Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIDADE 4 - A visão psicopedagógica da psicopatologia no contexto da educação inclusiva Aula 1 - A visão psicopedagógica sobre a psicopatologia O processo de intervenção é algo complexo, que demanda várias etapas e estudo contínuo. Se você deseja realmente seguir essa profissão, mergulhe, principalmente, nos conceitos relacionados ao desenvolvimento humano. Assim, veremos como a visão psicopedagógica sobre a psicopatologia pode interferir no processo de atendimento de crianças com necessidades educativas devido a alterações mentais, direta ou indiretamente ligadas à aprendizagem. Para isso, veremos o papel do psicopedagogo frente às psicopatologias, entendendo como uma interfere na outra. Depois, aprenderemos como funciona o diagnóstico psicopedagógico de psicopatologias e, por fim, a intervenção em si. O papel do psicopedagogo em psicopatologias A psicopatologia é uma ciência na qual as questões relacionadas aos transtornos do desenvolvimento podem ser explicadas. Além disso, ela “investiga como se desenvolvem os transtornos e as doenças manifestadas em alguns sujeitos ao longo da vida” (TORRES, 2022, p. 20). Essas manifestações são voltadas às patologias psíquicas. Quadro 1 | Grupos da psicopatologia Grupo Descrição Explicativa Baseada em modelos teóricos. Esclarece as etiologias dos transtornos mentais. Descritiva Baseada em experiências anormais relatadas pelos pacientes. Verificada através do comportamento. Fonte: elaborado pela autora adaptado de Torres (2022, p. 22). Devemos lembrar que o normal e o patológico sofrem interferência das relações sociais. Em determinadas culturas, como a nossa, é comum comer bovinos, já em outras isso é proibido, devido a questões religiosas. Portanto, a definição de normal ou patológico se adequa à quantidade de incidência de determinada coisa ou acontecimento, dentro de um determinado local. A fim de organização, neste material, consideramos normais ou neurotípicos aqueles que não possuem diagnóstico de alterações mentais. Um outro exemplo relevante para a psicopedagogia é o aumento significativo de casos de diagnóstico de autismo. Em 2004, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças americano, 1 em 166 pessoas eram diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), já em 2020 esse número é de 1 em 54. Dentre os fatores que contribuíram para isso, podemos citar o aumento de interesse sobre o assunto e a criação de protocolos direcionados ao TEA (CDC, 2021). Desta forma, a psicopatologia se torna, então, uma ferramenta que possibilita que o psicopedagogo se baseie e compreenda as intempéries da criança e do ambiente onde vive, para, a partir daí, promover a oportunidade de a criança, com dificuldades de aprendizagem, ter as necessidades atendidas durante o processo de aprendizado (YABE, 2020). Para fins de entendimento do que é normal para cada idade, partiremos do estudo do desenvolvimento humano sob a perspectiva cognitiva. Nela, Piaget nos mostra que o ser humano evolui a partir de uma base anterior. Sendo assim, se houver interferência em um processo, lacunas podem ser criadas e levadas ao processo anterior. E é aí que ocorrem alterações no aprendizado, pois, para que ele ocorra, nós necessitamos de alguma base anterior de experiências e aquisições de conhecimento. Os estágios cognitivos de Piaget estão divididos em sensório-motor (0 a 2 anos), pré-operatório (2 a 7 anos), operatório-concreto (7 a 11 anos) e operatório-formal (7 anos em diante) (PAPÁLIA; FELDMAN, 2021). Imagine que Laura, uma criança de sete anos, apareça no consultório com dificuldades em matemática. Você pode, por exemplo, depois de verificar o histórico e descartar doenças ou transtornos, testar as habilidades simbólicas e de abstração. Desta forma, baseado no resultado obtido, a intervenção adequada pode ser delineada com consistência. Portanto, a psicopatologia é a mola propulsora para o trabalho desempenhado pelo psicopedagogo nos atendimentos relacionados às dificuldades de aprendizagem, direcionando as intervenções e abordagens a serem utilizadas. Diagnóstico psicopedagógico de psicopatologias Voltamos ao caso citado anteriormente, a criança de sete anos, que se chama Laura. Ela acaba de entrar no primeiro ano do ensino fundamental e está com dificuldades em matemática. A princípio, a mãe desconhece qualquer patologia diagnosticada anteriormente em Laura. Você fez anamnese e entrevistou a professora. Esse processo