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Inserir Título Aqui Inserir Título Aqui Desenvolvimento e Aprendizagem na Infância As Etapas de Desenvolvimento Infantil de Piaget Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Reni Rutkowski Silva Revisão Textual: Prof.ª Me. Fátima Furlan Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • As Etapas de Desenvolvimento Infantil de Piaget. Fonte: Thinkstock / Getty Im ages Objetivos • Iniciaremos pela etapa Sensório Motor, depois, passaremos pela Etapa Pré-Operatório, na sequência, pela Etapa das Operações Concretas e finalizaremos com a Etapa das Ope- rações Formais na perspectiva de Jean Piaget; • Descrever cada etapa de desenvolvimento humano, com relação aos aspectos da inteli- gência e cognitivos, na medida, em que a criança não nasce pronta, mas vai se desenvol- vendo ao longo de sua infância e adolescência. Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl- timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas. Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns dias e determinar como o seu “momento do estudo”. No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Bons Estudos! As Etapas de Desenvolvimento Infantil de Piaget UNIDADE As Etapas de Desenvolvimento Infantil de Piaget Contextualização Leia com atenção as seguintes perguntas: • Piaget apresenta o desenvolvimento cognitivo em etapas. As etapas se apresentam no mesmo momento e da mesma forma para todas as crianças? • Há seis etapas de desenvolvimento cognitivo? • O esquema sensório-motor faz parte da terceira Etapa de Desenvolvimento e se refere ao período que a criança entra no Ensino Fundamental I? Se sua resposta foi negativa para todas as perguntas significa que você está no ca- minho certo para conhecer as Etapas Básicas de Desenvolvimento Cognitivo de Piaget e iniciar uma caminhada importante e significativa no universo do desenvolvimento da Inteligência e Aprendizagem. 6 7 As Etapas de Desenvolvimento Infantil de Piaget Segundo Piaget, o desenvolvimento humano é contínuo, no qual o sujeito vai se transformando, mas há uma premissa, ou seja, em cada etapa de idade, a criança apre- senta novas possibilidades e novas qualidades de pensamento que irão interferir no processo global de seu desenvolvimento. Para exemplificar apresentamos o mapa conceitual, a seguir: Piaget SujeitosMeio Objetos Crianças Sensório-motor (0 a 2 anos) Pré-operatório (2 a 7 anos) Operações concretas (7 a 11 ou 12 em diante) Operações formais (11 a 12 em diante) Construção do conhecimento Teoria Epistemologia genética Processo de conhecimento Desenvolvimento da inteligência Denominada Buscando compreender Usando Desenvolveu Dividida em períodos Levou ao surgimento Promove Em seu Na interação com Estudou Desenvolvimento Comportamento Aprendizagem Autonomia Construtivismo Método clínico Figura 1 O mapa apresenta quatro etapas de desenvolvimento, as quais serão descritas a seguir: Figura 2 Fonte: Thinkstock/Getty Images • Primeira etapa: Sensório-motor – (0 a 2 anos) Se caracteriza por sensações e movimentos, em função de tudo que rodeia a criança. Essa etapa é desdobrada em seis subetapas delineadas. » Primeira subetapa (0-1 mês) – Podemos denominá-la como manifestação de Reflexo como sugar; chorar e posição fetal. O choro significa, em geral, qualquer situação de incomodo, ou melhor, é uma forma de comunicação instintiva e re- flexa que indica que algo não está bom para a criança. Ela termina está subetapa com os reflexos coordenados. 