Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
τ55̂ρρ* DIGITALIZADO POR: PRESBÍTERO (TEÓLOGO APOLOGISTA) PROJETO SEMEADORES DA PALAVRA VISITE O FÓRUM http://semeadoresdapalavra.forumeiros.com/forum http://semeadoresdapalavra.forumeiros.com/forum S m rito Pedro da Silva Todos os Direitos Reservados. Copyright © 1988 para a língua portu- guesa da Casa Publicadora das Assembléias de Deus. 236 Silva, Severino Pedro da SILe Escatologia, doutrina das últimas coisas. Rio de Janeiro, CPAD, 1988. 1 v. 1. Escatologia. 2. O Anticristo. I. Título. Casa Publicadora das Assembléias de Deus Caixa Postal 331 20001, Rio de Janeiro, RJ, Brasil 11' Edição 1998 Índice Apresentação............................................................................................ 6 Prefácio..................................................................................................... 7 Introdução................................................................................................. 9 1. O que Significa Escatologia........................................................... 11 2. Que Geração é Esta?....................................................................... 29 3. A Entrega dos Galardões............................................................... 35 4. A Celebração das Bodas................................................................ 45 5. A Invasão Russa«............................................................................. 51 6. O Período de D or............................................................................ 63 7. A Construção do Templo».............................................................. 75 8. A Manifestação do Anticristo....................................................... 83 9. A Batalha do Armagedom............................................................. 93 10. A Grande D estruição,.......................................................................105 11. A Grande Carnificina.......,..............................................................111 12. O Julgamento das N ações............................................................. 115 13. Tudo Sobre Dispensações................................................................ 121 14. As Alianças Existentes....................................................................127 15. Os Mil Anos........................................................................................ 133 16. A Morte e a Ressurreição................................................................147 17. Lugar de Suplício.............................................................................161 18. O Significado da Palavra Céu........................................................ 171 19. O Juízo Final...................................................................................... 177 20. A Vida E te rn a .................................................................................... 183 Bibliografia................................................................................................ 187 Apresentação O Pastor Severino Pedro da Silva brinda-nos com este livro, Escatologia, doutrina das últimas coisâs, um exce- lente tratado que descreve os acontecimentos futuros, a partir do Arrebatamento da Igreja. Com muita proprieda- de, numa linguagem simples, de fácil compreensão, narra a entrega dos galardões aos que se empenharam pela salva- ção do mundo, a celebração das Bodas do Cordeiro, a Grande Tribulação, a manifestação do Anticristo, a cons- trução do novo Templo em Jerusalém, a invasão russa, a batalha do Armagedom, a destruição dos exércitos aliados, 0 julgamento das nações, 0 Milênio, a batalha final, a der- rota de Satanás e de todos os anjos maus, a última ressur- reição e 0 julgamento final, 0 fogo do Inferno, 0 novo Céu e a nova Terra, a vida eterna. Tenho a certeza de que todos os que lerem este livro, gostarão de seu conteúdo. Por isso, 0 apresento e recomen- do. Horácio da Silva Júnior, pr Diretor Executivo da CPAD 6 Prefácio As profecias sempre me fascinaram. E este livro foi es- crito para satisfazer uma exigência generalizada entre os estudantes de Escatologia Bíblica. Já havia muito que se esperava um tratado dinâmico, enriquecido e aprofundado sobre este assunto. Seu autor, pastor Severino Pedro da Silva, é conheci- do de todos nós e vem sendo usado grandiosamente por Deus para uma tarefa de suma importância que é, sem dú- l ida, escrever para 0 deleite espiritual do povo de Deus e até fora dele. Este livro - a Doutrina das Ültimas Coisas - revela no- tável unidade de estilo e de linguagem. Isto se deve, em grande parte, à experiência e conhecimento do autor. A mensagem nele contida tem uma consistência vital que se encaixa com 0 equilíbrio estrutural de seu argumen- to. O ponto central de seu conteúdo é nosso Senhor Jesus Cristo e suas manifestações com dissertações sobre as pro- fecias futurísticas. São Paulo, 1987 J®sé Wellington Bezerra da Costa 7 Introdução A Escatologia = do grego “ Eschaton” é a doutrina que diz respeito ao fim do mundo presente e ao mundo vindou- ro. Dela se depreendem vaticínios cujos temas são de al- cance muito vasto. Alguns deles ainda surgirão (em seu cumprimento) ao cenário de nossa história. O cumprimento destas profecias, à luz de cada con- texto, não depende da vontade ou da imaginação humana, mas exclusivamente de Deus (*Jr 1.12). Estas predições. em seu contexto geral, são denomina- das à guisa futurística de “A Palavra dos Profetas”, “ ...à qual (afirma o apóstolo Pedro) bem fazeis em estar aten- tos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia esclareça, e a estrela da alva apareça em vossos cora- ções” (2 Pd 1.19). Há, hoje em dia, grande interesse pelas profecias. Tal interesse deve-se aos grandes acontecimentos políticos e religiosos na vida de Israel e na das demais nações do mun- 4m (Lc 21.29). 0 povo tem obsessão de conhecer o que vai acontecer no futuro. E assim tem sido desde o princípio do mundo. Os profetas de ambos os Testamentos predisseram com antecedência de séculos, no primeiro caso, e até de alguns meses, no segundo, todos os episódios futuros e, até com minúcias, em vários de seus elementos doutrinários e pro- fé ticos. O próprio Jesus, desde que irrompeu e com Ele o “ Reino de Deus” , pregava uma escatologia natural, pre- sente e atual na vida do mundo e da Igreja. São Paulo, 1987 Severino Pedro da Silva O que Significa Escatologia 1. Definição־ do termo O termo “ escatologia” e seus cognatos correspondem à “ doutrina das últimas coisas” . Escaton (que vem por último) designa a doutrina que diz respeito ao fim do mundo presente e ao mundo vindõu- ro. Desde que Cristo irrompeu e com Ele o Reino de Deus, o domínio da escatologia já está presente misteriosa- mente entre nós, com o seu peso de promessas e, simulta- neamente, seu atual julgamento.(1) 2. Definição do argumento Existem em o Novo Testamento alguns termos técni- cos que designam o domínio presente, atual e futuro, ao mesmo tempo, da escatologia na vida da Igreja e na vida do mundo. Estes termos, segundo se diz, focalizam com exclusivi- dade este tempo futuro. Vejamos: a. “ E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne...” (J1 2.28 e ss; At 2.17 e ss). b. “ Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos dias apostatarão alguns da fé...” (1 Tm 4.1a). c. “ Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos” (2 Tm 3.1). d. “ Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou- nos nestes últimos dias pelo Filho” (Hb 1.1). e. “ Sabendo primeiro isto: que nos últimos dias virão escarnecedores...” (2 Pd 3.3a), etc. Portanto, a expressão “ os últimos dias” e seu equiva- lente apontam para: a descida do Espírito Santo em sua plenitude (J1 2.28; At 2.17 e ss); para a época do Evangelho de Cristo (Hb 1.1) e, concomitantemente, para osúltimos dias maus (1 Tm 4.1; 2 Tm 3.1; 2 Pd 3.3). 3. A vinda de Jesus A vinda do Senhor Jesus tem uma tríplice relação: à Igreja (para o arrebatamento), a Israel (para seu preparo em receber o Messias sete anos depois) e, às Nações (para o Milênio). A tríplice divisão natural é depreendida de 1 Tessalonicenses 4.16 que expressa o significado do argu- mento quando diz: “ ...o alarido” (à Igreja); “ ...a voz do arcanjo” (a Israel); “ ...a trombeta de Deus” (às Nações). a. Em relação à Igreja. Para com a Igreja, a descida do Senhor aos ares para ressuscitar os que dormem e transfor- mar os crentes vivos é apresentada como constante expec- tação e esperança (1 Co 15.51,52; F1 3.20; 1 Ts 4.14-17; 1 Tm 6.14; Tt 2,13; Ap 22.20). b. Para Israel. Para o povo escolhido, a vinda do Se- nhor é predicada para cumprir as profecias que dizem res- peito ao seu ressurgimento nacional, a sua conversão, e es- tabelecimento em paz e(־) poder sob o Pacto Davídico (Am 9.11,12; At 15.14-17). c. Para as Nações. No caso das Nações, a Volta do Se- nhor é predicada para consumar a destruição do presente sistema político universal (Dn 2.44,45; Ap 19.11 e ss). Sen- do, porém, que os dois últimos acontecimentos relaciona- 12 dos com Israel e as Nações só terão lugar sete anos depois do arrebatamento da Igreja por Jesus Cristo. 4. O desenvolvimento do argumento A volta do Senhor, no que diz respeito à sua primeira vinda (ou fase), se destinará apenas à sua Igreja, e é cha- mada de “ encontro” em 1 Tessalonicenses 4.17. A palavra “ arrebatamento” não se encontra, graficamente falando, nas passagens que descrevem o momento do arrebatamen- to da Igreja, mas a idéia do termo está na frase inserida. Isto é, no contexto que diz: “ ...seremos arrebatados” (1 Ts 4.17). A presente expressão obedece à seguinte sentença: “ tirar” , “ arrancar” , “ levar” , “ afastar” , “ tirar por força ou por violência” , “ impelir” , “ suprimir” , “ elidir” , etc.