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Transtornos de Neurodesenvolvimento e Abordagens da Terapia Ocupacional

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Prévia do material em texto

Conteudista: Prof.ª Dra. Ana Paula Oliveira Borges
Revisão Textual: Me. Luciano Vieira Francisco
Objetivos da Unidade:
Compreender a importância dos sistemas sensorial e cognitivo no
desenvolvimento da criança;
Contextualizar os aspectos relevantes dos transtornos de
neurodesenvolvimento e as intervenções terapêuticas por meio de recursos
ocupacionais. 
📄 Material Teórico
📄 Material Complementar
📄 Referências
Transtornos de Neurodesenvolvimento e
Abordagens da Terapia Ocupacional
Introdução
Sabemos que conhecer as formas de conexão do sistema nervoso com o meio externo
é fundamental para elaborarmos um planejamento de tratamento assertivo. Além
disso, reconhecer as dificuldades de acesso dessas “portas de entrada” ao sistema
nervoso nos transtornos de neurodesenvolvimento é importante e direciona as nossas
condutas. 
A fim de abordarmos este tema tão importante, esta Unidade tem o objetivo de lhe
apresentar a importância dos sistemas sensorial e cognitivo no desenvolvimento da
criança, contextualizando os aspectos relevantes dos transtornos de
neurodesenvolvimento e as intervenções terapêuticas por meio de recursos
ocupacionais. 
Leia o conteúdo com atenção, assim como os materiais complementares para ampliar
a sua compreensão acerca da temática.
Bom estudo!
Transtornos de Neurodesenvolvimento
Os transtornos do neurodesenvolvimento compõem um grupo de condições que se
iniciam no período do desenvolvimento. Geralmente se manifestam cedo no
Página 1 de 3
📄 Material Teórico
desenvolvimento, tipicamente antes de a criança ingressar na escola e ocasionam
prejuízos no funcionamento pessoal, acadêmico, social e/ou profissional. 
Esses transtornos são, em sua maioria, atribuídos a fatores genéticos, biológicos,
psicossociais, ambientais e/ou socioculturais. São divididos de acordo com Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, na sua quinta edição (DSM-5),
descritos no Quadro a seguir:
Quadro 1 – Síntese dos transtornos do neurodesenvolvimento, de acordo com o DSM-
5
Transtorno Caracterização
Deficiências
intelectuais
Incluem déficits funcionais, tanto
intelectuais quanto adaptativos,
nos domínios conceitual, social e
prático.
Transtornos da
comunicação
Incluem déficits de linguagem, na
fala e comunicação.
Transtorno do
Espectro Autista
(TEA)
Déficits persistentes na
comunicação e interação social em
múltiplos contextos, com padrões
restritos e repetitivos de
comportamentos, interesses ou
atividades.
Transtorno do Déficit
de Atenção com
Hiperatividade
(TDAH)
Padrão persistente de desatenção
e/ou hiperatividade-
impulsividade que interfere no
funcionamento e desenvolvimento.
Transtorno Caracterização
Transtornos
específicos de
aprendizagem
Dificuldades na aprendizagem e no
uso de habilidades acadêmicas,
com sintomas que persistem, pelo
menos, por 6 meses, apesar de
intervenções dirigidas a tais
dificuldades.
Transtornos motores
Prejuízo nas atividades motoras
que interferem significativamente
no desempenho e na participação
de atividades diárias da vida
familiar, social e/ou comunitária.
Fonte: Adaptado de TUDELLA; FORMIGA, 2021, p. 281
Todos os transtornos citados no Quadro 1 interferem negativamente no desempenho
ocupacional nos diferentes contextos em que as crianças estão inseridas. Dessa forma,
o papel da terapia ocupacional nos transtornos do neurodesenvolvimento é
fundamental, uma vez que esses profissionais podem contribuir para otimizar as
atividades realizadas diariamente pelas crianças, incentivando a sua autonomia e
independência o máximo possível, dentro de cada potencialidade. 
As abordagens utilizadas na terapia ocupacional visam estimular os sistemas corporais
e, entre os quais, os sistemas sensorial e cognitivo ocupam papel especial, pois
fornecem informações acerca de condições físicas do corpo e ambiente, sendo vias de
entrada que alimentam a cognição. Esses estímulos possibilitam que a criança
experimente o seu corpo nas ações do dia a dia.
