Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
TATIANA MONTANARI 80 fosfatase alcalina, colagenase do tipo IV, lactoferrina e lisozima. Os grânulos terciários contêm enzimas que degradam a matriz extracelular, como gelatinases e colagenases, e glicoproteínas que se inserem na membrana e devem promover a adesão da célula. Há ainda glicogênio para o metabolismo anaeróbico. 462,463,464,465 Os neutrófilos constituem a primeira linha de defesa contra a invasão de micro-organismos. Eles fagocitam bactérias, fungos e células mortas. 466,467 Os neutrófilos possuem receptores para IgG e para o complemento. São dotados de movimento ameboide através dos pseudópodos e são atraídos por fatores quimiotáticos, como componentes do complemento, substâncias das células mortas e polissacarídeos derivados das bactérias. A ligação dos fatores quimiotáticos à membrana plasmática ativa a liberação do conteúdo dos grânulos terciários: a gelatinase degrada a lâmina basal do endotélio, facilitando a movimento dos neutrófilos para o tecido conjuntivo, e as glicoproteínas são inseridas na membrana plasmática, promovendo a adesão celular. 468,469 Através dos pseudópodos, os neutrófilos realizam a fagocitose, internalizando o micro-organismo. Há a produção do ânion superóxido (O2 - ) e do peróxido de hidrogênio (H2O2) na membrana do fagossomo. Ácido hipocloroso (HOCl) é produzido a partir do H2O2 e do íon Cl - pela ação da mieloperoxidase do grânulo específico. Esses oxidantes e a lactoferrina e a lisozima dos grânulos específicos são responsáveis pela morte das bactérias fagocitadas. A lactoferrina é uma proteína ávida por ferro e, como esse mineral é importante para a nutrição das bactérias, sua remoção prejudica o seu metabolismo. A lisozima ataca os peptidoglicanos da parede de bactérias gram-positivas. 470,471,472,473 Bombas de prótons localizadas na membrana dos fagossomas acidificam o seu interior, tornando o pH mais adequado para as enzimas lisossômicas provenientes da fusão dos grânulos azurófilos atuarem e realizarem a digestão dos restos celulares. 474 Os neutrófilos também sintetizam leucotrienos, que ajudam no início do processo inflamatório. 475 Os neutrófilos morrem logo após a fagocitose, já que 462 Ibid. pp. 231-232. 463 JUNQUEIRA & CARNEIRO. 12.ed. Op. cit., pp. 221, 223. 464 LOWE & ANDERSON. Op. cit., pp. 108-110. 465 ROSS & PAWLINA. Op. cit., pp. 283-288. 466 JUNQUEIRA & CARNEIRO. 12.ed. Op. cit., p. 224. 467 LOWE & ANDERSON. Op. cit., pp. 108-110. 468 GARTNER & HIATT. Op. cit., p. 233. 469 LOWE & ANDERSON. Op. cit., pp. 109-110. 470 GARTNER & HIATT. Op. cit., p. 233. 471 JUNQUEIRA & CARNEIRO. 12.ed. Op. cit., p. 226. 472 LOWE & ANDERSON. Op. cit., p. 109. 473 ROSS & PAWLINA. Op. cit., pp. 286-288. 474 JUNQUEIRA & CARNEIRO. 12.ed. Op. cit., p. 226. 475 GARTNER & HIATT. Op. cit., pp. 233-234. esse processo depende de energia e consome a reserva de glicogênio. Suas enzimas lisossômicas são liberadas para o espaço extracelular, causando a liquefação do tecido adjacente. O acúmulo de líquido tissular, bactérias e neutrófilos mortos é o pus. Ele é amarelo-esverdeado, por causa do pigmento heme da mieloperoxidase. 476,477, 478 Os eosinófilos medem 12 a 15m de diâmetro. O citoplasma exibe grânulos azurófilos e grânulos específicos (eosinófilos), sendo que estes últimos são bastante refráteis e corados em rosa-escuro. O núcleo é bilobulado (Figuras 3.44 e 3.45). 479,480 Figura 3.44 - Eosinófilo. Giemsa. Objetiva de 100x (1.373x). Os grânulos azurófilos contêm fosfatase ácida, arilsulfatase e outras enzimas hidrolíticas e, portanto, são lisossomos. Os grânulos eosinófilos são ovoides e maiores do que os grânulos azurófilos. Ao microscópio eletrônico, é possível observar um cristaloide eletrodenso, o internum, circundado por uma matriz menos eletrodensa, o externum (Figura 3.45). O internum consiste na proteína básica principal, rica no aminoácido arginina, que, pela carga positiva, confere eosinofilia aos grânulos. O externum contém fosfatase ácida, -glicuronidase, colagenase, fosfolipase, arilsulfatase, histaminase, peroxidase eosinofílica e as ribonucleases proteína catiônica eosinofílica e neurotoxina derivada de eosinófilos. Esses grânulos são também considerados lisossomos. 