( ) To- das estas expressões designam, fundamentalmente, 0 traslado de uma coisa de um lado para outro ou de uma di- mensão inferior para uma outra superior. Encontramos em o Novo Testamento cinco termos técnicos na língua grega que descrevem a manifestação de Cristo em suas duas fases futuras: Arrebatamento e Parou- sia e cada uma delas exemplificadas com passagens bíbli- cas: a. Optomai (aparecer). “ Assim também Cristo, ofere- cendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, apare- cerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para sal- vação” (Hb 9.28). b. Ercomai (vir). “ E, se eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejai vós também” (Jo 14.3). c. Epphanos (aparição). “ Que guardes este manda- mento sem mácula e repreensão, até a aparição de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Tm 6.14). d. Apokalypsis (revelação, desvendamento). “ De ma- neira que nenhum dom vos falta, esperando a manifesta- ção de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Co 1.7). e. Parousia (presença ou vinda). “ E então será revela- do o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda” (2 Ts 2.8). 13 Aqui estudamos a ocasião da parousia de Cristo.(4) Será no fim da Grande Tribulação, e, efetivamente, termi- nará esse período de aflição. O aparecimento do Rei será acompanhado de certos sinais que não deixarão ninguém em dúvida sobre o que vai acontecer (Mt 24.29). Isto significa que a volta do Se- nhor, portanto, terá efeitos opostos e resultados positivos (para os santos) e negativos (para os incrédulos). Os efeitos serão sentidos sobre: amigos (Mt 24.31) e inimigos (Mt 24.30); tristeza e alegria, gemidos e adoração, medo e deli- cias. Ele não virá como veio da primeira vez, em fraqueza (a fraqueza de Deus) e humildade, mas na glória e poder (Ap 1.7; 19.11-21). 5 .0 encontro “ Em 1 Tessalonicenses 4.17, a palavra “ arrebatamen- to” tem o mesmo sentido no grego que “ nosso encontro” , em Atos 28.15 onde lemos: “ ...ouvindo os irmãos novas de nós, nos saíram ao encontro à praça de Ápio e às três Ven- das. E Paulo vendo-os deu graças a Deus, e tomou âni- Λ י י mo . A palavra “ encontro” , neste sentido, significa portan- to literalmente “ sair” a fim de voltar com “ alguém” . So- mente duas passagens focalizam essas palavras com tal sentido, a saber: no trecho de Gênesis 24.63-67 e Mateus 25.1,6. Na passagem de Gênesis descreve-se o encontro de Rebeca com Isaque e na passagem de Mateus ilustra o en- contro da Igreja com Cristo. a. Para Israel. A volta do Senhor no que diz respeito à sua segunda fase (Parousia) se destinará especificamente a Israel, mas as Nações, de um certo modo, estão envolvi- das no acontecimento. Prenunciando a volta do Senhor nos ares, Israel é re- presentado na figueira que brota. “ Aprendei pois esta pa- rábola da figueira: Quando já os seus ramos se tornam ten- ros e brotam folhas, sabeis que está próximo o verão” (Mt 24.32). As parábolas foram métodos de ensino muito usa- dos por Jesus. As parábolas são estórias que transmitem 14 instrução, comunicando geralmente um ponto importan- te.( ) O ponto enfatizado na parábola da figueira contada por Jesus tem como objetivo ensinar-nos a identificar um "período de tempo geral” . Quando as folhas da figueira começam a brotar, sabe- mos que o verão se aproxima. Ainda hoje em Israel a natu- reza da figueira continua a mesma. Tão-somente quando as árvores ali brotam, anunciam a vinda da primavera, as- sim estes sinais (disse Jesus) anunciarão a Volta do Rei em glória. b. A figueira nesta passagem e em outras do mesmo gênero é Israel (Lc 13.6-9). “ A nação judaica é comparada a três árvores nas Escrituras Sagradas: À vinha (Is 5.1-7), este foi o conceito de Isaías e de ou- tros profetas do Antigo Testamento. A oliveira (Rm 11.17 e ss), este foi o conceito de Paulo por amor de seu argumento. E à figueira (Mc 13.28), este foi o conceito de Jesus em relação a Israel. Antigamente a nação era como uma “ vi- nha frutífera” , depois uma “ figueira estéril” , e mais tarde na Vinda do grande Rei uma “ oliveira florescente” . O Senhor Jesus já no entardecer de seu ministério ter- reno exorta-nos a observar os acontecimentos por virem na vida de Israel e depois acrescenta: “ Olhai para a figuei- ra, e para todas as árvores” (Lc 21.29).(6) Ora, a partir do ano 70 d.C., a figueira secou-se de acordo com as palavras proféticas de Jesus (Lc 13.8,9), e durante quase dois mil anos que se seguiram, a nação israelita se transformou pro- feticamente falando num “ montão de ossos secos” (cf. Ez 37.1,2,11). Esses “ ossos” como diz o profeta do Senhor, se- riam espalhados na face de um grande vale (o mundo), e ali seriam absorvidos pelas sepulturas (as nações). (Cf 37.12). Mas apesar de tudo, a promessa de Deus é de restau- ração e. em 14 de maio de 1948, a figueira começa então a “ brotar” , e as sepulturas (as nações) devolvem a Israel não só seus filhos, mas também sua Terra e, de lá para cá, o grande progresso na vida deste povo são os brotos, preditos por nosso Senhor quando falou sobre o futuro (Mt 24.33). 15 (c) Mas segundo os ensinos de Jesus, não só a figueira (Israel) seria alvo das profecias, mas todas as árvores ha- viam também de “ brotar” Lc 21.29). As Escrituras são proféticas e se combinam entre si em cada detalhe! Todas as nações que margeiam Israel vêm, de uma maneira ou de outra, sentindo um certo progresso. Isto prenuncia a Vinda do Senhor, que continua dizendo: “ Não passará esta gera- ção...” 6. A posição de Cristo No plano mais amplo de Seu ministério mediatorial, Cristo está agora assentado no Céu “ aguardando” . O grego êkõêxouai transmite o significado de alguém esperando o recebimento de alguma coisa vinda de outro. Isto mostra Cristo agora na atitude de alguém que está esperando; en- contra-se revelado em Hb 10.12,13. Ele está entronizado e pacientemente aguarda: o tempo certo e aordem do Pai. Mas enquanto isso não acontece, Ele está exercendo sua tríplice função: Primeiro, como concessor de dons (Ef 4.7-16), e o dire- tor do seu exercício (1 Co 12.4-11), e conforme tipificado pelos sacerdotes do Antigo Testamento que consagravam os filhos de Levi (Êx 29.1-9), Cristo está incessantemente ativo no Céu. Em relação a isto, todo o campo de serviço fica adequadamente apresentado e a que deve ser notada está entre a atividade universal tríplice do crente como sa- cerdote e o seu exercício diário. Segundo, como intercessor, Cristo continua o seu mi- nistério no Céu, o qual começou aqui na terra (Jo 17.1-26; Rm 8.34). Este empreendimento estende-se ao seu cuidado pastoral daqueles que Ele salvou. Ele vive para sempre para fazer intercessão por eles, e por causa disto Ele pode salvá-los quando se aproximam de Deus através dele (Hb 7.25). Ele não ora pelo mundo, ora, porém, por aqueles que o Pai lhe deu (Jo 17.9). A intercessão de Cristo relaciona-se com a fraqueza, imaturidade e limitações daqueles por quem Ele ora. Sua intercessão garante nossa segurança para sempre (Lc 22.31,32). Terceiro, como advogado, e como aquele que nos re- presenta agora no Céu (Hb 9.24), Cristo lida com o pecado 16 atual do cristão. Ele é a propiciação pelos nossos pecados (1 Jo 2.2). Quando acontece um pecado na sua vida, o cris- tão tem um advogado junto ao Pai. Um advogado é aquele que defende a causa de outra pessoa nos tribunais, e há motivos abundantes para Cristo advogar em benefício daqueles que tão constantemente ne- cessitam de sua ajuda.(7) 7. O retorno de Cristo exemplificado Encontramos no Antigo Testamento, especialmente no livro de Levítico 23, o ritual de cada festa estabelecida por Deus e observada pelo povo de Israel na Terra Santa. Cada festa destas, de acordo com sua significação especial, aponta para um tempo futuro.(8) a. A Páscoa (Lv 23.4). A primeira delas era a Páscoa do Senhor. Era celebrada “ no mês primeiro, aos 14 dias do mês, pela tarde, é a páscoa do Senhor” . Esta festa é come- morável, e recorda a Redenção, feita por um grande Re- dentor. Em figura ela significa “ ...Cristo, nossa páscoa..., sacrificado por nós” (1 Co 5.7). b. Os Asmos do Senhor (Lv 23.6). Esta era a segunda festa deste calendário. Esta simboliza comunhão com Cristo, e pão sem fermento, na plena bem-aventurança de sua redenção, e ensina um andar santo. A ordem divina aqui é linda: primeiro, redenção, depois um viver santo (1 Co 5.6-8 etc). c. As Primícias (Lv 23.10). A festa das primícias era uma figura da ressurreição, primeiro. Cristo, depois os que são de Cristo na sua vinda (1 Co 15.23; 1 Ts 4.14-16 etc). d. O Pentecoste (Lv 23.15-22). Esta festa, que é a quarta do calendário, era chamada de “ pentecoste” . Se- gundo a interpretação dada pelo doutor C.I. Scofield, ela simbolizava a descida do Espírito para a Igreja, conforme aconteceu no Cenáculo em que os discípulos oravam no dia de Pentecoste (At 2.1 e ss). “ Desde seu início até o fim, esta festa é o antítipo da descida do Espírito Santo para formar a Igreja do Senhor. Por isso o fermento está presen- te (Lv 23.17), porque infelizmente, mesmo em contrário à vontade divina, o mal existe na Igreja (Mt 13.33; At 5.1 e ss; Ap 2.1 e ss). 