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Aspectos socioeconômicos e culturais_ alimentação

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30/03/2023, 11:54 Aspectos socioeconômicos e culturais: alimentação
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Aspectos
socioeconômicos
e culturais:
alimentação
Prof.ª Laura Eugenia Perez Freitas
Descrição
Os determinantes socioeconômicos e culturais norteadores das escolhas alimentares e sua importância para o
profissional de Nutrição.
Propósito
O entendimento da complexidade dos determinantes socioeconômicos e culturais das escolhas alimentares, a
partir do conhecimento dos indivíduos, é fundamental para formação do profissional de Nutrição e promoção de
comportamentos alimentares mais saudáveis.
Objetivos
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Módulo 1
Determinantes biológicos, psicossociais,
socioeconômicos e culturais
Compreender os determinantes biológicos, psicossociais, socioeconômicos e culturais das escolhas
alimentares.
Módulo 2
Aspectos socioeconômicos, culturais e a assistência
nutricional
Identificar a importância dos aspectos socioeconômicos e culturais no atendimento nutricional.
Módulo 3
Religiões e ideologias
Analisar a importância das religiões e ideologias nas escolhas alimentares.
Introdução
Neste conteúdo, você vai compreender a complexidade das escolhas alimentares.
Por meio de programas de educação nutricional que enfatizam a importância da alimentação na promoção da
saúde, tem-se tentado promover comportamentos mais saudáveis. Entretanto, os indivíduos não veem
obrigatoriamente a alimentação como uma forma de cuidar da sua saúde, pois suas escolhas alimentares são
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baseadas em inúmeros fatores de ordem social, cultural, psicológica e econômica. Diante disso, é fundamental
reconhecer as múltiplas motivações das escolhas alimentares para que se possa planejar intervenções tanto em
relação a projetos de promoção da saúde quanto a políticas públicas.
Com objetivo de transformar comportamentos e promover saúde e bem-estar, o profissional da área de Nutrição
deve saber identificar os determinantes das escolhas alimentares para poder atender seus pacientes e seu público-
alvo de forma mais empática, ética e eficiente.
Nutricionista orienta sobre alimentação saudável.
1 - Determinantes biológicos, psicossociais,
socioeconômicos e culturais
Ao �nal deste módulo, você será capaz de compreender os
determinantes biológicos, psicossociais, socioeconômicos e culturais das
escolhas alimentares.
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In�uências biológicas
Características
Sabemos que alimentação vai muito além dos nutrientes. Ela é determinada por inúmeros aspectos sociais,
culturais, psicológicos e econômicos, sendo o sabor o principal determinante de escolhas (ESTIMA et al., 2009).
Entretanto, outras características que despertam os nossos sentidos, como o odor, a aparência, a textura, a
crocância, também são importantes nesse sentido. É pouco provável que alimentos que desagradem esses
sentidos sejam consumidos — e isso ocorre independentemente da renda do indivíduo e da disponibilidade do
produto.
Cada vez mais a ciência descobre a relação entre o sabor e a genética. O caso do coentro é exemplar. D’Ávila
(2018) cita um experimento feito com mais de mil indivíduos, em que se pode perceber diferenças genéticas
relacionadas ao sabor do coentro em diferentes grupos étnicos e entre os gêneros feminino e masculino.
Alguns indivíduos relatam sentir gosto de sabão, de detergente, gosto parecido com o de insetos, gosto de coisa
pútrida e gasolina. Os apreciadores dessa erva consideram que ela tem um sabor fresco e cítrico. Tais diferenças
de percepção não só chamaram atenção dos cientistas, como levaram à criação de um site para pessoas que
odeiam o coentro.
O cheiro também é importante nessa percepção. Alguns polimorfismos em determinados genes estão
relacionados à percepção de um cheiro desagradável do coentro.
O coentro é um exemplo das diferentes percepções de sabor.
É a composição genética, segundo a etnia, que influenciará a percepção desses cheiros e sabores enfadonhos. Em
um estudo feito com quase 1.400 pessoas de diversas origens, observou-se que entre os hispânicos, os sul-
asiáticos e os indivíduos do Oriente Médio, de 3% a 7% da amostra sentem esses sabores e cheiros desagradáveis
do coentro. Já entre as pessoas do Leste Europeu, os caucasianos europeus e os africanos, esse percentual
aumentou e ficou entre 14% e 21%. Porém, é preciso mencionar o dado cultural: em locais onde a erva é mais
usada, ela tende também a provocar mais reações negativas.
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Outro dado: as mulheres são mais propensas a sentir o sabor de sabão do que os homens. Entretanto, esse tema é
pouco estudado e são necessárias pesquisas suplementares para que se possa esclarecer toda a sua
complexidade.
Existe também uma substância encontrada em vegetais como o brócolis, a couve, o agrião, a couve-de-bruxelas, a
couve-flor e o repolho, que tem seu sabor associado a fatores genéticos: é a feniltiocarbamida.
O teste de sensibilidade à feniltiocarbamida é inclusive utilizado no ensino de genética, com o intuito de aproximar
mais a disciplina do cotidiano dos indivíduos (FREIRE; LIMA, 2009).
Feniltiocarbamida
É um composto orgânico que, em função do genoma do indivíduo, pode fazer com que esses vegetais tenham um
sabor mais ou menos amargo, o que significa que nem todos sentem o sabor desses itens da mesma forma.
Atenção!
O nutricionista deve não apenas conhecer essas substâncias, mas também evitar indicar para os seus pacientes
alimentos cujo sabor eles não apreciam, pois, sendo o sabor o principal determinante das escolhas alimentares, a
probabilidade de fracasso do tratamento aumenta.
Em situações como as relatadas por Estima et al. (2009), em que experimentos demonstraram que os jovens
frequentadores de lanchonetes fast-food consideravam ruim o gosto dos alimentos saudáveis, cabe ao
nutricionista encontrar uma solução capaz de mudar o comportamento alimentar desses indivíduos.
Por outro lado, as crianças e os jovens necessitam de um aporte energético para o seu crescimento, e isso
influencia suas escolhas alimentares (JOMORI et al., 2008a), assim como a fome e o apetite.
In�uências psicossociais e a mídia
Diferentes tipos de fome
É importante compreendermos que os processos de escolha dos alimentos são complexos e multideterminados, e
que eles estão relacionados a reflexões conscientes, mas também àquelas que, por força do hábito, se tornam
automáticas.
Quantas vezes comemos na frente da TV ou do computador porque está na hora da
refeição, mas nem percebemos se estamos efetivamente com fome, ou sequer
prestamos atenção ao sabor do que estamos comendo?
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Ou então comemos rápido demais e nem nos damos conta de quando estamos satisfeitos. Sem falar de quando
vamos a uma festa e comemos muito mais salgadinhos e doces do que necessitamos.
Com efeito, existem diferentes tipos de fome:
Fome �siológica
Ocorre quando nosso corpo nos avisa que já não comemos há algum tempo ou quando gastamos energia
demais e sentimos aquele “buraco” no estômago.
Fome psicológica
Ocorre quando não comemos por fome, e sim porque ficamos com vontade de saborear um doce, por
exemplo, mesmo que já estejamos satisfeitos. Ou então comemos porque estamos em um evento social,
como o exemplo da festa. Mas também comemos porque estamos tristes ou cansados e buscamos uma
compensação. Esse tipode fome não está ligado às necessidades fisiológicas do corpo, e sim a aspectos
emocionais e sociais.
Por outro lado, o comer consciente, ou comer com atenção plena, é um conceito derivado da prática de atenção
plena ou mindfullness.
A atenção plena tem origem milenar no budismo, mas, a partir dos anos 2000, ela começou a ser usada de forma
terapêutica.
