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UNIDADE 4 - A visão psicopedagógica da psicopatologia no

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UNIDADE 4 - A visão psicopedagógica da psicopatologia no 
contexto da educação inclusiva 
Aula 1 - A visão psicopedagógica sobre a psicopatologia 
O processo de intervenção é algo complexo, que demanda várias etapas e estudo 
contínuo. Se você deseja realmente seguir essa profissão, mergulhe, 
principalmente, nos conceitos relacionados ao desenvolvimento humano. 
Assim, veremos como a visão psicopedagógica sobre a psicopatologia pode 
interferir no processo de atendimento de crianças com necessidades educativas 
devido a alterações mentais, direta ou indiretamente ligadas à aprendizagem. 
Para isso, veremos o papel do psicopedagogo frente às psicopatologias, 
entendendo como uma interfere na outra. Depois, aprenderemos como funciona 
o diagnóstico psicopedagógico de psicopatologias e, por fim, a intervenção em 
si. 
 
O papel do psicopedagogo em psicopatologias 
A psicopatologia é uma ciência na qual as questões relacionadas aos 
transtornos do desenvolvimento podem ser explicadas. Além disso, ela 
“investiga como se desenvolvem os transtornos e as doenças manifestadas em 
alguns sujeitos ao longo da vida” (TORRES, 2022, p. 20). Essas manifestações 
são voltadas às patologias psíquicas. 
Quadro 1 | Grupos da psicopatologia 
Grupo Descrição 
Explicativa 
Baseada em modelos teóricos. 
Esclarece as etiologias dos transtornos mentais. 
Descritiva 
Baseada em experiências anormais relatadas pelos 
pacientes. 
Verificada através do comportamento. 
Fonte: elaborado pela autora adaptado de Torres (2022, p. 22). 
Devemos lembrar que o normal e o patológico sofrem interferência das relações 
sociais. Em determinadas culturas, como a nossa, é comum comer bovinos, já 
em outras isso é proibido, devido a questões religiosas. Portanto, a definição de 
normal ou patológico se adequa à quantidade de incidência de determinada 
coisa ou acontecimento, dentro de um determinado local. A fim de organização, 
neste material, consideramos normais ou neurotípicos aqueles que não 
possuem diagnóstico de alterações mentais. 
Um outro exemplo relevante para a psicopedagogia é o aumento significativo 
de casos de diagnóstico de autismo. Em 2004, de acordo com o Centro de 
Controle e Prevenção de Doenças americano, 1 em 166 pessoas eram 
diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), já em 2020 esse 
número é de 1 em 54. Dentre os fatores que contribuíram para isso, podemos 
citar o aumento de interesse sobre o assunto e a criação de protocolos 
direcionados ao TEA (CDC, 2021). 
Desta forma, a psicopatologia se torna, então, uma ferramenta que possibilita 
que o psicopedagogo se baseie e compreenda as intempéries da criança e do 
ambiente onde vive, para, a partir daí, promover a oportunidade de a criança, 
com dificuldades de aprendizagem, ter as necessidades atendidas durante o 
processo de aprendizado (YABE, 2020). 
Para fins de entendimento do que é normal para cada idade, partiremos do 
estudo do desenvolvimento humano sob a perspectiva cognitiva. Nela, Piaget 
nos mostra que o ser humano evolui a partir de uma base anterior. Sendo assim, 
se houver interferência em um processo, lacunas podem ser criadas e levadas 
ao processo anterior. E é aí que ocorrem alterações no aprendizado, pois, para 
que ele ocorra, nós necessitamos de alguma base anterior de experiências e 
aquisições de conhecimento. 
Os estágios cognitivos de Piaget estão divididos em sensório-motor (0 a 2 anos), 
pré-operatório (2 a 7 anos), operatório-concreto (7 a 11 anos) e operatório-formal 
(7 anos em diante) (PAPÁLIA; FELDMAN, 2021). Imagine que Laura, uma 
criança de sete anos, apareça no consultório com dificuldades em matemática. 
Você pode, por exemplo, depois de verificar o histórico e descartar doenças ou 
transtornos, testar as habilidades simbólicas e de abstração. Desta forma, 
baseado no resultado obtido, a intervenção adequada pode ser delineada com 
consistência. 
Portanto, a psicopatologia é a mola propulsora para o trabalho desempenhado 
pelo psicopedagogo nos atendimentos relacionados às dificuldades de 
aprendizagem, direcionando as intervenções e abordagens a serem utilizadas. 
 
Diagnóstico psicopedagógico de psicopatologias 
Voltamos ao caso citado anteriormente, a criança de sete anos, que se chama 
Laura. Ela acaba de entrar no primeiro ano do ensino fundamental e está com 
dificuldades em matemática. A princípio, a mãe desconhece qualquer patologia 
diagnosticada anteriormente em Laura. Você fez anamnese e entrevistou a 
professora. 
Esse processo descrito de maneira sucinta representa uma ideia da 
complexidade presente no atendimento de crianças recebidas no consultório, 
podendo ser considerada a definição do problema. Durante a análise dele, há 
algumas etapas consideradas (PAÍN, 1985): 
Quadro 2 | Definição do problema (etapa de avaliação) 
Etapa Conteúdos 
Motivo da consulta 
Significado do sintoma na família e para a 
família. 
O que o levou ao consultório. 
História vital Antecedentes natais. 
Doenças. 
Desenvolvimento. 
Aprendizagem. 
Testagem Atividade lúdica. 
Provas psicométricas 
Análise quantitativa do rendimento (idade 
mental, quociente intelectual, estágio cognitivo 
etc.). 
Provas projetivas 
Desenho da figura humana. 
Relatos. 
Desiderativo. 
Provas específicas 
De lateralidade. 
De lectoescrita. 
Análise do ambiente 
Condições socioeconômicas. 
Aproveitamento de recursos. 
Ideologia. 
Fonte: elaborado pela autora. 
Após a etapa de avaliação, Paín (1985) afirma que podemos dividir as demais 
em hipótese diagnóstica (avaliação do peso de cada fator analisado na etapa de 
avaliação), devolução diagnóstica (informe para tomada de consciência da 
situação e providências para a transformação) e tratamento e contrato 
(apresentação do melhor tratamento a ser efetuado e planejamento das 
intervenções). 
No caso de Laura, tendemos a pensar em questões relacionadas ao transtorno 
específico da aprendizagem com prejuízo na matemática (Discalculia). Porém, a 
avaliação inicial pode nos ter feito mudar de ideia no que diz respeito ao 
problema em si. 
Agora, se você atua na instituição, o processo precisa considerar o contexto. 
Assim, é possível entender que o diagnóstico institucional é realizado 
coletivamente, seguindo as etapas: 
Quadro 3 | Diagnóstico na psicopedagogia institucional 
Etapa Descrição 
Identificação Conhecer a demanda da escola. 
Descrição 
Descrever a estrutura física, administrativa e 
social da escola. 
Oportunização 
Aplicar dinâmicas de envolvimento das 
partes envolvidas. 
Integração Integrar e promover os objetivos. 
Fonte: elaborado pela autora. 
Silva e Pitombo (2020, p. 51) reiteram que o diagnóstico psicopedagógico 
institucional: 
[...] seja realizado coletivamente, com todos os atores da comunidade escolar, 
que atuam não como meros coadjuvantes, mas num processo dinâmico e 
participativo. Este diagnóstico é, portanto, uma investigação profunda, na qual 
são identificadas as causas que interferem no desenvolvimento do aluno, 
sugerindo atividades adequadas para correção e/ou compensação das 
dificuldades, considerando as características de cada um e do processo global 
praticado na escola.Desta forma, ao invés de analisarmos uma parte, 
consideramos o todo, promovendo a inclusão daquele que apresenta 
dificuldades de aprendizagem de maneira coletiva, olhando para as interações e 
troca de saberes e experiências entre as partes. Há, portanto, uma mudança do 
sistema social, e não apenas de um indivíduo, promovendo uma mudança 
qualitativa (SILVA; PITOMBO, 2020). 
 
Psicopedagogia e intervenção 
A última etapa descrita por Paín (1985) é a intervenção (tratamento e contrato). 
Para entendermos, voltaremos à Laura: com base na avaliação, a etapa de 
hipótese diagnóstica sugeriu Discalculia aliada a um atraso na linguagem 
simbólica. 
 
Como foi detectado um atraso na linguagem simbólica, avançar diretamente 
para as funções executivasou habilidades matemáticas dificultaria o processo 
de aprendizado. Lembra-se de que falamos sobre ter a base para seguir adiante? 
Assim, o trabalho inicial visa desenvolver a consistência da linguagem 
simbólica em Laura e, depois, as funções executivas proeminentes na 
aprendizagem das habilidades matemáticas. Um reforço das intervenções 
anteriores é realizado, mas, agora, com a utilização de materiais digitais. Feito 
isso, haverá o trabalho com as questões socioemocionais, focado na 
recuperação da autoestima e, por fim, a realização de atividades com o foco na 
Discalculia, interferindo na construção do pensamento concreto.Mas, e se o 
atendimento de Laura fosse na escola? Para Silva e Pitombo (2020, p. 50): 
[...] para que o psicopedagogo possa atuar de maneira satisfatória na escola, é 
necessário que conheça muito bem o sistema escolar como um todo, bem como 
suas demandas para a elevação da qualidade relacional e das aprendizagens 
para que seu diagnóstico e intervenção possam promover as mudanças 
desejadas. 
Portanto, nesta situação, não analisaríamos apenas Laura, mas o contexto. 
 