descrito de maneira sucinta representa uma ideia da complexidade presente no atendimento de crianças recebidas no consultório, podendo ser considerada a definição do problema. Durante a análise dele, há algumas etapas consideradas (PAÍN, 1985): Quadro 2 | Definição do problema (etapa de avaliação) Etapa Conteúdos Motivo da consulta Significado do sintoma na família e para a família. O que o levou ao consultório. História vital Antecedentes natais. Doenças. Desenvolvimento. Aprendizagem. Testagem Atividade lúdica. Provas psicométricas Análise quantitativa do rendimento (idade mental, quociente intelectual, estágio cognitivo etc.). Provas projetivas Desenho da figura humana. Relatos. Desiderativo. Provas específicas De lateralidade. De lectoescrita. Análise do ambiente Condições socioeconômicas. Aproveitamento de recursos. Ideologia. Fonte: elaborado pela autora. Após a etapa de avaliação, Paín (1985) afirma que podemos dividir as demais em hipótese diagnóstica (avaliação do peso de cada fator analisado na etapa de avaliação), devolução diagnóstica (informe para tomada de consciência da situação e providências para a transformação) e tratamento e contrato (apresentação do melhor tratamento a ser efetuado e planejamento das intervenções). No caso de Laura, tendemos a pensar em questões relacionadas ao transtorno específico da aprendizagem com prejuízo na matemática (Discalculia). Porém, a avaliação inicial pode nos ter feito mudar de ideia no que diz respeito ao problema em si. Agora, se você atua na instituição, o processo precisa considerar o contexto. Assim, é possível entender que o diagnóstico institucional é realizado coletivamente, seguindo as etapas: Quadro 3 | Diagnóstico na psicopedagogia institucional Etapa Descrição Identificação Conhecer a demanda da escola. Descrição Descrever a estrutura física, administrativa e social da escola. Oportunização Aplicar dinâmicas de envolvimento das partes envolvidas. Integração Integrar e promover os objetivos. Fonte: elaborado pela autora. Silva e Pitombo (2020, p. 51) reiteram que o diagnóstico psicopedagógico institucional: [...] seja realizado coletivamente, com todos os atores da comunidade escolar, que atuam não como meros coadjuvantes, mas num processo dinâmico e participativo. Este diagnóstico é, portanto, uma investigação profunda, na qual são identificadas as causas que interferem no desenvolvimento do aluno, sugerindo atividades adequadas para correção e/ou compensação das dificuldades, considerando as características de cada um e do processo global praticado na escola.Desta forma, ao invés de analisarmos uma parte, consideramos o todo, promovendo a inclusão daquele que apresenta dificuldades de aprendizagem de maneira coletiva, olhando para as interações e troca de saberes e experiências entre as partes. Há, portanto, uma mudança do sistema social, e não apenas de um indivíduo, promovendo uma mudança qualitativa (SILVA; PITOMBO, 2020). Psicopedagogia e intervenção A última etapa descrita por Paín (1985) é a intervenção (tratamento e contrato). Para entendermos, voltaremos à Laura: com base na avaliação, a etapa de hipótese diagnóstica sugeriu Discalculia aliada a um atraso na linguagem simbólica. Como foi detectado um atraso na linguagem simbólica, avançar diretamente para as funções executivasou habilidades matemáticas dificultaria o processo de aprendizado. Lembra-se de que falamos sobre ter a base para seguir adiante? Assim, o trabalho inicial visa desenvolver a consistência da linguagem simbólica em Laura e, depois, as funções executivas proeminentes na aprendizagem das habilidades matemáticas. Um reforço das intervenções anteriores é realizado, mas, agora, com a utilização de materiais digitais. Feito isso, haverá o trabalho com as questões socioemocionais, focado na recuperação da autoestima e, por fim, a realização de atividades com o foco na Discalculia, interferindo na construção do pensamento concreto.Mas, e se o atendimento de Laura fosse na escola? Para Silva e Pitombo (2020, p. 50): [...] para que o psicopedagogo possa atuar de maneira satisfatória na escola, é necessário que conheça muito bem o sistema escolar como um todo, bem como suas demandas para a elevação da qualidade relacional e das aprendizagens para que seu diagnóstico e intervenção possam promover as mudanças desejadas. Portanto, nesta situação, não analisaríamos apenas Laura, mas o contexto. Durante a identificação, você, como profissional psicopedagogo, analisou