7 UNIDADE As Etapas de Desenvolvimento Infantil de Piaget » Segunda subetapa (1 - 4 meses) – Aparecem as Reações Circulares Primárias que significa as primeiras adaptações aprendidas dos bebês, assim como os pri- meiros hábitos, tais como: a coordenação mão-boca que indica que começa a diferenciar o ato de sugar e o ato de pegar. Em geral, a criança não a diferencia do outro, mas começa perceber o espaço em seu entorno e ao término dessa su- betapa demonstra sentimentos de satisfação, desapontamentos, prazer e outros. » Terceira subetapa (4 - 8 meses) – Aparecem as Reações Circulares Secundárias com a qual o bebê inicia e amplia suas relações com os objetos diferenciando os mo- vimentos e posições desses, e ainda, manipula os objetos, por exemplo: jogando; mudando de posição; chacoalhando-os, para em seguida, observar os efeitos de sua ação sobre eles. E ainda, a criança repete certos comportamentos, que produziram certo efeito e o faz de maneira intencional. Ao término dessa etapa, entorno dos 8 meses, ela diferencia entre fins e meios, mas sem traçar condutas preliminares, ela que alcançar um objetivo e desenvolve uma ação para tal, mas não consegue encontrar um objeto desaparecido, mesmo que este seja escondido em sua frente. Até aqui os sentimentos de tristeza; alegria; prazer e desprazer, desapontamentos, espanto e outros são manifestados de igual forma nas três subetapas. » Quarta subetapa (8-12 meses) – Aparecem as Coordenações dos Esquemas Secundários que são caracterizadas pelo início de atitudes intencionais, ou seja, se utiliza de meios para chegar a um fim e assim demonstra que localiza os ob- jetos no meio; tem consciência que sua manipulação dos objetos pode causar atividades, com também move obstáculos para chegar a um objeto que deseja, mos- trando que começa a pesquisa do objeto desaparecido, um exemplo disso é quando mostramos uma chupeta e em seguida a escondemos em nossas mãos, ela depois de algumas tentativas abre nossas mãos para pegá-la. Aqui aparece o raciocínio ele- mentar, ou seja, quer dizer que a criança ao procurar a chupeta, entre nossas mãos, ela mostra que pensa antes de agir, ou melhor, nossas mãos escondendo o objeto passa a ser um sinal que prenuncia onde está o ob- jeto chupeta. Outra situação peculiar sobre o objeto é a que se manifesta em relação a sua mãe que é chamada Freudianamente de Angústia dos 8 meses. A criança está vendo sua mãe, brinca com ela, sorri , chacoalha-se em frente a ela, mas em um dado momento a mãe desaparece de sua visão, ou seja, retira-se e esconde-se do campo de visão da criança. Em geral, quando a criança perde a mãe de vista, ela inicialmente a procura em seu entorno, mas a seguir entra em estado de angústia chora e a busca pelo olhar o que de- monstra que ela sente a ausência materna como se fosse “mamãe sumiu para sempre”, pois não há permanência do objeto. Figura 3 Fonte: Thinkstock / Getty Images 8 9 » Quinta subetapa (12-18 meses) – Aparecem as Reações Circulares Terciárias e Descoberta de Novos Meios de Experimentação. Observa-se que a criança se per- mite realizar experiências como sacudir ob- jetos com o objetivo de ouvir o barulho que cada um emite; passa a procurar os objetos desaparecidos, pois consegue acompanhar o movimento de deslocamento desses no espaço, como também, utiliza o outro para conseguir o que deseja, o outro é o meio para atingir o seu fim. Nessa etapa, ela estaria elaborando o objeto, pois explora novos objetos e observa novos usos destes. Por exemplo: Ao pegar uma colher qual- quer, primeiro leva a boca e suga, depois passa na cabeça; a seguir, bate nas grades do berço e depois coloca entre os dedos do pé. Todas essas ações e reações frente à colher são formas de ela- borare incorporar e compreender os objetos que a rodeiam. Ela descobre novos meios e fins por meio de um processo ativo de experimentação. Na primeira subetapa Sensório-motor, iniciamos com um bebê que foi se transfor- mando e se tornou assim... Figura 5 Fonte:Thinkstock/Getty Images » Sexta subetapa (18-24 meses) – Há o início da manifestação simbólica por meio da linguagem que revela que o pensamento adquiriu uma estrutura que per- mite fazer combinações mentais, resolver problemas, observar causas e