Sistema Sensorial
Integração sensorial é a habilidade de o sistema nervoso organizar os estímulos
sensoriais e selecionar as informações, adaptando as suas respostas. É o meio pelo
qual o organismo consegue reagir e responder aos estímulos experimentados de
maneira eficaz e agir de acordo com determinada situação. 
A criança nasce com a capacidade de realizar o processamento sensorial pelo cérebro
e, consequentemente, a integração sensorial. As conexões entre as células do cérebro
são formadas em resposta ao processamento dos estímulos sensoriais – tátil, visual,
auditivo, gustativo, olfativo, vestibulares/movimentos e proprioceptivos – que a
criança experimenta. Essas sensações são recebidas, processadas e transmitidas entre
diferentes áreas cerebrais e esse processamento é a base para o desenvolvimento de
competências e da aprendizagem. 
Sistemas Sensoriais
São oito os sistemas sensoriais que promovem a integração dos sentidos e permitem o
uso funcional do corpo no espaço, a saber: tátil, vestibular, olfativo, gustativo, visual,
auditivo, proprioceptivo e sistema/sensibilidade interoceptiva. Essas sensações podem
ser organizadas em três diferentes modalidades e categorizadas nos sistemas
sensoriais da seguinte maneira: 
Quadro 2 – Sistemas sensoriais
Sensações Sistemas
Sensações externas
ao corpo –
extereocepção
Ver – sistema visual;
Ouvir – sistema visual;
Sentir o gosto – sistema
gustatório/gustativo;
Sensações Sistemas
Cheirar – sistema
olfatório/olfativo;
Tocar – sistema tátil.
Sensações que vêm
do próprio corpo –
propriocepção
Posição e movimento – sistema
proprioceptivo;
Gravidade, movimento de cabeça
e balanço – sistema vestibular.
Sensações que vêm
das partes internas
do corpo –
intercepção
Senso visceral.
Fonte: Adaptado de LUVIZUTTO; SOUZA, 2022, p. 156
Figura 1 – Processamento sensorial
Fonte: Adaptada de Getty Images
#ParaTodosVerem: a imagem mostra uma representação esquemática dos tipos
de informações sensoriais descritas em cada círculo, que se interseccionam e
conduzem para o passo a passo do processamento sensorial. Nos primeiros
quatro círculos que se interligam está descrito, em cada círculo: tátil, gustativo,
olfativo e vestibular. Nos três círculos que se interligam à esquerda está escrito:
auditivo, proprioceptivo e visual. A partir desses círculos há uma sequência de
passos até se chegar à resposta adaptativa. Fim da descrição.
Sistema Tátil
O sistema tátil é responsável pelo sentido do tato. Sabemos quando tocamos algo –
sensação tátil – e o que é tocado – discriminação tátil. Esse sistema é o primeiro a se
desenvolver intraútero, por volta da quinta semana gestacional e se subdivide em tato
discriminativo, vibração/agitação, propriocepção, tato grosseiro ou não
discriminativo, sensação térmica de calor e frio e nocicepção. 
Além disso, esse sistema oferece informações sobre a diferença entre o toque leve e o
profundo/pressão e está relacionado, também, à consciência do corpo, ao bem-estar e
à regulação emocional. É através do toque que a criança descobre e explora texturas,
formas e temperatura, influenciando a sua capacidade de aprendizagem.
Figura 2 – Sistema tátil como importante via de entrada de
descoberta sensorial
Fonte: Getty Images
#ParaTodosVerem: a imagem mostra uma mulher no canto direito, com uma
camiseta cinza e um estetoscópio no pescoço, com as mãos unidas, e ao seu lado
há uma criança a frente de uma mesinha e manuseando massinha de modelar.
Fim da descrição.
