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Cuidados farmacêuticos em homeopatia Prof.ª Thais de Barros Fernandes Descrição O cuidado farmacêutico em homeopatia e ações de assistência e atenção farmacêutica. Propósito O conhecimento dos principais conceitos necessários para a prestação do cuidado farmacêutico em homeopatia é importante para a atuação do farmacêutico homeopata, tendo como foco as necessidades do paciente e a legislação sobre as atribuições do farmacêutico nos cuidados em homeopatia. Objetivos Módulo 1 A assistência farmacêutica em homeopatia Reconhecer a importância da assistência farmacêutica em homeopatia para a ampliação da qualidade do cuidado com o paciente. Módulo 2 Serviços farmacêuticos aplicados à homeopatia Identificar os serviços farmacêuticos e suas aplicações no âmbito da homeopatia. Introdução O sucesso do tratamento homeopático demanda profissionais capacitados nessa área, com capacidade técnica para atender amplamente às necessidades dos pacientes. A prática da homeopatia como medicina alternativa permite a ampliação dos cuidados em saúde e representa mais um campo de atuação profissional. O farmacêutico homeopata possui conhecimentos para executar ações de manipulação, pesquisa, desenvolvimento, produção, controle de qualidade, garantia de qualidade, farmacovigilância e questões regulatórias dos medicamentos e dos produtos homeopáticos – o que permite que ele trabalhe nas indústrias, nas farmácias de manipulação, na dispensação e nos consultórios. Esses conhecimentos permitem ao profissional executar a assistência farmacêutica homeopática. Nesse contexto, os cuidados farmacêuticos em homeopatia são uma ferramenta de incremento às atividades do médico e ampliam o atendimento à população. 1 - A assistência farmacêutica em homeopatia Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a importância da assistência farmacêutica em homeopatia para a ampliação da qualidade do cuidado com o paciente. Assistência farmacêutica Antes de falarmos sobre a assistência farmacêutica em homeopatia, vamos relembrar seus conceitos gerais. A assistência farmacêutica é composta por ações orientadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, individual e coletiva, tendo o medicamento como insumo essencial e visando ao seu acesso e ao seu uso racional. Quais são essas ações? A pesquisa, o desenvolvimento e a produção de medicamentos e insumos, a seleção, a programação, a aquisição, a distribuição, a dispensação e a garantia da qualidade dos produtos e serviços. A utilização demanda um processo de avaliação e acompanhamento, em busca do alcance de resultados pautados por metas e da melhoria da qualidade de vida da população. A assistência farmacêutica é uma ação em saúde pública de caráter intersetorial, integrada ao sistema de saúde como política norteadora para a criação de diversas políticas setoriais – como a política de medicamentos, de ciência e tecnologia, de desenvolvimento industrial, entre outras. Por causa disso, destaca-se que a assistência farmacêutica vai além da atuação do farmacêutico, sendo reconhecida como um campo de saberes multiprofissional e interdisciplinar. O cuidado integral à saúde envolve a cooperação de vários saberes. Assim, o farmacêutico faz parte da equipe multidisciplinar, constituída por diferentes profissionais de saúde, com o objetivo de realizar o diagnóstico, o tratamento e a recuperação do paciente. As intervenções devem ser discutidas em conjunto, de maneira a ampliar a percepção sobre os problemas de saúde. Essas reuniões são popularmente denominadas como rounds clínicos. O Conselho Federal de Farmácia determina que o farmacêutico tem por função o atendimento, dentro das suas capacidades profissionais, das necessidades de saúde do paciente – sobretudo ao que diz respeito à terapia medicamentosa. Esse profissional tem como dever prover uma farmacoterapia adequada para tratar os problemas de saúde do paciente. A assistência farmacêutica deve garantir a segurança e a efetividade do medicamento, considerando todas as etapas do ciclo da gestão técnica e do ciclo da gestão clínica. Conheça cada uma dessas etapas: Ações correspondentes às etapas de gerenciamento técnico e gerenciamento clínico do medicamento. Quanto ao paciente, o farmacêutico deve garantir que ele se manterá motivado para continuar o tratamento e que ele tenha as habilidades necessárias para utilizar os medicamentos de maneira correta. Atividade discursiva Você, como farmacêutico, vai precisar identificar os problemas que podem estar impedindo o paciente de atingir seus objetivos terapêuticos. Vamos praticar? Cite 5 desses problemas. Digite sua resposta aqui Chave de resposta Existem vários, mas podemos citar: Problema de saúde não tratado. Falha no acesso ao medicamento. Medicação não necessária. Desvio de qualidade do medicamento. Baixa adesão ao tratamento. Interação medicamentosa. Duplicidade terapêutica. Discrepâncias na medicação. Falta de efetividade terapêutica. Reação adversa ou toxicidade. Erro de medicação. Contraindicações. Outros. O conhecimento sobre as etapas constituintes do ciclo é de extrema importância para a garantia da qualidade dos serviços farmacêuticos. Essa qualidade deve ser demonstrada por meio de indicadores, os quais são utilizados para avaliar a eficiência do serviço e demonstrar a sua importância para a chefia. Um exemplo de indicador a ser utilizado: número de intervenções farmacêuticas aceitas pela equipe médica – trata-se do quociente do número de intervenções aceitas pelo total do número de intervenções. Importância da assistência farmacêutica em homeopatia A assistência farmacêutica é uma área ampla e complexa dentro das ciências farmacêuticas. Didaticamente, ela pode ser dividida em duas partes: Gestão técnica Nesta esfera, também conhecida como logística, vários profissionais da saúde podem atuar em seu desenvolvimento. Gestão clínica do medicamento Nesta esfera, somente o farmacêutico pode atuar, por meio da atenção farmacêutica. É importante destacar que os atores responsáveis pelas ações da assistência farmacêutica devem ter conhecimentos aprofundados em homeopatia, incluindo a habilitação e a especialização na área. Os conhecimentos sobre a filosofia homeopática e os medicamentos homeopáticos (incluindo noções de aplicações e possibilidades de utilização) são ferramentas essenciais para a garantia da organização das ações de assistência farmacêutica. Saiba mais A homeopatia foi inserida no Sistema Único de Saúde a partir da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares. Assim, esse tipo de cuidado deve ser ofertado por meio da consulta com médicos especialistas e do acesso aos medicamentos, ressaltando a importância da reorganização da assistência farmacêutica para contemplar