efeitos, além de dar início aos relacionamentos entre ela e outro. Segundo Goulart ( 2003), as características Gerais dessa etapa são: • origem do comportamento inteligente; • a inteligência é manifestada de forma prática; Figura 4 Fonte:Thinkstock/Getty Images 9 UNIDADE As Etapas de Desenvolvimento Infantil de Piaget • busca resultados que sejam favoráveis e ainda não é capaz de trabalhar com enun- ciado de verdades; • paulatinamente, há uma organização dos movimentos e dos deslocamentos, os quais se iniciam no corpo e ao longo da etapa vai se descentralizando e volta-se para o mundo exterior, no qual a criança acaba se situando como um sujeito entre outros. Segundo Bock (2001), no Plano afetivo a criança passa a viver emoções primárias, ou seja, qualquer situação nova (barulhos, mudanças no ambiente) provocam reações de medo, mas paulatinamente, vai se apropriando do seu espaço e inicia escolhas afetivas, observadas por escolhas de objetos, situações e pessoas. A criança que passa por todas as subetapas descritas passará para a próxima Etapa de Desenvolvimento denominada Etapa Pré-Operatória, mas é importante ressaltar que só podemos considerar que a criança está pronta para está nova etapa quando sur- ge a Linguagem e a Representação do mundo se utilizando de símbolos, portanto, esses dois elementos são indicativos que seu desenvolvimento na Etapa Sensório motor se completou. Figura 6 Fonte:Thinkstock/Getty Images • A Segunda etapa: Pré- Operatória – ( 2 a 7 anos) e se caracteriza pela preparação e organização das operações concretas. Segundo Goulart (2011), Piaget divide esta etapa em três subetapas. » Primeira subetapa (2 anos a 4 anos) – Principal característica é o aparecimento da função simbólica, a qual envolve a linguagem, o jogo simbólico, a imitação. Em relação à linguagem, esta aparece de forma pré-conceitual e é apresentada de forma concreta e composta por imagens. Além disso, apresenta um raciocínio transdedutivo, que demonstra que este é bastante primitivo e que estabelece rela- ções analógicas, ou seja, seu raciocínio parte do princípio geral para compreen- der um dado particular. Por exemplo, identifica o cachorro como “au-au” e todos os outros animais com quatro patas são “au-au”. Tal generalização, exemplificada acima, ou seja, todos os animais se assemelham ao “au-au” significa que a criança está assimilando os objetos de forma direta, pois ela não tem internalizada as características do objeto, ou melhor, ela assimila de 10 11 forma direta e não observou ainda as características que são intrínsecas de cada um, portanto, acaba generalizando todos os animais semelhantes ao cachorro. O raciocínio transdedutivo tende a agrupar os elementos e não vinculá-los, pois ainda a lógica não está presente, o que permitiria o estabelecimento de diferen- ciações fundamentais frente à variedade de objetos que o circundam. » Segunda subetapa (4 – 5 anos e meio) – Aparecem as organizações represen- tativas, baseadas em configurações estáticas, significando que a criança tem difi- culdade de reproduzir movimentos ou transformar suas ações. Exemplificando a criança olha as coisas tais como se apresentam, ou seja, os objetos são pensados como configurações e em muitas situações, ela fica dividida entre como os objetos se apresentam e as transformações que esses possam passar, pois imagina que as coisas são estáticas. Nessa etapa, o raciocínio é denominado intuitivo fundamentado exclusivamen- te na percepção imediata o que é caracterizado por uma pré-lógica. Esse tipo de pensamento não permite que a criança observe as coisas por diferentes ângulos, situações, significando que não possui reversibilidade de pensamento, ou seja, não consegue raciocinar com operações inversas. Um bom exemplo: — João quem é sua mãe? Ele responde — Minha mãe é a Carol. — Quem é seu irmão? — Meu irmão é o Pedro. — E quem é a mãe