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Classificação dos Crimes

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Direito Penal III 
 
Classificação dos Crimes no Direito Penal 
 
• Quanto ao sujeito ativo 
Os crimes se classificam, quanto ao 
sujeito ativo, em comuns, próprios e de 
mão própria: 
Crime comum: é aquele que não exige 
nenhuma qualidade específica do sujeito 
ativo para sua prática. 
São exemplos os delitos de homicídio, de 
furto e de estupro. 
Crime próprio: é aquele que exige 
determinada qualidade do sujeito ativo 
para sua prática. A doutrina admite a 
autoria mediata, a coautoria e a 
participação nos crimes próprios. 
São exemplos o peculato, no qual se 
exige a qualidade de funcionário público 
(crime funcional); o autoaborto, que só 
pode ser praticado pela própria grávida; 
e o delito de entrega de filho menor a 
pessoa inidônea, o qual só pode ser 
praticado pelos genitores. 
Crime de mão própria: é aquele que 
somente pode ser praticado pela própria 
pessoa, por si mesma. Só se admite a 
participação em crime de mão própria, 
ressalvado o caso de perícia assinada por 
dois profissionais, caso em que a 
doutrina entende excepcionalmente 
cabível a coautoria. Também 
denominado de delito de conduta 
infungível. 
São exemplos o falso testemunho e a 
falsa perícia. 
• Quanto à necessidade de 
resultado naturalístico para 
sua consumação 
Este critério leva em conta a necessidade 
de resultado naturalístico para a 
consumação, distinguindo os delitos em 
materiais, formais e de mera conduta. 
Crime material: é aquele que prevê um 
resultado naturalístico como necessário 
para sua consumação. São exemplos o 
delito de aborto e o crime de dano. Há 
quem o chame de crime de resultado. 
Crime formal: é aquele que descreve 
um resultado naturalístico, cuja 
ocorrência é prescindível para a 
consumação do delito. Também 
denominado de delito de tipo 
incongruente. É o caso da extorsão 
mediante sequestro e o do descaminho. 
Crime de mera conduta: é aquele cujo 
resultado naturalístico não pode 
ocorrer, porque sequer há a sua 
descrição. Podemos tomar como 
exemplo o crime de ato obsceno, assim 
como o de violação de domicílio. 
Classificação dos Crimes no Direito Penal 
 
• Quanto à necessidade de lesão 
ao bem jurídico para sua 
consumação 
Se tomada como critério a necessidade 
ou não de efetiva lesão ao bem jurídico, 
temos a classificação dos delitos em 
crimes de dano e crimes de perigo. Esta 
forma de classificação toma como base 
o resultado jurídico do delito. 
Crime de dano: é aquele em que se 
exige, para sua configuração, a efetiva 
ocorrência de lesão ou de dano ao 
bem jurídico protegido pela norma 
penal. 
São exemplos o crime de dano, o crime 
de vilipêndio a cadáver, o próprio crime 
de dano e o infanticídio. 
Crime de perigo: é aquele que, para que 
se considere consumado, exige apenas 
que o bem seja exposto a perigo. 
Portanto, a efetiva ocorrência de dano ao 
bem jurídico protegido pela lei penal é 
desnecessária para que o crime se 
consume. 
São exemplos os crimes de perigo de 
contágio venéreo, de omissão de socorro 
e de tráfico ilícito de entorpecentes. 
Os crimes de perigo podem ser 
subdivididos em: 
• De perigo concreto: é o crime de 
perigo cuja configuração requer a 
demonstração de que o bem 
jurídico efetivamente foi posto em 
perigo. É exemplo o crime de 
incêndio, em que o perigo deve ser 
demonstrado. 
• De perigo abstrato (ou puro):é 
o crime de perigo em que a sua 
consumação não depende da 
demonstração de que tenha 
colocado o bem jurídico em risco. 
O risco é presumido, de forma 
absoluta, pela lei. É o caso do 
crime de associação criminosa e 
crime de posse irregular de 
munição de uso permitido ou 
restrito, dos artigos 12 e 14 da Lei 
10.826/2003[1]. 
• De perigo abstrato de 
“perigosidade” ou 
periculosidade real: cuida-se de 
denominação nova trazida por 
alguns doutrinadores. Seria o 
crime de perigo em que deve ser 
demonstrado o risco, mas não a 
pessoa certa e determinada. Não é 
uma denominação utilizada pela 
maioria da doutrina, que só 
distingue os crimes de perigo, 
quanto à demonstração do risco, 
em concretos e abstratos. Este 
Professor entende que esta 
classificação em nada se diferencia 
como a seguinte, de crimes de 
potencial perigo. Para muitos 
doutrinadores, seria uma mistura 
indevida de categorias, 
relacionando o perigo comum ao 
perigo concreto. Seria exemplo o 
crime de embriaguez ao volante, 
em que bastaria a demonstração 
de perigo ao tráfego de pessoas e 
veículos, sem necessidade de se 
comprovar que determinada 
pessoa foi colocada em risco. 
https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/classificacao-dos-crimes/amp/#_ftn1
Classificação dos Crimes no Direito Penal 
 