a área da homeopatia. Medicamentos e farmacêutico homeopata: aspectos legais Aspectos legais da produção de medicamentos homeopáticos no Brasil A compreensão sobre o processo de produção e de registro de medicamentos é fundamental para a realização de uma gestão adequada – sobretudo na homeopatia, na qual os medicamentos têm características específicas de produção e utilização. A tomada de decisões requer conhecimento sobre o objeto, o contexto e a organização. Também é preciso levar em conta os cuidados necessários, pessoas, processos e produtos envolvidos na decisão de oferecer ou não algum tipo de medicamento. Esse cuidados envolvem, por exemplo, os próprios medicamentos (sua conservação), profissionais qualificados que possam dispensá-los com segurança para o uso adequado pelos pacientes etc. Para compreendermos mais sobre esse processo, discutiremos as principais legislações que embasam a produção e o registro de medicamentos homeopáticos no país, veja: A publicação da Lei nº 1.552, de 1952 foi um marco importante para o início das atividades de homeopatia no país. Ela estipulou a obrigatoriedade da oferta de disciplinas de farmáciahomeopática (incluindo a farmacotécnica) na grade curricular das faculdades de Farmácia no Brasil. Porém, essa lei deixou de vigorar em 1960, o que fez com que as faculdades reduzissem a sua oferta, dificultando o acesso a essa formação. A Resolução CNE/CES 02/2002 abordou as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Farmácia. A partir dessa data, as instituições de ensino superior precisaram reestruturar sua estratégia pedagógica para adequar seus currículos à nova formação do farmacêutico, incluindo a subárea do conhecimento da farmácia homeopática. A publicação dessas legislações permitiu que o farmacêutico se tornasse qualificado para produzir e dispensar os medicamentos homeopáticos. Dessa maneira, outras leis foram criadas para apoiar a produção e o registro desses medicamentos na agência regulatória nacional (Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa). Você sabe como é realizado o registro desses medicamentos? Vamos compreender um pouco sobre esse processo e as possibilidades. As regras para registro de medicamentos homeopáticos industrializados são semelhantes àquelas estipuladas para os medicamentos alopáticos. Para realizá-lo, a indústria deve apresentar: Lei nº 1.552, de 1952 Resolução CNE/CES 02/2002 Um dossiê de registro contendo um relatório técnico de produção e controle de qualidade. Um relatório de segurança de eficácia. A licença de funcionamento da empresa. O certificado de responsabilidade técnica. O protocolo da notificação da produção de lotes-piloto. Os formulários de petição (contendo todas as informações sobre a composição do produto, nome comercial, forma farmacêutica, embalagens, prazos de validade e cuidados de conservação). Resultados de estabilidade são apresentados no estudo de estabilidade. As análises de segurança e eficácia do novo medicamento devem ser embasadas nas matérias médicas homeopáticas, nas referências bibliográficas reconhecidas pela Anvisa (IN nº 03/07), nos estudos clínicos e/ou toxicológicos, nas patogenias ou nas revistas científicas. Também é possível realizar a notificação simplificada de medicamentos homeopáticos. O registro pelo procedimento simplificado pode ser realizado quando o medicamento a ser registrado possui a mesma linha de produção, fabricante, relatório técnico e clínico e mesma composição de outro medicamento já registrado pelo método tradicional de registro. A notificação simplificada pode ser feita quando a indústria notifica à autoridade sanitária federal a fabricação, importação e comercialização de medicamentos de baixo risco à saúde (quando observadas as características de uso e qualidade descritas na RDC nº 199/06). Nesse caso, o medicamento anteriormente registrado é denominado matriz e aceita-se que ele seja detentor de registros distintos. Comentário Os medicamentos candidatos a esse registro diferem do medicamento matriz apenas no nome, rotulagem e diretrizes legais da bula. O processo não exime a indústria de comprovar as boas práticas de fabricação e controle, além das outras regulamentações sanitárias. Os medicamentos que podem ser registrados dessa maneira são medicamentos dinamizados que possuem um único insumo ativo isento de prescrição, conforme consta na “Tabela de potências para registro e notificação de medicamentos dinamizados industrializados” (IN nº 05/07). Cada produto e forma farmacêutica deve ter a sua própria notificação, utilizando de maneira obrigatória a nomenclatura científica (não é permitido utilizar marcas ou nome fantasia). As bulas dos medicamentos dinamizados são criadas de acordo com as normas impostas pela RCD nº 47/09, que especificam como deve ser esse documento de acordo com a sua fórmula e conteúdo. Essa regulação facilita a compra desses medicamentos devido à padronização imposta aos rótulos. A responsabilidade técnica pela empresa homeopática pertence ao farmacêutico com habilitação em homeopatia. Esse pré-requisito está estipulado nas resoluções nº 440/05 e nº 576/13 do Conselho de Farmácia – as quais especificam que o farmacêutico apto a exercer a responsabilidade técnica de farmácia ou laboratório industrial de manipulação é aquele que: cursou a disciplina de homeopatia (60 horas) em uma instituição de nível superior do curso de Farmácia e completou um estágio em manipulação e dispensação de medicamentos homeopáticos (120 horas) na própria instituição, em farmácias que manipulam medicamentos homeopáticos ou em laboratórios industriais conveniados às instituições de ensino; ou possui título de especialista ou o curso de especialização em Farmácia Homeopática que está de acordo com as respectivas resoluções do Conselho Federal de Farmácia. O acesso a esses medicamentos no Sistema Único de Saúde foi facilitado após a sua inclusão na Relação de Medicamentos Essenciais (RENAME) a partir de sua sétima edição (publicada em 2012). Os medicamentos essenciais são aqueles elencados pelo Ministério da Saúde, a fim de cobrir todas as necessidades em saúde da população brasileira. Eles são utilizados na atenção básica e são financiados com o recurso tripartite do componente básico da assistência farmacêutica. A sétima edição da RENAME (2012) contém 12 medicamentos fitoterápicos e medicamentos homeopáticos preparados conforme a Farmacopeia Homeopática Brasileira (3ª edição). Atribuições do farmacêutico homeopata As atribuições do farmacêutico homeopata são estipuladas pela resolução do Conselho Federal de Farmácia nº 635/2016, que revogou a Resolução nº 604/2014. Além das atribuições, o texto inclui deveres do farmacêutico no âmbito da homeopatia e discorre sobre outras providências. Vamos falar