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Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Introdução Lóbulo hepático→ unidade funcional do fígado ● Tríade portal → artéria hepática, ramo da veia porta e ducto hepático ○ Sangue chega pela veia porta e deságua na veia centro-lobular, passando pelo meio dos sinusóides hepáticos ● Espaço de Disse→ entre o hepatócito e os capilares ○ Ele quem fibrosa com o dano hepático ○ Contato entre hepatócito e sangue ○ Célula estrelada → produz colágeno quando há dano → cicatrização → traves fibróticas → não tem mais contato entre o sangue e o hepatócito Insuficiência hepática + Hipertensão porta→ Cirrose ● Fibrose ativada impede o hepatócito de funcionar → insuficiência hepática ● Fibrose aperta o vaso → retração tecidual→ aumento de pressão do sangue e retrogradamente → hipertensão porta ○ Aumento dos níveis pressóricos no sistema venoso portal acima de 5mmHg da pressão da VCI 🚨 A CIRROSE É O ESTÁGIO FINAL DE TODAS AS DOENÇAS HEPÁTICAS CRÔNICAS!!! Surgem nódulos/ilhas no fígado → tentativa de regeneração→ no meio hepatócitos funcionantes tentando regenerar ● Fibrose difusa + Micro e macronódulos → perversão da arquitetura normal do parênquima ● Na vigência da perpetuação da agressão, ocorre capilarização dos sinusoides, onde se depositam continuamente laminina, colágeno tipo IV e perlecans. → reduzem-se os microvilos dos hepatócitos, instalam-se modificações fenotípicas das células de Ito, as quais assumem aspecto miofibroblástico. Como se formam as varizes? ● Varizes → rede de circulação colateral, na tentativa de aumentar o retorno venoso para a circulação cardiopulmonar e aliviar o sistema portal, formando-se, assim, desvios da circulação portal para a sistêmica ● Apesar dessa desestruturação, o fluxo hepático deve ser mantido, como tentativa de garantir o 1 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA funcionamento hepático → aumento do débito cardíaco com redução na resistência arteriolar esplâncnica (aumento do fluxo sanguíneo para os órgãos abdominais) e acentuação da resistência oferecida pelos vasos colaterais. ○ Pacientes evoluem com anastomoses arteriovenosas intrapulmonares e portopulmonares (sistema ázigo–pulmonares, ao nível do hilo pulmonar), levando à diminuição da pO2 no sangue arterial e da afinidade da hemoglobina pelo oxigênio Como ocorrem as alterações da função renal? ● Diminuição do fluxo sanguíneo para o córtex renal em consequência da vasoconstrição das arteríolas aferentes, com consequente desvio de sangue para a medula. ● Diminuição da filtração glomerular, maior reabsorção tubular de sódio e água e retenção azotada culminando com a síndrome hepatorrenal, um indicativo de mau prognóstico. Quais os distúrbios hematológicos que estão relacionados? ● Anemia → multifatorial causada por hemólise, deficiência na síntese de ácido fólico e absorção do ferro, observada sobretudo nos desnutridos; ● Leucopenia e plaquetopenia geradas a partir do hiperesplenismo ● Redução na síntese dos fatores que compõem o complexo protrombínico (II, VI, IX, X), representada por baixa na atividade e alargamento no tempo de protrombina. → cursam também com baixos valores séricos de fator V, associadamente responsáveis pelo aparecimento de sangramentos espontâneos, equimoses e hematomas presentes ao menor trauma 🚨 O fígado normal produz cerca de 10 g de albumina/dia, nível que se reduz para 4 g/dia nos cirróticos. ● Hipoalbuminemia altera a pressão coloidosmótica plasmática → associada à hipertensão portal e à presença de substâncias vasoconstritoras, leva à menor excreção renal de sódio e água, com formação de ascite. → comprometimento do transporte plasmático de diversas substâncias de baixo peso molecular, dependentes da atuação dessa proteína. Quais as alterações nos aa plasmáticos? ● Concentrações plasmáticas de citrulina, metionina, tirosina, fenilalanina estão aumentadas, e as de leucina, isoleucina e valina, diminuídas. ● A redução dos níveis séricos desses últimos aminoácidos de cadeia ramificada, os quais são degradados na musculatura, deve-se a uma baixa da insulina. ● Também a queda da capacidade de síntese hepática leva à incapacidade de conversão de amônia em ureia, ocasionada pela diminuição da atividade da carbamoil-fosfato-sintetase e da argininossuccina- to-sintetase, com consequente menor clareamento da amônia e geração de hiperamoniemia Quais as alterações no sistema imune? ● Depressão funcional do sistema reticuloendotelial e dos granulócitos, baixos níveis de complemento e deterioração da imunidade celular ● Maior propensão a infecções bacterianas Como é feita a classificação anatômica? ● Baseia-se principalmente nos nódulos de regeneração e espessura dos septos fibrosos: ○ Micronodular → nódulos pequenos, com pouca variação de tamanho, uniformes, com até 3 mm de diâmetro, sendo sempre observados septos finos de até 2 mm, que os separam e envolvem todo o lóbulo; 2 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ○ Macronodular → septos de tamanhos variados, com nódulos atingindo diâmetros entre 3 e 30 mm, multilobulares, com deformação grosseira do fígado. → Representa evolução da cirrose micronodular, uma vez que se perpetua a ação lesiva exercida pelo agente etiológico; ○ Mista → coexistência, em um mesmo paciente, de micro e macronódulos Manifestações 🤔 Transaminases normais ou discretamente elevadas → refletem a morte de hepatócitos! Alguns pacientes, sobretudo nas fases iniciais da doença, não apresentam quaisquer sinais ou sintomas → cirrose hepática compensada → pobre em sinais e sintomas, suspeitando-se da doença pela identificação de alterações físicas, como hepatoesplenomegalia e hipertransaminasemia, detectadas durante realização de exames físicos e laboratoriais de rotina. ● História pregresa de hepatite sem etiologia definida, uso crônico de álcool ou sintomas vagos → astenia, epistaxe, edema, lentidão de raciocínio, emagrecimento, febrícula, aranhas vasculares, eritema palmar e referências a episódios de diarreia, sintomas dispépticos diversos, tais como plenitude epigástrica ou flatulência. E a cirrose hepática descompensada? ● Ascite, encefalopatia e hemorragia digestiva alta. ● Fraqueza progressiva, perda ponderal, com evidentes sinais de comprometimento de seu estado nutricional e diminuição de massa muscular. ● Episódios de bacteriemia, com febre causada por bactérias gram-negativas, necrose celular ou instalação de carcinoma hepatocelular. ● Hálito hepático e icterícia, do tipo hepatocelular ou causada por hiper-hemólise. ● Hiperpigmentação da pele (hemocromatose hereditária), dedo hipocrático com unhas 3 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA esbranquiçadas, telangiectasias aracniformes (na face e no tronco), eritema palmar, alteração na distribuição dos pelos pubianos (que adquirem forma ginecoide no homem e, na mulher, tendem a desaparecer), ginecomastia, atrofia testicular, petéquias e equimoses, tremor de extremidades ou flapping. ● Ascite e sinais de circulação colateral ○ Tipo porta → rede venosa vicariante localizada nas regiões periumbilical, epigástrica e face anterior do tórax, com fluxo do abdome para o tórax; ○ Tipo cava inferior → formada através das veias retais, com o fluxo da mesentérica inferior, por contracorrente, atingindo a cava inferior. ● O fígado pode estar aumentado, de volume, endurecido ou, então, diminuído e não palpável. ● Esplenomegalia pode ser evidenciada pela ocupação do espaço de Traube, ou palpação do órgão abaixo do rebordo costal esquerdo Hipertensão porta ● Varizes ● Ascite ● Esplenomegalia ● Circulação colateral Insuficiência hepática ● Icterícia ● Hipoalbuminemia ● Coagulopatia ● Encefalopatia hepática ● Acúmulo de toxinas ● Hiperestrogenismo ○ Ginecomastia, telangiectasia, eritema palmar Anamnese e ef ● Sexo → hemocromatose acomete + homens,colangite primária, mulheres ● Idade ● Naturalidade → o local de nascimento poderá estar associado a doenças com base genética presentes em determinadas comunidades populacionais. ● Procedência → procedência atual e também os diversos locais nos quais o paciente viveu, considerando inclusive o período de permanência em cada local. ○ Pacientes que residiram em zonas endêmicas associadas a determinadas enfermidades poderiam ter sido a elas expostos, p. ex., hepatite B crônica na Amazônia. ● Profissão ● Histórico pessoal → relato de cirurgias com politransfusão antes de 1993 ou relato de que, em sua família, a mãe, o pai e vários parentes eram portadores de cirrose hepática não associada ao alcoolismo Sintomas associados → edema de MMII, cor da urina, dispneia aos esforços, etc… Achados do EF ● Anel de Kaiser-Fleischer → Depósito de cobre na membrana de Descemet ● Aranhas vasculares → Telangiectasias arteriolares cutâneas associadas à insuficiência hepática ● Ascite ● Asteríxis → Mioclonia negativa presente no estágio II de encefalopatia hepática ● Atrofia testicular→ Sinal de hipogonadismo ● Baqueteamento e osteoartropatia hipertrófica ● Circulação colateral/”cabeça de medusa” ● Contratura de Dupuytren→Contratura em flexão dos dedos da mão. Mais comum em etilistas ● Eritema palmar → Presente em 25% dos pacientes cirróticos ● Esplenomegalia → Indica presença de hipertensão portal ● Escleróticas, pele e mucosas ictéricas ● Fetor hepaticus → Hálito doce e pungente em pacientes com encefalopatia hepática ● Ginecomastia → Sinal de hipogonadismo ou efeito colateral da espironolactona ● Hepatomegalia → Tamanho, superfície, margens, consistência, murmúrios ● Parotidomegalia → Mais comum na cirrose alcoólica. Hipertrofia glandular ● Sinal de Cruveilhier-Baumgarten →Murmúrio venoso à ausculta abdominal em pacientes com hipertensão portal ● Unhas de Muehrcke → Bandas horizontais brancas e pareadas separadas por cor normal ● Unhas de Terry →Os dois terços proximais da unha são brancos e o terço distal é vermelho Aspectos laboratoriais ● Baixos níveis séricos de Albumina ● Aumento da fração gamaglobulina e uma fusão beta-gama→ elevados valores das imunoglobulinas. 4 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Cirrose biliar primária→ aumento isolado de IGM ● Cirrose alcóolica → aumento de IgG e IgA (menor grau de IgM) ● Concentrações reduzidas de α1-antitripsina (< de 0,4 mg/ml de soro) ocorrem na doença hepática por deficiência dessa proteína. ● Valores de alfa-fetoproteína, proteína oncofetal, encontram-se em níveis elevados no soro e em baixa concentração (4 a 10,5 ng/ml) nos indivíduos normais. ○ Pode estar elevada por ocasião da regeneração hepática, podendo sugerir hepatite viral, e serve de alerta para os casos com carcinoma hepatocelular. ● ALT e AST → alteração sérica delas caracteriza agressão e comprometimento hepatocelular. ○ Pode encontrar valores flutuantes dos seus níveis nas reagudizações da doença, porém, de maneira geral, permanecendo em torno de 5 vezes o LSN (limite superior de normalidade), predominando valores de AST sobre ALT. ○ AST > ALT → reflete a diminuição da massa hepática produtora de ALT ● GGT e FA → valores alterados em processos de envolvimento do sistema biliar, tal como ocorre na cirrose biliar primária e colangite esclerosante primária. ○ Valores mais elevados de GGT são encontrados na cirrose alcoólica. ● As bilirrubinas, a albumina e a protrombina são os verdadeiros indicadores da função hepática, pois representam a capacidade sintética do fígado ○ Quando os níveis séricos das bilirrubinas estiverem elevados, deverá sempre ser identificada qual é a fração predominante, se é a conjugada ou a não conjugada. ○ Bilirrubina direta (ou conjugada) → nível se relaciona ao grau de reserva parenquimatosa. → considerada a presença de colestase associada ao fígado cirrótico, especialmente se GGT e fosfatase alcalina estiverem elevadas conjuntamente. ○ Icterícia com predomínio da bilirrubina não conjugada → dificuldade do hepatócito para realizar a conjugação da bilirrubina, indicando a possibilidade de estar presente a insuficiência hepática. ● Diminuição da fração esterificada do colesterol total pode ocorrer caso a lesão hepatocelular seja extensa ou grave. ● Bilirrubinúria e urobilinúria estão aumentadas em pacientes ictéricos. ● A excreção urinária de sódio está diminuída na presença de ascite, chegando a casos graves de eliminação menor que 4 mEq de sódio por dia. ● Pode haver albuminúria e oligúria. ○ Albuminúria é um indicador de insuficiência hepática crônica APRI ● Quando o resultado calculado é maior ou igual a 2,0, considera-se probabilidade de estar associado ao diagnóstico de cirrose hepática. 