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Métodos adequados de solução de conflitos

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05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 1/58
Métodos adequados de solução de con�itos
Prof. Adriano Moura da Fonseca Pinto, Prof. Felipe Varela Mello
Descrição
A teorização e identificação dos chamados métodos adequados de
solução de conflitos no âmbito do acesso à Justiça multiportas e a
política pública de tratamento de conflitos no Brasil.
Propósito
Compreender a realidade contemporânea do tratamento aos conflitos
significa desconstruir o paradigma clássico da atuação do Poder
Judiciário que substitui a vontade das partes por outros métodos,
técnicas e espaços que têm proporcionado soluções tidas como mais
adequadas aos conflitos e personagens envolvidos, sendo essencial ao
estudante e profissional do campo de trabalho contemporâneo.
Preparação
Antes de iniciar o estudo do presente conteúdo, tenha em mãos a
Constituição da República, o Código de Processo Civil, a Lei nº. 9.307 e
a Lei nº. 13.140.
Objetivos
05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos
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Módulo 1
Aspectos históricos e sociológicos
dos métodos adequados de
solução de con�itos
Reconhecer aspectos históricos e repercussões sociológicas dos
métodos adequados de solução de conflitos.
Módulo 2
Política judiciária nacional de
tratamento dos con�itos
Relacionar a Política Nacional de Tratamento de Conflitos no Brasil
com os métodos adequados de solução de conflitos no Brasil.
Módulo 3
As diferentes formas de solução
dos con�itos
Distinguir as características gerais e específicas dos métodos
adequados de solução de conflitos e suas respectivas práticas.
O tratamento dado à solução dos conflitos pelo ser humano é um
conjunto bem amplo de aplicações de forma e conteúdo variados,
proporcional à diversidade das possíveis relações sociais aos quais
estão submetidas as pessoas naturais e suas mais variadas
representações na vida cotidiana. A ideia artificial da pacificação
social é muitas das vezes substituída pela realidade de contenção
Introdução
05/02/2024, 20:13 Métodos adequados de solução de conflitos
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04134/index.html?high-contrast=true# 3/58
1 - Aspectos históricos e sociológicos dos
métodos adequados de solução de con�itos
normativa estatal do comportamento humano face a limites
previamente acordados por instituições.
No entanto, para além da Igreja e sua representação estatal, bem
como o surgimento e fortalecimento dos Estados laicos e suas
divisões organizadas de funções públicas, a possibilidade do
consenso partindo ou sendo construído com o envolvimento dos
interessados tem proporcionado significativos câmbios na forma
de se buscar Justiça, Direitos e a ideia de legitimação do que é
certo ou errado. Seja no próprio espaço dos processos judiciais,
seja em outras áreas públicas e instituições privadas, métodos
entendidos como mais adequados a solucionar os conflitos são
colocados à prova, inclusive em modo digital, demandando uma
nova leitura e prática daqueles que atuarão profissionalmente com
conflitos, em especial com o respectivo tratamento jurídico dos
conflitos e suas consequências.
Por isso, neste conteúdo entenderemos a importância dos métodos
adequados de solução de conflitos na contemporaneidade e
apresentaremos as suas dimensões históricas, socioculturais e
normativas. Veremos, também, a política pública brasileira de
tratamento adequado dos conflitos e suas implicações aos
profissionais em formação e atuação nos mais variados métodos.
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Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer aspectos
históricos e repercussões sociológicas dos métodos adequados de
solução de con�itos.
Ligando os pontos
Os métodos adequados de solução de conflitos representam uma gama
de metodologias e formas de solução de conflitos à disposição das
partes. Não necessariamente o Poder Judiciário, portanto, deve ser
sempre a primeira e melhor opção para que controvérsias sejam
resolvidas.
Desde a época do Brasil Império, tais métodos são mencionados de
forma expressa na legislação brasileira, sendo certo que, em alguns
momentos, o legislador os imprimiu maior importância e, em outros
momentos, menor.
Imagine a seguinte situação: Roberta é advogada e desejava passar
suas férias de 2021 com o namorado nos Estados Unidos. Às vésperas
da viagem, contudo, sua passagem de avião foi cancelada pela
companhia aérea sem justificativa e ela não conseguiu viajar. Não
bastasse isso, Roberta não foi reembolsada do que havia pagado pela
passagem.
Ciente de que um processo judicial poderia demorar mais tempo do que
estava disposta a dispender, Roberta tentou inicialmente resolver o
impasse de forma consensual. Sem sucesso por telefone, decidiu
utilizar o site “consumidor.gov.br” – serviço público e gratuito que
permite a interlocução direta entre consumidores e empresas para
solução alternativa de conflitos de consumo pela internet.
Embora receosa do uso da ferramenta, ela se surpreendeu com seus
resultados. Em menos de dez dias, a companhia aérea – que era
devidamente cadastrada no consumidor.gov.br – Ressarciu Roberta dos
prejuízos que havia sofrido.
Considerando o case narrado, é hora de aplicar seus conhecimentos.
Vamos ligar esses pontos?
Questão 1
Diante da hipótese narrada e baseado em sua experiência, assinale
a alternativa que você considera mais adequada:
Roberta não deveria ter se utilizado do
“consumidor.gov.br”, pois para casos de prejuízos
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Parabéns! A alternativa D está correta.
Ajuizar ação judicial poderia ter sido a primeira opção para Roberta,
mas a solução consensual foi a que entendeu mais adequada para
resolver a controvérsia, sendo certo que a celebração de acordo
com a companhia aérea não ofende, por si só, a Constituição
Federal ou normas infraconstitucionais.
Questão 2
Indique a alternativa correta, considerando o cenário de
ajuizamento de ação judicial por Roberta contra a companhia aérea:
A decorrentes de cancelamento de voo, o Poder
Judiciário é sempre a melhor opção.
B
Roberta não deveria ter se utilizado do
“consumidor.gov.br”, pois tal ferramenta afronta ao
princípio do acesso à justiça, sendo considerada
meio inconstitucional.
C
Roberta agiu certo ao utilizar o “consumidor.gov.br”,
pois desde a Constituição de 1824, a tentativa de
acordo antes do ajuizamento da ação é medida de
caráter obrigatório.
D
Roberta poderia ter acionado o Poder Judiciário,
mas, ciente das opções que possuía para solucionar
a controvérsia, optou pela via consensual, tendo, ao
final, resolvido seu problema sem ofender normas
de direito constitucional ou infraconstitucional.
E
Apenas a arbitragem poderia ter sido utilizada por
Roberta para resolver o impasse do caso concreto.
A
Roberta não mais pode celebrar acordo com a
companhia aérea, após o ajuizamento da ação.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
o ajuizamento de ação por Roberta não impede a tentativa de
resolver a controvérsia com a companhia aérea via conciliação ou
mediação. Tais métodos devem ser estimulados por juízes,
advogados e demais operadores do Direito, inclusive, durante o
curso do processo judicial, nos termos do art. 3º, §3º, do CPC.
Questão 3
Indique ao menos dois métodos adequados de solução de
conflitos existentes no ordenamento jurídico brasileiro e duas
possíveis vantagens em sua utilização em detrimento do Poder
Judiciário.Digite sua resposta
Chave de resposta
B
Além do processo judicial, a única forma de Roberta
resolver sua controvérsia é por meio da mediação
extrajudicial.
C
Roberta e a companhia aérea ainda podem se
utilizar de métodos adequados de resolução de
conflitos, como a mediação e conciliação, para
resolver a controvérsia.
D
Roberta pode se valer de procedimento arbitral
concomitantemente ao trâmite do processo judicial.
E
Roberta somente pode ter sua ação julgada no
mérito, caso comprove má-fé da companhia aérea
durante a tentativa prévia de acordo.
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Existem diversos métodos de solução de conflitos, a
exemplo da conciliação e mediação. Duas vantagens
desses métodos são a celeridade na resolução do conflito e
a redução de gastos por ambas as partes. A conciliação e a
mediação são procedimentos normalmente rápidos, que
podem ser finalizados em poucos meses, ao passo que
ações judiciais podem se estender durante anos. A redução
de gastos, por sua vez, é também uma vantagem a ser
considerada, tendo em vista que as partes não terão
despesas com honorários de sucumbência e custas
judiciais na mediação e conciliação.
Conceitos iniciais
O que são métodos
adequados de solução de
con�itos?
Neste vídeo, o professor discorre sobre os métodos adequados de
solução de conflitos, trazendo suas noções fundamentais.
Antes de mais nada:
Você sabe o que signi�cam os chamados
“métodos adequados de solução de
con�itos”?

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Pois é, antes de olhar para a linha do tempo e do espaço, vamos deixar
esse ponto conceitual bem claro?
Em tese e do ponto de vista meramente formal, por métodos adequados
de solução de conflitos, é possível compreender a diversidade de
metodologias e formas de proceder próprias para a solução de um
conflito, normalmente em face de mais de uma pessoa.