sobre algumas atribuições privativas e não privativas, tal como deveres do farmacêutico homeopata contidos nessa resolução. A resolução se inicia enfatizando que é um dever do farmacêutico homeopata atuar com respeito às especificidades da ciência homeopática. Isso confirma a importância da formação específica para a atuação nessa área. O farmacêutico homeopata tem a responsabilidade de zelar pela qualidade dos medicamentos homeopáticos magistrais, oficinais e outras especialidades farmacêuticas, durante as etapas de produção, manipulação, conversação, dispensação e transporte. Essa qualidade também se refere aos parâmetros físico-químicos e microbiológicos de produtos reembalados, reconstituídos, diluídos, adicionados, misturados ou, de alguma maneira, manuseados posteriormente à sua dispensação ou comercialização. Ele também é responsável por atividades de ministério e atividades desenvolvidas por terceiros (segundo as suas autonomias profissionais), definindo, aplicando e supervisionando procedimentos operacionais e farmacotécnicos do processo de manipulação homeopática. Conheça as atividades privativas e não privativas do farmacêutico homeopata: Atividades privativas São atividades privativas do farmacêutico homeopata: realizar o assessoramento e a responsabilidade técnica na indústria farmacêutica, nas farmácias comunitária e magistral, no serviço público e privado, onde são desenvolvidas atividades relacionadas à homeopatia; a manipulação e a dispensação de medicamentos homeopáticos; e a elaboração de laudos técnicos e a realização de perícias técnico-legais relacionadas a estabelecimentos, serviços e produtos homeopáticos. Atividades não privativas São atividades não privativas do farmacêutico homeopata: participar do desenvolvimento de sistemas de informação, farmacovigilância, estudos de utilização e elaboração de bancos de dados de medicamentos homeopáticos, insumos, órgãos e tecidos animais, animais, matérias-primas, plantas medicinais e outros produtos utilizados na terapêutica homeopática. Supervisionar e elaborar normas e procedimentos relativos à recepção, estocagem, guarda, conservação e controle dos estoques de insumos farmacêuticos, insumos ativos homeopáticos e dos medicamentos homeopáticos, em obediência aos preceitos dasBoas Práticas de Armazenamento. Atenção farmacêutica em homeopatia A atenção farmacêutica em homeopatia ocorre sobretudo no momento da dispensação. A dispensação de medicamentos é uma ação complexa que envolve a entrega de medicamentos, a oferta de informações acerca dos cuidados necessários para a correta utilização, a avaliação da segurança e da efetividade do tratamento, o seguimento e a avaliação da utilização e a educação permanente da equipe da saúde, do paciente e da comunidade para promover o uso racional de medicamentos. Para que esse processo seja executado adequadamente, o farmacêutico deve obter informações sobre o paciente, como a idade, o sexo, a existência de tratamentos concomitantes, se existem comorbidades ou algum tipo de vício, qual seu grau de compreensão sobre o tratamento homeopático, como é a sua alimentação e demais questões relativas à qualidade de vida. Essas informações são relevantes para o cumprimento da atenção farmacêutica integral, constituída por elementos técnicos e humanísticos que se associam em prol da melhora do paciente. Como exemplos de questões específicas relacionadas ao paciente, podemos citar: Exemplo 1 Uma criança diabética não pode fazer uso de medicamentos homeopáticos na forma farmacêutica glóbulos, devido à sua composição de sacarose. Exemplo 2 O hábito de ingerir certas substâncias, como café, chá ou álcool pode tornar o tratamento homeopático impraticável. Além desses exemplos, é importante salientar que a obtenção de informações sobre o paciente pode contribuir para o aprimoramento do tratamento homeopático nos momentos em que há necessidade de realizar contato com o prescritor. Esse contato pode ocorrer para sanar dúvidas sobre a terapia, realizar a sugestão de soluções técnicas e prover informações sobre medicamentos homeopáticos. Em geral, os cuidados em saúde ainda são amplamente baseados na medicina alopática, sobretudo no Ocidente. Consequentemente, para realizar o tratamento homeopático de maneira adequada, uma série de crenças e hábitos devem ser desconstruídos nos pacientes. Atenção! A automedicação é uma prática que também deve ser amplamente discutida na homeopatia, pois, assim como no tratamento alopático, ela não é isenta de riscos. O medicamento homeopático tem ação farmacológica ao estimular os mecanismos de defesa do organismo e por isso é preciso desmistificar que ele não tenha potencial para causar danos à saúde. Muitas drogas utilizadas em homeopatia são tóxicas, pois é dessa maneira que elas desencadeiam patogenesias com sintomas suficientemente evidentes e peculiares. Assim, alguns cuidados devem ser tomados pelo prescritor de medicamentos homeopáticos originados de drogas heroicas, assim como pelo farmacêutico responsável pelo Exemplo 3 Medicamentos homeopáticos não devem ser utilizados de maneira concomitante com medicamentos alopáticos. Exemplo 4 Alguns pacientes podem apresentar reações alérgicas em contato com alguns veículos utilizados em medicamentos homeopáticos, como o álcool e a lactose. acompanhamento. Sua concentração de ingredientes ativos não pode oferecer riscos à saúde do paciente e, para isso, eles só podem ser prescritos em potências mais elevadas. Medicamentos como o Codeinum, o Morphinum e o Opium são considerados medicamentos de controle especial e só podem ser prescritos e aviados em consonância à portaria 344/98. Serviços farmacêuticos em homeopatia Os serviços clínicos farmacêuticos representam a materialização do cuidado do farmacêutico com o paciente. Além do tratamento alopático, esses serviços também podem ser organizados e estruturados no âmbito da terapêutica homeopática. Essas ações contribuem para o cuidado integral à saúde a partir da execução de atividades voltadas para o uso de medicamentos homeopáticos, contribuindo para o seu acesso equitativo e o seu uso racional. São serviços voltados para a identificação, prevenção e resolução de problemas relacionados ao uso de medicamentos homeopáticos. Esses serviços incluem: A conciliação de medicamentos. A revisão da farmacoterapia. O acompanhamento terapêutico. A gestão da condição de saúde. Além disso, o farmacêutico homeopata também pode realizar os serviços de educação em saúde, manejo de problemas de saúde autolimitados e dispensação de medicamentos homeopáticos, bem como procedimentos que incluem a verificação ou monitoramento de parâmetros clínicos, a realização de pequenos curativos, a organização dos medicamentos do paciente, entre outros. Vários desses serviços