5 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA FIB-4 ● Avaliação da fibrose hepática com base em 4 coeficientes de regressão. ● Se o resultado obtido for igual ou maior que 3,25, considera-se a probabilidade de existir fibrose hepática importante. Imagem USG ● Permite avaliar: ○ Tamanho do fígado. ○ Irregularidade do bordo hepático (serrilhamento). ○ Consistência do parênquima hepático (ecotextura heterogênea). ○ Nodularidade da superfície hepática. ○ Velocidade do fluxo sanguíneo na veia porta. ○ Calibre da veia esplênica. ○ Identificação de colaterais. ○ Identificação de nódulos sólidos no fígado cirrótico. ● Padrão ecográfico heterogêneo e grosseiro, com hiperecogenicidade do parênquima, aumento da atenuação sonora e nodularidade na superfície do órgão (sinal mais específico) ○ Pode ser visto na infiltração gordurosa, CHC, linfoma hepático e nas metástases hepáticas. ● A anatomia hepática está frequentemente alterada devido à atrofia do lobo hepático direito (segmentos V e VIII) e do segmento medial do lobo esquerdo (IV), com hipertrofia do lateral do lobo esquerdo (II e III) e do lobo caudado. ● Os sinais ultrassonográficos de hipertensão portal incluem esplenomegalia, ascite e presença de circulação colateral portossistêmica (sendo este o sinal ecográfico mais específico). ● A recanalização da veia paraumbilical é evidenciada pela US com Doppler e está presente em 35% dos casos. ● Outros plexos venosos demonstrados → esplenorrenal, retroperitoneal, esplenoperitoneal, gástricos curtos, veias mesentéricas, que distalmente fazem comunicação com a rede venosa da parede abdominal. ● A trombose da veia porta é sugerida pela presença de imagens ecogênicas intraluminares e confirmada pelo emprego combinado com Doppler colorido. ● O carcinoma hepatocelular pode invadir as veias hepáticas, particularmente a porta e as hepáticas, determinando uma redução do fluxo, precipitando dilatação desses vasos, comportamento que não é observado na trombose não maligna. ○ Pequenos tumores (< 2 a 5 cm) tendem a ser hipoecogênicos e de aparência uniforme, enquanto os maiores geralmente são heterogêneos. ● O que ver no doppler? ○ Volume de sangue presente na veia porta. 6 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ○ Velocidade média ou máxima do sangue na veia porta. ○ Evidência de fluxo sanguíneo portal. ○ Índice de congestão da veia porta. ○ Perfusão portal efetiva no fígado. ○ Índices de resistência das artérias do fígado e do baço. TC ● Em estágios iniciais de cirrose hepática, mostra-se normal → com o progresso da doença, identificam-se nodularidades sobre superfície do fígado, com o padrão heterogêneo do parênquima definido principalmente após a injeção de contraste. ● As alterações anatômicas, atrofia e hipertrofia de lobos, e os achados para hipertensão portal → igual USG. ● Pode-se não conseguir distinguir lesões nodulares displásicas de nódulos de regeneração, ou da fase inicial de desenvolvimento do carcinoma hepatocelular. ● Apresenta sensibilidade em torno de 63%, o que reforça a sugestão de que tais pacientes sejam avaliados pelaressonância magnética ou TC helicoidal com dupla varredura, podendo ser biopsiada a lesão em caso de dúvida RM ● Usada para detectar lesões hepáticas focais em pacientes com cirrose hepática + investigar as formações vasculares intra e extra-hepáticas. ● Dependendo da técnica utilizada em relação ao tempo (T1 e T2) e à densidade do próton, um mesmo tecido pode apresentar diferentes imagens, fugindo ao nosso objetivo enumerá-las. De maneira geral, a ressonância magnética nos fornece uma d ● Fornece descrição anatômica detalhada e informações importantes em relação a lesões focais e difusas do fígado. Angiografia de tronco celíaco ● O cateterismo seletivo da artéria femoral e do tronco celíaco permite uma definição precisa da arquitetura de ramos arteriais e venosos do fígado cirrótico EDA ● Definição de varizes esofágicas, gástricas e gastropatia hipertensiva portal ● Identifica-se a sede das lesões hemorrágicas, podendo-se atuar terapeuticamente na interrupção do sangramento adotando- se medidas como escleroterapia e ligadura das varizes rotas, ou injeção de cola biológica no interior das varizes gástricas Classificação Child-pugh 1 2 3 Bilirrubina < 2 2-3 3 Encefalopatia - Graus I e II Graus III e IV Albumina > 3,5 2,8-3,5 < 2,8 TAP/INR <1,7 1,7-2,3 > 2,3 Ascite - Leve Moderada Child A→ 5-6 pontos Child B→ 7-9 pontos Child C→ >/= 10 pontos Escore Meld 7 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Quando é utilizado? ● Definir prioridade na fila de transplante A interpretação da escala MELD em pacientes hospitalizados apresenta a mortalidade em 3 meses conforme os seguintes percentuais: ● ≥ 40: 100% de mortalidade. ● 30 a 39: 83% de mortalidade. ● 20 a 29: 76% de mortalidade. ● 10 a 19: 27% de mortalidade. ● ≤ 9: 4% de mortalidade. Estadiamento Clínico Compensada ● Paciente assintomático e não apresenta ascite, sangramento das varizes, encefalopatia hepática ou icterícia. ● Insuficiência hepática é mínima ou ausente e a hipertensão portal é o mecanismo patogênico predominante que leva à descompensação. Cirrose compensada com hipertensão portal leve (clinicamente não significante) ● Pacientes que apresentam gradiente de pressão (pressão da veia porta – pressão da veia cava) entre 5 e 10 mmHg. ● Predomina a resistência intra-hepática. ● O objetivo no acompanhamento desses pacientes é eliminar o agente causal com objetivo de evitar o desenvolvimento das complicações. ● SEM COMPLICAÇÕES!!!!!!!! Cirrose compensada com hipertensão portal clinicamente significante ● Pacientes cujo gradiente de pressão é ≥ 10 mmHg. ● Além da resistência intra-hepática, o aumento do fluxo esplâncnico passa a assumir importante papel na hipertensão portal, com surgimento da circulação hiperdinâmica. ● Objetivo é evitar a descompensação. ● Pacientes podem ou não apresentar varizes esofagogástricas→ gradiente de pressão ≥ 10 mmHg. Estágio da cirrose descompensada ● Estágio sintomático da cirrose e caracteriza-se pela presença de ascite, sangramento gastrointestinal portal hipertensivo, encefalopatia hepática ou icterícia ● Principal mecanismo hemodinâmico é a circulação hiperdinâmica e a hipertensão portal. ● Pacientes que apresentam hemorragia digestiva alta secundária a sangramento das varizes gastroesofágicas – estágio 3. ● Pacientes que apresentam ascite e/ou encefalopatia hepática e/ou hemorragia por varizes.→ isoladamente ou associadas – estágio 4. ● Complicações das complicações → ressangramento, piora da função renal (ascite refratária, síndrome 8 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA hepatorenal, hidrotórax hepático), síndrome hepatopulmonar, sepse (peritonite bacteriana espontânea) etc. → cirrose torna-se uma enfermidade de acometimento sistêmico. → predomina a disfunção hepática avançada – estágio 5. Causas ● Vírus→ hepatite B e C ● Infiltração gordurosa→ alcóolica e não alcoólica ● Depósito→Wilson (cobre) e hemocromatose (ferro) ● Autoimunidade→ colangite biliar primária, hepatite Classificação etiológica ● Infecciosa ○ Hepatites B e D ○ Hepatite C ● Hepatite autoimune ○ Inflamação do fígado de causa desconhecida, que se caracteriza por hepatite periporta (necrose periférica), proeminente infiltrado inflama- tório e infiltração dos espaços portais por plasmócitos. ● Alcoólica ● Obstrução biliar ○ Colangite crônica destrutiva não supurativa ○ Colangite esclerosante primária ○ Atresia de vias biliares ○ Fibrose cística ○ Hipoplasia intra-hepática ○ Displasia artério-hepática (síndrome de Alagille) ○ Sarcoidose ● Fármacos ○ α-metildopa, isoniazida, nitrofurantoína, dantrolone, diclofenaco e alguns outros. ○ Infiltrado inflamatório periporta, composto por linfócitos e plasmócitos, e com necrose periférica, existindo ou não granulomas não caseosos ○ Colestase ductopênica → aspecto de cirrose biliar pode se observar naqueles pacientes em uso de clorpromazina. ○ Metotrexato e vitamina A, arsenicais e cloreto de vinil podem levar à instalação de fibrose. ○ Tempo prolongado de uso de coralgil e tamoxifeno, amiodarona, maleato de perexilina, cobloqueadores de canal de cálcio, cetoconazol, griseofulvina, nimesulida, fenilbutazona, ibuprofeno, guinidina e outros. ● Doenças metabólicas (NAFLD/NASH) ● Doenças hereditárias ○ Doença de Wilson ○ Hemocromatose hereditária ○ Deficiência deα1-antitripsina ○ Galactosemia ○ Glicogenoses ○ Tirosinemia ○ Porfirias ○ Esteato-hepatite não alcoólica ○ Cirrose da criança indiana ● Vascular ○ Síndrome de Budd-Chiari ○ Doença venoclusiva ○ Telangiectasia hemorrágica hereditária ● Criptogênica 9 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Doença Hepática Gordurosa Alcoólica Qual a quantidade segura de álcool que uma pessoa aguenta? ● >80g de etanol/dia ● Homem→ 21U/semana ● Mulher→ 14U/semana 🍺 1 lata de cerveja = 1,7U Como rastrear o abuso de álcool? ● Questionários→CAGE/AUDIT ● ↑GGT/VCM→ macrocitose Quais fatores se correlacionam? ● Predisposição genética ● Estado hipermetabólico de hepatócitos centrolobulares → acúmulode mais acetaldeído, maior produção de colágeno ○ Fazem parte desse processo radicais livres de oxigênio, peroxidação lipídica, reduzidas defesas antioxidantes e de formação de glutation, e agressão exercida por citocinas, com ação mediada pelas células de Kupffer 💡 Presença desses fatores → lesões necróticas focais dos hepatócitos, inflamação, acúmulo de proteínas celulares, esteatose, fibrose e regeneração micro e macronodular. Evolução Esteatose alcoólica→ hepatite alcoólica→ cirrose alcoólica ● Esteatose→ libação ● Hepatite→ libação no bebedor crônico ○ Acetaldeído culpado pela agressão hepática ● Cirrose alcoólica→ bebedor crônico Hepatite alcoólica Qual o quadro clínico? ● Febre ● Icterícia ● Dor ● ↑ TGO > TGP ○ Acima de 1000 ○ Deficiência de piridoxina → B6 → atua na produção de TGP→ TGO 2x > TGP ● Leucocitose→ reação leucemóide Qual o tto? 10 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Se caso grave (Maddrey >/= 32) → corticoide por 4 semanas (prednisolona) ○ Prednisona precisa de metabolismo hepático Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica ● Presente em 20% da população adulta ● Responsável por cerca de 60 a 80% dos casos de níveis séricos elevados de aminotransferases e gamaglutamiltransferases de pacientes atendidos em ambulatórios ou consultórios de clínicas privadas ● Mais observada entre obesos, sobretudo naqueles com hipertensão arterial, hiperglicemia, hipertrigliceridemia (> 150 mg/dl) e com valores de HDL abaixo de 40 e de 50 mg/dl, respectivamente, para homens e mulheres. Qual a fisiopatologia? ● Esteatose (20%) → esteato-hepatite (3-5%) → cirrose (1-3%) ● Resistência insulínica→ triglicérides no fígado ● Redução da oxidação mitocondrial de triglicerídios; ● Baixa exportação hepática de ácidos graxos e lipídios; ● Síntese hepática maior de fosfolipídios e ésteres de colesterol; ● Acentuadasproduções de radicais livres de O2; ● Hipersecreção de leptina e grelina, as quais hiperestimulam células estelares do fígado e da matriz extracelular. Quais as manifestações? ● Assintomática ● Dor ● ↑ transaminases→ TGP > TGO Como faço o diagnóstico? ● Imagem→ a USG detecta esteatose ● Excluir outras causas comuns de hepatopatia e esteatose ● Biópsia→ se indício de cirrose Como faço o tto? ● Dieta + exercício físico→ reduzir resistência à insulina ● Meformina e glitazona ○ O melhor foi glitazona, metformina ñ mostrou benefício p/ doença hepática ñ alcoólica ● Vitamina E, liraglutida Doença de Wilson ● Mutação ATP7B→↓ excreção de cobre→↑cobre/ ↓ ceruloplasmina Quais as manifestações clínicas? ● Doença hepática→ aguda/crônica/fulminante ● Neurológica → infiltração dos núcleos da base → alteração de movimento ● Anel de Kayser-Fleischer → lâmpada de fenda mostra halo de acúmulo de cobre ao redor da íris Como faço o diagnóstico? ● Cobre urinário ou hepático (biópsia) Qual o tto? ● Quelantes do cobre→ trientina ● Transplante Hemocromatose ● Mutação no gene HFE → ↑absorção intestinal de ferro Quais as manifestações clínicas? ● ↑ saturação de transferrina→↑ ferritina ● 6Hs ○ Hepatopatia ○ Hiperglicemia ○ Hiperpigmentação ○ Heart→ falência cardíaca ○ Hipogonadismo ○ Hartrite Como faço o diagnóstico? ● Teste genético→ mutação C282Y Qual o tto? ● Flebotomia (ferritina 50ng/mL) ● Transplante devolve função hepática, mas não cura Colangite Biliar Primária ● Lesão imune em ducto biliar (espaço porta) → ↑ sal biliar (tóxico) 11 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Muito comum em mulheres de meia idade ● Imunoglobulina M Qual a fisiopatologia? ● Insulto imunológico desenvolvido por linfócitos citotóxicos sobre o epitélio dos ductos biliares, causando lesão hepatocelular e colestase progressiva. ● Inflamação de ducto biliar e fibrose Quais as manifestações clínicas? ● Assintomática ● Prurido→ sal biliar na pele ● Xantelasma→ colesterol ● Icterícia→ fígado ● Associação com Sjogren e Hashimoto Como faço o diagnóstico? ● Fosfatase alcalina ● Anticorpo antimitocôndria (AMA) Qual o tto? ● Ácido ursodesoxicólico→ sal biliar sintético e atóxico Hepatite Autoimune ● Tipo 1→ FAN, antimúsculo liso ● Tipo 2→ anti-LKM1 Qual a clínica? ● Assintomática ● Doença hepática→ aguda/crônica/cirrose Qual o tto? ● Prednisona + azatioprina Síndrome de Budd-Chiari ● Instala-se em consequência de obstáculo ao livre fluxo sanguíneo secundário a trombose de veias hepáticas ou de veia cava inferior supra-hepática. ● É mais frequentemente observada em situações de hipercoagulabilidade (policitemia rubra vera, hemoglobinúria paroxística noturna e síndromes neoplásicas, deficiências de an- titrombina III e proteína C), em mulheres que se encontram em uso de anticoncepcional oral, durante ou após a gestação, e na presença de anticorpos anticardiolipina. Qual a clínica? ● Volumosa hepatomegalia ● Acite tensa ● Sinais típicos de hipertensão portal, instalando-se de forma aguda ou crônica. Quais as características histológicas? ● Dilatação e colagenização dos sinusoides, desaparecimento de veias centrolobulares, lobulação reversa e cirrose. Como é feito o diagnóstico? ● USG com Doppler, angiorressonância magnética ou tomografia computadorizada e estudo histológico do fígado. 12 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Complicações Hipertensão porta ● ¾ da vascularização do fígado vem da veia porta Veia porta ● Mesentérica inferior drena para a esplênica ● Esplênica + mesentérica superior→ porta ● Gástrica esquerda (coronária) e umbilical drenam para a porta Qual a fisiopatologia? ● Aumento da pressão→ sai pouco sangue e chega muito ○ Hipertensão = ↑ resistência hepática + hiperfluxo esplâncnico ● Resulta do aumento na resistência intra-hepática ao fluxo portal e do aumento do fluxo sanguíneo portal secundário à vasodilatação esplâncnica, sendo responsável pelas principais complicações da cirrose hepática, incluindo a hemorragia digestiva alta (HDA) varicosa, a ascite e a encefalopatia hepática. ● Definição→ > 5 mmHg na veia porta em relação à cava ● Varizes esofágicas→ >/= 10mmHg ○ >12mmHg → ↑ risco de hemorragia por ruptura Qual a classificação? ● Cirrótica ● Não cirrótica→ apenas 10% dos casos ○ Esquistossomose ○ Trombose de veia porta Qual a clínica? ● Insuficiência hepatocelular → redução do metabolismo hepático ○ Amônia na circulação sistêmica → encefalopatia→ investigo com flapping ● Circulação colateral → veia porta desvia para cava→ risco de sangramento varicoso ○ Mesentérica inferior → plexo retal→ varizes anorretais ○ Gástrica esquerda → ázigos → varizes esofagogástricas → relaciona-se com a gravidade da cirrose ○ Gástricos curtos → ázigos → varizes de fundo gástrico ○ Umbilical → veias abdominais → cabeça de medusa ○ Esplênica→ baço→ esplenomegalia ○ Sinusóides→ peritôneo→ ascite ● Gastropatia hipertensiva ● Ascite ● PAB ● Encefalopatia hepática Qual a etiologia? ● Pré-hepática → Oclusão da veia porta extra-hepática por trombose ou tumor, pancreatite ○ Trombose de veia porta → hipercoagulabilidade ■ Obesidade ○ Trombose de veia esplênica → pancreatite crônica→ varizes de veia esplênica isoladas ■ Esplenomegalia ● Intra-hepática ○ Pré-sinusoidal → esquistossomose → depósito de ovos no espaço portal ■ Parece pré-sinusoidal ■ Esclerose tbm ○ Sinusoidal→ cirrose ○ Pós-sinusoidal → doença veno-oclusiva (+ comum em orientais), sd de Budd-Chiari ● Pós-hepática→ ascite refratária ○ Síndrome de Budd-Chiari → trombose de veias hepáticas 13 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ■ Esplenomegalia ○ Cirrose cardíaca→ ICC direita ■ Hepatomegalia ■ Turgência jugular ○ Pericardite constritiva 🤔 Hipertensão pré-hepática e pré-sinusoidal não aumenta a pressão dentro do sinusóide→NÃOCAUSA ASCITE Qual a clínica? ● Pré-hepática e pré-sinusoidal → varizes esofagogástricas e esplenomegalia ● Pós sinusoidal e pós-hepática→ ascite refratária ● Cirrose→ TUDO ○ Poucas varizes e muita ascite ○ Muitas varizes e pouca ascite Varizes esofagogástricas ● Principal causa de morte no pcte cirrótico ● ⅓ sangra em algum momento da vida→ mortalidade de 30% ● 60% de chance de ressangramento em 1 ano Qual a fisiopatologia? ● Hipertensão porta→ shunt pela veia gástrica esquerda e vasos curtos Quais os fatores de risco? ● Child B/C ● Cordões avermelhados→ cherry red spots ● Calibre ○ F1→ pequeno calibre (<3mm) e não tortuosa ○ F2 → aumentadas 3 a 5 mm, tortuosa e < ⅓ lúmen ○ F3→ grandes > 5mm, tortuosa e >⅓ lúmen Qual o tto? ● Só faz quando sangra→ hemorragia digestiva ● Estabilização clínica→ ABC→ terapia intensiva! ○ Hemodinâmica → ressucitação volêmica criteriosa ■ Solução salina na fase inicial→PAS mantida entre 90-100mmHg e FR < 100 bpm ○ IOT → mandatória em pacientes com diminuição do nível de consciência, hematêmese maciça e naqueles que necessitam usar balão de Sengstaken-Blakemore. ↓ ● EDA ○ Ligadura elástica→ mecânica ● Transfusão sanguínea deve ter como alvo uma hemoglobina entre 7 e 8 g/dL a depender da presença de comorbidades cardiovasculares, sangramento ativo e idade. + ● DVA → fase aguda de sangramentos → Octreotide ou terlipressina→ vasoconstrição visceral ● Não parou ou falta EDA? → Balão de Sengstalen-Blackmore → por até 24h para não isquemiar → hemorragia maciça e instabilidade hemodinâmica não responsiva a volume ○ 300 mL ar balão gástrico ○ 30 mmHg balão esofágico ● Quando disponível, o uso de prótese autoexpansiva deve substituir a utilização do balão de Sengstaken-Blakemore ● Sangramento ativo ou CHILD B/C? ○ TIPS → cano comunica a veia porta com a hepática → bypass o fígado, onde está a 14 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA hipertensão → reduz a pressão, então para de sangrar ■ Sangramento na fila de transplante ■ Falha da terapia endoscópica + terlipressina ■ Ascite refratária ● Não parou oufalta TIPS?→ cirurgia ○ A melhor? Warren→ esplenorrenal distal ○ Ascite refratária? Portocava calibrada ○ Esquistossomose? Desconexão ázigo-portal HDA varicosa obriga a profilaxia de infecção ● Rastrear infecções→PBE, ITU e pneumonia ● Iniciar no momento da admissão e manter por 7 dias ● Quinolonas orais (norfloxacino 400 mg 2 vezes/dia) ou cefalosporina de 3ª geração (ceftriaxona 1 g/dia por via endovenosa [EV]), porém pacientes com cirrose avançada, com uso prévio de quinolonas e internados em hospitais com alta prevalência de resistência a quinolonas, devem ser preferencialmente tratados com ceftriaxona. Profilaxia primária de sangramento varicoso ● Indicada para os pacientes que apresentam alto risco de sangramento → varizes de grosso e médio calibre e pacientes com varizes de fino calibre que apresentam fator de risco adicional para sangramento, como presença de sinais vermelhos sobre a variz ou doença hepática descompensada (classificada como Child C). Terapia farmacológica com emprego de betabloqueadores não seletivos (BBNS) como propranolol, nadolol ou carvedilol e tratamento endoscópico com ligadura elástica de varizes de esôfago (LEVE). ● BBNS reduz a pressão portal → bloqueio beta-1 adrenérgico reduz débito cardíaco, e bloqueio beta-2, reduz do fluxo esplâncnico provocado pela vasoconstrição arterial. ○ Rreduzem tbm o risco de sangramento decorrente da gastropatia hipertensiva e têm → reduz a ocorrência como ascite, encefalopatia hepática e PBE. ○ Contraindicação absoluta ou relativa → como DPOC grave, insuficiência cardíaca grave, diabete melito de difícil controle e doença arterial periférica. ○ Efeitos adversos → dispneia, hipotensão, fadiga e disfunção sexual. ○ Doses pequenas, com aumento progressivo a cada 3 a 5 dias, até a dose máxima de 320 mg/dia de propranolol e 160 mg/dia de nadolol. ○ Objetivo → manter a frequência cardíaca em torno de 55 a 60 batimentos por minuto, sem que haja aparecimento de sintomas de hipotensão. ○ Carvedilol → ação anti-alfa-1 adrenérgica intrínseca → maior potência em reduzir o GPVH → mesmos efeitos do propranolol sobre os receptores beta-1 e beta-2 adrenérgicos + bloqueio dos receptores alfa-1 leva à redução do tônus vascular intra-hepático, diminuindo a resistência vascular intra-hepática. ■ Dose inicial deve ser de 6,25 mg/dia e, se não houver intolerância, a dose pode ser aumentada até a dose máxima de 12,5 mg/dia. ● Lligadura elástica → aplicação de bandas elásticas no terço inferior do esôfago que levam a oclusão e trombose do vaso. ○ Realizada com intervalos de 3 a 4 semanas até a obliteração completa das varizes, o que geralmente ocorre após 2 a 4 sessões. ○ Associada a complicações como formação de úlcera esofágica e estenose de esôfago, além de desconforto torácico e disfagia transitória pós-procedimento. ○ Provoca necrose tecidual com formação de úlcera rasa cerca de 3 a 7 dias após o procedimento, o que pode ser causa de sangramento pós-procedimento em até 5% dos casos. ● A escolha do tratamento deve se basear nas características e preferências dos pacientes, nos efeitos colaterais de cada opção terapêutica e na disponibilidade local de recursos. ○ Carvedilol → pacientes com varizes de esôfago de fino calibre com alto risco de sangramento (presença de sinais vermelhos 15 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA sobre a variz ou doença hepática descompensada classificada como Child C). Profilaxia secundária ● Após o primeiro episódio de sangramento varicoso, a probabilidade de ressangramento é elevada, chegando a 70% nos pacientes não tratados. ● Combinação de LEVE com BBNS é escolha ● Os BBNS (propranolol ou nadolol) devem ser iniciados precocemente, assim que as condições hemodinâmicas permitirem, em geral no 6° dia. ○ O carvedilol não pode ser recomendado na prevenção do ressangramento, por causa da ausência de estudos comparando com a terapia tradicional. ○ Os pacientes tratados com TIPS não necessitam de profilaxia secundária. Ascite Qual a epidemiologia? ● Principal causa de internação hospitalar em cirróticos Qual a etiologia? ● Cirrose (85%) 🤔 Esses pacientes estarão predispostos a cursarem com peritonite bacteriana espontânea, hemorragia digestiva alta, icterícia e encefalopatia hepática! Qual a fisiopato da ascite relacionada à cirrose? ● Elevação pressórica sinusoidal, vasodilatação sistêmica, vasoconstrição arterial renal, ascite refratária e síndrome hepatorrenal. ● Na fase mais avançada da doença → mecanismos compensadores de aumento do volume intravascular, relacionado com secreção estimulada de vasopressina, elevada resistência vascular intrahepática, apresentam mudanças na microcirculação esplâncnica, produção excessiva de linfa nesse território e maior volume de extravasamento abdominal de plasma. ● Ativam-se barorreceptores, sistemas vasoconstritores antinatriuréticos, sobretudo o sistema renina–angiotensina–aldosterona, sistema nervoso simpático e vasoconstritores renais. ● Paralelamente, dilata-se o leito arterial na busca de reequilibrar esse sistema vasocomunicante em desorganização ● Embora cursem assintomáticos, desenvolvem distúrbios cardiovasculares expressos por débito