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Toxicologia Social

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Prévia do material em texto

Toxicologia Social
Prof. Pedro Leite Azevedo
Descrição
Introdução à Toxicologia Social, com destaque para o processo de desenvolvimento de tolerância, dependência e síndrome de abstinência, sistema
de recompensa, potencial de reforço, drogas de abuso psicoestimulantes e depressoras do sistema nervoso central.
Propósito
É essencial que todo profissional de saúde reconheça os princípios básicos da toxicologia social e dependência química, uma vez que estão
frequentemente associados ao uso das drogas de abuso. A dependência química de tabaco e álcool, por exemplo, pode estar associada a inúmeros
efeitos nocivos, e assim, o maior entendimento sobre as suas principais propriedades pode garantir um cuidado mais seguro e eficaz para cada
indivíduo.
Objetivos
Módulo 1
Conceitos da dependência química
Descrever os principais conceitos da dependência química.
Módulo 2
Principais drogas de abuso
Reconhecer as propriedades toxicológicas das principais drogas de abuso.
Módulo 3
Opioides e suas propriedades toxicológicas
Identificar as principais propriedades toxicológicas dos opioides.
Módulo 4
Tabaco e suas propriedades toxicológicas
Identificar as principais propriedades toxicológicas do tabaco.
A área da toxicologia que estuda os efeitos nocivos decorrentes do uso não médico e não terapêutico de fármacos ou drogas, causando
danos não somente ao indivíduo, mas também à sociedade, é denominada Toxicologia Social.
Além da possibilidade do desenvolvimento da dependência, o uso dessas substâncias pode acarretar graves problemas de saúde. Muitos
fármacos descritos neste material são comumente prescritos na prática clínica, no entanto, o termo de uso não médico faz referência àquele
fármaco utilizado de maneira ou em período diferente da orientada na prescrição, ou para um indivíduo cujo fármaco não havia sido prescrito
inicialmente.
No primeiro módulo, revisaremos vários conceitos relacionados à dependência química, bem como discutiremos os mecanismos
moleculares da dependência, a síndrome de abstinência, o sistema de recompensa, potencial de reforço de uma substância e o fenômeno de
tolerância. No segundo módulo, abordaremos os aspectos toxicológicos das principais drogas de abuso que causam dependência. Nos
terceiro e quarto módulos, analisaremos as principais características dos opioides e do tabaco, respectivamente, sob o panorama da
Toxicologia Social.
De cada droga serão abordados, de forma resumida, o histórico e a epidemiologia do uso no Brasil e no mundo, a sua toxicocinética, a
toxicodinâmica, os efeitos tóxicos agudos e crônicos, a síndrome de abstinência, bem como o tratamento da dependência, quando
disponível.
Introdução
1 - Conceitos da dependência química
Ao �nal deste módulo, você será capaz de descrever os principais conceitos da dependência
química.
Conceitos de dependência, síndrome de abstinência e
tipos de tolerância
A dependência química está entre os problemas mais sérios a serem enfrentados pela sociedade atual. Antes de iniciarmos a discussão sobre os
aspectos toxicológicos relacionados à dependência química, precisamos relembrar alguns conceitos básicos, como, por exemplo, a diferença entre
droga e fármaco:

Fármaco
Por definição, fármaco é uma substância de estrutura química definida, com propriedade endógena farmacológica.

Droga
Atualmente, refere-se, em geral, geralmente às substâncias de uso abusivo ou produtos capazes de causar dependência.
Curiosidade
O termo droga já foi utilizado para denominar toda matéria-prima de origem vegetal, mineral ou animal que contém um ou mais fármacos.

Em relação à palavra dependência, se você buscar em um dicionário ou em um site seu significado, encontrará definições um pouco diferentes
umas das outras. Mas todas levarão a um mesmo entendimento: um dependente é alguém que não consegue se desvincular de um hábito.
Podemos entender a dependência como uma subordinação ou sujeição de um indivíduo a uma outra pessoa, uma situação ou um hábito.
Atualmente, no âmbito das ciências da saúde, a dependência tem sido definida como uma síndrome comportamental, caracterizada pela perda de
controle, ou compulsão, sobre o consumo de uma droga, mesmo com intensos prejuízos individuais e sociais. Popularmente é denominada como
“vício”.
Em muitas situações, o dependente perde a capacidade voluntária de controlar o consumo, e sua prioridade se resume a obter e usar a droga. A
seguir, citaremos algumas consequências que um quadro de dependência pode gerar.
É característico o isolamento da família, de amigos, do ambiente de trabalho, além da perda do medo de contrair doenças infectocontagiosas.
Perde-se também o medo de desenvolver outras doenças pelo uso da droga. Pode ter início alguns comportamentos criminosos para financiar o
hábito.
Quando o acesso à droga é negado, há a ocorrência de um estado emocional negativo, por exemplo, disforia e irritabilidade, e, como consequência,
a droga é consumida de forma contínua para evitar tais sintomas.
Disforia
Estado caracterizado por ansiedade, depressão e inquietude.
A dependência está associada a alterações em sistemas neuronais específicos, que serão abordadas neste módulo, e é considerada uma doença
crônica, incurável e sujeita à recaída.
Em conjunto, as substâncias capazes de induzir dependência podem ser denominadas como drogas de abuso, que serão abordadas no decorrer
deste estudo.
O termo narcótico também é frequentemente utilizado por leigos de forma errônea para descrever uma variedade de drogas capazes de levar ao
abuso ou vício. No entanto, esse termo foi originalmente relacionado com os opioides, já que eles induzem sonolência (narcose).
Os avanços na neurociência permitiram compreender os mecanismos celulares e moleculares envolvidos no desenvolvimento da dependência. Foi
evidenciado que:
Existem vários tipos de tolerância descritos na literatura. Dentro desse universo, podemos listar:
No momento em que a droga é retirada de forma abrupta do organismo do dependente ou há uma redução brusca da dose, os processos
fisiológicos induzidos pela tolerância já não são mais equilibrados por ela, o que pode culminar em uma hiperexcitabilidade, quadro denominado
Primeiro
Com o uso crônico das drogas de abuso, o cérebro e outros tecidos adaptam-se, mobilizando progressivamente processos
fisiológicos opostos às alterações causadas por elas, de forma a contrabalancear o seu efeito.
Segundo
De modo geral, essas alterações tendem a compensar o efeito da droga e produzem um estado fisiológico aparentemente normal,
processo denominado Tolerância.
Terceiro
Após a tolerância, há uma necessidade de aumento da dose para alcançar a mesma intensidade de efeito desejado, pois há uma
diminuição marcante dos efeitos quando a dose é mantida.
Tolerância inata ou natural 
Tolerância farmacodinâmica 
Taquifilaxia 
Tolerância metabólica ou farmacocinética 
Sensibilização ou tolerância reversa 
Tolerância cruzada 
síndrome de abstinência. Nessa síndrome, o paciente pode apresentar sonolência, tremores, irritabilidade, alucinações e convulsões, que podem
variar dependendo das mudanças adaptativas induzidas pela droga.
Atenção
É preciso muita cautela na utilização de determinados fármacos, como, por exemplo, os opioides, pois até pacientes que o consomem por indicação
médica apropriada e na dose correta, podem apresentar tolerância ou síndrome de abstinência quando a administração deles é interrompida
abruptamente. É necessário destacar que a tolerância e a síndrome de abstinência podem ocorrer como uma consequência natural da exposição ao
fármaco e não implicam necessariamente em dependência, ou seja, a busca compulsiva para o consumo do fármaco.
De forma contrária, estudos também mostram que é possível ser dependente sem haver síndrome de abstinência. Por exemplo, um indivíduo pode
ser dependente de cocaína ou etanol mesmo sem experimentar sintomas de abstinência entre cada episódio de uso. Já o uso médico contínuo da
morfinaou de benzodiazepínicos pode induzir sintomas de abstinência na interrupção do uso, porém, esses indivíduos não são considerados
dependentes, pois atravessam as reações de abstinência sem manifestar um comportamento compulsivo de consumo.
Classi�cação do indivíduo como dependente
De acordo com a 5ª versão do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), de 2014, para um indivíduo ser diagnosticado
como dependente, ele deve apresentar três ou mais critérios estabelecidos pelo manual, ocorrendo a qualquer momento no período de 12 meses. A
dependência pode ser dividida em leve, moderada ou grave. Os critérios estabelecidos por esse manual são semelhantes aos descritos na
Classificação internacional de doenças (CID-10), publicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Entre os critérios, destacamos alguns no quadro a seguir:
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V)
1 Evidência de tolerância.
2
Estado de abstinência ou consumo do fármaco/droga para alívio
dos sintomas de abstinência.
3
Uso frequente de quantidades maiores ou por períodos mais
prolongados do que o pretendido.
4
Desejo persistente ou dificuldades para controlar o comportamento
de consumo.
5
Aumento do tempo necessário para obter, consumir ou recuperar-se
do seu efeito.
6
Abandono ou redução progressiva de prazeres ou atividades sociais
ocupacionais e recreativas devido ao uso.
7
Persistência no uso, mesmo em clara evidência de problemas
físicos ou psicológicos causados ou agravados pelo uso.
Elaborado por Thaiane Andrade.
Fatores de risco da dependência
A dependência é uma doença complexa, e sua prevenção e seu tratamento requerem uma compreensão dos fatores biológicos, sociais,
psicológicos e ambientais que predispõem os indivíduos à dependência. Por exemplo, sabe-se que a dependência possui um componente genético
significativo, em que, aproximadamente, 40 a 60% da vulnerabilidade à dependência podem ser atribuídos a fatores genéticos.
Dica
Ao final deste material, sugerimos a leitura complementar de duas revisões recentes que discutem as últimas evidências publicadas na literatura em
relação à genética e o desenvolvimento da dependência.
Indivíduos com traços de personalidade em “busca de novidade” e “busca de sensação impulsiva” estão dispostos a correr riscos físicos, sociais,
legais e financeiros por causa dessas experiências, sendo mais propensos à dependência.