podem ser providos a partir da consulta farmacêutica, que é realizada por meio de um encontro com o paciente. Nela o farmacêutico identifica necessidades e carências do paciente e realiza procedimentos (de acordo com as qualidades do serviço de saúde ao qual aquele farmacêutico está inserido). O principal objetivo da consulta é contribuir para a obtenção dos melhores resultados possíveis a partir da terapia homeopática, além de proporcionar o uso racional de medicamentos. Ela também tem como meta a promoção, proteção e recuperação da saúde e prevenção de doenças e de outras condições de saúde. O farmacêutico homeopata deve prestar orientações acerca da correta utilização dos medicamentos homeopáticos, contribuindo para a cura de enfermidades leves e evitando a ocorrência de enfermidades graves – em conformidade com a filosofia homeopática e à luz da lei dos semelhantes. O sucesso do tratamento homeopático depende da compreensão do paciente sobre o processo, incluindo a sua capacidade de observação da ação do medicamento prescrito e de possíveis alterações da sua condição de saúde. Dessa maneira, a homeopatia exige um empoderamento por parte do paciente. O farmacêutico deve orientá-lo que, segundo a filosofia homeopática, alguns quadros podem passar pelo agravamento dos sintomas, períodos de eliminação ou retorno dos sintomas antigos. A assistência farmacêutica em homeopatia Veja questões relacionadas à assistência farmacêutica no âmbito da homeopatia. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 (NC-UFPR – SES-PR – Farmacêutico – 2009 – Adaptada) Sobre a abrangência da “assistência farmacêutica”, considere as seguintes afirmativas: 1. Considera-se a assistência farmacêutica um conjunto de ações desenvolvidas pelo farmacêutico e outros profissionais de saúde, voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, apenas no nível individual. 2. A assistência farmacêutica propõe o medicamento como insumo essencial, visando ao acesso da população a ele e seu uso racional. 3. A assistência farmacêutica envolve a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de medicamentos e insumos, alimentos, cosméticos e bebidas; a comercialização, programação, aquisição, prescrição e dispensação; a garantia da qualidade dos produtos e a elaboração de normas e leis. 4. Realiza o acompanhamento e avaliação do uso de medicamentos, na perspectiva da obtenção de resultados concretos e da melhoria da qualidade de vida da população. Assinale a alternativa correta: Parabéns! A alternativa C está correta. A assistência farmacêutica é composta por ações orientadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, individual e coletiva, tendo o medicamento como insumo essencial e visando ao seu acesso e ao seu uso racional. Essas atividades incluem a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de medicamentos e insumos, a seleção, a programação, a aquisição, a distribuição, a dispensação e a garantia da qualidade dos produtos e serviços. A utilização demanda um processo de avaliação e acompanhamento, em busca A Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras. B Somente a afirmativa 1 é verdadeira. C Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras. D Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras. E Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras. do alcance de resultados pautados por metas e da melhoria da qualidade devida da população. Questão 2 (INAZ do Pará – CRF-PE – Farmacêutico Fiscal – 2018) O farmacêutico homeopata já realizava o processo assistencial, na farmácia homeopática, antes mesmo do conceito de atenção farmacêutica ser aplicado, na prática, devido às próprias características que essa terapêutica apresenta. Entretanto, o conceito de atenção farmacêutica evoluiu e requer, também, novas posturas do farmacêutico homeopata, principalmente em sua relação com o paciente, necessitando ainda de sistematização e documentação, mantendo a colaboração com a equipe de saúde. Qual alternativa abaixo apresenta a legislação que estabelece as atribuições do farmacêutico na homeopatia? Parabéns! A alternativa D está correta. Essa resolução dispõe sobre as atribuições do farmacêutico no âmbito da homeopatia, especificando as atribuições do profissional; as normas sobre a produção magistral; sobre a produção industrial; sobre a comercialização de medicamentos homeopáticos industrializados isentos de prescrição ou não; as atribuições do farmacêutico homeopata na atuação junto ao paciente, à família e à A Resolução CFF nº 640, de 27 de abril de 2017. B Resolução CFF nº 539, de 22 de outubro de 2010. C Resolução CFF nº 509, de 29 de julho de 2009. D Resolução CFF nº 635, de 14 de dezembro de 2016. E Resolução CFF nº 578, de 26 de julho de 2013. comunidade; a documentação e as atribuições do farmacêutico homeopata no ensino e na pesquisa. 2 - Serviços farmacêuticos aplicados à homeopatia Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os serviços farmacêuticos e suas aplicações no âmbito da homeopatia. Conciliação, revisão e acompanhamento farmacoterapêutico Conciliação de medicamentos A conciliação de medicamentos é o serviço pelo qual o farmacêutico elabora uma lista com todos os medicamentos homeopáticos (contendo nome ou formulação, dinamização, forma farmacêutica, via de administração, frequência de uso e duração do tratamento) que o paciente está utilizando e realiza a comparação com informações do prontuário, da prescrição, do paciente, de cuidadores, entre outras, com o objetivo de identificar diferenças. Esse serviço é especialmente útil quando o paciente entra em uma internação ou recebe alta hospitalar, e o farmacêutico verifica quais medicamentos entraram, saíram ou estão faltando na sua prescrição. O principal objetivo da conciliação é prevenir erros do processo de medicação, os quais muitas vezes são decorrentes de discrepâncias da prescrição (duplicação de medicamentos ou exclusão indevida), contribuindo para evitar danos que podem ocorrer no processo. Comentário O termo reconciliação muitas vezes é usado como sinônimo de conciliação a fim de descrever esse mesmo serviço. Porém, a RDC n° 13/2013 da Anvisa, que dispõe sobre as Boas Práticas de Fabricação de Produtos Tradicionais Fitoterápicos, traz o termo reconciliação com o significado de “um procedimento que tem como objetivo fazer uma comparação nas diferentes etapas de produção de um lote de produto, entre a quantidade real de produção e a quantidade teórica estabelecida”. Dessa maneira, recomenda-se que esse termo seja utilizado com cautela. O esquema a seguir ilustra o processo de conciliação medicamentosa de acordo com a transição para diferentes níveis de cuidado em saúde. Observe: Conciliação medicamentosa de acordo com a transição para diferentes níveis