Sim, é isso mesmo, vejamos um exemplo:
Exemplo
A vida cotidiana de um casal que tenha dois filhos e precisa, quase todo
dia, resolver os conflitos domésticos. O casal não deve ter como
primeira e rotineira opção acionar o 190, buscando o serviço da Polícia
Militar em seu Estado. Tampouco irá propor, de cara, o exercício de ação
judicial perante o Excelentíssimo Sr. Dr. Juiz de Direito da Comarca. Não!
O casal pode até chegar a tais espaços, mas usa, na forma da natureza
humana e das previsões legais, os direitos e deveres do Poder Familiar
para, na melhor forma que entender, buscar contornar seus conflitos
com os filhos.
Por outro lado, se o veículo do casal é furtado, em via pública ou privada,
deverá haver um registro de ocorrência junto à autoridade policial
correspondente e, quem sabe, até mesmo ação judicial futura.
Em um terceiro exemplo, se o Ministério Público toma ciência da
ocorrência de um homicídio doloso, demandará, junto ao Tribunal do
Juri, na forma da lei processual penal brasileira, inclusive com membros
do “povo” julgando o acusado.
Então, acho que você já entendeu que existem métodos mais ou menos
adequados para a solução de conflitos nas mais variadas realidades que
o ser humano pode se envolver, desde educação, religião, relações de
consumo, relações de trabalho, tributos, acidentes e crimes de trânsito,
enfim.
No entanto, não é esse o sentido mais comum dos métodos adequados
de solução de conflitos na atualidade e, em especial, no campo do saber
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e da prática jurídica. Aqui, por métodos adequados de solução de
conflitos devemos entender os métodos para tratamento dos conflitos
que, embora possam ser recebidos e decididos pelo Poder Judiciário
nos termos do art. 5º, XXXV da CRFB 88, são também passíveis de
serem tratados pelos particulares, por terceiros em prol da
consensualidade ou até mesmo por outros meios decisórios, como no
caso da Arbitragem.
Aspectos históricos
Brasil imperial
Quando se fala em Brasil, conflitos, solução e Justiça, é possível
voltarmos ao chamado Brasil Colônia, ao estágio de Reino Unido de
Portugal e, finalmente, após o famoso Sete de Setembro de 1822, os
Estados Unidos do Império do Brasil. Pois bem, para os objetivos do
presente conteúdo, partiremos do último referencial e, mais
precisamente, da produção normativa que se inicia com a Constituição
do Império do Brasil de 1824.
Assim, nos interessa, em especial, reconhecer, na história recente do
Brasil como país, momentos normativos de previsão e prática de
métodos adequados de solução de conflitos até a chegada ao entorno
contemporâneo do final do século XX e as primeiras décadas do século
XXI.
Agora sim, uma vez já cientes e conscientes da ideia conceitual dos
métodos adequados de solução de conflitos, podemos olhar no nosso
passado remoto e tentar compreender as oportunidades e atuações dos
métodos adequados até a nossa realidade.
Voltando ao Império do Brazil e, especialmente à Constituição Imperial
de 1824, destacamos, em primeiro lugar, o art. 160 de seu texto:
Nas civeis, e nas penaes civilmente
intentadas, poderão as partes
nomear juizes arbitros. suas
sentenças serão executadas sem
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recurso, se assim o convencionarem
as mesmas partes.
(Constituição Imperial de 1824, art. 160)
O referido texto legal permitia que em determinadas causas (ações), as
partes, isto é, os interessados na solução do conflito poderiam indiciar
“Juízes Árbitros” e ainda fazia menção à possibilidade de haver
execução da parte vencedora sem direito de recursos da parte devedora.
Tal dispositivo já dava indícios de que, mesmo em sede do então “Poder
Judicial”, já era possível prever um método diferente do previsto para os
julgamentos de um modo geral. Ainda que não estejam diretamente
relacionados ao que hoje denominamos de métodos adequados de
solução de conflitos, a técnica é utilizada em alguns momentos do CPC
de 2015.
Mas é nos artigos 161 e 162 da Constituição Imperial que encontramos
a referência, digamos, primária, à solução de conflitos por métodos
(hoje chamados de mais adequados) diferenciados de solução de
conflitos, inclusive com a indicação de quem, por previsão
constitucional, estaria à disposição para buscar a solução do conflito.
Com ressalvas à grafia e termos da época:
Sem se fazer constar, que se tem intentado o meio da
reconciliação, não se começará Processo algum.
Para este fim haverá juizes de Paz, os quaes serão electivos pelo
mesmo tempo, e maneira, porque se elegem os Vereadores das
Camaras. Suas attribuições, e Districtos serão regulados por Lei.
A então denominada “Reconciliação” era, na verdade, uma ideia simples
de se buscar a realização do consenso entre as pessoas que fossem se
enfrentar em um processo judicial. Era, nos dias de hoje, como exigir
que o advogado que representasse a parte autora de uma ação tivesse
que demonstrar que tentou, de alguma forma, buscar um consenso, mas
Art. 161 
Art. 162 
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que ele não foi possível por ausência explícita ou implícita da outra
parte.
Isso até hoje existe, em grau menor, em alguns casos de obrigações e
contratos, principalmente, mas de fato, não impede que se procure o
Poder Judiciário, considerando a inafastabilidade prevista no art. 5º,
XXXV da CRFB 88.
Importante também considerarmos a ideia de que, apesar de tal
atividade ser possível aos advogados das partes, havia a previsão legal
da atuação formal dos “Juízesde Paz”, talvez os mais próximos da
sociedade, da vida cotidiana das pessoas, considerando as suas outras
atribuições. Na prática, funcionavam como conselheiros, consultores e,
sempre que possível, formadores do consenso, evitando assim a
sequência do processo ou mesmo o seu início formal.
Saiba mais
Você sabia que nos “dias de hoje” há a previsão legal dos CEJUSC em
cada fórum e que eles são responsáveis por tentar realizar a conciliação
e mediação para inibir ou mesmo encerrar processos já iniciados?
Seriam tais espaços, destinados aos atuais conciliadores e mediadores,
uma representação contemporânea do que ocorria no passado, com os
Juízes de Paz?
Continuando a reflexão proposta, vejam que o art. 161 da CI de 1824 é o
equivalente ao art. 5º, XXXV da CRFB 1988 que hoje trata, de forma
diametralmente oposta, do Princípio da Inafastabilidade do Judiciário e
do Acesso à Justiça no sentido mais macro, até mesmo fora do Poder
Judiciário.
Então, veja se você entendeu:
 No século XIX, no Império do Brazil, para se poder
buscar uma solução sentenciada por um Juiz ou
Tribunal, a pessoa tinha que demonstrar que tentou
reconciliar e não obteve êxito. E mais, havia um Juiz
eleito para tal, o Juiz de Paz, que também tinha
outras atribuições.
 No século XXI, na República Federativa do Brasil,
contamos com um acesso formal irrestrito ao
P d J di iá i é di ã f l
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Guarde essa informação! Ela está associada ao art. 5º, XXXV da CRFB
88!
Regulamento 737, de 1850
Além da Constituição Imperial de 1824, outro importante documento
jurídico que regulamentava o acesso à Justiça no Império também
valorizava a Conciliação. Você conhece o Regulamento 737, de 25 de
novembro de 1850, que previa a essencialidade do ato no artigo 23 e o
caráter de ESSENCIALIDADE E NULIDADE, respectivamente nos artigos
673 e 674:
Nenhuma causa commercial será proposta em Juizo
contencioso, sem que previamente se tenha tentado o meio da
conciliação, ou por acto judicial, ou por comparecimento
voluntario das partes.
São formulas, e termos essenciaes do processo commercial: §
1º A conciliação. (Art. 23 Tit. unico).
As referidas nullidades podem ser allegadas em qualquer tempo
e instancia; annullão o processo desde o termo em que se ellas
derão quanto aos actos relativos, dependentes e consequentes;
não podem ser suppridas pelo Juiz, mas somente ratificadas
pelas partes.
Poder Judiciário, sem pré-condição formal como no
Império do Brazil.
Art. 23 
Art. 673 
Art. 674 
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É importante frisar que como não tínhamos um Código de Processo
Civil, o Regulamento 737 era o principal instrumento para os advogados,
promotores e juízes atuarem na esfera da Justiça Comum, tratando dos
principais casos levados pelas pessoas de um modo geral ao Poder
Judicial e a conciliação continuava a ser valorizada como uma etapa ou
momento do processo para uma melhor solução de conflitos.
Já com o advento da Proclamação da República, a ideia da Conciliação
como prévia aos processos, na prática como condição ou pressuposto
para o acesso ao Poder Judiciário foi abolido pelo Decreto 359, de 26 de
abril de 1890, restando sempre disponível ao exercício dos advogados,
das partes e dos próprios juízes, mas não de forma organizada e
prevista em ritualística.