17 Notemos que agora fala-se de pães, e não de um “ mo- lho” (feixe) de espigas soltas. Importa numa verdadeira união de partículas, formando um “ corpo homogêneo” . A descida do Espírito Santo no Pentecoste uniu os discípulos em um só organismo (1 Co 10.16,17; 12.13,20). Os pães movidos eram oferecidos “ cinqüenta dias de- pois que se tinha oferecido o molho da oferta movida” (Lv 23.15). Isto é precisamente o período entre a ressurreição de Cristo e a formação da Igreja no Pentecoste, pelo batis- mo no Espírito Santo (At 2.1-4), com o “ molho” não havia fermento, porque em Cristo não existe mal. e. A das Trombetas (Lv 23.23-25). A quinta festa era chamada a “ ...das trombetas” . Chegamos aqui, ao tempo do fim, porque esta festa tem um valor completamente profético e se refere à futura restauração no sentido total da nação israelita Note que existe um longo período entre o Pentecoste e a festa das Trombetas. correspondendo ao período entre o Pentecoste e a introdução do Milênio. Este período, segundo se depreende, corresponde ao longo período do trabalho pentecostal do Espírito Santo sobre a Igreja aqui na terra, na atual dispensação (cf. Is 18.3; 27.13; 58.1 e ss; J1 2.1 e ss; 3.21 etc). Devemos observar que, em relação à festa das Trom- betas, algo especial a acompanha, que é um testemunho referente ao ajuntamento e arrependimento de Israel de- pois de terminar o período pentecostal, que é o da Igreja. Esta festa é seguida imediatamente pelo dia da Expiação. Simbolicamente falando, a festa das Trombetas fala do ajuntamento de Israel; profeticamente, porém, fala do ar- rebatamento da Igreja (“ ···A Grande Colheita” ), e logo a seguir, vem a penúltima festa. f. A festa da Expiação (Lv 23.26-32). Segundo os rabi- nos, o dia da Expiação é o mesmo descrito em Levítico 16.29-34, mas aqui a ênfase está sobre a tristeza e arrepen- dimento de Israel. Em outras palavras, seu valor profético é saliente, e isto antecipa o arrependimento de Israel, de- pois do seu julgamento, quando de Sião vier o Libertador, e expiar a iniqüidade de seu povo (Is 9.14; Rm 11.26). g. A festa dos Tabernáculos (Lv 23.34 e ss). A festa dos Tabernáculos simboliza o estabelecimento do reino mile- 18 nial de Cristo com poder e grande glória. “ A festa era tanto memorial como profética, memorial porque lembrava o tempo de peregrinação no Egito (Lv 23.43); e profética pelo descanso milenar de Israel depois da restauração, quando a festa dos Tabernáculos virá a ser outra vez um memorial; e, desta vez, não será só para Israel mas para to- das as nações durante o Reino Milenar de Cristo (Ez cap. 40 a 48; Zc 14.16-21). Esta festa era memorial para Israel como a Santa Ceia do Senhor é para sua Igreja: “ Fazei isto em memória de mim” .(9) 8 . Para os primeiros cristãos Para os cristãos da Igreja Primitiva a maior e mais sublime expectação era o retorno de Cristo para seus San- tos. Eles não se conformavam ausentes da “ presença do Senhor” e ardentemente almejavam por ela. Paulo, por exemplo, conserva em si uma expectação imediata da pre- sença de Cristo em sua vida. Ouça o que Paulo diz: “ Mas, se o viver na carne (no corpo) me der fruto da minha óbra, não sei então o que deva escolher. - Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor” (F1 1.22,23). Nesta sua expectativa, Paulo deseja estar com Cristo de qualquer maneira: tanto “ partir” como esperar na “car- ne” o retorno de Cristo. Esse deve ser, portanto, o sentido de “ viver na carne” para Paulo (F11.22). E, evidentemen- te, ele é inspirado a fazer esta oração aramaiquizada, que é: “ MARANATA!” (1 Co 16.22). Tal locução proverbial, como produto da cristologia do Filho de Deus na comuni- dade primitiva, encontra seu correspondente em Apocalip- se 22.20: “Amém. VemT Senhor Jesus!” No mais, a expec- tativa imediata do retorno de Cristo para os seus santos es- tá ancorada numa palavra falada por Jesus e escrita por Paulo, em 1 Tessalonicenses 4.15: “Dizemo-vos, pois, isto, pela palavra do Senhor: que nós (ele atualiza), os que fi- carmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem". E na seção seguinte ele exclama: “ Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus...” 19 Na passagem de Romanos 16.20, encontramos a ar- dente expectação de Paulo pelo retorno de Cristo, quando diz: “E o Deus de paz esmagará em breve Satanás debaixo dos vossos pés...” Esta ansiedade de Paulo e dos demais cristãos no primeiro século vem à tona em vários elemen- tos doutrinários, tais como: a. Em 1 Coríntios 7.29, lemos: “ Isto, porém, vos digo,irmãos, que o tempo se abrevia-, o que resta é que também os que têm mulheres sejam como se as não tivessem” . b. Em 1 Coríntios 10.11, Paulo diz: “ Ora tudo isto lhes sobreveio como figuras, e estas estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos” . Em outras formulações referentes à expectativa imediata dos escritores do Novo Testamento quanto ao retorno de Cris- to, são os verbos e advérbios que deixam bem claro a ur- gência para tal acontecimento! Veja: 1) “ E isto digo, conhecendo o tempo, que é já hora de despertarmos do sono; porque a nossa salvação (plena re- denção do corpo) está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé” (Rm 13.11). 2) “ Seja a vossa eqüidade notória a todos os homens. Perto está o Senhor!” (F1 4.5). 3) “ Sede vós também pacientes, fortalecei os vossos corações; porque já a vinda do Senhor está próxima” (Tg 5.8). 4) “ O Senhor não retarda a sua promessa (da sua vin- da), ainda que alguns a têm por tardia...” (2 Pd 3.9a, etc). 9. O conceito errôneo Para muitos a segunda vinda de Cristo a este mundo é apenas um processo de acontecimentos. Para outros, po- rém, isso significa um estado de morte. Mas, segundo se depreende, não é uma coisa nem outra. Razão porque a morte é a penalidade imposta pelo pecado, mas o retorno de Cristo livra do pecado e da penalidade (Rm 6.23). “ Os pensamentos e as experiências relativas à morte são dolo- rosos; os pensamentos relativos à vinda de Cristo nos são muito caros (Jo 11.31; Tt 2.13). No primeiro caso, olhamos para baixo e choramos; no segundo, para cima e nos regozijamos (Jo 11.35; F1 2.16). 20 No primeiro caso (a morte), o corpo é semeado em cor- rupção e desonra; no segundo caso será ressuscitado em in- corrupção e glória (1 Co 15.42,43; 1 Ts 4.16,17). No primeiro caso, somos despidos; no outro, revestidos (2 Co 5.4). No primeiro caso, há triste separação entre amigos; no outro, alegre reunião (Ez 24.16; 1 Ts 4.16 e ss). Na morte entra- mos no descanso, mas na vinda de Cristo seremos coroados (1 Ts 4.13; Ap 14.13). A morte vem como nosso grande inimigo; Cristo, como nosso grande amigo (Pv 14.27; 1 Co 15.26). A morte é 0 rei dos terrores (Jó 18.14); Cristo é o Rei da glória (SI 24.7). Satanás tem o poder da morte; Cristo é o príncipe da vida (At 3.15; Hb 2.14). Por ocasião da morte partimos para es- tar com Cristo; por ocasião da sua vinda Ele virá até nós (Jo 14.3; F11.23). Jesus faz distinção entre a sua vinda e a morte do crente. Cristo e os apóstolos nunca ordenaram aos santos que aguardassem a morte, mas, repetidamente, exortaram-nos a esperar a vinda do Senhor (1 Co 15.51,52). a. A “ Nova Teologia” ensina que Jesus Cristo nunca voltará a este mundo em forma literal para os seus santos: que Cristo está retornando tão rapidamente quanto lhe é possível entrar neste mundo; que Ele veio no Pentecoste, na presença do Espírito Santo; que Ele veio por ocasião da destruição de Jerusalém, no julgamento contra aquela ci- dade, e que Ele vem por ocasião da morte das pessoas, como já falamos acima. Com efeito, a vinda de Cristo não deve ser identifica- da com a destruição de Jerusalém, em 70 d.C., conforme a interpretação de alguns. O julgamento de Deus contra Je- rusalém não é o acontecimento referido na maioria das passagens em que a segunda vinda de Cristo é menciona- da. Isto. por vários motivos: Primeiro, por ocasião da destruição de Jerusalém, aqueles que dormiam em Jesus não foram ressuscitados. Segundo, os crentes vivos não foram arrebatados ao encontro do Senhor nos ares, nem seus corpos foram trans- formados. Terceiro, anos depois dessa ocorrência, encontramos João ainda aguardando a vinda do Senhor (Ap 22.20). 21 Quarto, segundo os ensinamentos dos profetas, dos apóstolos e do próprio Senhor, um reino de jus tiça e paz deve seguir-se im ed ia tam en te à volta de Cristo. Isso. toda- via. não ocorreu, nem por ocasião nem depois da destrui- ção de Jerusalém . Portanto , ela a inda está por vir! b. Outro ponto de vista da “ Nova Teologia” é que Cristo veio na pessoa do Espírito Santo. Em sentido muito real e im portan te , de fato, a vinda do Espírito Santo foi um a vinda de Cristo para os seus (Jo 14.15-18,21-23). Essa, porém, não foi a vinda de Cristo referida nas passagens que afirm am que Ele voltará. Evidentem ente , sua vinda é claram ente estabelecida e d is t in ta pelo testem unho conjunto dos profetas, de João Batista , dos anjos, dos apóstolos, e do próprio Cristo! Dele. disseram os anjos: "Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu. há de vir assim como para 0 céu o vistes ir” (At 1.11b). 10. O tempo de Deus As Escrituras deixam bem claro que, do ponto de vista divino. Deus jam ais se a trasa . Se parece haver demora no retorno de Cristo, é porque devem existir boas e convenien- tes razões para isso. É verdade que são já decorridos mais de 1900 anos da época em que a promessa do a rrebatam en- to foi feita pela própria boca do Senhor (Jo 14.3). E n tre tan to , os membros da Igreja P rim itiva em Tes- salônica creram que Cristo viria enquanto estivessem vivos e foram consolados pela expectativa de se reunirem aos seus entes queridos já falecidos. Isso porém, não contradiz, nem enfraquece a promessa de Cristo para seus santos, pois, todos aqueles santos sabiam que Cristo, como Deus, tem a eternidade na sua mão e pode ligar o hoje do tempo, como se fosse o am an h ã da e ternidade (2 Pd 3.8,9). O m undo tem passado de um a crise a outra, mesmo quando parecia oportuno para 0 regresso de Cristo. M as o significativo acontecimento não ocorreu. a .A razão divina. Por que Cristo ainda não cum priu sua promessa de vir e receber seu povo para levá-lo consi- go? Do ponto de vista da profecia bíblica, ta l dem ora não é inesperada. Há, portanto , razão para tal. Q uando Cristo 22 veio pela primeira vez, era um episódio que havia sido pre- visto há milhares de anos. Séculos de história haviam pre- parado o cenário para a primeira vinda de Cristo à Terra. A língua grega se desenvolvera e era de uso comum em todo o mundo ocidental. Isso preparou o caminho para que o Novo Testamento fosse escrito em um idioma preciso e amplamente utilizado. Paulo afirma que, quando tudo, porém, estava pronto: “ ...Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei” (G1 4.4b). O Império Romano conseguira estabelecer relativa paz no Oriente Médio. A vida e culto judaicos na Palestina estavam prontos para a vinda do Messias. Apareceu João Batista para anunciar a vinda do Rei e conclamar a nação ao arrependimento (Mt 3). A Paz Romana havia franquea- do o comércio internacional e as comunicações, possibili- tando que os cristãos do Século I propagassem a mensa- gem do Evangelho pelo Império Romano inteiro e final- mente por todo o mundo. As profecias sobre a primeira vinda de Cristo foram cumpridas num dia cuidadosamen- te preparado por um Deus soberano. Ele estava “ velando” sobre este tempo (Jr 1.12). Assim também, as profecias concernentes ao retorno de Cristo para buscar os crentes e a sua segunda vinda (Parousia) à terra serão cumpridas dessa forma, num perfeito sincronismo de Deus. b. A demora. Do ponto de vista humano pode parecer que Cristo esteja retardando sua vinda. Mas em épocas passadas, o cumprimento das profecias bíblicas foi sempre precedido por séculos de história que transformaram os acontecimentos com suprema precisão, a fim de permitir que os fatos preditos ocorressem conforme a promessa, per- feitos até os últimos detalhes. Todavia, há também uma razão pessoal e afetuosa para justificar por que Cristo ain- da não voltou. Veja o que escreve o apóstolo Pedro em sua segunda Carta (3.8,9): “ Mas, amados, não ignoreis uma coisa: que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia. O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que al- guns a têm por tardia; mas é longânimo para convosco,23 não querendo que alguns se percam, senão que todos ve- nham a arrepender-se.” Eis aí, portanto, a demora do retorno de Cristo para encontrar-se com os seus santos provém de um coração amoroso. Um Deus compassivo ainda está esperando que muitos ouçam o Evangelho e atendam à mensagem cren- do! 11. Sua Parousia também será necessária Não só a vinda de Cristo (para seus santos) será neces- sária, mas também seu retorno com poder e grande glória (sete anos depois), também já era esperado pelos primiti- vos cristãos. Pois, segundo o conceito dos profetas e dos apóstolos, isso significaria a implantação de seu governo na terra por mil anos, conforme era esperado. “ Porque con- vém que reine até que haja posto a todos os inimigos debai- xo de seus pés” (1 Co 15.25). E não somente isto, mas também pelo fato de que a segunda vinda de Cristo traria aos judeus a solução de to- dos os seus problemas e o estabelecimento de seu futuro governo sob o Pacto Davídico. Seu aparecimento trará fim também à grande guerra do Armagedom e à onda de des- truição que estará a ponto de aniquilar a terra. Seu retorno em glória será necessário para o encerra- mento dos “ tempos dos gentios” (Lc 21.24). Esta expres- são, “ tempos dos gentios” ou seu equivalente, tem na Bíblia duas aplicações: a. Na primeira, refere-se “ à oportunidade” que Deus concedeu a eles para salvação. Paulo comenta isso em Ro- manos 11 e Efésios 2. Paulo fala deles no seguinte tema: “ ...naquele tempo estáveis sem Cristo” (Ef 2.12). Refere-se ao tempo passado, antes de Cristo ter vindo ao mundo. Conforme este conceito, os gentios estavam sem a “ promessa messiânica” , isto é, sem as vantagens do Pacto com Israel, o que é mencionado e comentado em Romanos 9.4,5. “ Chamados incircuncisão” (Ef 2.11); sim, os judeus chamavam os gentios de “ incircuncisão” , por desprezo. Em sentido geral, os gentios estavam sem a redenção que nos vem por intermédio de Cristo inteiramente à parte de 24 qualquer idéia de redenção mediada pelas promessas ju- daicas “ ...Mas agora” (Ef 2.13a). Diz Paulo: “ ...em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cris- to chegastes perto” . Portanto, “ os tempos dos gentios” nesta primeira se- ção, referem-se a “ um tempo para salvação” (Jo 1.12). b. Na segunda, o termo refere-se “ ao domínio gentíli- co” que, como sabemos, começou com Nabucodonosor e se estenderá até o Armagedom (Dn 2.44,45; Ap 19.19-21). Durante este período as nações gentílicas têm ditado o des- tino de Jerusalém e oprimido o povo de Israel. Nosso Se- nhor predisse isso, em Lucas 21.24: “ ...E Jerusalém será pisada pelos gentios, até (esse “ até” vai até o Armagedom) que os tempos dos gentios se completem” . Temos aqui uma elaboração editorial, preparada por Lucas, conforme Cristo predisse sobre os eventos que sobreviriam à cidade de Jerusalém e ao povo judeu, quan- do de sua destruição. A passagem, de maneira geral, refle- te tanto um conhecimento histórico como profético da- queles acontecimentos; e isto mostra que do ano 70 d.C., até a presente era, de fato, Jerusalém tem sido pisada por esta gente. “ Tempos dos gentios” , como já tivemos ocasião de ver, é primeiramente usado para indicar o tempo durante o qual os gentios terão a oportunidade de se arrependerem e de acharem a salvação. “ ...Deus visitou os gentios, para to- mar deles um povo para o seu nome” (At 15.14b). Este tempo começou com a morte e ressurreição de nosso Se- nhor Jesus Cristo e terminará em plenitude com o arreba- tamento da Igreja. Porém, como já falamos, no sentido de domínio, refe- re-se ao tempo que Deus estabeleceu para castigar Israel como nação, o que terá características daqueles tempos (Dn 8.13,14; .12.7,11.12 etc). Nas palavras de Jesus em Lucas 23.28,29, podemos deduzir o que isto significa. Isto é, o que queria dizer “ Je- rusalém” ser pisada pelos gentios. Ouça: “ Porém Jesus, voltando-se para elas, disse: Filhas de Jerusalém, não cho- reis por mim, chorai antes por vós mesmas, e por vossos fi 25 lhos. Porque eis que hão de vir dias em que dirão: Bem- aventuradas as estéreis, e os ventres que não geraram, e os peitos que não amamentaram!” Esta passagem trata-se de uma declaração profética a respeito da destruição da cida- de de Jerusalém, pelo poderio gentílico, o que teve cumpri- mento no ano 70 d.C. A descrição foi tão horrorosa porque a maternidade, naqueles dias, tomou-se uma verdadeira maldição, e não uma bênção, segundo usualmente considerada. As mães foram forçadas a ver os seus filhos inocentes serem brutalmente assassinados, ou mortos por inanição. (Ver notas expositivas sobre isso, “ A fuga predita” .) Le- mos nos escritos de Josefo que certas mulheres, por causa da fome causada pela muralha com que Flávio Tito Vespa- siano cercou a cidade, chegaram a comer os seus próprios filhos, e até mesmo soldados tão endurecidos como os mili- tares romanos sentiam asco de ver a cena de corpos infan- tis meio comidos ou meio cozinhados. Acrescenta-se a isso o fato de que a mãe com seus filhos seria impedida de fugir da cidade. Portanto, isso significa, domínio cruel dos gen- tios, até que seu tempo termine. O que só acontecerá com o retorno de Cristo. As profecias, tanto do Antigo como do Novo Testamento, indicam que no retorno de Cristo à Ter- ra com poder e grande glória, Jesus será visto fisicamente na Palestina (Ap 1.7). O mesmo Jesus Cristo que nasceu de uma virgem, que morreu na cruz, que ressuscitou e subiu ao Céu, brevemen- te voltará: primeiro para os seus santos (o arrebatamento) e segundo, com os seus santos (sua Parousia). Ele voltará em pessoa à esfera terrestre para exercer seu governo sobre o mundo. Está perfeitamente claro que este regresso de nosso Senhor será literal e não somente sua oresença espi- ritual como tem sido afirmado por alguns estudiosos da Bíblia. 12. Seu retorno em glória Esta descrição aqui do arrebatamento e Parousia de Cristo faz-se necessária para que o estudioso das profe- cias tenha maior clareza na cronologia profética. Os acontecimentos que se seguirão em sua vinda pes- soai a este mundo são mais ou menos estes: 26 a . 0 regresso de Cristo será um regresso visível e glorio- so. De acordo com as Escrituras, todos verão Jesus (Mt 24.30; 26.64; Ap 1.7). Seu primeiro toque a este m undo se- rá no m onte das Oliveiras como está descrito pelo profeta Zacarias 14.4: “ E naquele dia estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém , para 0 o riente .. .” Durante esse período, a m archa do cortejo e a rotação contínua da terra permitirão que o m undo inteiro presencie 0 acontecimento. O destino final do cortejo será o centro do Oriente Médio, ao encam inhar-se para 0 ani- quilam ento dos exércitos reunidos para a b a ta lha do Ar- magedom e para a chegada definitiva de Cristo ao Monte Sião (SI 2). b. Segundo as Escrituras. Cristo será acom panhado, em sua segunda vinda, por um imenso corpo de hostes ce- lestiais, descrito como os exércitos do céu (Jd v 14; Ap 19.14). Os crentes que foram arrebatados antes da Tribula- ção, bem como aqueles que estiverem no Céu com o Senhor conforme a promessa dele em João 14.1-4, retornarão à Terra como parte desse vasto acom panham ento . Tam bém os anjos se jun tarão a Cristo nesse grande cortejo do Céu à Terra (Mt 25.31, etc). c. Ü Salmo 2 descreve o retorno de Cristo do Céu à Terra e seguindo em direção do monte Sião. “ S ião” é men- cionada por 110 vezes na Bíblia. 