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AULA 1 GESTÃO ESTRATÉGICA DA INOVAÇÃO TEMA 1 – BASES CONCEITUAIS: COMPREENDENDO A INOVAÇÃO Com o passar dos anos, as empresas estão cada vez mais competitivas. Isso se deve, muitas vezes, às transformações que ocorrem no ambiente mercadológico. No intuito de superar essas transformações e gerar vantagem competitiva, as práticas de inovação são imprescindíveis, uma vez que é por intermédio de atitudes inovadoras que as empresas são capazes de expandir, reestruturar e aprimorar as ações nos mais variados tipos de organizações. Nas empresas e indústrias, por exemplo, o ato de inovar permite que determinado negócio seja reinventado, tornando-o mais adequado para o consumidor final e, consequentemente, mais competitivo. No entanto, antes de entrarmos nesse mundo organizacional, é fundamental compreendermos alguns conceitos. 1.1 Conceito de inovação Conceituar inovação não é uma tarefa fácil. Por mais simples que possa parecer, inovar não é simplesmente fazer algo novo. O conceito de inovação sofreu grandes alterações nos últimos anos. O Manual de Oslo, criado em 1990 pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), apresenta diretrizes para coleta e interpretação sobre inovação e tecnologia com o objetivo de orientar e padronizar conceitos, metodologias e construção de estatística e indicadores de pesquisa e P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) de países industrializados. É nesse manual que é apresentada a evolução do conceito de inovação. Inovação é considerada a prática de explorar novas ideias de forma correta. Dessa forma, a ideia de algo realmente dar certo depende dos objetivos e das pessoas ou organizações envolvidas nesse processo. Um exemplo pode se referir ao incremento do faturamento ao crescimento da margem de lucro, à abertura de novos mercados e ao lançamento de novos produtos ou serviços. Um conceito muito interessante sobre inovação foi dado pelo vice- presidente de varejo da Apple, Ron Johnson: “Inovação é a fantástica intersecção entre a imaginação de alguém e a realidade”. Isso significa que inovar vai além da criatividade, de pensar em coisas novas, ou seja, é transformar uma ideia em produto, serviço ou processo novo ou melhorado. 2 No ambiente empresarial, inovar é o processo que inclui atividades técnicas, concepção, desenvolvimento, gestão e que resulta na comercialização de produtos, ou na primeira utilização de processos. No entanto, a inovação organizacional é definida como um novo método organizacional voltado aos negócios das empresas, à organização do trabalho ou às relações externas. A inovação organizacional aplica-se ao desenvolvimento de novas tecnologias para a criação de novos produtos e serviços, à forma como a organização atua em um mercado em constante mudança, servindo igualmente como forma competitiva. Inovações também podem estar vinculadas a novas modelagens de negócio, a novos mercados, métodos, processos organizacionais e a novos tipos e fontes de suprimentos. Por conta disso, é comum haver uma confusão entre inovação e processos de inovação com o aprimoramento constante de produtos, métodos, serviços, processos, entre outros. É por esse motivo que é importante saber que a inovação gera um impacto significativo para a organização ou para o conjunto de pessoas envolvidas, se considerarmos esse processo como um todo e não apenas em seus aspectos isolados. Até recentemente os processos de inovação não eram suficientemente compreendidos. Um melhor entendimento surgiu em decorrência de vários estudos feitos nos últimos anos. No que diz respeito ao nível macro, é possível encontrar um conjunto de elementos que apontam que a inovação é um dos principais fatores que levam ao crescimento econômico. Já em nível micro, a pesquisa e desenvolvimento é a atividade que mais absorve informações e conhecimento para a empresa. Outros fatores que influenciam a capacidade de inovação das empresas são também vistos como de fundamental importância: facilidade de comunicação, canais eficazes de informação, transmissão de competências