Estudos mostram que as neuroadaptações à nicotina e aos canabinoides foram identificadas de forma diferente nos adolescentes, quando
comparadas àquelas que ocorrem na fase adulta, evidenciando que os adolescentes também são mais propensos a se tornarem dependentes.
Indivíduos que sofrem de transtornos como depressão, ansiedade e esquizofrenia têm maior probabilidade à exposição às drogas de abuso e,
assim, a desenvolverem dependência.
Entre os fatores ambientais, a disponibilidade da droga de abuso é a mais evidente, pois quanto maior a
disponibilidade, maior o grau de dependência da população.
Sistema de recompensa
O que também caracteriza as drogas de abuso é o fato de elas induzirem uma recompensa ou reforço positivo para o usuário, seja por produzirem
sensações de prazer, aliviarem tensões ou alterarem o humor e a percepção. Por causa da recompensa, o uso dessas substâncias pode funcionar
como reforçadores, ou seja, motivar por si mesmo um comportamento de autoadministração e facilitar a instalação da dependência. Para entender
melhor, vejamos um exemplo.
Exemplo
Todas as drogas que produzem dependência são autoadministradas por animais de experimentação. Esse comportamento de autoadministração
em animais pode ser avaliado, por exemplo, a partir da implantação de um cateter intravenoso conectado a uma bomba de infusão que contém a
droga de abuso em solução. Em seguida, quando o animal de experimentação pressiona a alavanca disponível, imediatamente é fornecida uma
dose da droga, induzindo seus efeitos. Quanto maior a capacidade de reforço positivo da droga, maior a probabilidade de ela ser autoadministrada e
induzir dependência.
Para compreender de que modo ocorre o sistema de recompensa, você precisa ter em mente que:
• O sistema de recompensa é iniciado pela ativação de zonas de recompensa também denominada via dopaminérgica mesolímbica.
• Por meio da estimulação elétrica, as recompensas convergem para um circuito comum no sistema límbico cerebral.
• Esse sistema origina-se na área tegmental ventral (ATV), uma pequena estrutura na extremidade do tronco encefálico, que se projeta para o
núcleo accumbens (NAc), para a amígdala, para o hipocampo e para o córtex pré-frontal.
Conforme podemos observar na imagem a seguir:
Sistema dopaminérgico mesolímbico no cérebro.
Com a ajuda da imagem podemos perceber que:
Os mecanismos de ação destas e de outras drogas de abuso, no sistema de recompensa, estão ilustrados na imagem seguinte e serão abordados
nos próximos módulos.
As projeções dopaminérgicas se originam na área tegmentar ventral (ATV) e têm como alvo o nucleus accumbens (NAc), o córtex pré-
frontal, a amígdala e o hipocampo. Em seu conjunto, esses múltiplos estímulos (ilustrados na imagem) modificam a sinalização na via
dopaminérgica mesolímbica e modulam a percepção de prazer.
Esse sistema é um componente-chave para o efeito de recompensa das drogas de abuso, por aumentarem a liberação de grandes
quantidades de Dopamina (DA) no NAc e no córtex pré-frontal. Esses estímulos elétricos no sistema mesolímbico dopaminérgico
também ocorrem fisiologicamente associados às sensações de prazer e recompensa naturais.
A liberação de DA pode ocorrer de diferentes formas, a depender da droga utilizada. Elas podem ativar diretamente o sistema ou
exacerbar a transmissão dopaminérgica, impedindo a recaptação de DA no NAc. Por exemplo, os estimulantes aumentam
diretamente a transmissão dopaminérgica no NAc. A cocaína inibe a recaptação de DA, o que prolonga os seus efeitos. A anfetamina,
além de inibir a recaptura de DA, também aumenta a sua liberação no terminal sináptico.
As drogas também podem impedir uma inibição, que culmina no estímulo do circuito, como os opioides, que inibem os neurônios
GABAérgicos na ATV, que, por sua vez, desinibem os neurônios dopaminérgicos na ATV, e assim, aumentam indiretamente a liberação
de DA no NAc.
Em adição, os opiáceos também estimulam diretamente os receptores opioides expressos pelo NAc, produzindo recompensa de uma
maneira independente de DA. A nicotina parece ativar diretamente os receptores colinérgicos nicotínicos na ATV, causando a
liberação de DA e, indiretamente, via estimulação de seus receptores nas terminações glutamatérgicas, que inervam as células de DA.
Ações das drogas de abuso sobre o sistema dopaminérgico mesolímbico.
Veja na imagem que:
Nicotina
A nicotina interage com
receptores colinérgicos
nicotínicos, aumentando a
liberação de dopamina no
NAc.
Cocaína
A cocaína inibe a recaptação
de DA pelo transportador de
DA (DAT), aumentando, assim,
í i i á ti d DA
Potencial de reforço
As drogas de abuso variam em sua capacidade de produzir os efeitos gratificantes, relacionados ao prazer ou à recompensa. Aquelas que produzem
esses efeitos de maneira mais rápida e intensa são maiores reforçadores, pois estimulam uma autoadministração repetida. Quanto maior a
capacidade de reforço de uma droga, maior a probabilidade de ela ser autoadministrada e induzir dependência.
Nesse sentido, a cocaína e a heroína têm um potencial mais alto de gerar dependência do que as outras, como a
metadona e o fenobarbital, pois estas demoram mais tempo para produzir efeitos centrais.
os níveis sinápticos de DA
que podem atuar no NAc.
Anfetamina
A anfetamina facilita a
liberação de vesículas
contendo DA e,
possivelmente, aumenta o
transporte reverso desta
através do DAT.
Canabinoides e
opioides
Os canabinoides e os
opioides diminuem a
liberação de GABA dos
interneurônios inibitórios
locais na ATV, resultandoem
desinibição da atividade
neuronal dopaminérgica e
aumento da
neurotransmissão
dopaminérgica, podendo
atuar também no NAc.
Álcool e outros
Álcool e outros depressores
do SNC atuam sobre os
receptores NMDA (NMDA-R)
para reduzir a
neurotransmissão
glutamatérgica no NAc.
A via de administração também exerce um efeito importante sobre o potencial de reforço. Um fármaco administrado por via intravenosa ou por
inalação acaba por resultar em uma absorção da droga mais rápida, atinge o SNC com mais rapidez e intensidade, e apresenta alto risco da indução
à dependência, quando comparado ao fármaco administrado por via oral, conforme constataremos com a ajuda das imagens a seguir. No entanto, a
elevação da concentração plasmática mais rápida também está associada a maiores chances de intoxicação.
Gráfico: Contratação plasmatica de cocaína.
Extraído de Golan, Tashjian, Armstrong, 2018. Figura 18-6, p. 296.
Gráfico: Contratação plasmatica de cocaína.
Extraído de Golan, Tashjian, Armstrong, 2018. Figura 18-6, p. 296.
Observe nas imagens que a cocaína intravenosa (IV) e a base livre da cocaína fumada estão associadas ao alcance muito rápido de concentrações
plasmáticas máximas da droga (imagem A) e a altos níveis de intoxicação (imagem B). Em contrapartida, as vias de administração oral e nasal
associam-se à elevação mais lenta da concentração plasmática da droga (imagem A) e a níveis mais baixos de intoxicação (imagem B). Devido à
elevação muito rápida da concentração plasmática da droga e de níveis muito altos de intoxicação, o risco da indução da dependência é mais alto
com uso intravenoso ou fumado da cocaína do que com seu uso nasal ou oral.
Saiba mais
Cocaína, heroína, morfina e nicotina são os fármacos com maior potencial de reforço, seguidos por anfetamina, etanol, solventes e barbitúricos. Os
benzodiazepínicos fornecem uma resposta moderada e os canabinoides apresentam um potencial de reforço fraco.
Além disso, há o reforço negativo, em que, na ausência da droga, o indivíduo sente sintomas negativos (abstinência), e assim, ele busca consumi-la
para acabar com os sintomas. Esse reforço negativo também pode estar associado ao desenvolvimento da dependência, uma vez que a droga é
consumida de maneira contínua, como meio de evitar as consequências aversivas da abstinência. Assim, os reforços positivo e negativo associados
fornecem evidências para explicar o início e a manutenção do comportamento compulsivo da dependência.
Mecanismos moleculares da dependência
Conforme já discutimos, as características da dependência, como perda de controle e compulsão, desenvolvem-se de forma gradual e progressiva
durante o uso de exposições contínuas a uma droga de abuso, e podem persistir por meses ou anos após a descontinuação do seu uso. Mas quais
seriam os mecanismos moleculares capazes de explicar esses comportamentos a longo prazo?
Acredita-se que a dependência possa ser considerada um resultado de uma neuroadaptação induzida pela droga, por meio da alteração na
expressão gênica, uma vez que esses genes são codificados a proteínas, e essas proteínas sintetizadas afetam a função dos neurônios que se
manifestam em alterações no comportamento do indivíduo. Destacamos as alterações na expressão dos fatores de transcrição CREB e DeltaFosB
(ou ΔFosB), capazes de regular inúmeros genes neurais e estarem associadas à dependência.
Critérios diagnósticos para a dependência química
Neste vídeo, o especialista Pedro Azevedo se baseará nas determinações do DSM-V para apresentar e explicar os critérios diagnósticos para a
dependência química.
CREB 
DeltaFosB (ou ΔFosB) 

Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A respeito da definição da dependência química, assinale a alternativa correta:
Parabéns! A alternativa A está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
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Questão 2
A tolerância é utilizada como um dos critérios diagnósticos para a dependência de droga. O conceito correto de tolerância é
A
Síndrome comportamental caracterizada pela compulsão sobre o consumo de uma droga, mesmo com intensos prejuízos
individuais e sociais.
B
Ausência de efeito, determinada geneticamente e observada na primeira vez em que a droga é administrada, mesmo em altas
concentrações.