• De perigo individual: é o delito 
que causa perigo a uma pessoa ou 
a um grupo determinado de 
pessoas. Pode-se apontar como 
exemplo o delito de perigo de 
contágio de moléstia grave. 
• De perigo comum ou 
coletivo: é aquele cujo perigo de 
dano atinge um número 
indeterminado de pessoas. Temos 
como exemplos o crime de fabrico, 
fornecimento, aquisição posse ou 
transporte de explosivos ou gás 
tóxico, ou asfixiante (artigo 253 do 
CP) e o de incêndio (artigo 250 do 
CP). 
• De perigo atual: é aquele cujo 
perigo causado é contemporâneo à 
conduta do agente. O crime de 
desabamento ou 
desmoronamento do artigo 256 do 
CP tende a ser de perigo atual, pois 
o desabamento de um prédio, no 
momento em que ocorre, já coloca 
em perigo a vida, a integridade 
física ou o patrimônio de outrem. 
• De perigo iminente: é aquele 
cujo perigo está prestes a 
acontecer. O abandono de 
incapaz, do artigo 133 do CP, na 
prática, pode se mostrar um crime 
de perigo iminente, já que, ainda 
que a pessoa sob cuidado não fique 
em perigo imediatamente, pode 
ficar depois de algum tempo sem 
cuidado. 
• De Perigo futuro ou mediato: é 
aquele que produz um risco 
futuro. Os exemplos são a 
associação criminosa ou o porte de 
munição de uso permitido. 
A doutrina mais consagrada se preocupa 
em classificar os crimes de perigo do 
seguinte modo, sem misturar os 
critérios: 
• Crime de perigo abstrato; 
• Crime de perigo concreto; 
• Crime de perigo individual; 
• Crime de perigo comum. 
A maioria da doutrina não aceita, 
portanto, a classificação de “crime 
abstrato de perigosidade real”. 
Na Alemanha, há a denominação de 
crimes de aptidão, de perigo hipotético 
ou de crime de perigo abstrato-concreto. 
Referida teoria buscaria trazer uma nova 
classificação entre os quatro tipos de 
delitos acima descritos. Crimes de 
aptidão[2] seriam aqueles em que o 
perigo seria parte do tipo, e não uma 
fundamentação da própria 
incriminação. Por isso, seriam diferentes 
dos crimes de perigo abstrato. Além 
disso, não exigiriam a demonstração de 
um perigo concreto, razão pela qual se 
diferenciariam dos crimes de perigo 
concreto. Referidos delitos seriam assim 
denominados por exigirem a aptidão da 
produção do resultado, ou seja, a 
potencialidade de causar o dano ao bem 
jurídico. Exigir-se-ia, assim, a 
idoneidade para a produção do 
resultado, sem exigir sua comprovação 
caso a caso, mas a demonstração de que, 
pelo que ordinariamente acontece, a 
https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/classificacao-dos-crimes/amp/#_ftn2
Classificação dos Crimes no Direito Penal 
 
conduta era idônea para colocar o bem 
jurídico em risco. 
 
• Quanto à forma da conduta 
Leva em conta a forma da conduta, se 
positiva ou negativa, separando os 
crimes em comissivos e omissivos. 
Crime comissivo: é aquele que é 
praticado por um comportamento 
positivo do agente, isto é, um fazer. São 
comissivos os crimes de furto e de 
infanticídio. 
 
Crime omissivo: é aquele que é 
praticado por meio de um 
comportamento negativo, uma 
abstenção, um não fazer. 
Os crimes omissivos se subdividem em: 
• Omissivos próprios: é aquele 
previsto em um tipo 
mandamental, ou seja, um tipo 
que já descreve um 
comportamento negativo no seu 
núcleo. O dever jurídico de agir, 
naquela situação, decorre do 
próprio tipo penal, que é 
chamado, então, de mandamental, 
por tornarcriminosa uma 
abstenção (ou omissão) em 
determinadas circunstâncias. O 
agente, no caso, não tem o dever 
de evitar um resultado, mas 
simplesmente o dever de agir para 
não incorrer na prática do crime. 
Exemplo é o crime de omissão de 
socorro (“Deixar de prestar assistência, 
quando possível fazê-lo sem risco 
pessoal, à criança abandonada ou 
extraviada, ou à pessoa inválida ou 
ferida, ao desamparo ou em grave e 
iminente perigo; ou não pedir, nesses 
casos, o socorro da autoridade pública”), 
em que a própria descrição do tipo penal 
é um não fazer (deixar de prestar 
assistência ou não pedir o socorro da 
autoridade pública). É também do caso 
dos crimes do artigo 168-A, caput, e do 
artigo 359-F, ambos do CP. 
• Omissivos impróprios: também 
chamado de comissivo por 
omissão, é aquele cujo dever 
jurídico de agir decorre de uma 
cláusula geral, que, no Código 
Penal Brasileiro, está previsto em 
seu artigo 13, parágrafo segundo. O 
dever jurídico abrange 
determinadas situações jurídicas e 
se refere a qualquer crime 
comissivo. O sujeito tem o dever 
de evitar o resultado naturalístico. 
Por isso, tais delitos são chamados 
comissivos por omissão. A 
doutrina aponta que só abrange 
crimes materiais, já que o agente 
deve ter o dever de evitar o 
resultado. 
São crimes naturalmente comissivos 
(praticados por um comportamento 
positivo, uma ação), como é o caso do 
homicídio, mas que podem ser 
praticados por uma conduta omissiva, 
no caso de o sujeito ter o dever jurídico 
de agir previsto na cláusula geral. 
Classificação dos Crimes no Direito Penal 
 