cardíaco aumentado, reduzida resistência vascular periférica e hipotensão arterial. → hiporregulação de receptores beta-adrenérgicos, lesões de membranas dos cardiomiócitos, dificultando ou bloqueando atuações do complexo entre proteína G estimuladora e complexo ligande-receptor β adrenérgico, resultando em contratilidade cardíaca anormal, mais graves nos ictéricos, cursando com baixas concentrações de membrana da enzima adenilatociclase. ● Desenvolve-se aumento dos níveis de AMP cíclico, consequência de efeitos inibitórios que se processam a partir das atuações do TNF-Ⲁ e CO, promovendo menores influxo de íons cálcio e funcionalidade dos receptores canabinoides. ● Geram-se alterações funcionais dos canais de potássio, alargando o intervalo QT e deprimindo a contratilidade cardíaca nesses pacientes. ● O significado clínico desses distúrbios é sublimado, uma vez que neles predomina associadamente a vasodilatação periférica, voltada à redução da pós-carga, suprimindo as manifestações típicas de insuficiência cardíaca. De forma sintética, podemos definir que toda essa evolução guarda relação com precipitação da redução do volume sanguíneo central na dependência de substâncias vasodilatadores. Como é a teoria do subenchimento? ● A maioria dos pacientes com cirrose avançada apresenta grande dificuldade em manter o volume líquido extracelular dentro dos limites da normalidade. ● O baixo volume intravascular colabora para sequestro de líquido para o interior da cavidade peritoneal, com formação de ascite, derrame pleural e acúmulo de líquido no tecido intersticial, além de retenção renal de sódio e água, que, eventualmente, os leva a cursar com hiponatremia dilucional E a teoria da expansão do volume intravascular? ● Quando a avidez renal por sódio e água vai depender mais da maior pressão intrassinusoidal, de modificações da arquitetura do fígado e da menor população de hepatócitos funcionante Quais outras alterações podem ser encontradas fisiopatologicamente? ● O cirrótico apresenta hipervolemia, hiponatremia e déficit de excreção de água → associadas aos efeitos do ADH sobre os receptores V2 (receptores 2 da vasopressina), ao nível dos túbulos renais. 16 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Promove-se a liberação de uma aquaporina renal (AQP-2), a partir de uma proteinoquinase dependente de cAMP, responsável por alterar a permeabilidade do ducto coletor renal, interferindo com a excreção de água livre. ● Nesse processo, tem-se atribuído importância à urotensina II, um oligopeptídio mediador da vasodilatação esplâncnica participando da redução da filtração glomerular e aumento da retençãorenal de sódio, na dependência de seu acoplamento à proteína G, formando óxido nítrico e ativando células da musculatura lisa vascular. ● Correlacionam-se seus níveis plasmáticos com o grau de hipertensão portal, formação da ascite e negativamente com a pressão arterial média. Como ocorre o curso da doença? ● Inicialmente assintomática ● Pode se desenvolver de modo súbito ou se desenvolver lentamente, durante meses ● Inicialmente traduzida pela sensação de flatulência iminente e distensão abdominal. ● Algumas vezes, a detecção inicial ocorre após um surto de necrose extensa do parênquima, tal como se observa na seroconversão do AgHBe para anti-AgHBe, em surtos infecciosos, após libação alcoólica ou ingesta de alimentos ricos em sódio e, sobretudo, após episódio de hemorragia digestiva alta Existem alterações no EF? ● Macicez nos flancos e sinal do piparote positivo → detectado quando tem cerca de 2L de líquido ● A progressão traduz-se por ascite tensa, acentuação da circulação colateral, além de hérnia umbilical e hidrotórax. ● A tendência ao desenvolvimento de bloqueio funcional da veia cava inferior leva ao edema de membros inferiores. ● Todos os pacientes evoluem com circulação hipercinética, traduzida por hipotensão arterial, aumento do débito cardíaco e fluxo sanguíneo tecidual aumentado, traduzido por hiperemia de face e mãos, podendo haver dispneia e cianose, esses quando existe hipertensão pulmonar Quais as alterações laboratoriais? ● Alargamento dos tempos de protrombina e de tromboplastina parcial e do INR, baixos níveis séricos do fator V, do fibrinogênio e contagem de plaquetas, valores que guardam relação com hipoalbuminemia e hiperbilirrubinemia à custa da fração direta. ● Todos expressam síntese hepática reduzida. ● No início, cursam com níveis séricos normais de ureia e creatinina, os quais progressivamente se elevam em paralelo à queda dos valores do clareamento de creatinina, em pacientes com concentrações plasmáticas elevadas de renina e norepinefrina Quais as características do líquido ascítico? ● Transparente ou amarelo-citrino. ● A concentração de proteína total, de leucócitos e eritrócitos atinge, respectivamente, menos de 2,5 g/dl, 300 células/mm 3 e 10.000 elementos/mm 3 . Valores mais elevados do que esses traduzem complicações, tais como carcinoma hepatocelular, com ou sem síndrome de Budd-Chiari (trombose de veia cava inferior), tuberculose peritoneal, carcinomatose peritoneal ou peritonite bacteriana espontânea. ● O diagnóstico diferencial é feito através do emprego de métodos de imagem, mas, sobretudo, pela videolaparoscopia com biopsia dirigida sobre lesões intra ou extra-hepáticas. Qual a abordagem?→ Se estabelecida! ● Paracentese→ celularidade + proteína + albumina ○ Gradiente Albumina Soro-Ascite ■ GASA >/= 1,1 → soro > ascite → transudato → HIPERTENSÃO PORTA ● Causas de pressão → cirrose, pericardite, ICC direita, Budd-Chiari ■ GASA < 1,1 → soro < ascite → exsudato → DOENÇA PERITONEAL ● Carcinomatose, tuberculose e síndrome nefrótica ● Todos os pacientes cirróticos com ascite devem ser submetidos a exame ultrassonográfico, com ou sem Doppler, ou tomografia computadorizada. Essa conduta visa a afastar a pre- sença de diagnósticos de carcinoma hepatocelular (ascite associada a 25% dos casos) e de trombose portal (contraindicação à realização de transplante hepático), e espessamento peritoneal, além de descartar doença renal 17 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Como faço o tto? ● Restrição de sódio→ 2g/dia ou 88mEq/dia ● Diuréticos ○ Espironolactona 100mg/dia + furosemida 40mg/dia ○ Objetivo → ↓0,5 a 1kg/dia (pesar antes do café) ● Paracentese de alívio ○ Volume > 5 litros→ 6 a 8g de albumina por 1L retirado ● TIPS ou transplante ou shunt de Le Veen ○ Indicação→ falha do tto clínico 🤔 Consideramos encaminhar um paciente para TIPS se as seguintes condições forem atendidas: ● O paciente tem ascite resistente a diuréticos ● O paciente é intolerante à paracentese ou necessita de paracentese muito frequente (por exemplo, semanalmente). ● O paciente tem cirrose Child-Pugh classe A ou B ● O paciente tem uma pontuação do Modelo para Doença Hepática em Estágio Final (MELD) <18 ● O paciente tem <65 anos de idade ● Um cuidador está presente em casa ● O paciente não tem hepatite alcoólica ● A fração de ejeção cardíaca do paciente é >60 por cento ● O paciente não tem história de encefalopatia hepática grave e espontânea (isto é, na ausência de sangramento intestinal, infecção ou desidratação) ou outra lesão do sistema nervoso central (por exemplo, sangramento subdural prévio, abscesso cerebral ou acidente vascular cerebral). Peritonite bacteriana espontânea ● Monobacteriana → E. coli → se nefrótica, pensar em pneumococo ● Diagnóstico → polimorfonucleares > 250/mm³ + cultura positiva ○ Trato antes da cultura ○ Cefalosporina de 3ª geração → cefotaxima, ceftriaxona Bacterascite ● PMN < 250/mm³ ● Cultura positiva ● Pode desenvolver PBE ● Só observo→ trato se sintomas Ascite neutrofílica ● PMN > 250/mm³ ● Cultura negativa ● ATB PBS secundária 18 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Antibiótico→ laparotomia ● 2 dos critérios! Conforme a fase Pré-instalação ● A homeostase de sódio em cirróticos sem ascite (Child A) já se apresenta alterada. ● A oferta de uma dieta encerrando mais de 200 mmol de sódio por dia modifica a capacidade de manipulação orgânica desse íon ● O bloqueio desse distúrbio hemodinâmico intrarrenal tem sido obtido administrando-se losartana, na dose de 7,5 mg/dia, capaz de produzir acentuada natriurese sem causar hipotensão sistêmica, nem mudanças no volume sanguíneo central ou cardíaco. Fase de instalação: ● A ascite é observada em cerca de 30 a 50% dos cirróticos. A manipulação terapêutica desses doentes constitui-se em uma exigência clínica visando ampliar a liberação do filtrado até os segmentos de diluição do néfron e ramo ascendente da alça de Henle. ● Procura-se inibir a hipersecreção não osmótica de hormônio antidiurético e o hiperaldosteronismo que apresentam. Nesses pacientes, a absorção maior de água instala-se pela presença de hipersecreção de arginina–vasopressina e síntese menor de prostaglandina. ● Diante dessas modificações hemodinâmicas e humorais, todos os doentes evoluem, na fase inicial do processo, com aumento do volume sanguíneo total e do débito cardíaco, com diminuição na resistência vascular sistêmica total, mantendo normal a pressão arterial. Há sinais de circulação hiperdinâmica, em uma tentativa de redistribuição volumétrica para o sistema esplâncnico, inibindo a ativação dos barorreceptores centrais redutores do fluxo sanguíneo renal, com intensificação da pressão portal sinusoidal. ● Nessa fase, a terapêutica vai incluir baixa oferta nutricional de sódio e água, mesmo para aqueles que não são hiponatrêmicos. É observação comum que responderão melhor à restrição de ingesta dietética de sódio e diureticoterapia os pacientes que apresentam níveis séricos de ureia e creatinina abaixo de 20 mg/dl e 1,0 mg/dl, respectivamente, e excreção urinária de sódio acima de 10 mEq/dia. ● A manipulação desses pacientes envolve uma sequência de eventos na fase definida como de diurese espontânea, conforme avaliação clínico-hemodinâmica e metabólica. ● O tratamento propriamente dito envolve fase de pré-diureticoterapia, seguida daquela definida como de diureticoterapia (natriuréticos), a qual pode acompanhar-se de algumas complicações típicas. ● Esses pacientes costumam evoluir com anorexia, cefaléia, letargia, náuseas e vômito, convulsões ocasionais, resultantes do clareamento (clearance) de água livre abaixo de 6 ml/min. Tal evolução guarda relação com o emprego excessivo de diuréticos, realização de paracenteses volumosas,sem expansão volumétrica, e administração de análogos da vasopressina, ou com episódio de hemorragia digestiva alta, ou devido ao uso de AINEs. ○ Cirróticos deverão ser tratados através da restrição na ingesta hídrica, evitando-se as infusões de solução hipertônica de NaCl, sempre se interrompendo a administração dos natriuréticos. ○ Associadamente, aconselha-se o uso dos aquaréticos, envolvendo os antagonistas do receptor V2, ou de agonistas κ-opioides. 19 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Nessa fase mais avançada da cirrose, acentuam-se as anormalidades circulatórias. 20 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA 💊Vários medicamentos devem ser evitados ou usados com cautela em pacientes com ascite, incluindo inibidores da enzima de conversão da angiotensina, bloqueadores dos receptores da angiotensina II e antiinflamatórios não esteróides. ● Deve-se considerar a interrupção ou não do início de betabloqueadores não seletivos, como o propranolol , em pacientes com ascite refratária, pois eles podem reduzir a sobrevida nesses pacientes. Ascite refratária ● Não pode ser mobilizada, ou cuja recorrência precoce (após paracentese terapêutica) não pode ser satisfatoriamente prevenida por terapêutica apropriada ● Maioria dos doentes apresenta acentuada retenção de sódio e grave incapacidade de excretar água → pode causar hiponatremia dilucional. ● O fluxo renal e a filtração glomerular diminuem acentuadamente. ● A ascite não é mobilizada nem com o correto emprego de diuréticos. Ela também pode ser intratável porque os pacientes desenvolvem sistematicamente complicações com o uso de diuréticos em doses corretas. ○ Complicações → encefalopatia, insuficiência renal induzida por diuréticos, hiponatremia diurético-induzida, hipopotassemia ou hiperpotassemia resistentes às medidas corretoras. ● A síndrome hepatorrenal incide em 10% desses pacientes, relacionada com modificações dos sistemas vasoativos. → resistência arterial renal acentuada, acompanhada de vasodilatação arterial da circulação esplâncnica.