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Comer com atenção plena é aplicar esses princípios à alimentação.
Mindfullness
Consiste em “intencionalmente trazer a atenção ao momento presente, sem julgamentos e críticas em relação a sua
experiência, com uma atitude aberta e curiosa”.
Prestar atenção de forma intencional, no momento presente, sem
julgamento no momento em que se está comendo.
(RODRIGUES, 2019, p. 46)
Dessa forma, respeitamos a nossa fome, ficamos atentos a ela, ao nosso corpo e suas sensações, ao que estamos
comendo e ao efeito que os alimentos fazem à nossa saúde.
Silva, Ribeiro e Cardoso (2008) comentam que tanto o humor negativo como o positivo influenciam na ingestão de
alimentos, mas também a dieta pode influenciar no humor. As dietas restritivas com frequência alteram o humor.
Situações de fadiga e depressão podem igualmente causar compulsão por alimentos gordurosos e ricos em
carboidratos.
Muitas vezes, pessoas que estão em situação de cansaço e de noites mal dormidas buscam conforto em comidas
gordurosas e saborosas. É muito comum comer para aliviar o estresse e, nesse caso, a preferência é por doces e
alimentos gordurosos. Mas essa relação entre alimentação e estresse pode apresentar formas distintas. Enquanto
alguns indivíduos vão comer mais quando estão sob pressão, outros comerão menos.
Exemplo
Em determinadas situações, como no período de provas, os estudantes muitas vezes fazem menos refeições e
mais lanches rápidos, mas também podem comer como uma forma de distração, o que pode provocar aumento de
peso.
O gênero também importa nesse caso, pois as respostas serão diferentes. Alguns estudos demonstraram que os
homens em situação de estresse comerão menos, enquanto as mulheres tendem a comer mais. A questão de
gênero vai muito além disso, pois existem diferenças significativas entre homens e mulheres com relação às
escolhas alimentares.
Saiba mais
Em uma pesquisa sobre alimentação fora de casa em restaurantes a quilo, Jomori et al. (2008b) observaram que
as mulheres escolhiam seus alimentos com base na saúde, no valor nutricional e na questão estética, enquanto os
homens compunham seus pratos baseados nos alimentos que lhes trariam mais prazer. A conclusão desse estudo
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é de que a mulher se preocuparia mais com a saúde pelo fato de, historicamente, em muitas culturas, ela ter
ocupado o papel de fornecedora de alimentação saudável para a família.
Efetivamente, Barbosa (2007), em uma grande enquete sobre alimentação em um contexto urbano, constatou que
a responsabilidade da escolha do menu diário da família ainda recai sobre a mulher em 70% dos casos. Essa
função representa para ela uma fonte de tensão e irritação, pois, além de ser uma obrigação, ela deve conjugar
preço, praticidade, variedade, qualidade dos alimentos e as preferências pessoais dos membros da família.
Existe outro fator significativo nas escolhas alimentares femininas: a preocupação com a própria estética. A
mulher conseguiu liberdade e autonomia financeira a partir de sua inserção no mercado de trabalho, mas, diante do
ideal de beleza corporal estabelecido na segunda metade do século XX, ela busca incessantemente obter o corpo
magro ideal e acabou por se tornar uma prisioneira dentro do seu próprio corpo “sob a égide do mito da beleza”
(ANDRADE; BOSI, 2003).
A busca pelo corpo perfeito influencia os hábitos nutricionais.
A busca pelo corpo perfeito, que é um corpo magro, se traduz em um ideal de beleza, mas também de poder, um
corpo que seria capaz de proporcionar à mulher felicidade e realização tanto profissional como amorosa. Temos aí
também a crença de que toda mulher pode ter o corpo perfeito se fizer o esforço necessário, e as que não
conseguem atingir esse ideal, é porque são fracas.
A indústria da beleza exerce a ditadura da magreza e a indústria alimentar fornece alimentos ricos em açúcar e
gordura, enviando assim mensagens contraditórias nas suas publicidades. Mesmo se a mulher é aquela que cuida
da saúde da família e de si própria, como vimos acima, diante de tanta pressão pela busca por um corpo perfeito,
ela pode até vir a adoecer, desenvolvendo algum transtorno do comportamento alimentar (TCA).
Mulher com anorexia.
Obviamente, o prazer, que também está associado ao gosto, vai influenciar as escolhas alimentares, mesmo se o
desejo por determinados alimentos é também culturalmente construído. O humor, entretanto, tem um papel
bastante importante nisso, estando entre os fatores da fome psicológica.
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A dieta pode influenciar no humor.
Outros autores acreditam que o descontentamento com a imagem corporal pode levar o indivíduo a reduzir o
consumo de doces e gorduras, estimulando-o, assim, a adotar comportamentos alimentares mais saudáveis
(SILVA; RIBEIRO; CARDOSO, 2008). O fato de estar acima do peso ativaria um mecanismo de autorregulação, que o
faria controlar seus impulsos e ter uma alimentação mais equilibrada para obter mais saúde e um peso desejável.
Entretanto, é importante lembrar que, em muitas situações, não basta a força de vontade para lidar com o
sobrepeso e a obesidade.
Exemplo de alimento processado.
As mídias influenciam bastante as nossas escolhas alimentares: impõem padrões de beleza, nos atraem para um
produto ultraprocessado com um manto de tradição e saúde, nos oferecem produtos deliciosos e baratos em
embalagens vibrantes, mas que não trazem nenhum aporte nutricional e podem ser danosos para a saúde.
Também há os digital influencers, que nos oferecem dicas de saúde e beleza nas redes sociais. Somos afetados
de forma inconsciente pelas mais diferentes mídias.
[...] a publicidade utiliza uma série de recursos que permitem transferir para os
alimentos informações subliminares, reconhecidas no subconsciente e que são
associados ao desejo de querer ser dos consumidores. Podem expressar virilidade,
força, leveza, modernidade, associando a comida a uma nova esfera de situações
psicoafetivas.
(FONSECA et al., 2011, p. 3854-3855, grifos dos autores)
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Quantas vezes vemos publicidades de comidas ou molhos prontos sendo legitimados por uma vovozinha que
parece ser a nossa? E aquela propaganda de refrigerante que dá água na boca? E a dieta indicada pela blogueira da
moda?
In�uências socioculturais
Identidade cultural
Sem dúvida a história individual é importante nesse contexto, mas a cultura também é um dos fatores que
influenciam as escolhas alimentares.
Gostamos de comer aquilo que faz parte dos nossos hábitos alimentares, comidas com as quais temos
familiaridade, ou seja, aqueles alimentos e preparações que são comumente consumidos dentro do grupo cultural
ao qual pertencemos. A alimentação é uma importante fonte de construção da identidade cultural dos indivíduos.
O pertencimento a um dado grupo é feito também por aquilo que se come; entretanto, as escolhas oscilam entre a
neofobia e neofilia, ambas influenciando as escolhas alimentares.
Neofobia
Diz respeito ao medo do novo e do desconhecido.
Neo�lia
Traduz-se pelo desejo de mudança e de novidades.
De acordo com Fischler (1990), nós somos onívoros e temos liberdade deescolha, mas
ela é limitada pelo que aquela cultura define como fazendo parte do que é culturalmente
comestível.
Esse movimento contraditório dos diferentes aspectos culturais não acontece somente na alimentação. Há sempre
um conflito entre a tradição e a inovação. Sobre isso, podemos sinalizar que, quando falamos em tradição, é
porque aquele hábito já está em transformação. Falamos em casamento tradicional porque as formas de
casamento se modificaram. Ainda não falamos da tradição do almoço, porque isso ainda é comum e frequente,
mesmo se a comensalidade está em transformação.