Os crimes 
omissivos impróprios possuem as 
seguintes modalidades: 
• Por dever legal: aquele que tenha 
por lei obrigação de cuidado, 
proteção ou vigilância. É o caso 
dos pais em relação aos filhos 
menores. Se deixarem de 
alimentá-los, podem responder 
pelo homicídio, um delito, no 
caso, omissivo impróprio. 
• Por dever de garantidor: é o sujeito 
que, de outra forma, assumiu a 
responsabilidade de impedir o 
resultado. É o salva-vidas de um 
clube, que, por vínculo de 
trabalho, se obriga a salvar uma 
criança que se afoga e pode 
responder pelo resultado morte, 
caso se abstenha de agir. 
• Por ingerência na norma: é aquele 
que, com seu comportamento 
anterior, criou o risco da 
ocorrência do resultado. O sujeito 
que pôs fogo na mata, que se 
alastrou e não avisa os seus 
empregados rurais, que podem ser 
atingidos pelo fogo, responderá 
por sua abstenção, no caso de 
sofrerem lesão corporal. 
• Omissivos por comissão: parte 
da doutrina entende existir uma 
terceira modalidade de delito 
omissivo, o omissivo por 
comissão[3]. Cuida-se de crime 
tipicamente omissivo, mas há uma 
ação, um comportamento 
comissivo, que provoca a omissão. 
Daí decorre a sua denominação 
(omissivo por comissão), de modo 
que temos um delito naturalmente 
omissivo, mas que é praticado em 
razão da conduta positiva de 
outrem. 
Crime de conduta mista: é aquele cujo 
tipo prevê uma ação, seguida de uma 
omissão, sendo que ambos os 
comportamentos são 
necessários para a sua configuração. 
Haveria, portanto, uma mistura entre o 
crime comissivo e o omissivo. O 
exemplo é o crime de apropriação de 
coisa achada, do artigo 162, inciso II, do 
CP. O tipo penal é o seguinte: 
“quem acha coisa alheia perdida e 
dela se apropria, total ou 
parcialmente, [conduta 
comissiva] deixando de restituí-la ao 
dono ou legítimo possuidor ou de 
entregá-la à autoridade competente, 
dentro no prazo de quinze 
dias [conduta omissiva].” 
Crime de esquecimento ou de 
“olvido”: é o crime omissivo culposo, 
sem representação[4]. Em outras 
palavras, é o crime omissivo praticado 
com culpa inconsciente, aquela em que 
o agente sequer prevê o resultado, 
apesar de previsível. Imaginem um pai 
que não cuida do filho de tão distraído 
que está em seus vícios. Ele sequer se 
lembra de que o filho está com ele, pois 
era o fim de semana em que ele cuidaria 
da criança. Deixa o som alto, e a criança, 
sem supervisão, sofre uma queda, grita 
por socorro e ele não ajuda, razão pela 
qual ela falece. Ele agiu com culpa 
inconsciente, pois sequer previu o 
resultado, em um crime omissivo. Os 
autores usam como exemplo os casos de 
https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/classificacao-dos-crimes/amp/#_ftn3
https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/classificacao-dos-crimes/amp/#_ftn4
Classificação dos Crimes no Direito Penal 
 
alguém que esquece a válvula do gás 
aberta ou que não faz um sinal de 
trânsito que era necessário. 
 
• Quanto ao tempo da 
consumação 
Considera o momento em que o crime 
se consuma: se de forma imediata; se há 
o prolongamento no tempo desta fase do 
iter criminis; se, ainda que imediata, a 
consumação produz efeitos 
permanentes; ou, por fim, se há um 
prazo temporal para sua consumação. 
Crime instantâneo: é aquele que se 
consuma imediatamente, em um 
instante definido. Podemos exemplificar 
com o furto. 
Crime permanente: é aquele cuja 
consumação se protrai no tempo, isto é, 
se prolonga. A fase da consumação 
persiste enquanto desejar o agente. O 
sujeito ativo do delito consegue 
prolongar no tempo a fase de 
consumação do delito. É o caso da 
extorsão mediante sequestro. 
Crime instantâneo de efeitos 
permanentes: é aquele que se consuma 
imediatamente, em um momento 
determinado no tempo, mas cujos 
efeitos se prolongam no tempo. É uma 
subespécie do crime instantâneo. São 
exemplos o aborto e o crime de 
parcelamento ilegal de solo[5]. 
Crime a prazo: é aquele que depende de 
determinado prazo para sua 
consumação, como o de apropriação de 
coisa achada (artigo 162, inciso II, do CP) 
e o de lesão corporal de natureza grave 
com resultado de incapacidade para as 
ocupações habituais, por mais de trinta 
dias (artigo 129, § 1º, inciso I, do CP). 
Roxin, que não trata de crime 
instantâneo de efeitos permanentes, traz 
uma outra categoria, a dos delitos de 
estado. Seriam crimes que se 
consumam com o resultado, mas não 
precisam de atuação do autor para 
manutenção do estado criado pela 
conduta típica, mesmo que ele se 
beneficie de tal estado. Exemplo seria o 
da bigamia, delito em que o sujeito não 
precisa renovar os atos para se manter 
casado de forma ilícita. O homicídio 
seria outro exemplo[6]. 
• Quanto à unicidade ou não do 
tipo penal 
Este critério classificatório se 
fundamenta no fato de o tipo penal 
ser único ou se ele resulta da fusão de 
mais de um tipo penal: 
Crime simples: é aquele que é formado 
por um único tipo penal, não resultando 
da reunião de outros tipos. Exemplos: 
infanticídio e furto. 
Crime complexo: é aquele cujo tipo é 
resultante da junção ou fusão de outros 
tipos penais, como o roubo, que decorre 
do constrangimento ilegal, da ameaça ou 
do crime relativo à violência e do furto. 
Temos, ainda, o latrocínio, resultante da 
soma do furto e do homicídio. Por fim, 
podemos exemplificar com a extorsão 
mediante sequestro, delito no qual se 
fundem os tipos penais da extorsão e do 
sequestro. 
 
• Quanto à dependência de 
outro crime para existir 
https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/classificacao-dos-crimes/amp/#_ftn5
https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/classificacao-dos-crimes/amp/#_ftn6
Classificação dos Crimes no Direito Penal 
 
Considera a relação entre os delitos, 
se há ou não a dependência de outra 
infração para a sua configuração: 
Crime principal: é aquele que existe 
independentemente da ocorrência de 
outro delito. Se não possui ligação com 
outro delito, pode ser chamado de 
independente. Exemplos: furto, 
homicídio e estupro. 
Crime acessório: é aquele cuja 
ocorrência depende de um crime 
anterior. Exemplos: receptação, lavagem 
de capitais e favorecimento real. No caso 
de lavagem de dinheiro, o próprio agente 
pode ter cometido o crime anterior, pois 
se admite a punição da chamada 
autolavagem. 
Há ainda outra classificação: 
De fusão, de conexão ou de 
anexação: os delitos de fusão são 
aqueles que se relacionam a outro delito 
cometido anteriormentepor terceiro, 
como o favorecimento pessoal, o 
favorecimento real e a receptação. É 
denominação utilizada por Eugenio 
Zaffaroni e Nilo Batista[7]. Entendo que 
não se confunde exatamente com o 
crime acessório, já que os autores 
definem essa denominação como o 
crime praticado por terceiro. No caso da 
lavagem de dinheiro, é punível a 
autolavagem (crime acessório e delito 
principal praticados pelo mesmo 
agente). 
 