e acumulação de conhecimentos dentro das organizações. Além disso, é importante ter uma visão estratégica e determinante para buscar no ambiente externo a organização, elementos que sejam essenciais para o desenvolvimento de novas tecnologias e inovações. Para isso, a empresa precisa desenvolver duas competências principais: � Competências estratégicas: diz respeito à visão de longo prazo, capacidade de identificar e até antecipar tendências de mercado, 3 disponibilidade e capacidade de coligir, processar e assimilar informações tecnológicas e econômicas; � Competências organizacionais: disposição para o risco e capacidade de gerenciá-lo, cooperação interna entre os vários departamentos operacionais e cooperação externa com consultorias, pesquisas de público, clientes e fornecedores, envolvimento de toda a empresa no processo de mudança e investimento em recursos humanos. Percebe-se, pelos conceitos apresentados, que inovação é algo muito mais amplo dentro dos seus conceitos, bem como é amplo também na forma e nos processos que ocorrem no ambiente organizacional. Inovação envolve uma diversidade de processos e indivíduos que precisam estar atentos às mudanças que acontecem nos mais diferentes ambientes, seja dentro ou fora da organização, para então fazer a melhor escolha, que resulte em desenvolvimento e resultados positivos para as empresas. Além dessa grande quantidade de conceitos sobre um único termo – inovação –, existem também as suas subdivisões, ou aqui, como vamos tratar, os tipos de inovações. Elas se diferem de acordo com o processo e necessidade organizacional. Essa diferença vamos ver no tema seguinte. TEMA 2 – TIPOS DE INOVAÇÃO: OBJETO FOCAL DA INOVAÇÃO As formas de inovação podem ser classificadas de muitas maneiras. Nesse contexto, destaca-se dois modos de classificação propostos pelo Instituto Inovação. O primeiro trata do objeto focal da inovação, e o segundo, do impacto da inovação. Vamos ver cada um separadamente nas sessões seguintes. No que diz espeito à classificação de inovação pelo objeto focal, podemos citar a inovação de produto, a inovação de processo e a inovação do modelo de negócio. Inovação de produto pode assumir duas formar abrangentes: (1) produtos tecnologicamente novos e (2) produtos tecnologicamente aprimorados. Para ficar mais claro, é apresentado a seguir os conceitos e exemplos descritos pela Financiadora de Estudos e Projeto (Finep). Um produto tecnologicamente novo ocorre quando suas características tecnológicas ou usos pretendidos diferem daqueles dos produtos produzidos anteriormente. Tais inovações podem envolver tecnologias radicalmente novas, 4 podem basear-se na combinação de tecnologias existentes em novos usos, ou podem ser derivadas do uso de novo conhecimento. Os primeiros microprocessadores e gravadores de videocassete foram exemplos de produtos tecnologicamente novos do primeiro tipo, utilizando tecnologias radicalmente novas. O primeiro toca-fitas portátil, que combinava as técnicas existentes de fita e minifones de cabeça, foi um produto tecnologicamente novo do segundo tipo, combinando tecnologias existentes em um novo uso. Em cada caso, o produto geral não existia anteriormente. Já um produto tecnologicamente aprimorado é um produto existente cujo desempenho tenha sido significativamente aprimorado ou elevado. Um produto simples pode ser aprimorado (em termos de melhor desempenho ou menor custo) com o uso de componentes ou materiais de desempenho melhor, ou um produto complexo que consista em vários subsistemas técnicos integrados pode ser aprimorado por meio de modificações parciais em um dos subsistemas. Produtos tecnologicamente aprimorados podem ter grandes e pequenos efeitos na empresa. A substituição de metais por plástico nos equipamentos de cozinha ou mobílias é um exemplo de uso de componentesde melhor desempenho. A introdução de freios ABS ou outras melhorias de subsistemas em carros é um exemplo de mudanças parciais em alguns subsistemas técnicos integrados. No que diz respeito à inovação de processo, é a adoção de métodos de produção novos ou significativamente