C
Caracterizada pelo aumento da resposta em decorrência da administração de pequenas quantidades da droga ou após a sua
administração repetida.
D
Sintomas mentais e físicos que ocorrem após a interrupção ou diminuição no consumo de uma substância que causa
dependência.
E
Síndrome comportamental caracterizada pelo pleno controle sobre o consumo de uma droga, mesmo com intensos prejuízos
individuais e sociais.
Parabéns! A alternativa C está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
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2 - Principais drogas de abuso
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer as propriedades toxicológicas das
principais drogas de abuso.
A
necessidade de diminuição da dose para alcançar a mesma intensidade de efeito desejado, pois há uma diminuição
marcante dos efeitos quando a dose é mantida.
B
necessidade de aumento da dose para alcançar a mesma intensidade de efeito desejado, pois há um aumento marcante dos
efeitos quando a dose é mantida.
C
necessidade de quantidades maiores da substância para que haja o efeito desejado, pois há acentuada redução do efeito
com uso contínuo da mesma quantidade de substância.
D
aumento do tempo necessário para recuperação de seus efeitos, ou, ainda, acentuado aumento do efeito com uso contínuo
da droga.
E
abandono de atividades sociais em virtude do uso da substância, ou necessidade de quantidades muito maiores da
substância para que haja intoxicação ou o efeito desejado.
Principais drogas de abusos
As drogas de abuso são classificadas em diferentes grupos, de acordo com sua ação no Sistema Nervoso Central (SNC). Utilizadas para alterar o
humor e a percepção, produzir efeitos prazerosos como euforia, atuam no sistema de recompensa descrito anteriormente e são capazes de induzir
dependência química. Entre elas, destacamos:
• Estimulantes do SNC
• Depressores do SNC
• Canabinoides
• Alucinógenos
• Opioides
Neste momento, abordaremos as características toxicológicas das principais drogas de abuso, com exceção dos opioides e do tabaco, que serão
abordados futuramente.
Estimulantes do SNC ou psicoestimulantes
Cocaína
Estrutura química da cocaína.
A cocaína, ou éster do ácido benzoico, é um dos alcaloides isolados das folhas da Erythroxylon, e desde 1884 tem sido utilizada como anestésico
local. Atualmente, devido ao alto potencial de desenvolver dependência, o seu uso abusivo representa um grande problema de saúde pública em
todo o mundo.
Após a maceração, as folhas da Erythroxylon são convertidas em pasta de coca, e a partir da sua purificação, é obtido o cloridrato de cocaína (pó
cristalino), sal hidrossolúvel empregado na autoadministração oral, intranasal e intravenosa.
Quando aquecido em solução alcalina, é transformada no crack, forma de base livre, que se apresenta como cristais irregulares em forma de
“pedras”, nome pelo qual é vulgarmente chamado. Vale ressaltar que a purificação da pasta de coca é clandestina e irregular, e, muitas vezes, são
utilizados compostos tóxicos e adulterantes, como amônia, éter, querosene, anestésicos locais e outros estimulantes, cujas associações podem
significar interações importantes.
Erythroxylon Coca.
Pó cristalino
Cocaína em pó.
Crack
A expressão crack remete aos “estalos” obtidos durante o aquecimento da droga.Outras denominações populares também podem ser utilizadas, entre elas merla, base, freebase, bazuco etc.
Saiba mais
A cocaína fumada é absorvida rapidamente pelos alvéolos pulmonares e alcança imediatamente o cérebro, produzindo os efeitos prazerosos de
forma imediata (8 segundos). O consumo da cocaína por essa via tem aumentado devido à conveniência e facilidade no seu uso, sem a
necessidade de agulhas e seringas, e à velocidade da entrega de doses adicionais da droga. Por apresentar caráter lipofílico, é capaz de atravessar
a barreira hematoencefálica e acumular no SNC. A sua eliminação é predominantemente controlada pela sua biotransformação, que é muito
extensa.
No SNC, a cocaína bloqueia a recaptação de dopamina, norepinefrina e serotonina por meio de seus respectivos transportadores, conforme
podemos acompanhar na imagem.
O aumento das concentrações de dopamina no NAc foi implicado nos efeitos de recompensa, o aumento da neurotransmissão no locus ceruleus
mantém o estado de alerta e a capacidade de respostas a estímulos inesperados. Também apresenta efeito simpaticomimético, que induz aumento
da pressão arterial, à taquicardia e, com frequência, a arritmias ventriculares, culminando em uma cardiotoxicidade.
Mecanismo de ação da cocaína.
Há ainda outros efeitos constatados após o uso de cocaína:
Em geral, os usuários perdem o apetite, são hiperativos e dormem pouco. A exposição à cocaína aumenta o risco de hemorragia intracraniana,
acidente vascular encefálico isquêmico, infarto do miocárdio, convulsões, além de outras complicações psiquiátricas, e respiratórias.
O consumo da cocaína durante a gestação está associado ao retardo do desenvolvimento fetal, más-formações congênitas, cardiomiopatias,
distúrbios de comportamento e microcefalia.
Além de ser encontrada no leite materno, já foi observado o seu acúmulo no fígado, e acredita-se que por difusão passiva para o folículo piloso, ela
seja incorporada no cabelo. A superdosagem de cocaína pode resultar em hipertermia, coma e morte.
A tolerância aos efeitos comportamentais da cocaína parece ocorrer em usuários crônicos, após consumo de altas
doses, e consiste na diminuição dos efeitos eufóricos e fisiológicos.
Além disso, em alguns usuários, há o desenvolvimento de taquifilaxia, e da tolerância reversa. Os indivíduos podem se tornar dependentes após
algumas exposições à cocaína, considerada uma das substâncias com maior potencial de abuso, devido à sua capacidade de produzir reforço
positivo. Os efeitos mais frequentes da síndrome de abstinência são irritabilidade, perda do desejo sexual, tremores, bradicardia, sonolência e
fadiga, além de disforia e anedonia (incapacidade de sentir prazer), que se opõem à euforia expressa imediatamente após a administração da droga.
Anfetamina
Estrutura química da Anfetamina.
As anfetaminas e seus derivados como a metanfetamina e o 3,4-metilenodioximetanfetamina (MDMA) são drogas de abuso frequentemente
encontradas no Brasil.
São muito difundidas entre os caminhoneiros que fazem uso dos chamados “rebites” para enfrentar a jornada exaustiva, e combater a fadiga e
melhorar o estado de alerta.
Metanfetamina.
Estrutura química da Metanfetamina.
,4-metilenodioximetanfetamina (MDMA).
Estrutura química da MDMA.
Atualmente, em sua grande maioria, são produzidas em laboratórios clandestinos, sem controle de qualidade, o que dificulta a sua identificação
química exata com o risco de haver presença de contaminantes, solventes e subprodutos originados durante a sua síntese.
Veja de que modo ocorre sua produção, as formas de utilização mais frequentes e de que maneira a droga é expelida:
Produção
A metanfetamina é preparada a partir da solução saturada e alcalinizada de cloridrato de metanfetamina que, depois de aquecida e resfriada, forma
cristais denominados ice drops, que são fumados, de forma semelhante ao crack. Também é popularmente conhecida como cristal, chalk, speed,
meth e glass.
Vias de administração
Podem ser utilizadas por via oral (rapidamente absorvida pelo TGI), injeção intravenosa e por aspiração nasal, na forma de sal. Após serem
distribuídos no organismo e sofrerem metabolismo hepático, os derivados anfetamínicos, somados a 30% da anfetamina inalterada, são excretados.
Eliminação
Sua excreção ocorre através da urina. Por ser uma base fraca, a droga é excretada mais rapidamente em uma urina com pH ácido. Durante a
intoxicação aguda, a acidificação da urina com a administração de cloreto de amônio pode ser realizada para aumentar a velocidade de eliminação
da droga.
Cristal
Cristais de metanfetamina.
As anfetaminas apresentam efeitos e mecanismos de ação muito semelhantes à cocaína, potencializando indiretamente a neurotransmissão
dopaminérgica, adrenérgica e serotoninérgica, como podemos observar na imagem:
Mecanismo de ação das Anfetaminas.
Sua ação estimulante do SNC é acentuada e mais persistente que a da cocaína, o que a torna atrativa como droga de abuso e consequentemente,
induz dependência. Aumenta o estado de vigília e reduz o sono, ao mesmo tempo em que os efeitos sobre o sistema dopaminérgico medeiam a
euforia, e podem causar movimentos anormais (comportamento estereotipado) e precipitar episódios psicóticos semelhantes aos da esquizofrenia.
Os mecanismos envolvidos nas propriedades de reforço e no desenvolvimento da dependência parecem estar associados com a liberação de
dopamina no núcleo accumbens. O quadro de abstinência, provoca sintomas como fadiga, fissura intensa, cefaleia, ansiedade, agitação, pesadelo,
anedonia, humor depressivo, letargia e hiperfagia. No entanto, os sintomas também podem ser relativos ao modo de utilização, como podemos
acompanhar no exemplo.
Fissura
Comportamento relacionado ao forte desejo de usar a droga.
Exemplo
Quadros mais intensos como paranoia e prejuízo cognitivo, por exemplo, são observados em indivíduos que a utilizam por via injetável. De forma
preocupante, as anfetaminas são neurotóxicas e, do mesmo modo que a cocaína, podem induzir efeitos tóxicos no coração, inclusive morte de
células do músculo cardíaco, além de induzir quadros graves de hipertermia, como pelo uso de altas doses do MDMA.
No Brasil, o MDMA, principal composto do ecstasy, é sintetizado e comercializado ilegalmente, sobretudo na forma de comprimidos ou pó.
O seu consumo é quase exclusivo pela via oral. Designada como “club drugs”, por sua popularidade em danceterias, em aumentar a
comunicabilidade e empatia, apresenta o mecanismo comum aos derivados anfetamínicos, mas é um potente estimulante da liberação de
serotonina (5-HT). Euforia, sudorese, sede, hipertermia e as alucinações visuais são efeitos comuns da utilização do MDMA.