• Quanto à forma de utilização 
do princípio da consunção 
Cuida-se de classificação que 
simplesmente diferencia as 
modalidades de aplicação do 
princípio da consunção ou da 
absorção, um dos incidentes no 
chamado concurso aparente de normas: 
Crime progressivo: é aquele em que o 
agente, para atingir o seu objetivo, 
precisa praticar um crime menos grave 
que é o caminho para a prática de outro. 
Cuida-se de condutas necessárias para 
a prática do crime desejado. É o caso do 
homicida que se utiliza de uma faca para 
a execução do crime. Ele pratica várias 
lesões corporais para se atingir o 
homicídio, respondendo apenas por este 
último crime (norma consuntiva). Para o 
entendimento atual do STJ, não se deve 
adotar a regra de o mais grave absorver 
o menos grave, mas de o crime-fim 
absorver o crime-meio. 
Progressão criminosa: é aquele em 
que há modificação do elemento 
subjetivo do agente, que passa pela 
realização de dois ou mais tipos penais, 
ocorrendo a absorção pelo crime-fim. É 
o caso do sujeito que vai até a casa da ex-
namorada para lhe dar uns socos e, lá 
chegando, resolve matá-la. Neste caso, 
há uma modificação do dolo, sendo 
que a prática das lesões corporais, 
previstas na norma consunta, era o 
objetivo inicial do agente. Ele, então, o 
modifica e, buscando a morte da vítima, 
torna sua conduta, que inicialmente 
pretendia, mero meio de execução de 
um resultado mais gravoso, a morte da 
vítima. A consequência é que o crime de 
homicídio absorve o crime-meio, o de 
lesões corporais. 
https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/classificacao-dos-crimes/amp/#_ftn7
Classificação dos Crimes no Direito Penal 
 
 
• Quanto ao número de atos 
exigidos para sua consumação 
Este critério leva em conta a realização 
de um só ato ou de uma pluralidade 
de atos, pelo sujeito ativo, para a 
configuração do crime. O critério, mais 
tecnicamente, é de fracionamento ou 
não da conduta, não se aplicando uma 
diferenciação puramente mecânica: 
Crime unissubsistente: é aquele que se 
realiza com um único ato, como o 
desacato ou a injúria, ambos praticados 
verbalmente. A conduta não pode ser 
fracionada. A doutrina majoritária 
não admite tentativa deste tipo de 
crime[8]. É o caso da injúria verbal e, 
para parte da doutrina, o do crime do 
artigo 178 do CP. 
Crime plurissubsistente: é aquele cuja 
prática exige mais de uma conduta para 
sua configuração. Em outras palavras, a 
conduta do agente pode ser fracionada, 
possibilitando a interrupção da 
execução, por circunstâncias alheias à 
vontade do agente, e, com isso, a 
punição do conatus (modalidade 
tentada do crime). É o caso do 
homicídio, da extorsão mediante 
sequestro e do estelionato. 
 
• Quanto à necessidade de mais 
de um sujeito ativo 
Classificam-se os crimes quanto 
à necessidade ou não de mais de um 
sujeito ativo para sua configuração: 
Crime unissubjetivo, 
monossubjetivo ou de concurso 
eventual: é aquele que pode ser 
praticado por apenas um indivíduo. A 
doutrina aponta que este tipo de delito é 
que torna importante o estudo do 
concurso de pessoas, por não ser 
necessária a pluralidade de agentes para 
a própria configuração do delito. 
Crime plurissubjetivo ou de 
concurso necessário: é aquele cuja 
realização típica exige mais de um 
agente. 
O crime plurissubjetivo se subdivide 
em[9]: 
• Crime plurissubjetivo de 
condutas convergentes ou 
bilaterais: as condutas dos 
agentes devem se direcionar uma 
em direção à outra. Exemplo é o 
delito de bigamia. 
• Crime plurissubjetivo de 
condutas paralelas: as condutas 
dos indivíduos devem atuar 
paralelamente, possibilitando a 
prática delitiva. É o caso da 
associação criminosa. 
• Crime plurissubjetivo de 
condutas contrapostas – as 
condutas dos agentes devem ir de 
encontro umas às outras, ou seja, 
se contraporem. É assim 
classificado o crime de rixa. 
• Quanto à exigência de forma 
específica para sua prática 
É o critério de a lei penal prever ou não 
uma forma determinada para a 
prática da infração penal, sendo que só 
se configurará o delito se o sujeito ativo 
agir daquele modo específico para a 
realização típica: 
Crime de forma livre: é aquele que não 
prevê uma forma específica de realização 
https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/classificacao-dos-crimes/amp/#_ftn8
https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/classificacao-dos-crimes/amp/#_ftn9
Classificação dos Crimes no Direito Penal 
 