→Tipos: ○ Pela rápida instalação da complicação, que se expressa laboratorialmente por valor de creatinina sérica ultrapassando a 2,5 mg/dl e clearance de creatinina em 24 h abaixo de 20 ml/min, acompanhados de rápida e progressiva oligúria, retenção de sódio em TCP e TCD e hiponatremia dilucional, modificações que se estabelecem em menos de 2 semanas; ○ Observadas mais lentamente, com nível sérico de creatinina não ultrapassando 1,5 mg/dl, com índice de filtração glomerular além de 30 ml/min, presentes naqueles com reserva hepatocelular mais preservada. ● Essas tendências inexoráveis acompanham-se de fatores preditivos adversos, tais como ausência de hepatomegalia, estado nutricional precário, hipotensão arterial, icterícia, hiperbilirrubinemia, hipoalbuminemia, hiponatremia, elevação de valores de ureia e creatinina, de atividades plasmáticas de renina, de aldosterona e de norepinefrina, e baixo valor de sódio urinário ● A midodrina é um vasopressor oral que geralmente aumenta a pressão arterial na cirrose avançada, resultando em melhor perfusão renal. Usamos midodrina em pacientes com hipotensão e/ou ascite resistente a diuréticos que não respondem a modificações dietéticas, educação, descontinuação de betabloqueadores e diuréticos adequadamente prescritos. Começamos com 5 mg por via oral três vezes ao dia e ajustamos a dose a cada 24 horas (em incrementos de 2,5 mg para cada dose; dose máxima de 17,5 mg três vezes ao dia) para atingir uma PAM >82 mm Hg. ● As opções terapêuticas para pacientes que falham nos tratamentos não invasivos incluem: ○ Transplante de fígado ○ Paracenteses terapêuticas seriadas (aproximadamente a cada duas semanas) ○ Colocação de stent portossistêmico intra-hepático transjugular (TIPS) 21 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Profilaxias PBE ● Primária → após hemorragia digestiva ○ Ceftriaxona→ norfloxacino ■ Total de 7 dias ● Secundária→ após 1ª PBE ○ Norfloxacino 400mg/dia VO Sd hepato-renal ● NO em excesso → vasodilatação esplâncnica → ↓ fluxo renal→ IRA ● Albumina 1,5g/kg (6h)→ 1g/kg (3º dia) Encefalopatia hepática ● Causada pelo aumento da amônia no sangue ● Síndrome neuropsiquiátrica caracterizada por depressão do sensório e desorientação em pacientes com grave comprometimento hepático ● Doença aguda → secundária a casos de insuficiência hepática aguda grave (hepatite fulminante) ○ Presença de edema cerebral! ● Doença crônica → secundária à cirrose descompensada ou à insuficiência hepática aguda em pacientes com doença hepática crônica ○ Efeito neurotóxico central da hiperamonemia secundária à lesão hepática 22 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Qual a epidemiologia? ● Ocorre em 30 a 40% dos pacientes com cirrose, em algum momento durante a sua evolução clínica → após o primeiro evento, é comum os episódios se tornarem recorrentes. ● A EH mínima ou assintomática ocorre em 20 a 80% dos pacientes com cirrose. ● O risco para o primeiro episódio de EH é de 5 a 25% dentro de 5 anos após o diagnóstico de cirrose, dependendo da presença de fatores de risco, especialmente outras complicações de cirrose, como ascite e provavelmente diabetes e hepatite C. ● A prevalência de EH no momento do diagnóstico de cirrose é de 10 a 14% em geral, de 16 a 21% em pacientes com cirrose descompensada, e de 10 a 50% em pacientes com shunt portossistêmico intra-hepático transjugular (TIPS). ● Mortalidade vem diminuindo com os anos Quais as causas? ● Insuficiência hepatocelular ● Hipertensão porta Qual a fisiopatologia? ● O fígado exerce um importante papel no clearance hepático de produtos tóxicos produzidos no intestino e o comprometimento da função hepática ou a presença de shunts portossistêmicos permitem que essas toxinas cheguem à circulação sistêmica. → agem inibindo a neurotransmissão e apresentam efeitos deletérios na função cerebral. → amônia é a que tem maior associação! ○ Sua formação ocorre por ação da enzima glutaminase, localizada dentro dos enterócitos do intestino delgado e do cólon, e também da ação de um grande número de bactérias produtoras de urease, localizadas no intestino. ● A amônia derivada do intestino é absorvida na circulação portal hepática e transportada para o fígado, onde, sob condições fisiológicas normais, entra no ciclo da ureia, sendo metabolizada. ○ A amônia não utilizada por essa via primária é subsequentemente metabolizada dentro dos hepatócitos pela glutamina sintetase (GS), ○ Em pacientes com insuficiência hepática ou shunts portossistêmicos o clearance de amônia pelo fígado está diminuído e as concentrações séricas se elevam. ● O metabolismo extra-hepático da amônia também é de grande importância, assim alterações renais e a perda muscular associada a hepatopatia contribuem para o aparecimento da EH, pois os músculos são uma das formas de remoção da amônia da circulação sistêmica. ● Outras alterações associadas com o aparecimento da EH incluem: ○ Deposição de magnésio nos gânglios da base, → manifestações extrapiramidais da EH. ○ Deficiência de zinco → cofator no metabolismo da ureia e amônia e sua deficiência leva a aumento da amônia e falsos neurotransmissores. ○ Ação de mediadores inflamatórios ○ Disfunção dos astrócitos causada pelo aumento do glutamato e amônia. 23 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ○ Aumento da permeabilidade da membrana hematoencefálica a produtos tóxicos. ○ Hiperatividade do sistema GABAérgico com ação endógena similar à de benzodiazepínicos, com efeito negativo cerebral. ○ Alteração do metabolismo de glicose cerebral. ○ Outros fatores envolvidos na disfunção cerebral incluem serotonina, óxido nítrico, peptídeos opioides circulantes e radicais óxidos livres. ○ Diminuição dos níveis de mioinositol induzida pelo aumento de amônia que diminui o tamponamento do excesso de glutamina no cérebro. Quaisos achados? ● Sintomas que variam desde um desempenho cognitivo próximo do normal (sendo as alterações geralmente só identificadas pelos familiares), até estados de confusão, estupor e coma. ○ Alterações do estado de consciência: → desde desorientação progressiva temporal espacial, comportamento inapropriado e quadro confusional, estado de agitação ou sonolência, letargia e, por fim, coma. ● Pode haver inversão do ciclo sono-vigília, desatenção, embotamento afetivo, comprometimento da memória, tremores e mioclonia ● Flapping ou asterix → movimento involuntário das mãos, semelhante ao bater de asas. ○ Pode aparecer nos estágios intermediários da EH, mas desaparecem no estupor e coma. ○ Deve ser testado provocando a dorsiflexão dos punhos, com os dedos separados. ○ Não é patognomônica de EH → pode estar presente em outras encefalopatias metabólicas ● Letargia ● Sonolência ou insônia → sonolência diurna excessiva e insônia noturna ● Manifestações psiquiátricas → incluem a mudança repentina ou gradativa da personalidade, como apatia, euforia, agressividade, excitação e comportamento inadequado. ● Achados neurológicos em pacientes não comatosos→ anormalidades da motricidade, tais como hipertonia, hiper-reflexia e positivação do sinal de Babinski. ○ Reflexos profundos podem diminuir e até desaparecer no coma, embora os sinais piramidais ainda possam ser observados. 24 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ○ Raramente, déficits neurológicos focais transitórios podem ocorrer. ○ Hipocinesia, monotonia e lentidão da fala, tremor similar ao parkinsoniano e discinesia com movimentos voluntários diminuídos são achados comuns; em contraste, a presença de movimentos involuntários semelhantes a tiques ou coreia ocorre raramente. ● HIC → em pacientes com quadro de insuficiência hepática fulminante, a EH pode cursar com quadro importante de edema cerebral e aparecimento de sinais neurológicos localizatórios. Quais as formas clínicas? ● Episódica → início agudo e caráter flutuante, seguida por melhora clínica e recuperação de um estado neurológico normal. ○ Usualmente relacionada a fator precipitante ● Persistente → embora possam ocorrer agravos e períodos de melhora, o paciente mantém-se sempre sintomático ○ Usualmente associadas a doença hepática grave. ● Mínima → comprometimento do sistema nervoso central, as manifestações estão abaixo do nível clínico de detecção. ○ Podem ser assintomáticos ou apresentar sintomas muito discretos ou inespecíficos, como quedas ao solo, diminuição da atenção e da memória ou ainda dificuldade para dirigir ou manejar máquinas. ○ Preditor de EH clinicamente aparente no futuro. ○ Alguns dados sugerem que a maior parte dos pacientes com cirrose apresentam EH mínima. Como é a classificação deWest Haven? ● Divide a EH clinicamente aparente em 4 graus, de I a IV ● As manifestações clínicas iniciais estão associadas a alteração no ritmo do sono (insônia, hipersonia) e distúrbios na fala. ● Desorientação no tempo e no espaço marca o grau II. ● O tremor característico da EH, asteríxis ou flapping, ocorre durante a evolução do grau II e desaparece em algum momento no grau III. ● O comprometimento neuropsiquiátrico da EH está associado à depressão do sensório → agitação, alucinações e/ou crises convulsivas não costumam fazer parte da síndrome e devem suscitar investigação adicional. ● Mortalidade 4 a 5 vezes maior em pacientes com EH graus 3 e 4 em comparação com EH graus 1 e 2. 25 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Qual a classificação com base em doenças associadas? ● Tipo A → encefalopatia associada com insuficiência hepática fulminante. ● Tipo B → encefalopatia associada com shunt portossistêmico na ausência de doença hepática intrínseca. ● Tipo C → encefalopatia associada com cirrose e hipertensão portal. ● As manifestações clínicas dos tipos B e C são semelhantes, enquanto o tipo A tem características distintas diferentes e podem ser associadas com um aumento da pressão intracraniana e um risco de herniação cerebral! O que precipita? ● Hemorragia ● Infecções→ sobretudo a PBE!!!!! ● Constipação ● Desequilíbrio hidroeletrolítico → uso de diuréticos e IR, alcalose metabólica ● Hipóxia ● Aumento da ingesta protéica ● Carcinoma hepatocelular ● Trombose de veia porta ou hepática ● Sobrecarga protéica ● Uso de drogas depressoras do SNC → opioides e benzo ● TIPS ● Shunts portossistêmicos Como é feito o diagnóstico? ● Deve ser suspeitada em qualquer paciente com doença hepática avançada que apresente sinais e sintomas de depressão do sensório ● Asterixis é o achado mais característico do exame físico. ● Descartar outras causas → uso de medicamentos, abuso de álcool, uso de drogas, efeitos de hiponatremia e doença psiquiátrica. ● Os casos de EH mínima podem ser diagnosticados por meio de bateria de testes psicométricos, embora outros testes possam ser usados, como Flicker test, teste de controle inibitório, eletroencefalograma quantitativo, simulador de direção ou Stroop test Quais os diagnósticos diferenciais? ● Meningoencefalites ● Encefalopatias metabólicas→ uremia, hiponatremia ● Medicamentos depressores do SNC ● Delirium ● Síndrome deWernicke-Korsakoff, Existe diagnóstico laboratorial? ● O laboratório pouco auxilia no diagnóstico de EH. ● Amônia arterial pode estar elevada em alguns casos, mas sua determinação não é necessária para estabelecer o diagnóstico. ● Alguns exames são importantes no manejo de pacientes com EH, como função renal, eletrólitos, hemograma e culturais. ● Todos os casos de EH com ascite devem levar à análise do líquido com vistas ao diagnóstico de peritonite bacteriana espontânea (PBE). E por imagem? ● Não são necessários exames de imagem do sistema nervoso central para o diagnóstico de EH. ● RM pode ser eventualmente útil para o diagnóstico, porque pode identificar e medir substâncias que seriam eficientemente metabolizadas pelo fígado em condições normais. → O achado mais característico é hipersinal em T1 no globo pálido, refletindo acúmulo de manganês. ● Exames radiológicos e ultrassonográficos são úteis, também, para detectar infecção, fator preditor frequente da síndrome. 