90 delas são em termos do grande amor e afeição do Senhor por ela, de modo que o lu- gar tem grande significação. Para m ostrar a majestosa so- berania de Deus na história da hum anidade , o Salmo 2, já citado nesta seção, fornece um a descrição da situação m undial na época da segunda vinda de Cristo: “ Porque se am otinam as gentes, e os povos im aginam coisas vãs? Os reis da terra se levantam , e os príncipesjuntos se manco- m unam contra 0 Senhor (Deus) e contra 0 seu Ungido (Cristo)...” , (vv 1.2). Mas, esta rebelião das nações provo- cará no Senhor um riso de desprezo. “Aquele que hab ita nos céus se rirá; o Senhor zombará deles” (v 4). Portanto, Deus prom eteu enviar seu Filho no tempo determ inado para destruir as forças do mal e depois reinar sobre a terra. Seu governo, como teremos ocasião de ver no 27 capítulo que trata do Milênio, será um governo absoluto de paz e justiça jamais visto neste mundo! (') J . J . V. Allmen. Voc. Bibl. 1972 Scofield, Dr. C. I. (Scofield Reference Bible) (־) ( י ) Peq. Die. da Ling. Port. p. 113, 11♦ Ed. 1979 (') A. E. B. Ant. da Ült. Bat. Armag. 1981 ( ) Cont. Regres. P / O Juízo Fin. 1981 (s) Scofield, Dr. C. I. (Scofield Reference Bible) (:) Teol. Sist. L. S. C. Vol. I. 1986 (8) Scofield, Dr. C. I. (Scofield Reference Bible) { ) Op. Cit. C. I. Scofield 28 Que Geração é Esta? I. Não passará esta geração “E m verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas acon teçam ” . Sendo a duração da vida hum ana , “geração” serve p ara expressar o tem po como segue: os tem pos passados (At 14.16; 15.21); o tem po do castigo de Deus, que atinge a té a q u a rta geração (Êx 20.5; D t 5.9); o tem po da sua mi- sericórdia, in fin itam ente m aior que sua cólera (Êx 20.6; D t 5.10; 1 Cr 16.15; SI 105.8). “De geração em geração” , que tam bém se traduz conforme 0 sentido do pensam ento; “ de idade em id ad e” - significa para sempre, em perpetui- dade, e se relaciona com a fidelidade de Deus a seu reino, a seu am or e ss (Êx 3.15; SI 33.11; 90.1; Is 60.15; Dn 4.3; Lc 1.50). a. Por outro lado, “ geração” significa os homens de u m a época (Êx 1.6; N m 32.13; Ec 1.4); os homens do pas- sado (Jó 8.8); os homens do futuro (Dt 29.22; Jó 18.20; SI 22.21; 48.14; 78.4,6; Lc 1.48); os contemporâneos (Is 53.8; Lc 16.8). Neste sentido “geração” é o objeto dos ju lgam entos severos que os profetas trazem sobre seus contemporâneos 29 2 e sobre todo 0 povo de Israel: “ ...geração perversa” (Dt 32.5); “ ...geração pecadora” (Is 1.4); “ ...semente adulteri- n a ” (Is 57.3); “ ...semente da fa ls idade” (Is 57.4. etc). O Senhor Jesus re tom a estes ju lgam entos proféticos e os apli- ca a seus contemporâneos em vários de seus elementos doutrinários: “ ...geração m á e ad ú lte ra” (M t 12.39); “ ...geração adú lte ra e pecadora” (Mc 8.38); “ ...geração incrédu la!” (Mc 9.19); “ ...geração incrédula e perversa” (Mt 17.17). etc. b. “ ...esta geração” . A palavra “ geração” na presente passagem tem um sentido escatológico. É a palavra grega “genea” , e segundo o doutor C. I. Scofield ela traz em si a idéia de “ raça, família, espécie, e tc ” .(10) É certo que a pa- lavra se em pregada apenas como um a geração familiar (um filho sucedendo a um pai), não se coaduna com a tese principal, porque nenhum a destas “ coisas” , a saber: a pregação do Evangelho do Reino em todo o m undo; a volta de Jesus em glória; o a jun tam en to dos escolhidos pelos an- jos, não aconteceu antes da destruição de Jerusalém , que todos sabem , deu-se no ano 70 d.C. A promessa é, portan- to, que a Geração - a Nação de Israel ou família israelita - será conservada até o fim como nação: ninguém a destrui- 2. Jesus como uma “ geração” N a passagem de Apocalipse 22.16, Jesus se identifica como sendo “ ...a geração de D avi” . Esse fato, portanto, nos leva a en tender porque M ateus inicia seu Evangelho dizendo: “ Livro da geração de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de A braão” (M t 1.1). As duas genealogias (M ateus e Lucas) que diferem en- tre si em alguns detalhes, podem ser um a só (pelo menos é de um a só pessoa): e não se originam de duas linhagens; um a sendo de José e a outra de M ar ia .(11) Essa idéia foi universalm ente aceita na Igreja Prim itiva e continuou até 0 século XV, quando Annius de Viterbo, que morreu em 1502 (d.C.), achou um a diferença. 30 Segundo ele entre a linhagem de José (em M ateus) e a linhagem de M aria (em Lucas) havia "pontos difíceis” de serem conciliados entre si por várias razões: Primeiro: M ateus, apresenta ·Jacó como “ p a i” de José (1.16), e segue em direção a Jesus. Segundo: Lucas, apresenta Heli como “p a i” de José (3.23), e segue em direção a Adão. Para o doutor R.N. Cham plin, Ph. D., diversas interpretações procuram expli- car a diferença: a. Pa ra os que pensam que a genealogia de Lucas dá a linhagem de M aria, e a de M ateus dá a de José. Jacó seria o pai de José, e Heli seria o sogro (compare-se 1 Sm 24.11,16). O uso da palavra “p a i” no hebraico e no grego, perm itia que a palavra “p a i” fosse usada livremente no lu- gar de sogro, apesar de sogro não ser 0 parentesco verdadei- ro e sim, por afinidade. b. P a ra os que pensam que am bas as genealogias dão a linhagem só de José, Jacó seria irm ão de Heli; segundo o costume hebreu, quando Heli morreu, Jacó teria tom ado sua viúva como esposa (compare-se Gn 38.1 e ss; D t 25.5 e ss; R t 4.5), e José seria filho de Jacó no sentido literal e de Heli, no sentido legal. c. É possível que José tenha sido filho de Jacó por nas- cimento, e filho de Heli por adoção, ou 0 inverso.(12) E s ta questão não é b as tan te solúvel, m as qualquer destas três interpretações é possível. Nos versículos 3 a 6 da genealogia de M ateus, apare- cem quatro nomes de mulheres estrangeiras, a saber: Ta- m ar (Gn 38.1 e ss); R aabe (Js 2.1 e ss; H b 11.31), R ute (ver livro de Rute para sua história); e aquela que foi m ulher de Urias, isto é, Bate-Seba, que o Espírito Santo omitiu o seu nome (2 Sm 12.10,24). 1) A genealogia do Salvador abrange 42 gerações, num período de dois mil anos. E s tá dividida em três partes de catorze gerações cada. O primeiro grupo, de Abraão ao rei Davi (M ateus), abrange mil anos aproxim adam ente. Na de Lucas abrange três mil anos (pois continua a té Adão). E la tem caráter descendente. 31 0 segundo grupo, do rei Davi ao exílio babilônico, abrange um período de quatrocentos anos. O terceiro grupo, do exílio a Cristo, tem treze gera- ções, sendo que a 14? geração, obviamente inclui Maria ou Jesus, abrange um período de seiscentos anos. Examinan- do com cuidado, observamos que existem certas “ lacunas” de nomes·nas duas tábuas genealógicas de Mateus e Lu- cas. Podemos encontrar algo similar, em Esdras 6, onde se vê uma genealogia com o mesmo número de “ lacunas” , nada menos de seis gerações de sacerdotes são omitidas, como transparece pela comparação em 1 Crônicas 6.3-15. 2) “ Ao examinar a genealogia de Mateus, para ver quando se rompeu a linhagem real de Judá (visto que as duas genealogias seguem de Abraão a Davi numa só árvore genealógica e a partir daí, há uma “ bifurcação” - Não se- gue com Salomão e sim, com Natã), fica claro que foi em Jeconias. Note-se, também, como o Senhor usou a Jeremias di- zendo: “ Assim diz o Senhor: Escrevei que este homem (Je- conias) está privado de seus filhos, e ...nem prosperará al- gum da sua geração, para se assentar no trono de Davi, e reinar mais em Judá” (Jr 22.30). Os dois nomes que seguem o de Jeconias, Salatiel e Zorobabel estão realmente trans- feridos da outra genealogia (de Lucas), na qual consta que o pai de Salatiel foi Neri, da família de Natã. Torna-se certo, portanto, que Salatiel, da família de Natã, irmão de Salomão, se tornou herdeiro ao trono de Davi, quando falhou a linhagem de Salomão na pessoa de Jeconias. Assim Salatiel e seus descendentes foram trans- feridos, como “ filhos de Jeconias” para a tábua genealógi- ca segundo o costume da lei judaica” .(1 ) Em Mateus 1.6, “ ...Jessé gerou ao rei Davi; e o rei Davi gerou a Salomão da que foi mulher de Urias; e Saio- mão gerou a Roboão...” etc. Em Lucas 3.31, “ ...Matatá de Natã, e Natã de Davi, e Davi de Jessé...” etc. Tanto Salomão como Natã eram fi- lhos de Bate-Seba (2 Sm12.24; 1 Cr 3.5). Então aparecem seis nomes em Mateus, que não aparecem em Lucas.(14) Seja como for, há somente duas genealogias no Novo Tes- 32 lamento - e as duas são de uma só pessoa: O Senhor Jesus Cristo que, através das quais, se identifica como sendo “ ...a geração de Davi, a resplandecente estrela da manhã” (Ap 22.16b). Evidentemente, quando uma “ geração” traz em si o sentido genealógico, refere-se à sucessão de um pai por seu filho primogênito (primogenitura aqui é por direito nato ou adquirido). De Abraão a Cristo as gerações sobem (Mt 1.1- 7); de Cristo até Adão, as gerações descem (Lc 3.23-38). De Adão até Abraão uma “ geração” é calculada pelo decorrer de 100 anos; enquanto que, de Abraão até Cristo é de 40 anos aproximadamente (cf. Mt 24.34 etc). 3. Uma geração escatológica O sentido aqui invocado, deve ser o mesmo de “ raça” , “ espécie” , “ família” . Tal expressão de Jesus assegura a continuidade de Israel, como nação, até a volta de Cristo com poder e grande glória, mas sua identidade como raça e como nação continuará até aquele acontecimento. Paulo declara exatamente isso em Romanos 11.25 e ss. Outros, porém, tem em mente que Jesus ao se referir a “ esta gera- ção” (hê genea hautê), queria dizer “ esta geração de ho- mens” , e assim, segundo este critério de interpretação, aquela “ geração” , durou exatamente 40 anos, pois no ano de 70 d.C. todos que ouviram isto, com exceção dos discí- pulos, pereceram. Porém, é evidente que, na passagem de Apocalipse 1.7, esta forma de interpretação não se harmoniza com a tese e argumento principal e, sim, diz respeito claramente a Israel na presente era, pois os que crucificaram Jesus no sentido literal^.estão mortos há quase dois mil anos. No início deste capítulo, falamos que em certo sentido “ geração” se aplica também aos “ homens de uma época” ou a um grupo específico em qualquer tempo ou época, tais como: a. Os gentios. “ Depois disse o Senhor a Noé: Entra tu e toda a tua casa na arca, porque te hei visto justo diante de mim nesta geração” (Gn 7.1). Os gentios, quanto à sua wigem, vieram de Adão e a sua liderança natural está ne 33 le. Quanto ao seu estado no período de Adão a Cristo, fica- ram sob a multiforme acusação: “ ...estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos aos con- certos da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo” (Ef 2.12b). Portanto, os gentios eram uma “ gera- ção” sem Deus e sem esperança.