Comensalidade
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Prática de comer juntos, partilhando, (mesmo que desigualmente) a comida.
Até o tamanho das porções e o ritmo do consumo de alimentos é influenciado pela cultura. Silva, Ribeiro e Cardoso
(2008) mencionam estudos nos quais se observou que, enquanto estudantes franceses comem pouco, sobretudo
nas refeições principais, os estudantes alemães e americanos comem uma quantidade maior de comida e fazem
várias pequenas refeições durante o dia.
Comentário
A conveniência em torno dos alimentos também importa. A praticidade na hora do preparo, diante de uma vida
corrida, e o fato de que o indivíduo tenha conhecimento das técnicas de preparo do alimento vão influenciar suas
escolhas.
Na contemporaneidade, a tendência à alimentação fora de casa ou à aquisição de produtos prontos congelados
traduz um afastamento da cozinha e dos modos de preparo tradicionais (LIMA, 2015). Com efeito, a praticidade é o
principal motivo para a compra de produtos industrializados. Dessa forma, o comedor vai ficando cada vez mais
distante da relação entre alimentos e natureza, separando-se igualmente de suas conexões identitárias relativas à
alimentação.
Andrade e Bosi (2003) apontam que, em um contexto de globalização:
A massificação e a importação de modelos culturais hegemônicos destituem o
homem do sentimento de pertença a grupos humanos e invadem seu universo
simbólico, expropriando o centro de referência cultural balizador do psiquismo
humano.
(ANDRADE; BOSI, 2003, p. 117)
Distanciamo-nos de nossas tradições, mas também do próprio alimento. Quando a comida se torna um bem de
consumo, já não interessa sua origem, sua composição, nem como foi feita. Interessa apenas seu custo-benefício
como mercadoria (LIMA, 2015).
O aumento do consumo de produtos industrializados ricos em açúcar, em gordura e em sódio pode trazer riscos
para a saúde, estando também na origem do aumento da prevalência de doenças crônicas não transmissíveis
(DCNT): obesidade, diabetes, hipertensão, doenças do coração e certos tipos de câncer.
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Alimentos industrializados.
O consumo de alimentos ultraprocessados, que são pobres em fibras e têm uma composição nutricional
inadequada, favorece esses tipos de doenças, além de provocar deficiências nutricionais (BRASIL, 2014).
Mesmo a comensalidade é afetada pelo ritmo frenético da vida nos centros urbanos, pois não temos mais tempo
para nos sentarmos à mesa com nossos familiares. Isso está gerando maior individualização alimentar, ao mesmo
tempo que enfraquece o poder de sociabilidade e de agregação das refeições tomadas em conjunto (LIMA, 2015).
A necessidade de comer fora de casa também estimula essa individualização. Isso atribui ao indivíduo a liberdade
de comer longe das regras impostas pelas famílias e pelos papéis tradicionais atribuídos aos gêneros masculino e
feminino, sendo, assim, importante nas escolhas alimentares (JOMORI et al., 2008b).
Alimentos saudáveis.
Na contramão dessa tendência, porém, está o movimento slow-food, que prega o consumo de alimentos mais
saudáveis e sustentáveis, com consumidores mais conscientes e que tenham mais tempo para saboreá-los
(MADER, 2006).
Há também aumento no número de pessoas que apresentam preocupações éticas em relação aos alimentos que
estão consumindo. Elas levam em consideração as questões ambientais e de sustentabilidade, assim como o
respeito aos direitos humanos no processo de produção (SILVA; RIBEIRO; CARDOSO, 2008).
O consumo de produtos veganos e vegetarianos também tem aumentado no Brasil e no mundo. Isso se deve ao
fato de que vegetarianos, veganos e mesmo pessoas que não se enquadram nessas categorias estão cada vez
mais preocupados com questões relacionadas à sua saúde, ao meio ambiente e ao bem-estar animal, que
influenciam suas escolhas alimentares (RÉVILLION et al., 2020).
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Cresce o consumo de produtos vegetarianos.
Os flexitarianos querem diminuir a ingestão de produtos de origem animal, mas não parar totalmente de consumi-
los.
Nessa busca por uma alimentação mais saudável, que também é uma tendência da alimentação contemporânea,
as preocupações com o controle do peso, mas também com a quantidade de aditivos químicos e agrotóxicos nos
alimentos, vão estimular a busca por uma comida mais natural (JOMORI et al., 2008a), orgânica e de produção
local.
Em função do crescente comprometimento dos consumidores com a questão ambiental, o marketing ecológico
demonstrou ser necessário em termos de competitividade (RANDONS.; Battistella; Grohmann, 2016). Os
consumidores mais conscientes darão preferência às empresas que se mostrem mais comprometidas com a
questão socioambiental.
As escolhas alimentares também diferem de acordo com o dia da semana, sendo que no fim de semana existe
maior liberdade na escolha, maior valorização do sabor e maior flexibilidade nos horários (BARBOSA, 2007). Muitas
vezes, é o momento em que a família sai junta para comer fora de casa, ou quando os pratos tradicionais da
família se repetem no almoço de domingo. As comidas de festa, de momentos especiais de comemoração
também variam nesse sentido. Os mais diferentes grupos aos quais o indivíduo pertence, incluindo seus amigos,
também irão influenciar suas escolhas alimentares.
As reuniões de família influenciam a mudança de escolhas alimentares.
Atenção!
Devemos considerar que, em muitas situações, o ideal de consumo expresso pelos discursos e pelas
representações que os indivíduos fazem de sua alimentação não se traduz obrigatoriamente em práticas reais.
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In�uências socieconômicas
Determinantes
Os determinantes socioeconômicos são também fundamentais nas escolhas alimentares. Obviamente a renda é
muito importante; entretanto, percebeu-se que a maioria dos consumidores considera altos os preços dos itens
alimentares, independentemente da sua renda (JOMORI et al., 2008a).
Estima et al. (2009) comentam que, em situação de baixa renda, existe pouca variedade de itens alimentares e a
dieta se torna enfadonha e repetitiva. Por outro lado, os lugares onde vivem esses indivíduos muitas vezes não
contam com lojas onde se possa comprar produtos frescos. A falta de opções nesse sentido também termina por
influenciar as escolhas alimentares (JOMORI et al., 2008a).
Na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) de 2017-2018, verificou-se que entre os indivíduos de menor renda, os
gastos com alimentação representam o maior percentual do orçamento familiar, chegando a 22%, enquanto entre
os de rendimentos mais alto, esse percentual cai a 7,6% (IBGE, 2019).
A diferença no orçamento destinado à alimentação em diferentes faixas de renda.
A escolaridade também influencia a oferta de opções alimentares. Nas casas das famílias com menor
escolaridade, que receberam menos informações nutricionais e normalmente têm menor renda, existe uma oferta
menor de alimentos saudáveis,sendo que as mães dessa categoria consomem mais doces e produtos
gordurosos. Quanto maior a renda e a escolaridade do chefe de família, mais variada e de melhor qualidade é a
alimentação.
Silva, Ribeiro e Cardoso (2008) citam um estudo feito com porteiros e agentes de limpeza, e dentistas, no qual se
obteve a seguinte constatação:
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Porteiros e agentes de limpeza
Tinham como motivação para suas compras de alimentos o preço, a praticidade, o alívio do estresse e o fato
de o alimento lhes ser familiar, ou seja, de eles estarem acostumados a comer esses itens desde criança.
Dentistas
Tinham como determinantes nas suas escolhas o fato de os alimentos não conterem muitos aditivos e terem
sido produzidos em condições de respeito ao meio ambiente e aos direitos humanos, como, por exemplo, as
condições de trabalho dos produtores.