a queixa inicial de que os alunos do 1º ano estão com defasagens específicas em adição e subtração, detectadas na média da sala. Um levantamento apurado da turma permitiu verificar que ela possui quatro estudantes com notas bem abaixo do esperado, dentre eles, Laura. Assim, foi possível verificar também que, na verdade, o “problema” precisa ter foco na inclusão adequada dos alunos, e não da sala como um todo. Ademais, a escola possui um currículo sociointeracionista, sendo assim, há pré-disposição em atividades lúdicas com foco no contexto. Esta visão permite ao estudante a construção do aprendizado a partir do simbólico. Partindo desta premissa, desenha-se uma intervenção, na qual os professores, o regente e os especialistas aprendam a trabalhar com as diferenças por meio do agrupamento produtivo, que pode ser definido como sendo uma “[...] troca de informações entre educandos com diferentes conhecimentos, os quais devem ser organizados segundo o objetivo da aprendizagem” (MELO, 2015, p. 207). Além de aplicação de materiais concretos durante a realização das atividades. Para fim de integração, os professores de Arte e o professor regente desenvolverão um projeto de intervenção integrado, com o propósito de permitir que o estudante entenda a aplicação dos conceitos matemáticos de maneira contextualizada. Quando a construção da intervenção está bem embasada, cumprindo todas as etapas, o resultado será satisfatório. Por isso, demos dois exemplos que revelam a importância de uma intervenção bem estruturada, a qual permite que, tanto os atores da escola (institucional) quanto a criança (clínica), possam trilhar os caminhos futuros com autonomia. Videoaula: A visão psicopedagógica sobre a psicopatologia A psicopedagogia tem um papel fundamental para atender às defasagens geradas pelas psicopatologias. Você já imaginou atender uma criança e estabelecer os processos que permitirão o seu desenvolvimento? Para isso acontecer, precisamos nos atentar às etapas a serem seguidas, para que essa “mágica” aconteça durante as sessões estabelecidas. SAIBA MAIS Já tinha ouvido falar em agrupamento produtivo? Esse conceito ganhou notoriedade após a reclusão da pandemia de Covid-19 em 2020. Trata-se de um arranjo, no qual as crianças podem ser separadas na sala de aula por meio de interesses, hipóteses da escrita etc. É uma ferramenta interessante nas intervenções institucionais. Acesse a matéria: Agrupamentos de alunos: entenda sua importância e como fazer no dia a dia. REFERÊNCIAS: 1. Morbidity and Mortality Weekly Report (MMWR). Centers for Disease Control and Prevention (online). Surveillance Summaries, v. 70, n. 11, p. 1- 16, 2021. Disponível em: https://www.cdc.gov/mmwr/volumes/70/ss/ss7011a1.htm. Acessado em: 06 mar. 2023. DUMAS, J. E. Psicopatologia da infância e da adolescência. 3. ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2011. MELO, E. P. C. B. N. de. PNAIC: uma análise crítica das concepções de alfabetização presentes nos cadernos de formação docente. 2015. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), Sorocaba, 2015. https://novaescola.org.br/conteudo/20004/agrupamentos-de-alunos-entenda-sua-importancia-e-como-fazer-no-dia-a-dia https://novaescola.org.br/conteudo/20004/agrupamentos-de-alunos-entenda-sua-importancia-e-como-fazer-no-dia-a-dia https://www.cdc.gov/mmwr/volumes/70/ss/ss7011a1.htm PAÍN, S. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Porto Alegre, RS: Artmed, 1985. PAPALIA, D. E.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento Humano. 14. ed. Porto Alegre, RS: AMGH, 2021. SILVA, R. da C.; PITOMBO, E. M. Diagnóstico psicopedagógico institucional: o exercício do olhar sobre a instituição. Revista Construção Psicopedagógica, v. 28, n. 29, p. 47-60, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.37388/CP2020/v28n29a08. Acesso em: 14 out. 2022. TORRES, A. M. T. da L. Fundamentos da psicopatologia aplicados à psicopedagogia. Curitiba, PR: InterSaberes, 2022. YABE, I. de G. Fundamentos da psicopatologia aplicada à psicopedagogia. Curitiba, PR: Contentus, 2020. Aula 2 - O trabalho psicopedagógico de orientação à escola e à família Nesta aula, você compreenderá que o processo de aprendizagem precisa da mente e do cérebro trabalhando juntos, quase numa sinfonia. Quando isso ocorre, a orquestra (equipe multidisciplinar) se organiza, a fim de apresentar um grande espetáculo. Contudo, pode ser que uma corda do violoncelo se rompa e haja um descompasso momentâneo (dificuldades), ou o xilofone perca uma placa (transtornos), gerando uma possível interrupção da apresentação (aprendizado). Para evitar intempéries, o maestro possui uma orquestra, que se complementa ou se suplementa em decorrência das ocorrências ao longo da música. Da mesma forma, ocorre com o psicopedagogo e os demais profissionais. Vamos aprender como isso é possível? Psicopatologias, escola e família https://doi.org/10.37388/CP2020/v28n29a08 Anteriormente, vimos que o processo de atendimento psicopedagógico possui algumas etapas (PAÍN, 1985): avaliação, hipótese diagnóstica, devolução diagnostica e tratamento e contrato. Portanto, antes de iniciar a intervenção, o psicopedagogo necessita dar uma devolutiva das etapas de avaliação e hipótese diagnóstica para a família e para a escola. Aqui, cabe ressaltar um papel de aconselho do paciente, da família e da escola, visto que as ações a serem desenvolvidas necessitam do consentimento da família e do paciente, além dos direcionamentos à escola. A devolução diagnóstica é dividida em duas partes: paciente e família. O parecer pedagógico é apresentado com o intuito de finalizar a fase de avaliação e diagnóstico. Basicamente, ele é composto pela identificação do paciente, pela descrição da demanda, pelos procedimentos aplicados, pelo breve histórico do desenvolvimento, pela análise dos resultados, pela conclusão, pelas sugestões, pelos encaminhamentos a outros profissionais e pelas identificação do profissional (TRAD, 2020). O parecer pedagógico servirá como base para que os atendimentos futuros sejam realizados da maneira mais adequada possível. Lembra-se do caso de Laura? A etapa de hipótese diagnóstica sugeriu Discalculia aliada a um atraso na linguagem simbólica. Neste caso, a princípio, não haveria a necessidade de envolver outro profissional, visto que se trata de um transtorno específico de aprendizagem. Correto? Sim, pois o psicopedagogo é o responsável pela intervenção nos transtornos e nas dificuldades relacionados à aprendizagem. Contudo, ao analisarmos as consequências destas dificuldades, podemos considerar que Laura esteja suscetível a alterações de ordem emocional,principalmente no que se trata das questões de autoestima, tanto que, na construção do projeto de intervenção, foram indicadas sessões para a base socioemocional. Assim, o acompanhamento psicológico é indicado. Mais à frente, veremos a importância do trabalho multidisciplinar nos atendimentos. A devolutiva com a família e o paciente apresentará os dados levantados, explicitando as alterações encontradas e indicando as boas práticas. No caso de Laura, foi explicado a ela que haverá momentos em que encontrará dificuldades para resolver problemas matemáticos e a professora lhe ajudará a transpor essas barreiras. Incentive-a a fazer atividades lúdicas que desenvolvam as habilidades matemáticas e a utilizar materiais concretos que lhe deem segurança. Igualmente com a família, ressalte a importância da apresentação do concreto durante as ações cotidianas para facilitar a compreensão de Laura. Solicite que a envolvam nas atividades corriqueiras, como compras de supermercado (desenvolvimento da habilidade de pensamento lógico) e arrumação de gavetas e armários (desenvolvimento da habilidade de categorização e organização). Quanto à escola, para Machado e Guilardi (2019), assim como na família, este processo é interativo e relacional, a fim de transformar o comportamento, as construções pessoais e as habilidades socioemocionais de todos os envolvidos. As autoras ainda afirmam que ele pode ser dividido em descoberta inicial, exploração em profundidade e preparação para a ação. Sendo assim, paciente, família e escola são instruídos aos próximos passos a serem dados com a criança. Caso a intervenção seja feita por você, o embasamento das ações psicopedagógicas pode se valer de outras áreas, como a neurociência, para proporcionar um aprofundamento nas técnicas utilizadas durante ela. Vamos conhecer alguns benefícios? Psicopedagogia baseada na neurociência A psicopedagogia é uma área interdisciplinar, que podemos definir como sendo a “aplicação de conhecimentos da psicologia às práticas educativas” (CLARO, 2018, p. 19). Sendo assim, o psicopedagogo tem como foco a aprendizagem com base nas dinâmicas/processos que constituem a psique (mente). Ao analisar a maneira como o conhecimento é construído, além dos processos cognitivos (mente), temos os biológicos (sistema nervoso central). Portanto, estudar