Repercussões sociológicas
O século XX foi inicialmente marcado pelas movimentações sociais,
políticas e jurídicas em prol da consolidação de um ou mais modelos de
uma desejada República do Brasil. A legislação, acompanhada das
limitações e vocações da política produziu leis, consolidações e códigos
de atuação para o acesso à Justiça, buscando, em momento inicial, uma
ideia de unificação do processo como um todo.
Ainda que a Conciliação não estivesse tão valorizada nos termos da lei,
outro importante método foi previsto no Código de Processo Civil de
1939, qual seja o Juízo Arbitral ou Arbitragem, que mais tarde voltaria a
ter uma regulamentação própria, no ano de 1996 e respectiva
atualização em 2015.
No entanto, foi a partir da segunda metade do século XX que o Brasil e
outros países se depararam no seus respectivos juízos e tribunais com
um acúmulo de casos generalizados, geralmente com caráter repetitivo
em teses e resultados pretendidos, como em relações de direito privado
de crédito e débito particulares e empresariais, de relações de consumo,
questões previdenciárias e tributárias e de direito administrativo de um
modo geral.
Chegávamos em 1950 a uma transição dos primeiros 100 anos da
Revolução ou Era Industrial para alcançar uma sociedade mais pautada
em bens e serviços de consumo ordinário, mais repetitivo e previsível.
Nada mais do que o mercado do excedente de produção e prestação de
serviços, aliado e impulsionado pelos adventos tecnológicos da
indústria, comércio e comunicação e transmissão de dados.
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No Brasil, tivemos ainda uma nova realidade quantitativa do acesso à
Justiça pela sociedade com a implementação da CLT para a Justiça do
Trabalho e a chegada do Código de Processo Civil de 1973 com seus
importantes e tidas como científicas modificações, voltando a etapa ou
método da Conciliação a preencher um importante papel.
O tema do acesso à Justiça passava por importantes reflexões e
estudos nas décadas de 1970 e seguintes, culminando com importantes
modificações oriundas das chamadas “Ondas ou Dimensões” do
Acesso à Justiça, em referência à obra de Mauro Cappelletti e Bryant
Garth, Acesso à Justiça.
Já era perceptível, aquela época, a necessidade de
outros métodos para tratar os conflitos mais
repetitivos, insurgentes que não fossem aguardar a
sentença dos juízes.
Em especial, no Brasil, a experiência da Conciliação em diversos ritos e
espaços, com especial destaque aos Juizados de Pequenas Causas da
Justiça Estadual, às Comissões Prévias de Conciliação da Justiça do
Trabalho, por exemplo, trilham o caminho para a chegada ao entorno
constitucional de 1988 e uma nova realidade de acesso à Justiça, no
sentido de uma acesso à uma ordem jurídica justa, multifacetária e que
pudesse proporcionar o tratamento de conflitos mais adequado à
realidade das partes e dissenso entre elas.
A partir dos anos de 1990 e, visando atender ao comando constitucional
mais amplo, a legislação de acesso à justiça no Brasil passa por
constantes movimentos reformadores e sempre com a ideia de
proporcionar métodos mais adequados à solução de conflitos, seja pelo
campo da consensualidade, seja pelo campo do avanço em órgãos, ritos
e novas técnicas processuais.
Assim, para efeitos práticos da operação dos métodos adequados de
solução de conflitos no âmbito brasileiro, somos fruto do remoto
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passado normativo e prático da conciliação desde o Brasil Imperial, de
sua valorização em tempos republicamos, em especial na segunda
metade do século XX e as primeiras décadas do século XXI, quando a
implementação de uma política pública própria e respectiva legislação
mais específica, aliado a um movimento de formação de conciliadores,
mediadores e árbitros.
Aliado a isso, uma crescente conscientização dos profissionais que
orbitam órgãos e funções essenciais à Justiça no Brasil, bem como o
incremento dos conteúdos de Métodos Adequados à Solução de
Conflitos (MASC) no âmbito do ensino, pesquisa e extensão das escolas
de Direito e Gestão, tem auxiliado muito na difusão do tema, facilitando
as práticas e incentivo douso cada vez mais constante no tratamento
de conflito.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A Independência do Brasil, em 1822, e a Constituição Imperial
outorgada em 1824 formalizaram um novo Estado, com poderes,
funções, direitos e deveres diversos à Família Real, à Administração
Pública, à Igreja, à classe política e à sociedade civil de um modo
geral. O tema da Justiça não foi esquecido no texto constitucional.
A respeito da atuação dos juízes e tribunais no Brasil Império,
marque a opção correta.
A
O acesso à Justiça era irrestrito, inclusive às
pessoas escravizadas, que necessitavam apenas de
um advogado, em caso de possível acordo em juízo.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
A Constituição Imperial tem previsão expressa de restrição de
acesso à justiça para aqueles que ao provocar o Poder Judicial, não
demonstrassem que tentaram previamente a reconciliação. Art. 161
da Constituição Política do Brasil de 1824.
Questão 2
O período de transição entre os séculos XX e XI no Brasil é marcado
por importantes consolidações estruturais e operacionais no
acesso à Justiça no Brasil em grande parte como reflexo das
mudanças constitucionais com a carta de 1988. A respeito do tema
e da possiblidade de meios adequados de solução de conflitos,
marque a opção correta.
B O acesso à justiça era irrestrito, não havendo termos
ou condições prévias, mesmo para as pessoas
escravizadas, demonstrando o caráter liberal da
Constituição.
C
O acesso à justiça era restrito, pois havia condição
expressa na Constituição sobre a necessidade de se
provar a tentativa de reconciliação antes.
D
O acesso à justiça não compreendia o direito
conciliação, pois uma vez instaurado o processo,
não era mais possível celebrar acordos.
E
O acesso à justiça não contava com a ideia de
consensualidade e não havia qualquer previsão na
Constituição a respeito de tentativa de
reconciliação.
A
O princípio da inafastabilidade do Poder Judiciário
impede, após iniciado um processo, que haja
consensualidade por meio de métodos adequados
de solução de conflitos.
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Parabéns! A alternativa B está correta.
Numa virada do constitucionalismo aplicado ao Processo Civil, a
partir da década de 1990 houve uma virada axiológica no modo de
resolução de conflitos, significa dizer, a legislação incorpora
métodos mais adequados de resolução de conflitos.
B
A partir dos anos 1990, houve a implementação de
uma política pública própria e respectiva legislação
mais específica, aliada a um movimento de
formação de conciliadores, mediadores e árbitros.
C
O acesso aos meios adequados de solução de
conflitos implica automaticamente em renúncia ao
princípio da inafastabilidade do Poder Judiciário.
D
O acesso à conciliação, como método adequado de
solução de conflitos, não era regulamentado à
época da Constituição da República Federativa do
Brasil.
E
O princípio da inafastabilidade do Poder Judiciário
previa a necessidade de o interessado provar que
tentou a conciliação antes de provocar o Juiz.
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2 - Política judiciária nacional de tratamento
dos con�itos
Ao �nal deste módulo, você será capaz de relacionar a Política Nacional
de Tratamento de Con�itos no Brasil aos métodos adequados de
solução de con�itos no Brasil.
Ligando os pontos
Os Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSCs)
são unidades judiciárias de primeira instância, preferencialmente,
responsáveis pela realização e gestão das sessões de conciliação e
mediação pré-processuais e judiciais, bem como pelo atendimento ao
cidadão que busque orientação sobre suas causas, nos termos da
Resolução CNJ nº 125/2010.
No Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, as
atribuições e estruturação dos CEJUSCs estão regulamentadas na
Resolução TJ/OE/RJ n. 02/2020. A sua criação ocorre via Resolução do
Órgão Especial do Tribunal de Justiça e sua instalação por Ato Conjunto
da Presidência do Tribunal de Justiça e da Corregedoria-Geral de
Justiça, nos fóruns em que existam, ao menos, dois juízos, juizados ou
varas com competência para realizar audiência. O CEJUSC, em regra,
tem um juiz coordenador e, quando necessário, um juiz adjunto, além de
um servidor com o cargo de chefe do CEJUSC, funcionalmente
subordinado ao juiz coordenador.
Imagine a seguinte situação: Carla reside em um imóvel alugado na
Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. Carla e a locadora Cristina
têm tido conflitos nos últimos meses em relação ao contrato de aluguel
que celebraram, tendo em vista que Carla compreende que tem direito
ao reembolso de certas despesas que arcou para a manutenção do
imóvel nos últimos meses. Com interesse de permanecer alugando o
imóvel e buscando solução consensual, Carla procura o CEJUSC da
Comarca da Capital – Regional da Barra da Tijuca.
Considerando o case narrado, é hora de aplicar seus conhecimentos.
Vamos ligar esses pontos?
Questão 1
Caso sejam oferecidas, no âmbito do CEJUSC localizado na Barra
da Tijuca, sessões de mediação à Carla e Cristina, qual será o papel
do mediador?
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Parabéns! A alternativa A está correta.
Conforme prevê o art. 165, §3º, do CPC, o mediador, que atuará
preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre
as partes, auxiliará os interessados a compreender as questões e
os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo
restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios,
soluções consensuais que gerem benefícios mútuos.