melhorados, incluindo métodos de entrega dos produtos. Tais métodos podem envolver mudanças no equipamento ou na organização da produção, ou uma combinação dessas mudanças, e podem derivar do uso de novo conhecimento. Os métodos podem ter por objetivo produzir ou entregar produtos tecnologicamente novos ou aprimorados, que não possam ser produzidos ou entregues com os métodos convencionais de produção, ou pretender um aumento da produção ou eficiência na entrega de produtos existentes. Um exemplo de inovação em processo pode ser com base em uma empresa de transporte rodoviário, em que a adoção de novos procedimentos melhora o desempenho das atividades, por exemplo: (1) o uso de telefones celulares para redirecionar os motoristas ao longo do dia, que permite aos clientes maior flexibilidade nos destinos das entregas; (2) novo sistema de mapeamento por computador, usado pelos motoristas para descobrir a rota de entrega mais 5 recente (isto é, de um destino para outro). Isso permite oferecer aos clientes entregas mais rápidas; (3) introdução de reboques com oito contêineres em forma de globo, em vez dos quatro habituais. Por fim, inovação de modelo de negócio tem foco na mudança do modelo de negócio da organização, nas motivações e em como os elementos para essa mudança se tornam bem-sucedidos. Os modelos de negócios são decorrentes da inovação tecnológica que ocorre dentro da organização, tecnologia essa que busca atender às necessidades do mercado e também dos clientes não correspondidos. Essa capacidade de mudança da organização de se adaptar às condições faz com que a empresa obtenha um melhor desempenho. Novos modelos de negócios, ou refinamentos para os já existentes, muitas vezes resultam em um custo mais baixo ou o aumento do valor para o consumidor; se não for facilmente replicado por concorrentes, eles podem fornecer uma oportunidade de gerar retornos mais altos para o empresário, pelo menos até que seus novos recursos sejam copiados. Dessa forma, inovação do modelo de negócio se caracteriza por uma mudança que a empresa planeja para atender seus clientes, envolvendo, dessa forma, a mudança da estrutura organizacional com a inclusão de inovações e processos em sua cadeia produtiva. De acordo com o consultor de inovação, Luiz Flávio (2016), podemos distinguir quatro dimensões principais para se inovar no modelo de negócios: � Oferta: As ofertas são os produtos e serviços inovadores que levam valor para os consumidores. O IPod, o IPad ou o ITunes, por exemplo, são produtos inovadores. Ainda, podemos ter as inovações nas plataformas e as soluções integradas. A Nissan criou uma plataforma de componentes para criar novas linhas de carros e utilitários. A Disney é outro exemplo de plataforma: com os seus personagens, a empresa cria uma série de novos produtos e serviços. Nas soluções, encontramos as ofertas integradas desde a concepção até a implantação de produtos e serviços. � Consumidores: Na dimensão de consumidores, pode-se inovar achando novos segmentos de consumidores ou redefinir as interações existentes em cada ponto de contato para criar novas formas de receitas. Toda a gama de serviços que foi criada para servir ao segmento de baixa renda é um exemplo da criação de novos segmentos de mercado. 6 � Processos: Na dimensão de processos, podem-se criar novas linhas de produtos e serviços utilizando as competências centrais da empresa, como a Honda fez com a sua linha de produtos – motosserra, cortador de grama, motocicletas, carros etc. Ou envolver os seus fornecedores na criação de valor como a Boeing ou a Embraer. � Canais de entrega: Nos canais de entrega, a empresa pode buscar novas formas de distribuir e interagir com os consumidores criando um relacionamento inteligente e criativo. O e-commerce criou uma gama enorme de novos modelos de negócio. No quadro a seguir, são apresentados os conceitos sintetizados, bem como outros exemplos que permitem uma melhor compreensão dos termos citados. Quadro 1 – Conceitos de inovação e exemplos TIPO Inovação de processo DESCRIÇÃO Diz respeito a modificações no processo