de seu irmão? Ele responde — Hum... Hum... .Não sei! O exemplo acima apresenta outra característica de Pensamento que é o Egocentris- mo, ou seja, seu pensamento tem como única referência a própria criança e é centrado no seu Ego. O Egocentrismo mostra que a criança tem rigidez de pensamento e ela sempre é o ponto de referência, não se coloca no lugar do outro. Há outras características do pensamento nessa etapa, entre as quais, encontramos o animismo, que significa emprestar “alma” às coisas e animais como se esses fossem semelhantes ao ser humano. Exemplo: Meu cachorro não gosta de crianças bobas. O vento é mau, ele me deixou resfriada. Outra característica relacionada ao pensamento é denominada animismo, que signi- fica que a criança atribui forma humana a animais e objetos. 11 UNIDADE As Etapas de Desenvolvimento Infantil de Piaget Exemplo: O macaquinho tem cara de bebê ou minha boneca parece com a minha prima Lili. » Terceira subetapa (5 anos e meio – 7 anos) – As regulações representati- vas articuladas se apresentam ( fase intermediária entre a não-conservação e a conservação). Início das ligações entre estados e transformações, como também apresenta possibilidades de pensamento de forma semirreversível (pensamento um pouco mais flexível o que possibilita percorrer um caminho diferente do ponto de partida). Exemplo: Perguntamos para criança quanto é: 2 + 3 = ela responderá 5 A seguir, perguntamos para mesma criança quanto é: 3 + 2 = ??? Em geral, não responderá, pois não consegue reverter o pensamento proposto ini- cialmente. Há também uma ampliação da Linguagem mostrando que a criança começa com frases de poucas palavras, em seguida, apresenta frases completas, mas curtas e sem conjugação e, paulatinamente, vai apresentando estruturas gramaticais até chegar a representações de conjunto. E ainda, é capaz de representar interiormente a imagem de um fato que já ocorreu. A ampliação fica evidenciada quando a criança começa a trabalhar com símbolos constituídos de significantes, ou ainda, os símbolos estão de- monstrando que há associações entre as qualidades mais evidenciadas pelo sujeito e dos objetos no seu entorno. A representação simbólica fica evidenciada quando a criança consegue diferenciar sig- nificado que é definido como a representação interna que a criança tem frente a um dado estímulo. Já significante é definido como o estímulo externo é percebido pela criança. Exemplificando: A palavra boneca é um estímulo externo que pode ser percebido pela visão ou pelo som o que está correspondendo a um significante. O significado é o conceito que aparece quando a criança busca mentalmente a o que corresponde a palavra boneca. Essa etapa chega ao seu final quando a criança apresenta Reversibilidade de Pensa- mento, ou seja, o exemplo proposto é o que já apontamos anteriormente com relação aos cálculos: Exemplo: Quanto é 2 + 3 =? Responde 5. E quanto é 3 + 2=? Responde 5. Ao responder as duas perguntas de forma correta significa que já é capaz de perceber que é possível retornar, mentalmente, do ponto que partiu. 12 13 Outra característica do Pensamento nessa Etapa é perceber só as coisas que ela con- segue observar, ou seja, suas conclusões são distorcidas, na medida, em que sua percep- ção se refere ao que se apresenta de forma imediata, ou ainda, guia-se pela aparência dos objetos e não efetua operações mentais. Exemplo: Se apresentarmos dois conjuntos de caneta com 6 canetas em cada um, sendo que no primeiro conjunto, as canetas foram agrupadas uma próxima a outra. Jáno segundo, foram agrupadas ligeiramente separadas. Perguntamos a criança: • Qual o grupo que tem mais caneta? Ela responderá: • O segundo, pois tem mais caneta. Figura 7 – Primeiro Conjunto Fonte:Thinkstock/Getty Images Figura 8 – Segundo Conjunto Fonte:Thinkstock/Getty Images Sintetizando as principais características desta etapa: • aparecimento da função simbólica e objetos pensados como configurações; • organizações representativas fundadas em configurações estáticas; 13 UNIDADE As Etapas de Desenvolvimento Infantil de Piaget • objetos pensados como configurações e dualidade de estados de conservação; • regulações representativas articuladas (fase intermediária entre a não conservação e a conservação). Segundo Bock (2001), no Plano Afetivo a criança apresenta sentimentos de respeito; receios e amor em relação às pessoas que julga importante em sua existência como, pais, professores e familiares. A moral se manifesta em forma de obediência às pessoas que são significativas em seu entorno. Finaliza o período internalizando certas regras que lhe são impostas. Ainda nesse Plano, aparece o Jogo Simbólico utilizando gestos ou objetos que de- notam que assimila o real a partir das necessidades; interesses ou conflitos cognitivos relacionados com o seu EU. O Desenho é outro componente importante dessa etapa, o qual se inicia por garatu- jas, vide abaixo o desenho dessa forma bastante Primária, na qual a criança a identifica da seguinte forma: Você sabe o que vou desenhar? • Não, eu não sei! • Vou desenhar um cavalo e ele está fazendo cocô. Ah!...Hum... Vou cobrir ele todi- nho. O cavalo ficou coberto por tudo isso... O desenho a seguir representa o que a criança relatou. Figura 9 A seguir, a evolução desta Garatuja para um desenho ainda desordenado, mas bus- cando ordenação. 14 15 Figura 10 Figura 11 – Evoluindo Nesta Garatuja, a criança está com mais de 8/9 anos. Finalizamos a Etapa Pré-Operatória e esperamos que você tenha aprendido de for- ma ampla as principais ideias e conceitos dessa Etapa, assim sendo, já está pronto para caminhar para a próxima Etapa denominada Operações Concretas. • Etapa das Operações Concretas (7 anos – 12 anos) – Caracterizada pelo apa- recimento do pensamento lógico e suas operações de forma concreta. A lógica é operada a partir de um dado concreto, mostrando uma transição entre a ação e as estruturas lógicas, ou melhor, o pensamento lógico e objetivo adquire relevância. Podemos dizer que do início das etapas até esta, houve um grande avanço no de- senvolvimento cognitivo. 15 UNIDADE As Etapas de Desenvolvimento Infantil de Piaget A construção das estruturas lógicas permite que o Egocentrismo tão intenso na etapa anterior seja superado e a criança desenvolve a capacidade de comparações e relações sobre diferentes pontos de vista. Retomando a etapa anterior, a criança não conseguia se colocar no lugar do outro, mas agora já é capaz de pensar sobre a situação exempli- ficada, a seguir: Renato e Pedro brincando de corrida de carrinho fazem uma aposta de quem chegará em primei- ro lugar. Combinam que o primeiro colocado terá como Prêmio as 10 balas que estão no baleiro. Renato e Pedro alinham seus carros e contam até 5. Começou a corrida — Pedro sai à frente e Renato atrás. — Renato passa Pedro, pois o carrinho dele perde uma roda. — Pedro não consegue recuperar e Renato ganha. — Renato diz: Eu sou Campeão, sou Campeão, todas as balas são minhas! — Pedro se mostra aborrecido e diz: Eu perdi porque meu carrinho quebrou, não porque não sou bom. E aí vou ficar sem nenhuma bala? — Renato pensa: — Puxa... ! Hum...! Não sei não...! Ah! Está bom vou dividir as balas com você, afinal não vou conseguir comer tudo mesmo... Eh! Afinal, seu carro quebrou. Vejam! Na etapa anterior eles teriam brigado pelas balas, mas agora Renato foi capaz de pensar e se colocar no lugar de Pedro. Olha o egocentrismo indo embora... Mas tam- bém há o início da formação moral. Vejam! Renato se coloca no lugar do outro e avalia. As operações concretas trazem possibilidades de ações interiorizadas sem a neces- sidade apresentada na etapa anterior de concretizar as coisas por meio de ações, pois agora a criança começa a pensar sobre o mundo que