Questão 2
Situações como a de Carla e Cristina, que se utilizaram do CEJUSC
para resolver disputas, demonstram que uma das pautas da Política
Pública Judiciária de tratamento de conflitos instituída pela
Resolução CNJ n. 125/2010 é:
A
O mediador auxiliará ambas a compreender os
interesses em conflito, de modo que elas possam
identificar por si próprias, soluções consensuais.
B
O mediador será responsável por auxiliar ambas a
compreender os interesses em conflito e, ao final,
proferirá decisão não vinculante.
C
O mediador não tem obrigação de atuar em atenção
aos princípios da independência e imparcialidade.
D
O mediador pode depor acerca de fatos ou
elementos oriundos da mediação.
E
O mediador atua preferencialmente nos casos em
que não houver vínculo anterior entre as partes,
podendo sugerir soluções para o litígio.
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Parabéns! A alternativa B está correta.
Um dos objetivos da Política Judiciária Nacional de tratamento
adequado dos conflitos de interesses no âmbito do Judiciário é
“consolidar uma política pública permanente de incentivo e
aperfeiçoamento dos mecanismos consensuais de solução de
litígios”, tal como previsto nos “Considerandos” da Resolução n.
125, de 29 de novembro de 2010.
Questão 3
Consultado por Carla na condição de advogado, aponte exemplos
de normas federais infraconstitucionais que asseguram e
estimulam o uso da mediação por Carla para solução do conflito
contratual que possui com Cristina.
A
priorizar a solução de conflitos por meio dos
processos judiciais, tendo em vistaque tão somente
o juiz togado é capaz de garantir pleno acesso à
justiça.
B
consolidar uma política pública permanente de
incentivo e aperfeiçoamento dos mecanismos
consensuais de solução de litígios.
C
diminuir o número de processos judiciais no Brasil,
para que, no futuro, exista tão somente a
conciliação e mediação para resolução de conflitos
entre as partes.
D
estimular o uso da arbitragem entre as partes
conflitantes, considerando que o Código de
Processo Civil vigente autoriza sua utilização, nos
termos do art. 3º, §1º e §3º.
E
extinguir processos judiciais que tramitam há mais
de dez anos no Poder Judiciário e que não possuem
previsão de término.
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No Código de Processo Civil de 2015, nota-se uma
preocupação do legislador em valorizar os meios
adequados de solução de controvérsias, a exemplo da
criação de uma seção específica para tratar do tema (art.
165 a 175 do CPC). No §2º do art. 3º do CPC, é
estabelecido que o Estado promoverá, sempre que possível,
a solução consensual dos conflitos, assim como o seu §3º
estabelece que a conciliação, mediação e outros métodos
de solução consensual de conflitos deverão ser
estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e
membros do Ministério Público, inclusive no curso do
processo judicial.
O art. 139, V, do CPC, por sua vez, também é um bom
exemplo de norma que estimula o uso da mediação, tendo
em vista que prevê que o juiz dirigirá o processo,
incumbindo-lhe “promover, a qualquer tempo, a
autocomposição, preferencialmente com auxílio de
conciliadores e mediadores judiciais”.
Não bastasse o CPC, existe também a previsão da Lei de
Mediação (Lei n. 13.140/2015), que dispõe sobre a
mediação entre particulares como meio de solução de
controvérsias e sobre a autocomposição de conflitos no
âmbito da administração pública.
A Política Pública Judiciária
contida na Resolução CNJ Nº
125/2010
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Política pública judiciária de
tratamento dos con�itos
Neste vídeo, o professor explica as raízes e as diretrizes da importante
política pública judiciária de tratamento dos conflitos.
Você pode estar se perguntando sobre estudo e tratamento de conflitos
e, em especial, das razões que levam à existência de métodos
adequados para a sua solução, se já temos o Poder Judiciário,
Ministério Público, Defensoria Pública e a Advocacia Pública e Privada.
Mas, ainda, como surge uma Resolução do Conselho Nacional de
Justiça e passa a regulamentar determinadas possibilidades e
iniciativas mandatórias no âmbito do Poder Judiciário e atividades afins
à prestação do serviço público do acesso à Justiça? Para tanto, é
preciso olharmos para as competências do próprio Conselho Nacional
de Justiça e entender que, após a sua criação pela Emenda
Constitucional nº 45, de 8 de dezembro de 2004, uma série de
normatizações e atividades ligadas à atuação administrativa do Poder
Judiciário e seus órgãos passou a ser exercida por um colegiado mais
amplo do que as Corregedorias dos próprios tribunais, para além de
algum outro controle jurisdicional mais pontual.
A bem da verdade, o que sentimos com a criação do Conselho Nacional
de Justiça é a busca e zeladoria do Princípio da Eficiência da
Administração Pública aplicada ao Poder Executivo, para além da
autonomia e independência dos poderes, fato é que todos prestam um
serviço público que deve ser eficiente.
O que é e�ciência no âmbito do Poder
Público?
Essa é uma boa pergunta, e que pode ser respondida por parâmetros de
economia de recursos humanos, materiais, índices de produtividade e

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outros tantos marcos importantes para o resultado final da prestação do
serviço público ao cidadão e, aqui no âmbito do Poder Judiciário, ao
jurisdicionado, que busca a solução de seus conflitos pelo exercício por
meio da ação e dentro de um processo judicial.
A proposta aqui não é avaliar quais são parâmetros que compõem a
atuação do Conselho Nacional de Justiça para tocar as suas
competências constitucionais em face do Poder Judiciário, mas
percebermos que, ao criar uma Política Judiciária de tratamento de
conflitos baseada no acesso de outros meios tidos como mais
adequados para resolver os problemas das pessoas, o Conselho
Nacional de Justiça fixa importantes parâmetros normativos que afetam
a atividade dos juízes, serventuários, conciliadores, mediadores,
advogados públicos e privados, defensores e promotores.
Resumindo
Em outras palavras, o acesso à Justiça por meio do exercício da ação,
gerando processos que terão, ao final, um universo de decisões judiciais
individuais ou mesmo coletivas não atende materialmente ao conceito
de um acesso à uma ordem jurídica, a um sistema considerado justo.
E podemos pensar em “causas diversas”:
 Grande movimento de busca ao judiciário que gera
processos em demasia, muitos repetitivos,
inclusive.
 Grande número de recursos e instrumentos
processuais que dilatam os prazos.
 Grande tempo de espera por respostas que não
resolvem o conflito imediato das pessoas que
buscam o cumprimento da lei junto ao Poder
Judiciário.
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Além das causas acima, é possível uma constatação muito objetiva a
respeito das pessoas e seus conflitos, qual seja, a de que, salvo
situações proibidas por lei, as pessoas são capazes de, por si só ou com
auxílio de terceiros, construírem ou buscarem soluções que não seja
simplesmente aguardar que alguém (Estado Juiz) diga quem está certo
ou errado.
A ideia, por si só, não é nova, pois, desde quando o ser humano é capaz
de se comunicar, é possível a busca pelo consenso, que pode ser mais
ou menos validada e valorizada por razões diversas, tais como cultura,
educação, instrução, percepção de maior rapidez e autonomia, por
exemplo.
Agora pensemos um pouco:
Re�exão
Se, no âmbito da gestão, em mais de 80 de milhões de processos que
anualmente orbitam em torno do Poder Judiciário for possível eliminar
um percentual em curto espaço de tempo, pois as partes puderam
receber um tratamento mais adequado, via de regra incentivando a
busca pela consensualidade, o impacto geral no coletivo é significativo,
para além de uma qualidade e tempestividade real para as partes
envolvidas nos casos concretos.
Ou seja, ao instituir uma Política Pública Judiciária, incentivando novos
meios, em tese mais adequados para resolver os conflitos, o Poder
Judiciário contribui com o Princípio da Eficiência do seu serviço público
e, de quebra, proporciona também aos envolvidos uma maior autonomia
e exercício de cidadania em suas vidas.
É por isso que o tema dos métodos adequados de solução de conflitos,
em especial, a valorização da Conciliação e da Mediação, é a pauta da
 Falta de recursos humanos e materiais para as
funções da magistratura, de serventuários.
 Falta de recursos humanos e materiais para as
Funções Essenciais à Justiça no Brasil (Ministério
Público, Defensoria Pública, Advocacia Privada e
Pública).
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Política Pública Judiciária de tratamento dos conflitos instituída pela
Resolução CNJ Nº 125/2010. Busca-se com tal política pública:
Como se percebe, a instituição de uma Política Pública Judiciária de
Solução de Conflitos em muito contribui para que todos possamos ter
acessoa uma Justiça formal e material eficiente em não só responder
quem está certo ou errado, mas, em muitos casos, proporcionar
 Ofertar às pessoas naturais e de direito público e
privado, orientações sobre as possibilidades de
solução de seus conflitos no âmbito do Poder
Judiciário e fora dele.