Sistema Vestibular
O aparato vestibular está situado no ouvido interno e é estimulado pelo movimento da
cabeça, do pescoço, dos olhos e do movimento do corpo no meio e pela força da
gravidade. Ao nascimento já está altamente desenvolvido e o seu amadurecimento
permite que a criança se oriente e se posicione com relação à gravidade, percebendo a
velocidade dos movimentos, a sua direção e percepção quando realiza um movimento
incorreto. Um exemplo é o desenvolvimento da coordenação dos movimentos dos
olhos eda cabeça, permitindo que a criança siga a trajetória de um objeto parado ou em
movimento. 
Dessa forma, o sistema vestibular está intimamente relacionado ao tônus muscular, à
coordenação bilateral, ao planejamento motor, processamento visuoespacial,
processamento de linguagem e audição, e à segurança emocional. Essas características
são essenciais para que a criança consiga se mover, realizar atividades motoras,
brincar, aprender e se socializar. 
Sistema Proprioceptivo
O sistema proprioceptivo é formado por receptores localizados nos músculos e nas
articulações. Detectam o movimento das partes do corpo com a sua localização
espacial, sendo responsável pela consciência da posição corporal, graduação da força
utilizada para a realização das tarefas e a adequação postural durante as atividades
diárias. Assim, as informações proprioceptivas são essenciais para o desenvolvimento
do planejamento e controle motor, da graduação de movimentos, estabilidade
postural, consciência do corpo e esquema corporal – e todos esses aspectos
influenciam na segurança emocional. 
Sistema Olfativo
O sistema olfativo inicia a sua formação por volta da vigésima oitava semana de
gestação. O olfato é especialmente importante no começo da vida, pois direciona o bebê
ao seio materno para a alimentação e influencia o desenvolvimento emocional do
vínculo mãe-bebê. 
Olfação é a sensação de odores e esse sentido é considerado único porque é processado
diretamente no sistema límbico – área cerebral relacionada às emoções e memórias
emocionais.
Sistema Gustativo
É o sistema responsável pelo sentido da gustação, detecção e discriminação dos
sabores. Sabor é a experiência sensorial do gosto do alimento e paladar é a sensação –
doce, salgada, azeda e ácida/amarga – evocada pela estimulação de receptores
gustativos. Esse sistema é particularmente importante na decisão da aceitação ou
rejeição dos alimentos, e está relacionado ao sistema olfativo e somatossensorial na
vivência da experiência multissensorial da discriminação dos sabores do alimento,
influenciando as preferências da criança a certos alimentos, a partir de sua textura ou
cheiro. 
Sistema Auditivo
O sistema auditivo é responsável pelo sentido da audição, capacidade de discriminação
auditória e pela localização da direção do som. Esse sistema interfere na aquisição da
linguagem e percepção da fala. 
Já nos primeiros meses de vida, o bebê consegue localizar espacialmente o som, e essa
habilidade é importante para estimular a resposta à fala, refinar a compreensão e
produção da língua falada. 
Sistema Visual 
A capacidade de ver cores, formas, orientação e movimento é processada pelo sistema
visual. Comparada a outros sentidos, a visão é consideravelmente rudimentar quando
do nascimento, pois ainda que os olhos consigam captar a luz, a retina e o cérebro do
bebê não conseguem processar as informações de forma aprimorada e não há ainda a
percepção de profundidade. 
Ao final do primeiro ano de vida já é possível detectar similaridade e diferença entre
objetos, percepção de figura-fundo, de posição no espaço, das relações espaciais,
memória visual e percepção da imagem. Todos esses aspectos devem ser estimulados,
uma vez que a visão é essencial para a compreensão do mundo, da localização do corpo
em relação aos objetos no espaço e para o entendimento das referências temporais.
Tudo isso desenvolve a capacidade de antecipação, planejamento, monitoramento e
correção dos atos motores. 
Sistema Interoceptivo
O sistema interoceptivo é menos discutido na literatura, mas é importante na detecção
da saúde do corpo, uma vez que os receptores interoceptivos localizados nos órgãos
internos e vasos sanguíneos auxiliam na regulação da pressão arterial, nos processos
digestivos, respiratórios e nas diversas funções do sistema nervoso autônomo. 
Clique no botão para conferir o conteúdo.