de cuidado em saúde. Agora, veja o que pode ser realizado no processo de conciliação medicamentosa entre os níveis de cuidados em saúde: Casa Nesse momento é importante colher informação sobre a terapia homeopática por meio de: entrevista com o paciente ou a família, lista de medicamentos/medicamentos em uso, banco de dados do sistema de saúde e prontuários anteriores. Internação hospitalar As ações anteriores garantem a possibilidade de obter uma melhor história da terapia medicamentosa em homeopatia. Na internação é necessário documentar informações sobre medicamentos prescritos, bem como nas transferências internas, até a decisão de alta. Casa Para a última etapa da transição, é preciso elaborar uma melhor decisão sobre a terapia homeopática no plano de alta, com as seguintes informações: prescrições de alta conciliadas, resumo da alta do médico e horários de uso dos medicamentos. A homeopatia é usualmente prescrita quando o paciente necessita de cuidados primários em saúde. Por isso, o serviço de conciliação de medicamentos homeopáticos é pouco realizado, porém ele pode ser importante nas situações em que o paciente se encontra em utilização do medicamento homeopático; suspende o uso quando entra em um nível superior de cuidado (unidades de pronto atendimento ou hospitais); e deve retornar aos cuidados homeopáticos após o processo de alta. Nessa situação, o farmacêutico deve avaliar se algum medicamento foi esquecido ou suspenso de maneira inadequada. Revisão da farmacoterapia A revisão da farmacoterapia é um serviço no qual o farmacêutico realiza uma avaliação estruturada e crítica sobre os medicamentos utilizados pelo paciente. Seu principal objetivo é reduzir a ocorrência de problemas relacionados à terapia homeopática, contribuindo para a melhoria na adesão ao tratamento e dos resultados a serem alcançados, assim como a diminuição do desperdício de recursos. Exemplo Alguns problemas relacionados à terapia com medicamentos homeopáticos são: efeitos adversos, problemas de adesão, erros de doses, necessidade de acompanhamento ou de terapia adicional, assim como o alto custo do tratamento. A revisão da farmacoterapia é um serviço e não deve ser confundida com o ato do profissional se informar quanto aos medicamentos ou às ações relacionadas à revisão do registro de medicamentos e das possibilidades quanto à prescrição de medicamentos disponíveis no mercado. Existem várias maneiras de executar esse serviço, que geram diferentes impactos na saúde do paciente. Essa escolha será definida a partir de condições específicas do caso, como: Complexidade do estado clínico do paciente. Acesso do paciente às informações. Como o profissional é inserido na equipe multiprofissional. A infraestrutura do local de atendimento, entre outras. A revisão da farmacoterapia pode ser conduzida apenas com as informações retiradas da prescrição de medicamentos, sem que ocorra contato direto com o paciente. No ambiente hospitalar, essa prática é chamada de análise farmacêutica da prescrição. Porém, quando é realizada com foco na adesão, exige contato com o paciente, a fim de verificar o seu grau de compreensão sobre o tratamento, sua rotina de uso de medicamentos, entre outras informações. Na revisão clínica da farmacoterapia, é possível conduzir uma avaliação mais profunda sobre os medicamentos e as condições de saúde, na qual o farmacêutico também deve avaliar questões associadas à escolha terapêutica, exames laboratoriais, segurança e efetividade dos tratamentos. O farmacêutico homeopata é o profissional mais capacitado para realizar a orientação do paciente quanto à utilização correta dos medicamentos homeopáticos, contribuindo para a cura de enfermidades leves e prevenindo ou evitando o desenvolvimento de enfermidades graves, sempre em consonância com a lei dos semelhantes. Atenção! Não está no escopo de atuação do farmacêutico realizar o diagnóstico de doenças ou alterar a prescrição do médico homeopata. Sua atuação deve ter o enfoque no acompanhamento do monitoramento e na monitorização da adesão, objetivando a redução dos problemas relacionados à terapia homeopática. Em muitos casos, a falta de adesão pode estar relacionada a dificuldades para a compreensão das informações passadas pelo prescritor ao paciente e, por isso, o farmacêutico deve se certificar sobre a completa compreensão do paciente a respeito do seu tratamento. Acompanhamento terapêutico O acompanhamento terapêutico é um serviço pelo qual o farmacêutico realiza a gestão da terapia com medicamentos homeopáticos.Essa gestão consiste na avaliação das condições de saúde, dos fatores de risco e do tratamento do paciente e na formulação de intervenções gerenciais, educacionais e do acompanhamento, que buscam a resolução dos problemas encontrados. Seu propósito é a prevenção e a resolução de problemas da terapia com medicamentos homeopáticos, visando à obtenção dos melhores resultados clínicos, à redução dos riscos e à cooperação para melhorar a eficiência e a qualidade da atenção à saúde. Esse serviço também inclui atividades de prevenção e proteção da saúde. O processo do acompanhamento terapêutico é conduzido durante vários encontros do farmacêutico com o paciente. Durante a condução do processo de cuidado, o profissional deve identificar problemas relacionados a medicamentos e resultados negativos da terapia com medicamentos homeopáticos, investigando as suas causas, realizando intervenções e documentando as etapas do processo a fim de resolver e prevenir os problemas encontrados. A maior característica que distingue esse serviço dos demais é o seguimento do cuidado em saúde por meio da condução de diversas consultas com o paciente. Vale a pena relembrarmos o conceito de problema relacionado a medicamento (PRM). O PRM é qualquer evento indesejável oriundo da terapia com medicamentos, que esteja relacionado com o uso de medicamentos, ou que se tenha a suspeita, interferindo ou que tenha potencial para interferir no processo de evolução terapêutica considerado eficaz. Os problemas relacionados com medicamentos (PRM), segundo consenso de Granada (Comitê de Consenso, 2002), são classificados em três tipos: Necessidade PRM 1: o paciente apresenta um problema de saúde por não utilizar o medicamento de que necessita. PRM 2: o paciente apresenta um problema de saúde por utilizar um medicamento de que não necessita. Efetividade PRM 3: o paciente apresenta um problema de saúde por uma inefetividade não quantitativa do medicamento. PRM 4: o paciente apresenta um problema de saúde por uma inefetividade quantitativa do medicamento. Segurança PRM 5: o paciente apresenta um problema de saúde por uma insegurança não quantitativa de um medicamento. PRM 6: o paciente apresenta um problema de saúde por uma insegurança