do núcleo do tipo, como o furto e o 
homicídio. 
Crime de forma vinculada: é aquele 
que tem forma ou formas de realização 
do núcleo do tipo especificamente 
previstas em lei. É o caso do 
curandeirismo, que possui algumas 
formas previstas nos incisos do artigo 
284 em que o núcleo do tipo pode ser 
realizado: 
 Curandeirismo 
Art. 284 – Exercer o curandeirismo: 
I – prescrevendo, ministrando ou 
aplicando, habitualmente, qualquer 
substância; 
II – usando gestos, palavras ou qualquer 
outro meio; 
III – fazendo diagnósticos: 
Pena – detenção, de seis meses a dois 
anos. 
Parágrafo único – Se o crime é praticado 
mediante remuneração, o agente fica 
também sujeito à multa. 
É também o caso do crime de redução à 
condição análoga à de escravo. 
• Quanto ao lugar 
Há a classificação dos crimes para 
denominar aqueles cujo iter 
criminis perpassam mais de um local, 
abrangendo ou não mais de uma 
soberania: 
Crime à distância ou de espaço 
máximo: é a infração penal cujo iter 
criminis (caminho do crime, com suas 
fases de cogitação, preparação, 
execução, consumação e, ao final, 
eventual exaurimento) abrange mais de 
um país. Ou seja, é aquela infração penal 
que, em seu desenvolvimento, percorre 
mais de um território soberano. Referido 
tipo de crime torna importante o estudo 
do local do crime que, segundo o Código 
Penal, deve ser compreendido sob a 
ótica da teoria da ubiquidade. 
Crime plurilocal: é aquele que 
percorre, em sua prática, mais de um 
lugar, mas dentro do mesmo território 
soberano. Sua importância se volta ao 
processo penal, especialmente para 
determinação da competência ratione 
loci, ou seja, a territorial. 
Há quem fale, ainda, em crime em 
trânsito, conceituando-o como aquele 
que passa pelo território de mais de um 
país, sem atingir bens jurídicos de todos 
eles[10]. Seria o caso de uma mala de 
dinheiro recebida como suborno no 
Peru, que passa pelo Brasil para ser 
objeto de lavagem de capitais no 
Uruguai. Não parece uma classificação 
necessária, considerando que a que 
possui relevância prática é a dos crimes 
à distância, dada a necessidade de 
definir se a lei brasileira é aplicável. 
• Quanto aos vestígios 
De maior interesse para o Direito 
Processual Penal, há a classificação dos 
crimes quanto a deixarem ou não 
vestígios: 
Crime de fato transeunte (delicta 
facti transeuntis): é aquele que não 
deixa vestígios, tornando desnecessária 
a realização do exame de corpo de delito. 
É o caso da injúria verbal e do ato 
obsceno. 
Crime de fato permanente (delicta 
facti permanentis): é aquele que deixa 
vestígios, tornando necessária a 
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Classificação dos Crimes no Direito Penal 
 
realização do exame de corpo de delito. 
Classificam-se assim o delito de estupro, 
de falsidade de documento público e o 
de lesão corporal. 
 
• Quanto à condição objetiva de 
punibilidade 
Classificação de acordo com 
a necessidade ou não de condição 
objetiva de punibilidade: 
Crime condicionado: é aquele que 
depende de uma condição objetiva de 
punibilidade, como no caso dos crimes 
tributários do artigo 1º da Lei8.137/90 
(dependem da constituição definitiva do 
crédito tributário) e dos crimes 
falimentares (dependem da sentença 
que decrete a falência, conceda a 
recuperação judicial ou homologue o 
plano de recuperação extrajudicial). 
Crime incondicionado: é aquele que 
não possui condições objetiva de 
punibilidade para sua configuração e 
consumação. De ordinário, é o que 
ocorre com o roubo e o descaminho. 
 
• Quanto à natureza dos crimes 
militares 
Os crimes militares podem ser de dois 
tipos, os próprios e os impróprios: 
Crime militar próprio: é aquele que só 
possui tipificação no âmbito militar, 
como é o caso de deserção, previsto no 
artigo 187 do Código Penal Militar. Se 
um civil praticar referida conduta, 
haverá fato penalmente atípico. A 
condenação anterior por crime militar 
próprio não configura a reincidência, 
nos termos do artigo 64, II, do Código 
Penal. 
Crime militar impróprio: é aquele que 
está previsto na legislação penal militar, 
mas possui tipificação também como 
crime não militar. Se um cidadão civil 
praticar a conduta, há crime; se o agente 
for militar, há crime previsto na 
legislação especial. São exemplos o furto 
e o homicídio. 
 
• Quanto ao sujeito passivo 
No tocante ao sujeito passivo, alguns 
delitos possuem algumas peculiaridades 
e, por isso, possuem nomenclatura 
específica: 
Crime vago: é aquele que possui sujeito 
passivo imediato um ente sem 
personalidade jurídica, como a 
coletividade. É o crime de ato obsceno e 
o de casa de prostituição. 
Crime de dupla subjetividade 
passiva: é aquele que possui mais de um 
sujeito passivo imediato. É o caso do 
aborto sem consentimento da gestante 
(artigo 125 do CP) e de violação de 
correspondência (artigo 151 do CP). 
 
• Quanto ao número de bens 
jurídicos atingidos 
Apesar de se tratar de classificação 
menos frequente na doutrina 
criminalista, podemos dividir as 
infrações penais, ainda, no tocante ao 
número de bens jurídicos ofendidos com 
a realização típica. Seriam as espécies de 
crime, segundo tal critério: 
Classificação dos Crimes no Direito Penal 
 
Crime mono-ofensivo: é aquele que 
atinge apenas um bem jurídico, como 
furto, que ofende o patrimônio. 
Crime pluriofensivo: é aquele que 
viola a mais de um bem jurídico. 
Podemos exemplificar com o latrocínio, 
que atinge o patrimônio e a vida. 
 
• Quanto a elementos subjetivos 
impróprios: 
Claus Roxin traz, em sua obra[11], uma 
subdivisão dos delitos em razão do seu 
elemento subjetivo, preconizada por 
Mezger. Como o tema tem sido cobrado 
em concursos, é interessante 
compreender essa classificação: 
Crimes de intenção: o tipo penal exige 
um elemento subjetivo que ultrapasse, 
transcenda o tipo objetivo, para a sua 
configuração. Para alguns autores, são os 
crimes que exigem elemento subjetivo 
especial do tipo. No caso do furto, exige-
se a intenção de apropriação para além 
da mera subtração. Pode ser subdividido 
em duas classes de crimes: 
• De tendência interna 
transcendente de resultado 
cortado (separado): Segundo 
Roxin, o segundo resultado 
posterior deve ser produzido 
como consequência da ação 
típica, sem uma conduta 
adicional do sujeito ativo. Ele 
exemplifica com o crime de 
envenenamento, previsto na lei 
alemã, com resultado adicional de 
dano à saúde pública. É o caso de 
o resultado naturalístico, apesar 
de ser a intenção do agente 
(elemento subjetivo especial do 
tipo), depender da conduta de um 
terceiro. Classifica-se assim o 
delito de extorsão mediante 
sequestro. 
• De tendência interna 
transcendente mutilado 
(atrofiado) de dois atos: o 
agente pratica a conduta para um 
resultado posterior, que não é 
necessário ser obtido para sua 
configuração. O resultado 
naturalístico, não exigido para a 
configuração do delito, depende 
da vontade do agente, por meio 
de uma ação posterior. Pode-se 
apontar o exemplo da moeda falsa, 
já que o tipo não exige que seja 
colocada no mercado para que o 
agente efetivamente se 
beneficie[12]. 
Crimes de tendência, também 
chamados de delitos de interna 
peculiar ou intensificada: o delito 
possui um elemento subjetivo que é 
inerente a um elemento típico ou 
determina a classe do crime, segundo 
Roxin[13]. De forma mais simples, a 
doutrina os conceitua como aqueles cuja 
intenção do agente determina se o fato é 
típico ou atípico. É o caso da injúria, em 
que se exige a intenção e, mais ainda, 
o animus injuriandi, ou seja, que a 
intenção seja de ofender. O crime não se 
configura se a ideia foi fazer uma piada, 
por exemplo, ou uma crítica literária. 
Roxin exemplifica com os crimes 
sexuais. Podemos pensar: o que 
diferencia uma consulta séria de um 
ginecologista ou um urologista e um 
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Classificação dos Crimes no Direito Penal 
 