Leitura 
Os Benefícios da Terapia de Integração Sensorial no Tratamento de
Crianças com Transtorno do Espectro Autista: Revisão Integrativa de
Literatura
O sistema sensorial é rico, não é mesmo? Você gostaria de aprender
mais sobre esse importante sistema corporal? Então leia o artigo a
seguir e conheça os benefícios dessa estimulação.
ACESSE
Como podemos observar, o sistema sensorial tem múltiplos papéis no controle do
movimento e nos processos cognitivos. A percepção e o processamento das múltiplas
informações sensoriais, constantemente capturadas do ambiente, permitem-nos
elaborar respostas motoras adaptativas nas mais diversas circunstâncias da rotina
diária. Assim, os estímulos sensoriais são informações essenciais para o sistema
nervoso planejar as habilidades motoras, parametrizar a força muscular e a
coordenação motora, por exemplo. 
A partir dessa habilidade é possível identificar padrões de disfunção com impacto no
desenvolvimento sensório-motor e na aprendizagem, que são os transtornos de
processamento sensorial. O transtorno de processamento sensorial é caracterizado
pela limitação da participação e das atividades ocupacionais; redução de respostas
bem-sucedidas a um desafio ambiental – resposta adaptativa –; e diminuição do
desenvolvimento de habilidades motoras finas, grossas e sensoriais.
https://downloads.editoracientifica.com.br/articles/220207680.pdf
Figura 3 – Importância do sistema sensorial no
desenvolvimento da criança
Fonte: Getty Images
#ParaTodosVerem: a imagem mostra uma criança pequena do sexo masculino,
sentada em um túnel de tecido azul e com bolinhas coloridas espalhadas; a
criança veste um moletom azul claro. Atrás dela está um homem sorrindo e a
segurando. Fim da descrição.
Vídeos
As informações sensoriais são os maiores canais de entrada para o
sistema nervoso e podem ser facilmente manipuladas pelo
Atividades Sensoriais que Desenvolvem Habilidades
Autismo: O que são as Alterações Sensoriais?
profissional terapeuta ocupacional, a fim de estimular habilidades da
criança. Assista aos vídeos a seguir e amplie a sua criatividade na
construção de recursos que possam auxiliar essa estimulação.
ATIVIDADES SENSORIAIS QUE DESENVOLVEM HABILIDADESATIVIDADES SENSORIAIS QUE DESENVOLVEM HABILIDADES
https://www.youtube.com/watch?v=XuGB_jB6q5M
Sistema Cognitivo
Perguntas como as seguintes intrigam os pesquisadores do desenvolvimento: “Como
os bebês aprendem a resolver problemas?” “Quando a memória se desenvolve?”
“Como explicar as diferenças individuais nas habilidades cognitivas?”. Nesse sentido,
seis abordagens têm fundamentado os estudos do desenvolvimento cognitivo,
denominadas abordagens: 
Autismo: o que são as alterações sensoriais?Autismo: o que são as alterações sensoriais?
Behaviorista: estuda os mecanismos básicos da aprendizagem e o
quanto a experiência impacta no comportamento;
Psicométrica: mede as diferenças quantitativas, por meio de
testes, das habilidades que compõem a inteligência;
Piagetiana: estuda as mudanças, chamadas de estágios, na
qualidade do funcionamento cognitivo, ou seja, como as
habilidades cerebrais estruturam as atividades e se adaptam ao
ambiente;
https://www.youtube.com/watch?v=PG9nq_jSe6c
A correlação entre a maturação das habilidades cognitivas e o estágio do
desenvolvimento neural tem sido importante foco de estudo da Neurociência. Uma
teoria clássica que fundamenta inúmeras abordagens é a do cientista suíço Jean Piaget,
para quem a pessoa se desenvolve a partir da sua relação com o meio ao qual está
inserida, influenciada pelos fatores biológicos pessoais. Nesse contexto, o sujeito é
ativo em todo o processo, filtrando as informações selecionadas e dando-lhes
significado. 