Durante a identificação, você, como profissional psicopedagogo, analisou a 
queixa inicial de que os alunos do 1º ano estão com defasagens específicas em 
adição e subtração, detectadas na média da sala. Um levantamento apurado da 
turma permitiu verificar que ela possui quatro estudantes com notas bem 
abaixo do esperado, dentre eles, Laura. Assim, foi possível verificar também 
que, na verdade, o “problema” precisa ter foco na inclusão adequada dos alunos, 
e não da sala como um todo. Ademais, a escola possui um currículo 
sociointeracionista, sendo assim, há pré-disposição em atividades lúdicas com 
foco no contexto. Esta visão permite ao estudante a construção do aprendizado 
a partir do simbólico. Partindo desta premissa, desenha-se uma intervenção, na 
qual os professores, o regente e os especialistas aprendam a trabalhar com as 
diferenças por meio do agrupamento produtivo, que pode ser definido como 
sendo uma “[...] troca de informações entre educandos com diferentes 
conhecimentos, os quais devem ser organizados segundo o objetivo da 
aprendizagem” (MELO, 2015, p. 207). Além de aplicação de materiais concretos 
durante a realização das atividades. Para fim de integração, os professores de 
Arte e o professor regente desenvolverão um projeto de intervenção integrado, 
com o propósito de permitir que o estudante entenda a aplicação dos conceitos 
matemáticos de maneira contextualizada. Quando a construção da intervenção 
está bem embasada, cumprindo todas as etapas, o resultado será satisfatório. 
Por isso, demos dois exemplos que revelam a importância de uma intervenção 
bem estruturada, a qual permite que, tanto os atores da escola (institucional) 
quanto a criança (clínica), possam trilhar os caminhos futuros com autonomia. 
Videoaula: A visão psicopedagógica sobre a psicopatologia 
A psicopedagogia tem um papel fundamental para atender às defasagens 
geradas pelas psicopatologias. Você já imaginou atender uma criança e 
estabelecer os processos que permitirão o seu desenvolvimento? Para isso 
acontecer, precisamos nos atentar às etapas a serem seguidas, para que essa 
“mágica” aconteça durante as sessões estabelecidas. 
SAIBA MAIS 
Já tinha ouvido falar em agrupamento produtivo? Esse conceito ganhou 
notoriedade após a reclusão da pandemia de Covid-19 em 2020. Trata-se de um 
arranjo, no qual as crianças podem ser separadas na sala de aula por meio de 
interesses, hipóteses da escrita etc. É uma ferramenta interessante nas 
intervenções institucionais. 
Acesse a matéria: Agrupamentos de alunos: entenda sua importância e como 
fazer no dia a dia. 
REFERÊNCIAS: 
1. Morbidity and Mortality Weekly Report (MMWR). Centers for Disease 
Control and Prevention (online). Surveillance Summaries, v. 70, n. 11, p. 1-
16, 2021. Disponível em: 
https://www.cdc.gov/mmwr/volumes/70/ss/ss7011a1.htm. Acessado em: 
06 mar. 2023. 
DUMAS, J. E. Psicopatologia da infância e da adolescência. 3. ed. Porto Alegre, 
RS: Artmed, 2011. 
MELO, E. P. C. B. N. de. PNAIC: uma análise crítica das concepções de 
alfabetização presentes nos cadernos de formação docente. 2015. Dissertação 
(Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, 
Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), Sorocaba, 2015. 
https://novaescola.org.br/conteudo/20004/agrupamentos-de-alunos-entenda-sua-importancia-e-como-fazer-no-dia-a-dia
https://novaescola.org.br/conteudo/20004/agrupamentos-de-alunos-entenda-sua-importancia-e-como-fazer-no-dia-a-dia
https://www.cdc.gov/mmwr/volumes/70/ss/ss7011a1.htm
PAÍN, S. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Porto 
Alegre, RS: Artmed, 1985. 
PAPALIA, D. E.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento Humano. 14. ed. Porto Alegre, 
RS: AMGH, 2021. 
SILVA, R. da C.; PITOMBO, E. M. Diagnóstico psicopedagógico institucional: o 
exercício do olhar sobre a instituição. Revista Construção Psicopedagógica, v. 
28, n. 29, p. 47-60, 2020. Disponível em: 
https://doi.org/10.37388/CP2020/v28n29a08. Acesso em: 14 out. 2022. 
TORRES, A. M. T. da L. Fundamentos da psicopatologia aplicados à 
psicopedagogia. Curitiba, PR: InterSaberes, 2022. 
YABE, I. de G. Fundamentos da psicopatologia aplicada à psicopedagogia. 
Curitiba, PR: Contentus, 2020. 
Aula 2 - O trabalho psicopedagógico de orientação à escola e à família 
Nesta aula, você compreenderá que o processo de aprendizagem precisa da 
mente e do cérebro trabalhando juntos, quase numa sinfonia. Quando isso 
ocorre, a orquestra (equipe multidisciplinar) se organiza, a fim de apresentar um 
grande espetáculo. 
Contudo, pode ser que uma corda do violoncelo se rompa e haja um 
descompasso momentâneo (dificuldades), ou o xilofone perca uma placa 
(transtornos), gerando uma possível interrupção da apresentação (aprendizado). 
Para evitar intempéries, o maestro possui uma orquestra, que se complementa 
ou se suplementa em decorrência das ocorrências ao longo da música. Da 
mesma forma, ocorre com o psicopedagogo e os demais profissionais. Vamos 
aprender como isso é possível? 
Psicopatologias, escola e família 
https://doi.org/10.37388/CP2020/v28n29a08
Anteriormente, vimos que o processo de atendimento psicopedagógico possui 
algumas etapas (PAÍN, 1985): avaliação, hipótese diagnóstica, devolução 
diagnostica e tratamento e contrato. Portanto, antes de iniciar a intervenção, o 
psicopedagogo necessita dar uma devolutiva das etapas de avaliação e hipótese 
diagnóstica para a família e para a escola. 
Aqui, cabe ressaltar um papel de aconselho do paciente, da família e da escola, 
visto que as ações a serem desenvolvidas necessitam do consentimento da 
família e do paciente, além dos direcionamentos à escola. 
A devolução diagnóstica é dividida em duas partes: paciente e família. O 
parecer pedagógico é apresentado com o intuito de finalizar a fase de avaliação 
e diagnóstico. Basicamente, ele é composto pela identificação do paciente, pela 
descrição da demanda, pelos procedimentos aplicados, pelo breve histórico do 
desenvolvimento, pela análise dos resultados, pela conclusão, pelas sugestões, 
pelos encaminhamentos a outros profissionais e pelas identificação do 
profissional (TRAD, 2020). 
O parecer pedagógico servirá como base para que os atendimentos futuros 
sejam realizados da maneira mais adequada possível. Lembra-se do caso de 
Laura? A etapa de hipótese diagnóstica sugeriu Discalculia aliada a um atraso 
na linguagem simbólica. Neste caso, a princípio, não haveria a necessidade de 
envolver outro profissional, visto que se trata de um transtorno específico de 
aprendizagem. Correto? 
Sim, pois o psicopedagogo é o responsável pela intervenção nos transtornos e 
nas dificuldades relacionados à aprendizagem. Contudo, ao analisarmos as 
consequências destas dificuldades, podemos considerar que Laura esteja 
suscetível a alterações de ordem emocional,principalmente no que se trata das 
questões de autoestima, tanto que, na construção do projeto de intervenção, 
foram indicadas sessões para a base socioemocional. Assim, o 
acompanhamento psicológico é indicado. Mais à frente, veremos a importância 
do trabalho multidisciplinar nos atendimentos. 
A devolutiva com a família e o paciente apresentará os dados levantados, 
explicitando as alterações encontradas e indicando as boas práticas. No caso de 
Laura, foi explicado a ela que haverá momentos em que encontrará dificuldades 
para resolver problemas matemáticos e a professora lhe ajudará a transpor 
essas barreiras. Incentive-a a fazer atividades lúdicas que desenvolvam as 
habilidades matemáticas e a utilizar materiais concretos que lhe deem 
segurança. Igualmente com a família, ressalte a importância da apresentação 
do concreto durante as ações cotidianas para facilitar a compreensão de Laura. 
Solicite que a envolvam nas atividades corriqueiras, como compras de 
supermercado (desenvolvimento da habilidade de pensamento lógico) e 
arrumação de gavetas e armários (desenvolvimento da habilidade de 
categorização e organização). 
Quanto à escola, para Machado e Guilardi (2019), assim como na família, este 
processo é interativo e relacional, a fim de transformar o comportamento, as 
construções pessoais e as habilidades socioemocionais de todos os envolvidos. 
As autoras ainda afirmam que ele pode ser dividido em descoberta inicial, 
exploração em profundidade e preparação para a ação. Sendo assim, paciente, 
família e escola são instruídos aos próximos passos a serem dados com a 
criança. 
Caso a intervenção seja feita por você, o embasamento das ações 
psicopedagógicas pode se valer de outras áreas, como a neurociência, para 
proporcionar um aprofundamento nas técnicas utilizadas durante ela. 
Vamos conhecer alguns benefícios? 
Psicopedagogia baseada na neurociência 
A psicopedagogia é uma área interdisciplinar, que podemos definir como sendo 
a “aplicação de conhecimentos da psicologia às práticas educativas” (CLARO, 
2018, p. 19). Sendo assim, o psicopedagogo tem como foco a aprendizagem com 
base nas dinâmicas/processos que constituem a psique (mente). Ao analisar a 
maneira como o conhecimento é construído, além dos processos cognitivos 
(mente), temos os biológicos (sistema nervoso central). Portanto, estudar 
neurociência para entender a aprendizagem em seu “todo” é relevante ao 
psicopedagogo, em especial, nos casos de transtornos. Desta maneira, a 
aprendizagem 
 
não deve ser vista como uma simples absorção de conteúdos, de maneira 
passiva, visto que há uma complexa engrenagem por trás onde operações 
cerebrais, fisiológicas e psicológicas, ocorrem com o intuito de associar, 
combinar e organizar os estímulos recebidos do meio [...] Neste processo, o 
sistema nervoso tem papel fundamental, seja o central ou o periférico, 
processando as informações e elaborando uma resposta adequada ao 
apresentado. A ação resultante pode ser fisiológica (sensações, contrações 
musculares, etc.) ou cognitiva (pensamento, aprendizado, etc.) (RODRIGUES, 
2022, p. 14-15) 
 
