelos órgãos fiscalizadores e
pelos líderes da profissão como mais um lócus de atuação do
farmacêutico.
Para o farmacêutico, a homeopatia surgiu como perspectiva de atuação
em um novo mercado de trabalho. Ele foi convocado a gerenciar todos
os processos pelo qual o medicamento passa até chegar ao usuário.
O farmacêutico homeopata foi fundamental como um dos elos na
relação médico-medicamento-paciente, com vital importância para que
a prática médica homeopática fosse eficaz. Além disso, a homeopatia,
ao privilegiar o medicamento homeopático como um dos pilares da sua
terapêutica, favorecia a que ele exercesse com plenitude a assistência
farmacêutica preconizada pelas lideranças e pelos documentos das
entidades representativas da categoria naquele período.
O recrudescimento da homeopatia e
da farmácia homeopática no Brasil
Neste vídeo, veremos os marcos históricos do recrudescimento da
homeopatia no Brasil, traçando um paralelo com os acontecimentos
social, político e econômico brasileiros da época.

Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A medicina passou por um longo processo de transformação,
tornando-se a ciência responsável por combater as doenças e ser
possível controlar as mortes, em plano coletivo. Este modelo
hegemônico se contrapõe à contracultura que busca:
Parabéns! A alternativa E está correta.
A contracultura surgiu com a ideia de buscar se aproximar mais da
natureza, de métodos menos invasivos e agressivos, que focasse
não na doença, mas na cura do indivíduo, ou seja, na arte de curar.
A
Uma medicina alicerçada no paradigma anátomo-
morfofisiológico.
B
Descobrir a origem etiológica da doença e privilegiar
as especialidades médicas.
C
No enfoque de disciplinas como fisiopatologia,
bioquímica, genética e mais recentemente a biologia
molecular.
D
Uma medicina ocidental contemporânea com novos
fármacos e equipamentos de diagnóstico mais
elaborados.
E Uma ciência baseada na arte de curar.
Questão 2
A redescoberta da homeopatia se deu na década de 1970,
acompanhado pelo movimento de contracultura e um movimento
no país em prol de terapêuticas naturistas. Um dos marcos
importantes dessa terapêutica no Brasil foi:
Parabéns! A alternativa C está correta.
Os estudantes de farmácia, nos ENEF, e os de medicina, nos ECEM,
tiveram importância fundamental na retomada da homeopatia a
partir do final da década de 1970. No entanto, o reconhecimento da
homeopatia como especialidade médica incentivou outras
categorias a fazerem o mesmo e alavancou seu uso pela população
em geral.
A
Movimento dos estudantes de farmácia nos
ENEIHs.
B
Legitimação da Homeopatia em outras áreas da
saúde como a farmácia, a odontologia e a
veterinária.
C
Reconhecimento da Homeopatia pela AMB como
especialidade médica.
D
Aceitação da população destas terapêuticas
alternativas.
E
Insatisfação com as soluções oferecidas tanto pelo
governo como pela rede privada.
3 - Racionalidade homeopática
Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar a racionalidade homeopática em
comparação com as outras racionalidades médicas.
A homeopatia como racionalidade
médica
A homeopatia, além de ser uma especialidade médica, foi elevada à
categoria de “racionalidade médica”. Esse termo foi criado pela
pesquisadora Madel Luz para se referir a um sistema médico complexo
(SMC) estruturado. Segundo a criadora, existem seis dimensões básicas
que qualificam as raízes filosóficas das racionalidades médicas. São
elas:
 Morfologia humana (na biomedicina, anatomia)
Define a estrutura e a forma de organização do
corpo.
 Dinâmica vital humana (na biomedicina, �siologia)
D fi i t d it lid d ilíb i
As racionalidades médicas podem ser divididas em antigas e recentes.
As mais antigas foram passadas através da oralidade ou de textos
Define o movimento da vitalidade, seu equilíbrio ou
desequilíbrio no corpo, suas origens ou causas.
 Doutrina médica
Define, em cada sistema, o que é o processo saúde-
doença, o que é a doença ou adoecimento, em suas
origens ou causas, o que é passível de tratar ou
curar (na biomedicina, o que pertence ou não à
clínica).
 Sistema diagnóstico
Determina se há ou não um processo mórbido, sua
natureza, fase e evolução provável, origem ou
causa.
 Sistema terapêutico
Determina as formas de intervenção adequadas a
cada processo mórbido (ou doença) identificado
pela diagnose.
 Cosmologia
Conjunto organizado e definido de visão de mundo
e conhecimentos que suportam suas concepções,
premissa e corolários decorrentes, leis e todo o
conjunto de procedimentos que executa no
exercício de sua arte de curar.
clássicos. A medicina tradicional chinesa (MTC) e a Ayurvédica,
desenvolvidas na China e na Índia, respectivamente, existiram por
milênios antes do desenvolvimento da medicina convencional baseada
em ciências naturais. Enquanto a homeopatia e medicina antroposófica
são mais jovens, com menos de 250 anos.