Medina et al. (2019) constataram que os menos favorecidos, com menor renda e escolaridade, contam com uma
dieta com muitas calorias e pouco valor nutricional. Segundo os autores, “esses segmentos tendem a optar por
alimentos menos saudáveis em virtude do preço, da saciedade que propiciam, da facilidade de acesso e do nível
de conhecimento que possuem sobre o impacto à saúde atribuído à inclusão desses itens na alimentação”
(MEDINA et al., 2019, p. 2).
Entretanto, em grandes centros urbanos no Brasil, Barbosa (2007) verificou que as informações nutricionais
independem da renda, contradizendo o estudo citado anteriormente.
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Em sua enquete, a autora relata que “independentemente da variável social considerada, as pessoas são capazes
de citar com clareza que alimentos são considerados saudáveis, da mesma forma que os vilões dos cardápios”
(BARBOSA, 2007, p. 110).
As pessoas detêm esse conhecimento e relatam fazer um certo malabarismo entre aquilo que gostam, o que é
acessível, o que é mais prático e o que seria mais saudável, sendo esses fatores importantes na determinação de
suas escolhas alimentares.
A relação renda X hábitos alimentares.
Saiba mais
Desde a abertura da economia para produtos importados, sobretudo após o fim do governo militar nos anos 1980,
as opções de alimentos com poucas fibras e muitos carboidratos simples aumentaram bastante nas últimas
décadas, afetando as escolhas alimentares. Cresceu o consumo de pães, biscoitos e refrigerantes, mesmo se
naquele momento também aumentou o consumo de carnes e laticínios. Recentemente, conforme resultados da
POF, constatou-se que o consumo de laticínios vem diminuindo (IBGE, 2019).
Essas transformações nas estruturas tradicionais de alimentação representam uma ocidentalização da dieta,
característica dos países em desenvolvimento. A instalação de redes de fast-food, assim como a de multinacionais
do setor alimentar, a importação de produtos em um contexto de globalização e o marketing desses produtos têm
alterado as opções de escolha e os regimes alimentares locais.
Não podemos deixar de comentar o fato de a alimentação manifestar também uma forma de prestígio e distinção
social. Isso também vai afetar as escolhas alimentares dos mais ricos, que fazem questão de ostentar sua riqueza
em função do que comem.
Indicativo de luxo e so�sticação, o papel da comida também é
manifestar status. O que muda são os porquês e as formas de
distinção ao longo do tempo.
(NAZULAY, 2005, p. 67)
A produção de alimentos é outro fator que interfere nas escolhas alimentares, pois eles podem não estar
disponíveis no mercado ou se tornarem muito caros. A sazonalidade também é importante, pois frutas, legumes e
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verduras, quando estão na sua época, são mais baratos, saborosos e nutritivos.
A escassez de alimentos interfere no preço e reduz o consumo de alguns deles.
Você sabia que a distribuição de renda também in�uência no consumo
alimentar?
Em um artigo sobre desigualdade social e alimentação, Medina et al. (2019) constatam que existe uma disparidade
de consumo entre os diferentes extratos sociais devido à desigualdade na distribuição de renda, infelizmente uma
característica perversa da sociedade brasileira em pleno século XXI. Essa pesquisa trabalhou dados de uma
amostra de mais 60 mil pessoas, provenientes da Pesquisa Nacional de Saúde de 2013.
O estudo foi feito considerando também o critério raça/cor e concluiu que, entre os grupos estudados e
considerando as variáveis contempladas, o grupo que conta com a alimentação mais saudável são as mulheres
brancas, que possuem maior renda e escolaridade. Esses grupos mais abastados consomem mais frutas, legumes
e verduras, e alimentos com pouca gordura. Todavia, paradoxalmente, esses são também os grupos nos quais se
encontra um alto consumo de doces, sanduíches, salgados e pizzas, alimentos que não são saudáveis.
Podemos ver assim a complexidade das escolhas alimentares, multideterminada e que não é fruto,
obrigatoriamente, de uma reflexão racional. As motivações para as escolhas alimentares diferem bastante entre os
indivíduos, segundo seu pertencimento a um determinado grupo socioeconômico e com diferentes níveis de
escolaridade.
A in�uência da mídia no consumo alimentar
Confira, neste vídeo, uma ilustração da relação entre a mídia e os hábitos alimentares.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Sobre gênero e escolhas alimentares, assinale a alternativa correta:
Parabéns! A alternativa D está correta.
As mulheres se preocupam mais do que os homens com a saúde e com questões estéticas nas suas escolhas
alimentares. Como é ela que geralmente cuida da saúde da família, trata-se de uma interlocutora privilegiada
do nutricionista.
Questão 2
Sobre a influência da renda e da escolaridade nas escolhas alimentares, assinale a alternativa correta:
A Homens e mulheres têm igual preocupação com a saúde nas suas escolhas alimentares.
B
O nutricionista não necessariamente deve buscar abordar a mulher em um atendimento
familiar.
C As mulheres se preocupam pouco com seu peso corporal nas suas escolhas alimentares.
D A mulher é oprimida nas suas escolhas alimentares pela indústria da magreza.
E O fato de a mulher trabalhar fora de casa não mudou a estrutura da alimentação da família.
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Parabéns! A alternativa A está correta.
Os indivíduos de menor renda e menor escolaridade estatisticamente têm uma alimentação menos saudável
que os de maior renda e escolaridade.
A Os indivíduos com menor escolaridade tendem a comer alimentos menos saudáveis.
B Nem a renda nem a escolaridade influenciam as escolhas alimentares.
C Os indivíduos com menor renda tendem a comer alimentos mais saudáveis.
D A escolaridade influencia as escolhas alimentares, mas a renda não.
E Os indivíduos com maior escolaridade tendem a comer alimentos menos saudáveis.
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2 - Aspectos socioeconômicos, culturais e a
assistência nutricional
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car a importância dos
aspectos socioeconômicos e culturais no atendimento nutricional.
Aspectos socieconômicos e culturais
Determinantesdas escolhas alimentares
O profissional da área de Nutrição deve ficar muito atento aos aspectos socioeconômicos e culturais de seus
pacientes ou de seu público-alvo. Somente dessa forma ele exercerá sua profissão de forma ética e eficaz.
Na contemporaneidade, o comedor tem tantas opções, é influenciado por tantos fatores, que a escolha do que
comer, quando e em que quantidades é notável (SILVA; RIBEIRO; CARDOSO, 2008). Por outro lado, as estruturas
tradicionais relativas à alimentação, as transformações da comensalidade, o comer fora, a globalização e a entrada
da mulher no mercado de trabalho são mudanças relativamente recentes que ainda estão transformando os
sistemas alimentares.
Diante disso, o nutricionista se torna essencial na orientação das escolhas alimentares, visando ao bem-estar e à
promoção da saúde. Para isso, ele deve compreender e considerar os determinantes das escolhas alimentares —
e a preparação de uma ficha que leve em conta todos esses fatores é necessária para a elaboração de uma
anamnese eficiente.
A preparação da ficha de anamnese deve considerar os determinantes das escolhas alimentares.
A compreensão da influência da família nas escolhas alimentares se mostra igualmente
importante, pois normalmente, para que se mude comportamentos alimentares, é
necessário o envolvimento da família.
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Os pais das crianças têm uma grande influência nas escolhas alimentares de seus filhos, pois eles servem de
modelo e são eles que, no processo de socialização, orientarão as crianças sobre o que comer, quando e de que
forma. As preferências identificadas na infância são muito importantes no desenvolvimento dos hábitos
alimentares dos indivíduos. Alguns estudos demonstraram que esses hábitos irão se manter na vida adulta (SILVA;
RIBEIRO; CARDOSO, 2008).