Alguns derivados anfetamínicos estão aprovados para o tratamento do transtorno de déficit de atenção-hiperatividade (TDAH), e no tratamento da
obesidade devido ao seu efeito anorexígeno. No entanto, diversos indivíduos saudáveis utilizam esses fármacos com a finalidade de melhorar o
desempenho cognitivo, prática conhecida como “doping intelectual”. Além disso, devido às propriedades estimulantes da atividade motora, as
anfetaminas são muito utilizadas por atletas de forma ilegal para melhorar o desempenho físico.
Ecstasy
Comprimidos de Ecstasy.
Club drugs
Drogas de abuso sintéticas, produzidas por síntese química a partir de substâncias precursoras, encontradas ou não na natureza.
Depressores do SNC
Benzodiazepínicos
Os benzodiazepínicos são fármacos prescritos, como ansiolíticos, anticonvulsivantes, relaxantes musculares e hipnóticos, usados no tratamento de
transtornos de ansiedade e insônia. O uso abusivo deles é frequente e, em geral, associado a outras drogas, como álcool, opioides, barbitúricos e
cocaína. Historicamente, o seu uso abusivo está relacionado com a prática de violência sexual, como o conhecido golpe “Boa Noite, Cinderela”, com
o intuito de dificultar o controle físico e emocional da vítima. Outros efeitos induzidos pelos benzodiazepínicos são a reduçãoda ansiedade e
agressão, a sedação e indução do sono e a redução da tensão muscular.
Entre eles, destacamos o Diazepam, Lorazepam, Clonazepam, Alprazolam, Midazolam e outros, que apresentam uma estrutura química semelhante,
com pequenas variações. Repare as diferenças:
Hipnóticos
Fármacos capazes de induzir o sono.
Diazepan
Lorazepam
Clonazepam
Alprazolam
Midazolam
Os benzodiazepínicos são bem absorvidos pelo TGI, mas também podem ser administrados pela via intramuscular e intravenosa. Sofrem boa
distribuição pelos tecidos, são capazes de atingir o cérebro e são biotransformados pelas enzimas hepáticas, cujos produtos podem ainda
apresentar atividade. Os produtos do metabolismo são preferencialmente eliminados pela via renal, e em menor concentração, nas fezes.
Os benzodiazepínicos potencializam a ação inibitória do neurotransmissor Ácido Gama Aminobutírico (GABA), com
aumento da frequência de abertura do canal de cloreto, que resulta na hiperpolarização da membrana e na inibição
da excitação celular.
De forma geral, induz à desinibição dos neurônios dopaminérgicos. Os efeitos de recompensa dos benzodiazepínicos são mediados por receptores
GABA, expressos nos neurônios da ATV. A tolerância (principalmente aos efeitos sedativos) é muito comum após o seu uso crônico, e o diagnóstico
de dependência com frequência é omitido.
Saiba mais
Pacientes tratados em longo prazo, com o uso de doses maiores do que as terapêuticas, correm maior risco de desenvolvimento da dependência,
além de os idosos serem mais vulneráveis. A redução súbita ou a interrupção da medicação pode causar sintomas de abstinência, que consistem
em irritabilidade, disforia, ansiedade, agitação, insônia, vertigem, hiperreflexia, e até mesmo convulsões, sintomas que desaparecem no decorrer de
uma a duas semanas. A orientação é que pacientes dependentes dos benzodiazepínicos realizem uma redução gradativa da dose.
Em casos de superdosagem ou intoxicação, capazes de induzir depressão respiratória e cardiovascular, pode-se utilizar no tratamento clínico o
Flumazenil, antagonista específico dos receptores benzodiazepínicos, bloqueando os seus efeitos.
Barbitúricos
Os barbitúricos, que antecederam os benzodiazepínicos como os hipnóticos de uso abusivo mais comum, são, hoje em dia, raramente prescritos
devido aos problemas de superdose, à sua estreita janela terapêutica e ao seu potencial de abuso. Atualmente, o Pentobarbital e o Tiopental são
utilizados pela via IV em uso restrito aos hospitais como anestésicos e hipnóticos, além do fenobarbital, utilizado como anticonvulsivante oral.
Pentobarbital
Estrutura química do Pentobarbital.
Tiopental
Estrutura química do Tiopental.
São bem distribuídos no SNC, capazes de alcançar a barreira placentária, e o leite materno. Biotransformados principalmente no fígado, sob ação
enzimática do sistema do citocromo P450, e de forma interessante, atuam como indutores enzimáticos, e podem ser responsáveis pelo
desenvolvimento da tolerância metabólica. A sua eliminação ocorre principalmente pela via renal, e podem acumular em idosos.
Ainda sobre os barbitúricos, é possível destacar que:
Barreira placentária
Estudos associam a efeitos teratogênicos, depressão respiratória, sedação, defeitos de coagulação e outros efeitos no neonato.
istema do citocromo P450
Atenção aos outros fármacos e substâncias metabolizados por esse sistema, há a possibilidade de interações.
Álcool
O álcool é uma das substâncias mais consumidas no mundo, e embora apenas uma minoria se torne dependente, o abuso constitui um problema de
saúde pública grave, devido aos custos sociais, como acidentes de trânsito e às numerosas doenças associadas ao alcoolismo, reconhecida como
uma doença psiquiátrica pela Associação Psiquiátrica Americana.
Os efeitos sedativos e a sensação de tranquilidade e relaxamento, e ocasionalmente euforia, contribuem para as ações reforçadoras e
o potencial de uso abusivo, e constituem os principais motivos para a sua autoadministração. São frequentemente utilizados na
tentativa de suicídio.
As ações depressoras dos barbitúricos sobre o SNC são mais disseminadas que as dos benzodiazepínicos, embora ambos
potencializem a ação de GABA. O seu uso contínuo, em curtos intervalos de tempo, acarreta tolerância.
A dependência de barbitúricos está associada a uma síndrome de abstinência mais grave e potencialmente perigosa, seguida de
ansiedade, alucinações, delírios e convulsões.
A alta incidência dos efeitos tóxicos estão relacionados com a dose, e incluem depressão cardiorrespiratória, hipocalcemia, disfunção
hepática e renal.
Não existe antídoto disponível para os barbitúricos, somente terapias de suporte, descontaminação do TGI e esquemas para aumento
da sua eliminação.
O metabolismo do etanol.
ADH: Álcool desidrogenase; ALDH: Aldeído desidrogenase.
O etanol está disponível em inúmeras bebidas alcoólicas em diferentes concentrações.
Trata-se de uma substância de baixo peso molecular, hidrossolúvel,rapidamente absorvida pelo TGI, que é seguida da sua distribuição aos tecidos.
Sua concentração plasmática máxima é atingida em até 90 minutos após a ingestão. É capaz de atravessar a barreira hematoencefálica e atingir o
SNC. Praticamente todo o etanol ingerido é metabolizado hepaticamente por meio da oxidação, envolvendo as enzimas álcool desidrogenase e
acetaldeído desidrogenase, convertendo-o para acetaldeído e acetato, conforme apresenta a imagem.
Atenção
Já foram descritos na literatura polimorfismos na aldeído desidrogenase, ou seja, variação na expressão gênica entre indivíduos, que podem
culminar em variações nas taxas de biotransformação. A deficiência dessa enzima está associada ao acúmulo progressivo de acetaldeído, e assim,
o indivíduo apresenta os sintomas adversos após a ingestão do álcool.
O álcool não oxidado é excretado pelos rins e pulmões, sendo uma pequena fração encontrada em secreções como suor e saliva. No ar expirado, a
concentração de etanol equivale a 0,05% daquela presente no sangue, relação que é muito utilizada pelos etilômetros ou bafômetros no Brasil.
Inicialmente, tem ativação noradrenérgica causando efeitos estimulantes centrais. Com a exposição contínua, ele potencializa os Receptores
inibitórios (GABA). O álcool também pode atuar em outros neurotransmissores, como serotonina, dopamina, acetilcolina, opioide e glutamato. Por
fim, há a indução da sedação, diminuição da ansiedade, fala lenta, Ataxia, prejuízo da capacidade de julgamento e desinibição do comportamento.
Pode produzir amnésia da memória de curta duração, e à medida que os níveis plasmáticos aumentam, os efeitos sedativos são acentuados e,
quando os níveis de álcool estão muito altos, o indivíduo pode entrar em coma, comumente chamado de “coma alcoólico”, e ir a óbito. O uso crônico
do etanol pode provocar várias complicações, como doença hepática, hematológica, neuronais, gastrointestinal e cardiovascular, como pode ser
observado na imagem seguinte:
Receptores inibitórios (GABA)
Mesmo receptor dos benzodiazepínicos. Atenção ao uso associado, pois há um alto risco de sedação.
Ataxia
Equilíbrio ou coordenação motora prejudicados.
Os efeitos do uso abusivo e contínuo do etanol.
O etanol atravessa facilmente a barreira placentária e pode causar a síndrome alcoólica fetal. Essa condição pode causar danos cerebrais e retardos
no crescimento, que não podem ser revertidos.
O álcool é capaz de fluidificar as membranas, dissolvendo o componente lipídico e diminui a viscosidade, mas, com o tempo, a membrana celular
torna-se rígida e menos sensível ao efeito fluidificante, alterações que estariam associadas ao desenvolvimento da tolerância. Já a tolerância inata
ao álcool é amplamente variável entre os indivíduos. Na ausência do álcool, o desarranjo da membrana pode contribuir para o aparecimento dos
sintomas de abstinência, que pode consistir em tremor (principalmente das mãos), náuseas, vômitos, sudorese excessiva, agitação e ansiedade.
Veja algumasreações causadas pela suspensão do consumo de álcool:
Período de 12 a 24 horas
Em alguns indivíduos, a síndrome de abstinência é acompanhada de alucinações visuais, táteis e auditivas.