crime contra a dignidade sexual pode ser 
a intenção do agente ao tocar o paciente. 
Crimes de expressão: são os crimes 
cuja conduta expressam um processo 
interno ocorrido na mente do autor. O 
agente recebe uma informação e a 
interpreta, processa, praticando então a 
conduta típica. Roxin usa o exemplo do 
falso testemunho, em que o agente tem 
ciência de determinados fatos e, então, 
depõe de forma diversa. O crime não 
está na contradição entre o que o agente 
disse e a realidade (concepção objetiva), 
pois o agente pode ter percebido a 
realidade de forma diversa, mas entre a 
sua convicção íntima e sua manifestação 
ou entre o seu conhecimento dos fato e 
sua atitude de calar-se (concepção 
subjetiva). 
 
• Quanto ao tratamento 
diferenciado da tentativa: 
Há alguns crimes que possuem 
um tratamento diferenciado quanto 
à tentativa e consumação: 
 
Crimes que só admitem a forma 
tentada: são os de lesa-pátria. É o caso 
do crime de abolição violenta do Estado 
Democrático de Direito está previsto no 
artigo 359-L do Código: 
Art. 359-L. Tentar, com emprego de 
violência ou grave ameaça, abolir o 
Estado Democrático de Direito, 
impedindo ou restringindo o exercício 
dos poderes constitucionais: 
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) 
anos, além da pena correspondente à 
violência. 
O próprio núcleo do tipo é “tentar 
abolir”, de modo que só a conduta 
tentada é punida. 
 
Crimes de atentado ou de 
empreendimento: é aquele em que o 
legislador equipara a forma tentada à 
forma consumada do delito, prevendo a 
mesma pena para ambas as 
modalidades. É exemplo o artigo 352 do 
CP, bem como o do artigo 309 do Código 
Eleitoral: 
Art. 309. Votar ou tentar votar mais de 
uma vez, ou em lugar de outrem: 
Pena – reclusão até três anos. 
 
• Quanto ao Núcleo do Tipo: 
É possível, ainda, classificar o delito 
quanto ao número de núcleos do tipo 
e a necessidade ou não se sua 
realização cumulativa para a sua 
configuração: 
Crime de ação simples: é o crime que 
possui apenas um núcleo do tipo, 
consistente no verbo principal que 
descreve a conduta típica. É o caso do 
homicídio: 
Art. 121. Matar alguém: 
Pena – reclusão, de seis a vinte anos. 
Crime de ação múltipla, de ação 
plurinuclear, de conteúdo variado ou 
tipo misto[14]: é o crime que possui mais 
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Classificação dos Crimes no Direito Penal 
 
de um núcleo do tipo, podendo ser 
dividido em alternativo ou cumulativo: 
• Crime de tipo misto 
alternativo: é o crime que possui 
mais de um núcleo do tipo, sendo 
que a prática de apenas um deles é 
suficiente para a sua consumação 
e a prática de mais de um deles, no 
mesmo contexto, configura crime 
único. É o caso do artigo 33, caput, 
da Lei 11.343/06: 
Art. 33. Importar, exportar, remeter, 
preparar, produzir, fabricar, adquirir, 
vender, expor à venda, oferecer, ter em 
depósito, transportar, trazer consigo, 
guardar, prescrever, ministrar, entregar 
a consumo ou fornecer drogas,ainda 
que gratuitamente, sem autorização ou 
em desacordo com determinação legal 
ou regulamentar: 
Pena – reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) 
anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 
1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. 
• Crime de tipo misto 
cumulativo: é o crime que possui 
mais de um núcleo do tipo, sendo 
que as condutas não são fungíveis 
entre si. Estão no mesmo tipo 
penal por opção do legislador, mas 
poderiam estar em tipos penais 
diversos. A prática de cada um 
deles configura um delito diverso. 
É o caso do crime do artigo 242 do 
CP. Também se exemplifica com o 
atentado contra a liberdade de 
trabalho e boicotagem violenta, 
previsto no artigo 198 do CP: 
Art. 198 – Constranger alguém, mediante 
violência ou grave ameaça, a celebrar 
contrato de trabalho, ou a não fornecer 
a outrem ou não adquirir de outrem 
matéria-prima ou produto industrial ou 
agrícola: 
Pena – detenção, de um mês a um ano, e 
multa, além da pena correspondente à 
violência. 
• Quanto à pena prevista 
Em razão de benefícios previstos em lei 
para determinadas faixas de pena 
previstas para os delitos, há a seguinte 
classificação: 
Infrações penais de menor potencial 
ofensivo: é a infração penal de 
competência dos Juizados Especiais 
Estaduais e Federais (salvo regras de 
conexão), com pena máxima não 
superior a 2 anos, cumulada ou não com 
multa. Para tais delitos, são cabíveis a 
transação penal e a suspensão 
condicional do processo. 
Infrações penais de médio potencial 
ofensivo: é a infração penal com pena 
máxima superior a 2 anos, mas cuja pena 
mínima seja igual ou inferior a um ano. 
Para tais delitos, é cabível a suspensão 
condicional do processo, razão pela qual 
a doutrina criou referida classificação. 
Infrações penais de maior potencial 
ofensivo: é a infração penal com pena 
máxima superior a 2 anos e pena mínima 
superior a um ano. Em outras palavras, 
são os crimes para os quais não são 
Classificação dos Crimes no Direito Penal 
 
cabíveis a transação penal nem a 
suspensão condicional do processo. 
 