gira em seu entorno. Segundo Goulart (2011), são duas operações que se apresentam “neste período: ope- rações lógicas-matemáticas e as operações infralógicas”. Cada uma delas tem caracte- rísticas próprias. As operações lógico-matemáticas tratam das semelhanças e diferenças de classes simétricas / assimétricas. Já as operações concretas infralógicas auxiliam na formação da noção de objeto, com relação a: quantidade da matéria, peso e volume, como também sobre questões relativas ao espaço como comprimento, superfície, verti- cal/horizontal. Adentrar a Etapa Operatório-Concreta não significa uma transformação completa de todos os componentes que fazem parte das operações citadas, pois ora pode-se mudar a forma de ver um objeto e não modificar seu volume e massa. O processo se faz em contínuos e descontínuos processos de construção das operações concretas matemáti- cas e infralógicas. Segundo Davis (2010), além do pensamento se apresentar reversível, a construção das operações propicia noções de conservação e o aparecimento do raciocínio em de- trimento da percepção. E ainda, elementos de conservação, de posição espacial, de conservação quanto à massa, peso e volume. 16 17 O pensamento, segundo Bock (2001), passa a: estabelecer relações entre causa e efeito; sequencia eventos e ideias; trabalha com diferentes pontos de vista; forma o con- ceito de número; noção de conservação da essência do objeto e seu peso, em relação a comprimento e quantidade e finaliza a etapa com noções de volume. E ainda, no Plano Afetivo, segundo Bock (2001), aparece a vontade; início da autonomia; separação en- tre dever e prazer; valores morais relacionados com: respeito ,honestidade, formação e valorização de grupos de sua idade; e o senso de justiça é um elemento que surge de forma importante. Vejam! Há ganhos substanciais e amplos nessa etapa, a qual coincide com o início das series iniciais do ensino fundamental, mas tenham certeza que não é mero acaso e sim fruto de observações de alguns estudiosos, e particularmente, no Brasil, as ideias de Piaget exerceram e exercem grande influência na condução dos processos de ensino e aprendizagem que mostra que para criança aprender ela necessita estar na etapa que corresponde à sua faixa etária que indica o que ela pode ou não pode aprender. • Etapa das Operações Formais (12 anos em diante até 15 anos). Há duas características importantes: o início da adolescência com uma série de transfor- mações físicas e psicológicas e o pensamento passa a não depender mais da realidade concreta que o limitava adquirindo a possibilidade de pensar de forma abstrata e raciocinar de forma lógica. Essencialmente, faz distinção entre o real e o possível, o que o auxilia nas questões relativas à determinação da validade ou não das coisas. Suas decisões são pautadas por meio de experimentação e análise, pois tem capacidade potencial de imaginar as situações de forma abstrata e olhar a realidade e suas possibilidades. As características que acabamos de apresentar dizem respeito fundamentalmente à forma de pensar por meio de hipótese e abstrações denominadas por Piaget com raciocínio hipotético-dedutivo que permite mostrar todas as relações possíveis dos problemas como forma de apresentar e provar se há ou não o status de realidade. Para busca de comprovação desse status, começa isolando variáveis, utilizando métodos e análises para se assegurar empiricamente de que os resultados são aceitáveis ou são passíveis de refutação, pois assim procedendo garante a busca da “verdade”. A entrada da adolescência, em geral, no que diz respeito às questões relativas ao Plano Afetivo, esse é vivido de forma conflituosa gerando “crises existenciais”, pois aquela criança que aceitava,concordava e experimentava as orientações e imposições dos adultos se torna um “contestador” e “rebelde” sem clareza da causa, mas com uma “certeza” que é “ter que brigar” pelos seus ideais. Em geral, na maioria das vezes, mal interpretado, pois os pais e orientadores acabam também vivendo uma crise “ a crise da autoridade” e são levados a reavaliar sua forma de lidar com este “novo ser” que seu filho está se tornando. A crise vivenciada pelo adolescente é de suma importância e Wallon apresenta uma ideia importante para explicá-la ao afirmar que: para construir a si mesmo é necessário expulsar o outro de dentro de si. Portanto, entender a “crise da adolescência” é abrir caminhos para o crescimento e transformação deste novo ser o “adolescente”. 17 UNIDADE As Etapas de Desenvolvimento Infantil de Piaget Assim como nos aspectos psicológicos, há grandes transformações nas questões fí- sicas. Para descrever as mudanças físicas, temos que iniciar apontando que elas são vividas em momentos diferentes da idade para as meninas e para os meninos. Nas me- ninas, as mudanças se iniciam por volta dos 8/9anos quando aparece o botão mamário, indicando que ela é uma pré-adolescente. A pré-adolescência feminina é adentrar ao mundo de vaidades; dúvidas; primeiras paixões; mudanças frequentes de humor, entre outras. Neste momento as relações com os meninos da mesma idade ficam tensas, pois elas já são “mocinhas” e eles são “moleques”, ou seja, os meninos são “mal” vistos, pois em geral, fazem brincadeiras ou apresentam atitudes que provocam desagrados e incon- veniências para as meninas da mesma faixa. Os meninos iniciam seu desenvolvimento físico um pouco mais tarde que as meninas, as quais com 12 anos já tiveram a primeira menarca e o primeiro amor, e eles, estavam brincando de bola, mas aos 13/14 anos, eles começam a “esticar” e antes menores que as meninas, as ultrapassam em altura com vários centímetros à frente. Além disso, há mudanças na voz , que antes estava apresentando alternância de “fala em tom fino” e depois de “ fala em tom grosso”, até estabelecer o “tom de fala” próprio, e ainda, a “barbinha” começa a aparecer e junto apresentam uma preocupação com a aparência física que antes não era evidenciada. Ah! Os meninos ficam, em geral, mais “divagando”, já as meninas “agitando”. Haja diferenças! Às quais vão sendo moldadas com as mudanças hormonais e estabilizadas ao final da adolescência. A partir daí as relações entre as moças e rapazes mudam ra- dicalmente e antes distanciados, agora buscam a proximidade para estabelecimento de vínculos afetivos. Bem! Estamos chegando ao final desta unidade que apresentou o desenvolvimento da inteligência e os planos afetivos. Gostaria de lembrá-los que começamos com este bebê. Figura 12 Fonte:Thinkstock/Getty Images 18 19 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Introdução à Psicologia Evolutiva de Jean Piaget Sobre Piaget, há os jogos e imitação em cada uma das Etapas. O autor é Rafael Ernesto López. Introdução à Psicologia Evolutiva de Jean Piaget. Vídeos Pensadores na Educação: Jean Piaget Acrescenta ideias e relaciona com a Educação. https://youtu.be/MwKEO2pkLP8 19 UNIDADE As Etapas de Desenvolvimento Infantil de Piaget Referências BOCK, A.M.B, FURTADO,O e TEIXEIRA, M.L.T. Teoria do desenvolvimento hu- mano de Jean Piaget. In: BOCK, FURTADO E TEIXEIRA. Psicologias: ao estudo de psicologia. São Paulo: Saraiva, 2001. DAVIS, C. e OLIVEIRA, Z. A teoria de Jean Piaget. In. DAVIS, C. E OLIVEIRA, Z. Psicologia na Educação. 3.ed. São Paulo: Cortez,2010,p:43-55 DAVIS, C. e OLIVEIRA. Z. Psicologia na Educação. 3.ed. São Paulo: Cortez,2010. ELKIND, David. Crianças e adolescentes: ensaios interpretativos sobre Jean Piaget. Trad. Narceu de Almeida. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1982. GOULART, I.B. Os estádios do desenvolvimento cognitivo. In. Piaget: experiências básicas para utilização pelo professor. Petrópolis: Vozes, 2001.p: 21-37 20
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