Período de 24 a 48 horas
Convulsões generalizadas podem manifestar-se durante esse período.
Período de 48 a 72 horas
O i di íd d t d lí i b ti ê i d ál l (d li i t ) tá i d à lt d t lid d é
O tratamento da abstinência de etanol é de suporte e baseia-se no uso de benzodiazepínicos, além das abordagens psicossociais. O Dissulfiram tem
sido útil no tratamento da dependência, ao bloquear a aldeído-desidrogenase e resultar no acúmulo do acetaldeído, que provoca náusea e uma
reação de ruborização desagradável quando o indivíduo ingere álcool. Saber que essa reação desagradável irá ocorrer, pode ajudar o dependente a
resistir ao desejo incontrolável de voltar a consumir o álcool. A Naltrexona, antagonista dos receptores opioides, representa uma alternativa que
também pode ser utilizada, pois bloqueia as propriedades de ativação endorfínica do álcool.
Efeitos tóxicos decorrente da interação do álcool com
outras substâncias
O especialista Pedro Azevedo apresentará estudos de caso para sintetizar as substâncias que levam a efeitos tóxicos por interação com álcool,
descrevendo seus efeitos.
Inalantes
Os inalantes são compostos orgânicos voláteis inalados intencionalmente pelos seus efeitos psicoativos, como euforia, aumento da sensação de
bem-estar, alívio do estresse e outros. Representado pelos solventes orgânicos como colas, tíner, tintas, esmaltes, propelentes contidos em
aerossóis e fluidos de isqueiro, gasolina, tolueno, éter etílico, clorofórmio, lança-perfume (cloreto de etila), óxido nitroso, cheirinho da loló (mistura de
éter etílico, etanol e clorofórmio), gás de buzina e outros.
Mostrou-se como o terceiro grupo de droga de abuso mais consumida no Brasil, atrás somente do álcool e tabaco, principalmente entre a
população mais jovem e crianças carentes, uma vez que são encontradas com facilidade, estão presentes em uma variedade de produtos
domésticos e serem produtos comerciais relativamente baratos.
Os vapores das substâncias podem ser inalados pelo nariz ou pela boca, a partir de um recipiente aberto, de um pedaço de tecido molhado na
substância volátil, ou da inspiração e expiração de dentro de um saco de papel ou de plástico cheio de vapores. Em algumas situações, a
concentração de vapor é alta o suficiente para produzir inconsciência, delírios e sedação, assim como alucinações visuais e auditivas.
O indivíduo pode apresentar delírio por abstinência de álcool (delirium tremens), que está associado à alta da mortalidade, e é
caracterizado por alucinações, desorientação e evidências de instabilidade autônoma.

Os mecanismos de ação dos inalantes ainda não estão totalmente estabelecidos. Acredita-se que os solventes orgânicos aumentem a função dos
receptores GABA. A tolerância pode ocorrer, mas é difícil de ser estimada, e a dependência manifesta-se pela compulsão em inalar essas
substâncias. Os sintomas da abstinência incluem:
• Inquietação
• Insônia
• Cefaleia
• Náusea
• Vômitos e outros
O uso prolongado dos inalantes afeta órgãos como cérebro, coração, pulmão, fígado, rins e medula óssea, e pode
causar sufocação, arritmias cardíacas e morte súbita.
Curiosidade
Solventes como o hexano e o tolueno têm sido associados a danos neuronais, os nitratos são capazes de produzir hipertensão e
metemoglobinemia, os hidrocarbonetos aromáticos podem induzir lesões na substância branca no SNC, hepatomegalia e cirrose. Os inalantes são
capazes de atravessar a placenta e podem afetar o desenvolvimento fetal, aumentar o risco de aborto espontâneo e de malformações.
Canabinoides
A Cannabis, popularmente conhecida como a planta da maconha, refere-se a várias drogas derivad1s da planta Cannabis sativa, que tem sido
cultivada há séculos por suas supostas propriedades psicoativas e medicinais. Seus efeitos medicinais estão associados ao Canabidiol (CBD), que
apresenta propriedades antieméticas que atenuam os efeitos colaterais dos quimioterápicos antineoplásicos, efeitos relaxantes musculares, alívio
da dor crônica, anticonvulsivantes e na redução da pressão intraocular elevada.
Estrutura química do -tetra-hidrocanabinol ( -THC).Δ9 Δ9
Em 2013, foi considerada a droga de uso ilícito mais consumida no mundo. A fumaça exalada da queima da erva contém várias substâncias
químicas, incluindo 61 canabinoides diferentes identificados até agora. Entre eles, o alcaloide -tetra-hidrocanabinol ( -THC), poderosa
substância psicoativa, responsável pela maioria dos efeitos característicos da maconha fumada por meio de cigarros conhecidos como “fininho” ou
“baseado”
Maconha
Refere-se às folhas secas das plantas Cannabis. Algumas preparações que podem ser obtidas: ela pode ser fumada por meio de cachimbos, ou
consumidas por via oral, adicionando-a a alimentos como bolos, biscoitos, doces e bebidas.
Saiba como ocorre sua absorção, de que maneira ocorre a distribuição da droga no organismo e de que modo ela é excretada:
Absorção
A absorção pulmonar do -THC é muito rápida, atinge níveis plasmáticos máximos entre 3 e 10 minutos. Quando administrada por via oral,
apresenta absorção lenta e irregular, com início dos efeitos mais demorado e com maior variabilidade de respostas, reflexo do extenso metabolismo
hepático de primeira passagem.
Distribuição
Após absorvido, é rapidamente distribuído para os tecidos altamente vascularizados, e em seguida, há uma redistribuição, principalmente ao tecido
adiposo. É capaz de cruzar a barreira placentária e ser secretado no leite materno.
Excreção
O -THC sofre biotransformação, principalmente pelo sistema do citocromo P450, envolvendo a síntese de mais de 20 compostos identificados na
urina (o TCH-COOH eliminado na urina pode ser utilizado como biomarcador de exposição à Cannabis) e nas fezes (por sofrer recirculação êntero-
hepática, apresenta lenta eliminação).
THC-COOH
Ácido 11-nor-delta9-tetrahidrocanabinol-9-carboxilico.
Agonista parcial do receptor canabinoide tipo 1 (CB1) acoplado à proteína G, o -THC provoca ativação dos neurônios dopaminérgicos,
principalmente por meio da inibição dos neurônios GABA na ATV. Os efeitos imediatos do -THC consistem em euforia e relaxamento, diminuição
da ansiedade e sedação. Os usuários também relatam sensações de:
• Bem-estar
• Aumento do desejo sexual
• Aumento da autoconfiança
Δ9 Δ9
Δ9
Δ9
Δ9
Δ9
• Grandiosidade
• Aumento da sociabilidade
• Percepção alterada da passagem do tempo
• Aumento da percepção de sensações
Há relatos de perda da memória recente, déficits cognitivos e perda da discriminação de tempo e de espaço. Além de alguns efeitos físicos como
taquicardia, variação na pressão sanguínea, hiperemia das conjuntivas , hipossalivação, boca seca, e aumento do apetite.
Hiperemia das conjuntivas
Olhos vermelhos.
Em doses mais altas também podem ocorrer reações desagradáveis, como pânico, alucinações e, até mesmo,
psicose aguda.
A tolerância para efeitos da maconha pode desenvolver-se após exposição crônica, por meio da diminuição da expressão do receptor , como
decréscimo da locomoção, catalepsia, antinocicepção, hipotermia . A exposição crônica à maconha leva à dependência, que é revelada por uma
síndrome de abstinência discreta e de curta duração, que consiste em disforia, inquietação, irritabilidade, agitação discreta, insônia, tremores,
náuseas e cãibras.
Catalepsia
Incapacidade para mover os membros, a cabeça ou até falar.
Antinocicepção
Redução na capacidade de perceber a dor.
Hipotermia
Queda significativa e potencialmente perigosa na temperatura do corpo.
Psicodélicos (alucinógenos)
Os psicodélicos são um grupo de substâncias com efeitos alucinógenos, privando o indivíduo de razão, entendimento e da realidade
(despersonalização). Seus efeitos são de distorção do funcionamento cerebral, deixando percepções alteradas, como visões deformadas e
distorção de core de forma. São também denominados como psicomiméticos, pois suas manifestações são semelhantes à psicose. Também
produzem sintomas somáticos (tontura, náuseas, parestesias e visão turva). Inicialmente, foram isolados de plantas, e os principais representantes
são:
Alucinógenos
Por definição, alucinação é um conjunto de percepções visuais, auditivas, olfativas, gustativas e táteis, elaboradas pela mente e projetadas sobre os
sentidos, como se a sensação tivesse sido provocada por um fato existente.
Despersonalização
Sensação persistente de observar a si mesmo de fora do corpo ou ter a sensação de que seus arredores não são reais.
CB1
A mescalina
A psilocibina
O LSD
O LSD (dietilamina do ácido lisérgico) é um alcaloide derivado do esporão do centeio (ergot). Apresenta estrutura química semelhante a 5-HT, e
acredita-se que atue como agonista serotoninérgico. Sobre sua utilização, sabe-se que:
Ergot (gênero Claviceps).
Atualmente, esses alucinógenos são comercializados ilegalmente, com natureza química distinta, grande quantidade de impurezas e a possível
contaminação com produtos secundários. Os alucinógenos:
Não induzem dependência, pois são incapazes de estimular a liberação de dopamina no sistema dopaminérgico mesolímbico.
Entretanto, o indivíduo pode iniciar um consumo frequente como forma de fugir da realidade, e a sua exposição repetitiva leva ao rápido
desenvolvimento de tolerância.
Vale ressaltar que muitos usuários utilizam as drogas de abuso discutidas, de forma associada ou sequencial, prática perigosa, pois pode estar
associada a inúmeras interações e geração de substâncias mais tóxicas.
Quando consumido por via
sublingual, utilizando um
pedaço de papel de filtro
impregnado com o LSD, os
seus efeitos aparecem
normalmente entre 35 e 45
minutos, durando
aproximadamente de 6 a 12
horas.