As racionalidades médicas têm diversas semelhanças, a saber:
1. Uma compreensão holística sobre o homem e a natureza, e sobre
a doença e a cura. Não focando apenas na doença, mas nas
dimensões física, emocional, mental, espiritual e social do
indivíduo.
2. A promoção da saúde, prevenção e cura das doenças.
3. O tratamento individualizado com base em uma abordagem
sistêmica, Vitalista. Todo ser humano é dotado de uma energia
vital que mantém o organismo hígido, saudável.
4. Uso medicinal de um grande número de substâncias e produtos
medicinais diferentes, principalmente de plantas, mas também de
origem mineral e animal (por exemplo, 700 espécies de plantas
medicinais em MTC, mais de mil substâncias em homeopatia,
mais de 4.000 espécies de plantas medicinais na ayurvédica, e
mais de 800 substâncias na medicina antroposófica).
Dentre as diferenças das racionalidades médicas, pode-se apontar:

Diferentes linguagens usadas, incluindo diferentes conceitos de níveis
de totalidade.

Diferentes sistemas de diagnóstico utlilizados.

Diferentes modalidades terapêuticas específicas.
As modalidades terapêuticas específicas abrangem, por exemplo,
acupuntura na MTC, terapias artísticas na medicina antroposófica,
massagem, exercícios físicos, hidroterapia, termoterapia, meditação e
dieta.
Veja a tabela a seguir que traz a comparação entre as diferentes
racionalidades médicas.
Racionalidades
Médicas
Homeopatia MTC                          
Conceitos chave
Semelhante
cura
semelhante,
dose mínima,
experimentos
em pessoas
saudáveis
2 forças (yin, yang),
energia vital (Qi), 5
elementos,
meridianos
Produtos
medicinaise
substâncias
Origem animal,
vegetal, mineral,
definidos
quimicamente e
bioterápicos
Plantas, minerais,
animais
Outros
tratamentos não
medicamentosos
Tomada de
caso,
aconselhamento
sobre estilo de
vida
acupuntura,
moxabustão
Exercícios
físicos
Sim Qigong, Tai Chi
Auto
tratamentos
Redução de
estresse
 
Dieta Sim Sim
Tabela 1: Diferenças entre as racionalidades médicas.
Adaptado de BAARS, 2017.
Apesar do senso comum acreditar que a medicina convencional e as
racionalidades médicas apresentam apenas diferenças entre si,
estudiosos da área acreditam que há também uma série de
similaridades que derivam da evolução da medicina convencional
Entre elas, podemos citar um processo de tomada de decisão
compartilhada, o aumento do papel das preferências e autonomia do
paciente, a noção de que estudos clínicos para as diversas condições
humanas e seus tratamentos são limitados principalmente em função
dos custos e da complexidade e o desenvolvimento de uma medicina
personalizada em favor dos protocolos-padrão. Ainda assim, diferenças
seguem existindo e foram resumidas na tabela a seguir.
  Medicina convencional                     Racionali
Filosofia Modelo Humanístico/Biomédico Modelo b
Saúde Situação padrão da máquina
Resultado
(por exem
Restauran
"Resultad
autorregu
ou psicos
integridad
Doença
Quebra da máquina
Desvio de normas biológicas
Não há significado intrínseco
Expressã
insuficiên
totalidade
Desequilí
psicológic
Vincula u
humano
Diagnóstico
Nível de grupo (muitas vezes, mas
nem sempre)
Nível indiv
Nível de s
Tratamento
Diretrizes/protocolos orientados
para o grupo (muitas vezes)
Luta contra a doença
Requer recursos externos
Uso de farmacoterapia com
efeitos predominantemente
específicos e alto uso de
tecnologia
Intervenç
Promoçã
Requer re
espírito e
devem se
Uso de fa
não medi
Tabela 2: Diferenças entre medicina convencional e racionalidades médicas.
Adaptado de BAARS, 2017.
A racionalidade médica homeopática
Vamos ver a seguir item a item os componentes da racionalidade
médica homeopática:
É a visão de mundo e conhecimentos que amparam o exercício
da arte de curar. No caso de Hahnemann, ele não deixa explícita
suas convicções quanto à concepção de vida e de universo, mas,
em diferentes trechos e momentos de suas obras, é possível
notar que ele acredita que o universo foi criado por um Deus e
que cada ser vivo tem uma razão de existir. Ele estabelece ainda
que os seres vivos não são formados apenas pela matéria
orgânica que os compõem, mas também pela vitalidade, uma
força que mantém a existência e garante a singularidade a cada
ser. O vitalismo é presença marcante na homeopatia assim
como a dynamis, a essência da vida sempre em movimento e em
estado de equilíbrio autossustentado. Para a homeopatia, o
homem é uma composição indissociável da matéria orgânica, da
Cosmologia 
energia/força vital e do espírito. Nenhum representa o homem
sem o outro.