O comportamento das crianças também tem a ver com os discursos relacionados à alimentação. A mãe
desempenha um papel fundamental nesse processo, porque no geral é ela quem escolhe e prepara os alimentos
(ESTIMA et al., 2009). A esse propósito, constatou-se que até o estado civil dos pais influencia a alimentação dos
filhos. As escolhas alimentares são mais saudáveis entre os casados do que entre os divorciados.
Envolver os adolescentes nas atividades relacionadas à alimentação, como comprar os alimentos e fazer refeições
em família, promove escolhas alimentares mais saudáveis. Esses adolescentes, além de se sentirem mais amados
e em uma relação de confiança maior com seus pais, têm oportunidade de conhecer melhor a composição
nutricional dos alimentos, como demonstraram alguns estudos citados por Coelho (2015).
Mesmo que as mães sejam preocupadas com a saúde de sua família, ofereçam frutas e vegetais a seus filhos e
evitem comprar ultraprocessados, salgadinhos e refrigerantes, isso não faz com que obrigatoriamente os filhos
comam esses itens de forma regular (ESTIMA et al., 2009).
Podemos ver, nesse caso, que a influência dos pais é importante, embora possa não gerar hábitos saudáveis.
Em contrapartida, as crianças e adolescentes terão mais acesso a frutas e legumes, segundo o que têm à
disposição em seu domicílio.
Família mantém alimentação saudável.
Atenção!
O profissional de Nutrição deve estar atento a todos esses fatores e orientar seus pacientes não apenas a terem
hábitos alimentares mais saudáveis. Ele deve direcionar os pais no sentido de conversarem com seus filhos sobre
o que é uma alimentação saudável, e da mesma forma estimulá-los a cozinhar em casa e envolver seus filhos nas
atividades relacionadas às compras, à preparação e à limpeza dos locais.
Mesmo sabendo que seus filhos terão outras influências além das suas e que mesmo diante de seus estímulos o
comportamento alimentar de seus filhos pode não ser conveniente, os pais devem oferecer sempre opções mais
saudáveis e evitar comidas gordurosas, com excesso de carboidratos simples e de açúcar refinado. O membro da
família que cuida da saúde e da alimentação deve ser o interlocutor privilegiado do nutricionista. Mesmo tendo
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entrado de forma importante no mercado de trabalho, a mulher ainda é, no geral, a que se ocupa das questões
relacionadas à alimentação.
Vimos que a renda e a escolaridade influenciam as escolhas alimentares e que, em muitos casos, os indivíduos
não têm informações nutricionais precisas. Sempre respeitando as crenças e os valores de seus pacientes, o
nutricionista deve esclarecer, da forma mais simples e didática possível, as implicações de uma alimentação
desequilibrada e do consumo excessivo de gorduras, açúcar e sal.
Nutricionista orienta família.
Infelizmente, a educação nutricional não é comum nas escolas. Em 2018, foi aprovada a Lei nº 13.666, de 16 de
maio de 2018, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, incluindo, de forma transversal, isto
é, em um contexto multidisciplinar, a educação nutricional. Cabe aos nutricionistas elaborar esses currículos.
A aplicação de leis nem sempre é eficaz. Por exemplo, embora a Lei nº 11.497 de 2009 e outras resoluções exijam
a presença de um nutricionista nas escolas públicas e privadas, elas são amplamente desrespeitadas. Por outro
lado, a lei que institui a educação nutricional nas escolas é recente e espera-se que de fato seja cumprida.
A implementação efetiva da educação nutricional tem tudo para trazer os mesmos
benefícios que trouxe a educação ambiental nas escolas, que demonstrou ser muito
eficiente e conscientizou os jovens em relação a questões ambientais. Quando bem
informados sobre o assunto, eles se tornam repetidores de boas práticas e esclarecem
as pessoas do seu entorno, inclusive suas próprias famílias.
Obviamente, o nutricionista deve sempre fazer suas propostas de acordo com as condições econômicas de seus
pacientes de menor renda. Uma alimentação saudável não necessariamente custa caro. Se nos grupos de menor
renda o acesso a produtos frescos e a legumes, frutas e verduras é complicado, cabe ao nutricionista buscar
soluções em conjunto com seus pacientes para tentar sanar essas limitações.
Recomendação
É interessante que o profissional conheça, além da sazonalidade de frutas, verduras e legumes, receitas e a
variedade de temperos. Compartilhando essas informações com seus pacientes, ele pode favorecer a preparação
de refeições mais saborosas, nutritivas e economicamente possíveis.
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Outro fato ao qual o nutricionista deve estar atento é a facilitação social. Não nos comportamos diante dos outros
da mesma forma que quando estamos sozinhos, e estar com outras pessoas tanto pode ampliar como inibir os
comportamentos.
Em relação à alimentação, foi primeiramente demonstrado em animais que a presença de um membro da mesma
espécie aumentava a ingestão de alimentos. Entre os homens, os estudos demonstram que comemos mais
quando estamos acompanhados, mas também podemos comer menos.
Facilitação social
Esse conceito “se refere ao efeito que a presença de outros tem no nosso comportamento”.
Fonte: BATISTA & LIMA, 2011, p.2
Aparentemente, em situações em que o indivíduo está à vontade com amigos e familiares, ele come mais do
que quando está só.
Por outro lado, quando está em situações mais formais nas quais é importante causar uma boa impressão, o
indivíduo comerá menos.

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Coelho (2015), comentando estudos sobre o tema, diz que a quantidade de comida ingerida é proporcional ao
número de convivas, e que até o gênero do acompanhante pode influenciaressa quantidade. Enquanto mulheres
que estão acompanhadas de homens pelos quais elas têm interesse sexual comem menos do que o habitual, os
homens, na mesma situação, não demonstram nenhuma mudança na quantidade ingerida.
Recomendação
O nutricionista deve prestar atenção a pacientes que eventualmente participem com frequência de refeições com
muitas pessoas e orientá-los para que fiquem atentos a essa situação.
Considerando todas as mudanças ocorridas no estilo de vida e na alimentação em função da falta de tempo para
preparar seus alimentos e até para fazer as refeições de forma conveniente, da multiplicidade de escolhas de itens
alimentares baratos, de fácil consumo e preparo, saborosos e com baixo valor nutricional, o profissional da área de
Nutrição deve sempre orientar seus pacientes a mudar seus comportamentos alimentares e a reverem algumas de
suas crenças.
A mudança de hábitos alimentares reduz os riscos à saúde.
Por mais que seja difícil o paciente encaixar na sua rotina a prática de exercícios físicos, o nutricionista deve
enfatizar a importância da criação desse hábito, bem como do consumo de frutas e vegetais frescos e de evitar a
ingestão de gorduras saturadas para que ele possa se proteger das DCNT(doenças crônicas não transmissíveis)
(MEDINA et al., 2019).
Entretanto, em relação à complexidade das escolhas alimentares, as disciplinas das áreas de Ciências Sociais
ajudam a compreender esses fenômenos. Embora sejam poucos os estudos atuais sobre o assunto, Fonseca et al.
(2011) dizem que:
Devem se dedicar à compreensão do consumo alimentar como um fenômeno social
e não apenas como um conjunto de resultados que podem auxiliar o enfoque
biomédico a reproduzir e a produzir políticas públicas, ou mesmo ações prescritivas
na área da dietoterapia.
(FONSECA et al., 2011, p. 2)
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As escolhas alimentares, em um mundo em constante mudança, não podem ser modificadas somente com a
educação nutricional, mesmo sendo esta muito importante.
A ciência tem conseguido demonstrar claramente as relações entre alimentação e saúde, porém é preciso
considerar que os indivíduos não se baseiam somente em critérios relacionados à saúde nas suas escolhas
alimentares (FONSECA et al., 2011). Para promover mudanças efetivas nesse sentido, é preciso compreender a
complexidade do tema e todas as outras motivações que também estão por trás dessas escolhas (SILVA; RIBEIRO;
CARDOSO, 2008).