(15) b. Os judeus. “ Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam” (Mt 24.34). Com a chamada de Abraão e tudo o que o Senhor operou nele, deu-se início a uma nova raça ou nova gera- ção, a qual sob alianças e promessas divinas inalteráveis, continuará para sempre. Portanto, Israel é uma geração a parte dos demais povos ou nações. Isto é, trata-se de um povo escolhido como alvo das promessas e conceitos de Deus até a consumação. c. Os cristãos. “ Mas vós sois a geração eleita, o sacer- dócio real, a nação santa...” (1 Pd 2.9a). Um grande con- junto das Escrituras declaram direta ou indiretamente que a atual disposição foi predita e intercalada, e nela uma nova humanidade aparece sobre a terra como a cerca de 2000 anos a.C. aparece na nova ordem do tempo a nação de Israel, tendo como ponto de partida o patriarca Abraão (Gn 12.1 e ss). Os gentios partindo de Adão, formavam uma nova ge- ração, pois Deus havia também criado outros seres racio- nais (os anjos) no Universo. Os judeus, partindo de Abraão, davam agora início a uma nova geração que, foi denominada por Deus como sendo “ santa” (Êx 19.6). Os cristãos partindo de Cristo, formam agora a “ nação santa” (1 Pd 2.9 etc). ״) ) Scofield, Dr. C.I. (Scofield Reference Bible) (") O NT. Int. v. p. v. R. N. Champlin, Ph. D., 1982. (I!) O NT. Int. v. p. v. R. N. Champlin, Ph. D., 1982. ״) ) L. Hervey. op. cit. p. Mat. o Evang. do Rei. (") O NT. Int. v. p. v. R. N. Champlin, Ph. D., 1982. (' ) Teol. Sist. L. S. C. Vol. I. 1986. 34 A Entrega dos Galardões 1. O tribunal de Cristo Após o arrebatamento da Igreja por Cristo, haverá uma “ reunião com Ele” num lugar chamado “ tribunal” . Paulo fala disso em vários de seus ensinos mas, especifica- mente, em três referências exclusivas: Primeira: ‘ ‘Mas tu. por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo” (Rm 14.10). Segunda: “ Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo 0 que tiver feito por meio do corpo, ou bem. ou mal” (2 Co 5.10). Terceira: “ A obra de cada um se manifestará: na ver- dade 0 dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá ga- lardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimen- to; mas 0 tal será salvo, todavia como pelo fogo” (1 Co 3.13-15). Existem outras possíveis passagens sobre o Tri- bunal de Cristo em 0 Novo Testamento, mas essas são to- madas para exemplificar 0 sentido do argumento. a. 0 que é tribunal? Nos antigos estádios gregos, a as- sembléia se reunia defronte de uma “ plataforma” chama- da BÊMA de onde as questões oficiais eram conduzi- das.(16) Esse vocábulo “ bêma” originalmente significava ape- nas um “ degrau” ; desta idéia passou a indicar uma “ pia- taforma elevada” , como aquela usada pelos oradores, pe- los juizes das competições esportivas, ou mesmo pelos ma- gistrados romanos em seus julgamentos formais. Porém, já o apóstolo Paulo toma o vocábulo “ bêma” para denotar 0 “ Tribunal de Cristo” . Essa expressão “ tribunal’ é empre- gada por onze vezes no Novo Testamento, e nas passagens onde ela figura está sempre ligada a julgamento espe- ciai.(17) 1) O tribunal de Pilatos ( l 9). “ E, estando ele (Pilatos) assentado no tribunal, sua mulher mandou-lhe dizer: Não entres na questão desse justo, porque num sonho muito so- fri por causa dele” (Mt 27.19). 2) O tribunal de Herodes. “ E num dia designado, ves- tindo Herodes as vestes reais, estava assentado no tribu- nal, e lhes fez uma prática” (At 12.21). 3) O tribunal de Pilatos (2?). “ Ouvindo pois Pilatos este dito, levou Jesus para fora, e assentou-se no tribunal, no lugar chamado Litostrotos, e em hebraico Gabatá” (Jo 19.13). 4) O tribunal de Gálio. (I9). “ Mas, sendo Gálio pro- cônsul da Acaia, levantaram-se os judeus concordemente contra Paulo, e o levaram ao tribunal, dizendo: Este per- suade os homens a servir a Deus contra a lei” (At 18.12.13). 5) O tribunal de César ( l 9). “ E, não se demorando en- tre eles mais de dez dias, desceu a Cesaréia; e no dia se- guinte assentando-se no tribunal, mandou que trouxes- sem a Paulo” (At 25.6). 6) O tribunal de Gálio (29). “ E expulsou-os do tribu- nal. Então todos agarrando Sóstenes, principal da Sinago- ga, o feriram...” (At 18.16,17a). 7) O tribunal de César (29). “ Mas Paulo disse: Estou perante o tribunal He César, onde convém que seja julga 36 do: não fiz agravo algum aos judeus,.como tu bem sabes” (At 25.10). 8) O tribunal de Gálio (39). “ Então todos agarraram Sóstenes, principal da Sinagoga, e o feriram diante do tri- burial; e a Gálio nada destas coisas o incomodava” (At 18.17). 9) O tribunal de César (39). “ De sorte que, chegando eles aqui juntos, no dia seguinte, sem fazer dilação algu- ma, assentado no tribunal, mandei que trouxessem o ho- mem” (At 25.17)'. 10) O tribunal de Cristo “ Porque todos devemos com- parecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo 0 que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal” (2 Co 5.10). 11) O tribunal de Deus (Edição Revista e Atualizada). “ Tu, porém, por que julgas a teu irmão? e tu, por que des- prezas o teu irmão? pois todos compareceremos perante o tribunal de Deus” (Rm 14.10). Para uma melhor compreensão do pensamento, o lei- tor deve observar que as duasreferências nos evangelhos indicam o “ tribunal de Pilatos” (Mt 27.19; Jo 19.13); otre- cho de Atos 12.21, fala do “ tribunal de Herodes” ; as refe- rências do décimo oitavo capítulo de Atos indicam por três vezes o “ tribunal de Gálio” ; em Atos 25.6,10,17, por três vezes, refere-se ao “ tribunal de César” . Enquanto que Ro- manos 14.10 e 2 Coríntios 5.10, indicam o “ tribunal de Cristo e de Deus” . b. Nas últimas citações (Rm 14.10 e 2 Co 5.10), Paulo alude ao que acontecerá quando o Redentor congregar os remidos em torno de si, diante do seu tribunal. Haverá ali uma avaliação do que fizemos e não fizemos; mas isso não indica que será um momento de temor, mas de confiança; mais ninguém estará ali presente, a não ser os salvos: ali todos amarão 0 Redentor e confiarão nele. Os textos e contextos afirmam que, diante do tribunal do Senhor, cada “ um” receberá 0 louvor ou a censura que merecer. As referências mais explícitas sobre isso são:(18) Primeiro: Em 2 Coríntios 5.10, onde o que temos “ fei- to por meio do corpo” será manifestado perante os olhos de todos diante do Tribunal (cf. Hb 4.13, etc). 37 Segundo: Em Romanos 14.10, onde nossas relações com nossos irmãos serão examinadas perante o nosso Sal- vador (cf. Mt 18.10, etc). Terceiro: Em 1 Coríntios 3.10-15, onde nosso serviço a Deus é provado como pelo fogo (cf. Ap 22.12, etc). 2. Onde será o Tribunal? Existem muitas divergências entre os comentaristas quanto ao local exato do Tribunal de Cristo. Alguns têm sugerido que será aqui mesmo na terra. O homem pecou aqui (dizem eles); aqui foi salvo; aqui trabalhou - então aqui deve ser avaliado o seu trabalho (cf. Mt 25.19 e ss). Outros, porém, asseguram que esse julgamento deve ter lu- gar no Céu e confrontam o Tribunal de Cristo com o julga- mento do grande Trono Branco; apenas o dividem por eta- pas: 1? o Tribunal; 29 o Juízo das Nações e 3? o Grande Tro- no Branco (cf. Mt 25.32 e ss; 2 Co 5.10; Ap 20.11 e ss). Po- rém, é evidente que essa forma de interpretação deve ser rejeitada de todo. Visto que esses três julgamentos obede- cem a uma ordem cronológica bem clara: o Tribunal de Cristo se dará por ocasião do arrebatamento; o juízo das nações vivas, por ocasião do retorno de Cristo na sua Pa- rousia (sete anos depois do arrebatamento); e o juízo final, mil anos depois. Um outro grupo diz que terá lugar nos ares, mas não especifica o lugar (cf. 1 Ts 4.17; Ap 22.12). As passagens de Mateus 9.15 e Apocalipse 22.12 nos levam a entender que o Tribunal não será “ dentro do Céu” . Razão por que, na primeira citação Jesus declara que os filhos das bodas (que se dará no Céu: Ap 19.7) não podem andar tristes e, em 1 Coríntios 3.15, lemos que diante do Tribunal isso pode acontecer; na segunda, Jesus declara: “ E eis que cedo venho, e o meu galardão está co- migo (no original virá comigo), para dar a cada um - no tribunal - segundo a sua obra” . Ora, se essa recompensa fosse feita no Céu, não seria necessário Jesus trazer consigo este galardão. Na antigui- dade, os juizes e anciãos de uma nação costumavam julgar seus súditos e suas causas na “ porta da cidade” (Gn 19.1,9; 1 Sm 4.13,18; 2 Sm 15.2). Boaz, chamando o remi- dor, e mais dez testemunhas da cidade de Belém, julgaram 38 a causa de Rute a moabita na “ porta da cidade” de Belém (Rt 4,1,2). E ali, diante desse tribunal, ela recebeu “ . . . 0 ga- lardão do Senhor Deus de Israel” (Rt 2.12). Muitas coisas nas Escrituras foram escritas “ ...para nosso ensino” (Rm 15.4), pois algumas delas são “ ...sombras das coisas celestiais” (Hb 8.5), e outras são “ ...figuras das coisas que estão no céu” (Hb 9.23). Se o nos- so pensamento é acertado nesta interpretação, é evidente, embora pouco provável que o Tribunal de Cristo terá lu- gar ainda nos ares, especialmente na “ porta formosa do Céu” (cf. Ct 2.4; 1 Ts 4.17 etc). a. Diante do Tribunal de Cristo, serão reprovadas as obras e não o obreiro (1 Co 3.13 e ss), pois todo o seu traba- lho que tiver feito “ por meio do corpo” será ali avaliado pe- rante a justiça divina. Porém,' se fará necessário que a caridade de Deus este- ja ali! A justiça exige que o “ bem” seja recompensado e o "mal" punido.