Buscar

3 Projeto de recuperação de áreas degradadas

Prévia do material em texto

e-Tec Brasil21
Aula 3 – Projeto de recuperação 
de áreas degradadas
Esta aula irá abordar como as atividades humanas podem de-
gradar os ecossistemas e como essas áreas degradadas podem 
ser recuperadas. Tratará também do papel do técnico em meio 
ambiente e sua contribuição para a sociedade em relação à re-
cuperação de áreas degradadas.
Diversos ecossistemas têm sido degradados como resultado direto e/ou indi-
reto das atividades humanas, logo, a recuperação desses ambientes torna-se 
indispensável para que voltem a cumprir seu papel ecológico.
3.1 Áreas degradadas
Você já parou para pensar quantas áreas degradadas existem à nossa volta? 
Pode-se citar uma indústria abandonada e todos os seus resíduos, uma área 
de agricultura que perdeu sua capacidade produtiva, um corpo hídrico sem a 
sua faixa de área de preservação permanente (APP), uma área de disposição 
de rejeitos de mineração, uma área desmatada ou até mesmo um antigo lixão.
Figura 3.1: Voçoroca em recuperação.
Fonte: <http://hotsites.sct.embrapa.br>.
3.1.1 O que é uma área degradada
Para Sánchez (2006), áreas degradadas podem ser definidas como aquelas 
áreas das quais foram suprimidos componentes essenciais para manutenção 
de suas funções ecológicas, como a cobertura vegetal ou horizontes super-
ficiais do solo, ou ainda aquelas onde há presença de substâncias conside-
radas perigosas à saúde humana ou ecossistemas, como ocorre em áreas 
contaminadas.
De maneira geral, pode-se considerar um ecossistema como degradado 
quando este ultrapassou sua resiliência. No entanto, a degradação am-
biental pode ser identificada quando alguma das seguintes alterações ocorre 
em um ambiente (SÁNCHEZ, 2006):
Perda de elementos do ambiente (solo, vegetação, biodiversidade);
Perda de funções ambientais (regulação do regime hídrico, proteção do 
solo contra erosão, proteção das margens de rios etc.);
Alterações da paisagem (alteração de relevo, presença de resíduos, solo 
exposto, alteração da fisionomia da vegetação, entre outros);
Riscos à saúde e segurança das pessoas (devido à presença de solos 
contaminados, taludes instáveis, resíduos tóxicos, e outros).
3.2 Projeto de Recuperação de 
Áreas Degradadas (PRAD)
As áreas degradadas devem ser recuperadas a partir de processos que garan-
tam o seu desenvolvimento de acordo com o tipo e o nível de degradação e 
as características do ambiente a ser recuperado.
Mas como podemos garantir que a recuperação dessas áreas seja imple-
mentada de maneira eficaz? Para isso surge a RAD (Recuperação de Áreas 
Degradadas), um dos importantes instrumentos do gerenciamento ambien-
tal que, por meio da elaboração do projeto conhecido por PRAD (Projeto de 
Recuperação de Áreas Degradadas), possibilita recuperar tais ambientes. 
3.2.1 O que é um PRAD?
O PRAD, Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas, consiste em um do-
cumento que contém as medidas propostas para a mitigação dos impactos 
ambientais decorrentes das atividades ou dos empreendimentos, incluindo 
o detalhamento dos projetos para a reabilitação das áreas degradadas, que 
Resiliência: Capacidade de um 
ecossistema, após sofrer algum 
distúrbio ou intervenção, de se 
recuperar naturalmente.
Mitigação: Redução, 
alívio, atenuação. Na área 
ambiental, mitigação consiste 
na intervenção humana com 
o intuito de reduzir efeitos 
indesejáveis de uma ação sobre 
o meio ambiente.
Projetos Ambientaise-Tec Brasil 22
podem ser de revegetação (estabilização biológica), geotécnica (estabiliza-
ção física), e remediação ou tratamento (estabilização química) (INSTITUTO 
ESTADUAL DO AMBIENTE, 2013).
O PRAD deverá reunir informações, diagnósticos, levantamentos e estudos 
que permitam a avaliação da degradação ou alteração e a consequente de-
finição de medidas adequadas à recuperação da área, de acordo com a des-