Neste sentido, o sistema nervoso (SN) é composto por suas partes, a central 
(SNC) e a periférica (SNP), em que o SNP transmite impulsos nervosos ao SNC, 
que recebe e interpreta as informações. Cada parte do cérebro possui funções 
específicas. 
Figura 1 | Partes do cérebro/Fonte: elaborada pela autora baseada em 
Rodrigues (2022). 
Para haver aprendizagem, partes distintas do cérebro são acionadas de acordo 
com as necessidades detectadas pelo SN, através de estimulações cerebrais, por 
meio da percepção da informação ocorre a tomada de consciência (1). Logo 
depois, a memória adaptará, organizará e recuperará a informação quando 
preciso (2) (RODRIGUES, 2022). 
Que tal um teste para entender a sequência de assimilação de conteúdo 
descrita? 
Figura 2 | Teste de memorização/Fonte: elaborada pela autora com base em Cosenza 
e Guerra (2011, p. 56). 
Portanto, a compreensão do funcionamento cerebral permite que adequemos as 
estratégias de intervenção baseado nos resultados dos testes e características 
neurológicas do transtorno diagnosticado, sendo que cada um deles afeta partes 
diferentes do cérebro. Vamos analisar: 
Quadro 1 | Transtornos e funções cerebrais afetadas 
 Áreas cerebrais afetadas Dificuldades 
TDAH 
(COUTO; MELO-
JÚNIOR; GOMES, 
2010) 
Córtex pré-frontal (lobo 
frontal) 
Planejamento 
Cumprimento de prazos 
Seguimento de regras 
Autocontrole 
TEA 
(MACIEL, 2019) 
Amígdala e hipocampo (lobo 
temporal) 
Cerebelo 
Controle das emoções 
Memória de curto prazo 
Identificação e 
interpretação de 
expressões faciais 
Desenvolvimento da 
linguagem 
Dislexia 
(JÚNIOR; BLANCO, 
2020) 
Área de Broca (lobo frontal) 
Área de Wernicke (lobo 
temporoparietal) 
Giro supramarginal (lobo 
parietal) 
Giro angular (lobo parietal) 
Córtex auditivo primário 
(lobo temporal) 
Processamento da 
linguagem 
Produção de fala e 
compreensão 
Assimilação, associação e 
interpretação de 
informações 
Resgate de memória 
Discalculia 
(MATOS; SANTOS, 
2021) 
Giro angular (lobo parietal) 
Sulco interparietal esquerdo 
e direito (lobo têmporo-
parietal-occipital) 
Leitura e compreensão de 
problemas verbais 
Compreensão de 
conceitos matemáticos 
Discriminação visual de 
símbolos matemáticos 
Fonte: elaborado pela autora. 
Com base nas informações, o psicopedagogo tem um panorama da origem de 
alguns dos transtornos existentes. Assim, consegue adequar as metodologias e 
estratégias e pode atrelar os materiais às reais necessidades dos pacientes. 
O trabalho multidisciplinar 
Paín (1985) descreve a última etapa do atendimento psicopedagógico como 
sendo a intervenção, na qual estão incluídos o tratamento e o contrato (termo 
escrito entre a família e o profissional). Para que o tratamento seja efetivo, 
dependendo do caso, o paciente requer ser atendido por diferentes profissionais. 
A avaliação ajudará você a verificar quais profissionais serão descritos nos 
encaminhamentos. Nela, podemos encontrar alterações, as quais podem ser de 
ordem acadêmica (dificuldades em uma ou mais disciplinas), de linguagem 
(dificuldades em expressão e comunicação), atencional (TDA e TDAH), 
perceptual motriz (dificuldades na coordenação motora) ou perceptual social 
(dificuldades no convívio social). Além disso, os transtornos são classificados 
por origem. 
 
Figura 3 | Origem dos problemas de aprendizagem/Fonte: elaborada pela autora 
com base em Sobrinho (2016). 
Para cada uma das dificuldades de aprendizagem elencadas, se estivermos 
fazendo atendimento individual, ao final da avaliação, fazemos a 
recomendação de encaminhamento a profissionais específicos. Contudo, existe 
a possibilidade de realizar a avaliação em conjunto a uma equipe 
multidisciplinar. Como exemplo, montaremos um resumo de um caso 
embasado nas informações contidas no artigo intitulado O papel da equipe 
multidisciplinar no diagnóstico e intervenção precoce de crianças disléxicas 
(COSTA; CARMO, 2021). 
 
• Avaliação 
O paciente apresenta dificuldades de pronúncia e na memorização de palavras 
e canções. Apesar de ter sete anos, a linguagem infantilizada permanece e o 
processo de alfabetização ainda não ocorreu. Para que seja confirmada a 
Dislexia, o paciente deve atender aos seguintes critérios: 
 Dificuldades na aprendizagem e no uso de habilidades acadêmicas, [...] tenha 
persistido por pelo menos 6 meses [...] 1. Leitura de palavras de forma imprecisa 
ou lenta e com esforço [...] Dificuldade para compreender o sentido do que é lido 
[...] B. As habilidades acadêmicas afetadas estão substancial e 
quantitativamente abaixo do esperado para a idade cronológica do indivíduo [...] 
C. As dificuldades de aprendizagem iniciam-se durante os anos escolares, mas 
podem não se manifestar completamente até que as exigências pelas 
habilidadesacadêmicas afetadas excedam as capacidades limitadas do [...] D. 
As dificuldades de aprendizagem não podem ser explicadas por deficiências 
intelectuais, acuidade visual ou auditiva não corrigida, outros transtornos 
mentais ou neurológicos, adversidade psicossocial, falta de proficiência na 
língua de instrução acadêmica ou instrução educacional inadequada. (APA, 
2014, p. 66-67). 
 
• Psicopedagogo: avaliação dos aspectos neurológicos indiretos e erros na 
escrita e na leitura, além da análise para exclusão de outros transtornos, 
conforme indicações do Manual de Diagnóstico e Estatístico de 
Transtornos Mentais (DSM-V). 
• Psicólogo: análise das dificuldades socioemocionais com uma avaliação 
emocional, perceptual e intelectual. 
• Fonoaudióloga: análise das dificuldades de comunicação e linguagem por 
meio de avaliação audiométrica para descartar déficit auditivo. 
• Oftalmologista: aferição das dificuldades visuais com exame de acuidade 
visual. 
• Neurologista: realização de exames para verificar alterações neurológicas 
(tradicional e evolutivo) e afastar a possibilidade de lesões neurológicas. 
 
• Hipótese diagnóstica 
Dislexia. 
Como vimos, a equipe multidisciplinar é importante para que o diagnóstico seja 
abrangente, evitando equívoco. Após as avaliações individuais, a equipe, 
conjuntamente, define as ferramentas e metodologias, bem como o número de 
sessões adequado para o caso estudado. 
Videoaula: O trabalho psicopedagógico de orientação à escola e à família 
O processo de avaliação é crucial para o resto do processo de atendimento de 
pacientes com dificuldades ou transtornos de aprendizagem. Utilizar 
conhecimentos de outras áreas permite aprofundar tanto no seu 
aperfeiçoamento profissional quanto na assertividade da análise do caso. 
Ademais, uma equipe disciplinar possibilita, ao invés de encaminhamento para 
atendimento externo, uma parceria sólida, permitindo um comprometimento 
maior durante as intervenções e facilitando a troca de informações e adequação 
das ações. 
SAIBA MAIS 
O processo de avaliação é complexo e envolve muitas etapas. Para que tudo isso 
que você viu até agora faça sentido, separamos um artigo, no qual as autoras 
apresentam um relato de experiência em uma criança com queixa de 
problemas no desenvolvimento. 
Leia o artigo: Avaliação psicopedagógica de criança com alterações no 
desenvolvimento: relato de experiência. 
REFERÊNCIAS: 
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de 
transtornos mentais: DSM-5. 5. Ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2014. 
CLARO, G. R. Fundamentos de psicopedagogia. Curitiba, PR: InterSaberes, 2018. 
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862015000300006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862015000300006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
COSENZA, Ramon M. & GUERRA, Leonor B. Neurociência e Educação: como o 
cérebro aprende. Porto Alegre: Artmed, 2011. 
COSTA, F. B.; CARMO, S. O papel da equipe multidisciplinar no diagnóstico e 
intervenção precoce de crianças disléxicas. SAPIENS, v. 3, n. 1, p. 65-80, 2021. 
Disponível em: https://revista.uemg.br/index.php/sps/article/view/5774. 
Acesso em: 23 out. 2022. 
COUTO, T. de S.; MELO-JUNIOR, M. R. de; GOMES, C. R. de A. Aspectos 
neurobiológicos do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH): 
uma revisão. Ciências & Cognição, v. 15, n. 1, p. 241-251, 2010. Disponível em: 
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-
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JÚNIOR, S. L. S.; BLANCO, M. B. Dislexia do desenvolvimento e desafios da 
prática pedagógica. Revista Brasileira Multidisciplinar, v. 23, n. 3, p. 259-266, 
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https://www.revistarebram.com/index.php/revistauniara/article/view/786. 
Acesso em: 23 out. 2022. 
MACHADO, M.; GUILARDI, R. Entrevista e aconselhamento em psicopedagogia. 
Curitiba, PR: InterSaberes, 2019. 
MACIEL, I. Os limites do meu conhecimento são os limites do meu mundo. São 
Paulo, SP: Universidade de São Paulo, 2019. Disponível em: 
https://sites.usp.br/psicousp/os-limites-do-meu-conhecimento-sao-os-limites-
do-meu-mundo/. Acesso em: 23 out. 2022. 
MATOS, E. F. de; SANTOS, D. M. F. Discalculia e educação: quais conhecimentos 
os professores possuem acerca deste tema. Revista Psicopedagogia, v. 38, n. 116, 
p. 272-283, 2021. Disponível em: http://dx.doi.org/10.51207/2179-4057.20210015. 
Acesso em: 23 out. 2022. 
https://revista.uemg.br/index.php/sps/article/view/5774
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-58212010000100019&lng=pt&nrm=iso
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-58212010000100019&lng=pt&nrm=iso
https://www.revistarebram.com/index.php/revistauniara/article/view/786
https://sites.usp.br/psicousp/os-limites-do-meu-conhecimento-sao-os-limites-do-meu-mundo/
https://sites.usp.br/psicousp/os-limites-do-meu-conhecimento-sao-os-limites-do-meu-mundo/
http://dx.doi.org/10.51207/2179-4057.20210015
PAÍN, S. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Porto 
Alegre, RS: Artmed, 1985. 
RODRIGUES, M. A. C. Contribuições do sistema nervoso central no processo de 
aprendizagem. Revista Cognitionis, v. 5, n. 2, p. 13-24, 2022. Disponível em: 
https://cognitioniss.org/2022/08/08/10-38087-2595-8801-150/. Acesso em: 23 
out. 2022. 
SOBRINHO, P. J. Fundamentos da psicopedagogia. São Paulo, SP: Cengage, 2016. 
TRAD, L. I. de A. Instrumentos para diagnóstico psicopedagógico clínico e 
institucional. Curitiba, PR: InterSaberes, 2020. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 3 - Intervenção psicopedagógica em casos de psicopatologias 
O cérebro é uma “máquina” que trabalha incansavelmente para que possamos 
aprender todos os dias. Para isso, ela dispõe de funções cruciais, as quais 
trabalham unidas durante a aquisição de conhecimento. Contudo, alguns 
transtornos podem interferir neste processo, ocasionando déficits de 
https://cognitioniss.org/2022/08/08/10-38087-2595-8801-150/
aprendizagem. Por isso, antes de analisarmos as melhores práticas em relação 
às intervenções para TDAH, Discalculia e Dislexia, adentraremos ao que 
chamamos de tríade funcional da aprendizagem humana, composta pelas 
funções cognitivas, conativas e executivas. 
A partir delas, as intervenções serão desenhadas, a fim de conter as defasagens 
apresentadas na fase de testagens. 
Vamos começar? 
Funções conativas, executivas e cognitivas 
As funções conativas, executivas e cognitivas podem ser consideradas como a 
tríade funcional da aprendizagem humana. Para Fonseca (2014), é importante 
estudar as sinapses cerebrais, pois é a partir delas que se dá a aprendizagem. 
Desta forma, ao analisar sob a perspectiva da neurociência, vemos que, ao 
receber uma informação, são executadas várias funções, simultaneamente. 
Qualquer aprendizagem humana emerge, consequentemente, de múltiplas 
funções, capacidades, faculdades ou habilidades cognitivas interligadas, quer 
de recepção (componente sensorial - input), quer de integração (componentes 
perceptiva, conativa, mnésica e representacional), quer de planificação 
(componentes antecipatória e decisória), quer finalmente, de execução ou de 
expressão de informação (componente motora - output). (FONSECA, 2014, p. 
238) 
 Adiante, aprofundaremos cada uma destas funções, contudo o que Fonseca 
(2014) nos afirma é que o ser humano, durante a aprendizagem, toma 
consciência da informação cognitivamente, pois ativa o processo de 
memorização, além disso, aplica afetividade e emoções (consciência conativa) 
para, depois, agir no contexto do que foi apresentado (consciência executiva) 
Figura 1 | Tríade funcional da aprendizagem humana/Fonte: elaborada pela autora. 
Funções cognitivas 
O processo cognitivo tem relação com o processo de aquisição da informação 
pelo cérebro através das funções mentais, como raciocínio, atenção,percepção, 
processamento etc. Elas agem conjuntamente, a fim de permitir a 
autorregulação, o intercâmbio, o equilíbrio, entre outras propriedades 
fundamentais para a aprendizagem. São habilidades das funções cognitivas: 
recepção, integração, planificação e expressão. 
Figura 2 | Processamento da informação/Fonte: elaborada pela autora com base em 
Fonseca (2014). 
Funções conativas 
As funções conativas estão relacionadas às emoções, à personalidade, ao 
temperamento e à motivação do sujeito. Elas estão alocadas no sistema límbico, 
envolvido “nas relações do organismo com o seu envolvimento presente e 
passado [...] integrando estruturas muito importantes para a memória e a 
aprendizagem” (FONSECA, 2014, p. 241). Portanto, o sistema límbico integra a 
parte instintiva, compondo o “cérebro emocional”, que reage em busca de 
sobrevivência. 
Figura 3 | Sistema límbico/Fonte: elaborada pela autora. 
Ademais, elas funcionam como uma espécie de regulador da aprendizagem, em 
que o sujeito reflete sobre o porquê (valor), o para quê (expectativa) e qual o 
sentimento (afetivo) relacionado ao fazer. São habilidades das funções 
conativas: autogestão, autoconhecimento, autoeficácia, autocontrole e 
autoestima. 
 