neurociência para entender a aprendizagem em seu “todo” é relevante ao psicopedagogo, em especial, nos casos de transtornos. Desta maneira, a aprendizagem não deve ser vista como uma simples absorção de conteúdos, de maneira passiva, visto que há uma complexa engrenagem por trás onde operações cerebrais, fisiológicas e psicológicas, ocorrem com o intuito de associar, combinar e organizar os estímulos recebidos do meio [...] Neste processo, o sistema nervoso tem papel fundamental, seja o central ou o periférico, processando as informações e elaborando uma resposta adequada ao apresentado. A ação resultante pode ser fisiológica (sensações, contrações musculares, etc.) ou cognitiva (pensamento, aprendizado, etc.) (RODRIGUES, 2022, p. 14-15) Neste sentido, o sistema nervoso (SN) é composto por suas partes, a central (SNC) e a periférica (SNP), em que o SNP transmite impulsos nervosos ao SNC, que recebe e interpreta as informações. Cada parte do cérebro possui funções específicas. Figura 1 | Partes do cérebro/Fonte: elaborada pela autora baseada em Rodrigues (2022). Para haver aprendizagem, partes distintas do cérebro são acionadas de acordo com as necessidades detectadas pelo SN, através de estimulações cerebrais, por meio da percepção da informação ocorre a tomada de consciência (1). Logo depois, a memória adaptará, organizará e recuperará a informação quando preciso (2) (RODRIGUES, 2022). Que tal um teste para entender a sequência de assimilação de conteúdo descrita? Figura 2 | Teste de memorização/Fonte: elaborada pela autora com base em Cosenza e Guerra (2011, p. 56). Portanto, a compreensão do funcionamento cerebral permite que adequemos as estratégias de intervenção baseado nos resultados dos testes e características neurológicas do transtorno diagnosticado, sendo que cada um deles afeta partes diferentes do cérebro. Vamos analisar: Quadro 1 | Transtornos e funções cerebrais afetadas Áreas cerebrais afetadas Dificuldades TDAH (COUTO; MELO- JÚNIOR; GOMES, 2010) Córtex pré-frontal (lobo frontal) Planejamento Cumprimento de prazos Seguimento de regras Autocontrole TEA (MACIEL, 2019) Amígdala e hipocampo (lobo temporal) Cerebelo Controle das emoções Memória de curto prazo Identificação e interpretação de expressões faciais Desenvolvimento da linguagem Dislexia (JÚNIOR; BLANCO, 2020) Área de Broca (lobo frontal) Área de Wernicke (lobo temporoparietal) Giro supramarginal (lobo parietal) Giro angular (lobo parietal) Córtex auditivo primário (lobo temporal) Processamento da linguagem Produção de fala e compreensão Assimilação, associação e interpretação de informações Resgate de memória Discalculia (MATOS; SANTOS, 2021) Giro angular (lobo parietal) Sulco interparietal esquerdo e direito (lobo têmporo- parietal-occipital) Leitura e compreensão de problemas verbais Compreensão de conceitos matemáticos Discriminação visual de símbolos matemáticos Fonte: elaborado pela autora. Com base nas informações, o psicopedagogo tem um panorama da origem de alguns dos transtornos existentes. Assim, consegue adequar as metodologias e estratégias e pode atrelar os materiais às reais necessidades dos pacientes. O trabalho multidisciplinar Paín (1985) descreve a última etapa do atendimento psicopedagógico como sendo a intervenção, na qual estão incluídos o tratamento e o contrato (termo escrito entre a família e o profissional). Para que o tratamento seja efetivo, dependendo do caso, o paciente requer ser atendido por diferentes profissionais. A avaliação ajudará você a verificar quais profissionais serão descritos nos encaminhamentos. Nela, podemos encontrar alterações, as quais podem ser de ordem acadêmica (dificuldades em uma ou mais disciplinas), de linguagem (dificuldades em expressão e comunicação), atencional (TDA e TDAH), perceptual motriz (dificuldades na coordenação motora) ou perceptual social (dificuldades no convívio social). Além disso, os transtornos são classificados por origem. Figura 3 | Origem dos problemas de aprendizagem/Fonte: elaborada pela autora com base em Sobrinho (2016). Para cada uma das dificuldades de aprendizagem elencadas, se estivermos fazendo atendimento individual, ao final da avaliação, fazemos a recomendação de encaminhamento a profissionais específicos. Contudo, existe a possibilidade de realizar a avaliação em conjunto a uma equipe multidisciplinar. Como exemplo, montaremos um resumo de um caso embasado nas informações contidas no artigo intitulado O papel da equipe multidisciplinar no diagnóstico e intervenção precoce de crianças disléxicas (COSTA; CARMO, 2021). • Avaliação O paciente apresenta dificuldades de pronúncia e na memorização de palavras e canções. Apesar de ter sete anos, a linguagem infantilizada permanece e o processo de alfabetização ainda não ocorreu. Para que seja confirmada a Dislexia, o paciente deve atender aos seguintes critérios: Dificuldades na aprendizagem e no uso de habilidades acadêmicas, [...] tenha persistido por pelo menos 6 meses [...] 