de produção de um produto ou serviço, mas não causa, obrigatoriamente, alterações do produto final. Gera melhorias significativas no processo de produção, como a redução de custos e aumento da produtividade. EXEMPLO Um automóvel produzido com auxílio de robôs. Inovação de produto Abrange mudanças nas propriedades do produto, alterando-se o modo como os clientes e participantes da cadeia produtiva percebem o produto. Um automóvel com câmbio automático, que se distingue dos modelos Fonte: Possoli, 2012. TEMA 3 – TIPOS DE INOVAÇÃO: IMPACTO DA INOVAÇÃO No que se refere aos impactos da inovação, pode-se estabelecer dois tipos de inovação: a incremental e a radical. O impacto da inovação diz respeito às consequências mensuráveis do processo inovador, enquanto a classificação anterior destaca a instância específica em que o processo de inovação se concentra. 7 De acordo com o Manual de Oslo (2017), a mudança técnica está longe de ser suave. Novas tecnologias competem com as tecnologias estabelecidas e, em muitos casos, as substituem. Esses processos de difusão tecnológica são frequentemente prolongados e envolvem, via de regra, o aprimoramento incremental, tanto das novas tecnologias, como das já estabelecidas. Na turbulência que se segue, novas empresas substituem as existentes que tenham menos capacidade de ajustar-se. A mudança técnica gera uma redistribuição de recursos, inclusive mão de obra, entre setores e entre empresas. Como observa Schumpeter, a mudança técnica pode significar destruição criativa. Pode também envolver vantagem mútua e apoio entre concorrentes, ou entre fornecedores, produtores e clientes. Inovação incremental poder ser definida como: a inovação que incorpora melhoramentos (características técnicas, utilizações, custos) a produtos e processos preexistentes. Algumas expressões que envolvem o conceito de “qualidade” e “altura” da inovação: radical, incremental, imitação, invenção, disruptive, breakthrough, discontinuity, innovation height, novel, novelty, really new, level of newness, innovativeness. Inovação de modelo de negócio Referem-se a alterações que dizem respeito à maneira como o produto ou serviço é apresentado ao mercado. Na maioria das vezes, essa inovação não casa mudanças no produto ou no processo de produção. A possibilidade de um automóvel ser alugado para o consumidor, que passaria a pagar mensalidades para utilizá-lo. Com isso, De acordo com Thiengo (2018), um fator que estimula esse tipo de inovação é a incerteza econômica. A inovação incremental, em geral, visa melhorar o desempenho dos produtos e aumentar o seu ciclo de vida (introdução, crescimento, maturidade e declínio). A indústria automobilística apresenta diversos exemplos de inovações incrementais. Nas últimas décadas, os engenheiros que atuam nessa área não pretenderam criar uma espécie de veículo totalmente novo – ao contrário, foram realizadas apenas inovações graduais, tais como a melhoria no sistema de freios, tecnologias para a redução no consumo de combustível, o desenvolvimento de motores para maior potência etc. Sem dúvida, comparando-se os carros atuais com aqueles fabricados décadas atrás, constatam-se grandes diferenças, as quais foram sendo incrementadas de maneira paulatina e gradual. Já a inovação radical consiste na criação de um novo produto, desejando, consequentemente, a geração de um novo mercado. Esse tipo de inovação tende a criar mercados e indústrias totalmente novos. Cita-se, por exemplo, o caso de um cientistada 3M chamado Art Fry, que fazia parte de um coral e usava marcadores em seu livro de canto. Todas as vezes em que ele abria o livro de canto, os marcadores acabavam caindo. Em 1977, Art Fry observou de um outro 8 cientista uma novidade: um adesivo que era capaz de reposicionar. Com isso, para resolver o seu problema, ele teve a ideia de usar esse adesivo coberto com tiras de papel. Assim, Art Fry acabou por desenvolver um novo conceito de bloco, o Post-it. O quadro a seguir apresenta uma simplificação dos conceitos e exemplos dos inovações incrementais e radicais. Quadro 2 – Conceitos de inovação