Funções executivas 
As funções executivas otimizam o processo de aprendizagem, dado pelas 
funções cognitivas, integrando-a às conativas. O sucesso acadêmico depende, 
portanto, de um conjunto de habilidades, como estabelecimento de objetivos, 
gestão, ordenação etc. Segundo Fonseca (2014, p. 247), elas podem ser definidas 
como 
 
[...] processos mentais complexos pelos quais o indivíduo otimiza o seu 
desempenho cognitivo, aperfeiçoa as suas respostas adaptativas e o seu 
desempenho comportamental em situações que requerem a operacionalização, 
a coordenação, a supervisão e o controle de processos cognitivos e conativos, 
básicos e superiores. O papel das habilidades envolvidas nestas funções é 
manipular as ideias rapidamente e de maneira flexível a partir das mudanças 
detectadas no ambiente pela estimulação. Isso acontece, dependendo do tipo de 
processamento cognitivo utilizado. Tarefas novas nos fazem gastar mais 
energia do que tarefas corriqueiras. 
Figura 4 | Processamento cognitivo e funções executivas/Fonte: elaborada pelo autor 
com base em Rezende (2018). 
São habilidades das funções executivas: atenção, percepção, memória de 
trabalho, controle, ideação, planificação e antecipação, flexibilização, 
metacognição, decisão e execução. 
No próximo bloco, entenderemos como intervir nas funções deficitárias em 
pessoas com TDAH, Dislexia e Discalculia. 
 
TDAH, Dislexia e Discalculia e as funções afetadas 
Cada transtorno possui suas especificidades, pois afetam todas as habilidades 
da tríade em diferentes locais e intensidades. Sendo assim, a sutileza de alguns 
casos “na compreensão, percepção, memória, motivação e alerta para a própria 
doença podem dificultar o manejo de um quadro pela equipe de profissionais 
médicos e não médicos” (CAMARGO; BOLOGNANI; ZUCCOLO, 2014, p. 79). 
Comorbidades entre o TDAH, a Discalculia e a Dislexia são comuns. Ademais, a 
identificação pode ser difícil devido aos sintomas de ambos os transtornos 
serem semelhantes. O principal deles é a alteração nos valores de QI medidos 
na atenção e na memória, por exemplo. Desta forma, a utilização de diferentes 
testagens é necessária para o diagnóstico correto. 
Para transpor as dificuldades de aprendizagem, devemos criar hábitos que 
permitam à criança desenvolver as habilidades deficitárias. Assim, as 
intervenções precisam focar na construção de atividades que ativem as regiões 
cerebrais afetadas, principalmente no que tange às funções executivas 
considerando o papel transversal, conforme destaca Fonseca (2014, p. 250): 
 
Os processos mentais das funções executivas permitem-nos captar e integrar 
informação relevante para os nossos objetivos e para as nossas intenções e 
finalidades, ao mesmo tempo que ignoramos uma espécie de mar de estímulos 
ou de selva de informação irrelevante. Os estudantes com déficits nas funções 
executivas ou com síndromes disexecutivas enfrentam, por isso mesmo, 
enormes obstáculos e intransponíveis barreiras para obter rendimento 
minimamente aceitável nas salas de aula tradicionais. 
 
Pesquisas apontam que crianças com comorbidades tendem a apresentar 
déficits rebaixamento nas funções executivas, se comparadas às crianças com 
apenas um dos transtornos (PEREIRA et al., 2020). 
Quadro 1 | Funções e transtornos 
Transtornos 
Funções 
executivas 
Funções 
cognitivas 
Funções 
conativas 
Transtorno do Déficit 
de 
Atenção/Hiperatividad
e (TDAH) 
(TENÓRIO, 2021) 
Atenção, 
controle, 
memória de 
trabalho, 
execução 
(linguagem 
escrita) 
Recepção, 
integração, 
planificação 
Todas são 
afetadas em 
diferentes 
níveis e 
temporalidade 
Dislexia 
(TENÓRIO, 2021) 
Atenção, 
controle, 
memória de 
trabalho, 
flexibilização, 
execução 
(linguagem 
oral) 
Recepção, 
integração, 
planificação, 
expressão 
(linguagem 
oral) 
Discalculia 
(DIAS; MENEZES; 
SEABRA, 2010) 
Atenção, 
percepção, 
memória de 
trabalho 
recepção, 
integração, 
planificação, 
expressão 
(linguagem 
matemática 
oral e escrita) 
Fonte: elaborado pela autora. 
Em relação às funções conativas, todas são afetadas, de maneira simultânea ou 
não, ao longo do tempo. Portanto, podem ocorrer alterações na autogestão, no 
autoconhecimento, na autoeficácia, no autocontrole e na autoestima. Durante 
as intervenções, devemos privilegiar oportunidades e alternativas 
diferenciadas, com o intuito de compensar as habilidades com problemas. A 
seguir, veremos exemplos de intervenção dentro da escola e da clínica que 
atendem crianças com TDAH, Dislexia e Discalculia. 
Estratégias para intervenção na escola e na clínica 
As intervenções têm o objetivo de promover o desenvolvimento das habilidades 
em defasagem. Sendo assim, temos aspectos a considerar nas estruturações dos 
atendimentos. Paín (1985) afirma que há três vertentes de enquadramento: 
sintomático (tratamento centrado no ponto de urgência do paciente), 
situacional (tratamento centrado nos acontecimentos da sessão) ou operativo 
(tratamento centrado na tarefa). 
Os objetivos, por sua vez, podem ser uma realização para o sujeito 
(autoconhecimento), pelo sujeito (autonomia) e do sujeito (autovalorização). 
Quanto às técnicas aplicadas, as tarefas podem ser organizadas previamente, 
graduais, autoavaliativas, históricas (periódicas), informacionais ou indicativas 
(PAÍN, 1985). 
Em tarefas que prevaleçam a evolução das funções cognitivas, conativas e 
executivas, devemos nos atentar ao perfil da intervenção, na institucional: 
 
Para enriquecer as funções cognitivas, conativas e executivas, a interação do 
professor aluno tem que ser mais intensa e intencional, o processo ensino-
aprendizagem tem que ser mais mediatizado e com uma acessibilidade 
aumentada para todos, onde seja possível focar mais a colocação de perguntas 
ou questões de desafio cognitivo, conativo e executivo, onde os alunos tenham 
que pensar mais antes de responder, onde as várias funções sejam diretamente 
treinadas e onde as estratégias metacognitivas sejam mais trabalhadas. Não 
está em jogo o enriquecimento curricular, está mais em jogo o enriquecimento 
do potencial de aprendizagem dos alunos. (FONSECA, 2014, p. 251) 
 