De acordo com Piaget (apud PAPALIA; MARTORELL, 2022), as crianças passam,
independentemente da cultura em que vivem e mais ou menos na mesma idade, por
quatro estágios cognitivos. Cada fase é essencial para a aquisição do próximo estágio,
vejamos:
Quadro 3 – Estágios cognitivos de Piaget
Estágios
Épocas da
vida
Acontecimentos
Sensório-
motor
Vai do
nascimentoA criança explora o mundo
e desenvolve os seus
Do processamento da informação: foca no modo como as
crianças processam as informações do momento em que as
recebem até as utilizar. Para isso, estuda a percepção,
aprendizagem, memória e resolução de problemas;
Da neurociência cognitiva: analisa quais estruturas cerebrais
estão envolvidas nos aspectos específicos da cognição;
Sociocontextual: estuda o impacto dos aspectos ambientais,
especialmente dos pais e cuidadores, nos processos de
aprendizagem.
Estágios
Épocas da
vida
Acontecimentos
até o período
de
“linguagem
significativa”
– por volta de
2 anos de
idade.
esquemas, principalmente
por meio de seus sentidos e
de suas atividades
motoras. Durante esse
estágio, as crianças têm
conceitos rudimentares
dos objetos de seu mundo.
Um conceito adquirido
durante esse estágio é o de
permanência do objeto:
habilidade de saber que um
objeto não deixa de existir
simplesmente porque saiu
de nosso campo de visão. 
Pré-
operacional
Dos 2 aos 7
anos de idade.
A linguagem progride
substancialmente e a
criança começa a pensar
simbolicamente, usando
símbolos, tais como
palavras, para representar
conceitos. No entanto, a
criança ainda não consegue
fazer operações ou
processos mentais
reversíveis. Nesse estágio,
a criança é egocêntrica,
isto é, não consegue
distinguir as suas próprias
perspectivas das de outras
pessoas, nem consegue
Estágios
Épocas da
vida
Acontecimentos
entender que há pontos de
vista diferentes dos seus. 
Operações
concretas
Dos 7 aos 11
anos de idade.
Há emergência de
inúmeras habilidades
importantes de raciocínio.
O pensamento da criança,
então mais organizado,
possui características de
uma lógica de operações
reversíveis. Entretanto,
durante esse estágio,
inicialmente pode realizar
operações quantitativas
somente com eventos
concretos; não é capaz de
operar com hipóteses.
Operações
formais
Dos 11 anos de
idade em
diante.
As crianças aprendem a
fazer representações
abstratas de relações.
Crianças nessa idade
podem generalizar relações
matemáticas e manifestar
pensamento hipotético-
dedutivo – a habilidade de
gerar e testar hipóteses
sobre o mundo.
Fonte: Adaptado de PAPALIA; MARTORELL, 2022
Piaget trouxe importantes contribuições no estudo do desenvolvimento da criança,
assim como reflexões sobre a capacidade de realizarem tarefas perceptivas, motoras e
cognitivas mais complexas. 
Figura 4 – Desenvolvimento cognitivo da criança
Fonte: Getty Images
#ParaTodosVerem: a imagem mostra uma criança usando uma camiseta branca
e um macacão de cor azul claro; está sentada no chão, sobre um tapete cinza. A
criança brinca, posicionando os arcos coloridos uns ao lado dos outros. Fim da
descrição.
Para ampliar a nossa compreensão sobre o desenvolvimento cognitivo, torna-se
importante conhecermos as habilidades e os aspectos cognitivos. A cognição refere-se
às funções integradas da mente humana que, juntas, resultam em pensamento e ação
direcionada a um objetivo. Assim, envolve a aquisição, o processamento e a aplicação
da informação na vida cotidiana. 
A cognição não só influencia o que uma pessoa escolhe fazer, mas também dita como
uma experiência é lembrada e interpretada.
A cognição consiste em uma hierarquia interativa que inclui capacidades cognitivas
primárias – orientação, atenção e memória –, habilidades cognitivas de nível superior
– raciocínio, formação de conceito e solução de problemas – e metaprocessos –
funções executivas e autoconsciência.
Capacidades Cognitivas Primárias
Importante! 
A cognição claramente influencia a seleção, o desempenho, a análise
e o aprendizado das atividades cotidianas. Além de seu papel central
no funcionamento ocupacional, a função cognitiva de um indivíduo
influencia a assimilação de novas habilidades nas atividades diárias. 