(19) Ora, isto não pode realizar-se senão pela sanção (sanção aqui não é condenação) da vida futura; so- mente esta pode ser rigorosamente justa, uma vez que de- pende de Deus, que “ sonda os rins e os corações” . Real- mente eficaz, porque ninguém pode escapar-lhe. Nenhum subterfúgio daquele que é culpado (culpado aqui é descui- dado). É necessário uma recompensa baseada na justiça e ca- ridade de Deus. Esta prova se baseia na justiça de Deus, que exige que a virtude e 0 vício (aqui já neste mundo) re- cebam as sanções que lhes são devidas: recompensa ou pu- nição. Aqui no mundo, as sanções da virtude e do vício são evidentenjente insuficientes; muitas vezes mesmo, é 0 vício que triunfa, e a virtude que fica humilhada. Portan- to, é necessária uma recompensa futura através da justiça divina que quer. que cada um seja tratado segundo suas obras, e isso não pode ser feito a não ser com a vida futura. Mas, se fará necessário, diante do tribunal de Cristo que a caridade triunfe! E triunfará mesmo! A justiça deve ser tempçrada pela caridade. É preciso distinguir cuidado- samente a legalidade e a eqüidade (diante do Tribunal de Cristo isso n,ão é necessário; mas apenas aqui para ser en- tendido pela mente natural). 39 b. A prova pelo “ fogo” . No que tange a este fogo, mui- tas interpretações têm surgido! Mas uma coisa é certa: a onisciência de Deus ali deve estar presente. Todo nosso trabalho passará “ diante dos olhos” da Trindade Divina (cf. Êx 13.21; At 2.3; Hb 12.29; Ap 1.14; 2.18; 3.2, etc). A passagem de Apocalipse 4.8 descreve seres viventes como tendo a inteireza da inteligência; são cheios de “ olhos por diante e por detrás” (4.6). Podem tanto ver para a frente como para trás.(20) O passado e 0 futuro estão abertos a eles como um li- vro. Visão interna (olhos por dentro), visão externa (olhos por diante) também lhes pertence. A absoluta visão cir- cundante corresponde a uma infinita visão interior, que expressa a concentração contemplativa, a unidade da onis- ciência divina. Vigilância! Ora, se estes seres viventes pos- suem tal visão, que diremos nós diante daquele perante quem “ ...todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos...?” (Hb 4.13). Ali, pois, diante da perscrutação desses olhos infinitos que tudo contemplam (Pv 15.3), surgirão duas palavras so- Ienes: “Aprovados e Reprovados” . “ Este ‘fogo’ diz Spea- ker,(־') dura apenas ‘um dia’ ; é futuro, não presente; é des- trutivo, não purificador; destrói apenas obras, não pes- soas; causa perda e não lucro; destrói apenas o que for falso e não o que for verdadeiro; causa apenas reprovação da obra e não do obreiro” (1 Co 3.13-23). c. A interpretação errônea. Alguns eruditos ensinam que mesmo os mais fiéis precisam dum processo de purifi- cação antes de se tornarem aptos para entrar na imediata presença de Deus. Também alguns (não são todos) teólo- gos protestantes que crêem na doutrina de “ uma vez sal- vo, salvo para sempre” , embora reconhecendo a palavra divina que diz: “ Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” , concluem que o Tri- bunal de Cristo seja uma espécie de “ purgatório” onde os crentes carnais imperfeitos se purifiquem da escória. Esse processo, segundo essa maneira de interpretar 0 Tribunal, dar-se-á ali. Todavia, não existem nas Escrituras evidên- cias para tal doutrina, e existem muitas evidências contrá- rias a ela.(22) 40 3. A recompensa “ ...cada um recebe... ou bem, ou mal” (2 Co 5.10). Muitos comentadores renomados têm tido dificuldades nesta passagem, quando se defrontam com a palavra “ mal” . Porém, é evidente que, a palavra MAL no presente texto não significa “ pecado” . Diante deste Tribunal não haverá nem pecado nem pecador (cf. Lc 20.35,36).Quando se invoca o sentido profundo da palavra “ pe- cado” no original hebraico é “ hattã’th” que traduzida para o grego clássico é “ Hamartia” . Porém, na passagem cita- da, a palavra “ mal” # deve ser depreendida do uso que dela faz o profeta Isaías. O uso de “ RA” em Isaías 45.7, onde se diz que Deus cria o “ mal” , fica esclarecido o seu uso no tempo e no espaço quando vemos que em mais de 450 vezes que esta palavra se encontra no Antigo Testamento, muito poucas vezes ela se refere a Deus como a causa da coisa realizada, e também veremos que em cada um desses casos o “ mal” mencionado não indica pecado, e, sim, consiste no castigo justo que Deus impõe sobre aqueles que pecaram. Não se diz que Deus criou o pecado deles, mâs se diz que Ele trouxe a calamidade e o castigo sobre eles. Esta correção divinamente imposta foi a palavra “ RA” distinta- mente declarada como uma experiência do mal vinda de Deus como penalidade, em contraste com o bem que ele concederia em outra situação.(־ ) a. O apóstolo Paulo retoma isso em seus elementos doutrinários, quando diz: “ Agora folgo, não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para 0 arre- pendimento; pois fostes contristados segundo Deus... Por- que a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende...” (2 Co 7.9,10; Hb 12.11). Acreditamos, pois, que o “ mal” (rá) em referên- cia seja apenas uma repreensão da parte do Senhor para aqueles que usaram material ou doutrina “ espúria” na sua obra (1 Co 3.13 e ss; 9.17 e ss). Jó entendeu isso muito bem quando disse para sua esposa: “ ...receberemos o bem de Deus, e não receberíamos 0 mal? (rá)” (Jó 2.10). b. O galardão. A palavra “ galardão” tem nas Escritu- ias diversos sentidos e métodos de aplicação: Para Abraão, 41 o próprio Deus era o “ ...seu grandíssimo galardão” (Gn 15.1). Rute, a moabita, recebeu “ . . . 0 galardão do Senhor Deus de Israel” (Rt 2.12). No estudo em foco, devemos tra- duzir a palavra “ galardão” (misthapodosia) por “ recom- pensa” (misthos). Este termo nasceu da vida comercial, e originalmente denotava o pagamento feito a um trabalha- dor, mas desde os tempos helenísticos também se usava em contextos religiosos.(4־) Havia, por outro lado, um ou- tro verbo que expressava 0 significado do pensamento: “ opsõnion” , que era tirado dos círculos militares, e signifi- cava as rações do soldado e, depois, 0 pagamento pelo ser- viço militar e, finalmente, o salário de um oficial do gover- no. Porém, como o grego é bastante rico nesse sentido, usa- va-se também outra palavra com sentido mais lato: “ ker- dos” ; “ kerdos” trazia a idéia de “ lucro” , “ vantagem” , “ ganho” , etc. Para alguns esse “ galardão” ou “ recompensa” , trata- se de “ coroas” que receberemos da parte do Senhor. Os atletas do passado recebiam após as competições, suas “ coroas de louro” ou “ coroas da vitória” . Como sinal de haverem alcançado o “ prêmio” . Paulo fala disso em 1 Coríntios 9.24 e, depois, faz uma exortação: “ ...Correi de tal maneira que o alcanceis” . c. 0 argumento de Paulo parte do menor para o maior. Se os homens dão tão elevado valor às honrarias e coroas, que por si mesmas se revestem de tão pouca importância e valor, quanto mais devem os cristãos se esforçar e prezar aquelas coroas espirituais que nunca haverão de perecer, dotadas de valor infinito, que transcedem a tudo quanto é terreno e físico! Se um homem é capaz de treinar tão diligentemente, de sofrer tantas privações, de agonizar física e mentalmen- te para um acontecimento que ocupará um único dia, sa- bendo que a competição será intensa e que as chances de ele sair vencedor não são grandes, quanto mais (diz Paulo) os cristãos devem dispor-se, deixando de lado todos os pra- zeres e ocupações inúteis, a fim de alcançarem a “ incor- ruptível coroa de glória” . Na posição de corredor, ele corria com um alvo defini- do. Na qualidade de lutador, tinha um oponente. Em ou- 42 tras palavras, ele tinha um alvo, uma vitória a conquistar. Então ele passa agora seu exemplo para seus leitores: “ Se- de meus imitadores, como também eu de Cristo” . 1) A coroa de glória. “ E, quando aparecer (na sua vin- da) 0 Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa de glória” (1 Pd 5.4). 2) A coroa incorruptível. “ E todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa cor- ruptível, nós, porém, uma incorruptível” (1 Co 9.25). 3) A coroa de alegria. “ Portanto, meus amados e mui queridos irmãos, minha alegria e coroa...” (F1 4.1; 1 Ts 2.19,20). 4) A coroa da justiça: “ Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará na- quele dia (diante do tribunal); e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda” (2 Tm 4.8). 