Quadro 2 | Exemplos de ferramentas para intervenções na escola 
TDAH Dislexia Discalculia 
Organize o espaço e 
monitore o processo. 
Permita que o aluno faça 
autoavaliação. 
Organize o espaço e 
monitore o processo. 
Permita que o aluno 
identifique sons e 
rimas. 
Organize o espaço e 
monitore o processo. 
Permita que o aluno 
desenvolva as 
habilidades 
matemáticas. 
Funções executivas 
(DIAS; SEABRA, 2013) 
Jogos digitais 
Combinação de jogos digitais e analógicos 
Exercícios aeróbicos 
Mindfulness 
Programascurriculares complementares 
Funções cognitivas 
(RAMOS et al., 2017) 
Caça-palavras 
Palavras cruzadas 
Sudoku 
Jogo da memória 
Funções conativas 
Reconhecimento de emoções por meio de cartas com emojis 
Música 
Pintura 
Teatro 
Fonte: elaborado pela autora. 
Na clínica, a interação e a intencionalidade são melhor apresentadas, visto que 
a relação está somente entre paciente e especialista, e a mediação está como 
foco. Um exemplo de instrumento utilizado nos atendimentos é a caixa de 
trabalho de Jorge Visca, na qual o profissional seleciona itens diversos para que 
o paciente os personalize posteriormente (GRASSI, 2021). 
Quadro 3 | Exemplos de ferramentas para intervenções na clínica 
TDAH Dislexia Discalculia 
Funções executivas 
(ANDRADE; QUARANTA; FUENTES, 2014; MALLOY-DINIZ et al., 2014) 
Diagrama 
Recursos multimídias 
Torre de Hanói 
Torre de Londres 
Labirintos 
Funções cognitivas 
(ANDRADE; QUARANTA; FUENTES, 2014) 
Verbalização 
Ensaio 
Uso de imagens 
Resumo de informações 
Categorização 
Desmembramento em pequenos passos 
Organização 
Checagem 
Funções conativas 
Reconhecimento de emoções por meio de cartas com expressões faciais 
Baralho da emoção com situações problemas 
Desenho 
Fonte: elaborado pela autora. 
Em qualquer um dos tipos de intervenções, devemos mediar atividades que 
possibilitem o desenvolvimento da autonomia, da autorregulação e do 
autoconhecimento, visando à metacognição. Desta forma, a criança aprenderá 
estratégias de desenvolvimento para sua própria aprendizagem. 
Videoaula: Intervenção psicopedagógica em casos de 
psicopatologias 
Segundo o pesquisador Vitor Fonseca, existe uma tríade funcional da 
aprendizagem humana composta pelas funções cognitivas, conativas e 
executivas. Com a intervenção correta, o sujeito se torna capaz de desenvolver 
as habilidades deficitárias englobadas nos âmbitos cognitivos, emocionais e 
motor. Públicos específicos, como as pessoas com TDAH, Dislexia e Discalculia, 
podem se beneficiar durante os processos de intervenção e, por meio da 
metacognição, desenvolver estratégias para a aprendizagem ao longo da vida. 
Saiba Mais 
Conhecer as funções conativas, cognitivas e executivas permite adequar as 
intervenções de maneira mais assertiva. Neste caso, a neuropsicopedagogia 
pode ajudar. Que tal compreender como o cérebro em aprendizagem funciona? 
Leia o artigo: Papel das funções cognitivas, conativas e executivas na 
aprendizagem: uma abordagem neuropsicopedagógica. 
REFERÊNCIAS: 
ANDRADE, S.; QUARANTA, T.; FUENTES, D. Remediação cognitiva. In: 
FUENTES, D. et al. (org.). Neuropsicologia: teoria e prática. Porto Alegre, RS: 
Artmed, 2014. p. 377-383. 
CAMARGO, C. H. P. de; BOLOGNANI, S. A. P.; ZUCCOLO, P. F. O exame 
neuropsicológico e os diferentes contextos de aplicação. In: FUENTES, D. et al. 
(org.). Neuropsicologia: teoria e prática. Porto Alegre, RS: Artmed, 2014. P. 77-92. 
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicoped/v31n96/02.pdf
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicoped/v31n96/02.pdf
DIAS, N. M.; MENEZES, A.; SEABRA, A. G. Alterações das funções executivas em 
crianças e adolescentes. Estudos Interdisciplinares em Psicologia, v. 1, n. 1, p. 
80-95, 2010. Disponível em: 
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2236-
64072010000100006&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 31 out. 2022. 
DIAS, N. M.; SEABRA, A. G. Funções executivas: desenvolvimento e intervenção. 
Temas sobre Desenvolvimento, v. 19, n. 107, p. 206-12, 2013. Disponível em: 
https://www.researchgate.net/publication/281177320_funcoes_executivas_des
envolvimento_e_intervencao. Acesso em: 31 out. 2022. 
FONSECA, V. da. Papel das funções cognitivas, conativas e executivas na 
aprendizagem: uma abordagem neuropsicopedagógica. Revista Psicopedagogia, 
v. 31, n. 96, p. 236-253, 2014. Disponível em: 
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
84862014000300002&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 31 out. 2022. 
GRASSI, T. M. Intervenção psicopedagógica: desatando os nós, fazendo laços. 
Curitiba, PR: InterSaberes, 2021. 
MALLOY-DINIZ, L. F. et al. Neuropsicologia das funções executivas e da 
atenção. In: FUENTES, D. et al. (org.). Neuropsicologia: teoria e prática. Porto 
Alegre, RS: Artmed, 2014. p. 115-138. 
PAÍN, S. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Porto 
Alegre, RS: Artmed, 1985. 
PEREIRA, E. E. L. D. et al. Funções Executivas em Crianças com TDAH e/ou 
Dificuldade de Leitura. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 36, 2020. Disponível em: 
https://periodicos.unb.br/index.php/revistaptp/article/view/28294. Acesso em: 
31 out. 2022. 
RAMOS, D. K. et al. O uso de jogos cognitivos no contexto escolar: contribuições 
às funções executivas. Psicologia Escolar e Educacional, v. 21, n. 2, p. 265-275, 
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2236-64072010000100006&lng=pt&nrm=iso
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2236-64072010000100006&lng=pt&nrm=iso
https://www.researchgate.net/publication/281177320_funcoes_executivas_desenvolvimento_e_intervencao
https://www.researchgate.net/publication/281177320_funcoes_executivas_desenvolvimento_e_intervencao
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862014000300002&lng=pt&nrm=iso
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https://periodicos.unb.br/index.php/revistaptp/article/view/28294
2017. Disponível em: https://doi.org/10.1590/2175-3539201702121113. Acesso em: 
31 out. 2022. 
REZENDE, E. de. Funções executivas: história e conceitos dentro da psicologia. 
PsicoEdu, 2018. Disponível em: https://www.psicoedu.com.br/2018/09/funcoes-
executivas-psicologia.html. Acesso em: 31 out. 2022. 
TENÓRIO, V. M. Perfil neuropsicológico de crianças e adolescentes atendidos 
no ambulatório de atenção e transtornos de aprendizagem. 2021. 35 f. Trabalho 
de Conclusão de Curso (Graduação em Psicologia) – Universidade Federal da 
Paraíba, João Pessoa, 2021. Disponível em: 
https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/20509/1/VMT26072021.pd
f. Acesso em: 31 out. 2022. 
 
 
 
 
 
 
Aula 4 - Avaliação da evolução da aprendizagem 
O processo de atendimento psicopedagógico necessita de acompanhamento, 
seja ele clínico ou institucional. Ele baseia-se em observação e, como base, 
podemos utilizar o modelo de cone invertido de Pichon-Rivière, a fim de 
estruturá-la. Além disso, temos dois marcos importantes: a devolutiva 
diagnóstica e a finalização da intervenção. Imagine-se diante do primeiro 
paciente. No decorrer do procedimento, serão necessários alguns relatórios, os 
https://doi.org/10.1590/2175-3539201702121113
https://www.psicoedu.com.br/2018/09/funcoes-executivas-psicologia.html
https://www.psicoedu.com.br/2018/09/funcoes-executivas-psicologia.html
https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/20509/1/VMT26072021.pdf
https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/20509/1/VMT26072021.pdf
quais serão compostos por dois relatórios principais: o de avaliação para a 
devolutiva diagnóstica e o de encerramento da intervenção. Podemos entendê-
los como preceitos básicos de qualquer psicopedagogo. Nesta aula, 
aprenderemos os principais conceitos de cada um destes temas descritos. 
Formatos de acompanhamento psicopedagógico 
Durante a intervenção, o profissional psicopedagogo deve criar processos para 
acompanhar o desenvolvimento do paciente nas atividades aplicadas durante a 
intervenção, que tem por um dos objetivos, de acordo com Paín (1985), propiciar 
uma autovalorização correta do sujeito, e esta ocorre quando existe um 
monitoramento do processo: 
 
A avaliação da tarefa é preocupação de cada sessão e constitui uma 
aprendizagem tão valiosa como a própria tarefa. Se o sujeito deve construir uma 
imagem de si mesmo através daquilo que pode, só a autovalorização lhe 
permitirá aquilatar este poderio adequadamente. Esteaspecto do julgamento é o 
que está mais deteriorado em crianças com problemas de aprendizagem, as 
quais mostram-se confusas diante de suas próprias possibilidades [...]. (PAÍN, 
1985, p. 82) 
 