Na homeopatia, as alterações de saúde (doenças) são
manifestações do desequilíbrio da energia vital do homem, ou
seja, quando o indivíduo está enfermo, não é apenas o local
afetado que está doente, mas todo ele. Por isso, o objetivo do
homeopata deve ser reconhecer as alterações na ordem natural
do organismo e restabelecê-la. Para isso, o homeopata deve:
- Ter clareza no que há para ser curado em cada caso patológico;
- Ter clareza de qual é a propriedade curativa de cada substância
em particular;
- Saber a dose correta e o modo correto de preparação para cada
caso.
A morfologia segue a anatomia clássica dos órgãos e sistemas,
mas define que estes estão a serviço das funções e sensações
próprias do organismo humano, ou seja, a morfologia está
intrinsecamente relacionada à função. Existem quatro planos de
manifestação na morfologia homeopática, sendo eles o plano
estrutural, o plano funcional, o plano sensorial e o plano
espiritual, que se influenciam mutuamente. Para a homeopatia,
uma disfunção orgânica pode ter origem no plano mental ou
espiritual uma vez que levam a desequilíbrios na força vital do
indivíduo.
O homeopata tem a obrigação de observar a dinâmica vital do
paciente, utilizando todas as manifestações do organismo como
guia. É necessário avaliar o estado de equilíbrio, mensurando-o,
estabelecendo prognósticos e acompanhando as modificações
ao longo da terapêutica de escolha.
Doutrina médica 
Morfologia 
Dinâmica vital 
Como quantificar a saúde do paciente com base na dinâmica
vital? Primeiro, não esquecer o senso de unidade do organismo.
Todas as manifestações expressas pelo organismo devem ser
levadas em consideração para avaliar a saúde do indivíduo.
Depois, entender se as manifestações estão associadas ao
plano estrutural, funcional, sensorial ou espiritual. As alterações
observadas são de aumento ou de diminuição? Qual é a
intensidade e duração? Quantas partes do organismo estão
afetadas? Qual é a relevância das partes afetadas para a
manutenção da vida?
O objetivo fundamental do diagnóstico é individualizar o
paciente. O diagnóstico clínico é importante, mas é necessário
entender o que torna esse paciente único e como sua vivência e
experiência estão afetando sua saúde. Para isso, faz-se
necessária uma entrevista extensa e abrangente. Além disso, é
necessário que o homeopata seja observador e capaz de
perceber o que é estranho, raro e exclusivo do paciente a ser
tratado. Esses sintomas individualizantes são aqueles que
raramente estão vinculados à doença principal, que não estão
presentes em todas as enfermidades, que pertencem a um
campo diferente de ação do que o transtorno dominante, entre
outros.
Sistema diagnóstico 
Centrado na administração de medicamentos, mas o homeopata
deve lembrar ao paciente da importância da regularidade na vida
e da necessidade de atividades físicas como instrumentos de
manutenção da saúde. Na homeopatia, o objetivo nunca é calar o
sintoma, mas sim a direção dos sintomas dentro dos planos e a
categoria aos quais pertencem, se mais ou menos vitais. O
processo do estabelecimento de doença acontece na seguinte
ordem:
Plano sensorial -> Plano funcional -> Plano estrutural -> Plano
espiritual
Logo, na cura, os sintomas devem fazer o processo contrário até
que desapareçam completamente.
Para facilitar a compreensão das características classificatórias da
racionalidade homeopática, Luz (1993) apresenta, dentro do projeto de
estudos das racionalidades médicas, a tabela abaixo:
COSMOLOGIA
DOUTRINA
MÉDICA
MORFOLOGIA
Implícita
Vitalismo
Vida
Universal
Ordem
Universal
Leis
Teleologismo
Homem=Unidade
(corpo-espírito-
energia vital)
Homem em
relação com
universo
Energia Vital
como
manifestações
Alterações
energia
vital=Sintomas
Lei de Cura
Terapêutica por
semelhantes
Experimentação
em Homem São
Anatomia
Clássica
Especificidade
morfofuncional
Unidade
Estrutural-
funcional-
sensorial
Analogias
funcionais
Sistema terapêutico 
Tabela 3: Resumo das seis dimensões da homeopatia que a caracteriza como racionalidade
médica LUZ, H.S. 1993. Pág. 34.
Racionalidades médicas x
racionalidade homeopática
Neste vídeo, o especialista apresentará as semelhanças e diferenças
entre racionalidades médicas.

Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
As racionalidades médicas são constituídas por seis dimensões
básicas. Assinale a alternativa que apresenta corretamente essas
dimensões:
Parabéns! A alternativa C está correta.
