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ESTÁGIO SUPERVISIONADO – 
PRÉ-PROJETO DE 
INTERVENÇÃO 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Aline Aparecida da Cunha de Brito 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta etapa abordaremos especificamente os espaços sócio-
ocupacionais de atuação dos assistentes sociais. Entendemos que não seria 
possível abordar todos os espaços existentes, mas iremos introduzir algumas 
possibilidades de atuação para a categoria. 
É de suma importância que o aluno em processo de estágio possa 
identificar qual o seu campo de estágio, conseguindo refletir sobre as expressões 
da questão social e as políticas públicas daquele espaço frente às demandas 
institucionais. 
TEMA 1 – ESPAÇOS SÓCIO-OCUPACIONAIS 
Começamos este tópico reafirmando que o assistente social é um 
trabalhador assalariado inserido na divisão sociotécnica do trabalho. Para tanto, 
conta com múltiplos espaços de atuação profissional, podendo atuar em esferas 
públicas, instituições privadas, movimentos sociais, assessorias e consultorias, 
entre outros espaços oportunos no mercado de trabalho. 
O profissional de serviço social insere-se em instituições que atuam com 
determinada política pública, levando-o a atuar de forma coletiva ou individual. 
Geralmente, atua com outros profissionais que colaboram entre si, um trabalho 
combinado e cooperativo que assume perfis diferenciados nos vários espaços 
ocupacionais (Iamamoto, 2007). 
O assistente social, atuando na intermediação entre as demandas dos 
usuários e o acesso às políticas públicas, coloca-se como mediador entre a 
esfera pública e os interesses da classe trabalhadora (Iamamoto, 2007). 
No Brasil, o serviço social tem fundamental importância nos campos da 
esfera pública e privada no que tange à seguridade social. Esse trabalho versa 
sobre o processo de elaboração de políticas públicas, a avaliação e o 
monitoramento dos diferentes níveis da federação. 
Outro campo de atuação recorrente desses profissionais refere-se aos 
conselhos de políticas públicas, especialmente os conselhos da criança e do 
adolescente, os conselhos de assistência social e os conselhos de saúde nos 
níveis municipais, estaduais e federal (Iamamoto, 2007). 
 Nos variados espaços sócio-ocupacionais, o assistente social tem seu 
compromisso ético pautado no projeto ético-político da categoria, que tem 
 
 
3 
vínculos com a classe trabalhadora em busca de uma nova ordem societária. 
Seu trabalho tem capacidade de criar um acervo de dados sobre a população 
atendida, identificando múltiplas expressões da questão social que os usuários 
dos serviços vivenciam em seu cotidiano (Iamamoto, 2007). 
O compromisso com a construção, a implementação e a execução das 
variadas políticas públicas vem de um processo histórico dos movimentos da 
categoria. Atualmente o assistente social está permeado de relações entre a 
população e o espaço sócio-ocupacional. Nos termos de Netto (1992), os 
assistentes sociais são “executores terminais de políticas sociais”. Discordando 
de Netto (1992), Iamamoto (2007) entende que, além de viabilizar e mediar o 
acesso às políticas públicas, os assistentes sociais têm atribuições e 
competências para planejar, organizar e sistematizar políticas públicas por meio 
da gestão. 
Bem, entendemos então que os espaços sócio-ocupacionais são 
variados, mesmo a categoria sendo mais fomentada em determinado espaço. À 
medida que as políticas públicas vão sendo implementadas pelas instituições 
públicas ou privadas, os campos de atuação vão se renovando. 
Essa renovação sempre estará vinculada com as competências e 
atribuições dos assistentes sociais, ligadas principalmente com a orientação e a 
representação em conselhos de políticas públicas sociais e de direitos, na 
organização e mobilização popular, avaliação de planos, programas e projetos, 
planejamento, elaboração de projetos interventivos, atendimento a demandas 
sociais, trabalho em equipe etc. 
Nos tópicos a seguir, iremos abordar alguns espaços sócio-ocupacionais 
existentes para entendermos a variedade do exercício profissional do assistente 
social, logo, as múltiplas oportunidades de campo de estágio para o acadêmico. 
