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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE QUÍMICA - DEPARTAMENTO DE FÍSICO-QUÍMICA FÍSICO-QUÍMICA EXPERIMENTAL II Viscosidade de Líquidos (VL) Nomes: Daniela Kern e Manoela Souto Data: 12/01/2024 Professor responsável: Lázaro dos Santos Turma/Grupo: C/F2 Resumo Neste experimento foi determinada a viscosidade (η) do tolueno, da acetona e do etanol à 25,0 °C, por meio de medidas do tempo gasto no escoamento de um volume constante de cada um desses líquidos. Os valores calculados de η foram 0,550mPa, 0,327mPa e 1,156mPa, para o tolueno, a acetona e o etanol, respectivamente, com erros relativos em relação aos dados tabelados de 1,79%, 16,66% e 7,64%, respectivamente. Calculou-se, também, a entalpia padrão de vaporização do tolueno, obtendo-se o valor de 28,92kJ.mol-1, com erro relativo ao dado da literatura de 12,84 %. Cálculos e Resultados A primeira parte do experimento foi a determinação da viscosidade de três líquidos, sendo eles tolueno, acetona e etanol a 25 °C. Para isso mediu-se o tempo de escoamento de cada um deles em um viscosímetro Cannon-Fenske (etanol e acetona) e Ubbelohde (tolueno). Os dados obtidos experimentalmente estão presentes na Tabela 1. Tabela 1. Tempos de escoamento obtidos experimentalmente a 25 °C. Líquido Tolueno Acetona Etanol Tempo de escoamento (s) 160 107,98 375,83 162 108,26 373 163 108,03 376,65 Média escoamento (s) 161,67 108,09 375,16 O coeficiente de viscosidade dos líquidos (η) foi determinado usando a Equação (1), derivada da Lei de Poiseuille: η = ktρ (1) onde t é o tempo de escoamento, ρ é a densidade do líquido e k é a constante do viscosímetro utilizado. * Erro na unidade de viscosidade = Pa.s 9,3/9,3 Sabendo que as constantes dos viscosímetros de Cannon-Fenske e de Ubbelohde utilizados são 3,851x10-9 m2/s2, e conhecendo as densidades tabeladas de cada líquido na temperatura em que foi realizado o experimento, calculou-se a viscosidade. Abaixo os cálculos são referentes ao etanol, cuja densidade é 799,89 kg.m-3 [1]. O resultado final foi multiplicado por mil para expressar o resultado em mPa.s. η = 3,851.10-9 × 375,16 × 799,89 η = 1,156 mPa. s O erro relativo (Erel) foi calculado usando o valor de viscosidade tabelado do etanol à 25°C, 1,074 mPa.s [2]. Erel = |(1,156-1,074)/1,074| Erel = 7,64% Os cálculos para o tolueno e acetona foram realizados de maneira análoga. A constante do viscosímetro de Ubbelohde, utilizado para o tolueno, é 3,952 m2/s2. Os resultados estão presentes na Tabela 2. Tabela 2. Valores tabelados e calculados de densidade (ρ) e viscosidade (η) para os líquidos em estudo. Líquido Tolueno Acetona Etanol ρ tabelado (kg/m3) 861,44[4] 784,50[3] 799,89[1] η tabelado (mPa.s) 0,560 [2] 0,306 [2] 1,074 [2] η experimental (mPa.s) 0,550 0,327 1,156 Erro relativo (%) 1,79 16,66 7,64 A temperatura é um dos fatores que influencia na viscosidade de um líquido. A dependência da viscosidade com a temperatura pode ser representada pela Equação de De Guzmán sob a forma logarítmica (Equação 2), que apresenta uma relação linear entre ln (η) e T-1. ln(η) = ln(A) + (2)𝐸 𝑅𝑇 onde A e E são dois parâmetros positivos e constantes, característicos de cada substância, R é a constante universal dos gases, T é a temperatura e η é a viscosidade. Conhecendo o valor do parâmetro E, que corresponde à energia de ativação do fluxo, é possível calcular a entalpia padrão de vaporização do líquido. Para isso, o tempo de escoamento do tolueno foi medido para as temperaturas de 25,0; 31,0; 36,0 e 40,0°C. Os valores obtidos encontram-se na Tabela 3. *Os viscosímetros possuem diferentes constantes * * Tabela 3. Tempo de escoamento do tolueno em diferentes temperaturas. Temperatura (K) 298 304 309 313 Tempo de escoamento (s) 160 155,26 147,44 140,29 162 155,83 147,27 140,42 163 155,89 147,35 140,42 Média escoamento (s) 161,67 155,33 147,35 140,38 A viscosidade do tolueno nas quatro temperaturas foi calculada a partir da equação, conforme os cálculos demonstrados anteriormente. Com os valores de T-1 e ln η foi possível montar o gráfico da figura 1. Tabela 4. Valores tabelados de densidade (ρ) para o tolueno em diferentes temperaturas, valores calculados de viscosidade (η), logaritmo natural da viscosidade (ln (η)) e inverso da temperatura (T-1). Temperatura(K) 298 304 309 313 ρ (kg/m3) 861,44 [4] 857,71 [4] 853,03 [4] 848,34 [4] η (mPa.s) 0,550 0,529 0,502 0,478 ln η -0,5978370 -0,6267668 -0,6891551 -0,7314454 T-1 (K-1) 0,0033557 0,0032894 0,0032362 0,0031948 Figura 1. Logaritmo natural da viscosidade do tolueno (ln (η)) em função do inverso da temperatura (1/T). Usando a equação 2 podemos calcular a energia de ativação, através do ajuste linear do gráfico da figura 1, sabendo que o coeficiente angular da reta corresponde a E/R. 