A individualidade do paciente deve ser o foco do sistema
diagnóstico na homeopatia e a religião não entra em nenhum
momento da teoria homeopática. Sendo assim, as seis dimensões
que compõem a racionalidade médica são a cosmologia,
morfologia humana, dinâmica vital humana, doutrina médica,
sistema diagnóstico e sistema terapêutico.
Questão 2
Na homeopatia, o processo de adoecimento e de cura ocorre
seguindo a hierarquia dos quatro planos existentes.Marque a
opção que traz corretamente a ordem do processo de adoecimento:
A
Morfologia humana, força vital, doutrina médica,
sistema diagnóstico, individualidade do paciente e
sistema terapêutico.
B
Religião, morfologia humana, dinâmica vital
humana, doutrina médica, sistema diagnóstico e
sistema terapêutico.
C
Cosmologia, morfologia humana, dinâmica vital
humana, doutrina médica, sistema diagnóstico e
sistema terapêutico.
D
Morfologia humana, força vital, doutrina médica,
sistema diagnóstico, religião e sistema terapêutico.
E
Cosmologia, morfologia humana, dinâmica vital
humana, doutrina médica, sistema diagnóstico e
individualidade do paciente.
Parabéns! A alternativa A está correta.
Os quatro planos são sensorial, estrutural, funcional e espiritual e o
processo de adoecimento acontece nesta ordem.
4 - Pesquisa e legislação em homeopatia
A
Plano sensorial -> Plano funcional -> Plano
estrutural -> Plano espiritual
B
Plano espiritual -> Plano funcional -> Plano
estrutural -> Plano tátil
C
Plano sensorial -> Plano funcional -> Plano espiritual
-> Plano estrutural
D
Plano tátil -> Plano funcional -> Plano estrutural ->
Plano espiritual
E
Plano sensorial -> Plano estrutural -> Plano funcional
-> Plano espiritual
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os marcos regulatórios e as áreas de
pesquisa em homeopatia.
Pesquisa em homeopatia e o modelo
�sico-químico
Características da pesquisa em homeopatia
A homeopatia é uma ciência baseada em evidências. Desde a sua
criação, o seu fundador utilizou métodos experimentais e
observacionais que provaram a sua eficácia e segurança clínica. Na
prática, a homeopatia está presente nas áreas da saúde humana,
animal, vegetal e, mais recentemente, na ecologia. Com essa
diversidade de aplicação, mais pesquisadores têm se interessado na
compreensão dos mecanismos de ação dos medicamentos
dinamizados.
A pesquisa em homeopatia busca responder a duas
perguntas essenciais para o entendimento dessa
ciência: Se a homeopatia funciona e como age o
medicamento homeopático.
Pode-se dividir didaticamente os estudos principais de pesquisa em
homeopatia que:
Buscam evidenciar a
e�cácia da homeopatia
Incluem os estudos
clínicos (humanos e
veterinários) e os
estudos em
agroecologia.
Buscam elucidar os
mecanismos de ação
dos medicamentos
homeopáticos
Incluem os modelos
físico-químicos e
ensaios celulares.

Modelos físico-químicos
Os medicamentos homeopáticos são ultradiluídos. Doses ponderais
podem ser quantificadas pelos métodos atuais, porém, para as altas
diluições, poucas ferramentas são capazes de detectar mudanças tão
sensíveis. A partir da potência 12CH e 24DH, não há mais moléculas do
insumo ativo que deu origem ao medicamento, no entanto, as
propriedades deste ativo são potencializadas a cada dinamização.
Na tentativa de explicar o mecanismo de ação dos medicamentos
homeopáticos, algumas explicações racionais e científicas têm sido
estudadas. As teorias que tentam explicar o comportamento dos
sistemas líquidos dinamizados baseiam-se em modelos físico-químicos
e estruturais, tais como, memória da água, modelos dos clatratos, dos
domínios coerentes e formação de nanopartículas.
Teoria da “memória da água”
A água é considerada um solvente universal, sua estrutura é composta
por dois átomos de hidrogênio (H) ligados a um átomo de oxigênio (O).
Essa estrutura leva à polarização das ligações H-O. As cargas positivas
parciais (+) são expostas pelos átomos de hidrogênio, enquanto o
átomo de oxigênio expõe sua carga negativa parcial (-). A presença de
dois prótons (H+) e dois pares isolados de elétrons do oxigênio permite
que a molécula da água tenha mais quatro ligações adjacentes.
Os rearranjos das ligações originam formas tetraédricas, como
observado na estrutura cristalina do gelo. As fortes interações
intermoleculares influenciam significativamente nas propriedades físico-
químicas da água.
Exemplo
Muitas alterações no comportamento da água em solução podem ser
observadas após sucessivas dinamizações, como condutividade
elétrica, pH e espectro de fluorescência.
A teoria da “memória da água'' se apoia nessa premissa de que a água,
ao ser agitada vigorosamente, na presença de um insumo ativo, tem as
suas propriedades físico-químicas modificadas e essas informações
permanecem conservadas pela molécula de água.