TEMA 2 – ESFERA PÚBLICA 
A atuação dos assistentes sociais na esfera pública possui um marco 
importante nos anos 1990, que marcou significativamente a ordem social no 
Brasil, segundo Raichelis (2009, p. 6), “palco de um complexo processo de 
regressões no âmbito do Estado e da universalização dos direitos, 
desencadeando novos elementos que se contrapõem ao processo de 
democratização política, econômica e social em nosso país” 
 
 
4 
É nesse contexto que o Brasil passa por diversos movimentos de 
transformações, impactando o mercado de trabalho e redefinindo os sistemas de 
proteção social e da política pública no país. Nessa conjuntura emergem novas 
expressões da questão social, logo, novas estratégias de enfrentamento às 
vulnerabilidades da época. 
Com a complexidade desse movimento, no que concerne às políticas 
públicas houve um desmonte e um desmanche que atingiu a esfera estatal, 
porém o Estado permanece sendo a forma mais efetiva de operar a 
universalização dos direitos (Raichelis, 2009). 
É nesse desmonte (1990) que a categoria profissional ocupa espaços 
mais efetivos na esfera pública. Como mediadores dos conflitos entre o Estado 
e a classe trabalhadora, os assistentes sociais predominantemente vinculam-se 
aos conselhos de políticas sociais e de defesa de direitos nas esferas municipais, 
estaduais e federal. Também vinculam-se ao planejamento, à organização e à 
operacionalização de programas, projetos e serviços em diferentes políticas 
públicas como, por exemplo, a política de assistência social, a política de 
educação, a política de saúde etc. 
Comparece também, nas relações governamentais, ainda que conflitante, 
a exigência de profissionais com capacitações complementares da formação 
profissional, pois a velocidade em que os conselhos foram criados ainda não 
demonstrava um sinal efetivo da democratização essencial para apaziguar os 
conflitos da década. 
A categoria passa, então, a ser requisitada para atuar na formulação, no 
monitoramento e na avaliação dessas políticas. Também são requisitados para 
a gestão de programas e projetos sociais. É nessa década (1990) que a 
categoria avança significativamente em seus espaços sócio-ocupacionais, e o 
estágio acompanha esse avanço. À medida que os novos espaços vão sendo 
conquistados, os campos de estágio também ganham nova roupagem no 
processo de ensino e aprendizagem. 
É importante reforçar que o conjunto CFESS/CRESS, comprometido com 
a qualidade da formação profissional, também se integra nessas mudanças, 
visto que, conforme os espaços sócio-ocupacionais vão surgindo, a capacitação 
e a formação profissional também avançam, executando debates críticos sobre 
as competências e atribuições profissionais nos novos campos de atuação. Para 
atender adequadamente às novas demandas do setor público, a categoria 
 
 
5 
movimentou-se para a capacitação desses profissionais voltados a uma análise 
e técnica permeadas de criticidade social. 
Os novos espaços sócio-ocupacionais no setor público vinculavam-se a 
atividades de funcionamento e implementação de políticas públicas e conselhos 
de direito, dando abertura para programas de capacitação de conselheiros, 
elaboração de planos municipais, monitoramento e avaliação de programas e 
projetos sociais, coordenações de programas, planejamento estratégico, entre 
outras demandas da esfera pública. 
A esfera pública sempre foi o maior ensejo na introdução dos assistentes 
sociais no mercado de trabalho. Com a implementação do Sistema Único de 
Assistência Social (2004) e da Política Nacional de Assistência Social, a Política 
de Assistência Social lidera a absorção desses profissionais, seguida da Política 
de Saúde, que ainda é um espaço privilegiado para osprofissionais desde a 
Constituição Federal de 1988, ampliando o mercado de trabalho para a categoria 
(Iamamoto, 2007). 