Durante esse período,
ocorrem oscilações entre
alucinações e os sentidos
normais, e os indivíduos têm a
sua capacidade prejudicada
para fazer qualquer
julgamento racional e
entender perigos comuns, de
modo que passam a correr
risco de acidentes e dano
pessoal.
No estágio final, são
verificados efeitos de tensão
e de fadiga, que podem durar
vários dias. Além disso, o
consumo do LSD em grávidas
pode provocar fortes
contrações do útero e induzir
o aborto.

Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
As drogas de abuso depressoras da atividade do Sistema Nervoso Central (SNC) são substâncias capazes de produzir sonolência, depressão
respiratória e até coma. Assinale a alternativa em que todas as substâncias são depressoras do SNC.
A Barbitúricos; álcool etílico; benzodiazepínicos.
B Etanol; MDMA (3,4-Metilenodioximetanfetamina); maconha.
Parabéns! A alternativa A está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EO%20%C3%A1lcool%2C%20os%20benzodiazep%C3%ADnicos%20e%20os%20barbit%C3%BAricos%20s%C3%A3o%20considerados%20
Questão 2
Drogas estimulantes do sistema nervoso central (SNC) são substâncias que aumentam a atividade do cérebro e geralmente inibem as
sensações de fome, cansaço e sono, podendo produzir estados de excitação e aumento da ansiedade. Assinale a alternativa em que todas as
substâncias se classificam como drogas estimulantes do SNC.
Parabéns! A alternativa C está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EA%20anfetamina%2C%20o%20MDMA%20e%20a%20coca%C3%ADna%20s%C3%A3o%20drogas%20de%20abuso%20estimulantes%20d
C MDMA (3,4-Metilenodioximetanfetamina); maconha; barbitúricos.
D Álcool etílico; cocaína; benzodiazepínicos.
E Anfetamina; LSD (Dietilamina do Ácido Lisérgico); barbitúricos.
A MDMA (3,4-Metilenodioximetanfetamina); cocaína; benzodiazepínicos.
B Heroína; cocaína; barbitúricos.
C Anfetamina; MDMA (3,4-Metilenodioximetanfetamina); cocaína.
D Cocaína; LSD (Dietilamina do Ácido Lisérgico); barbitúricos.
E LSD (Dietilamina do Ácido Lisérgico); etanol; anfetamina.
3 - Opioides e suas propriedades toxicológicas
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car as principais propriedades toxicológicas dos
opioides.
Características gerais dos opioides
Neste módulo, abordaremos os principais aspectos relacionados à toxicologia dos opioides. Inicialmente, precisamos diferenciar os opiáceos dos
opioides. Os opiáceos são alcaloides naturais contidos no ópio (Extrato do suco da papoula Papaver somniferum), que incluem a morfina e a
codeína, e alguns derivados semissintéticos, como a heroína.
O termo opioide é mais amplo e se refere a qualquer substância relacionada ao ópio, natural ou sintética, que produza efeitos semelhantes ao da
morfina, como a metadona e o propoxifeno.
Entenda como os opiodes podem ser administrados, de que forma ocorre sua utilização e quais os possíveis efeitos:
Administração
Os opioides podem ser administrados por via oral, parenteral ou intratecal.
Utilização
Sua utilização ocorre de forma terapêutica como analgésico, antidiarreico, antiespasmódico e antitussígeno.
Efeitos
Os efeitos euforizantes que apresentam e popularizaram a sua utilização, principalmente como goma de mascar, solução ou até mesmo fumado em
cachimbos especiais.
Comentário
Nas últimas décadas, foi observado um aumento da sua utilização não controlada e de indivíduos dependentes a essas substâncias, associado à
maior incidência de mortes e internações em diversos países, incluindo o Brasil.
O desenvolvimento da dependência desses compostos pode estar associado ao uso deles em pacientes em tratamento da dor, mas que continuam
a usá-los mesmo após a cura da dor que motivou a prescrição, convencendo o médico de que ainda necessitam da medicação, ou mais
frequentemente, quando há a influência de amigos ou por usuários ilegais, principalmente relacionada à administração intravenosa da heroína.
Efeitos dos opioides associados aos seus receptores
Já está estabelecido que os opioides exógenos produzem seus efeitos por meio das interações com os receptores opioides endógenos, de forma
semelhante à ligação das endorfinas e encefalinas.
As três principais classes de receptores opioides descritos são: (mi), (kappa) e (delta), embora o cérebro possa conter tipos adicionais como o
. Todos esses receptores são metabotrópicos, acoplados à proteína G inibitória e, portanto, abrem os canais de potássio (causando
hiperpolarização) e inibem a abertura dos canais de cálcio e a liberação do neurotransmissor. Além disso, eles inibem a Adenilil ciclase e ativam a
via das MAP quinases (EKR). Esses receptores apresentam distribuição anatomicamente heterogênea no SNC, responsáveis por dar origem a
diferentes efeitos e respostas.
Veja a seguir a contribuição de cada uma das principais classes de receptores opioides:
µ (mi)
Os receptores são responsáveis pela maioria dos efeitos analgésicos, e pelos principais efeitos adversos, como a indução da depressão
respiratória, euforia, sedação e dependência. A depressão respiratória, associada à diminuição da sensibilidade do centro respiratório, à pressão
µ κ δ
ORL1
μ
parcial arterial e à inibição da geração do ritmo respiratório, é a causa mais comum de óbito na intoxicação por opioides. Além disso, eles
reduzem o componente afetivo da dor, provavelmente relacionado ao sistema límbico, envolvido na sensação de contentamento e bem-estar.
κ (kappa)
Os receptores também contribuem para a analgesia, e podem causar sedação, disforia e alucinações.
δ (delta)
A ativação dos receptores resulta em analgesia, mas também podem ser pró-convulsivantes.
Vale ressaltar que os opioides podem variar em relação à sua eficácia nos diferentes tipos de receptor, e atuar como agonistas puros, parciais, ou
antagonistas (bloqueiam os efeitos dos opioides). A metadona, por exemplo, apresenta alta afinidade pelos receptores , mas afinidade mais baixa
pelos receptores e .
De forma interessante, alguns opioides, como a codeína, deprimem oreflexo da tosse em doses subanalgésicas, porém, causam constipação como
efeito adverso. Náuseas e vômitos ocorrem em até 40% dos pacientes em uso da morfina, por atuarem na zona quimiorreceptora do gatilho, embora
esses efeitos sejam transitórios e desapareçam com o uso repetido.
A contrição pupilar (pupilas puntiformes) é induzida por estímulos no nervo oculomotor mediada pelos receptores e , característica importante
do diagnóstico da intoxicação por opioides.
Pupila puntiforme característica associada ao uso de morfina.
Zona quimiorreceptora do gatilho
CO2
κ
δ
μ
δ κ
μ κ
Região do bulbo em que muitos tipos de estímulos químicos podem iniciar vômitos.
Tolerância aos opioides
O desenvolvimento da tolerância está associado ao uso prolongado dos opioides, e doses cada vez maiores são necessárias para manter a
intensidade de efeitos, como euforia e bem-estar. No entanto, a tolerância é seletiva, efeitos como miose e constipação se alteram pouco durante o
uso prolongado, enquanto outros apresentam elevada tolerância, como efeitos analgésicos, euforizantes, e depressores respiratórios.
Miose
Constrição pupilar.
Exemplo
Usuários dependentes que administram doses elevadas de opioides, e já se encontram em tolerância, podem apresentar uma ausência ou reduzida
depressão respiratória, mas acentuada constipação e constrição pupilar.
Constipação
Os opioides aumentam o tônus e reduzem a motilidade em muitas partes do sistema gastrointestinal, resultando em constipação, que pode ser grave e
problemática para o paciente.
A tolerância é resultado da dessensibilização dos receptores opioides μ, e em parte devido a outras alterações adaptativas em nível celular e
sináptico. Por atuarem no mesmo receptor, os opioides apresentam como característica a tolerância cruzada, ou seja, indivíduos tolerantes à
morfina são também tolerantes à heroína, metadona e a outros. Na clínica, a rotatividade entre os opioides é frequente para superar a perda da
eficácia, por exemplo, em casos de pacientes em cuidados paliativos, com dor grave causada por câncer.
Dependência dos opioides
O grupo dos opioides provoca forte dependência caracterizada por desejo, compulsão ou necessidade incontrolável de continuar administrando o
fármaco e obtê-lo, sejam quais forem os meios. A morfina, por exemplo, apresenta a capacidade de produzir uma intensa sensação de bem-estar e
tranquilidade, efeito procurado pelos usuários, que relatam uma sensação de prazer intenso comparável a um orgasmo, porém, localizado no
abdômen.
No entanto, a dependência é rara em pacientes que recebem opioides para controlar a dor sob acompanhamento médico. Uma intensa
neuroadaptação é induzida pelos opioides em poucos meses, e a interrupção do seu uso está associada à síndrome de abstinência.
Acredita-se que:
Primeiro
Essa neuroadaptação possa estar associada a outros eventos moleculares. Entre eles, a alteração na fosforilação dos receptores
opioides, modificando sua habilidade em interagir com seus ligantes ou com a proteína G, que pode culminar em uma diminuição da
sensibilidade funcional dos receptores e ser responsável por causar a tolerância.
Segundo
A it bilid d d ô i d l l (LC) i d id l i id d t ib i d l i t d
Esses e outros aspectos podem ser observados na imagem a seguir:
Mecanismo dos opioides na via de recompensa encefálica na ATV e no NAc
Acredita-se que a atuação dos opioides nessas regiões esteja associada ao desenvolvimento da sua dependência, uma vez que essas regiões são
essenciais para a indução do reforço positivo e associadas a propriedades reforçadoras do abuso de drogas.
Vale ressaltar que alguns analgésicos opioides, como a Codeína, Pentazocina e Tramadol, têm muito menos
probabilidade de causar dependência.