• Quanto à relação entre 
comportamento típico e efetiva 
lesão ao bem jurídico: delitos 
de posse e de pertencimento 
Há uma classificação acadêmica que se 
refere a uma estrutura peculiar do tipo 
penal, especialmente em se 
considerando a distância das condutas 
tipificadas em relação à efetiva lesão do 
bem jurídico tutelado. Mencionam-se, 
nesse contexto, os delitos de posse e os 
delitos de pertencimento ou de status. 
Seriam, em última análise, crimes de 
crime abstrato, com algumas 
especificidades[15]. 
Delitos de status ou de 
pertencimento: são as infrações penais 
por meio das quais se pune um status do 
agente, como pertencer a uma 
associação criminosa, uma milícia 
privada, a uma organização criminosa 
ou a uma organização terrorista. Não 
haveria uma descrição de conduta no 
tipo, bastaria esse pertencimento. O 
fundamento da punição seria uma 
disposição inequívoca de praticar 
infrações penais. 
Delitos de posse: crimes cujos tipos 
preveem condutas de exercício de 
domínio real e efetivo de um objeto pelo 
sujeito ativo, ou seja, basta que tenha 
esse poder efetivo sobre o objeto para se 
justificar a punição. O que se critica é 
que seria um adiantamento da lesão, 
pois bastaria o domínio do objeto pelo 
agente para que sua conduta seja típica, 
possibilitando a sua punição, caso 
presentes os demais elementos do delito. 
Esses crimes poderiam ser agrupados 
nos seguintes casos: 
• Crimes que descrevem como 
típica uma posse que é perigosa 
por si só, mas cuja lesão ao bem 
jurídico exige outra conduta do 
agente: pode ser o 
enquadramento da posse ilegal de 
armas, desde que o haja crianças 
em casa e elas possam ter acesso 
aos objetos. Também seria o caso 
de manter substâncias radioativas 
de forma insegura, bastando que 
alguém, de forma descuidada, 
tenha contato com o material para 
um resultado lesivo, a exemplo do 
triste desastre com Césio-137 em 
Goiânia. 
• Crimes que descrevem como 
típica uma posse não perigosa 
em si, mas que pode gerar lesão 
no futuro: é o caso da posse ilegal 
de arma que fica bem guardada, 
que não apresenta um risco 
inerente pelo simples fato de 
possuir, mas pode gerar uma 
conduta lesiva a partir dessa posse, 
como se ela for usada para 
homicídio após uma discussão 
com o vizinho de prédio. Seria o 
caso, ainda, do crime do artigo 277 
do CP. Ter em depósito uma 
substância que pode ser usada 
para falsificação de alimentos não 
é uma posse em si perigosa, mas 
ela pode ser usada posteriormente 
https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/classificacao-dos-crimes/amp/#_ftn15
Classificação dos Crimes no Direito Penal 
 
para falsificar alimentos, 
fornecidos ao público. O perigo é 
o de um comportamento 
criminoso futuro. Para parte da 
doutrina, faltaria, aqui, um 
fundamento legítimo para a pena. 
Seria uma manifestação de um 
direito penal de mera suspeita. 
• Crimes que descrevem como 
típica uma posse não perigosa 
por si só, mas que compõe um 
plano inequivocamente 
delitivo: é o caso da contravenção 
penal, de duvidosa 
constitucionalidade, de portar 
gazuas, chaves falsas ou alteradas, 
situação em que só não haverá 
crime de comprovada destinação 
legítima, ou seja, a posse é típica a 
depender da destinação, conforme 
prevê o artigo 25 da Lei das 
Contravenções Penais. Há a 
punição de uma preparação 
inequívoca de um delito, havendo 
uma escolha do legislador pela 
criminalização autônoma de atos 
preparatórios. 
• Crimes que descrevem como 
típica a posse de objetos 
especificamente aptos ao 
cometimento de crimes: é o 
caso de petrechos de falsificação 
de moeda, em que o legislador já 
tipificou a posse desses objetos, 
não perigosa em si, se os objetos 
de destinam especificamente à 
fabricação ou adulteração de 
moeda corrente. Outro exemplo é 
o delito do artigo 294 do CP. 
• Crimes que descrevem a posse 
de objeto proveniente de 
prática de crime anterior: são, 
por exemplo, os delitos de guarda 
ou armazenamento de pornografia 
infantil, que decorrem, como se 
presume, de anterior crime sexual 
contra vulnerável. Também se 
encaixam nessa categoria os 
crimes de posse de drogas, já que 
se presume a anterior produção ou 
importação, que constituem 
delitos da Lei n. 11.343/2006. De 
todas as categorias, essa seria a 
única de tipificação de posse pós-
consumativa, com uma 
configuração próxima à de outros 
delitos cometidos após a prática 
de outra infração, como a 
receptação e o favorecimento real. 
• Outras classificações 
Neste tópico, seguem outras 
classificações efetuadas pela doutrina, 
em que há algumas denominações 
utilizadas em relação às infrações 
penais: 
Crime subsidiário: um crime é 
subsidiário em relação a outro quando 
descreve um grau menor de violação 
do bem jurídico. A análise, este caso, é 
feita em concreto, relação de minus e 
de plus, ou seja, de maior ou menor 
intensidade. Neste caso, havendo 
conflito aparente de normas, é levada 
em conta a análise do fato. 
O crime pode ser expressamente 
subsidiário, como ocorre com o artigo 
132 do Código Penal, que prevê o crime 
Classificação dos Crimes no Direito Penal 
 
de perigo para a vida ou a saúde de 
outrem: 
Art. 132 – Expor a vida ou a saúde de 
outrem a perigo direto e iminente: 
Pena – detenção, de três meses a um 
ano, se o fato não constitui crime 
mais grave. 
Também é expressamente subsidiário o 
crime de importunação sexual. 
Crime multitudinário: é aquele 
cometido por uma reunião de pessoas, 
no clima de tumulto ou histeria coletiva, 
que torna os limites éticos dos 
indivíduos, temporariamente, menos 
rígidos. São, por exemplo, os casos de 
linchamentos de pessoas acusadas da 
prática de um crime que causa comoção 
na comunidade. 
 