 Garantir, por meio da criação dos Núcleos
Permanentes de Métodos Consensuais de Solução
de Conflitos, políticas, ações, cursos, capacitações
e atualizações, treinamento adequado aos recursos
humanos do corpo de serventuários, juízes,
mediadores, conciliadores, inclusive com outros
tribunais, escolas e instituições da sociedade civil.
 Permitir, por meio dos Centros de Judiciários de
Solução de Conflitos e Cidadania, condições
administrativas para a oferta, antes e durante os
processos judiciais, de serviços de conciliação e
mediação eficazes a quem deles necessitar ou
demandar.
 Manter, de modo oficial, o acompanhamento
estatístico específico da aplicação da conciliação e
mediação no âmbito dos respectivos tribunais.
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condições racionais e materiais para os próprios envolvidos buscarem
seus consensos, no todo ou em parte.
A Resolução CNJ Nº 125/2010
e seus impactos na solução
dos con�itos
Agora que você já conhece as motivações da Resolução CNJ Nº
125/2010, é hora de conhecer os seus impactos na solução dos
conflitos das pessoas, em especial aos conflitos levados ao Poder
Judiciário em todo o Brasil, nas diferentes áreas do Direito.
Sim, a Resolução CNJ Nº 125/2010 vale para todos os órgãos do Poder
Judiciário, isto é, a Justiça Comum Estadual, Federal, as Justiças
Especiais (Trabalhista, Eleitoral e Militar) e seus respectivos tribunais,
inclusive os tribunais superiores.
Em outras palavras, se existe órgão julgador do Poder
Judiciário, a Resolução CNJ Nº 125/2010 tem
incidência e deve ser correspondida, em especial, na
oferta formal e material aos jurisdicionados de terem a
opção de resolverem os seus conflitos de forma
pacífica.
Mas como se opera isso? Vamos ver etapa por etapa.
A Resolução CNJ Nº 125/2010 em seu artigo 7º prevê a criação
dos Núcleos Permanentes de Métodos Consensuais de Solução
de Conflitos. Tais Núcleos, uma vez instalados, devem, entre
outras atribuições, “instalar os Centros Judiciários de Solução de
Conflitos e Cidadania que vão concentrar, em regra, as sessões
de conciliação e mediação dos respectivos órgãos abrangidos!
Núcleos Permanentes de Métodos Consensuais de
Solução de Conflitos 
Centros Judiciários de Solução de Conflitos 
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A Resolução CNJ Nº 125/2010 em seu artigo 8º prevê a criação
dos CEJUSC em cada unidade do Poder Judiciário, de acordo
com as suas normas próprias inerentes à Justiça Comum
Estadual, à Justiça Comum Federal e às respectivas Justiças
Especializadas. Cada qual terá em suas unidades um CEJUSC
para atender casos de conciliação e mediação pré-processual e
processual, isto é, antes e durante a tramitação dos processos
judiciais.
A Resolução CNJ Nº 125/2010, em seu artigo 12, faz menção
expressa aos conciliadores e aos mediadores, isto é, as pessoas
que, independentemente de outras iniciativas de juízes,
desembargadores e ministros, estarão funcionalmente
enquadradas para proporcionar as sessões de mediação e
conciliação nos CEJUSC, ou mesmo em atividades em parceria
com instituições públicas e privadas em convênios, mutirões e
outros eventos similares.
Viu só como as respostas estão ao seu alcance com a Resolução CNJ
Nº 125/2010? Não é por menos que tal normativa é considerada a
grande alavanca responsável pelo incremento dos métodos adequados
de solução de conflitos no Brasil, em especial para os casos e litígios
que chegam ao Poder Judiciário.
Mas você deve ficar muito atento também a outras normas, como o CPC
de 2015 e a própria Lei de Mediação, também de 2015. Em ambos os
casos, importantes contribuições e mesmo inovações, como no caso da
permissão legal de consenso com a Administração Pública, formam um
novo paradigma em prol da consensualidade no sistema de acesso à
Justiça no Brasil.
É importante destacar:
Atenção!
Dos Conciliadores e Mediadores 
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A Resolução CNJ Nº 125/2010 em seu artigo 12, parágrafos 2º e 3º,
apresenta regras específicas a respeito da capacitação e treinamento
dos candidatos a conciliadores e mediadores. Ainda que tais regras
possam se especializar no âmbito normativo interno de cada tribunal, as
bases estão formalmente previstas, inclusive com previsão de conteúdo
programático para cursos e capacitações.
Para além da capacitação de conteúdo didático, há menção expressa
também ao comportamento ético esperado dos conciliadores e
mediadores, com, mais uma vez, menção expressa a um código de ética
para os referidos profissionais. É um ponto de extrema importância e
atenção, uma vez que a atuação desses profissionais se dá em meio à
exposição de direitos, interesses, informações de natureza pessoal e
patrimonial dos envolvidos e em sede, na maioria das vezes, de um
processo judicial.
O tema da ética de qualquer profissional que possa contribuir, direta e
indiretamente para a solução de conflitos em sede judicial tangencia a
boa-fé objetiva esperada daqueles que, de alguma forma, participam do
processo judicial. Nada mais justo e equilibrado do que prever, também,
padrões de comportamento para os conciliadores e mediadores.
E mais, para além da atuação do Poder Judiciário, a Resolução CNJ Nº
125/2010 em seu artigo 12-C a 12-F, regulamenta inicialmente a
atuação e contribuição dos espaços privados, as chamadas Câmaras
Privadas de Solução de Conflitos abriram inúmeras frentes em prol da
expansão de métodos mais adequados de solução de conflitos no
Brasil, inclusive em ambiência digital, via chamadas, chats online e
outras inúmeras plataformas via internet em redes públicas e privadas.
Ainda que mais recente, mas sem dúvida a reboque da base
proporcionada pela Resolução CNJ Nº 125/2010, um bom exemplo é a
plataforma Consumidor.gov que envolve o Ministério da Justiça, CNJ e
importantes empresas da iniciativa privada que juntos, tentam ajustar
um protocolo de consensualidade em milhões de casos consumeristas
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que, por via de regra, gerariam outros tantos milhões de processos
judiciais, muito provavelmente em sede de Juizados Especiais Cíveis.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O acesso à justiça no Brasil e em muitos outros países sempre
esteve associado à ideia de acesso ao Estado, que, por meio de
juízes e tribunais, ditam a solução de conflitos diversos. No entanto,
há crescente movimento e normatização em prol de métodos mais
adequados à solução de conflitos (MASnas últimas décadas no
Brasil e no mundo. A respeito dessa movimentação e normatização,
é correto afirmar que:
A
O Brasil ainda carece de uma Política Pública
Judiciária de tratamento adequado de conflitos e,
enquanto isso não ocorrer, os MASC restam
prejudicados no acesso à justiça.
B
O Brasil possui uma Política Pública Judiciária de
tratamento adequado de conflitos instituída pelo
Código de Processo Civil de 2015.
C
A Resolução CNJ Nº125/2010 instituiu uma Política
Pública Judiciária de tratamento adequado de
conflitos no Brasile muito contribui para a
movimentação em prol dos MASC.
D
A Resolução CNJ Nº125/2010 apenas afetou os
MASC no âmbito do Poder Judiciário.
E
Os MASC foram apenas normatizados com o
Código de Processo Civil de 2015, quando puderam
ser utilizados por advogados e juízes nos casos
concretos.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
A Resolução CNJ Nº125/2010 não só instituiu uma Política Pública
Judiciária de tratamento adequado de conflitos no Brasil, como
alavancou, do ponto de vista estrutural nos tribunais, um
incremento de atuação do Poder Judiciário em prol dos MASC. A
partir da referida resolução, os demais operadores do direito,
escolas e a sociedade civil como um todo se movimentaram muito
mais em prol dos MASC. Pode ser destacar o art. 1º da referida
resolução, sem prejuízo de outras dispositivos.
Questão 2
A respeito da Resolução CNJ Nº125/2010 e sua importância para a
constituição de espaços públicos e privados de conciliação e
mediação, bem para a capacitação dos conciliadores e mediadores,
marque a opção correta abaixo.
A
A Resolução CNJ Nº125/2010 fez apenas previsão
de criação do CEJUSC, mas não regulamentou
espaços privados ou critérios para capacitação de
conciliadores e mediadores.
B
A Resolução CNJ Nº125/2010 fez previsão de
criação do CEJUSC e regulamentou também os
espaços privados, mas sem alusão a critérios para
capacitação de conciliadores e mediadores.
C
A Resolução CNJ Nº125/2010 regulamentou a
criação de CEJUSC, dos espaços privados e ditou
parâmetros para a capacitação de conciliadores e
mediadores.
D
A Resolução CNJ Nº125/2010 apenas institui a
Política Judiciária Nacional de tratamento adequado
dos conflitos, mas não regulamentou a criação de
CEJUSC e a capacitação dos conciliadores e
mediadores, o que fica a cargo dos tribunais.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
De acordo com os artigos 8º, 12 e 12-C a 12-F da Resolução CNJ
Nº125/2010, os CEJUSC, a capacitação dos conciliadores e
mediadores e os espaços privados foram regulamentados,
proporcionando, assim, condições formais e materiais para as
respectivas implementações e atuações.