Desta forma, a observação atenta das tarefas permite notar a evolução do 
sujeito, por isso necessita-se de registros. Na intervenção institucional, existem 
vários vetores de observação, os quais o teórico Pichon-Rivière denomina 
grupos operativos, em que são verificadas as tarefas explicitas (ações) e 
implícitas (atitudes). Essa análise está dividida em seis partes (GRASSI, 2021): 
Figura 1 | Cone invertido Pichon-Rivière/Fonte: elaborada pela autora com base em 
Grassi (2021, p. 177). 
Portanto, o profissional necessita atentar-se a cada uma destas etapas. Vamos a 
alguns exemplos de avaliações geradas de cada uma delas. 
Quadro 1 | Observações durante intervenção institucional 
Vetor Exemplo de observação 
Pertencimento Houve apoio ao grupo e inclusão de todos 
Cooperação Permitiu o favorecimento do apoio mútuo entre as 
partes e complementou ações globais 
Pertinência Esclareceu as dúvidas mútuas e individuais 
Comunicação Manteve-se atento aos demais participantes com 
escuta ativa e facilitou o diálogo 
Aprendizagem Apoiou o grupo na construção dos novos saberes 
Teledistância afetiva Expressou os sentimentos de maneira adequada e 
contribuiu para fortalecimento de vínculo com os 
demais 
Fonte: elaborado pela autora com base em Vincha, Bógus e Cervato-Mancuso 
(2020). 
Na intervenção clínica, podemos observar diferentes pontos de vista, iniciando 
pela modalidade de aprendizagem apresentada pelo paciente, ou seja, a maneira 
pela qual ele aprende. Nesta perspectiva, ao nos basear na Epistemologia 
Genética de Piaget, a aprendizagem requer um processo. 
Figura 2 | Processo de aprendizagem e suas modalidades/Fonte: elaborada pela 
autora com base em Grassi (2021, p. 45). 
Nestes aspectos, na hipoassimilação, o sujeito apresenta esquemas mentais 
pobres, não se motiva diante da informação apresentada e demonstra 
desinteresse. Na hiperassimilação, os esquemas mentais são prematuros na 
internalização da informação e ocorre uma inadequação na atenção, na 
concentração e no foco. A hiperacomodação contém esquemas mentais frágeis 
e o que gera dificuldade de internalização devido ao contato superficial com a 
informação. Por fim, a hipoacomodação necessita de modelos, uma vez que o 
sujeito tende a possuir dificuldade em relembrar experiências anteriores, 
desencadeando a falta de autonomia e iniciativa (GRASSI, 2021).Além disso, 
para cada tarefa feita durante a intervenção, existe um tipo específico de 
análise e observação baseado no objetivo delimitado pelo psicopedagogo. 
Contudo, o cone invertido também pode ser aplicado na clínica com alteração 
para as observações individuais do processo. A seguir, veremos os tipos de 
registros que podem ser feitos para estes casos. 
Registro da evolução da aprendizagem 
Grassi (2021) nos afirma que existe uma série de tipos de registros, como 
anotações, fotografias, gravações de áudio ou vídeo etc., sempre feito com a 
autorização prévia das partes durante o contrato. Desta forma, é importante 
anotar as observações durante os atendimentos, pois 
[...] cada sessão é uma rica fonte de conhecimento, não é apenas mais um 
atendimento, é aquele atendimento, que você vai dar o seu melhor, vai estar se 
aprofundando o máximo, para que aquela criança saia dali com uma nova visão 
dela mesma, entendendo que a sua limitação não a impede de crescer e se 
desenvolver. (OLIVEIRA, 2017, p. 5) Diante do exposto, é possível notar que as 
observações necessitam de registro constante, embasado nos objetivos traçados 
previamente. Os registros mais comuns são as anotações derivadas de 
observações, que podem ser advindas, por exemplo, da qualidade do contato do 
paciente com os pares, da comunicação com os pais ou com a psicopedagoga e 
a interação com o meio. 
Para clarificar as informações apresentadas, vamos à análise de um processo 
de intervenção institucional em uma sala de recursos multifuncionais descrito 
no artigo intitulado Processo de inclusão: a importância da escuta-olhar 
psicopedagógicos e o uso das TDICs (PERUZZO; CORBELLINI, 2017). As sessões 
são descritas pelos autores da seguinte maneira: 
Quadro 2 | Sessões de intervenção 
Sessão Instrumento Observação Registro 
1 
Família 
terapêutica e 
massa de modelar 
Conteúdo das 
falas 
Escuta-olhar 
Vídeo 
2 
Atividade em 
dupla com 
desenho 
Comportamento 
social 
Anotações 
3 
Quebra-cabeça 
com fotos do 
Comportamento 
e produção final 
Anotações 
paciente, dos 
colegas e da 
professora 
4 
Jogos para 
identificação das 
partes do corpo 
humano 
Comportamento, 
saberes e 
atitudes 
Anotações 
Fonte: elaborado pela autora com base em Peruzzo e Coberllini (2017). 
O cone invertido também é utilizado como base para as observações clínicas. 
Analisaremos o estudo de caso presente no livro Intervenção psicopedagógica 
no espaço da clínica (BARBOSA, 2012), disponível na Biblioteca Virtual. Para 
isso, utilizaremos o caso Gemma. 
Quadro 3 | Observações durante intervenção clínica 
Vetor Observação Registro 
Pertencimento 
O que o paciente gosta e o que sabe 
fazer: culinária 
Anotações, diário 
com a história do 
cachorro, pasta 
para poemas, 
arquivo de texto 
que servia como 
caixa virtual para 
registros da 
paciente, caixa de 
trabalho 
Cooperação 
Interação entre paciente e 
profissional 
Pertinência Esclareceu as dúvidas individuais 
Comunicação 
Manteve-se atento as comandas da 
profissional com escuta ativa e 
facilitou o diálogo 
Aprendizagem Construiu novos saberes 
Teledistância 
afetiva 
Expressou os sentimentos de 
maneira adequada e contribuiu 
para o fortalecimento de vínculo 
com a profissional 
Fonte: elaborado pela autora com base em Barbosa (2012). 
Note que, em ambos os casos, há uma série de recursos que podem ser 
utilizados para registro, sejam eles criados pelo paciente ou pelo psicopedagogo. 
O relatório psicopedagógico 
Há dois tipos principais de relatório psicopedagógico: o da avaliação e o da 
intervenção (acompanhamento da aprendizagem). Ambos são descritivos e 
apresentam os dados coletados durante a etapa. Batista, Gonçalves e Andrade 
(2015, p. 333), afirmam que: 
[...] avaliação psicopedagógica deve possibilitar o entendimento das 
especificidades e necessidades da criança, suas dificuldades, sua relação com o 
outro e com a aprendizagem, possibilitando delinear ações terapêuticas para 
atendimento dessas necessidades. Limitações e direções futuras apontam para 
o fato de que o atendimento em grupo não otimiza o processo de avaliação e o 
próprio desenvolvimento das crianças, exceto com relação à interação social e 
comunicação, uma vez que muitas crianças que chegam às clínicas de 
psicopedagogia podem requerer atenção individualizada para lidar com suas 
dificuldades.Portanto, ao construir um relatório de avaliação, cinco itens são 
essenciais na estrutura: identificação do paciente, motivo da demanda, 
procedimentos adotados, análise e conclusão. Você pode analisar o modelo 
disponibilizado pelo Centro de Apoio ao Desenvolvimento Infantil. 
Quadro 4 | Exemplo de relatório de avaliação 
Identificação do paciente 
Nome: M. A. P. 
Idade: 6 anos 
Ano escolar: 1º ano do EF 
Motivo da demanda 
A professora solicitou uma investigação aprofundada de M., pois ele apresenta 
dificuldade na escrita, trocando as letras constantemente: p pelo q; b pelo d. 
Procedimentos adotados 
1. Anamnese. 
2. Entrevista com a família. 
3. E.O.C.A. 
4. Provas piagetianas. 
5. Técnicas projetivas. 
https://www.repository.utl.pt/bitstream/10400.5/11938/4/Anexo%20A.pdf
6. Devolutiva diagnóstica com encaminhamentos. 
Análise 
M. é uma criança agitada e sociável e apresentou dificuldades para responder às 
questões levantadas. Contudo,mostrou-se motivado durante a execução das 
atividades aplicadas. 
Na produção escrita, demonstrou inabilidade adequada na execução da tarefa e, por 
vezes, solicitou uma parada para descanso. 
Conclusão 
Após as análises, conclui-se que M. possui um quadro de transtorno específico de 
aprendizagem com prejuízo na escrita (Disortografia), código 315.2 no DSM-V e sob o 
CID F81.81. 
Fonte: elaborado pela autora. 
O exemplo anterior nos mostra detalhes acerca de uma construção de 
levantamento de dados para ser apresentado na devolutiva diagnóstica. 
Baseado nestes dados, criaremos, a seguir, um relatório de acompanhamento da 
aprendizagem. 
Quadro 5 | Exemplo de relatório de acompanhamento de aprendizagem 
Sessão Observação 
1 
Objetivo da sessão: Desenvolver a habilidade de 
pontuação e acentuação. 
Ferramentas utilizadas: Jogo da memória da 
pontuação, Sinais de pontuação 
Iniciamos a sessão com a leitura de um conto 
acumulativo. Durante a leitura, M. pareceu se 
interessar pela escuta. Após a leitura, fiz alguns 
questionamentos sobre o texto e as relações das 
pontuações. Ele demonstrou dificuldades na 
utilização do ponto de interrogação e de exclamação. 
Partimos para o jogo da memória da pontuação, no 
qual M. começou a questionar a diferença entre as 
pontuações apresentadas: “Qual a diferença entre 
essas duas pontuações?” (interrogação e 
exclamação). Por fim, jogou o jogo de sinais de 
pontuação pelo computador. Notou-se uma pequena 
melhora no entendimento em relação às dificuldades 
apresentadas no início da sessão. 
Fonte: elaborado pela autora. 
https://smartkids.com.br/atividades/pontuacao-3/pontuacao-jogo-da-memoria/
https://smartkids.com.br/atividades/pontuacao-3/pontuacao-jogo-da-memoria/
https://wordwall.net/pt/resource/3606212/sinais-de-pontua%C3%A7%C3%A3o
Como vimos, a escolha dos modelos de registros e composição do relatório de 
acompanhamento de aprendizagem é pessoal e dependerá da dinâmica de 
trabalho criada. É possível criar um tipo de registro para cada caso ou um 
padrão para todos. Se você está iniciando o consultório, pode valer-se de 
materiais gratuitos curados da internet e, com o tempo, adquirir protocolos 
profissionais. Adapte a rotina de maneira a se sentir confortável durante os 
atendimentos e, caso tenha dúvidas, recorra aos materiais disponibilizados 
pelas sociedades de classe. 
Videoaula: Avaliação da evolução da aprendizagem 
No atendimento psicopedagógico, existem dois relatórios importantes tanto 
para o profissional quanto para o paciente: o de avaliação, que é entregue na 
devolutiva pedagógica, e o de acompanhamento da aprendizagem, 
confeccionado durante as sessões e entregue ao final do processo de 
intervenção. Que tal conhecer a estrutura de cada um deles? 
SAIBA MAIS 
A construção de um bom relatório permite à escola entender as reais 
necessidades da criança. Desta forma, ele pode ajudar também nas dificuldades 
apresentadas em sala de aula, servindo como um norte para o professor. Essa é 
a proposta apresentada no artigo intitulado O relatório psicopedagógico e sua 
importância para o trabalho do professor. 
Boa leitura! 
REFERÊNCIAS: 
BARBOSA, L. M. S. (org.). Intervenção psicopedagógica no espaço da clínica. 
Curitiba, PR: InterSaberes, 2012. 
BATISTA, L. S.; GONÇALVES, B.; ANDRADE, M. S. de. Avaliação psicopedagógica 
de criança com alterações no desenvolvimento: relato de experiência. Revista 
http://www.revistapsicopedagogia.com.br/detalhes/433/o-relatorio-psicopedagogico-e-sua-importancia-para-o-trabalho-do-professor
http://www.revistapsicopedagogia.com.br/detalhes/433/o-relatorio-psicopedagogico-e-sua-importancia-para-o-trabalho-do-professor
Psicopedagogia, v. 32, n. 99, p. 326-335, 2015. Disponível em: 
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
84862015000300006&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 7 nov. 2022. 
GRASSI, T. M. Intervenção psicopedagógica: desatando nós, fazendo laços. 
Curitiba, PR: InterSaberes, 2021. 
OLIVEIRA, J. S. de. Intervenção Psicopedagógica frente à deficiência 
intelectual: um estudo de caso. 2017. Trabalho de Conclusão de Curso 
(Graduação em Psicopedagogia) – Faculdade de Educação, Universidade 
Federal da Paraíba, João Pessoa, 2017. Disponível em: 
https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/15526/1/JVSC01122017.pdf
. Acesso em: 7 nov. 2022. 
PAÍN, S. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Porto 
Alegre, RS: Artmed, 1985. 
PERUZZO, C. R.; CORBELLINI, S. Processo de inclusão: a importância da escuta-
olhar psicopedagógicos e o uso das TDICs. In: Seminário Luso-brasileiro de 
Educação Inclusiva, 1., 2017, Porto Alegre. Anais [...]. Porto Alegre, RS: EDIPUCRS, 
2017. Disponível em: https://editora.pucrs.br/anais/i-seminario-luso-brasileiro-
de-educacao-inclusiva/assets/artigos/eixo-5/completo-17.pdf. Acesso em: 6 
nov. 2022. 
VINCHA, K. R. R.; BÓGUS, C. M.; CERVATO-MANCUSO, A. M. Possibilidades de 
atuação profissional em grupos educativos de alimentação e nutrição. Interface 
- Comunicação, Saúde, Educação, v. 24, e190028, 2020. Disponível em: 
https://doi.org/10.1590/Interface.190028. Acesso em: 6 nov. 2022. 
Aula 5 - Revisão da unidade 
A compreensão do trabalho inclusivo na escola e na clínica 
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862015000300006&lng=pt&nrm=iso
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862015000300006&lng=pt&nrm=iso
https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/15526/1/JVSC01122017.pdf
https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/15526/1/JVSC01122017.pdf
https://editora.pucrs.br/anais/i-seminario-luso-brasileiro-de-educacao-inclusiva/assets/artigos/eixo-5/completo-17.pdf
https://editora.pucrs.br/anais/i-seminario-luso-brasileiro-de-educacao-inclusiva/assets/artigos/eixo-5/completo-17.pdf
https://doi.org/10.1590/Interface.190028
O processo de intervenção é composto por várias etapas, sendo as duas 
principais a avaliação e a intervenção. A avaliação é a primeira fase, composta 
por: motivo da consulta, história vital, testagem, provas psicométricas, provas 
projetivas, provas específicas e análise do ambiente. Após a avaliação, temos a 
hipótese diagnóstica, a devolução diagnóstica e o tratamento e contrato. O 
tratamento e contrato é a última fase do processo, conhecida como intervenção 
(PAÍN, 1985). 
A hipótese diagnóstica é construída com base nos resultados da avaliação, para 
então ser apresentada ao paciente e à família na devolução diagnóstica. O 
parecer psicopedagógico apresentado nesta fase servirá como parâmetro na 
estruturação da intervenção. Ele deve “possibilitar o entendimento das 
especificidades e necessidades da criança, suas dificuldades, sua relação com o 
outro e com a aprendizagem, possibilitando delinear ações terapêuticas para 
atendimento dessas necessidades” (BATISTA; GONÇALVES; ANDRADE, 2015, p. 
333). Nela, o processo de atendimento dependerá de onde essa criança será 
atendida, se na clínica ou na escola. No primeiro caso, a intervenção é 
individual com foco na criança. Já na intervenção escolar, o atendimento é 
coletivo, com base nos dados aferidos pela instituição. 
Em ambos os casos, o profissional psicopedagogo deve levar em consideração 
os processos de aprendizagem. Portanto, as ações são fundadas na 
multidisciplinaridade, inclusive, incluindo conhecimentos da neurociência. 
Para tanto, encaramos a aprendizagem como um processo complexo e não 
mera absorção de conteúdo, uma vez que existe uma “engrenagem por trás 
onde operações cerebrais, fisiológicas e psicológicas, ocorrem com o intuito de 
associar, combinar e organizar os estímulos recebidos do meio” (RODRIGUES, 
2022, p. 14). 
Nos casos de psicopatologias, encontramos alterações cerebrais importantes e, 
durante as intervenções, algumas funções cerebrais precisam ser trabalhadas 
para melhora da performance cerebral. O tipo de disfunção pode ser de ordem 
acadêmica, de linguagem,atencional, perceptual motriz ou perceptual social. 
Ademais, múltiplas funções são afetadas pela psicopatologia apresentada. De 
acordo com Fonseca (2014), a aprendizagem é formada por uma tríade que 
envolve as capacidades: cognitiva, responsável pela absorção do conhecimento; 
conativa, envolvendo as emoções e a motivação; executiva, que instrumenta as 
ações relativas à cognição. Sendo assim, durante a intervenção, são criadas 
organizações, a fim de acompanhar o processo das aplicações das atividades. 
Por meio de observação atenta e das anotações, constroem-se os avanços dos 
déficits de aprendizagem detectados na avaliação. Podemos, por exemplo, 
utilizar o cone invertido de Pichon-Rivière, que divide a observação em grupos 
operativos: pertencimento, cooperação, pertinência, comunicação, 
aprendizagem e teledistância afetiva (GRASSI, 2021). 
Por fim, para cada observação, pode ser feito um tipo de registro diferente: 
anotações, fotografias, gravações de áudio ou vídeo, entre outros. 
Videoaula: Revisão da unidade 
A elaboração dos relatórios psicopedagógicos é importante para registro de todo 
o processo de atendimento. Eles aparecem tanto no final da fase de avaliação 
quanto de intervenção. Por isso, nesta aula, entenderemos, de maneira geral, 
como ambos são estruturados e quais são as principais etapas de cada um. 
Vamos lá? 
Estudo de caso 
Paulo é uma criança do sexo masculino, com 7 anos, que está matriculado no 
terceiro ano do ensino fundamental. Desde a entrada no ensino fundamental, a 
criança apresenta inúmeras dificuldades em diversas disciplinas, o que 
compromete diretamente no seu desempenho acadêmico. Seu irmão mais 
velho tem diagnóstico de deficiência intelectual leve, e ambos moram com a 
mãe e a avó, pois os pais são separados. O pai não tem relação próxima com os 
filhos, pois vive sozinho, em um local onde não é possível criar rotinas diárias 
que favoreçam a educação das crianças. A mãe relata que não houve 
intercorrências durante a gravidez e que seu desenvolvimento se apresenta 
normal. Paulo foi uma criança esperta e aprendeu as primeiras palavras muito 
cedo, além de que o seu comportamento familiar era muito amoroso e bem 
comportado. Ainda segundo a mãe, ela observa uma frequência na dificuldade 
em leitura e escrita, por vezes preguiçoso e com pouca iniciativa em tarefas que 
não prendem sua atenção. Na escola, Paulo está totalmente integrado ao 
ambiente da sala de aula. Demonstra inquietude e boa comunicação. A 
professora afirma que o aluno não demonstra interesse em tarefas envolvendo 
leitura e escrita. Para que ele faça as atividades, a docente precisa supervisioná-
lo constantemente. 
Os testes psicométricos demonstram que Paulo possui quociente de inteligência 
um pouco abaixo da média, com destaque para a memória de trabalho e 
velocidade de processamento da informação. Ele demonstra preferência por 
tarefas de ordem gráfica ou visuais. A testagem de leitura e escrita demonstrou 
que o paciente possui dificuldades para identificar letras e segmentação 
fonológica, ler palavras e pseudopalavras e compreender a leitura. A 
psicopedagoga finaliza a hipótese diagnóstica como sendo transtorno 
específico de aprendizagem com prejuízo na leitura (Dislexia). 
 Reflita 
Você é uma psicopedagoga institucional e recebeu o laudo de Paulo. Com base 
na hipótese diagnóstica apresentada pela psicopedagoga, estruture um processo 
de intervenção contemplando o coletivo. 
O Videoaula: Resolução do estudo de caso 
Para este caso, levaremos em conta a implementação da intervenção com o 
apoio do docente dentro da sala de aula. Primeiramente, implemente o 
agrupamento produtivo para favorecer o desempenho dos estudantes da turma 
de Paulo. O governo do estado de São Paulo, por meio de Secretaria de Educação, 
disponibilizou um material a respeito do tema, intitulado A organização dos 
http://www.escoladeformacao.sp.gov.br/portais/Portals/183/repositorios/biblioteca/Agrupamentos%20produtivos.pdf
alunos para as situações de recuperação de aprendizagens: uma conversa sobre 
agrupamentos produtivos. 
Ademais, a partir desta percepção é importante que o professor dê atenção às 
flexibilizações de metodologia e estratégias, além de considerar o ritmo de 
trabalho individual dos estudantes com dificuldades de aprendizagem. 
Para estudantes com dificuldades de leitura, as comandas necessitam ser mais 
curtas, e as demandas, divididas. As atividades práticas servem como 
propulsoras do aprendizado, então permita a oportunidade de revisão e 
rememoração dos conteúdos através da aplicação de atividades inovadoras, 
variadas e sempre significativas para os alunos. 
Sendo assim, analise as etapas da intervenção, conforme vimos na Aula 16: 
 