incremental e radical TIPO Radical Fonte: Possoli, 2012. DESCRIÇÃO Corresponde a uma transformação drástica na maneira como o produto ou serviço é recebido pelo consumidor. Dessa forma, representa um novo padrão dentro do segmento de mercado e modifica o modelo de negócio corrente. EXEMPLO O uso de aparelho de MP3 para escutar músicas, em vez de um CD. Ainda existem outros tipos de inovação que são importantes ser citado, por exemplo, as inovações de marketing e as inovações organizacionais. A inovação de marketing diz respeito à implementação de uma nova metodologia de marketing nas organizações. Trata-se de um novo planejamento mercadológico que muda expressivamente a concepção do produto, do seu modo de comercialização e sua identidade visual. Tais alterações aumentam as vendas dos produtos, melhoram o atendimento aos clientes e objetivam a abertura de outros mercados. No que diz respeito à inovação organizacional, é a aplicação de métodos organizacionais ainda não utilizados pela empresa a fim de reduzir custos administrativos e de suprimentos. É importante ressaltar que inovações organizacionais possuem um caráter estritamente administrativo, o que envolve a gestão de pessoas e a gestão estratégica. Como exemplo de inovação organizacional, podemos citar: ações de gestão de qualidade; sistemas de produção flexíveis e enxutos; novos procedimentos e rotinas administrativas; 9 Incremental Gera pequenos aprimoramentos em produtos ou serviços. Isso representa, de maneira geral, um acréscimo progressivo nos benefícios recebidos pelo consumidor. No entanto, o modo do consumo ou do A evolução do CD normal para o CD duplo, que é capaz de armazenar o dobro de música. conexão de diversos tipos de negócios; centralização ou descentralização de tarefas, entre outros. TEMA 4 – CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO Por tudo que vimos até o momento, temos uma ideia de como é difícil conceituar inovação, e essa mesma dificuldade se estende para a definição de criatividade. Criatividade, segundo as definições encontradas nos dicionários, é uma habilidade humana intangível, apesar de suas manifestações evidentes. Além disso, é a qualidade ou estado de ser criativo, ou ainda, a capacidade de criar. Percebe-se que é uma explicação ampla, e por isso existe essa dificuldade em compreender o que de fato é. Contudo, vamos aqui aprofundar um pouco mais esses conceitos. Alguns estudiosos de inovação descrevem a criatividade como a capacidade de desenvolver uma coisa nova com base em uma coisa antiga ou de promover a existência de algo novo, aproveitável, útil e de real e comprovada importância. Além disso, criatividade está mais ligada à capacidade de introspecção do que aos recursos disponíveis. Embora sejam utilizadas em diferentes ocasiões como sinônimos e estejam relacionadas, há uma importante diferença entre criatividade e inovação. Enquanto a criatividade se refere à geração de ideias, a inovação diz respeito à aplicação e ao funcionamento de um novo produto, processo ou serviço. Em outras palavras, a criatividade é crucial para a inovação, no entanto, não é suficiente por si só. No contexto empresarial, é evidente a valorização da criatividade, fenômeno resultante do aumento da competitividade, da velocidade das mudanças e da valorização do empreendedorismo. Como a origem da inovação reside nas ideias criativas dos indivíduos, a criatividade tem recebido uma atenção crescente. Ela tem sido apontada como uma habilidade humana crítica, que deve ser canalizada e fortalecida em favor da organização. São cinco condições propícias para o surgimento do pensamento criativo: • � O interesse real pelo assunto ou a necessidade de resolver uma questão; • � O conhecimento específico sobre determinado assunto; • � A liberdade de pensamento, sem censuras ou restrições; • � A imaginação; 10 • � A coragem para enfrentar o medo de se expor. Existem, também, quatro etapas durante o processo criativo. • � Preparação: diz respeito à delimitação do problema e às possíveis soluções que possam resolvê-lo. • � Incubação: é um período de gestão do