26 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● A determinação da presença de shunts portossistêmicos espontâneos calibrosos por meio do estudo vascular do sistema porta pode ser útil na programação terapêutica de casos selecionados. ● Os exames de imagem abdominal como ultrassonografia e tomografia de abdome podem ser úteis na suspeita de peritonite bacteriana secundária, e ultrassonografia com Doppler pode ser necessária em pacientes com suspeita de síndrome de Budd-Chiari. Qual o tto? ● Avaliação da glicemia capilar e proteção de vias aéreas, estabilização hemodinâmica com ressuscitação volêmica, se necessário, oxigênio se o paciente apresenta hipoxemia, monitorização, obtenção de acessos venosos calibrosos, além de outras medidas-padrão da avaliação primária do paciente grave. ○ Deve-se considerar intubação em pacientes com EG grau III e escore de coma de Glasgow < 8. ● Evitar fatores precipitantes ● Focado na diminuição dos níveis de amônia por meio da ação sobre o conteúdo nitrogenado nos cólons, do uso oral de dissacarídeos não absorvíveis, enemas de limpeza e antibióticos. ○ Reverter hipocalemia → ela aumenta a produção de Amôia ● Dieta → evitar restrição proteica → o pcte já tem pouco, se restrinjo ele vai desnutrir ○ BCAA, pteína vegetal ○ A ingesta de energia diária deve ser de 35-40 kcal/kg de peso corporal ideal. ○ A ingestão diária de proteína deve ser de 1,2-1,5 g/kg/dia. ○ Pequenas refeições ou suplementos nutricionais líquidos distribuídos uniformemente ao longo do dia e um lanche de fim de noite devem ser oferecidos. ○ Suplementação de aminoácidos de cadeia aromática oral podem permitir a entrada de nitrogênio recomendada para ser alcançada e mantida em pacientes com intolerância à proteína dietética.● Lactulose→ laxativo, pH ácido (NH3+ H + →NH4) ○ Modifica a flora colônica, além do seu efeito laxativo ○ O objetivo com a medicação é obter de 2 a 4 evacuações pastosas ao dia, com dose inicial de 20 a 40 mL de 8/8 horas a 4/4 horas, com aumento progressivo se necessário, com dose máxima de 60 mL de 4/4 horas. 27 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ○ Pode ainda ser utilizada por via retal em enema com 20 a 30% de lactulose em 1 litro de solução como manitol ou glicerina mantido por cerca de 1 hora, podendo ser repetido. ● Atb→ rifaximina, metronidazol, neomicina ○ Rifaximina, em dose de 550 mg, via oral de 12/12 horas; ○ Metronidazol em dose de 250 a 500 mg de 8/8 horas é uma opção em pacientes. ○ Neomicina de 1 a 1,5 g de 6/6 horas. → ñ usar em pcte renal ○ Não devem ser usados como monoterapia para EH e sim como terapia associada com a lactulose. ● É limitada a intervenção sobre o metabolismo muscular de amônia, o que pode ser feito por meio da administração oral ou endovenosa de l-ornitina-l-aspartato (LOLA). ● Transplante→ definitivo ● A diálise com albumina e a embolização de shunts portossistêmicos são medidas reservadas para casos selecionados em centros especializados. ● Flumazenil → droga com efeitos antagonistas à ação benzodiazepínica. → melhora transitoriamente o estado mental na EH sem melhora na recuperação ou na sobrevida. ○ Efeito pode ser importante em situações limítrofes para evitar a necessidade de ventilação assistida. ○ Contraindicado em pacientes com antecedente de epilepsia. ● Laxativos e enemas → benéficos em pacientes com constipação; fora dessa situação o benefício é questionável. ● Probióticos → potencial de diminuir episódios de EH, mas não recomendados de rotina. ● Acarbose → inibe as alfaglicosidades intestinais, aumentando a flora intestinal sacarolítica e diminuindo a flora proteolítica, o que poderia diminuir a produção de amônia e benzodiazepínicos endógenos. ● Zinco → a reposição de zinco poderia diminuir a produção de amônia. Benefício apenas teórico. Existe profilaxia? ● Sim, é indicada em pctes com história prévia de EH, principalmente em caso de episódios recorrentes ● A lactulose é a medicação de escolha nesses casos e a associação com rifaximina foi benéfica 28 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Após a colocação de TIPS, devido às pressões portais muito baixas, ocorrem episódios de EH em 50% dos pacientes ○ Certos tipos de derivações, como derivações esplenorrenais, podem ser embolizadas com sucesso com a melhora da EH. ● Se um fator precipitante puder ser controlado, tais como infecções recorrentes ou hemorragias de varizes, a terapia profilática para EH pode ser interrompida. ● Os pacientes podem apresentar concomitantemente encefalopatia de Wernicke. Se esta for suspeita, grandes doses de tiamina devem ser administradas por via parenteral antes de qualquer administração de glicose. ● A administração de fluidos deve ser ajustada de modo a evitar a indução de hiponatremia, particularmente em pacientes com cirrose avançada. Se hiponatremia grave for corrigida, esta deve ser realizada lentamente. E quando internar? ● Pacientes com EH grau I podem ser manejados ambulatorialmente, já a EH grau II depende de suporte familiar, correção do fator precipitante e grau de alteração do nível de consciência para ser tomada a decisão de internação. ● Pacientes com encefalopatia graus III e IV devem ser internados e frequentemente necessitam de monitorização em unidade de terapia intensiva. ● Todos esses pacientes necessitam de seguimento ambulatorial, realização de profilaxia medicamentosa, como já discutido, e referenciamento para um centro em que se possa considerar transplante hepático. Síndrome hepatorrenal ● Desenvolvimento de injúria renal aguda em pacientes com cirrose e ascite, nos quais outras causas de falência renal foram excluídas. ○ Potencialmente reversível!!!!!!! ● Alterações funcionais sem alterações histopatológicas renais!!!!!!!! ● A maioria dos pacientes com síndrome hepatorrenal apresenta hipertensão portal com cirrose ou hepatite alcoólica, mas também é descrita em pacientes com tumores hepáticos metastáticos e insuficiência hepática fulminante.→ 40% dos pacientes com cirrose e ascite durante a evolução da doença. ● Diagnóstico de exclusão ● Aumento de 0,3 mg/dL na creatinina comparado a valores das últimas 48 horas ou aumento de 50% dos valores de creatinina em relação aos valores ambulatoriais de até 3 meses atrás. Fisiopatologia ● Em resumo → disfunção hemodinâmica sistêmica desencadeada pela hipertensão portal avançada associada a vasoconstrição arterial renal, vasodilatação sistêmica especialmente em leito esplâncnico e débito cardíaco inadequado. Vasodilatação na circulação esplâncnica→ maior disponibilidade de óxido nítrico e outras substâncias vasodilatadoras circulantes. ● Alterações da citoarquitetura hepática → aumento da circulação portal e formação de shunts, permitindo que certas toxinas (ou os próprios mediadores produzidos na circulação esplâncnica) não sejam depuradas pelo fígado. 29 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Quebra de barreiras locais aumenta a chance de translocação de produtos bacterianos, como o lipopolissacarídeo (endotoxina) para a circulação sistêmica. ● A vasodilatação esplâncnica é interpretada pelos barorreceptores como uma diminuição do volume circulante efetivo. → rim produz substâncias vasoconstritoras com ação local e sistêmica, como catecolaminas, vasopressina, endotelina, prostaglandinas e ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona. → vasoconstrição sistêmica e, principalmente, local, o que resulta em intensa redução da taxa de filtração glomerular. Tbm ocorrem alterações no débito cardíaco que contribuem para aumentar a hipoperfusão renal. ● Circulação hiperdinâmica ● Apesar de valores habituais de fração de ejeção, o débito cardíaco nesses pacientes é relativamente baixo. ● Caso o paciente desenvolva hipovolemia, infecções ou outros eventos, o equilíbrio mantido pela circulação hiperdinâmica é quebrado e o paciente pode manifestar piora da vasoconstrição renal com evolução para insuficiência renal. 🤔 Pacientes em que se resolve a hipertensão portal com colocação de shunts portossistêmicos podem evitar o aparecimento da síndrome hepatorrenal. A SHR ocorre quase sempre associada a algum evento precipitante, sendo o mais importante destes a peritonite bacteriana espontânea (PBE). ● Pacientes com diagnóstico de PBE podem evoluir com SHR em 30% dos casos, mesmo com a antibioticoterapia adequada ou com resolução da PBE. ● Translocação bacteriana pode provocar uma resposta inflamatória, com aumento da produção de citocinas pró-inflamatórias (TNF-alfa e interleucina-6) e de fatores vasodilatadores (óxido nítrico) na circulação esplâncnica. → vasodilatação de vasos arteriais esplâncnicos, contribuindo para o aparecimento da síndrome. Quais os fatores precipitantes? ● Peritonite bacteriana espontânea ● Outras infecções ● Hepatite alcoólica aguda ● Paracentese de grande volume sem reposição adequada de albumina ● Hemorragia digestiva ● Sangramento intraperitoneal ● Uso de diuréticos (raramente como causa isolada) Clínica ● Pode ter somente sintomas inespecíficos ou os pacientes podem se manter assintomáticos ou oligossintomáticos e o diagnóstico é realizado apenas como achado de exame laboratorial. Qual o principal achado? ● Redução do débito urinário → pode ser difícil diferenciar entre a SHR e a insuficiência renal pré-renal associada a um quadro séptico ou a hipovolemia. ○ Medir o volume urinário em 24 horas é essencial!! ■ Se < 500 mL→ considerar SHR ● Sedimento urinário é usualmente normal e pouco útil. → prova de volume é necessária para o diagnóstico. ● Excetuando a oligúria, não existem outros sinais diagnósticos da SHR e mesmo esta ocorre em outras formas de disfunção renal. Quais outros achados? ● Doença hepáticaavançada → icterícia, circulação colateral e eritema palmar, entre outros. ● Outras complicações da cirrose → encefalopatia hepática ou sangramento por varizes esofágicas ● Ascite é um achado universal→ critério diagnóstico!!!!! Diagnóstico ● Feito a partir da exclusão de outras causas de IRA Quais exames solicitar para descartar outras etiologias? ● Creatinina, ureia, sódio, potássio e gasometria venosa para avaliação do equilíbrio acidobásico ○ Comum encontrar hiponatremia (Na <130) e hipercalemia ● Exames urinários (amostra isolada) → urina tipo I, creatinina, sódio e proteinúria. ● Dosagem de sódio urinário pode ser útil → na SHR, o Na urinário < 10 mEq/L ○ A fração de excreção de sódio é < 1% em mais de 90% dos casos; pode estar normal, principalmente em pacientes com aumento de bilirrubinas. ● Osmolaridade urinária geralmente é maior que osmolaridade plasmática. 30 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Ultrassonografia de rins e vias urinárias para descartar alterações funcionais e doença renal obstrutiva. ● Avaliação de disfunção hepática → tempo de protrombina (TP) e INR, fator V, albumina sérica, transaminases e bilirrubinas. ● Punção do líquido ascítico ● Hemograma ● Radiografia de tórax→ descartar pneumonia ● EDA→ se suspeita de HDA 🚨Biópsia renal raramente é necessária, e deve ser reservada se houver suspeita forte de lesão renal de outra etiologia e o paciente não responder ao tratamento inicial da SHR. Quais os critérios diagnósticos? ● Cirrose com ascite ● Aumento de creatinina sérica ≥ 0,3 mg/dL em 48 horas OU um aumento percentual de creatinina sérica > 50% em relação à creatinina basal conhecido ou presumivelmente ocorrido nos últimos 7 dias. ● Sem melhora da creatinina sérica com reposição volêmica com albumina 1 g/kg (máximo de 100 g ao dia) por 48 horas ● Ausência de choque ● Ausência de tratamento com drogas nefrotóxicas ● Ausência de doença renal parenquimatosa que pode ser verificada pela ausência de proteinúria maior que 500 mg/dia, hematúria maior que 50 hemácias/campo e alterações ultrassonográficas renais. Como é feito o estadiamento? ● Estádio 1 → aumento de creatinina sérica ≥ 0,3 mg/dL OU aumento de creatinina sérica > 1,5 até 2,0 vezes o basal. ○ 1a→se creatinina < 1,5 mg/dL. ○ 1b→ se creatinina > 1,5 mg/dL. ● Estádio 2 → aumento de creatinina sérica > 2,0 até 3,0 vezes o basal. ● Estádio 3 → aumento de creatinina sérica > 3,0 vezes o basal OU creatinina sérica ≥ 4,0 mg/dL com elevação aguda ≥ 0,3 mg/dL OU início de diálise. E de usar os critérios KDIGO? ● 1→Débito urinário < 0,5 mg/kg × 6 a 12 horas ● 2→Débito urinário < 0,5 mg/kg × 12 horas ● 3 → Débito urinário < 0,5 mg/kg × 24 horas ou anúria por 12 horas Que outras alterações podem ajudar no diagnóstico? ● Ascite de difícil controle (sem resposta a diuréticos) ou refratária. ● Hiponatremia. ● Tendência à hipotensão arterial. ● Fração de excreção de sódio (FENa) < 0,5% (a maioria apresenta FENa < 0,1-0,3%). ● Lesão renal aguda (LRA) estádios 2 ou 3. Qual a outra classificação? ● Tipo 1 → rápida progressão da falência renal, evolução em menos de 2 semanas e nível de creatinina sérica superior a 2,5 mg/dL ○ O prognóstico é extremamente ruim e a média de sobrevida é de aproximadamente 2 semanas sem tratamento. ● Tipo 2 → falência renal de instalação mais lenta e creatinina sérica superior a 1,5 mg/dL ○ Apresenta melhor prognóstico e ocorre principalmente em pacientes com ascite refratária ao uso de diuréticos. Diagnósticos diferenciais ● Já que a SHR é um diagnóstico de exclusão, todas as causas de insuficiência renal fazem parte do diagnóstico diferencial! 