Orientação: refere-se à consciência de si em
relação à pessoa, ao local, tempo e à
circunstância;
Habilidades do Pensamento de Nível Superior
Habilidades de Metaprocessamento
Atenção: é a alocação dos recursos mentais para a concentração.
Temos quatro níveis de atenção, podendo ser sustentada, seletiva,
dividida e alternada;
Memória: refere-se, em termos gerais, ao armazenamento e
resgate da informação. Existem estágios de aquisição e emprego
de novos conhecimentos e inéditas habilidades, tais como os
registros sensoriais, a memória de curto prazo e memória de
longo prazo. 
Solução de problemas: ocorre sempre que a
circunstância for diferente de uma situação ou
meta desejada, de modo que o indivíduo não sabe,
de imediato, que série de ações realizar;
Raciocínio: implica fazer inferências ou tirar conclusões a partir
de fatos conhecidos ou presumidos. Pode-se utilizar o
sequenciamento, a classificação e dedução;
Formação de conceito: é a habilidade de analisar as relações entre
os objetos e as suas propriedades como, por exemplo, categorizar
os objetos por função, tamanho ou cor, ou pensamentos
concretos e abstratos. 
Funções executivas: são necessárias para o
desempenho satisfatório de tarefas não
estruturadas com várias etapas e ocupações
Dessa forma, o desenvolvimento cognitivo infantil é o momento da construção de
conhecimento e de modos de resolver problemas por meio de processos mentais que
envolvem percepção, atenção, memória, raciocínio e imaginação. É a partir de tantos
aspectos cognitivos desenvolvidos que a criança consegue interagir e se envolver com
o mundo ao seu redor.
Intervenções Terapêuticas por Meio de Recursos
Ocupacionais
Tal como estudamos há pouco, tudo o que é vivenciado no nosso dia é experimentado
por meio das sensações conscientes – visuais, auditivas, olfativas, gustatórias e táteis
– e inconscientes – equilíbrio, movimento e posição corporal. Essas sensações levam
informações isoladas, mas que precisam ser interpretadas e organizadas pelo sistema
nervoso central, a fim de que nosso corpo possa se adaptar ao contexto. Esse
processamento neural é intensamente estimulado no desenvolvimento da criança,
para a formação de diversas competências infantis. 
O processamento sensorial implica a capacidade humana para receber, organizar e dar
sentido aos diferentes inputs sensoriais captados pelo cérebro. O processo neurológico
tem como objetivo organizar todas as sensações do próprio corpo e do ambiente, a fim
de integrar os sistemas sensoriais que são essenciais para a interação do indivíduo
cotidianas. Os componentes das funções
executivas são a volição, o planejamento, a ação
com propósito e o desempenho efetivo;
Autoconsciência: é a mais elevada de todas as atividades
integradas do cérebro. É a habilidade de processar a informação
sobre si e compará-la a uma externa autoavaliação. Há uma
hierarquia de autoconsciência de três níveis, consistindo em
consciências intelectual, emergente e antecipatória. 
com o seu meio, de modo que a melhora de seu desempenho ocupacional é
denominada integração sensorial.
Figura 5 – Sala de integração sensorial
Fonte: Getty Images
#ParaTodosVerem: a imagem mostra uma criança sentada em um cubo grande
e colorido; está com as duas mãos apoiadas no cubo. À sua frente, ajoelhada no
chão, está uma mulher. Ambas estão em uma sala colorida, com diversos
equipamentos de estimulação sensório-motora. As duas estão sorrindo. Fim da
descrição.
Durante a terapia de integração sensorial, a criança não somente vivencia as
sensações, como também será desafiada na medida certa para processar essas
sensações, conseguindo produzir comportamentos adaptativos adequados e
significativos às demandas do contexto, por meio da integração e organização dessas
sensações. 
O processamento sensorial alterado pode resultar em diversos problemas funcionais
nas atividades de vida diária, n o brincar, na aprendizagem e interação social. Podemos
perceber isso em diversos momentos vivenciados pela criança na escola, em casa ou
durante a terapia com problemas no processamento sensorial como, por exemplo, na
dificuldade em modulação sensorial tátil, tornandoa criança sensível ao toque e a
responder inapropriadamente quando se envolver em uma atividade de pintura ou
colagem. Poderá ficar hiper-reativa com estado de alerta elevado, ficar mais agitada,
apresentar recusa à atividade, mais desatenta, sentir-se insegura e chorar. Esse tipo de
resposta comportamental, que pode ser vista em todos os demais sistemas sensoriais,
deve ser assistida e uma intervenção precisa ocorrer para a auxiliar no processo de
modulação sensorial. 