Na contemporaneidade, vemos os assistentes sociais inseridos nos 
setores de gestão, nos conselhos de direitos e, principalmente, nos 
equipamentos de operacionalização de políticas públicas. Temos, por exemplo, 
na Política de Assistência Social, equipamentos como os centros de referência 
da assistência social, os centros-dia, os centros POP, as instituições de 
acolhimento de crianças e adolescentes e as instituições de longa permanência 
para pessoas idosas. Já na Política de Saúde, podemos pensar em 
equipamentos como as unidades básicas de saúde, as comunidades 
terapêuticas, os centros de atendimentos psicossocial etc. Nos espaços 
sociojurídicos, os assistentes sociais podem atuar nos Tribunais de Justiça, no 
Ministério Público, na Defensoria Pública, em penitenciárias etc. 
TEMA 3 – INICIATIVA PRIVADA 
A atuação dos assistentes sociais na iniciativa privada é cada vez mais 
relevante no contexto da responsabilidade social empresarial. Esses 
profissionais desempenham um papel fundamental na promoção de ações que 
visam o bem-estar da comunidade e a promoção da justiça social dentro das 
empresas. Iamamoto (1999, p. 83) afirma que em 1980 o serviço social já era 
institucionalizado, considerado uma “especialização do trabalho coletivo, dentro 
da divisão sociotécnica do trabalho, partícipe do processo de produção e 
 
 
6 
reprodução das relações sociais”. Essa visão serve de referência à abordagem 
dos processos e relações de trabalho da profissão. 
De modo processual, as corporações empresariais passam a entender as 
dicotomias sociais e como respostas a essas dicotomias passam a incluir em 
seus valores a responsabilidade social corporativa, articulada à ideia de um 
compromisso ético-político com o desenvolvimento sustentável. Ao mesmo 
tempo, discutem sobre a insuficiência do Estado, que está atrelado aos 
interesses de muitos grupos, grupos esses dominantes e que, por vezes, 
conflitam quanto à solução dos problemas sociais do país e defendem a 
substituição dos sistemas de proteção social por ações focalizadas na pobreza. 
É nesse contexto que os assistentes sociais se inserem, atuando nas empresas 
de iniciativa privada. 
Faleiros (2005) reflete que a atuação dos assistentes sociais na iniciativa 
privada remete a uma ótica de luta de classes vinculada à relação de poder. O 
autor entende que instituição privada remete a uma agência que presta serviços 
e que essas instituições também são estruturantes nas relações sociais, assim 
como a família, a religião, a educação e o exército. 
Nas instituições/iniciativas privadas, os objetivos profissionais são 
definidos pela própria instituição e, nessa ótica, variam de instituição para 
instituição. Jean Robert Weisshaupt realizou uma pesquisa no Nordeste em 
2013 sobre o serviço social e as instituições privadas. Os resultados apontam 
para uma atuação profissional institucional com tamanha pressão entre o projeto 
ético-político da categoria e a missão institucional que, por vezes, são 
dicotômicos. 
Os conflitos nas instituições podem ocorrer entre os profissionais e os 
auxiliares, entre profissionais, entre a instituição e os profissionais, entre os 
usuários e a instituição, entre outras formas (Silva citado por Faleiros, 2005). A 
resolução de conflitos nas instituições requer abordagens e estratégias 
adequadas para promover um ambiente de trabalho harmonioso e produtivo. Os 
assistentes sociais desempenham um papel fundamental nesse processo, 
atuando como mediadores e facilitadores na busca por soluções e equilíbrio 
entre as partes envolvidas. 
Há uma relação de forças que fomentam esses conflitos, que remete 
diretamente aos interesses da ação profissional e, mesmo diante dos 
tensionamentos, o assistente social atua no meio dessas tensões num processo 
 
 
7 
de mediação dos diálogos, dando respostas às necessidades dos usuários e do 
próprio profissional. 
Entendemos que os conflitos podem ocorrer em qualquer espaço sócio-
ocupacional, mas especialmente nas iniciativas privadas, pois essas instituições 
têm seus movimentos dialéticos que podem contradizer as competências e 
atribuições do assistente social. A atuação dos assistentes sociais em defesa 
dos direitos dos usuários dos serviços nas iniciativas privadas requer uma 
postura ética, compromisso com os princípios do Código de Ética Profissional do 
Serviço Social e capacidade de articular-se de forma estratégica, sempre 
lembrando que essa articulação é voltada aos interesses da classe trabalhadora. 