quantitativa de um medicamento. É comum que o farmacêutico homeopata perceba a existência de PRM na terapia com medicamentos homeopáticos e também no uso de medicamentos alopáticos (muitas vezes medicamentos de uso contínuo como anti-hipertensivos, anticoncepcionais, suplementos vitamínicos, chás, entre outros). Nesse contexto, o cuidado farmacêutico em homeopatia deve ponderar sobre os aspectos gerais do uso de medicamentos alopáticos e as peculiaridades da homeopatia. Assim, o farmacêutico homeopata deve acompanhar o tratamento levando em conta as Leis de Cura de Hering, supressão, agravação, patogenesia, a queixa principal do paciente, a integralidade do paciente, o seu estado geral e a sua qualidade de vida. Assim como no tratamento alopático, o tratamento homeopático exige a construção de uma relação de confiança entre o farmacêutico (responsável pela manipulação e dispensação dos medicamentos, prestando orientação sobre a sua correta utilização) e o paciente (responsável pelo desenvolvimento do autoconhecimento, permitindo uma correta compreensão sobre si mesmo). A troca de informações será primordial para a obtenção do sucesso na terapia. Gestão da condição de saúde e educação em saúde Gestão da condição de saúde A gestão da condição de saúde é o serviço pelo qual o farmacêutico homeopata efetua o gerenciamento de uma condição de saúde ou de um fator de risco. Em alguns casos, esse serviço também pode ser denominado como programa de gestão da doença, processo definido pela Disease Management Association of America (2019) como “um sistema de intervenções e comunicações coordenadas de cuidados em saúde, para pessoas com determinadas afecções, em que esforços de autocuidado do paciente são significativos”. Esse processo é executado por meio de intervenções gerenciais, educacionais e no cuidado, com propósito de alcançar resultados clínicos satisfatórios, diminuir riscos e contribuir para o aumento da eficiência e da qualidade da atenção. Seu principal objetivo é a garantia do seguimento de diretrizes clínicas das doenças mais prevalentes na população. A natureza desses programas geralmente é interprofissional, incluindo médicos, enfermeiros, nutricionistas, farmacêuticos, entre outros profissionais da saúde. Vejamos alguns aspectos essenciais sobre esse processo: A gestão da condição de saúde, como serviço clínico farmacêutico, normalmente é orientada para o acompanhamento de uma doença ou condição específica (como diabetes mellitus, hipertensão, dislipidemia, asma, insuficiência cardíaca, entre outras). Ela busca oferecer ao paciente os meios necessários para aumentar o seu conhecimento necessário para o autocuidado, em um contexto multiprofissional. No contexto da homeopatia, destaca-se a importância da oferta de informações para o paciente sobre a terapia, sobretudo a respeito da sua filosofia e dos seus mecanismos. A característica mais importante desse serviço é o enfoque em uma condição de saúde e nos seus respectivos tratamentos. Por outro lado, no acompanhamento da farmacoterapia, os processos são orientados para o gerenciamento da utilização de todos os medicamentos. O sucesso da execução desse serviço também depende da existência de protocolos clínicos ou acordos de colaboração com o médico. No caso da homeopatia, que carece de protocolos clínicos terapêuticos, utiliza-se as matérias médicas e a farmacopeia homeopática. Os acordos de colaboração com o médico permitem a ampliação da autonomia do farmacêutico homeopata para iniciar, ajustar, modificar ou suspender medicamentos durante o acompanhamento com o paciente. Finalidade Característica Resultado Educação em saúde A educação em saúde é um serviço composto por diferentes práticas educativas que utilizam o saber popular e o científico para aumentar o conhecimento e aprimorar habilidades e atitudes sobre os problemas de saúde e seus tratamentos. Essa atividade também envolve ações de mobilização popular para o compromisso com a cidadania. Seu principal objetivo é fornecer autonomia para o paciente e garantir o comprometimento de todos (pacientes, profissionais, gestores e cuidadores) para promover a saúde, prevenir e controlar doenças e melhorar a qualidade de vida. O processo de educação não pode ser realizado por meio da imposição de saberes transmitidos de maneira vertical. O processo de educação em saúde não pode ser compreendido como somente um processo de transferência de informações – pelo contrário, ele deve envolver a transformação de saberes e práticas existentes. O conceito de educação também está relacionado ao desenvolvimento da responsabilidade e da autonomia dos pacientes quanto à tomada de decisões a respeito da sua saúde e da saúde da sua comunidade. Comentário A prática da educação em saúde está prevista na Lei nº 13.021/2014, na qual fica definido que a farmácia deve prover orientação sanitária individual e coletiva. O farmacêutico pode conduzir essas ações por diversas maneiras: realizando aconselhamento sobre mudanças de hábitos de vida (como cessação do tabagismo), criando atividades educativas para promover a adesão ao tratamento ou o descarte correto dos medicamentos, demonstrando a importância do tratamento e informando sobre doenças, fatores de risco e condições de saúde. São instrumentos úteis para esse fim: O uso de tabelas para facilitar a visualização do horário adequado para usar os medicamentos homeopáticos. Caixas organizadoras de medicamentos que auxiliam na adesão. Etiquetas ou rótulos com informações escritas ou visuais (pictogramas) – sobretudo quando o paciente ou o cuidador não sabem ler. Demonstração da técnica de administração das diferentes formas farmacêuticasutilizadas em homeopatia ou aparelhos para monitoramento de parâmetros da saúde (como o glicosímetro). Criação de folders, panfletos, cartazes, vídeos, entre outros meios para educar sobre a correta condução da terapêutica homeopata. Manejo de problema de saúde autolimitado e dispensação Manejo de problema de saúde autolimitado O manejo de problema de saúde autolimitado é um serviço no qual o farmacêutico homeopata recebe a queixa do paciente sobre um problema de saúde autolimitado, faz a identificação da necessidade de saúde e decide qual ação de cuidado farmacêutico deve ser realizada. As ações de cuidado incluem a realização da prescrição de medicamentos homeopáticos isentos de prescrição médica, a orientação quanto a medidas de mudanças de hábitos ou efetuação do encaminhamento do paciente para outro profissional ou serviço de saúde. Você sabe o que é um problema de saúde autolimitado? Resposta Trata-se de sintomas agudos, de baixa gravidade e curto período de duração, os quais no geral não se desenvolvem para outros transtornos ou doenças. Eles podem ser tratados com o uso de medicamentos