Ou seja, as impressões da substância original �cariam
armazenadas na água, sendo transferidas a cada
dinamização.
Hahnemann preparou altas diluições entendendo que nada da
substância química original permaneceria. Porém, o poder curativo da
solução estava ativo e conservado na água. Essa teoria foi proposta
pelo cientista francês Jacques Benveniste por meio de ensaios
laboratoriais na década de 1990.
O seu trabalho relatou que os basófilos, glóbulos brancos, que
controlam a reação do corpo a alérgenos, podem ser ativados para
produzir uma resposta imune por soluções de anticorpo que foram
diluídos até o ponto de não conter nenhuma dessas biomoléculas.
Era como se as moléculas de água preservassem a memória dos
anticorpos com os quais haviam estado em contato anteriormente e,
assim, o efeito biológico permanecesse quando os anticorpos não
estivessem mais presentes.
Intrigado com esses achados, Luc Montagnier, virologista que ganhou o
prêmio Nobel de Medicina em 1988 pela descoberta do vírus da AIDS,
retomou as pesquisas de Benveniste. Seu trabalho demonstrou que
algumas sequências de DNA bacteriano e viral eram capazes de induzir
ondas eletromagnéticas, mesmo em altas diluições aquosas.
Modelo dos clatratos
O modelo dos clatratos, conhecido como “clusters”, ou agregados de
moléculas de água, são estruturas geométricas complexas que se
formam após o processo de dinamização. Essas figuras, que podem
estar internamente vazias, especialmente após a ultradiluição, se
organizam a partir de diferentes ligações de hidrogênio e outras
ligações químicas, como dipolos entre hidrogênio e íons hidroxila.
Segundo este modelo, após as diluições e sucussões necessárias à
produção das soluções homeopáticas, clatratos vazios seriam
formados.
Agregados de moléculas de água.
Entretanto, esses clatratos vazios formados seriam capazes de manter
os núcleos equivalentes do padrão originalmente induzido pela
substância ativa, utilizada no preparo das primeiras dinamizações
homeopáticas, dando origem a nichos ou gaiolas.
Este modelo é muito especulativo, mas a presença de clusters na água é
bem estabelecido por simulações computacionais e evidências
analíticas. A possibilidade de que os clusters podem formar gaiolas em
nanoescala é aceita através da espectroscopia por infravermelho e
difração de raio-X que confirmam os aglomerados das moléculas de
água.
Modelos dos “domínios coerentes"
Este modelo defende a existência de domínios coerentes de água, cujos
dipolos elétricos poderiam oscilar em fase criando um equilíbrio
dinâmico.
Os líquidos não estão em um sistema estático ligados
por ligações hidrogênio e dipolos, mas em ligações
induzidas por radiação de longo alcance.
Assim, nesta teoria, os átomos, moléculas, elétrons e núcleos estarão
em flutuações quânticas, sintonizados, dando origem a uma oscilação
coletiva, na qual todo o sistema se comportaria como um só, sem
perder as características de cada componente, logo, através deste
regime dinâmico, existiria o domínio de coerência.
Formação de “nanopartículas”
A presença de aglomerados, nanopartículas e nanobolhas nas altas
diluições homeopáticas mostram que a água pura não existe. Mesmo as
soluções mais puras obtidas por destilação e/ou ultrafiltração irão
conter gases dissolvidos e traços de contaminantes que interagem
química ou fisicamente com o meio.
Saiba mais
Experimentalmente, foram observados agregados em soluções aquosas
composto por eletrólitos fortemente solvatados, moléculas orgânicas,
biomoléculas e aglomerados de até 280 moléculas de água com
tamanho de 0,5 a 6µm.As nanopartículas possuem propriedades interessantes como maior
biodisponibilidade, capacidade de adsorção, reatividade e propriedades
eletromagnéticas e quânticas que diferem do mesmo material quando
na sua forma em massa (bulk).
Modelos biológicos e pesquisa clínica
Modelos biológicos
Os estudos realizados in vitro, com culturas celulares, avaliam a
atividade biológica, observando mecanismos de adaptação celular e
processos de sinalização intracelular em resposta aos medicamentos
homeopáticos.
A priorização dos estudos in vitro que utilizam métodos
alternativos ao uso de animais tem sido conhecida como
estudos translacionais.
Os resultados obtidos através desses estudos in vitro ou em modelos
animais e vegetais têm sido incentivado, pois permite uma rápida
aplicabilidade clínica. Um desses estudos demonstrou que a co-cultura
de macrófagos com Leishmania amazonensis tratada com Antimonium
crudum 30CH in vitro levou a uma redução da atividade lisossomal e na
produção de quimiocinas envolvidas no recrutamento de monócitos no
sítio inflamatório. No entanto, não foi observado que o tratamento
levava ao aumento da digestão do parasita.