𝐸 𝑅 = 869, 7 𝐸 = 869, 7𝑥8, 314 𝐸 = 7230, 7 𝐽/𝑚𝑜𝑙 Aplicando o valor de E na equação de Orwell e Eyring (equação 3), e o valor de n igual a 4, pois a molécula de tolueno não possui simetria esférica[5], temos: (3)𝐸 = 1 𝑛 ∆𝐻 𝑣 0 7230, 7 = 1 4 ∆𝐻 𝑣 0 ∆𝐻 𝑣 0 = 28, 92𝑘𝐽/𝑚𝑜𝑙 Sabendo que o valor tabelado para a entalpia de vaporização do tolueno é de 33,18kJ/mol, o erro relativo do resultado foi calculado da seguinte maneira: 𝐸 𝑟𝑒𝑙 = 33,18−28,92 33,18 || ||𝑥 100% 𝐸 𝑟𝑒𝑙 = 12, 84% Discussão e Conclusão A viscosidade foi o material de estudo dessa prática, e ela é definida como a resistência que um fluido apresenta ao escoamento. A lei de Poiseuille define o coeficiente de viscosidade de um fluido que escoa por um capilar sob condições de fluxo laminar, conforme equação 4. (4)η = π𝑎4𝑡(𝑃 1 −𝑃 2 ) 8𝑉𝑙 onde a é o raio do capilar, t é o tempo de escoamento, (P1-P2) é a diferença de pressão que provoca o escoamento, V é o volume do fluido e l é o comprimento do capilar. Na prática realizada, foram utilizados dois viscosímetros distintos, mas que possuem um funcionamento similar ao viscosímetro de Ostwald, sendo possível determinar o coeficiente de viscosidade a partir da lei de Poiseuille. Sabendo os valores das constantes dos viscosímetros utilizados nas análises, a equação 4 pode ser simplificada para a equação 1, que, efetivamente, foi utilizada para os cálculos desse experimento. Sabendo que a temperatura é uma variável relevante no experimento, o viscosímetro preenchido com cada analito foi posto em banho termostático, inicialmente a 25ºC depois em maiores temperaturas conforme o roteiro proposto, e as medidas do tempo de escoamento foram realizadas após o sistema atingir o equilíbrio térmico. Para a primeira parte do experimento, foram calculadas as viscosidades do tolueno acetona e etanol, e os resultados se encontram na tabela 2. Os resultados obtidos foram comparados com os valores tabelados e os erros relativos foram 1,79%, 16,66% e 7,64%, respectivamente. Esses valores podem ser justificados por erros experimentais, como presença de contaminantes nos líquidos, que pode acontecer pela absorção de umidade da atmosfera, erro na medida do tempo, que, por ser marcada manualmente quando o operador visualizava que o fluido tinha passado da marca, pode gerar discrepâncias com o tempo real de escoamento do líquido, além de estarmos usando valores tabelados para 25ºC, enquanto a temperatura teve flutuações ao longo do experimento, essa última justificativa, porém, não deve possuir uma contribuição muito relevante no erro, devido a temperatura possuir uma variação relativamente baixa para afetar nessa magnitude. Na segunda parte do experimento, foram medidos os tempos de escoamento do tolueno em diferentes temperaturas. Ao contrário do que acontece com os gases, o aumento de temperatura diminui a viscosidade dos líquidos. E isso foi observado no experimento, pois o tempo de escoamento reduziu-se com o aquecimento do sistema. Conforme descrito nos cálculos, a energia de ativação do fluxo para o fluido tolueno foi obtido a partir do coeficiente angular da reta do gráfico ln η versus T-1, gráfico apresentado na figura 1. E então, foi calculadaa entalpia de vaporização a partir da equação de Erwell e Eyring. O valor obtido foi de 28,92kJ.mol-1, com erro relativo de 12,84 %. O erro pode ser atribuído a oscilações de temperatura, impurezas do solvente e diferenças entre o tempo de escoamento medido e o real, conforme discutido acima, porém o resultado se mostrou satisfatório, evidenciando a validade das equações de Erwll-Eyring e De Guzmán, além dos parâmetros experimentais escolhidos para a prática. Referências [1] "Density of Ethanol-Water Mixtures", in CRC Handbook of Chemistry and Physics, David R. Lide, ed. 84, CRC Press, Boca Raton, FL, 2003-2004. [2] “Viscosity of Liquids”, in CRC Handbook of Chemistry and Physics, David R. Lide, ed. 84, CRC Press, Boca Raton, FL, 2003-2004. [3] “Physical Constants of Organic Compounds”, in CRC Handbook of Chemistry and Physics, David R. Lide, ed. 84, CRC Press, Boca Raton, FL, 2003-2004. [4] P.J. Linstrom and W.G. Mallard, Eds., NIST Chemistry WebBook, NIST Standard Reference Database Number 69, National Institute of Standards and Technology, Gaithersburg MD, 20899, https://doi.org/10.18434/T4D303, acesso em 25 de agosto de 2023. [5] R. H. Ewell and H. Eyring, “Theory of the Viscosity of Liquids as a Function of Temperature and Pressure” J. Chem. Phys. 5, 726 (1937); doi: 10.1063/1.1750108. Qual a razão da diminuição da viscosidade com o aumento da temperatura dos líquidos??
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