Importante!
A terapeuta ocupacional estadunidense, Anna Jean Ayres, foi a
precursora no estudo da integração sensorial no campo da terapia
ocupacional. Trouxe a relação entre a dificuldade em organizar e
interpretar as informações sensoriais em regiões cerebrais causando
o chamado congestionamento sensorial, impedindo a recepção de
informações necessárias para a correta interpretação dessas
informações sensoriais. 
Dessa forma, a terapia de integração sensorial tem como proposta oferecer e controlar
estímulos sensoriais de modo que a criança forme respostas adaptativas adequadas e
integre as sensações recebidas, visando melhorar a capacidade do cérebro, de modo
que ele possa executar as suas funções com êxito. 
Os recursos usados pelo terapeuta ocupacional no modelo de integração sensorial
utilizam os diversos estímulos sensoriais para promover ações, desenvolver a
percepção, consciência corporal, o equilíbrio, a coordenação oculomotora e corporal
bilateral. 
A Resolução 483, de 12 de junho de 2017, reconhece a utilização da abordagem de
integração sensorial como recurso terapêutico da terapia ocupacional no âmbito de sua
atuação profissional.
As atividades utilizadas para integração sensorial incluem recursos como redes de
lycra, bolas terapêuticas, trapézios, cobertores, scooter boards, rampas, túnel
espumado, barco suspenso, tapetes, rolo suspenso, piscina de bolinhas, plataformas,
parede de escalada, conjunto de bancos, cavalo suspenso, swings, entre outros
equipamentos e/ou materiais que podem promover experiências sensoriais. 
O profissional terapeuta ocupacional utiliza diferentes tarefas, recursos e ambientes
para atingir objetivos terapêuticos específicos. Por isso, a análise de recursos também
é importante, uma vez que possibilita a avaliação do potencial terapêutico de
determinados objetos como parte de uma atividade.
Figura 6 – Integração sensorial com estímulos
multissensoriais
Fonte: Getty Images
#ParaTodosVerem: a imagem mostra um homem, em pé, trajando calça preta e
blusa laranja, segurando uma placa com uma seta apontando para baixo, onde
há uma cesta de bolinhas. À sua frente está uma criança sentada em uma
plataforma suspensa, com bolinhas ao seu lado, de modo que essa criança se
prepara para lançar uma bolinha para a acertar na cesta. Ambos estão em uma
sala colorida, com vários equipamentos de estimulação sensório-motora. Fim
da descrição.
Esses e outros recursos de integração sensorial são utilizados com atividades de
mudança de posição no espaço, estabilidade postural, estímulo visual e atenção
envolvendo habilidades visomotoras, sistema proprioceptivo e estimulação tátil.
Atividades envolvendo bolas de tamanhos variados estimulam o aprimoramento de
diferentes padrões de preensão esférica, liberação voluntária de objetos, estimulação
do sistema proprioceptivo – determinação do nível de força necessário para segurar,
erguer e jogar a bola –, coordenação visomotora – integração das habilidades de
coordenação motora, discriminação visual e atenção visual – e integração bilateral
quando a atividade exige o uso coordenado de membros. 
Jogos, brincadeiras e desafios devem sempre ser utilizados dentro dessas atividades.
Tais recursos estimulam a coordenação motora fina e a habilidade de sequenciamento
de tarefas, visto que os jogos possuem etapas que devem ser realizadas em sequências
específicas. 
Desse modo, os recursos selecionados, em conjunto, contemplam a estimulação dos
sistemas sensoriais, a qual é importante para o aprimoramento da capacidade de
processamento sensorial, contribuindo para o desenvolvimento de habilidades
essenciais ao desempenho de atividades cotidianas. 