🩸 Achados como hematúria e proteinúria sugerem outros diagnósticos como glomerulopatias→ sua ausência é necessária para o diagnóstico! O principal diagnóstico diferencial é a lesão renal pré-renal, e a prova volêmica com uso da albumina é a forma de diferenciação entre as duas situações. Outros diagnósticos diferenciais importantes incluem: ● Necrose tubular aguda → sugerida por sedimento urinário com cilindros granulosos ou céreos ● Uropatia obstrutiva → pode ser descartada com USG de rins e vias urinárias. ● Doenças renais como as glomerulonefrites devem ser descartadas → verificar se o paciente apresenta 31 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA proteinúria, hematúria e sedimento urinário sugestivo dessas alterações. Tratamento Qual o 1º passo? ● Suspensão de medicamentos que podem piorar a função renal→ diuréticos, betabloqueadores ○ Em pacientes cujo estágio de injúria renal seja até 1a, essa medida pode ser suficiente Pacientes com LRA estádio I com resposta favorável devem manter monitoramento da creatinina sérica a cada 2 a 3 dias durante a internação, e depois a cada 2 a 4 semanas, ao longo dos primeiros 6 meses, pelo menos. A resposta ao tratamento é definida como: ● Resposta total → quando a Cr retorna ao valor de até 0,3 mg/dL acima do valor basal. ● Resposta parcial → regressão em pelo menos um estádio da LRA, mas com nível superior a 0,3 mg/dL do valor basal. ● Ausência de resposta→ nenhuma regressão. 32 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Caso o paciente esteja em uso de betabloqueadores, a suspensão progressiva do seu uso também deve ser considerada → pode reduzir o débito cardíaco e impactar negativamente nesses casos. ● Indicado o controle rigoroso da diurese, mas a sondagem vesical só deve ser recomendada em caso de oligoanúria ou na suspeita de obstrução urinária. O tratamento da causa da hepatopatia com abstinência ao álcool em pacientes com hepatite alcoólica ou terapia antiviral para hepatite B ou C, ou transplante hepático em pacientes com hepatopatia grave, representam o tratamento definitivo da síndrome hepatorrenal!!!! E pcte sem resposta e com disfunção > 1a? ● Suspender os diuréticos e realizar expansão com albumina humana endovenosa (EV) na dose de 1 g/kg/dia por 2 dias consecutivos, sendo a dose máxima de 100 g/dia. ○ Cada frasco de 50 mL de albumina a 20% tem 10 g de albumina e deve ser administrado no tempo de infusão de 10 a 30 minutos, podendo esse tempo ser prolongado em pacientes em que há receio de congestão pulmonar. ○ O principal efeito colateral da administração da albumina é a congestão pulmonar→ suspender e tratar hipervolemia com diuréticos Estudos mostram benefício com uso de norepinefrina e combinação de octreotide, midodrina e albumina. ● Este último esquema terapêutico é uma opção em pacientes fora de estado crítico se a terlipressina não estiver disponível. E a terlipressina? ● Recomendada pela maior parte da literatura ● Melhora de função renal e diminuição da mortalidade. ● Durante o tratamento, continuar a administração concomitante de albumina EV na dose de 1 g/kg no D1 e 20 a 40 g/dia nos demais dias ● Em pacientes criticamente doentes é sugerido o uso de norepinefrina em infusão contínua em dose de 0,5 a 3 mg/hora, com o objetivo de obter um aumento de pelo menos 10 mmHg de pressão arterial sistólica. A medicação deve ser associada a albumina. Protocolo recomendado pelo emergências da USP: ● Dose inicial da terlipressina em pacientes com SHR é de 1 mg EV 6/6 h. ● Após 2 dias de tratamento, deve-se avaliar a resposta (queda de 25% da creatinina em relação à inicial). ● Em pacientes responsivos, a dose da terlipressina é mantida e o tratamento continuado até que a creatinina retorne para até 0,3 mg/dL acima da creatinina basal ou até o tempo máximo de 14 dias. ● Em pacientes respondedores parciais (queda de pelo menos 1 estádio da classificação ICA-AKI, porém com creatinina > 0,3 mg/dL acima do basal) em que a creatinina pare de cair, deve ser decidido caso a caso pelo aumento da dose até a resposta completa, continuidade da mesma dose até 14 dias ou suspensão do tratamento. ● Em pacientes não responsivos, a dose de terlipressina deve ser aumentada a cada 2 dias até que haja resposta ou até a dose máxima de 12 mg/dia. A sequência recomendadaé: 1 mg EV 6/6 h → 1 mg EV 4/4 h→ 2 mg EV 6/6 h→ 2 mg EV 4/4 h. 💡Alternativamente, pode-se utilizar a terlipressina em infusão contínua, em especial em pacientes em que há maior receio de eventos adversos. ● Iniciar com 2 a 3 mg/dia e a dose deve ser aumentada em 1 mg/dia a cada 2 dias se não houver resposta. ● Sugere-se diluir a dose em solução glicosada 5% 50 mL e administrar em bomba de infusão contínua. ● Para qualquer dos esquemas terapêuticos escolhidos, o tempo de uso recomendado é em geral de 2 semanas; pacientes sem qualquer resposta à terlipressina após 5 dias devem descontinuar a medicação. ● O tratamento deve ser descontinuado antes de 2 semanas se o paciente apresentar a melhora esperada da função renal. Quais os efeitos colaterais da terlipressina? ● Congestão pulmonar 33 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Eventos isquêmicos → infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, isquemia periférica, isquemia intestinal, isquemia testicular, necrose cutânea ● Bradiarritmias e taquiarritmias Quais as contraindicações? ● Pacientes com doença cardiovascular conhecida → doença arterial coronariana, cerebrovascular ou periférica, arritmias ● Usada com cautela em pacientes com fatores de risco para doenças cardiovascular → idosos, diabéticos, hipertensos, dislipidêmicos 🚨 Em caso de contraindicação à terlipressina ou caso o paciente esteja hipotenso→ uso da norepinefrina na dose inicial de 0,5 mg/h em infusão contínua (equivalente a 0,1 mcg/kg/min). ● A cada 4 horas, a dose pode ser ajustada conforme a PAM e o aumento da diurese. ● Caso não seja observada diurese maior a 200 mL/4 h ou PAM maior que 10 mmHg do basal, aumenta-se a dose em etapas de 0,5 mg/h (0,1 mcg/kg/min) até o limite de 3 mg/h (0,7 mcg/kg/min). LRA pré-renal ● Deve ser tratada com suspensão dos diuréticos, iECA, BRA e AINEs, controle do fator precipitante (vômitos, diarreia, hemorragia digestiva, infecção bacteriana) e expansão volêmica. ● Em pacientes francamente desidratados e naqueles sem ascite, a expansão deve ser feita com cristaloides. Nos demais pacientes, deve-se usar albumina humana EV 1 g/kg/dia por pelo menos 2 dias. Necrose tubular aguda (NTA) ● Não há tratamento específico, devendo-se retirar o desencadeante quando possível (aminoglicosídeos, vancomicina, AINEs, contraste iodado, choque), monitorizar e tratar complicações da LRA (hipervolemia, hipercalemia, acidose, uremia) e aguardar a recuperação da função renal, o que pode levar semanas. 🏥 Todos os pacientes com SHR têm indicação de internação hospitalar. ● Pacientes com evolução com edema pulmonar e alterações eletrolíticas graves e evolução com indicação de diálise têm indicação de internação em UTI. ● Todos os pacientes necessitam de seguimento ambulatorial. Outras medidas na tipo 1 ● Avaliar o uso de antiobioticoterapia voltada para os focos mais comuns (PBE), especialmente no contexto de pacientes com ascite. → A restrição hídrica (cerca de 1.000 mL/dia) só está indicada diante de hiponatremia dilucional grave com sódio sérico menor de 120 mEq/L ● Em relação à albumina, nas primeiras 24 horas, sua dose total deve ser feita sob infusão contínua dentro de 4 a 6 horas (velocidade de infusão endovenosa de até 2 mL/min) e a expansão volêmica deve ser mantida com cristalóide (soro fisiológico a 0,9% ou Ringer lactato 3 a 10 mL/kg/h). ● Em uso de terlipressina ou noradrenalina é necessária monitoração cardíaca contínua, sinais vitais a cada 4 horas, quantificação da diurese e eletrocardiograma diário. ● Indicações de terapia dialítica 34 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ○ Encefalopatia urêmica, hiperpotassemia refratária, acidose metabólica intratável, edema pulmonar, derrame pericárdico. ● Derivação portossistêmica intra-hepática transjugular → reservado como tratamento ponte para pacientes com SHR candidatos a transplante hepático. Síndrome hepatopulmonar ● Defeito da oxigenação do sangue arterial causado por dilatações difusas ou localizadas dos capilares pulmonares e por comunicações arteriovenosas pleurais e pulmonares em um contexto de paciente com doença hepática. ● Se caracteriza por hipoxemia arterial em paciente com cirrose sem doença pulmonar significativa. ● Tríade clínica → doença hepática + anormalidades nas trocas gasosas (aumento no gradiente alvéolo-arterial de oxigênio, com ou sem hipoxemia) +presença de dilatações vasculares pulmonares Qual a fisiopatologia? ● A doença hepática causa dilatações vasculares intrapulmonares que resultam em shunt de sangue desviando dos alvéolos e em desequilíbrio significativo da ventilação-perfusão. → dilatações permitem desequilíbrio na relação entre a ventilação/perfusão pulmonar, contribuindo, dessa forma, para a hipoxemia. ● Outras alterações vasculares que foram observadas nos cirróticos são as comunicações vasculares diretas entre a artéria pulmonar e as veias pulmonares. Esses canais normalmente estão localizados nas superfícies pleurais e assemelham-se a “aranhas vasculares”. Funcionam como um shunt, desviando do alvéolo o sangue desoxigenado, podendo justificar a hipoxemia e muitos dos fenômenos fisiológicos observados na SHP. Quais os sintomas? ● Dispneia→ pode ser agravada pelo exercício ● Platipneia → dispneia quando assumem a posição supina, que é aliviada com o decúbito dorsal, e/ou ortodeoxia, caracterizada pela dessaturação da oxigenação arterial (hipoxemia arterial) maior que 3 mmHg, quando o paciente assume a posição ereta ○ A ortodeoxia é um achado clínico característico, mas não é patognomônico da síndrome ● Hipoxemia ● Dentre os achados de exame físico, destacam-se as presenças de hipocratismo digital, aranhas vasculares e cianose. No exame físico do tórax, nenhuma particularidade é observada em relação à síndrome ● A presença de aranhas vasculares cutâneas é um achado frequente e tem forte correlação com a síndrome Como posso classificar? ● Tipo I → pacientes com dilatações pré-capilares difusas que apresentam uma resposta quase normal à administração de oxigênio a 100%. ○ Podem ser percebidas finas ramificações vasculares, lembrando as aranhas vasculares cutâneas. ○ Nos casos mais avançados, as dilatações podem assumir um aspecto difuso, semelhante a esponja ou manchas, em ambos os campos pulmonares, principalmente nas bases; ● Tipo II → pacientes com pequenas e localizadas vasodilatações – malformações arteriovenosas – que apresentam pobre resposta ao oxigênio a 100%. ○ Pouco comum. Como é feito o diagnóstico? ● Envolve a demonstração de hipoxemia sem evidências de doença pulmonar significativa e a presença de shunt na ecocardiografia contrastada com microbolhas. ● As