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Patologia e Reprodução dos Animais Doméstico

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94 / Patologia da Reprodução dos Animais Domésticos
são tipos celulares distintos, mas, sim, estágios su-
cessivos de um processo contínuo de diferenciação.
Durante esse processo de diferenciação, ocorrem
perdas de células da linhagem gerrninativa, e a taxa
de perda é deterrninante do rendimento da esperma-
togênese. Em outras palavras, quanto maior a perda
das células da linhagem gerrninativa em diferencia-
ção que ocorre normalmente durante a espermatogê-
nese, menor será o rendimento. O rendimento da
espermatogênese é variável entre as espécies. Inici-
almente acreditava-se que o "excesso" de células
gerrninativas ou as células que excediam a capaci-
dade de suporte das células de Sertoli eram elimina-
das por um processo de natureza degenerativa. Mais
tarde ficou claro que a perda dessas células ocorre
através da ativação de morte celular programada, ou
apoptose. Esse processo é regulado pelas células de
Sertoli, que têm a capacidade de iniciar a cadeia de
eventos que culmina com~das células ger-
minativas. Sob o ponto de vista patológico, vários
fatores predisponentes ou causadores de alterações
testiculares, particularmente de degeneração testicu-
lar, corno, por exemplo, aumento da temperatura tes-
ticular, isquemia, criptorquidismo, substâncias tóxi-
cas e até agentes infecciosos corno o vírus da síndro-
me reprodutiva e respiratória suína, exercem seus
efeitos deletérios sobre o testículo e sobre a esper-
matogênese, induzindo aumento da taxa de apopto-
se das células gerrninativas.
I
As células de Sertoli fornecem suporte mecâni-
co para as células germinativas e participam de sua
nutrição e diferenciação. As células são responsá-
veis pela produção de urna proteína chamada ABP
(androgenbindingprotein), que é responsável pela
manutenção da alta concentraçãode testosterona no
túbulo seminífero, condição importante para a ma-
nutenção da espermatogênese.
PATOLOGIASDA BOLSA ESCROTAL
Dentre as alterações da bolsa escrotal, destacam-
se a hidrocele, a hematocele e a dermatite escrotal,
alterações que podem conduzir à degeneração tes-
ticular por compressão ou por aumento da tempe-
ratura local. A dermatite escrotal é um achado fre-
qüente e normalmente é inespecífica. A ocorrência
de hidrocele e hematoce1eé rara entre os mamífe-
ros domésticos quando comparada à ocorrência
dessas alterações no homem, possivelmente devi-
do ao fato de o homem apresentar o canal inguinal
sem comunicação com a cavidade abdominal. A
hematocele pode ser decorrente de traumatismo
testicular ou secundária a um hemoperitônio.
PATOLOGIAS DO TESTÍCULO
Alterações do desenvolvimento
MONORQUIDISMOE ANORQUIDISMO
A ausência congênita de um testículo (monorqui-
dismo) ou de ambos os testículos (anorquidismo) é
yxtremamente rara entre os mamíferos domésticos.
Há urna hipótese na qual a torção testicular em ca-
sos de criptorquidismo e conseqüente infarto pro-
vocaria alguns dos casos de monorquidismo na es-
pécie eqüina, ou seja, nesse caso não haveria mo-
norquidismo verdadeiro, urna vez que essa condi-
ção não se trata de urna alteraçãodo desenvolvimen-
to, e sim urna condição adquirida em conseqüência
de falha no mecanismo de descida do testículo para
a bolsa escrotal (ver criptorquidismo adiante).
APÊNDICE TESTICULAR
O apêndice testicular é urna massa de tecido, oval
ou arredondada, que se localiza próximo à cabeça
do epidídimo. Ocorre em eqüinos, ovinos e no ho-
mem. É urna estrutura remanescente dos túbulos
craniais dos duetos paramesonéfricos ou de Müller.
Histologicamente, é semelhante à tuba uterina.
TECIDOADRENOCORTICALACESSÓRIO
Tecido adrenocortical acessório é freqüentemente
visto em eqüinos entre a cabeça do epidídimo e o
testículo, ao longo do cordão espermático, e tam-
bém no mediastino testicular. Histologicamente, o
tecido é formado por células semelhantes àquelas
da cortical da adrenal.
CRIPTORQUIDISMO
O criptorquidismo é a ausência de um ou de.
ambos os testículos na bolsa escrotal devido à in-
terrupção no seu trajeto normal de migração da ca-
vidade abdominal para a bolsa escrotal. O criptor-
quidismo unilateral é mais comum do que o bilate-
ral. É freqüente em eqüinos e caninos, mas pode
ocorrer em qualquer espécie. Trata-se de urna alte-
ração de caráter hereditário.
106/ Patologia da Reprodução dos Animais Domésticos
...
Fig. 9.1 Espermatocele. Cão. Perda do epitélio epididimário
e fragmentação da membrana basal. H. E. 50X.
interstício, com posterior desenvolvimento de gra-
nulomaespermático.Macroscopicamente, o granu-
lomaespermático assemelha-seaum abscesso (Fig.
9.2) e, histologicamente,caracteriza-sepela presen-
ça de macrófagos e outras células inflamatórias
mononuc1earese ainda por células gigantes multi-
nuc1eadas(Fig. 9.3).
As causas de espermatocele e de granuloma es-
permático envolvem as condições em que ocorrem
alterações do trânsito normal dos espermatozóides,
como ocorre nos casos de anomalias congênitas
(aplasia segmentar), infecções locais com estreita-
mento e traumatismos.
Granulomas espermáticos devidos a malforma-
ções congênitas são a principal causa de infertili-
Fig. 9.3 Granuloma espermático. Cão. H. E. 200x .
dade em caprinos mochos. Cerca de 20 a 25% da
progênie de um acasalamento entre um bode e uma
cabra mochos são estéreis, porque esses animais
apresentam obstrução congênita dos dúctulos efe-
rentes e, conseqüentemente, espermiostase e granu-
loma espermático.
EPIDIDIMITE
A epididimite é mais comum em cães e, nessa
espécie, quase sempre ela coexiste com orquite. Em
um estudo realizado em Belo Horizonte, foi possí-
vel detectar epididimite em 34 de 158 cães estuda-
dos, correspondendo a 21,58% dos animais. Nesse
estudo, a epididimite apresentou correlação positi-
va com a orquite. Recentemente, têm sido diagnos-
Fig. 9.2 Granuloma espermático. Touro.

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