Integração Sensorial e a Terapia Ocupacional
Vídeos
Superinteressante essa abordagem, não é mesmo? Os recursos
terapêuticos utilizados na integração sensorial possibilitam uma
infinidade de abordagens terapêuticas. O conhecimento e a
criatividade nos permitem explorar esses recursos, de modo que
amplie o seu olhar assistindo aos seguintes vídeos.
Integração Sensorial
Integração Sensorial e a Terapia OcupacionalIntegração Sensorial e a Terapia Ocupacional
Integração SensorialIntegração Sensorial
https://www.youtube.com/watch?v=MXAOXCSkPlI
https://www.youtube.com/watch?v=_1N_SBGVit4
Chegamos ao final desta Unidade, na qual você pôde relacionar conceitos importantes,
conhecer a relevância dos sistemas sensoriais e cognitivos, assim como a utilização de
alguns recursos terapêuticos. 
Leia todo o conteúdo, assista aos vídeos e busque, nos materiais complementares,
ampliar os seus conhecimentos sobre essa temática para que possa se qualificar cada
vez mais.
Bom estudo!
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta
Unidade:
  Livros  
Sensory Integration and Learning Disorders
AYRES. A. J. Sensory integration and learning disorders. [1. ed.] Los Angeles: Westem
Psychological Services, 1972.
Intervenções da Terapia Ocupacional
DRUMMOND, A. F.; REZENDE, M. B. Intervenções da terapia ocupacional. [1. ed.] Belo
Horizonte: UFMG, 2008.
Desenvolvimento Psicomotor e Aprendizagem
FONSECA V. da. Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem. [1. ed.] Porto Alegre:
Artmed, 2008.
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📄 Material Complementar
Controle Motor – Teoria e Aplicações Práticas
SHUMWAY-COOK, A.; WOOLLACOTT, M. H. Controle motor – teoria e aplicações
práticas. 3. ed. Barueri: Manole, 2010.
  Vídeos  
Você Sabe o que é um Transtorno do
Neurodesenvolvimento?
O Que são Transtornos do Neurodesenvolvimento?
Você sabe o que é um transtorno do neurodesenvolvimento?Você sabe o que é um transtorno do neurodesenvolvimento?
https://www.youtube.com/watch?v=Z0YL1qc3BLQ
O Papel da Terapia Ocupacional no Processo
Diagnóstico dos Transtornos do
Neurodesenvolvimento
O que são Transtornos do Neurodesenvolvimento?O que são Transtornos do Neurodesenvolvimento?
https://www.youtube.com/watch?v=6mDgDd8PcYc
Tire suas Dúvidas sobre a Integração Sensorial
O papel da Terapia Ocupacional no processo diagnóstico dos tranO papel da Terapia Ocupacional no processo diagnóstico dos tran……
Tire suas dúvidas sobre a integração sensorialTire suas dúvidas sobre a integração sensorial
https://www.youtube.com/watch?v=PSusdhgdPEU
https://www.youtube.com/watch?v=zEJmtOI4DJw
  Leitura  
Terapia Motora Cognitiva: Descrição e Análise Clínica
de Crianças com Transtorno do Desenvolvimento da
Coordenação (TDC)
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
Terapia com Base em Integração Sensorial em um Caso
de Transtorno do Espectro Autista com Seletividade
Alimentar
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
https://www.cadernosdeterapiaocupacional.ufscar.br/index.php/cadernos/article/view/3340/3779
https://www.scielo.br/j/cadbto/a/hZ4RyjSvfmXYFjGKPFqCrnb/?format=pdf&lang=pt
LUVIZUTTO, G. J.; SOUZA, L. A. P. S. Reabilitação neurofuncional. Teoria e prática. [1.
ed.] Rio de Janeiro: Thieme Revinter, 2022.
PAPALIA, D. E.; MARTORELL, G. Desenvolvimento humano. [1. ed.] Porto Alegre: Grupo
A, 2022. 
RADOMSKI, M. V.; LATHAM, C. A T. Terapia ocupacional para disfunções físicas. 6. ed.
Barueri: GEN, 2013. 
TUDELLA, E.; FORMIGA, C. K. M. R. Fisioterapia neuropediátrica: abordagem
biopsicossocial. [1. ed.] Barueri: Manole, 2021. 
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📄 Referências

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