Nas instituições privadas, os assistentes sociais podem atuar em setores 
empresariais, no setor de recursos humanos, em instituições de capacitação, em 
instituições com responsabilidade social, entre outras possibilidades. 
É comum os estudantes encontrarem campos de estágio na iniciativa 
privada e se questionarem sobre o exercício profissional. Essa reflexão é 
importante mediante a análise de conjuntura, entendendo-se a relação de 
poderes presente e a dicotomia entre os objetivos institucionais e o projeto ético-
político da categoria. É importante compreender a relação de poderes e a 
dicotomia entre os objetivos institucionais e o projeto ético-político da categoria, 
a fim de construir estratégias de atuação coerentes e que respeitem os princípios 
e diretrizes do serviço social. 
Aqui entendemos um pouco a relação do exercício profissional em 
empresas privadas. Esse tema é importante para que o aluno identifique que as 
iniciativas privadas também são campo de estágios para o acadêmico dotado de 
frentes de atuação intrínseca às habilidades e competências do assistente 
social. 
TEMA 4 – ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL E O TERCEIRO SETOR 
Como vimos anteriormente, o ano de 1990 foi um ano de grandes 
mudanças sociais, criando também um protagonismo para a sociedade civil no 
que tange às organizações sociais voltadas ao fortalecimento de políticas 
públicas, à defesa de direitos e ao combate às múltiplas vulnerabilidades sociais. 
Wieczynsk (2007) reflete que o terceiro setor é um espaço sócio-
ocupacional que exige do profissional competência técnica, teórica e política 
como pressuposto da atuação. As organizações da sociedade civil são 
 
 
8 
instituições que atuam no que chamamos de terceiro setor. São instituições com 
ou sem fins lucrativos, mas que, no geral, atuam na execução de serviços por 
meio de políticas públicas de fomento ou enfrentamento de alguma demanda 
social. 
Gentilli (1998) considera que a atuação dos assistentes sociais no terceiro 
setor é vasta, exemplificando campos de atuação como o trabalho de proteção 
à criança e ao adolescente, a educação social, a assistência social, a educação 
de pessoas com deficiência, a participação popular etc. 
Segundo Paz (1999), o assistente social, ao se inserir em um espaço 
sócio-ocupacional organizado pela sociedade civil, deverá refletir sobre a 
natureza social da OSC, bem como sobre as relações existentes nesse espaço 
e os objetivos articulados com o projeto ético-político da categoria. A autora 
ainda defende que o trabalho do assistente social nas OSCs é intrinsecamente 
social, na perspectiva de fortalecimento desse espaço na conquista de direitos, 
cidadania e democracia. 
Costa (2007), por outro lado, defende que as OSCs são instituições que 
trabalham com as demandas em que o Estado não atua, gerando, assim, uma 
irresponsabilização do Estado sobre as políticas públicas e sociais. Por isso, a 
autora acredita que o assistente social inserido nas OSCs do terceiro setor deve 
possuir um arcabouço teórico e metodológico para identificar as diversas 
manifestações institucionais, atuando de forma ímpar nessa relação. 
É importante que o profissional que atua em OSCs consiga identificar as 
intenções sociais da organização, refletindosobre qual espaço essa instituição 
está ocupando e qual o papel do Estado nesse lugar de proteção aos direitos 
sociais difusos e coletivos. É nesse sentido que a autora reforça que esse 
profissional deve apropriar-se de discernimento em relação ao papel e à função 
do Estado, do mercado e do terceiro setor no contexto da formulação e execução 
das políticas sociais. 
Cabe ao Estado prover políticas públicas e sociais, fortalecendo as 
vulnerabilidades sociais em busca de uma sociedade mais igualitária. Quando o 
Estado deixar de operacionalizar essas políticas públicas, o mercado e o terceiro 
setor atuam nessas vulnerabilidades, exercendo a função do Estado na proteção 
dos direitos sociais. No entanto, é importante destacar que essa atuação do 
mercado e do terceiro setor não deve ser encarada como uma substituição do 
papel do Estado, mas sim como uma resposta emergencial e complementar. A 
 
 
9 
precarização das políticas públicas e sociais ainda demanda ações efetivas por 
parte do Estado, visando garantir o acesso universal e integral aos direitos 
sociais. 