Segurança alimentar e nutricional
Fatores associados
O Brasil atualmente figura entre as dez maiores economias do mundo em termos de Produto Interno Bruto (PIB).
Entretanto, a desigualdade na distribuição de renda, já comentada, é espantosa. Se considerarmos o Índice de Gini,
que mede a desigualdade considerando a renda dos 10% mais ricos e dos 10% mais pobres, ficamos em 7º lugar
no ranking de mais desiguais (ONU, 2019).
Abaixo de nós, estão os países mais miseráveis da Terra, que ficam na África subsaariana: África do Sul, Namíbia,
Zâmbia, República Centro-Africana, Lesoto e Moçambique. Mas se considerarmos a renda dos 1% mais ricos,
ficamos atrás somete do Catar.
A desigualdade e a segurança alimentar.
Somos um país rico no qual persiste uma desigualdade social extremamente perversa em pleno século XXI. É
importante citar essa situação quando falamos em segurança alimentar e nutricional.
Nesse contexto, vale ressaltar a Lei Orgânica da Segurança Alimentar e Nutricional (Losan), Lei nº 11.346, de 15
de novembro de 2006, que diz, em seu art. 3º:
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A segurança alimentar e nutricional consiste na realização do direito de todos ao
acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente,
sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base
práticas alimentares promotoras da saúde que respeitem a diversidade cultural e que
sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis.
(BRASIL, 1994, n. p.)
A Losan deve ser vista como uma lei incluída em um conjunto de direitos sociais referentes à noção de seguridade
social inscrita no art. 194 da Constituição Federal (FREITAS; PENA, 2007).
A lei é orientada pelo direito humano à alimentação e à soberania alimentar, um dos direitos fundamentais da
humanidade, que se referem a “um conjunto de condições necessárias e essenciais para que todos os seres
humanos, de forma igualitária e sem nenhum tipo de discriminação, existam, desenvolvam suas capacidades e
participem plenamente e dignamente da vida em sociedade” (BRASIL, 1994, n. p.).
Agora vamos falar mais especificamente do texto da lei. Ela garante o direito contínuo à alimentação, sem o
comprometimento de outras necessidades. Isso significa que, do ponto de vista econômico, o cidadão tem direito
a essa condição.
Por outro lado, as bases dessa alimentação devem promover a saúde. Portanto, não é somente a situação de fome
que gera insegurança alimentar, mas também as DCNT, o consumo de alimentos de baixa qualidade, entre outros
fatores.
Soberania alimentar
Cada país tem o direito de definir suas próprias políticas e estratégias sustentáveis de produção, distribuição e
consumo de alimentos que garantam o direito à alimentação para toda a população, respeitando as múltiplas
características culturais dos povos.
DCNT
Doenças Crônicas Não Transmissíveis.
Temos também a condicionante que fala da diversidade cultural. Isso significa que cada um tem o direito de comer
aquilo que faz parte da sua cultura e que está ligado à sua identidade cultural. Se o indivíduo vai ao mercado e
encontra apenas produtos industrializados de baixo valor nutricional e não os ingredientes para fazer um prato
típico, essa é uma situação de insegurança nutricional.
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Produtos industrializados.
A última parte da lei fala em sustentabilidade, porém não somente a sustentabilidade ambiental, mas também
a social, a cultural e a econômica.
Saiba mais
Sustentabilidade significa que devemos satisfazer as nossas necessidades atuais de forma que, no futuro, os
seres humanos possam também satisfazer as suas. Isso significa que a forma de produzir alimentos, de explorar o
meio ambiente, de gerar riqueza e empregos deve ser feita de forma racional para que essas ações possam se
perpetuar e servir às gerações futuras.
Então, se as indústrias alimentares estão explorando seus empregados e destruindo o meio ambiente, isso
promove uma situação de insegurança nutricional. Mesmo esses direitos — garantidos pelo Estado — não sendo
respeitados e o Estado não sofrendo nenhuma represália por isso, é importante que o nutricionista esteja
consciente da existência dessas leis e que, por intermédio dos conselhos profissionais de Nutrição de sua região
e como membro da sociedade civil, lute para que a lei se cumpra. Como cidadão, todo profissional deve lutar por
uma sociedade mais justa e igualitária.
A segurança alimentar e nutricional: o Brasil
e a desigualdade no acesso aos alimentos
Assista a este vídeo, que aborda a relação entre as desigualdades e a segurança alimentar nutricional.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
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Questão 1
Sobre a influência da família nas escolhas alimentares, assinale a alternativa correta:
Parabéns! A alternativa D está correta.
Os adolescentes, quando participam das atividades relacionadasà alimentação, tendem a fazer escolhas
alimentares mais saudáveis.
Questão 2
Sobre a segurança alimentar e nutricional (SAN), assinale a alternativa correta:
A Os pais não influenciam as escolhas alimentares de seus filhos.
B Se os pais têm uma alimentação saudável, os filhos obrigatoriamente também terão.
C O estado civil dos pais não influencia as escolhas alimentares dos filhos.
D
Envolver os adolescentes em atividades relacionadas à alimentação melhora suas escolhas
alimentares.
E
Como as crianças recebem uma educação nutricional nas escolas, não é necessário o exemplo
dos pais.
A No Brasil, o direito à SAN é plenamente cumprido.
B O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo e isso afeta diretamente a SAN.
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Parabéns! A alternativa E está correta.
Entre as situações de insegurança alimentar, está a obesidade, pois a Losan fala em uma alimentação que
tenha como base práticas alimentares promotoras de saúde.
3 - Religiões e ideologias
Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar a importância das
religiões e ideologias nas escolhas alimentares.
C A SAN diz respeito somente à alimentação contínua e em quantidade suficiente.
D A condicionante cultural da Losan estimula a globalização alimentar.
E Se o indivíduo está obeso, ele se encontra em situação de insegurança alimentar.
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Religiões cristãs
Em seu trabalho, o nutricionista certamente lidará com pacientes das mais distintas crenças religiosas e ideologias
alimentares, fatores que poderão influenciar o regime alimentar do indivíduo. O profissional precisa ficar atento a
essas especificidades de seus pacientes e respeitá-las. Neste módulo, conheceremos um pouco mais das práticas
e ideologias alimentares religiosas mais comuns no Brasil.
Jesus e os discípulos na Ceia.
Catolicismo e protestantismo
A religião católica, que já foi predominante na Europa e no Brasil, não carrega, hoje, muitos tabus alimentares,
mesmo se na Idade Média ela impunha até 166 dias de jejum. Alguns desses dias eram de jejum apenas de carne
vermelha, e outros eram mais restritos (CARNEIRO, 2003).
Atualmente o jejum de carne vermelha é obrigatório somente na Sexta-Feira Santa que antecede a Páscoa. Em
alguns casos de famílias mais religiosas, a proibição se estende a todas as sextas-feiras da Quaresma, período de
40 dias que vai da Quarta-Feira de Cinzas até a Quinta-Feira Santa antes da Páscoa. Para os cristãos, é um período
de recolhimento e reflexão.
A tradição católica de substituir a carne vermelha pelo peixe na Sexta-Feira Santa.
Muitas vezes a religião católica apresenta, diante da alimentação, “uma atitude hedonista que coloca, para o
homem empenhado a serviço da fé, o gozo dos bens terrestres como uma glorificação da obra de Deus” (POULAIN,
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2004, p. 235).
Mesmo a gula sendo um dos sete pecados capitais, existem mecanismos que permitem o perdão, como a
confissão.
Confessando bem
Todo mundo faz pecado
Logo assim que a missa termina.