Em uma situação hipotética, pacientes tratados com Antimonium
crudum 30CH poderiam obter melhoras das lesões inflamatórias, mas
não a eliminação da infecção.
Holandino e colaboradores vêm estudando as propriedades físico-
químicas de soluções dinamizadas preparadas a partir de
medicamentos de origem vegetal, biológica, sintética e mineral, em
potências decimais, centesimais e cinquenta-milesimais.
Os trabalhos científicos em diferentes modelos
celulares evidenciaram que os medicamentos
homeopáticos promovem alterações biológicas,
porém, os mecanismos pelo qual essas soluções
ativam sensores biológicos estão longe de ser
esclarecidos.
A eficácia dos medicamentos dinamizados e a sua ação em sistemas
biológicos podem ser investigados também em plantas. Conheça as
vantagens e desvantagens deste modelo de estudos:
Vantagens
Ausência de efeito
placebo, grande número
amostral e de dados
disponíveis, curto
período de execução,
baixo custo e não
necessitam de
aprovação de comitês
de ética. Essas são as
principais vantagens,
havendo ainda
inúmeras delas.
Desvantagens
Ausência de
experimentação
patogenética, o que
possibilitaria a seleção
do medicamento
individualizado para
cada espécie vegetal.
Parâmetros relevantes
ou artefatos podem agir
no desenvolvimento e
saúde da planta
dificultando a
reprodutibilidade dos
ensaios.
O uso de preparações homeopáticas em modelos de plantas é dividido,
conforme ao propósito a que se destina e compreende estudos em:
Plantas sadias
Um modelo útil para investigar questões relacionadas à
potência ou à dinamização.
Fitopatológico
Um modelo que visa estudar a aplicação da homeopatia no
controle de pragas e manejo de plantas doentes, muito
difundido nos dias de hoje na agroecologia e na agricultura
orgânica, conhecido como agrohomeopatia.
Plantas submetidas a fatores de stress abiótico

(toxidez mineral, salinidade, pH etc.)
Um modelo onde se empregam agentes estressores
ultradiluídos para restabelecer o estado de saúde, conforme a
lei da semelhança.
Pesquisa clínica
A pesquisa clínica envolve seres humanos ou animais e busca avaliar se
um medicamento ou um procedimento terapêutico é seguro e eficaz.
Existem dois tipos de pesquisa clínica, estudos observacionais e
ensaios clínicos. Os ensaios clínicos podem ser utilizados na prevenção,
no tratamento ou mesmo no alívio dos sintomas de uma doença. Os
seres humanos participam voluntariamente para fornecer respostas a
perguntas como:
O tratamento funciona?
Funciona melhor que outros tratamentos?
Tem efeitos colaterais?
Além dessas informações importantes, estes estudos podem fornecer
informações sobre a relação custo-benefício de um tratamento e como
o tratamento melhora a qualidade de vida do paciente.
Na homeopatia, os dossiês especiais, revisões
sistemáticas e mapas de evidência buscam reunir
centenas de estudos científicos, publicados em
revistas indexadas, que atestem a eficácia e segurança
da terapêutica homeopática.
O mapa de evidências representa, de forma sistematizada, o resultado
de uma ampla busca na base de dados de estudos clínicos. A
categorização e a qualificação são realizadas por pesquisadores
especializados que contribuem fazendo uma análise das abordagens
terapêuticas, condições clínicas específicas, desfechos clínicos, bem
como, produzindo um banco de dados que serão utilizados na
construção do mapa.
O mapa de homeopatia foi construído com base nas publicações entre
1991 e 2021, reunindo 51 trabalhos científicos. Cerca de 45% desses
estudos apresentaram desfechos para as doenças crônicas,
infectocontagiosas e metabólicas. Dos 51 artigos selecionados, 19%
mostraram resultados positivos para dor e saúde mental, 7% para saúde
reprodutiva, 7% para saúde bucal e 7% para bem-estar e qualidade de
vida.
O tratamento com medicamentos individualizados mostrou resultados
positivos, em sete revisões de alto nível de confiança, para fibromialgia,
otite média, diarreia e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade
em crianças (TDAH). Enquanto o uso de complexo manipulado
apresentou resultado positivo para síndrome pós-menopausa.
O tratamento individualizado é aquele que segue o princípio da
semelhança, o clínico faz a escolha do medicamento com base na
observação do paciente, selecionando o medicamento que apresente
maior similitude com os sintomas do indivíduo
(CABSIN/BIREME/OPAS/OMS/FIOCRUZ, 2021).
Pesquisa em homeopatia
Neste vídeo, o especialista apresentará exemplos a respeito da pesquisa
em homeopatia.
Legislação em homeopatia
O farmacêutico e a farmácia homeopática realizam um serviço de saúde
indispensável na sociedade. A prestação desse serviço contribui para a
promoção e recuperação da saúde da população. Para garantir um

serviço, sob os mesmos padrões de qualidade em todas as localidades
do país, o profissional e o estabelecimento devem obedecer às
regulamentações exigidas pelos órgãos competentes.