1. Leitura de palavras de forma imprecisa ou lenta e com esforço [...] Dificuldade para compreender o sentido do que é lido [...] B. As habilidades acadêmicas afetadas estão substancial e quantitativamente abaixo do esperado para a idade cronológica do indivíduo [...] C. As dificuldades de aprendizagem iniciam-se durante os anos escolares, mas podem não se manifestar completamente até que as exigências pelas habilidadesacadêmicas afetadas excedam as capacidades limitadas do [...] D. As dificuldades de aprendizagem não podem ser explicadas por deficiências intelectuais, acuidade visual ou auditiva não corrigida, outros transtornos mentais ou neurológicos, adversidade psicossocial, falta de proficiência na língua de instrução acadêmica ou instrução educacional inadequada. (APA, 2014, p. 66-67). • Psicopedagogo: avaliação dos aspectos neurológicos indiretos e erros na escrita e na leitura, além da análise para exclusão de outros transtornos, conforme indicações do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V). • Psicólogo: análise das dificuldades socioemocionais com uma avaliação emocional, perceptual e intelectual. • Fonoaudióloga: análise das dificuldades de comunicação e linguagem por meio de avaliação audiométrica para descartar déficit auditivo. • Oftalmologista: aferição das dificuldades visuais com exame de acuidade visual. • Neurologista: realização de exames para verificar alterações neurológicas (tradicional e evolutivo) e afastar a possibilidade de lesões neurológicas. • Hipótese diagnóstica Dislexia. Como vimos, a equipe multidisciplinar é importante para que o diagnóstico seja abrangente, evitando equívoco. Após as avaliações individuais, a equipe, conjuntamente, define as ferramentas e metodologias, bem como o número de sessões adequado para o caso estudado. Videoaula: O trabalho psicopedagógico de orientação à escola e à família O processo de avaliação é crucial para o resto do processo de atendimento de pacientes com dificuldades ou transtornos de aprendizagem. Utilizar conhecimentos de outras áreas permite aprofundar tanto no seu aperfeiçoamento profissional quanto na assertividade da análise do caso. Ademais, uma equipe disciplinar possibilita, ao invés de encaminhamento para atendimento externo, uma parceria sólida, permitindo um comprometimento maior durante as intervenções e facilitando a troca de informações e adequação das ações. SAIBA MAIS O processo de avaliação é complexo e envolve muitas etapas. Para que tudo isso que você viu até agora faça sentido, separamos um artigo, no qual as autoras apresentam um relato de experiência em uma criança com queixa de problemas no desenvolvimento. Leia o artigo: Avaliação psicopedagógica de criança com alterações no desenvolvimento: relato de experiência. REFERÊNCIAS: AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. Ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2014. CLARO, G. R. Fundamentos de psicopedagogia. Curitiba, PR: InterSaberes, 2018. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862015000300006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862015000300006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt COSENZA, Ramon M. & GUERRA, Leonor B. Neurociência e Educação: como o cérebro aprende. Porto Alegre: Artmed, 2011. COSTA, F. B.; CARMO, S. O papel da equipe multidisciplinar no diagnóstico e intervenção precoce de crianças disléxicas. SAPIENS, v. 3, n. 1, p. 65-80, 2021. Disponível em: https://revista.uemg.br/index.php/sps/article/view/5774. Acesso em: 23 out. 2022. COUTO, T. de S.; MELO-JUNIOR, M. R. de; GOMES, C. R. de A. Aspectos neurobiológicos do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH): uma revisão. Ciências & Cognição, v. 15, n. 1, p. 241-251, 2010. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806- 58212010000100019&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 23 out. 2022. JÚNIOR, S. L. S.; BLANCO, M. B. Dislexia do desenvolvimento e desafios da prática pedagógica. Revista Brasileira Multidisciplinar, v. 23, n. 3, p. 259-266, 2020. Disponível em: https://www.revistarebram.com/index.php/revistauniara/article/view/786. Acesso em: 23 out. 2022. MACHADO, M.; GUILARDI, R. Entrevista e aconselhamento em psicopedagogia. Curitiba, PR: InterSaberes, 2019. MACIEL, I. Os limites do meu conhecimento são os limites do meu mundo. São Paulo, SP: Universidade de São Paulo, 2019. Disponível em: https://sites.usp.br/psicousp/os-limites-do-meu-conhecimento-sao-os-limites- do-meu-mundo/. Acesso em: 23 out. 2022. MATOS, E. F. de; SANTOS, D. M. F. Discalculia e educação: quais conhecimentos os professores possuem acerca deste tema. Revista Psicopedagogia, v. 38, n. 116, p. 272-283, 2021. Disponível em: http://dx.doi.org/10.51207/2179-4057.20210015. Acesso em: 23 out. 2022. https://revista.uemg.br/index.php/sps/article/view/5774 http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-58212010000100019&lng=pt&nrm=iso http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-58212010000100019&lng=pt&nrm=iso https://www.revistarebram.com/index.php/revistauniara/article/view/786 https://sites.usp.br/psicousp/os-limites-do-meu-conhecimento-sao-os-limites-do-meu-mundo/ https://sites.usp.br/psicousp/os-limites-do-meu-conhecimento-sao-os-limites-do-meu-mundo/ http://dx.doi.org/10.51207/2179-4057.20210015 PAÍN, S. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Porto Alegre, RS: Artmed, 1985. RODRIGUES, M. A. C. Contribuições do sistema nervoso central no processo de aprendizagem. Revista Cognitionis, v. 5, n. 2, p. 13-24, 2022. Disponível em: https://cognitioniss.org/2022/08/08/10-38087-2595-8801-150/. Acesso em: 23 out. 2022. SOBRINHO, P. J. Fundamentos da psicopedagogia. São Paulo, SP: Cengage, 2016. TRAD, L. I. de A. Instrumentos para diagnóstico psicopedagógico clínico e institucional. Curitiba, PR: InterSaberes, 2020. Aula 3 - Intervenção psicopedagógica em casos de psicopatologias O cérebro é uma “máquina” que trabalha incansavelmente para que possamos aprender todos os dias. Para isso, ela dispõe de funções cruciais, as quais trabalham unidas durante a aquisição de conhecimento. Contudo, alguns transtornos podem interferir neste processo, ocasionando déficits de https://cognitioniss.org/2022/08/08/10-38087-2595-8801-150/ aprendizagem. Por isso, antes de analisarmos as melhores práticas em relação às intervenções para TDAH, Discalculia e Dislexia, adentraremos ao que chamamos de tríade funcional da aprendizagem humana, composta pelas funções cognitivas, conativas e executivas. A partir delas, as intervenções serão desenhadas, a fim de conter as defasagens apresentadas na fase de testagens. Vamos começar? Funções conativas, executivas e cognitivas As funções conativas, executivas e cognitivas podem ser consideradas como a tríade funcional da aprendizagem humana. Para Fonseca (2014), é importante estudar as sinapses cerebrais, pois é a partir delas que se dá a aprendizagem. Desta forma, ao analisar sob a perspectiva da neurociência, vemos que, ao receber uma informação, são executadas várias funções, simultaneamente. Qualquer aprendizagem humana emerge, consequentemente, de múltiplas funções, capacidades, faculdades ou habilidades cognitivas interligadas, quer de recepção (componente sensorial - input), quer de integração (componentes perceptiva, conativa, mnésica e representacional), quer de planificação (componentes antecipatória e decisória), quer finalmente, de execução ou de expressão de informação (componente motora - output). (FONSECA, 2014, p. 238) Adiante, aprofundaremos cada uma destas funções, contudo o que Fonseca (2014) nos afirma é que o ser humano, durante a aprendizagem, toma consciência da informação cognitivamente, pois ativa o processo de memorização, além disso, aplica afetividade e emoções (consciência conativa) para, depois, agir no contexto do que foi apresentado (consciência executiva) Figura 1 | Tríade funcional da aprendizagem humana/Fonte: elaborada pela autora. Funções cognitivas O processo cognitivo tem relação com o processo de aquisição da informação pelo cérebro através das funções mentais, como raciocínio, atenção,percepção, processamento etc. Elas agem conjuntamente, a fim de permitir a autorregulação, o intercâmbio, o equilíbrio, entre outras propriedades fundamentais para a aprendizagem. São habilidades das funções cognitivas: recepção, integração, planificação e expressão. Figura 2 | Processamento da informação/Fonte: elaborada pela