3 - As diferentes formas de solução dos
con�itos
Ao �nal deste módulo, você será capaz de distinguir as características
gerais e especí�cas dos métodos adequados de solução de con�itos e
suas respectivas práticas.
Ligando os pontos
Disposta na Lei 9.307/96, a arbitragem é uma forma de resolução de
conflitos paralela à jurisdição estatal, por meio do qual um terceiro
E
A Resolução CNJ Nº125/2010 delegou aos juízes e
tribunais locais, a livre regulamentação da criação
dos espaços públicos e privados de conciliação e
mediação, bem como a definição dos critérios de
capacitação dos conciliadores e mediadores.
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imparcial, escolhido pelas partes, decide sobre controvérsia existente
entre elas. Esse método de resolução adequada de controvérsia e o
Poder Judiciário não se confundem; são vias distintas, autônomas e
independentes, mas que se interconectam em algumas situações.
Imagine, no caso concreto, que a empresa X e a empresa Y celebram
contrato de compra e venda e convencionam, por meio de cláusula
compromissória, que eventuais litígios decorrentes do referido
instrumento contratual serão resolvidos via arbitragem. Tendo surgido
controvérsia contratual entre ambas, a empresa X decide instaurar
procedimento arbitral. Apresentado o requerimento arbitral e respectiva
resposta, passa-se ao procedimento de indicação dos árbitros, no qual a
empresa X indica um e empresa Y outro. Em seguida, ambos os árbitros
indicam conjuntamente o árbitro presidente. Ato contínuo, formado o
Tribunal Arbitral, o termo de arbitragem é celebrado. Trata-se de
documento no qual as partes e árbitros definem o objeto do processo,
idioma, cronograma com as etapas do procedimento, entre outros
pontos.
No entanto, embora a existência do procedimento arbitral já esteja em
trâmite, a empresa Y resolve ignorar tal procedimento e ajuíza ação
judicial para discutir o mesmo tema objeto da arbitragem. Por essa
razão, em sede de preliminar de contestação, a empresa X aponta a
existência de convenção de arbitragem. Em réplica, contudo, a empresa
Y não tece qualquer comentário sobre a convenção de arbitragem.
Considerando o case narrado, é hora de aplicar seus conhecimentos.
Vamos ligar esses pontos?
Questão 1
Diante da hipótese narrada e do seu conhecimento da legislação,
qual alternativa você diria que apresenta a próxima ação do juiz?
A
O painel de árbitros e o juiz serão responsáveis por
julgar o processo conjuntamente, visto que ambos
exercem jurisdição.
B
O juiz terá competência para proferir sentença e,
caso entendam de igual modo, poderão os árbitros
homologar a sentença proferida pelo juiz.
C
O juiz deverá acolher a alegação de existência de
convenção de arbitragem e julgar extinto o processo
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Parabéns! A alternativa C está correta.
Havendo convenção de arbitragem prevista no contrato objeto da
disputa e tendo a empresa X alegado sua existência em sede de
contestação, deverá o juiz julgar extinto o feito sem resolução do
mérito, nos termos do art. 485, VII, do CPC.
Questão 2
Na condição de advogado da empresa X, qual o recurso que a
empresa deveria interpor contra decisão interlocutória que não
acolhe a alegação de convenção de arbitragem?
sem resolução do mérito.
D
O juiz deverá acolher a alegação de existência de
convenção de arbitragem e julgar extinto o processo
com resolução do mérito a favor da empresa X.
E
O juiz não deverá acolher a alegação de existência
de convenção de arbitragem, caso entenda que
possui melhores condições de julgar o processo.
A Apelação
B Agravo interno
C Agravo de instrumento
D Recurso ordinário
E Recurso especial
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Parabéns! A alternativa C está correta.
Nos termos do art. 1.015, III, do CPC, contra decisão interlocutória
que versa sobre rejeição da alegação de convenção de arbitragem,
cabe agravo de instrumento.
Questão 3
Diante do caso narrado, explique (i) se é possível que o
magistrado conheça de ofício a existência de convenção de
arbitragem no contrato objeto da disputa; (ii) a principal
consequência jurídica para a empresa X, caso não tivesse
alegado a existência de convenção de arbitragem em
contestação; (iii) o que, na condição de advogado da empresa X
poderia ser feito, ao longo do procedimento arbitral, caso se
descobrisse que o árbitro indicado pela empresa Y é amigo
íntimo do presidente desta empresa.
Digite sua resposta
Chave de resposta
Quanto ao item “i”, não cabe ao magistrado conhecer de
ofício a existência de convenção de arbitragem relativa ao
contrato objeto da lide, nos termos do art. 337, §5º, do CPC.
Quanto ao item “ii”, a principal consequência jurídica
decorrente da não alegação de convenção de arbitragem
pela empresa X em contestação é a sua renúncia à
jurisdição arbitral e a continuação do feito no Poder
Judiciário. Quanto ao item “iii”, descobrindo-se que um dos
árbitros é amigo íntimo do presidente da empresa Y, caberá
aos patronos da empresa X, nos termos do art. 14, §2º, art.
15 e art. 20 da Lei 9.307/96, apresentar arguição de
suspeição do árbitro para que seja substituído.
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As soluções ou métodos
consensuais e não
consensuais
Métodos consensuais e não
consensuais
Neste vídeo, o professor discorre sobre a existência de métodos
consensuais e não consensuais para a solução dos conflitos.
A regra, costume, tradição e quantitativamente falando, os números da
busca por Justiça pela sociedade civil e pelo próprio Estado levam à
ideia de uma solução judiciária, aquela que, substituindo a vontade das
partes, diz que está certo ou errado, assegura diretos e interesses,
inclusive em casos de urgência. Essa solução é a proporcionada pela
Jurisdição, isto é, por uma decisão estatal de caráter substitutivo e com
base no ordenamento jurídico vigente no país, no caso, o Brasil.
Em meio à regra geral disponível e acima descrita, a fala da existência
de métodos adequados de solução de conflitos traz uma ideia firme no
sentido de que existem outras possibilidades para a sociedade civil e o
próprio Estado resolverem os seus conflitos que não a decisão estatal e
substitutiva da Jurisdição.
Assim, quando falamos em métodos adequados de solução de conflitos
(MASC), estamos, em sentido macro, abrindo portas para diferentes
formas de solução de conflitos de modo consensual e também de modo
não consensual, mas com decisões proferidas em outros espaços e
critérios que não a Jurisdição Estatal, como é o caso da Arbitragem, da
Justiça Desportiva, por exemplo.

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É muito importante, portanto, que a ideia dos MASC seja inicialmente
dividida em dois grandes grupos:

Soluções ou métodos adequados
consensuais

Soluções ou métodos adequados
não consensuais
Agora, daremos foco às soluções consesuais.
As soluções ou métodos consensuais são todas aquelas que
independem de uma decisão impositiva, seja pelo Estado, espaços ou
instituições privadas ou mesmo por uma das partes interessadas. Trata-
se, na verdade, de possibilidades formais e informais de
consensualidade as quais os interessados podem se sujeitar para
resolver um conflito social.
Por exemplo, imagine uma família em desarmonia no lar, em razão de
brigas constantes dos dois cônjuges. Esse é um conflito social que
pode, em tese, ser resolvido por:
 Conversas apenas entre os cônjuges e
uma transação
 Conversas entre os cônjuges e
advogados colaborativos e uma
transação
 Conversas entre os cônjuges e
advogados consultivos e uma transação
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Ora, em tese, com exceção da ação, processo e sentença judicial, todas
as demais formas, aqui no caso consensuais, podem ser resolvidas da
forma que for mais adequada ao casal e objeto do conflito,
respectivamente. Não há uma lista de mandamentos, de ordem de
preferência, de melhor ou pior.
Com exceção da própria conversa entre os cônjuges e da hipótese da
ação, processo e sentença judicial, nos demais casos, o que existe são
formas com técnicas e profissionais devidamente capacitados para a
solução do conflito.
Mas qual é a grande novidade nisso tudo?
Qual é a razão dos MASC terem alcançado um
espaço e resultado maiores no acesso à
Justiça?
Ah, não é apenas uma razão!
São diversas as razões para as pessoas perceberem que elas, por si só,
se quiserem, têm capacidade intelectual e jurídica, ainda que com o
auxílio de terceiros, podem participar mais ativamente das decisões de
seus conflitos. E, aliado a isso, podemos indicar:
 Ação, processo e sentença judicial
 Conciliação ou mediação judicial ou
extrajudicial com acordo �rmado
 Menor custo
 Menor tempo
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É importante ressaltar que a lista apresentada não é taxativa e pode
variar, mas, sem dúvida, trata-se de uma lista positiva para os
envolvidos!