O principal órgão regulamentador, nesse contexto, é a Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (ANVISA), criada em 1999, por meio da Lei 9.782.
Uma das funções da ANVISA é regulamentar a produção, distribuição,
comercialização e dispensação dos medicamentos no país.
Como se trata de um serviço que atende à saúde pública, o Estado, por
meio dos poderes representados, legislativo, executivo e judiciário,
participa, respectivamente, na elaboração, execução e cumprimento das
legislações pertinentes à Farmácia.
Assim, a farmácia e o farmacêutico estão sujeitos a uma série de leis
federais, estaduais e municipais, como também, aos seus respectivos
conselhos, Conselho Federal de Farmácia e Conselho Regional de
Farmácia, que regulamentam o exercício da profissão.
O farmacêutico, portanto, responde não só pelos seus
atos técnicos, mas também pelo ato de terceiros sob a
sua responsabilidade no desempenho das suas
funções. Com isso, o profissional está sujeito às
implicações éticas, civis e criminais, bem como, às leis
sanitárias e demais regulamentações.
A regulamentação da farmácia homeopática no Brasil tem seu início
com a separação da prática farmacêutica da prática médica marcado
pelo Decreto n° 9.554 no ano de 1851 que concede o direito de
exclusividade da manipulação de medicamentos homeopáticos pelo
farmacêutico. Mas, somente no século XX, é que os principais
dispositivos legais ganham notoriedade e importância para os
estabelecimentos que prestam serviços de saúde. Os principais marcos
regulatórios da homeopatia são:
 Decreto n° 57.477 de 1965
Que regulamentou a manipulação, receituário,
industrialização e venda de produtos utilizados em
homeopatia; e Portaria n° 17, de 1966, que
regulamentou este decreto.
 Decreto nº 78.841 de 1976
Que aprova a Primeira edição da Farmacopeia
Homeopática Brasileira (FHB).
 Res. CFM n.1.000 de 1980
Reconhece a homeopatia como especialidade
médica.
 Res. CFF n. 176 de 1986
Define a farmácia homeopática como atividade
exclusiva do farmacêutico.
 Res. CFMV n. 440 de 1995
Reconhece a homeopatia como especialidade
médica veterinária.
Para o farmacêutico homeopata, uma das resoluções mais importantes,
no entanto, é a Resolução do Conselho Federal de Farmácia - nº 635, de
14 de dezembro de 2016, pois esta é a resolução que determina quais
são as atribuições do farmacêutico no âmbito da homeopatia.
O farmacêutico homeopata tem a responsabilidade de
zelar pela qualidade e segurança dos medicamentos
homeopáticos.
Sua atuação pode ir desde o ensino e pesquisa até a dispensação e
cuidados farmacêuticos, passando por todas as etapas de produção e
garantia da qualidade. É papel do farmacêutico homeopata instruir os
pacientes quanto ao uso racional de medicamentos homeopáticos,
 Portaria nº 1.180 de 1997
Aprova a segunda edição da Farmacopeia
Homeopática Brasileira (FHB).
 RDC nº 39/2011
Aprova a Farmacopeia Homeopática Brasileira
(FHB) - 3ª edição.
 Res. CFF nº 576 de 2013
Estabelece prerrogativas para o exercício da
responsabilidade técnica em homeopatia.
 RDC nº 302 de 2019
Diz respeito à aprovação do Formulário
Homeopático da Farmacopeia Brasileira, 2ª edição.
participar da elaboração e atualização de marcos regulatórios da área,
garantir a qualidade e o zelo pelos princípios homeopáticos nas
farmácias onde houver manipulação, orientar estágios, gerir a qualidade
em processos de produção de medicamentos homeopáticos, garantir o
cumprimento das boas práticas de fabricação e várias outras.
Outras resoluções que tratam das boas práticas, do registro e de outras
questões legais podem ser consultadas na biblioteca temática da
ANVISA sobre medicamentos.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Considerando as diferentes teorias de modelo físico-químico que
explicam o funcionamento dos medicamentos homeopáticos,
assinale a alternativa correta:
A
A teoria da memória da água diz que os
medicamentos homeopáticos funcionam, pois a
água se liga irreversivelmente a uma molécula do
composto ativo para que sua memória não seja
perdida.
B
No modelo dos clusters, são formadas “gaiolas”
onde a água aprisiona o composto ativo e essa
estrutura tem atividade no organismo.
C
Modelos biológicos não foram capazes de mostrar
nenhum tipo de melhora em culturas de células
tratadas com medicamentos homeopáticos.
Parabéns! A alternativa E está correta.
Estudos mostram que a condutividade elétrica, o pH e o espectro de
fluorescência são algumas das características da água que sofrem
alteração após diversas dinamizações.