Figura 1 | Sugestão de intervenção institucional/Fonte: elaborada pela autora. 
Desta forma, foque as ações com a ajuda da biblioteca, para que o estudante 
desenvolva as habilidades de leitura. Para isso, você pode desenvolver, dentre 
outras ações, um clube da leitura, no qual as crianças terão a oportunidade de 
realizar a leitura de diversos materiais diferentes: jornais, livros, histórias em 
quadrinhos etc. As demandas de leitura devem partir de todas as disciplinas e 
incentivar o empréstimo de livros. Sendo assim, você pode criar um 
cronograma, no qual estejam descritos os objetivos, a temporalidade e as 
atividades a serem realizadas: 
Quadro 1 | Cronograma do clube do livro 
Objetivo Atividade Tempo Local 
Criar o hábito de 
leitura 
Ler diferentes 
gêneros textuais 
Um semestre 
Biblioteca e sala 
de aula 
http://www.escoladeformacao.sp.gov.br/portais/Portals/183/repositorios/biblioteca/Agrupamentos%20produtivos.pdf
http://www.escoladeformacao.sp.gov.br/portais/Portals/183/repositorios/biblioteca/Agrupamentos%20produtivos.pdf
Estimular a 
capacidade criativa 
Construção de 
um jornal sobre 
meio ambiente 
Duas aulas Sala de aula 
Desenvolver a 
argumentação e 
compreensão 
textual 
Leitura e reconto Duas aulas 
Sala de aula e 
pátio 
Expor os materiais 
criados 
Exposição de 
recontos 
Uma aula Pátio 
Fonte: elaborado pela autora. 
As ações precisam ser constantes, a fim de atingir os objetivos elencados. 
Aconselhamos um reforço nas ações por parte da família, como continuidade 
do desenvolvimento das aprendizagens de sala de aula. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Resumo Visual 
 