inconsciente, pensamentos, no qual não se procuram respostas elaboradas. A incubação requer tempo. No entanto, caso não haja avanços, esse processo deve ser temporariamente abandonado. • � Inspiração: refere-se à incidência de uma ideia repentina, que pode ocorrer em momento inusitados. É a base para a solução de determinado problema. • � Validação: é o momento de avaliar a viabilidade prática da solução encontrada. Vale ressaltar que, por vezes, a validação é frustrante, pois nem todas as ideias são viáveis. Nesse sentido, para desenvolver a criatividade empresarial, são necessárias condições adequadas, por exemplo: (1) seleção de pessoas que se caracterizam por sólida preparação e uso dos processos de pensamento criativo; (2) possibilidades amplas de treinamento voltados para a atualização do conhecimento e habilidades criativas; (3) estabelecimento de metas; (4) encorajamento, discussão e comunicação entre os membros e; (5) premiação das ideias e produtos criativos. Em suma, empresas que buscam inovação devem buscar um ambiente e uma cultura voltados para a criatividade e o conhecimento, estimulando seus colaboradores a buscar informações que auxiliam no desenvolvimento de novas ideias e futuras inovações que podem resultar em um alto desempenho organizacional. TEMA 5 – POR QUE INOVAR? A sociedade contemporânea, impulsionada pela globalização da economia e pelas tecnologias de informação e comunicação, tem imposto uma competição entre as organizações sem precedentes no mundo dos negócios. O cenário é de incertezas, mudanças e intensa competitividade. Diante disso, para irem de encontro a essa ameaça de manter a sua sustentabilidade, as organizações devem ser capazes de aprender e, ao fazê-lo, desenvolver novos conhecimento, 11 adotá-los na prática, realizar novas tarefas e manter as antigas maneiras mais rápida e eficaz. A conjuntura da interdependência dos mercados, a internacionalização crescente e da denominada terceira revolução tecnológica, caracteriza a globalização no mundo contemporâneo, configurando o que se convencionou chamar de “nova ordem mundial. Assim, a globalização se firma como uma diretriz para a organização econômico-social dos mais diversos países, atingindo todos os setores da sociedade. O processo de globalização é um fenômeno sem precedentes na história. Ainda que tenha existido desde a primeira troca de mercadorias ou objetos culturais entre povos desde a expansão marítima-comercial europeia, como as relações entre colônias e metrópole, há a diferença de que, atualmente, essa relação se intensificou pela maximização da velocidade e da abrangência de novas tecnologias de informação e comunicação. Progressivamente, o mundo se transforma em um território de tudo e de todos. Diante desse contexto, é possível identificar com clareza os fatores que contribuíram para que o mundo se tornasse uma aldeia global: • � A interdependência ente os Estados, pois não existe um extado completamente autossuficiente; • � A alta tecnologia, sobretudo nos meios de comunicação de massa; • � Os blocos econômicos, que regionalizaram o mercado de bens e serviços; • � As organizaçõesinternacionais, agentes que impulsionam a integração mundial; • � As empresas transacionais, “atores” que transpassam fronteiras e se instalam em todas as partes do globo. Assim, podemos definir globalização como a intensificação de relações sociais em escala mundial que ligam localizações distantes de tal maneira que acontecimentos locais são modelados por eventos ocorrendo a muitas milhas de distância e vice-versa. Com a utilização da tecnologia da informação na telecomunicação, principalmente por conta do advento da internet, o processo de globalização se intensificou ainda mais, permitindo que as nações se conectassem de maneira rápida e constate. Dessa forma, foi instaurada a possibilidade de os mercados nacionais movimentarem bilhões de dólares em apenas alguns segundos, por 12 meio de um computador. Essa nova ordem de integração das economias nacionais e, sobretudo, a mobilidade da circulação de bens e serviços têm gerado profundas transformações