No interior das instituições do terceiro setor, o exercício profissional deve 
ser direcionado ao atendimento integral e de qualidade social, trabalhando no 
enfoque da garantia do direito de inclusão ao atendimento de forma equilibrada 
e cuidadosa, crítica e construtiva, discernindo claramente a contribuição que o 
assistente social pode trazer para um trabalho de qualidade social no âmbito do 
terceiro setor (Costa, 2007). 
Outro ponto importante é que as instituições do terceiro setor podem ou 
não ter a base filantrópica e de responsabilidade social. Isso significa que 
determinadas empresas atuam por meio da filantropia, com cunho religioso ou 
não. Independentemente das bases institucionais, o assistente social pode 
intervir no terceiro setor, visando uma prática de ações sociais voltada para a 
garantia de direitos, o acesso à democracia, a construção da cidadania e não 
para a filantropia. Um exemplo de atuação nesse sentido seria a promoção da 
participação e do controle social dentro das instituições do terceiro setor. Os 
assistentes sociais podem trabalhar para fortalecer a capacidade dos usuários 
dos serviços e das comunidades atendidas de exercer sua autonomia e 
influenciar nas decisões e políticas das organizações. Isso contribui para a 
construção de espaços mais democráticos e para o empoderamento das 
pessoas atendidas. 
TEMA 5 – MOVIMENTOS SOCIAIS, ASSESSORIAS E CONSULTORIAS 
5.1 Movimentos sociais 
A Lei n. 8.662/1993, que regulamenta a profissão, reforça a relação da 
categoria com os movimentos sociais, indicando que essa relação é 
competência profissional: “prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais 
em matéria relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos direitos 
civis, políticos e sociais da coletividade” (Brasil, 1993). 
Historicamente o serviço social se relaciona com os movimentos sociais. 
No final dos anos 1970 e início de 1980 a categoria se reorganiza com seus 
fundamentos ético-políticos que embasam o exercício profissional, contestando 
 
 
10 
o conservadorismo, guinando a categoria para um novo projeto profissional 
vinculado às matrizes marxistas. 
Mediante esse novo embasamento, o serviço social se reconhece como 
agente fomentador dos movimentos sociais da época, incentivando as 
mobilizações e a participação social pela população usuária, reconhecendo a 
necessidade de construir lutas coletivas para avançarmos rumo a um novo 
projeto societário. 
Nessa época o projeto ético-político estava engajado politicamente com 
movimentos democráticos num contexto pós-ditadura militar que resultou no 
rompimento brusco com a ordem vigente na categoria profissional, mudando os 
rumos do exercício profissional. É importante lembrarmos da intenção de ruptura 
com as bases conservadoras da época (1960-1980) levando ao movimento de 
reconceituação do serviço social, que buscava repensar e reformular as teorias 
e práticas sociais, políticas e econômicas predominantes na época, 
principalmente no campo do marxismo (Netto, 2006). 
O projeto ético-político profissional passa a se materializar no Código de 
Ética de 1993, na Lei n. 8.662/1993 de regulamentação da profissão e nas 
Diretrizes Curriculares de 1996. Tem a intenção de uma nova sociabilidade, de 
apoio a classe trabalhadora, da proteção aos direitos humanos e sociais e está 
em movimento diante das contradições da sociedade capitalista (Netto, 2006). 
Entendendo-se o projeto profissional nesse novo formato, constitui-se 
então um projeto coletivo de classe, na busca por uma sociedade igualitária, sem 
dominação nem exploração de nenhum ser humano sobre o outro (Netto, 2006). 
Assim, a atuação do assistente social nos movimentos sociais pauta-se 
no exercício político organizativo, com a mobilização social e com a organização 
dos militantes e apoiadores na criação de mecanismos de resistência e de luta 
(Cardoso; Lopes, 2009). 
Uma das principais contribuições do serviço social para os movimentos 
sociais é a possibilidade que os/as assistentes sociais têm de “contribuir para a 
formação política dos sujeitos sociais integrantes dos movimentos sociais 
urbanos e para o processo de formação da consciência, a partir da apreensão 
das contradições capital x trabalho e suas consequências para a classe 
trabalhadora” (Iasi, 2001 citado por Farage, 2014, p. 77). 