tinação que se pretende dar a ela, permitindo um novo equilíbrio ecológico 
(AMBIENTE BRASIL, 2013).
Para o desenvolvimento e o manejo de projetos de recuperação de áreas de-
gradadas (também conhecido como projetos de restauração ecológica), a re-
alização de algumas atividades é necessária. Dentre elas estão (IPAM, 2013): 
•	 identificar o local e o tipo de ecossistema a ser restaurado; 
•	 identificar o agente causador da degradação; 
•	 identificar se há necessidade de intervenções diretas para a restauração. 
O termo recuperação é amplamente utilizado por incorporar os sentidos de 
restauração e reabilitação (UNESP, 2013). As características e a utilidade das 
estratégias de recuperação são destacadas no Quadro 3.1. 
Quadro 3.1: Estratégias de recuperação
ESTRATÉGIA DESCRIÇÃO
Restauração
O ambiente é reproduzido de modo a apresentar condições 
exatas do local, tais como eram antes da degradação.
Recuperação
Tem por objetivo tornar a área próxima às condições naturais, 
com foco no equilíbrio e estabilidade dos processos atuantes.
Reabilitação
Ocorre o reaproveitamento da área com outra finalidade, ou 
seja, uma nova forma de uso do solo, diferente da situação 
preexistente.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Além de conhecer a finalidade de seu projeto, para se trabalhar com a recu-
peração de áreas degradadas é imprescindível o conhecimento da legislação, 
pois muitos são os dispositivos legais que estabelecem diretrizes e regem a 
elaboração do Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD).
Portanto, você como profissional de meio ambiente deve conhecer as exi-
gências (normas e dispositivos legais), bem como a existência de Termos de 
referência que o estado e o município possuem para elaboração do PRAD.
Termo de referência: 
Documento que estabelece as 
exigências mínimas e norteia a 
elaboração de projetos 
por meio de diretrizes e 
orientações técnicas.
e-Tec BrasilAula 3 – Projeto de recuperação de áreas degradadas 23
De maneira geral, é possível se basear no Termo de Referência estabelecido 
pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais 
Renováveis), na Instrução Normativa n. 04 de 13 de abril de 2011, a qual 
estabelece a estrutura básica para elaboração do PRAD.
Recuperar áreas degradadas pode resultar em um melhor aproveitamento 
da terra já ocupada pelo homem, minimizando a pressão exercida pelas ati-
vidades humanas sobre os ecossistemas.
Lembre-se, recuperar essas áreas é um desafio. Não há uma fórmula única 
que sirva para todas as situações existentes. É preciso conhecer as legislações 
pertinentes e as características do ambiente, pesquisar e inovar!
Resumo
Nesta aula foi possível compreender o que é uma área degradada e saber 
como identificar essas áreas. Aprendeu também as estratégias existentes 
para a recuperação de áreas degradadas e a importância de estabelecer um 
projeto que caracterize a área recuperada e que permita traçar métodos para 
sua recuperação, conhecido por PRAD.
Atividades de aprendizagem
•	 “Diferente do que se imagina, simplesmente abandonar uma área para 
que a natureza faça sua parte e se autorregenere nem sempre adian-
ta”. A que processo o texto citado anteriormente se refere? Assista ao 
vídeo “Recuperação de Ecossistemas Degradados”, que mostra a ex-
periência de recuperação no litoral paranaense, responda à questão e 
conheça mais sobre esse e outros processos de recuperação de áreas 
degradadas. O vídeo está disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=dUuJuyGNIFI>.
Conheça mais sobre a Instrução 
Normativa do Ibama n. 04 
de 2011 e os procedimentos 
para elaboração do PRAD em: 
<http://www.ibama.gov.br/
phocadownload/supes_go/
in_04_11_prad.doc> e 
<http://www.ibama.gov.br/
phocadownload/supes_go/
modelo_para_elaborao_de_
prad.pdf>.
Projetos Ambientaise-Tec Brasil 24

Continue navegando