Crime de opinião (ou de palavra): é o 
crime que se configura com o abuso da 
liberdade de expressão ou de 
pensamento, como o caso da difamação. 
É diferente do crime de expressão, 
analisado acima, que a conduta delitiva 
deriva da expressão pelo autor, mas apóso uso de sua atividade intelectual. O 
exemplo é o falso testemunho. 
Crime habitual: é o crime que exige 
uma reiteração de atos para sua 
consumação, sendo que a doutrina 
aponta ser necessária a demonstração do 
estilo de vida do agente. São exemplos o 
rufianismo e a casa de prostituição. 
Crime profissional: é o crime habitual, 
realizado com intuito de lucro, para 
parte da doutrina[16]. Para outra parcela, 
é o crime cometido por meio da 
profissão lícita do agente, como meio 
para realizar uma conduta criminosa[17]. 
 
Crime mercenário: é o crime cometido 
com intuito de lucro. 
Crime de ímpeto: é aquele cometido 
no calor da emoção, sem premeditação. 
É o que ocorre no caso de homicídio 
cometido sob o domínio de violenta 
emoção, logo após injusta provocação da 
vítima. 
Crime funcional: é o que é cometido 
pelo funcionário público. Se 
for funcional próprio, só pode ser 
cometido pelo funcionário público, 
como a prevaricação. Por sua vez, 
o funcional impróprio consiste em 
conduta tipificada tanto para o 
particular (exemplo: apropriação 
indébita) quanto para o funcionário 
público, de forma especial (por exemplo: 
peculato-apropriação). 
 
Crime de ação violenta: é aquele 
praticado com emprego de força física 
ou com grave ameaça. Os exemplos 
podem ser o estupro e o crime de lesão 
corporal. 
Crime de ação astuciosa: é o crime 
praticado por meio de astúcia, de uma 
fraude ou um engodo. É o caso do 
estelionato. 
Crime de circulação: é o crime 
praticado na condução de veículo 
automotor. 
 
Crime internacional ou mundial: é o 
crime que o Brasil se obrigou a reprimir 
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https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/classificacao-dos-crimes/amp/#_ftn17
Classificação dos Crimes no Direito Penal 
 
no Direito Internacional, por meio de 
tratado ou convenção, como o tráfico 
internacional de entorpecentes e o 
tráfico internacional de pessoas para fins 
de exploração sexual. Entretanto, há 
quem utilize para se referir aos crimes de 
lesa-humanidade, de competência do 
Tribunal Penal Internacional. É usado, 
ainda, por alguns, para definir o crime à 
distância[18]. 
Crime obstáculo: é o que se antecipa 
para determinar a punição do que 
seriam atos meramente preparatórios, 
trazendo punição autônoma. Exemplos 
são os crimes de associação criminosa e 
de petrechos para falsificação de moeda. 
Para Zaffaroni e Batista, cuida-se de 
previsão de constitucionalidade 
duvidosa, por violação do princípio da 
lesividade e por falta de legitimidade 
baseada em evitar o risco ao bem 
jurídico tutelado[19]. O STJ já usou o 
termo “tipo penal preventivo” para um 
crime obstáculo, o de porte de arma de 
fogo[20]. 
Crime remetido: é o delito cuja 
definição faz remissão ou referência a 
outro tipo penal. É o caso do crime de 
uso de documento falso: 
Uso de documento falso 
Art. 304 – Fazer uso de qualquer dos 
papéis falsificados ou alterados, a que se 
referem os arts. 297 a 302: 
Pena – a cominada à falsificação ou à 
alteração. 
Não confundam com norma penal em 
branco, que pede complemento do tipo 
penal por outra norma, e não por outro 
tipo penal. 
Delito de acumulação: são crimes em 
que, ainda que a ofensa ao bem jurídico 
possa ser ínfima naquele caso, a soma de 
várias condutas torna o bem jurídico 
lesado e, assim, justifica a sua punição. 
Blanco Cordero, jurista espanhol, cita a 
classificação, mencionando seu uso por 
Silva Sanchez, para justificar a punição 
de pequenas quantias submetidas à 
lavagem de dinheiro, caso se defenda 
que o bem jurídico protegido é a ordem 
econômica. Ainda que a lavagem de R$ 
10.000,00 não ofenda a ordem 
econômica, o conjunto de todo o valor 
“lavado” tem a capacidade de ofender o 
bem jurídico[21]. Pode-se usar, ainda, em 
delitos ambientais, em que condutas 
somadas levam à perda da qualidade do 
ambiente apto a nos proporcionar sadia 
qualidade de vida. 
Existe crime eleitoral, que se traduz 
em infração contra o processo eleitoral e 
que coincide com a competência geral 
da Justiça Eleitoral (independentemente 
de regras de conexão ou continência). 
Alguns autores falam, assim, em crimes 
federais e crimes estaduais. Apesar de 
se tratar de nomenclatura usual, há 
quem defenda sua impropriedade, já que 
haveria, no Brasil, crimes 
de competência da Justiça Federal e 
os de competência da Justiça 
Estadual, em razão de, como regra, a 
competência para legislar sobre direito 
penal ser apenas da União. É diferente o 
sistema dos EUA, em que a União legisla 
sobre os crimes federais, enquanto os 
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Classificação dos Crimes no Direito Penal 
 
Estados promulgam suas leis com os 
crimes estaduais.

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