Síndrome de abstinência dos opioides
A síndrome de abstinência dos opioides está relacionada com os sinais e sintomas característicos, que incluem lacrimejamento, rinorreia, bocejos
excessivos, transpiração e desejo intenso de consumir a droga. Outros efeitos podem surgir após as 24 horas de abstinência da morfina, como, por
exemplo:
• Irritação
A menor excitabilidade dos neurônios do locus coeruleus (LC) induzida pelos opioides pode contribuir para o desenvolvimento da
dependência e da síndrome de abstinência.
Terceiro
Os opioides também inibem os neurônios GABA na ATV, que expressam receptores opioides μ que, por sua vez, desinibem os
neurônios dopaminérgicos na ATV, e assim, aumentam indiretamente a liberação de DA no NAc.
• Inquietude
• Midríase (dilatação da pupila)
• Anorexia (perda de peso)
• Tremor (fibrilações musculares)
• Arrepio (piloereção)
Casos graves estão associados à insônia, ao espasmo intestinal, à diarreia, elevação da pressão arterial e da frequência cardíaca.
Atenção
A síndrome pode variar entre 5 e 10 dias, e, em alguns casos, o paciente pode ir a óbito em decorrência de distúrbios cardíacos e/ou intestinais.
Após esse período, todos os efeitos começam a diminuir de intensidade, mas a irritabilidade e a agressividade persistem por muitas semanas. Os
sinais e sintomas são muito menos intensos se a retirada do opioide for gradual.
Como já conhecemos as características toxicológicas gerais do grupo dos opioides, vamos agora resumir as propriedades específicas dos
principais opioides.
Mor�na
Estrutura química da morfina.
Considerada o protótipo dos opiáceos, é o principal constituinte do ópio. Tem sido utilizada na prática clínica no combate à dor visceral e à dor
intensa. Sua estrutura foi determinada em 1902, e, desde então, muitos compostos semissintéticos e inteiramente sintéticos foram desenvolvidos,
compostos que serão abordados ao longo deste módulo.
Protótipo
Protótipo é o termo usado para se referir ao que foi criado pela primeira vez, servindo de modelo ou molde para futuras produções.
Conheça detalhadamente as vias de administração da morfina e suas características farmacocinéticas:
Administração e absorção
Pode ser administrada de forma parenteral, por meio de injeções intramusculares (I.M.) e subcutâneas, seguidas de rápida absorção. A absorção
por via oral é lenta e variável, utilizada para tratar dor crônica.
Distribuição
Após absorvida, é rapidamente distribuída aos tecidos e órgãos, mas devido à barreira hematoencefálica, a sua concentração no cérebro é reduzida.
Metabolismo e eliminação
Após esse processo, sofre metabolismo hepático e o principal conjugado 3-glicuronídeo, bem como a morfina livre, é principalmente eliminado pela
urina, além das fezes e pelo ar expirado.
De forma interessante, outro conjugado formado na biotransformação, a morfina-6-glicuronídeo é um potente
agonista do receptor μ, produzindo efeito analgésico 13 a 200 vezes mais potente que a morfina.
A administração de altas doses da morfina, intencionalmente ou de forma acidental em farmacodependentes, ou por tentativas de suicídio, está
associada a quadros de intoxicação aguda e à presença da tríade de sintomas: pupilas puntiformes, depressão respiratória e coma. Além disso,
pode causar a constipação e, por estimular a liberação histamínica pelos mastócitos, causar broncoconstrição e hipotensão, reação de urticária, e
aumento do hormônio antidiurético (ADH).
Por fim, se não tratados com a Naloxona (discutida adiante) esses pacientes podem evoluir para insuficiência respiratória e irem a óbito. Em longo
prazo, o seu uso está associado a irregularidades no ciclo menstrual, decréscimo do apetite sexual e diminuição da fertilidade, frequência
respiratória abaixo do normal, além dos fenômenos de tolerância e dependência. Ela também parece exercer um efeito imunossupressor, levando ao
aumento da suscetibilidade às infecções, embora ainda não esteja claro o exato mecanismo.
É capaz de atravessar a barreira placentária, e devido à baixa capacidade de conjugação dos recém-nascidos, apresentam maior duração de ação e
pode causar depressão respiratória, miose e síndrome de abstinência, quadro que pode ser letal. Assim, o uso da morfina nãoé recomendado no
período neonatal, nem como analgésico durante o parto. Discutiremos no vídeo outras repercussões do uso dos opioides na gravidez e no recém-
nascido.
Repercussões do uso de opioides na gravidez e no recém-
nascido
Conforme mencionado, o especialista Pedro Azevedo destacará os riscos e consequências do uso de opioides na gravidez e no recém-nascido, a
partir de alguns estudos de caso.
Codeína (3-metoximor�na)
Apresenta aproximadamente 10% da potência analgésica da morfina, e é utilizada, absorvida e eliminada da seguinte maneira:

Estrutura química da codeína.
Utilizada
Como droga analgésica, no tratamento de dor leve, e como antitussígena.
Absorvida
É bem absorvida pela via oral.
Eliminada
Os produtos do metabolismo podem ser eliminados na urina, bile e nas fezes.
Diferentemente da morfina, causa pouca ou nenhuma euforia, mas quando combinada com outras drogas, como a Glutetimida (sedativo hipnótico),
resulta em euforia comparável ao efeito da heroína.
Em quadros de intoxicações por codeína, os sintomas são semelhantes à típica tríade de sintomas observada com a morfina, uma vez que a
codeína se converte em morfina por meio do metabolismo, além de poder resultar em ataxia, discurso incompreensível e nistagmo. A codeína
possui menor propensão em causar dependência, frente aos demais analgésicos opioides, mas isso não a exclui do risco.
Codeína
Estrutura química da codeína.
Ataxia
Como vimos, é o equilíbrio ou a coordenação motora prejudicados.
Nistagmo
Movimento involuntário dos olhos que pode fazer o olho mover-se rapidamente de um lado para outro, para cima e para baixo, ou em um círculo,
podendo borrar ligeiramente a visão.
Tramadol
Estrutura química do tramadol.
Análogo sintético da codeína, agonista fraco nos receptores opioides μ. Pode ser administrado por via oral, intravenosa (I.V.) e I.M., e é útil no
tratamento da dor leve à moderada. Também pode ser uma opção na obstetrícia, uma vez que causa menos depressão respiratória neonatal.
Os efeitos colaterais comuns incluem:
• Náusea
• Vômitos
• Tontura
• Boca seca
• Sedação
• Dor de cabeça
• Convulsões
Têm sido relatados casos de abuso e dependência associados ao seu uso.
Heroína
A heroína, também denominada por diamorfina ou 3,6-diacetilmorfina, foi introduzida em 1898 como um medicamento, com o intuito de que a forma
diacetilada da morfina continuasse efetiva contra a tosse, mas com a ausência dos seus efeitos colaterais. Na prática, isso não ocorreu, mas
acabou tornando-se uma das drogas de escolha dos usuários dependentes, e talvez seja a droga mais perigosa devido à sua capacidade de
provocar dependência, que pode ocorrer em poucos dias de uso.
Estrutura química da heroína.
Apresenta alta lipossolubilidade, e é bem absorvida pela via nasal, retal, pulmonar e pelas mucosas, sendo rapidamente distribuída, alcançando o
SNC. Os dependentes de heroína a utilizam pela via I.V. para obter o efeito da droga de forma mais rápida e intensa, alcançando as concentrações
referentes ao período de “onda”, conforme apresenta a imagem seguinte:
Farmacocinética e farmacodinâmica da heroína e metadona.
Note que:
A concentração plasmática da heroína aumenta rapidamente após a administração I.V., provocando uma “onda”; todavia, também declina
rapidamente, causando sintomas de abstinência.
Por outro lado, a concentração plasmática da metadona, permanece na faixa assintomática por um período de mais de 24 horas, de modo que
o paciente não sente a “onda”, nem os sintomas de abstinência.
Comentário
Mais recentemente tem sido descrita uma mudança gradual na preferência para a via intranasal e inalatória, ou seja, fumada. É vendida como pó
branco ou marrom, ou como substância negra pegajosa, conhecida nas ruas como “heroína alcatrão negro”.
A heroína inalada oferece vantagens pela rápida liberação da droga (aproximadamente 11 segundos), além de evitar frequentes superdoses como
nas injeções I.V., evitar as sequelas pelo uso de agulhas, e por atualmente estar disponível com maior grau de pureza. Desse modo, o processo de
fumar resulta em efeito reforçador imediato que pode durar vários minutos. Possui meia-vida plasmática curta, de aproximadamente 3 minutos. Seu
metabolismo se inicia com a geração da 6-monoacetilmorfina (meia-vida de 5 minutos), que é biotransformada em morfina (meia-vida de 18
minutos), e sofre eliminação, principalmente renal.
Nas intoxicações por superdose, o edema pulmonar é a complicação mais frequente, resultado da depressão respiratória e quadro de hipóxia, que
em alguns casos pode levar ao óbito. A heroína ultrapassa a placenta e os bebês podem nascer dependentes, e poucas horas após o parto
apresentar sintomas como vômito, diarreia, convulsão e espasmo muscular.
Fentanil
Estrutura química do fentanil.
Apresenta efeito analgésico semelhante à morfina e de outros opioides, mas é 200 vezes mais potente que a morfina com ação mais curta. No
entanto, desde 1979, o Fentanil e seus derivados, como o alfa-metilfentanil e o 3-metilfentanil, têm sido sintetizados em laboratórios clandestinos e

vendidos de forma ilícita nas ruas como substitutos da heroína.
A inalação abusiva de fentanil está associada com grande número de vítimas fatais e, desse modo, é considerada
uma droga muito perigosa para ser autoadministrada.
Vejamos de que modo ocorre sua administração e excreção, e quais os efeitos mais comuns:
Administração
Ele também pode ser administrado pela via IV, com efeito quase imediato com curta duração.