481,482,483,484,485,486 476 Ibid. p. 233. 477 LOWE & ANDERSON. Op. cit., pp. 109-110. 478 ROSS & PAWLINA. Op. cit., pp. 288-289. 479 GARTNER & HIATT. Op. cit., pp. 232, 235. 480 OVALLE & NAHIRNEY. Op. cit., pp. 159, 162. 481 GARTNER & HIATT. Op. cit., pp. 232, 234-235. 482 HAM & CORMACK. Op. cit., p. 270. 483 JUNQUEIRA & CARNEIRO. 12.ed. Op. cit., pp. 221, 224-225. 484 LOWE & ANDERSON. Op. cit., p. 111. 485 ROSS & PAWLINA. Op. cit., pp. 290-291. 486 WEISS. O sangue. Op. cit., p. 370. T. Montanari HISTOLOGIA 81 Os eosinófilos limitam o processo alérgico, fagocitam o complexo antígeno-anticorpo e destroem parasitas. 487 Figura 3.45 - Ilustração da ultraestrutura do eosinófilo. Baseado em Junqueira & Carneiro, 2013. p. 34. Os eosinófilos possuem receptores para os componentes do complemento, IgE, IgA e IgG. São dotados de movimento ameboide e concentram-se nas áreas de reação alérgica e inflamação, atraídos pela histamina, pelos leucotrienos e pelos fatores quimiotáticos de eosinófilos produzidos pelos mastócitos e basófilos. São também atraídos por produtos bacterianos, linfócitos ativados e componentes do complemento. 488,489,490,491 Os eosinófilos liberam aril-sulfatase e histaminase, que destroem os leucotrienos e a histamina, e o fator inibidor derivado do eosinófilo, provavelmente composto pelas prostaglandinas E1 e E2, que deve inibir a exocitose dos mastócitos. Assim, limitam os processos alérgico e inflamatório. 492,493 As células do conjuntivo vizinhas a complexos antígeno-anticorpo liberam histamina e IL-5, estimulando a formação dos eosinófilos. Eles fagocitam os complexos antígeno-anticorpo, destruindo-os no sistema endolisossômico, o que envolve também os grânulos azurófilos. 494,495 A liberação da proteína básica principal e da proteína catiônica eosinofílica na superfície do parasita forma poros, facilitando o acesso de superóxido e 487 GARTNER & HIATT. Op. cit., pp. 232, 235. 488 Ibid. pp. 232, 234-235. 489 JUNQUEIRA & CARNEIRO. 12.ed. Op. cit., p. 226. 490 LOWE & ANDERSON. Op. cit., p. 110. 491 ROSS & PAWLINA. Op. cit., p. 291. 492 LOWE & ANDERSON. Op. cit., p. 110. 493 ROSS & PAWLINA. Op. cit., p. 291. 494 GARTNER & HIATT. Op. cit., p. 235. 495 ROSS & PAWLINA. Op. cit., p. 291. peróxido de hidrogênio que promovem a sua morte. 496 Os basófilos possuem 10 a 14m de diâmetro, citoplasma com grânulos azurófilos e com grânulos específicos (basófilos) e núcleo bilobulado ou retorcido, em forma de S. Os grânulos basófilos são corados em azul-escuro e frequentemente obscurecem o núcleo (Figura 3.46). 497,498 Figura 3.46 - Basófilo. Giemsa. Objetiva de 100x (1.373x). Os grânulos azurófilos são lisossomos e contêm hidrolases ácidas semelhantes a de outros leucócitos. Os grânulos basófilos contêm histamina, peroxidase, proteases neutras, fatores quimiotáticos de eosinófilos e de neutrófilos e os glicosaminoglicanos sulfato de condroitina, sulfato de heparana e heparina. A carga negativa dos grupos sulfato dos glicosaminoglicanos confere basofilia metacromática aos grânulos específicos. 499,500,501 Os basófilos participam das reações alérgicas. 502 A membrana plasmática dos basófilos, como a dos mastócitos, possui receptores para IgE. O antígeno ao se ligar à IgE provocaa extrusão dos grânulos de maneira semelhante ao que ocorre com os mastócitos, desencadeando a reação anafilática descrita anteriormente. 503 Os monócitos são as maiores células do sangue (12 a 20m). O citoplasma é vacuolizado e basófilo, corando-se em azul-acizentado. O núcleo é excêntrico, em forma ovoide, de rim ou ferradura, conforme o seu 496 GARTNER & HIATT. Op. cit., p. 235. 497 JUNQUEIRA & CARNEIRO. 12.ed. Op. cit., pp. 221, 226. 498 OVALLE & NAHIRNEY. Op. cit., pp. 159, 163. 499 GARTNER & HIATT. Op. cit., pp. 232, 236. 500 ROSS & PAWLINA. Op. cit., p. 292. 501 WEISS. O sangue. Op. cit., pp. 370, 376. 502 OVALLE & NAHIRNEY. Op. cit., p. 163. 503 JUNQUEIRA & CARNEIRO. 12.ed. Op. cit., p. 226. T. Montanari
Compartilhar