gasometrias arteriais obtidas com o paciente em repouso podem evidenciar uma PaO2, < 70 mmHg, ou saturação de hemoglobina < 92% ● O radiograma simples de tórax é normal. A tomografia computadorizada de tórax pode evidenciar a presença de espessamento pleural e de dilatações vasculares pulmonares. ● Presença das vasodilatações pode ser con- firmada pela ecocardiografia com contraste (ECC), cintigrafia 35 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA com macroagregados de albumina radiomarcados, ou pela arteriografia pulmonar Como é feito o tto? ● Suplementação de oxigênio e o transplante hepático. O que é hipertensão portopulmonar? ● Hipertensão pulmonar em um paciente com hipertensão portal. ● Resulta na produção de substâncias vasoconstritoras que afetam a artéria pulmonar. ● Muitos pacientes são assintomáticos, especialmente no início da doença; porém, eles acabam desenvolvendo dispneia aos esforços e fadiga. ● Rara, ocorrendo em cerca de 5% dos pacientes com cirrose avançada. ● O diagnóstico inclui a identificação inicial à ecocardiografia e a confirmação ao cateterismo cardíaco direito de elevação da pressão média da artéria pulmonar, de elevação da resistência vascular pulmonar e depressão de oclusão da artéria pulmonar normal. ● O prognóstico é ruim, embora o transplante hepático após a redução efetiva na pressão da artéria pulmonar com medicamentos vasodilatadores possa ser efetivo. PBE ● Tipo mais grave de infecção em pacientes cirróticos ● Infecção do líquido de ascite, sem que haja um foco infeccioso intra-abdominal identificável. Quais as bactérias multirresistentes em cirróticos? ● Escherichia coli e Klebsiella sp produtoras de betalactamase de espectro estendido ● Staphylococcus aureus meticilina-resistente ● Acinetobacter sp multirresistente ● Pseudomonas aeruginosa multirresistente ● Enterococcus faecium vancomicina-resistente ● Stenotrophomonas maltophilia ● Achromobacter xylosoxidans Qual a fisiopatologia? ● Um dos primeiros eventos necessários para ocorrer a PBE é a alteração da flora intestinal. → composição alterada do ácido biliar causa aumento relativo de bactérias potencialmente patogênicas e sua translocação, atingindo linfonodos mesentéricos. ○ Bactérias entram na corrente sanguínea devido aos shunts causados pela hipertensão portal e à incapacidade funcional de depuração hepática ○ As bacteremias espontâneas facilitam que as bactérias atinjam o líquido ascítico. ● São condições que diminuem as defesas do paciente, facilitando o aparecimento da PBE: ○ Deficiência de complemento sérico, comum em cirróticos. ○ Deficiência de opsoninas. ○ Diminuição da função de macrófagos. ○ Baixa concentração proteica do líquido ascítico. ● Pacientes de alto risco são aqueles com gradiente de proteína do líquido ascítico/plasmática (GASA) > 1,1 g/dL, o que define ascite por hipertensão portal. ● Outro grupo de alto risco para desenvolvimento da PBE são os pacientes com síndrome nefrótica que, apesar de terem baixa concentração de proteína no líquido ascítico, apresentam GASA < 1,1. ● Os agentes etiológicos mais frequentes são bactérias aeróbias Gram-negativas (Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae) comuns na flora gastrointestinal e Streptococcus pneumoniae. Qual a clínica? ● Dor abdominal → ñ costuma ser intensa → não costuma haver sinais de irritação peritoneal ao exame físico ● Vômitos ● Diarréia ● Íleo adinâmico ● Febre ● Leucocitose ● Taquicardia ● Taquipneia ● Piora da função hepática ● Choque ● Perda de função renal ● Sangramento digestivo. ● Confusão mental ● Descompressão brusca + ● Hipotensão ● Hipotermia 🚨 O diagnóstico sempre deve ser considerado em pacientes com complicações agudas de cirrose hepática, como encefalopatia, sangramento digestivo e insuficiência renal aguda. Quais os fatores de risco? ● Principal→ cirrose hepática grave com ascite 36 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Níveis aumentados de bilirrubinas ● Outras infecções. ● PBE prévia (recorrência próxima a 70% em 1 ano). ● Proteínas totais do líquido ascítico < 1 g/dL. ● Sangramento gastrointestinal agudo. ● Infecção urinária, principalmente, e de outros sítios. ● Procedimentos invasivos como sondas e cateteres. Como é feito o diagnóstico? ● Presença de 250 polimorfonucleares/mm 3 ou mais na análise citológica do líquido de ascite. ● A bacteriemia espontânea do cirrótico é uma situação análoga à PBE, em que é identificado crescimento bacteriano em hemocultura de um paciente sem que haja uma causa provável para tal. ● A bacterascite é a condição em que o líquido de ascite apresenta menos de 250 polimorfonucleares/mm3, mas ocorre nele crescimento bacteriano, podendo representar a colonização transitória da ascite ou os primórdios da PBE. Nos casos de bacterascite, caso haja sinais de infecção ou de inflamação sistêmica, sugere-se manejo similar ao da PBE. Caso não haja tais sinais, o paciente deve ser submetido a nova paracentese e ser tratado como se tivesse PBE se a cultura for novamente positiva ● A peritonite bacteriana secundária pode ocorrer em cerca de 5% dos cirróticos e é definida como a presença de infecção do líquido de ascite na presença de um foco infeccioso intra-abdominal identificável, como uma perfuração de víscera oca ou um abscesso, por exemplo. Quais outros exames devem ser feitos? ● Um par de hemoculturas. ● Ureia, creatinina, eletrólitos, bilirrubinas e proteínas séricas em todos os pacientes. ● Hemograma e coagulograma são úteis e podem mostrar coagulopatia associada e leucocitose, a presença de INR alargado que, como pontuado, não é uma contraindicação para o procedimento. Como é feito o tto? ● Antibioticoterapia + expansão volêmica com albumina. ● Todo o paciente com história de PBE deve ser avaliado para transplante hepático ● Cefalosporinas de terceira geração, como a cefotaxima endovenosa 2 g a cada 12 horas por, pelo menos, 5 dias. ○ Início imediato→ empírico! ● Albumina endovenosa 1,5 g/kg no primeiro dia e 1 g/kg no terceiro dia. ● ATB oral ○ Ofloxacina 400 mg 2 vezes ao dia por 7 a 8 dias. ○ Ciprofloxacina 500 mg 2 vezes ao dia por 7 dias. ○ Amoxicilina/clavulonato 875 mg 2 vezes ao dia por 7 dias. ○ Mas p isso precisa: ■ Ausência de vômitos. ■ Ausência de choque. ■ Ausência de encefalopatia hepática em grau igual ou maior a 2. 37 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ■ Creatinina em níveis menores que 3 mg/dL (como pacientes com creatinina maior ou igual a 1 mg/dL têm indicação de reposição de albumina, necessitam portanto de internação). ● Verificação da eficácia terapêutica por meio da realização de paracentese de controle em 48 horas, quando a contagem de polimorfonucleares deverá ter caído mais de 25%. Quais as indicações de profilaxia primária? ● Cirróticos (com ou sem ascite) com quadro de sangramento de qualquer origem passando pelo trato digestivo. → risco aumentado de translocação bacteriana e de infecções ○ 7 dias com norfloxacina via oral 400 mg a cada 12 horas. ● Pacientes que preenchem, pelo menos, 2 de 4 critérios de gravidade → presença de ascite, encefalopatia hepática, desnutrição grave e/ou bilirrubirrubina acima de 3 mg/dL→ceftriaxona endovenosa 1 g/dia ● Pacientes com proteínas abaixo de 1,5 g/dL na ascite → alto risco de desenvolverem PBE, associado à baixa capacidade opsônica de seu líquido de ascite. ○ Norfloxacina via oral 400 mg/dia em pacientes com baixos níveis de proteínas na ascite que apresentassem sinais de falência hepática avançada (Child-Pugh igual ou superior a 9 com bilirrubina igual ou superior a 3 mg/dL) ou indícios de perda de função renal (creatinina igual ou superior a 1,2 mg/dL, ou nitrogênio ureico sanguíneo igual ou superior a 25 mg/dL, ou sódio sérico igual ou inferior a 130 mEq/L)11. 38 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ○ Suspendê-la caso haja melhora duradoura das condições clínicas do paciente e resolução da ascite ● Profilaxia secundária → norfloxacina via oral 400 mg/dia depois de um episódio de PBE enquanto o paciente permanecer com ascite ou até que seja transplantado Prognóstico ● Sobrevida de 1 e 5 anos após o primeiro episódio de ascite está estimada, respectivamente, em 50 e 20%; ● Pacientes com síndrome hepatorrenal tipo 2 falecem dentro de algumas semanas a poucos meses após o aparecimento de insuficiência renal; ● Para aqueles com ascite, icterícia e hematêmese, a sobrevida média de 5 anos situa-se entre 7 e 19%; ● Cerca de 100% das cirroses descompensam- se ao fim de 1 ano, baixando a sobrevida de 6 anos de 54 para 21% ● Risco maior de sangramento ocorre naqueles doentes com varizes de esôfago de grosso calibre, com elevado gradiente hepático portal (> 12 mmHg) e baixo índice de clareamento do verde de indocianina; ● A sobrevida é mais curta naqueles pacientes com ingesta alcoólica diária, baixa atividade de protrombina e hipoalbuminemia, além de maiores valores de fosfatase alcalina e bilirrubina total. ● São mais graves também os desnutridos, pacientes com idade avançada, ou os que exibem ascite refratária, encefalopatia e hemorragia digestiva alta, tradução da baixa reserva parenquimatosado fígado e do elevado grau de hipertensão portal que apresentam. Manejo ● Devo rastrear varizes esofágicas em todo o paciente cirrótico, no momento do diagnóstico!→ Independente do grau de insuficiência hepática! ● Pacientes com cirrose compensada, sem varizes de esôfago no exame inicial, devem repetir a endoscopia a cada 2 ou 3 anos na dependência de sua doença hepática estar ativa (manutenção da ingestão de álcool, replicação viral ativa) ou inativa (abstinência de álcool, resposta virológica sustentada). ● Pacientes com cirrose compensada e varizes de esôfago de fino calibre no exame inicial devem realizar endoscopia anual, se doença ativa, ou a cada 2 anos, se sua doença hepática estiver inativa. Medidas de proteção ● Completa abstinência quanto ao consumo de bebidas alcoólicas ● Vacinação contra vírus da hepatite A se anti-HVA IgG for negativo (2 doses, com intervalo de 6 meses). ○ Conferir imunidade após ultima aplicação – anti-HVA IgG deverá ser positivo ● Vacina contra vírus da hepatite B se anti-HBs < 10 mUI/L (3 doses, com intervalos de 30 e 180 dias após aplicação da primeira dose). ○ Conferir imunidade após última aplicação – anti-HBs deverá ser positivo, ou seja > 10 mUI/L. Sendo negativo, novo esquema de vacinação ● Vacina pneumocócica polivalente – dose única ● Vacina contra a gripe – anual, se possível em abril/maio ● Evitar medicamentos hepatotóxicos, em especial anti-inflamatórios não esteroidais ● Evitar suplementos com ferro, a menos que esteja presente anemia por deficiência de ferro. Preferir polivitamínicos sem ferro ● Dieta com pouca gordura e também com restrição de sal. Pacientes cirróticos sem complicações poderão consumir de 1 a 1,5 g de proteínas/dia. Consultar nutricionista ● Evitar cirurgias eletivas caso surjam sinais de descompensação hepática. Compensar o paciente ● Encaminhar o paciente para serviço de transplante de fígado se MELD > 15 ou se for < 15, mas com complicações importantes ● Evitar entrar em águas de enseadas ou baías no litoral. Risco de infecção pelo Vibrio vulnificus em soluções de continuidade da pele ou mucosas ● Evitar o consumo de frutos do mar, crus ou mal cozidos ● Tomar diariamente 3 xícaras de café, preparado em coador (EASL, 2018) Cirrose hepática não complicada ● O diagnóstico precoce e a manipulação do cirrótico em fase compensada envolvem a adoção de dieta balanceada e combate aos fatores etiológicos responsáveis pela evolução da doença. ● Não há indicação para administração de hepatoprotetores ou de aminoácidos de cadeia ramificada entre os bem-nutridos e estáveis. 39 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Tem indicação formal o combate à fibrose, voltado à remoção do estímulo lesivo e à adoção de estratégias específicas ● A falência dessas atitudes significa que os pacientes deverão ser conduzidos ao transplante de fígado 40 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Complicada ● Sinais e complicações típicas da hipertensão portal e baixa reserva hepatocelular 41 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA 42