no mercado de trabalho mundial. Entre essas transformações, pode-se citar o aumento da competitividade motivado pela internacionalização da concorrência. Para que possamos inovar em um ambiente globalizado, é primordial a utilização das tecnologias de informação e comunicação de forma a viabilizar ações coletivas de troca de informações, de planejamento e atividades de P&D entre participantes situados em locais distintos do mundo. Com isso, eles podem desenvolver ações de inovação em empresas, institutos de pesquisa, universidades, indústria e também outros tipos de organizações. Assim, é possível afirmar que a globalização traz, enquanto característica estrutural, a revolução tecnológica informacional. A rigor, mercadorias e papéis moeda não são trocados; o que trocamos, de fato, são informações sobre dinheiro e sobre papéis que o representam. Assim, temos uma ideia inicial de por que devemos inovar. Além das questões que envolve a globalização, as empresas devem ter um olhar estratégico com base na inovação. Desde os postulados de Schumpeter, o “pai” do empreendedorismo, empresas que não inovam estão fadadas a perderem espaço no mercado, diminuindo sua vantagem competitiva e desempenho. Inovar é, de fato, o cerne para o desenvolvimento organizacional. E engana-se quem acha que inova é revolucionar em um produto, processo ou serviço. Muitas vezes, o fato de um empreendedor agregar valor ao negócio, em pequenos detalhes na forma de fazer o negócio, já, sem dúvida, fará com que a vantagem competitiva esteja a cima dos concorrentes do mesmo setor que atua. Inovar é criar barreiras para novos entrantes também. A partir do momento em que se cria valor de forma a inovar aquilo que já é existente na organização, empresas concorrentes sentem dificuldades de fazer o mesmo, principalmente diante do custo de aplicação desse valor agregado. Isso faz com que o seu desempenho permaneça por mais tempo, bem como um lucro constante. Outra questão importante para empresas que querem inovar e manter um nível alto e estável é sempre buscar pela renovação e, de novo, não é necessário grandes inovações. Muitas vezes, pequenas ações fazem a diferença para que a empresa consiga alcançar suas metas e lucratividade. 13 Para finalizar esta aula, é importante destacar que inovar nem sempre é fácil, principalmente diante de um mercado acirrado como o que vivemos nos dias atuais. Além disso, as tecnologias estão mudando a todo tempo, por isso, informação e conhecimento são fundamentais. Gestão do conhecimento e informação é imprescindível na cultura organizacional. Em breve vamos estudar um pouco mais sobre esse processo de geração e gestão do conhecimento que é a raiz para toda e qualquer inovação que uma empresa queira desenvolver. 14 REFERÊNCIAS ANDREASSI, T. Gestão da inovação tecnológica. São Paulo: Thomson Learning, 2007. CANONGIA, C. et al. Foresight, inteligência competitiva e gestão do conhecimento: instrumentos para a gestão da inovação. Gestão & Produção, vol. 11, n. 2, 2004. FIGUEIREDO, P. N. Gestão da inovação: conceitos, métricas e experiências de empresas no Brasil. São Paulo: Livros Técnicos e Científicos, 2009. ORGANIZAÇÃO para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Manual de Oslo: diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre inovação. 2. ed. Paris: OCDE; São Paulo: Finep, 1997. Disponível em: <https://www.mctic.gov.br/mctic/ export/sites/institucional/indicadores/ detalhe/Manuais/OCDE-Manual-de-Oslo-2-ed icao-em-portugues.pdf>. Acesso em: 24 fev. 2019. POSSOLI, G. E. Gestão da inovação e do conhecimento. Curitiba: InterSaberes, 2012. REIS, D. R. dos. Gestão da inovação tecnológica. Barueri, Manole, 2008. REIS, D.; CARVALHO, H. G. R.; CAVALCANTE, M. B. Gestão da inovação. Curitiba: Aymará, 2011. SCHERER, F. O.; CARLOMAGNO, M. S. Gestão da inovação na prática: como aplicar conceitos e ferramentas para alavancar a inovação. São Paulo: Atlas, 2000. SCHMITT, V. G. H.; MORETTO NETO, L. Gestão da Inovação. In: Gestão da inovação. 2008. TAKAHASHI, S.; TAKAHASHI, V. P. 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