REFERÊNCIAS 
BATISTA, L. S.; GONÇALVES, B.; ANDRADE, M. S. de. Avaliação psicopedagógica 
de criança com alterações no desenvolvimento: relato de experiência. Revista 
Psicopedagogia, v. 32, n. 99, p. 326-335, 2015. Disponível em: 
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
84862015000300006&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 7 nov. 2022. 
FONSECA, V. da. Papel das funções cognitivas, conativas e executivas na 
aprendizagem: uma abordagem neuropsicopedagógica. Revista 
Psicopedagogia, v. 31, n. 96, p. 236-253, 2014. Disponível em: 
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
84862014000300002&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 31 out. 2022. 
GRASSI, T. M. Intervenção psicopedagógica: desatando nós, fazendo laços. 
Curitiba, PR: InterSaberes, 2021. 
PAÍN, S. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Porto 
Alegre, RS: Artmed, 1985. 
RODRIGUES, M. A. C. Contribuições do sistema nervoso central no processo de 
aprendizagem. Revista Cognitionis, v. 5, n. 2, p. 13-24, 2022. Disponível em: 
https://cognitioniss.org/2022/08/08/10-38087-2595-8801-150/. Acesso em: 23 
out. 2022. 
 
 
 
 
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862015000300006&lng=pt&nrm=iso
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862015000300006&lng=pt&nrm=iso
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862014000300002&lng=pt&nrm=iso
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862014000300002&lng=pt&nrm=iso
https://cognitioniss.org/2022/08/08/10-38087-2595-8801-150/Exercícios da Unidade 4 
Transtornos Neurológicos, Psicopatologia e a Aprendizagem 
Questão 1 
“As funções conativas, no seu aspecto mais positivo, pois encerram 
igualmente um aspecto negativo, dizem respeito em termos simples à 
motivação, às emoções, ao temperamento e à personalidade do indivíduo. 
[...] o comportamento humano é determinado por emoções, consideradas 
como a força principal de impulsos naturais que emanam do corpo e o 
impelem para a ação, disposições tônico-energéticas essas que visam a 
preservar a essência mais profunda do ser humano com a criação 
subsequente de sentimentos de si e dos outros.” (FONSECA, 2014, pp. 
241-242) 
 
De acordo com as informações apresentadas na tabela a seguir, faça a 
associação funções conativas na Coluna A com suas respectivas 
descrições, apresentados na Coluna B. 
 
Coluna A Coluna B 
I. autogestão 
1. capacidade de exercer controle sobre os eventos que acontecem na 
própria vida. 
II. 
autoconhecimento 
2. capacidade de entender a si mesmo de maneira holística. 
III. autoeficácia 3. capacidade de gerenciar e controlar impulsos. 
IV. autocontrole 
4. capacidade de manipulação das próprias emoções em determinadas 
situações. 
Assinale a alternativa que apresenta a associação CORRETA entre as 
colunas. 
• I - 2; II - 1; III - 4; IV - 3. 
• I - 4; II - 1; III - 2; IV - 3. 
• I - 4; II - 2; III - 1; IV - 3. 
• I - 1; II - 3; III - 2; IV - 4. 
• I - 3; II - 1; III - 4; IV - 2. 
Questão 2 
“A psicopatologia é uma disciplina científica que estuda a doença mental 
em seus vários aspectos: suas causas, as alterações estruturais e funcionais 
relacionadas, os métodos de investigação e suas formas de manifestação 
(sinais e sintomas). Comportamento, cognição e experiências subjetivas 
anormais constituem as formas de manifestação das doenças mentais. [...] 
As psicopatologias explicativas [...] podem seguir uma orientação 
psicodinâmica (como a psicanálise), cognitiva, existencial, biológica ou 
social, entre outras. As psicopatologias descritivas [...] Possuem um caráter 
semiológico e propedêutico em relação à psiquiatria clínica.” (LUCIANO, 
2022, s/p) 
Considerando as informações apresentadas, analise as afirmativas a 
seguir: 
I. As psicopatologias explicativas são baseadas em modelos teóricos. 
II. As psicopatologias descritivas são baseadas em experiências anormais 
relatadas pelos pacientes. 
III. Nas psicopatologias explicativas são esclarecidas as etiologias dos 
transtornos mentais. 
IV. As psicopatologias descritivas são verificadas através do 
comportamento. 
Considerando o contexto apresentado, é correto o que se afirma em: 
• II, III e IV, apenas. 
• I, III e IV, apenas. 
• I, II e III, apenas. 
• I, II e IV, apenas. 
• I, II, III e IV. 
Questão 3 
“A psicopatologia é uma disciplina científica que estuda a doença mental 
em seus vários aspectos: suas causas, as alterações estruturais e funcionais 
relacionadas, os métodos de investigação e suas formas de manifestação 
(sinais e sintomas). Comportamento, cognição e experiências subjetivas 
anormais constituem as formas de manifestação das doenças mentais. [...] 
As psicopatologias explicativas [...] podem seguir uma orientação 
psicodinâmica (como a psicanálise), cognitiva, existencial, biológica ou 
social, entre outras. As psicopatologias descritivas [...] Possuem um caráter 
semiológico e propedêutico em relação à psiquiatria clínica.” (LUCIANO, 
2022, s/p) 
 
Em um diagnóstico psicopedagógico institucional, faz-se necessário 
seguir algumas etapas. Em relação elas, a organização ideal é: 
1. Descrição 
2. Integração 
3. Identificação 
4. Oportunização 
Assinale a alternativa que apresenta a ordem correta das etapas do 
diagnóstico na psicopedagogia institucional: 
• 3 – 1 – 4 – 2. 
• 2 – 3 – 4 – 1. 
• 3 – 2 – 4 – 1. 
• 1 – 4 – 3 – 2. 
• 4 – 3 – 2 – 1. 
Questão 4 
“Em cada um de nós, podemos observar uma particular ´modalidade de 
aprendizagem´, quer dizer, uma maneira pessoal para acercar-se ao 
objeto de conhecimento e para conformar seu saber. Tal modalidade se 
constrói desde o nascimento e, através dela, nos enfrentamos com a 
angústia inerente ao conhecer-desconhecer. Trata-se, portanto, de uma 
tensão entre o que se impõe como repetição/permanência de um modo 
anterior de relacionar-se e o que precisa mudar nesse modo de relacionar-
se com o objeto de conhecimento, consigo mesmo como autor e com o 
outro ensinante.” (SORDI, 2009, p.305) 
De acordo com as informações apresentadas na tabela a seguir, faça a 
associação dos modelos de aprendizagem na Coluna A com suas 
respetivas descrições, apresentados na Coluna B. 
 
Coluna A Coluna B 
I. hipoassimilação 
1. os esquemas mentais são prematuros na internalização da 
informação e ocorre uma inadequação na atenção, concentração e foco. 
II. hiperassimilação 
2. o sujeito apresenta esquemas mentais pobres, não se motiva diante 
da informação apresentada e demonstra desinteresse. 
III. hiperacomodação 
3. necessita de modelos uma vez que o sujeito tende a possuir 
dificuldade em relembrar experiências anteriores desencadeando a falta 
de autonomia e iniciativa. 
IV. hipoacomodação 
4. contém esquemas mentais frágeis e o que gera dificuldade de 
internalização devido ao contato superficial com a informação. 
Assinale a alternativa que apresenta a associação CORRETA entre as 
colunas. 
• I - 2; II - 1; III - 4; IV - 3. 
• I - 4; II - 1; III - 2; IV - 3. 
• I - 4; II - 2; III - 1; IV - 3. 
• I - 1; II - 3; III - 2; IV - 4. 
• I - 3; II - 1; III - 4; IV - 2. 
Questão 5 
“Muitas vezes, os educadores se deparam com estudantes que possuem 
hiperatividade e não sabem lidar com eles em sala de aula, fazendo um 
pré-julgamento e confundindo seu TDAH com mau comportamento, o 
que acaba prejudicando, de forma significativa, o processo de ensino - 
aprendizagem dos alunos. Este é considerado um fator preocupante, pois 
é no ambiente escolar que a maioria dos jovens tem contato com a leitura 
e a escrita, o que exige atenção e concentração. [...] Os jovens hiperativos 
são, frequentemente, imprudentes e impulsivos, sendo suas relações 
marcadas por uma ausência de inibição social, com falta de cautela e 
reservas. São impopulares com os outros e tendem a se isolar 
socialmente.” (MAIA, CONFORTIN, 2015, pp.74-75) 
Assinale a alternativa que apresenta corretamente as dificuldades de 
aprendizagem proeminentes em pessoas com TDAH. 
• planejamento, cumprimento de prazos, autocontrole 
• planejamento, cumprimento de prazos, controle das emoções 
• seguimento de regras, autocontrole, memória de curto prazo 
• planejamento, cumprimento de prazos, desenvolvimento da linguagem 
• seguimento de regras, autocontrole, desenvolvimento da linguagem

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