industrializados e preparações magistrais (alopáticos ou dinamizados), plantas medicinais, drogas vegetais e/ou medidas não farmacológicas. Os medicamentos homeopáticos isentos de prescrição médica são aqueles que têm concentração de substância ativa equivalente às doses máximas farmacologicamente estabelecidas. Assim, o farmacêutico só deve efetuar a prescrição de medicamentos homeopáticos de baixa potência, utilizados para o tratamento de patologias menores. O manejo de sintomas menores acontece com grande frequência e faz parte do autocuidado em saúde. Ações de autocuidado incluem a prática de ações básicas de higiene, alimentação saudável, atividades físicas e uso de medicamentos. Muitos pacientes realizam a automedicação baseada em influência de pessoas próximas ou conteúdos de mídia. Essa prática pode ser arriscada quando feita sem a assistência necessária, resultando no insucesso do manejo da queixa ou no desenvolvimento de outros problemas de saúde. Esse risco justifica a oferta desse serviço de saúde pelo farmacêutico homeopata, que possui conhecimento sobre a fisiopatologia de doenças e da filosofia homeopática em geral, que o auxiliam na tomada de decisão sobre a prescrição do medicamento homeopático mais adequado para tratar aquela condição. O farmacêutico deve conduzir um acompanhamento do paciente a fim de verificar a resolução da queixa. Dispensação A dispensação é um serviço realizado de acordo com a prescrição de um profissional habilitado para aquela função (geralmente médicos, médicos veterinários e dentistas). O procedimento se inicia com a avalição sobre a conformidade da prescrição (em relação às normativas vigentes e ao entendimento do paciente sobre a sua terapia), a execução de intervenções, a entrega dos medicamentos e a instrução sobre o seu uso adequado e seguro, os objetivos terapêuticos, a conservação dos medicamentos e o seu descarte. Essa ação tem como objetivo a garantia da segurança do paciente e o uso racional de medicamentos. Trata-se de um ato exclusivo do farmacêutico, pois ele é o profissional que possui conhecimentos específicos para propiciar o acesso ao medicamento e o seu uso adequado. Dessa maneira, antes de executar a entrega dos medicamentos, o farmacêutico deve examinar a prescrição sob o ponto de vista técnico e legal e entrar em contato ou intervir junto ao prescritor quando for necessário. A dispensação de medicamentos homeopáticos deve ser executada pelo farmacêutico com formação clínica e especialização nessa área do cuidado. Assim, o profissional poderá realizar uma avaliação crítica sobre a prescrição, relacionando os medicamentos prescritos com as condições de saúde, avaliando a possibilidade de realização de uma intervenção junto ao médico frente à ausência de determinados medicamentos e considerando outros fatores que podem contribuir para o resultado do tratamento e a segurança do paciente. Orientações para a dispensação de medicamentos homeopáticos Confira as orientações importantes a serem oferecidas pelo farmacêutico no momento da dispensação: Horário prescrito O medicamento deve ser tomado na hora e da maneira como o prescritor indicar. Mudanças no estado clínico do paciente devem ser comunicadas ao médico, pois podem gerar mudanças na terapia homeopática. Dúvidas Caso tenha dúvidas sobre o tratamento, o paciente deve procurar imediatamente auxílio profissional. Ele não deve esperar até a data da próxima consulta. Primeiro, ele deve tentar contactar o seu médico, e caso tenha insucesso, ele deve procurar o farmacêutico homeopata. Pós dispensação Após a dispensação do seu medicamento, o paciente deve sempre conferir o rótulo do medicamento. As principais informações a serem confirmadas são o seu nome completo e as datas de fabricação e validade. Medicamentos líquidos Medicamentos líquidos devem ser gotejados na boca, porém alguns podem ser diluídos em uma colher de chá de água. Não se indica a diluição em volumes maiores, pois o medicamento poderá ser absorvido além da primeira porção do esôfago. Medicamentos sólidos Medicamentos sólidos – como glóbulos, tabletes, comprimidos e pós – devem ser dissolvidos na boca. Eles não devem entrar em contato com as mãos devido à possibilidade de contaminação do produto. Nesses casos, o farmacêutico deve sugerir que o paciente utilize a tampa. Uso da medicação Os medicamentos devem ser tomados em horários distantes das refeições, respeitando o intervalo mínimo de 30 minutos antes ou depois. Eles também não devem ser utilizados próximo à higiene bucal e, nesse caso, eles devem ser ingeridos 10 minutos antes ou 30 minutos após. Dose única Caso o medicamento seja uma administração em dose única, ele deve ser ingerido em jejum ou ao deitar-se, conforme as orientações do prescritor. Cheiro forte Substâncias com cheiro forte, como mentol, cânfora, Gelol, Vick e iodetos podem inibir a ação do medicamento e por isso não podem ser utilizadas de maneira concomitante. Armazenamento Os medicamentos homeopáticos devem ser guardados ao abrigo de cheiros fortes, excesso de luz, calor, umidade e aparelhos que emitam radiações (eletrônicos, como televisão, geladeira, celulares, computadores, entre outros). Eles não devem ser guardados em cômodos como o banheiro ou a cozinha devido ao excesso de umidade. Dessa maneira, eles devem ser mantidos em uma caixa exclusiva, em um local fresco, seco e que não pegue sol. Cuidados com crianças e animais Todo tipo de medicamento, seja homeopático ou alopático, deve ser mantido fora do alcance de crianças e animais. Automedicação Os medicamentos não podem ser recomendados para outras pessoas que não passaram por uma consulta homeopática, pois sua utilização exige conhecimentos específicos para identificação do medicamento correto segundo a lei dos semelhantes. Assim, também não é recomendado que o paciente realize a automedicação. Que tal compreender detalhadamente a aplicação dos serviços farmacêuticos no âmbito da homeopatia? Vamos lá! Serviços farmacêuticos em homeopatia Veja como se dá a aplicação dos serviços farmacêuticos no âmbito da homeopatia. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 (Comissão de Residência Multiprofissional da Universidade Federal de Sergipe – COREMU UFSE – UFS – Residência em Farmácia – Saúde da Família – 2020 – Adaptada) Avalie as afirmações a seguir: I- Conciliação de medicamentos é um serviço que tem como objetivo prevenir erros de medicação resultantes de discrepâncias da prescrição, como duplicidades ou omissões de medicamentos, principalmente quando o paciente transita pelos diferentes níveis de atenção ou por distintos serviços de saúde, dessa forma evitando danos desnecessários. II- A revisão da farmacoterapia pode ser centrada apenas nas informaçõesda prescrição de medicamentos, sem necessariamente haver contato direto com o paciente, o que, no contexto hospitalar, é denominado análise farmacêutica da prescrição. III- O acompanhamento terapêutico é o serviço no qual o farmacêutico avalia o tratamento do paciente com o objetivo único de resolver problemas da terapia com medicamentos homeopáticos. Parabéns! A alternativa A está correta. A conciliação de medicamentos é um serviço importante para garantir que nenhum medicamento será duplicado ou esquecido. A revisão da farmacoterapia pode ser conduzida apenas com as informações retiradas da prescrição de medicamentos, sem que ocorra contato direto com o paciente. No acompanhamento terapêutico, o farmacêutico avalia as condições de saúde do A Somente os itens I e II são verdadeiros. B Somente os itens I e III são verdadeiros. C Somente os itens II e III são verdadeiros. D Somente o item II é verdadeiro. E Somente o item III é verdadeiro. paciente e outras informações pertinentes a fim de prevenir e resolver problemas relacionados à terapia com medicamentos homeopáticos. Questão 2 (Instituto Americano de Desenvolvimento – IADES - SES-DF – Residência em Atenção em Oncologia – Farmácia – 2020 – Adaptada). A homeopatia é uma ciência terapêutica que tem base na lei natural de cura Similia similibus curantur (os semelhantes curados pelos semelhantes), enunciada por Hipócrates, e tem mais de 200 anos de idade. Procura tratar pacientes com substâncias altamente diluídas que são administradas por via oral. A respeito do exposto, julgue os itens a seguir: I. Os medicamentos homeopáticos devem ser ingeridos junto com as refeições. II. Se o paciente for ingeri-los próximo à escovação dos dentes, deverá fazê-lo 10 minutos antes ou 30 minutos depois da higienização bucal. III. Medicamentos administrados em dose única devem ser ingeridos em jejum ou ao deitar-se. Estão corretas as alternativas: Parabéns! A alternativa D está correta. A I. B III. C I e III. D I e II. E II e III. Os medicamentos homeopáticos não devem ser administrados próximo ao horário das refeições. A administração do medicamento homeopático deve ser realizada 30 minutos antes ou após a alimentação. Quanto à higiene bucal, recomenda-se que o medicamento homeopático seja administrado 10 minutos antes da escovação dental ou 30 minutos depois. Medicamentos de uma só administração, conhecidos como dose única, devem ser administrados em jejum ou após se deitar, a fim de minimizar possíveis interações com outros medicamentos ou alimentos. Considerações �nais Vimos a importância do farmacêutico homeopata na condução de ações de assistência e atenção farmacêutica voltados para a terapêutica homeopática. Para isso, é importante considerar todas as especificidades relativas ao medicamento homeopático – o que exige conhecimentos sobre a filosofia e a farmacotécnica homeopática. As ações de assistência são regulamentadas por legislações específicas da homeopatia – que incluem as normas sobre oferta de formação para farmacêuticos homeopatas, normas para o registro de medicamentos homeopáticos, atribuições clínicas do farmacêutico homeopata, normatização sobre bulas e rótulos de medicamentos homeopáticos, entre outras. As ações de atenção são voltadas, sobretudo, para o processo de dispensação, no qual o farmacêutico deve entregar o medicamento e realizar a orientação sobre a utilização. A atenção farmacêutica em homeopatia também é executada por meio dos serviços clínicos farmacêuticos, em que esse profissional pode executar o acompanhamento farmacoterapêutico, a conciliação medicamentosa, a educação em saúde, entre outros serviços. Podcast Para encerrar, ouça um resumo do conteúdo, destacando a importância dos cuidados farmacêuticos direcionados a usuários de medicamentos homeopáticos. Explore + Procure o artigo O processo de atenção farmacêutica em homeopatia, de De La Cruz, 2022, para compreender mais sobre outras questões relativas aos processos de cuidado em homeopatia. Referências AMCP. Disease management. Publicado em: 18 jul. 2019. Consultado na Internet em: 04 jul. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Política nacional de práticas integrativas e complementares no SUS: atitude de ampliação de acesso. Brasília, DF: 2015, p. 96. BRASIL. Ministério da Saúde. Instrução Normativa – IN nº 26, de 25 de julho de 2018. Dispõe sobre os limites de potência para registro e notificação de medicamentos dinamizados. Anexo I − Tabela de potências para registro e notificação de medicamentos dinamizados. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 2018. Publicado em: 27 jul. 2018. Consultado na Internet em: 04 maio 2022. CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. Resolução nº 440, de 22 de setembro de 2005. Consultado na Internet em: 04 maio 2022. CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. Resolução nº 576, de 28 de junho de 2013. Dá nova redação ao artigo 1º da Resolução/CFF n° 440/05, que dispõe sobre as prerrogativas para o exercício da responsabilidade técnica em homeopatia. Consultado na Internet em: 04 maio 2022. CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. Resolução nº 635, de 14 de dezembro de 2016. Dispõe sobre as atribuições do farmacêutico no âmbito da homeopatia e dá outras providências. 14 dez. 2016a. Brasília, DF: Diário Oficial da União. Publicado em: 19 dez. 2016. Consultado na Internet em: 04 maio 2022. CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. Serviços farmacêuticos diretamente destinados ao paciente, à família e à comunidade: contextualização e arcabouço conceitual. Brasília: Conselho Federal de Farmácia, 2016b. CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Homeopatia. 3. ed. CRF-SP: 2019. Consultado na Internet em: 04 maio 2022. CORRER, C. J. et al. Classificação de problemas relacionados com medicamentos (PRM) – segundo consenso de Granada (Comité de Consenso, 2002). Riscos de problemas relacionados com medicamentos em pacientes de uma instituição geriátrica. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas. v. 43, n. 1, p. 56, jan/mar. 2007. DE LA CRUZ, M. G. F. O processo de atenção farmacêutica em homeopatia. Infarma-Ciências Farmacêuticas, v. 14, n. 11/12, p. 30–36, 2002. FONTES, O. L. Farmácia homeopática: teoria e prática. Barueri-SP: Manole, 2005. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais – RENAME. Brasília, DF: Ministério da Saúde. Publicado em: 03 fev. 2022. Consultado na Internet em: 04 maio 2022. NELLY, M. et al. Assistência farmacêutica para gerentes municipais. Rio de Janeiro: OPAS/OMS, 2003. Material para download Clique no botão abaixo para fazer o download do conteúdo completo em formato PDF. Download material O que você achou do conteúdo? Relatar problema javascript:CriaPDF()
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