(Ciranda da bailarina, Chico Buarque e Edú Lobo, 1983)
Os protestantes tradicionalmente têm uma postura mas ascética em relação à alimentação. A única proibição
efetiva nessa vertente cristã é o consumo de bebidas alcoólicas.
Entretanto, no início do século XX, diante do consumo alimentar exacerbado no Estados Unidos, a religião
Adventista do Sétimo Dia pregava uma alimentação vegetariana equilibrada, com a recusa das tentações da carne
e do consumo de álcool (CARNEIRO, 2003). Esse movimento, que ganhou força no final do século XIX e início do
século XX, pretendia ser mais do que uma reforma da maneira de se alimentar. A ideia era controlar todos os vícios
da carne, incluindo o sexo e o consumo de álcool.
Como consequência desse movimento, foi implementada a Lei Seca nos
Estados Unidos, proibindo o consumo de álcool de 1919 a 1933.
Mas atenção, essas restrições alimentares não levam os praticantes dessas religiões a situações de risco, no
entanto o profissional da área de Nutrição deve estar atento a elas, para não sugerir, inadvertidamente, a sua
transgressão.
Religiões de matriz africana
Candomblé
Existem diferentes religiões de matriz africana no Brasil: Xangô, em Pernambuco; Tambor de Mina, no Maranhão e
no Rio Grande do Sul; Babaçuê, no Amazonas; Candomblé; e Umbanda. Algumas dessas religiões surgiram no
Brasil, como Xangô e Umbanda, mas todas têm influência africana e desenvolveram características próprias aqui
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no país. Falaremos do Candomblé, que é uma das mais populares e aquela em que as questões alimentares são
mais bem descritas na literatura.
Mesmo não apresentando restrições quanto ao consumo de carne, no Candomblé existem algumas interdições
permanentes que se aplicam a todos os membros da religião. A grande parte dos interditos está ligada à
“correspondência de um filho de santo com uma certa divindade” (SOUZA, 2014, p. 87).
As proibições alimentares nessa religião são bastante complexas, pois cada filho de santo deve respeitar as
interdições específicas do seu orixá, além das proibições gerais.
A essas proibições dá-se o nome de quizila, e elas não devem ser descumpridas, sob pena de consequências
bastante desagradáveis e prejudiciais.
Cada orixá tem suas preferências e suas quizilas, que se estendem aos seus filhos e carregam uma explicação
mitológica.
As proibições alimentares estão associadas a orixás no Candomblé.
Exemplo
Quem é filho de Oxóssi não pode comer mel nem carnes de caça. Já os filhos de Iemanjá não comem peixes de
pele, nem inhame. Os de Oxum não podem consumir camarão vermelho, tapioca e feijão. Filhos de Iansã não
comem miúdos nem feijão fradinho. Já os de Omolú não podem comer porco, sardinha e pipoca.
Em alguns dias especiais, como a sexta-feira, quase todos os membros da religião respeitam algumas regras
específicas, como, por exemplo, vestir-se de branco e não consumir azeite-de-dendê, nem pimentas. Isso ocorre
porque esse dia é dedicado a Oxalá, o orixá que está hierarquicamente acima dos demais (SOUZA, 2014).
O azeite de dendê não pode ser consumido às sextas-feiras, dia dedicado a Oxalá.
É importante compreender que em algumas situações, sobretudo os praticantes de religiões de matriz africana,
preferem não comentar o contexto de seus tabus alimentares religiosos, oriundos de seus ancestrais. Portanto, é
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na anamnese que se deve perguntar a esses pacientes se eles trazem alguma restrição alimentar religiosa, sem
necessidade de mais explicações.
É preciso ter uma postura de respeito às crenças religiosas dos pacientes, sejam elas quais forem. O profissional
jamais deve fazer julgamentos de valor ou expressar suas próprias crenças no processo do atendimento, pois
essa seria uma postura antiética, denotando desrespeito.
Judaísmo
Restrições
Diante da diáspora da população de religião judaica, as inúmeras regras alimentares foram fundamentais na
construção da identidade desse povo.
Para a ortodoxia judaica, “é considerado membro do grupo aquele judeu que cumpre estritamente os preceitos
ligados ao descanso sabático, às leis de pureza familiar e às leis que regem o princípio da Kashrut, ou leis
dietéticas” (TOPEL, 2003, p. 206). Essas leis dietéticas estabelecem quais alimentos são considerados aptos para
o consumo, ou seja, os alimentos kosher.
O Kashrut judaico ortodoxo determina o quepode ou não ser consumido.
As práticas alimentares incluem jejuns e uma série de proibições e regras relativas ao preparo dos alimentos.
Essas leis estão descritas no Levítico da Torá, que é o livro sagrado da religião judaica. As regras são destinadas à
satisfação espiritual, e o consumo de alimentos considerados impuros prejudica a alma e o bem-estar (SOUZA,
2014).
A seguir, são enumerados alguns exemplos dos tabus dessa religião:
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Carne vermelha.
O consumo de animais que não têm a pata fendida e não são ruminantes é proibido. Essa regra, então, exclui o
porco, animal muito importante para a cristandade.
Frutos do mar e peixes.
Os peixes com escamas e nadadeiras são os únicos que podem ser consumidos, sendo assim, estão excluídos
todos os demais frutos do mar.
Aves.
As aves permitidas são apenas as domésticas; aquelas que resultam de caça estão proibidas.
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Carnes exóticas.
Os anfíbios, insetos e répteis que rastejem sobre a terra também são proibidos.
Os animais cujo consumo é permitido devem ser abatidos de forma específica, na presença de um rabino, para que
sejam considerados kosher.
A mistura de leite e carne também não é permitida, tampouco o consumo de sangue e de ovos que tragam sinais
de sangue (TOPEL, 2003).
Entretanto, em função da dificuldade de se seguir tais regras, muitos membros da religião judaica não ortodoxos
costumam adotá-las apenas parcialmente (COELHO, 2015).
Comentário
Para o profissional de Nutrição, essas regras não devem trazer preocupação, uma vez que os alimentos proibidos
podem ser facilmente substituídos, sem prejuízo à saúde do paciente.
Islamismo
Restrições
Os adeptos das religiões muçulmanas acreditam que a carne de porco é imprópria para o consumo, pois é impura
e pode trazer inúmeras doenças (FIORE; FONSECA, 2014). Eles não comem aves de caça e o consumo de álcool
também é proibido.
O jejum é praticado com regularidade — e durante um mês — com a prática do Ramadã. Esse evento acontece no
nono mês do calendário islâmico e é um dos pilares da religião. Consiste em abster-se de qualquer alimento, de
água, do fumo e do sexo durante o período em que o sol estiver no céu e é um momento de sacrifício, purificação e
orações. Como o calendário islâmico é lunar, o evento é móvel e o período do Ramadã ocorre em distintas épocas
do ano.
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Seguir rigorosamente o jejum pode ser bastante difícil em períodos de verão no hemisfério norte, pelo fato de os
dias serem mais longos nessa época do ano. Os muçulmanos que estão fazendo o jejum fora dos seus países
natais tendem a cumprir as regras de maneira menos restritiva, principalmente em relação ao consumo de água e
ao fumo.
Como só lhes é permitido comer quando o sol não está no céu, prepara-se uma série de comidas bastante
calóricas para o momento de desjejum, como biscoitos de mel, doces fritos — recheados ou pão de nozes, regados
com mel ou calda de água de rosas — e pirões de trigo com carne.
Alimentos consumidos durante o Ramadã.
Comentário
O jejum do Ramadã não é necessariamente uma preocupação para os nutricionistas, uma vez que crianças,
adolescentes, idosos, enfermos, viajantes, grávidas e nutrizes estão dispensados de praticá-lo e podem se
alimentar e beber água normalmente (COELHO, 2015).