Excreção
Sua excreção ocorre parcialmente pela urina e pela bile.
Efeito
Como outros opioides, provoca depressão respiratória, bradicardia, hipotensão, hipotermia e convulsões.
A tolerância e a dependência parecem similares às apresentadas por outros opioides.
Pentazocina
Apresenta potencial sedativo e analgésico de três a quatro vezes menor que a morfina, utilizada no controle de dores agudas ou crônicas. Seu uso
repetido pode causar tolerância e dependência.
Estrutura química da pentazocina.
A seguir, acompanhe os detalhe de sua administração, absorção, eliminação e principais efeitos:
Administração
É administrada preferencialmente por via I.V., uma vez que é fracamente absorvida pelo TGI.
Distribuição
Atravessa as barreiras placentárias e hematoencefálica, sendo que a concentração cerebral excede a plasmática.
Excreção
Embora a maior parte do fármaco seja eliminado em 12 horas, os seus produtos do metabolismo podem ser detectados na urina por vários dias.
Efeito
Além de provocar depressão respiratória, em altas doses pode produzir depressão, disforia, confusão mental, pesadelos e alucinações.
Propoxifeno
Estrutura química do proproxifeno.
Apresenta estrutura e propriedades farmacológicas relacionadas à metadona (discutida adiante) com efeito analgésico. Foi a principal droga de
abuso e causa de morte na Inglaterra no final da década de 1960, e atualmente é responsável por mais de 5% dos casos de suicídio.
Embora lenta, a sua absorção por via oral é completa, sofre rápida biotransformação a norpropoxifeno, e é distribuído em órgãos como fígado,
pulmão, rins e cérebro, eliminado pela via renal. Altas doses estão associadas a euforia, alucinações e delírio, seguidos de náusea, vômito, fala
enrolada e coma. As principais causas de morte nas superdosagens são a parada cardíaca, respiratória e convulsões.
Além desses, podemos citar resumidamente mais alguns opioides e suas propriedades especificas:
Oxicodona
A oxicodona é utilizada no tratamento da dor aguda e crônica e encontra-se amplamente disponível em preparação oral de liberação lenta, mas,
infelizmente, ela se tornou popular entre os dependentes em opioides, já que contém grandes quantidades da substância. Popularmente é
denominada de “heroína caipira”.
Estrutura química da oxicodona.
Nalbu�na
A nalbufina é indicada para produzir analgesia, e pode ser utilizada na obstetrícia durante o trabalho de parto. Pode ser administrada por via oral ou
I.M. e ébiotransformada no fígado. Produz poucos efeitos colaterais em doses terapêuticas, mas a sua administração prolongada pode causar
dependência com intensidade semelhante à pentazocina. Em doses elevadas podem ocorrer efeitos colaterais psicomiméticos como disforia,
pensamentos descontrolados e distorções de imagem.
Estrutura da nalbufina.
Petidina
A petidina ou meperidina, agonista do receptor μ, produz efeitos semelhantes, mas com menor duração do que a morfina. É utilizada como pré-
anestésico, em obstetrícia e no alívio da dor moderada a severa. Produz manifestações típicas de outros opioides, podendo desencadear euforia e
agitação, pode induzir excitações no SNC, como tremores e convulsões e é capaz de causar dependência. Apresenta ação antimuscarínica
adicional, que pode causar boca seca e embaçamento visual. Se administrada I.V. pode induzir a taquicardia. Embora seja eliminada lentamente no
recém-nascido, pode ser necessário o uso da Naloxona para reverter a depressão respiratória neonatal.
Estrutura química da petidina.
Dextrometorfano
O dextrometorfano não apresenta efeito analgésico, mas é indicado para tratamento sintomático da tosse seca irritativa (não produtiva) por
apresentar efeito antitussígeno. Em doses muito altas pode produzir miose, depressão respiratória e depressão do SNC. O seu abuso tem
aumentado entre estudantes, por causa da sua fácil disponibilidade. Entre seus efeitos incluem: alucinações visuais, hiperexcitabilidade, fala
arrastada ou enrolada, pressão arterial elevada e outros.
Estrutura química da dextrometorfano.
Seguidamente veremos a buprenorfina, a metadona e a naloxona:
Buprenor�na
Estrutura química da Buprenorfina.
A buprenorfina apresenta alta lipofilicidade, e é 30 a 50 vezes mais potente que a morfina como analgésico e tem longa duração de ação. Aprovada
para o tratamento do vício de opioides, uma vez que é um agonista parcial dos receptores μ. Em razão disso, pode causar sintomas de abstinência
em pacientes que receberam agonista do receptor μ por várias semanas.
Apresenta efeitos colaterais semelhantes à morfina, e em casos de superdose, causa menor depressão respiratória, o que a torna mais segura, e é
uma alternativa viável para a metadona no tratamento de manutenção de curta duração para dependentes de heroína.
Saiba mais
Quando o tratamento é descontinuado, a síndrome de abstinência é instalada. No entanto, ela faz com que o dependente não sinta os seus efeitos
tão intensos e que, a médio prazo, lide de forma mais saudável com a dependência. Quando a heroína é injetada em um indivíduo em uso da
buprenorfina, obtém-se menos euforia, uma vez que ela é agonista parcial e se liga quase irreversivelmente aos receptores.
Metadona
Embora não tenha relação direta com a estrutura química da morfina, assume conformação semelhante em solução, e apresenta ação e potência
analgésica semelhante à morfina.
Estrutura química da metadona.
Exemplo
É utilizada no controle da dor crônica e, devido à dependência cruzada com opioides e menor lentidão no desenvolvimento da dependência quando
comparada com a morfina, ela é empregada no tratamento de indivíduos dependentes de opioides, como, por exemplo, a heroína, tanto na
detoxificação, como nos programas de terapia substitutiva.
Os sintomas da retirada da morfina são mais intensos quando comparados à retirada da metadona após longo tratamento.
Pode ser administrada por via oral, o que é uma vantagem, pois afasta o dependente da agulha. No entanto, ela não deixa de ser uma droga
perigosa, pois apresenta ações em outros locais no SNC e alguns efeitos adversos. Além disso, a associação da metadona com depressores do
SNC, como álcool e barbitúricos, pode intensificar a depressão respiratória, causar confusão mental, coma e morte. Sua meia-vida é longa, o que
permite uma única dose ao dia conforme apresentado anteriormente pela imagem Farmacocinética e farmacodinâmica da heroína e metadona.
Farmacocinética e farmacodinâmica da Heroína e Metadona.
Naloxona
Estrutura química da Naloxona.
A naloxona, apesar de ser um opioide, não é utilizada como droga de abuso. É um antagonista de receptores μ, κ e δ, deslocando a morfina ou
heroína que está ligada a estes receptores, e é capaz de reverter os sintomas causados pelos opioides, além de induzir o aumento do débito
cardíaco e a vasodilatação periférica.
É utilizada tanto durante o tratamento das superdoses de opioides quanto no diagnóstico da intoxicação.
Mecanismo de ação da Naloxona.
Mas, atenção, embora ela não apresente efeitos adversos importantes, há o risco de induzir a síndrome de
abstinência principalmente nos indivíduos dependentes.
Ela funciona como antídoto e por apresentar meia-vida mais curta, durante o tratamento da superdosagem de opioides, ela precisa ser administrada
repetidamente para evitar o efeito depressivo respiratório do agonista. Por possuir uma alta lipossolubilidade, é rapidamente absorvida pela via oral,
I.M. e injeção subcutânea, é distribuída por todos os tecidos, concentrando-se no cérebro, baço, pulmão e no músculo esquelético. Sofre
biotransformação hepática e os metabólitos são excretados na urina.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A heroína é um opioide extremamente potente, e entre os opioides, é a droga com maior potencial de abuso e com alto poder de causar
dependência. Entre os sinais da síndrome de abstinência dos opioides destacam-se
Parabéns! A alternativa D está correta.
A xerostomia (boca seca) e miose.
B hipotensão e hipotermia.
C piloereção e constipação.
D dilatação das pupilas e diarreia.
E aumento da pressão arterial e miose.
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Questão 2
O dia 4 de outubro de 1970 foi marcado no mundo da música como o dia da morte de uma das maiores cantoras de Blues e Soul da história,
Janis Joplin. Ela foi achada morta em um quarto de hotel aos 27 anos de idade, após uma overdose de heroína e álcool. A heroína é uma droga
ilícita extremamente potente, muitas vezes utilizada por via intravenosa e sabidamente capaz de causar intoxicação aguda por superdosagem.
Assinale a opção a seguir que apresenta a droga indicada para tratamento de intoxicação aguda por drogas da família da heroína.
Parabéns! A alternativa B está correta.
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4 - Tabaco e suas propriedades toxicológicas
A Hidralazina.
B Naloxona.
C Enalapril.
D Metadona.
E Morfina.
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car as principais propriedades toxicológicas do
tabaco.
Características gerais do tabaco
Neste módulo, abordaremos os principais aspectos toxicológicos do tabaco. Atualmente, o tabagismo é considerado um dos principais problemas
de saúde pública, e a OMS estima que o seu consumo esteja associado a mais de 8 milhões de mortes por ano, em sua grande maioria resultante
do uso direto ou do tabagismo passivo.
É reconhecido como uma doença crônica causada pela dependência à nicotina presente nos produtos à base de
tabaco.
De acordo com a Revisão da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde – CID-10 (OMS, 2016), a
dependência à nicotina integra o grupo de transtornos mentais e comportamentais em razão do uso de substância psicoativa. Seu uso não se
restringe à saúde dos indivíduos, mas também apresenta repercussão em diversos setores, inclusive sociais e econômicos. O tabaco está presente
em plantas da família das Solanáceas, especificamente a espécie Nicotiana tabacum , cultivada em diversos países, e a nicotina é o principal
composto ativo, presente em sua folha.
Nicotiana tabacum
Espécie onde a nicotina

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