Ultrapassada a importante explicação e percepção conceitual a respeito
dos MASC, é preciso conhecer as principais soluções adequadas de
consensualidade e não consensualidade de tratamento dos conflitos.
No Brasil, as duas principais soluções de consensualidade tidas como
adequada na solução de conflitos são, respectivamente: a Conciliação e
Mediação. São, quantitativa e qualitativamente falando, os métodos
mais utilizados e que podem ser mensurados. Vamos agora validar cada
um deles.
Conciliação
Historicamente, o Brasil, enquanto Estado independente, sempre teve
períodos de namoro e casamento com a Conciliação, a começar pela
Constituição Política do Império, que previa, em seu art. 161, que
ninguém poderia intentar resolver problemas no Poder Judicial sem que
se demonstrasse que tentou a “reconciliação”. Na verdade, se
 Maior participação no resultado
 Maior comprometimento em cumprir o
acordado
 Menos dependência do Estado
 Maior cidadania
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pensarmos no Brasil antes da Independência, também há registros e
flertes com a Conciliação nas Ordenações Filipinas.
Durante o século XX, a ideia de conciliar conflitos em juízo, esteve
formalmente presente, ainda que nem sempre incentivada, e certamente
longe de termos uma política pública institucionalizada como temos
hoje.
A Conciliação, como forma ou método mais adequado de solucionar um
conflito, esteve presente na Justiça Comum Estadual e Federal e na
Justiça Federal do Trabalho, considerando o perfil dos conflitos as
grandes oportunidades de se resolverem as pendências e violações de
direitos na relação laboral.
É certo que no Código de Processo Civil, na legislação dos juizados
especiais e mesmo na ritualística prevista na CLT, a Conciliação já foi
confundida (ou meramente reduzida) com a ideia de um momento, ato
ou etapa processual, como se naturalmente fosse ou não acontecer por
razões transcendentais, ou estritamente, iniciativa de responsabilidade
das partes envolvidas.
Mas é a partir do momento e iniciativas mais localizadas nos anos 1980
e seguintes que a Conciliação, ainda que vista como uma etapa ou
momento ritualístico, passa a ocupar uma maior visibilidade, uma vez
que vai conseguindo “desafogar” grandes quantidades de processos em
áreas mais específicas, como direito do consumidor e outras causas
pequenas e que seriam rebatizadas na década seguinte de não
complexas e colocadas a cargo dos novos Juizados Especiais Cíveis e
Criminais instituídos pela Lei nº. 9.099/95.
Comentário
Aliás, é sem dúvida, por meio da Lei nº. 9.099/95, que a Conciliação
aumentou consideravelmente a sua popularidade, demandando do
poder público (antes mesmo da Resolução CNJ 125/2010),
providências estruturais, capacitação de quadros e outras providências
logísticas de interesse.
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Atualmente, o CPC prevê logo em seu artigo 3º, § 3º, no âmbito das
Normas Fundamentais do Processo Civil, a previsão do incentivo e
possibilidade da Conciliação (e outros métodos) em qualquer fase ou
momento do processo judicial.
É, sem dúvida, uma disposição normativa da Lei de 2015, que validou
toda movimentação após a CF 88, em prol de um acesso à Justiça que
não fosse apenas atrás da sentença do juiz, mas que proporcionasse o
direito fundamental a outras possibilidades de solução dos conflitos das
pessoas.
Já em seu artigo 139, V, em meio às diretrizes sobre os poderes,
deveres e responsabilidades do Juiz, é explicitamente prevista a
promoção da autocomposição entreas partes, com menção expressa à
Conciliação, de modo a demonstrar que o legislador conta com os juízes
na aplicação, quando possível, da Conciliação para solução de conflitos.
Veja que, para além da previsão contida no art. 334 do CPC, que se
afigura como sendo um grande e importante momento previsto para a
consensualidade no CPC, o importante mesmo é o julgador em qualquer
instância ou grau de jurisdição estar apto, de prontidão para atender
solicitação das partes envolvidas ou mesmo uma percepção oriunda de
sua cognição, de fato novo etc.
Atenção!
Outra importante questão envolvendo a Conciliação diz respeito à sua
convivência e, ao mesmo tempo, à distinção da Mediação, conforme a
previsão dos artigos 165 a 175 do CPC, que demonstram de forma
clara, a ideia legislativa da aplicação de um ou outro método,
considerando os aspectos objetivos e subjetivos do conflito.
Assim, partindo da referência normativa do CPC, encontramos a
atuação do Conciliador:
É aquele capacitado para atuar em casos, em tese mais simples,
quando, preferencialmente, não houver vínculo anterior entre as
partes. Ele pode, inclusive, sugerir soluções (propostas) para o
conflito, mas sem qualquer tipo de intimidação ou
constrangimento.
Conciliador 
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Como se pode ver, o Conciliador foi idealizado pelo legislador como
alguém que pode colaborar no tratamento de conflitos mais simples,
assim entendidos com relações jurídicas mais objetivas,
predominantemente de direito e, preferencialmente, sem que haja
envolvimento pretérito dos envolvidos.
Assim, se você olhar agora para os movimentos de conciliação nas
relações de consumo, nos juizados especiais, nas relações de trabalho,
perceberá as razões do maior direcionamento da Conciliação nestes
casos. Viu, tudo tem uma razão de ser!
Mas fique ciente que nada impede que um conciliador obtenha êxito no
tratamento de conflitos mais complexos, com partes e vínculos já
conhecidos!
Mediação
Após consolidar a Conciliação no seu tradicional e importante papel de
tratar conflitos de modo mais adequado do que a simples procura e
espera da sentença judicial, o sistema normativo brasileiro, a reboque de
movimentos doutrinários e em especial, ligados à atuação do Conselho
Nacional de Justiça na chegada à Resolução CNJ Nº 125/2010, tratou
de buscar meios para uma melhor execução de outro importante
método adequado de solução de conflitos, qual seja a Mediação.
Comentário
É claro que a Mediação não surgiu simplesmente após a Resolução CNJ
Nº 125/2010, sendo certo que, em boa parte do mundo (e em
experiências no Brasil), a Mediação já vinha sendo estudada,
regulamentada e praticada por grandes espaços de tratamento de
conflitos.
Aliás, é normalmente assim que muitos institutos são “introduzidos” ou
“validados” dentro de um sistema jurídico e, no caso da Mediação, não
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foi diferente. A prática vem antes, ainda que de modo menos formal e
vai proporcionando ajustes na legislação e na execução, em especial
por parte do Poder Judiciário, que acabou sendo um grande celeiro da
Mediação, complementando as ações já historicamente existentes para
a Conciliação.
Portanto, podemos entender a Mediação como um método adequado
de solução de conflitos de caráter consensual de relações mais
complexas e com vínculos anteriores entre os envolvidos (mediandos) e
que, com o auxílio de um profissional capacitado, o Mediador, para
compreensão do conflito, seus interesses, perspectivas e,
principalmente para que se restabeleça ou se fortaleça a comunicação
direta entre os mediandos, de modo que eles próprios possam passar a
construir alternativas e saídas para o conflito.
Assim, partindo da referência normativa do CPC, encontramos a
atuação do Mediador:
É aquele capacitado para atuar em casos, simples ou complexos,
quando, preferencialmente, houver vínculo anterior entre as
partes. Ele deve auxiliar aos interessados a compreender as
questões, interesses e controvérsias envolvidas. Com isso, ao
invés de formular propostas diretas, permite que a comunicação
entre as partes seja responsável por, por livre vontade, encontrar
saídas em consensualidade com benefícios para ambos.
Agora é importante destacar uma diferença entre a Conciliação e a
Mediação. Enquanto a primeira vem regulada nos diplomas jurídico
processuais, a segunda, além de também constar nas codificações do
processo, ganhou em 2015, uma Lei própria, a Lei nº. 13.140, que
formalmente dispõe sobre a mediação entre particulares como meio de
solução de controvérsias e sobre a autocomposição de conflitos no
âmbito da administração pública; além de alterar e revogar uma série de
dispositivos legais a respeito do tema.
Mediador 
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Ainda que de fato já se praticava a Mediação no tratamento de conflitos
no Brasil, sem dúvida que a Lei nº. 13.140/2015 trouxe importantes
balizas para a operação da Mediação no âmbito judicial e extrajudicial. A
começar pelo artigo 1º da Lei nº. 13.140/2015, já se tem, ratificando as
disposições do CPC 2015 uma abordagem conceitual da Mediação:
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a mediação como meio de solução
de controvérsias entre particulares e sobre a autocomposição de
conflitos no âmbito da administração pública.
Parágrafo único. Considera-se mediação a atividade técnica
exercida por terceiro imparcial sem poder decisório, que,
escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a
identificar ou desenvolver soluções consensuais para a
controvérsia.