O assistente social, essencialmente, contribui com os movimentos sociais 
na formação dos agentes desses movimentos por meio de uma formação política 
 
 
11 
crítica para seus integrantes instigando, nesse processo, a consciência de 
classe. 
O profissional, em seu exercício, pode sistematizar atividades educativas 
formadoras de aparatos teórico-metodológicos para explicar a realidade por 
meio da utilização do método dialético-crítico e de suas categorias de análise 
(Closs, 2015). 
Outra perspectiva da atuação nos movimentos sociais refere-se ao 
trabalho profissional realizado nas instituições de organização autônoma como 
o movimento sindical. “Aqui compreendemos os movimentos sociais na condição 
de espaço sócio-ocupacional e a atuação profissional enquanto circunscrita a 
relações de assalariamento e a um processo de trabalho específico” (Conselho 
federal de serviço social, 2018, p. 2). Também entendemos que o assistente 
social é um profissional inserido na divisão sociotécnica do mercado de trabalho, 
por isso essa relação pode se estremecer em algumas perspectivas. 
“Neste caso, compreendemos esta atuação como transversal aos 
diversos espaços sócio-ocupacionais [...] podendo incidir diretamente no auxílio 
à organização da população usuária por meio do impulso ao seu viés coletivo e 
organizativo” (Conselho federal de serviço social, 2018, p. 4). Esses espaços 
referem-se a movimentos sociais da saúde, educação, moradia e planejamento 
urbano, assistência social, movimentos com pautas raciais, pautas LBGTQIPN+, 
movimentos de proteção ambiental, movimentos feministas, movimentos de 
comunidades tradicionais, quilombolas e indígenas etc. 
É importante entender os movimentos sociais como campo de atuação do 
assistente social, partindo do pressuposto que essa atuação é competência da 
categoria, assim o acadêmico reconhece nos movimentos sociais também um 
campo de estágio. 
5.2 Assessoria e consultoria 
Segundo Bravo e Mattos (2010), assessoria e consultoria podem ser 
definidas como uma ação desenvolvida por um profissional com conhecimentos 
na área, estudioso, permanentemente atualizado e que toma a realidade como 
objeto de estudo, com a intenção de alterá-la. 
A dimensão pedagógica do assistente social nas assessorias e 
consultorias é ampla e essencial. Nesse contexto, o assistente social assume 
um papel de especialista em diversas matérias de conhecimento, promovendo 
 
 
12 
processos de aprendizagem e transformaçãosocial tanto para as organizações 
ou instituições em que atua quanto para os indivíduos atendidos por essas 
instituições. 
As consultorias e assessorias especializadas em serviço social ou em 
determinada política pública também são consideradas como trabalho autônomo 
para o assistente social, visto que ele é um profissional liberal, sendo essa, num 
contexto neoliberal, mais uma oportunidade no mercado de trabalho. 
Matos (2006) e Vasconcelos (2010) entendem que existe diferença nos 
processos de assessoria e consultoria. A consultoria está relacionada com o ato 
de fornecer conselhos, opinar tecnicamente sobre algo, fornecer pareceres 
sobre seu tema de conhecimento. Consiste, ainda, numa prestação de serviço 
pontual sobre determinada dúvida. Matos (2006) esclarece também o aspecto 
que se refere à vinculação teórico-metodológica, pois as consultorias podem ter 
objetivos variados e até mesmo contraditórios. Essa reflexão é importante para 
que não seja feita uma análise parcial dessa forma de intervenção profissional. 
A assessoria está relacionada a um auxílio ou uma ajuda a outros 
profissionais ou instituições; carece de um acompanhamento processual, o que 
torna seu desenvolvimento mais complexo e que tende a ser mais demorado. 
“O/A assessor/a não intervém ou substitui o protagonismo do sujeito 
assessorado, deve sim propor caminhos e estratégias ao coletivo e este tem 
autonomia em suas escolhas” (Conselho federal de serviço social, 2008, p. 3). 