Questão 2
A resolução que traz as atribuições do farmacêutico homeopata é:
Parabéns! A alternativa C está correta.
D
Na pesquisa clínica, apenas ensaios clínicos são
aceitos para o estudo de medicamentos
homeopáticos.
E
Sucessivas dinamizações levam a alterações no
comportamento da água, como condutividade
elétrica e pH.
A Res. CFF n. 176 de 1986
B Res. CFF nº 576 de 2013
C Res. CFF nº 635 de 2016
D Res. CFF nº 1.000 de 1980
E Res. CFF nº 440 de 1995
A Resolução do Conselho Federal de Farmácia nº 635, de 14 de
dezembro de 2016, é a que traz as atribuições do farmacêutico
homeopata.
Considerações �nais
Como vimos, a terapêutica homeopática teve seu início com o Christian
Friedrich Samuel Hahnemann, no final do século XVIII. A partir dos seus
diversos estudos e publicações, juntamente com outros estudiosos da
área, a terapêutica homeopática se desenvolveu e se consolidou como
racionalidade médica. No Brasil, em 1840, a homeopatia é introduzida
passa por diferentes períodos de crescente expansão, porém, com o
surgimento da terapêutica química, entra em declínio. A partir dos anos
1960, a homeopatia retoma seu crescimento e hoje a produção e uso de
medicamentos homeopáticos são regulamentados por um sólido
aparato legal por meio de legislações específicas.
Vimos ainda que, por ser uma ciência baseada em evidências, desde
sua origem, teve sua eficácia e segurança clínica provadas a partir de
metodologias científicas. Estudamos, ainda, que as pesquisas em
homeopatia buscam entender o funcionamento e ação dos
medicamentos homeopáticos no organismo e se dividem grupos
distintos de estudo: aqueles que buscam evidenciar a eficácia da
homeopatia e aqueles que buscam elucidar os mecanismos de ação
dos medicamentos homeopáticos.
Podcast
Neste podcast, o especialista apresentará um resumo dos principais
pontos do conteúdo. Além disso, abordará o cenário atual da
homeopatia (principalmente como terapia integrante do PNPIC) e as
perspectivas futuras.
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Explore +
Para conhecer melhor a história da homeopatia, assista aos vídeos
História da Homeopatia - IHB - Parte 1 e Parte 2.
Leia o artigo Entre a Ciência e a Cultura: O Caso da Homeopatia
Brasileira, de Luiz Otávio Ferreira e entenda mais sobre a história da
homeopatia do Brasil
Aprenda mais sobre a importância da Homeopatia no Sistema Único de
Saúde lendo o artigo Homeopatia no Sistema Único de Saúde:
representações dos usuários sobre o tratamento homeopático,
publicado por Dalva de Andrade Monteiro e Jorge Alberto Bernstein
Iriart.
Leia a legislação existente sobre o assunto: Lei 5477/1965; Portaria
17/1966; Lei 5991/73 – capítulo 3; Decreto 78841/1976; Portaria
1180/1997; RDC da ANVISA 39/2010; Resolução do CFF 635/2016.
Referências
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Científicas em Homeopatia”. Revista de Homeopatia, 2017.
BAARS, E. W.; HAMRE, H. J. Whole Medical Systems versus the System
of Conventional Biomedicine: a critical, narrative review of similarities,
differences, and factors that promote the integration process. Evidence-
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BELLAVITTE, P. et al. High-dilution effects revisited. 1. Physicochemical
aspects. Homeopathy 103, 4e2, 2014.
BONAMIN, L. V. A solidez da pesquisa básica em homeopatia. Revista
de Homeopatia, São Paulo, v. 80, n.1/2, 2017, p. 89-97.
CABSIN/BIREME/OPAS/OMS/FIOCRUZ. Mapa de Evidências Efetividade
Clínica da Homeopatia. 2021.
GALHARDO, José Emygdio Rodrigues. História da homeopatia no Brasil.
In: Livro do 1° Congresso Brasileiro de Homeopatia. Rio de Janeiro,
1928. (BN).
HOLANDINO, C. et al. Medicamentos homeopáticos e o paradigma da
evidência científica. Journal of Management and Primary Health Care,
8(2):322-332, 2017.
MONTAGNA, E.; ZAIA, V.; LAPORTA, G. Z. Adoção de protocolos para
aprimoramento da qualidade da pesquisa médica. Einstein, 2020.
SOUSA, R. C. et al. Homeopatia. Porto Alegre: SAGAH, 2021.
TEIXEIRA, M. Z.; CARNEIRO, S. M. T. P. G. Efeito de ultradiluições
homeopáticas em plantas: revisão da literatura. Revista de Homeopatia,
São Paulo, v. 80, n.1/2, 2017, 113-132.
TESSER, C. D. Racionalidades médicas e integralidade: o que uma coisa
tem a ver com a outra?. Cien Saude Colet, dez. 2006.
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