5) A coroa da vida. “ Bem-aventurado o varão que so- fre a tentação; porque, quando for provado, receberá a co- roa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam” (Tg 1.12; Ap 2.10). Cumpre-se aqui, portanto, o que diz o profeta Isaías acerca de Jesus: “ ...o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fo- ram sarados” (Is 53.5b). Isto, aponta claramente para o Calvário, onde Jesus suportou por nós “ uma coroa de espi- nhos” (Jo 19.2) para nos dar o direito de sermos partici- pantes de “ uma coroa de glória” . Isso é supremo sacrifício! Jesus, nosso Senhor, morreu com apenas 33 anos de idade! Depois de ter sofrido “ uma eternidade de dores!” Seus inimigos aqui na terra o julgaram digno de “ uma co- roa de espinhos” . No Céu, porém, o quadro se inverte. E Ele está presentemente “ coroado de glória!” (Hb 2.9), etc. ״) ) Apoc. V. p. v. S. P. S. 1987 ״) ) O NT. Int. v. p. v. R. N. Champlin, Ph. D. 1982 ״) ) op. cit. Apoc. v. p. v. 1987 R (יי) J. Cuts, de Fil. 1984 (") Apoc. v. p. v. S. P. S. 1987 op. cit, p. S. E. Mc Nair. 1956 (יי) (") M. P. Conta. As Dout. da Bíbl. 1977 (” ) Teol. Sist. L. P. C. Vol. I. 1986 ״) ) O NT. Int. v. p. v. R. N. Champlin, Ph, D. 1982 A Celebração das Bodas 1. As Bodas do Cordeiro Após a avaliação de Cristo das obras de seus servos diante do Tribunal, Ele, então, conduzirá sua Noiva para o Palácio Real, onde se encontra “ a sala do Banquete” (Ct 2.4), quando então terão início as Bodas do Cordeiro. As Bodas do Cordeiro são uma preciosa revelação para os corações de todos os filhos de Deus. Os anjos, e os santos do Antigo Pacto ali estarão a cantar: “ Regozijemo-nos, e alegremo-nos e demos-lhe glória, porque vindas são as bo- das do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou” (Ap 19.7). a. As Escrituras, tanto no Antigo como no Novo Tes- tamento, utilizam-se do casamento, ou mesmo de outra ocasião festiva para simbolizar a glória espiritual finai e a alegria dos fiéis servos de Deus. Vejamos como as Escritu- ras são proféticas e se combinam entre si em cada detalhe! Somente depois que 0 Senhor julgar a grande prostituta, Babilônia, que vem descrita mística e literalmente nos capítulos 17 e 18 do Apocalipse, é que o Senhor apresenta sua esposa, uma virgem pura (2 Co 11.2). No Novo Testa- 45 4 mento, isso simboliza, especialmente no Apocalipse, que a Noiva do Cordeiro não deve ser confundida, por uma mu- lher poliandra. A interpretação alegórica de Cantares de Salomão re- trata Deus como sendo o Noivo e Marido da nação israeli- ta; e isso tem sido usado pelos intérpretes cristãos para contemplar a Igreja como a “ Noiva de Cristo” na sua gló- ria futura. O livro de Cantares lembra-nos, sobretudo, do verdadeiro retomo aos primeiros tempos, à juventude da humanidade.(25) Ali aparecem dois nomes que, segundo se diz não expressam a idéia comum apenas de um homem, “ Ish” e aquela que leva seu nome (Isha - Gn 2.23) e sim por Salomão (Shelomo) e Sulamita (Shulamith). O nome que eles trazem prova a necessidade da paz (Shalom) e do per- dão divino, para que não haja “ dureza de coração” . b. As religiões helenistas como as romanastambém empregavam esse simbolismo (o simbolismo das Escritu- ras), considerando a união entre seus adeptos e o salvador- deus como uma espécie de matrimônio sagrado. “ Os cultos de fertilidade também empregam tal sim- bolismo” .(26) A parábola das virgens loucas e prudentes pinta o reino dos céus como uma espécie de festa de casa- mento (Mt 25.1-13). Enquanto que em Marcos 2.19,20, Je- sus alude a si mesmo como sendo o “ noivo” , e seus discípu- los seriam os convidados. Em João 3.29, João Batista refe- re-se a Jesus como o noivo. Paulo fez uma aplicação místi- ca e escatológica sobre esse simbolismo, dizendo que ele apresenta os crentes de Coríntios, como uma “ noiva” , a Cristo (2 Co 11.2). Por ocasião do arrebatamento da Igreja por Cristo, essa “ noiva” será pura e preparada para o Noi- vo (Ap 19.7). Assim na presente era, a Igreja é retratada como “ noiva” de Cristo; no período das bodas, porém, como “ a esposa, a mulher do Cordeiro” . c. Entre os judeus, as bodas eram celebradas durante sete dias com grande alegria (Jz 14.12,15,17,18). As bodas de Jacó duraram sete dias (Gn 29.27,28). Na simbologia profética das Escrituras Sagradas, isso aponta para as bo- das do Cordeiro durante “ sete anos” : Jesus também é ju- 46 deu e em termos proféticos um dia é que vale um ano (Nm 14.34; Ez 4.6; Jo 4.9). 0 Apocalipse descreve o tempo em que a “ noiva se aprontou” . Seu vestido é todo bordado e branqueado no sangue do Cordeiro (SI 45.14; Ap 22.14), pois ninguém pode entrar naquela festa com “ vestidura estranha” (Sf 1.8; Mt 22.11). Tem sido alegado, diz 0 doutor Geo Goodman,(27) que não existia 0 costume de dar vestes nupciais nos banquetes orientais, como bodas, aniversários, etc. Mas alguns textos escriturísticos apoiam que sim; às vezes, se fazia isso cons- tantemente. José apresentou mudas de roupa a seus ir- mãos (Gn 45.22 e ss); Sansão, no seu casamento, deu trinta mudas de vestidos aos seus companheiros (Jz 14.12), e Geazi pediu a Naamã mudas de roupas para os jovens que vieram da montanha de Efraim, alegando que tinham vin- do visitar seu senhor (2 Rs 5.22). Devemos ter em mente que apenas um homem que entrou no banquete do rei sem as vestes nupciais foi expul- so sem misericórdia (Mt 22.11-13). O profeta Sofonias ad- verte que ninguém deve comparecer naquele dia (por infe- rência) sem as vestes reais: “ E acontecerá que no dia do sacrifício do Senhor, hei de castigar os príncipes, e os filhos do rei, e todos os que se vestem de vestidura estranha” (Sf 1.8). Evidentemente, essa passagem aponta para o grande dia do Senhor, mas, de certo modo, deve ser aplicada aqui também. Portanto, prezado leitor, somente as vestes da justiça de Cristo prevalecerão naquele dia; o mais tudo será rejei- tado (Ap 3.18). 2. A Ceia das Bodas A ceia das bodas do Cordeiro, serão para cumprimen- to das palavras de nosso Senhor quando se encontrava no “ cenáculo mobiliado e preparado” . Numa expressão e gestc de quem estava dando um “A té breve” a seus discípulos, Ele disse: “ ...até aquele (nas bodas) dia em que o beba de novo convosco no reino de meu Pai” (Mt 26.29). 47 Esta celebração da ceia terá lugar somente no final das bodas (sete anos depois do arrebatamento). Esta ceia será para lembrar a morte de Cristo! Ela deve ser lembra- da aqui e na eternidade. Ela (a ceia) teve lugar “ num ce- náculo mobilado e preparado” . Seu início marcou a última noite do ministério terreno do Filho de Deus (Mt 26.28,29). Foi a única coisa que o Senhor Jesus “ desejou” fazer nesta vida (Lc 22.15). A páscoa no antigo Pacto e a Ceia no Novo, apontam para uma mesma coisa: a morte de Cristo! A primeira, estava distante da outra cerca de 1500 anos, e tinha um caráter prospectivo - apontava para a cruz de nosso Senhor; a segunda, a Santa Ceia, tem um caráter re- trospectivo - apontando também para a morte do Salva- dor. a. A Páscoa judaica encontra seu cumprimento e seu fim na vida, morte e ressurreição de Cristo. O Cordeiro de Deus substituiu o Cordeiro pascal, o livramento do jugo egípcio corresponde à libertação da escravidão do pecado. Doravante o corpo de Cristo nos será dado por nutrição e seu sangue nos guardará contra o malho destruidor do anjo da morte. Assim Cristo retorna ao passado e o vivifica através de sua morte a memória da Páscoa. O Passado da morte é de- dicado à vida, e a memória é arrebatada pela esperança, nas palavras solenes: “ ...Cristo, nossa páscoa, foi sacrifica- do por nós” (1 Co 5.7). b. A Ceia do Senhor inicia uma nova era e aponta para uma obra já consumada. Podemos observar que “ duas fes- tas uniram-se na celebração do Senhor” .(28) E, nossa lembrança nos levará agora para a tarde sombria que ante- cipava o “dia da morte” de Cristo; nesse cenáculo deu-se um acontecimento notável; a festa pascoal foi solenemente encerrada (Lc 22.16-18), e a Santa Ceia instituída com igual solenidade (Compare-se Lucas 22.19-21). Sobre essa mesa terminou um período e começou ou- tro; Cristo era o cumprimento de uma ordenança e a con- sumação da outra. A Páscoa agora tinha servido a seu pro- pósito, porque o Cordeiro que o sacrifício simbolizava ia ser morto no dia seguinte. Por isso foi substituída por uma 48 nova instituição, apresentando a verdadeira realidade do Cristianismo, como a páscoa tinha apresentado a do ju- daísmo. Mas nosso Senhor falou também de “uma ceia fu- tura” , e agora, seu cumprimento está em foco! c. O livro do Apocalipse encerra “ sete bem- aventuranças” , e cada uma delas, com significação espe- ciai: 1) “ Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo” (Ap 1.3). 2) “ Bem-aventurados os mortos que desde agora mor- rem no Senhor. Sim, diz o Espírito para que descansem dos seus trabalhos, e as suas obras os sigam” (Ap 14.13). 3) “ Bem-aventurado aquele que vigia, e guarda os seus vestidos, para que não ande nu, e não se vejam as suas vergonhas” (Ap 16.15). 4) “ Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. E disse-me: Estas são as ver- dadeiras palavras de Deus” (Ap 19.9). 5) “ Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição: sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos” (Ap 20.6). 6) “ Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro” (Ap 22.7). 7) “ Bem-aventurados aqueles que lavam suas vesti- duras no sangue do Cordeiro, para que tenham direito à ár- vore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas” (Ap 22.14). Todas estas “ bem-aventuranças” recairão sobre aqueles que foram arrebatados por Jesus e a quarta, é es- pecífica: para aqueles - os chamados à ceia das bodas do Cordeiro. d. Ao encerrar a Santa Ceia naquele cenáculo, nosso Senhor falou de uma outra com caráter escatológico, quan- do disse: “ digo-vos que, desde agora, não bebereis deste fruto da vide até aquele dia (nas bodas) em que o beba de novo convosco no reino de meu Pai” (Mt 26.29). A ceia do cenáculo marcou o término da missão terre- na de Jesus (terrena aqui significa na esfera terrena) e deu 49 início à sua missão celestial (Jo 17.4,11,13). Após a ce- lebração daquela ceia, Jesus “ desceu” para 0 sombrio vale da batalha; de igual modo, também, após a celebração da ceia das Bodas, ele “ descerá” para o sombrio vale do Ar- magedom (Ap 19.11 e ss), a fim de terminar com aquela grande guerra e a seguir, estabelecer seu reino milenar. Por isso se faz necessário que esta 4? “ bem-aventurança” re- caia sobre aqueles que levaram o vitupêrio de Cristo em qualquer tempo ou lugar.(29) ('■) O Horn, Corp, Aim, e Esp. S. P. S. 1988 (“ ) Apoc. v. p. v. S. P. S. 1987 (") Dr. G. Goodman. Not. Diárias (") op. cit. G. Goodman. Idem (” ) Apoc. v. p. v. S. P. S. 1987 50 A Invasão Russa 1. A invasão de Gogue As Escrituras predizem que no tempo do fim,
Compartilhar