Dessa forma: 
Dentre as principais atividades desenvolvidas pelos/as assistentes 
sociais estão a formação política, por meio de cursos, oficinas e 
seminários; ações de assessoria e acompanhamento técnico para a 
elaboração de projetos de assentamento e moradias urbanas; 
formação/capacitação de lideranças para intervir nos conselhos de 
direitos e políticas públicas. (Conselho federal de serviço social, 2008, 
p. 3) 
Freire (2006) defende que as assessorias e consultorias criaram suas 
raízes nos anos 1980 e 1990 por empresas de grande porte, com objetivo, 
segundo a autora, neoconservador, mas com possibilidades de adotar outros 
rumos devido ao caráter contraditório. Ela aponta que essas perspectivas 
neoconservadoras perpetuam até a contemporaneidade, por isso a importância 
de o profissional reconhecer as contradições presentes nesses espaços nos 
quais os assistentes sociais exercem sua profissão, podendo identificar a 
 
 
13 
viabilidade para a realização de outros objetivos mais condizentes com o projeto 
ético-político da profissão. Vasconcelos (2010, p. 16) entende que: 
Nos processos de consultoria, um assistente social ou uma equipe 
geralmente procura um expert para que dê o parecer sobre caminhos 
que a equipe escolheu e/ou encaminhamentos que está realizando por 
exemplo: indicar bibliografia sobre temas específicos; dar o parecer 
sobre projetos de pesquisa e/ou avaliar encaminhamento de 
levantamentos e pesquisas em andamento; indicar ou realizar cursos 
sobre temas específicos da área de atuação profissional etc. 
Entendemos que as empresas/instituições de assessoria e consultoria 
são espaços sócio-ocupacionais de atuação para os assistentes sociais e 
relacionamos esses espaços também como campos de estágio para os 
acadêmicos. 
NA PRÁTICA 
Convidamos você a pensar na seguinte questão: em qual espaço sócio-
ocupacional você está inserido? Em seguida, questione-se: quais políticas 
públicas e quais direitos os usuários podem acessar por meio desse espaço 
sócio-ocupacional? 
Agora você tem arcabouço para identificar o seu campo de estágio e 
refletir sobre o espaço em que está inserido. Essa reflexão irá auxiliá-lo na 
construção de seu diário de campo e de seu pré-projeto de intervenção. 
FINALIZANDO 
É importante entendermos os possíveis espaços sócio-ocupacionais de 
atuação do assistente social na dinâmica do projeto ético-político e do mercado 
de trabalho. Somente com o reconhecimento do campo de estágio é que o aluno 
terá a capacidade de identificar as relações de poder, as políticas públicas, as 
expressões da questão social e as demandas dos usuários. 
Com o reconhecimento do espaço sócio-ocupacional o aluno apropria-se 
do campo de estágio, identificando as competências e atribuições do profissional 
no exercício de sua atividade. Entender o espaço sócio-ocupacional, logo, o 
campo de estágio, é o que fornece ao aluno o direcionamento em seu processo 
de estágio obrigatório supervisionado. 
 
 
14 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Lei n. 8.662, de 7 de junho de 1993. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 8 jul. 1993. Disponível em: 
<http://www.cfess.org.br/arquivos/legislacao_lei_8662.pdf>. Acesso em: 3 nov. 
2023. 
BRAVO, M. I. S.; MATOS, M. C. de. (Org.). Assessoria, consultoria & serviço 
social. 10. ed. São Paulo: Cortez, 2010. 
CARDOSO, F. G.; LOPES, J. B. O trabalho do assistente social nas 
organizações da classe trabalhadora. In: CFESS; ABEPSS. Serviço social: 
direitos e competências profissionais. Brasília: Cfess/Abepss, 2009. 
CLOSS, T. T. Fundamentos do serviço social: um estudo a partir da produção 
da área. Tese (Doutorado) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do 
Sul, Porto Alegre, 2015. 
CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. O trabalho de assistentes 
sociais junto aos movimentos sociais. Disponível em: 
<http://www.cfess.org.br/arquivos/2018-CfessManifesta-16Enpess-GTPAbepss-
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