Principais características da mediação
É, na verdade, um importante passo jurídico, pois traz parâmetros mais
seguros para a diferenciação e aplicação dos diferentes métodos e ao
mesmo tempo, regulamenta a atividade, apontando, em dispositivos
sequenciais, os princípios inerentes à Mediação, aos Mediadores em
âmbito judicial e extrajudicial, sua formação e vários pontos
importantes, que destacamos a seguir:
Imparcialidade do mediador
Isonomia entre as partes
Oralidade - Informalidade
Autonomia da vontade das partes
Busca do consenso
Confidencialidade
Boa-fé
Artigo 1º da Lei nº. 13.140/2015 
Princípios da Mediação 
Mediadores 
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Mediadores judiciais e extrajudiciais têm características de
formação, nomeação e atuação diferenciada. No âmbito judicial,
existem normativas mais rígidas e restritivas à formação e
atuação dos mediadores. No âmbito extrajudicial, há mais
liberdade na eleição, formação e atuação dos mediadores.
Há também variáveis entre a mediação judicial e extrajudicial. No
caso da mediação judicial, normas internas dos Tribunais,
pautadas na Resolução CNJ Nº 125/2010 ditam o fluxo de
trabalho dos Núcleos e principalmente dos CEJUSC. No caso da
mediação extrajudicial, a Lei nº. 13.140/2015 é mais objetiva ao
apontar os itens mínimos do procedimento, sem prejuízo de
acréscimos que as câmaras privadas ou mediadores autônomos
podem proporcionar aos seus clientes. Itens como, prazo
mínimo e máximo para a realização da primeira reunião de
mediação, local da primeira reunião de mediação, critérios de
escolha do mediador ou equipe de mediação e penalidade em
caso de não comparecimento da parte convidada à primeira
reunião de mediação são importantes pontos de atenção.
Apesar de figurar já no rol dos princípios orientadores da
Mediação, o tema mereceu destaque diante das graves
implicações que podem surgir no procedimento da mediação. Na
prática,se aponta a abrangência objetiva da confidencialidade e
os pontos de exceção, como ciência de crimes de ação penal
pública incondicionada e obrigações administrativas e tributárias
em consoante com o artigo 198 da Lei nº. 5.172/1976.
Marco importante da Lei nº. 13.140/2015 e também presente no
CPC 2015 diz respeito à possibilidade da consensualidade
estendida aos casos previstos com a Administração Pública.
Disposições gerais, condições mais rígidas e limitações formais
Procedimento da Mediação 
Confidencialidade 
Mediação com a Administração Pública 
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e materiais aparecem nesta parte final e muito importante da Lei.
Sem prejuízo de possibilidades já existentes, é, sem dúvida, um
marco, um novo paradigma para a Administração Pública e seus
credores.
Negociação
Ainda que seja uma abordagem um pouco mais restritiva e polêmica,
uma vez que se situa em um campo de possibilidades mais amplo
possível, ocorrendo, na maioria das vezes em espaços alienígenas ao
Poder Judiciários e aos mais regulamentos métodos consensuais, a
Negociação é um importante e tradicional ferramenta no tratamento
adequado de conflitos, com técnicas que podem, em certas ocasiões,
apoiar etapas ou momentos importantes da Conciliação.
A Negociação é uma versão mais originária da consensualidade dos
envolvidos em um conflito e, muitas das vezes, utilizada em várias áreas
do conhecimento, normalmente associada a processos de construção
do convencimento de negociações gratuitas ou onerosas.
Trata-se, portanto, de um método com técnicas próprias da liberdade de
manifestação e contratação das partes, muito praticado em escolas de
negócios e espaços afins e que ganha maior visibilidade junto às
operações judiciárias e de espaços privados de solução de conflitos
após a aproximação da prática e resultados positivos com a conciliação
e mediação.
Para fins de uma melhor percepção, vamos relacionar aqui alguns
pontos diferenciados da Negociação se comparada à Conciliação e à
Negociação.
Maior liberdade temporal
A Negociação tem uma janela no tempo mais ampla e
favorável às relações continuadas, em especial aos envolvidos
que já mantinham (e mantém) entre si, outras relações
jurídicas. Ela não está presa a momentos ou desfechos
processuais, ligados ao curso de um rito processual, horários e
modelos de funcionamento de centros de conciliação e
mediação, por exemplo.
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Maior liberdade de objeto
A Negociação, pela sua própria natureza e prática, possui uma
maior elasticidade no objeto a ser negociado de um litígio,
podendo, inclusive, ampliar o campo de deliberação e
resolução por acordo. Não é que isso não possa ser feito em
sede de conciliação e mediação, mas o ethos desses dois
últimos métodos é menos propenso a tais realizações.
Maior autonomia de execução
A Negociação tem, em sua origem, uma formação mais
simplificada, proporcionando aos ditos negociadores uma
apropriação mais simples, menos sofisticada e, em grande
parte dos casos, acessível ao público mais aberto, longe o
suficiente da linguagem e comportamento das soluções
eminentemente jurídicas na solução de conflitos. É um aspecto
de repercussão social importante e não pode ser
desconsiderado.
Soluções ou métodos
adequados não consensuais
Sem prejuízo da importância da busca e prática da consensualidade no
âmbito da Política Pública de tratamento de conflitos no Brasil, existe
também espaço e normatização para métodos que buscam apresentar
uma alternativa à judicialização de conflitos frente ao Poder Judiciário,
seja por vontade das partes, seja por previsão legal ou contratual.
Arbitragem
A Arbitragem ocupa um papel de destaque no campo dos métodos
adequados de solução de conflitos não consensuais, como uma
verdadeira e dedicada opção aos trâmites jurídicos, econômicos e
políticos de ações e processos judiciais que podem restar não decididos
em tempo e qualidade desejadas pelos envolvidos no conflito.
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A Lei nº. 9.307/1996 e as importantes alterações previstas pela Lei nº.
13.129/2015 trazem, no âmbito brasileiro, as opções disponíveis ao
tratamento de conflitos fora do Poder Judiciário e sem necessariamente
depender da consensualidade entre os envolvidos. Trata-se da
possibilidade da utilização da Arbitragem, como um meio adequado de
resolver conflitos e que tem, conforme previsão legal, as seguintes
características:
Meio adequado não consensual de resolução de conflitos que os
interessados, maiores capazes e pessoas jurídicas de direito
privado e público podem ter à disposição para tratamento de
relações jurídicas diversas. É normalmente organizada em
espaços públicos e privados denominados de “Câmaras” com
regras e regulamentos pormenorizados da ritualística adotada,
sempre com referência à previsão legal.
Os interessados por optar pela Arbitragem como meio mais
adequado e não oneroso de solução de conflitos por uma
Cláusula Compromissória, quando, entre eles, existem relações
jurídicas contratuais ou pelo Compromisso Arbitral, que é uma
celebração que pode ser nos autos ou mesmo extrajudicial,
normalmente pelo convite formulado por um dos interessados
(ou partes do processo judicial) e acatado pela outro (a).
Pode ser árbitro qualquer pessoa maior e capaz e deverão ser
indicados e nomeados pelas partes. Ao contrário do que ocorre
no Poder Judiciário, aqui as partes podem escolher seus árbitros
e ou Centros de Arbitragem. Em outras palavras, inexiste o
princípio do árbitro natural, como se tem na ideia do juiz natural
(Poder Judiciário).
Arbitragem 
Como chegar à arbitragem 
Árbitros 
Procedimento arbitral 
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De acordo com a Lei nº. 9.307/1996, o procedimento arbitral e a
arbitragem consideram-se instituídos no momento da aceitação
do árbitro indicado. Logo de início, há possibilidade de alegações
preliminares diversas, tal como competência, suspeição, dentre
outras e que serão devidamente analisadas e resolvidas. O
procedimento em si atenderá à predisposição da convenção da
arbitragem ou na sua ausência, às disposições do Centro de
Arbitragem. O procedimento arbitral compreende também a
instrução, com oitiva de depoimento das partes, testemunhas,
análise de documentos e outros meios de prova.
Antes de instituída a arbitragem, eventuais medidas de urgência
devem ser requeridas ao Poder Judiciário. Com a instituição da
arbitragem, os árbitros passam a responder por novas análises e
possíveis ajustes. Em tramitação da arbitragem, medidas
especiais poderão ser solicitadas ao Poder Judiciário, que as
praticará, for o caso, em cumprimento às Cartas Arbitrais. Trate-
se de mais uma caracterização do hibridismo do procedimento
arbitral que poderá contar o apoio e atuação do Poder Judiciário
em cada caso concreto, se necessário for.
Trata-se do documento decisório da Justiça Arbitral, proferida na
sequência do referido procedimento e que conterá, na forma da
lei, relatório, fundamentação e o dispositivo, podendo ser parcial
ou total. Após a comunicação formal às partes, há um prazo para
possíveis correções materiais e em seguida, a sentença passará
a ter a mesma validade jurídica das sentenças proferidas pelo
Poder Judiciário, sendo consideradas como títulos executivos
judiciais, nos termos do artigo 515, XXX do CPC.
Sim, você não leu errado! Título executivo judicial!
Mas, a Arbitragem não é fora do Poder Judiciário? Pois é, o legislador
poderia

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