As religiões e sua in�uência na alimentação
Compreenda melhor a relação entre as religiões e os hábitos alimentares.
Vegetarianismo

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Frutas, legumes e grãos.
Tipos e características
Cabe aqui comentar também sobre as ideologias alimentares vegetarianas, pois, mesmo não sendo crenças
religiosas, devem ser respeitadas e consideradas pelo nutricionista.
O vegetarianismo é o regime alimentar que exclui os produtos de origem animal. A Sociedade Vegetariana
Brasileira (SVG), maior entidade do Brasil nesse ramo, reconhece vários tipos de vegetarianismo:
Já o veganismo, mais do que uma ideologia alimentar, é um estilo de vida. Os adeptos não usam nenhum produto
de origem animal, como o mel, as roupas de couro e seda, os corantes derivados de insetos e os cosméticos
testados em animais. No geral, essas pessoas militam fortemente na defesa da solidariedade entre espécies.
Exemplo de prato vegano.
Atenção!
Ovolactovegetarianismo
Utiliza ovos, leite e laticínios
nas preparações.
Lactovegetarianismo
Inclui leite e laticínios na
alimentação.
Ovovegetarianismo
Permite ovos nas
preparações.
V
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As origens do vegetarianismo são bastante antigas e estão ligadas a ideias de pureza e contaminação ou então a
ideias reencarnacionistas de religiões como o budismo e o hinduísmo. A atual solidariedade entre espécies, que
move muitas práticas vegetarianas, é relativamente recente.
Sobre isso, é interessante mencionar os custos ecológicos da criação de animais. Temos atualmente um consumo
abundante de produtos de origem animal, sobretudo de carne.
No Brasil, são abatidos anualmente quase 6 bilhões de animais terrestres e “cada um desses animais precisa de
determinada quantidade de terra, água, alimento e energia, produz quantidade expressiva de dejetos e emite, direta
e indiretamente, poluentes que serão dispersados pelo solo, ar e água” (SCHUCK; RIBEIRO, 2018, p. 6).
Alimentação do gado.
Para alimentar esses animais, utiliza-se uma média de 10 vezes mais calorias do que o que se obtém do seu
consumo.
Segundo Carneiro (2003), aproximadamente dois terços da produção de grãos são destinados à alimentação de
animais.
Portanto, cada vez mais pessoas estão se tornando vegetarianas ou flexitarianos, em função de preocupações
éticas relativas não somente ao bem-estar dos animais, mas também à preservação do meio ambiente.
Efetivamente, as fazendas de criação de gado, sobretudo, poluem o meio ambiente, utilizam recursos hídricos em
abundância e promovem um enorme desperdício de recursos, pois os bois requerem áreas de cultivo seis vezes
maiores do que as exigidas pela plantação de grãos como a batata, o milho e o arroz.
A agricultura produz de 10 a 20 vezes mais alimentos do que a
criação de gado numa superfície da mesma extensão.
(CARNEIRO, 2003, p. 63)
Impressiona também a quantidade de antibióticos e hormônios que são fornecidos aos animais. Se os hormônios
afetam a nossa saúde de uma forma ainda não totalmente elucidada, o uso excessivo de antibióticos preocupa
sobretudo devido ao desenvolvimento de superbactérias resistentes a um amplo espectro de antibióticos.
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Além de provocar uma pressão sobre os biomas naturais, destruindo-os, como temos visto em relação aos
incêndios na Amazônia e no Pantanal, as queimadas têm como consequência o aumento dos gases de efeito
estufa. Por outro lado, o metano produzido pelos gases dos bovinos também contribui significativamente para o
aumento desses gases de efeito estufa, já que seu potencial de aquecimento é muito maior que o do CO2
(SCHUCK; RIBEIRO, 2018).
As queimadas constantes vêm aumentando a concentração de gases do efeito estufa.
A manutenção de tantos animais vivos como um estoque de comida exerce uma enorme pressão sobre o meio
ambiente e não é sustentável, além de enriquecer uma quantidade muito pequena de pessoas.
Enfim, por fatores vários, o profissional deNutrição deve orientar seus pacientes e seu público-alvo a reduzir o
consumo especialmente de carne vermelha, sem prejuízo à saúde.
Recomendação
É preciso enfatizar que uma dieta vegetariana deve ser bastante equilibrada para não provocar deficiências
nutricionais. Durante períodos de maior suscetibilidade, como a gestação, a lactação, a infância, a adolescência e a
velhice, assim como em certas doenças, o nutricionista deve ficar atento para, sempre respeitando a ideologia
alimentar de seus pacientes, orientá-los a adotar uma alimentação saudável e equilibrada.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Sobre a alimentação nas religiões cristãs, assinale a alternativa correta:
A As religiões cristãs não adotam nenhum tipo de restrição alimentar.
B Tanto os católicos como os protestantes apresentam restrições alimentares.
C Os católicos adotam, atualmente, muitas restrições alimentares.
D
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Parabéns! A alternativa B está correta.
Os católicos têm poucas restrições alimentares e os protestantes não podem consumir, sobretudo, álcool.
Questão 2
Sobre a alimentação na religião judaica, assinale a alternativa correta:
Parabéns! A alternativa C está correta.
Na religião judaica as proibições relativas à alimentação são numerosas e descritas minuciosamente no seu
livro sagrado, a Torá. A comida deve ser obtida segundo regras rituais específicas da religião. Esse tipo de
comida só se encontra em estabelecimentos especializados.
Os protestantes têm restrições alimentares relacionadas às comidas, exclusivamente.
E O consumo de carne é permitido aos católicos em qualquer ocasião.
A Aos judeus é permitido comer qualquer tipo de carne.
B Os alimentos podem ser comprados em qualquer supermercado ou loja.
C A religião judaica adota inúmeras proibições alimentares, bem descritas no seu livro sagrado.
D Um prato muito consumido entre eles é a lasanha de carne com molho bechamel de leite.
E Os frutos do mar são considerados por eles uma comida sagrada.
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Considerações �nais
Neste material, vimos a importância da compreensão dos determinantes das escolhas alimentares. Tínhamos
como objetivo a compreensão das motivações dos indivíduos diante de suas escolhas alimentares. Para isso,
refletimos sobre os determinantes biológicos, psicossociais, culturais e socioeconômicos. Em seguida abordamos
a importância de se considerar esses aspectos no atendimento nutricional, para que o profissional da área de
Nutrição aplique no seu dia a dia a reflexão sobre estes temas.
Vimos também como a segurança alimentar e nutricional deve ser pensada em termos dos determinantes das
escolhas alimentares. Ainda, finalizamos refletindo sobre a influência das religiões e ideologias nas escolhas
alimentares e discutindo sobre como o nutricionista deve respeitar as regras alimentares dessas religiões e
ideologias no seu atendimento, sempre fornecendo orientações que promovam a saúde.
Podcast
Para encerrar, ouça este podcast que aborda os principais aspectos dos assuntos abordados aqui.
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Referências
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30/03/2023, 11:54 Aspectos socioeconômicos e culturais: alimentação
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Sobre saúde e alimentação, assista ao documentário A comida importa (2008), de James Colquhoun e Carlo
Ledesma.
Para saber mais sobre impactos da pecuária e da pesca na natureza, assista ao documentário Cowspiracy: o
segredo da sustentabilidade (2014), de Kip Andersen.
No filme A festa de Babette (1987), dirigido por Gabriel Axel, você pode observar a postura dos protestantes em
relação à alimentação.
Acesse a página do Teste do Consumo Consciente – Instituto Akatu, para responder ao questionário e descobrir
que tipo de consumidor você é.

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