autora com base em Fonseca (2014). Funções conativas As funções conativas estão relacionadas às emoções, à personalidade, ao temperamento e à motivação do sujeito. Elas estão alocadas no sistema límbico, envolvido “nas relações do organismo com o seu envolvimento presente e passado [...] integrando estruturas muito importantes para a memória e a aprendizagem” (FONSECA, 2014, p. 241). Portanto, o sistema límbico integra a parte instintiva, compondo o “cérebro emocional”, que reage em busca de sobrevivência. Figura 3 | Sistema límbico/Fonte: elaborada pela autora. Ademais, elas funcionam como uma espécie de regulador da aprendizagem, em que o sujeito reflete sobre o porquê (valor), o para quê (expectativa) e qual o sentimento (afetivo) relacionado ao fazer. São habilidades das funções conativas: autogestão, autoconhecimento, autoeficácia, autocontrole e autoestima. Funções executivas As funções executivas otimizam o processo de aprendizagem, dado pelas funções cognitivas, integrando-a às conativas. O sucesso acadêmico depende, portanto, de um conjunto de habilidades, como estabelecimento de objetivos, gestão, ordenação etc. Segundo Fonseca (2014, p. 247), elas podem ser definidas como [...] processos mentais complexos pelos quais o indivíduo otimiza o seu desempenho cognitivo, aperfeiçoa as suas respostas adaptativas e o seu desempenho comportamental em situações que requerem a operacionalização, a coordenação, a supervisão e o controle de processos cognitivos e conativos, básicos e superiores. O papel das habilidades envolvidas nestas funções é manipular as ideias rapidamente e de maneira flexível a partir das mudanças detectadas no ambiente pela estimulação. Isso acontece, dependendo do tipo de processamento cognitivo utilizado. Tarefas novas nos fazem gastar mais energia do que tarefas corriqueiras. Figura 4 | Processamento cognitivo e funções executivas/Fonte: elaborada pelo autor com base em Rezende (2018). São habilidades das funções executivas: atenção, percepção, memória de trabalho, controle, ideação, planificação e antecipação, flexibilização, metacognição, decisão e execução. No próximo bloco, entenderemos como intervir nas funções deficitárias em pessoas com TDAH, Dislexia e Discalculia. TDAH, Dislexia e Discalculia e as funções afetadas Cada transtorno possui suas especificidades, pois afetam todas as habilidades da tríade em diferentes locais e intensidades. Sendo assim, a sutileza de alguns casos “na compreensão, percepção, memória, motivação e alerta para a própria doença podem dificultar o manejo de um quadro pela equipe de profissionais médicos e não médicos” (CAMARGO; BOLOGNANI; ZUCCOLO, 2014, p. 79). Comorbidades entre o TDAH, a Discalculia e a Dislexia são comuns. Ademais, a identificação pode ser difícil devido aos sintomas de ambos os transtornos serem semelhantes. O principal deles é a alteração nos valores de QI medidos na atenção e na memória, por exemplo. Desta forma, a utilização de diferentes testagens é necessária para o diagnóstico correto. Para transpor as dificuldades de aprendizagem, devemos criar hábitos que permitam à criança desenvolver as habilidades deficitárias. Assim, as intervenções precisam focar na construção de atividades que ativem as regiões cerebrais afetadas, principalmente no que tange às funções executivas considerando o papel transversal, conforme destaca Fonseca (2014, p. 250): Os processos mentais das funções executivas permitem-nos captar e integrar informação relevante para os nossos objetivos e para as nossas intenções e finalidades, ao mesmo tempo que ignoramos uma espécie de mar de estímulos ou de selva de informação irrelevante. Os estudantes com déficits nas funções executivas ou com síndromes disexecutivas enfrentam, por isso mesmo, enormes obstáculos e intransponíveis barreiras para obter rendimento minimamente aceitável nas salas de aula tradicionais. Pesquisas apontam que crianças com comorbidades tendem a apresentar déficits rebaixamento nas funções executivas, se comparadas às crianças com apenas um dos transtornos (PEREIRA et al., 2020). Quadro 1 | Funções e transtornos Transtornos Funções executivas Funções cognitivas Funções conativas Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividad e (TDAH) (TENÓRIO, 2021) Atenção, controle, memória de trabalho, execução (linguagem escrita) Recepção, integração, planificação Todas são afetadas em diferentes níveis e temporalidade Dislexia (TENÓRIO, 2021) Atenção, controle, memória de trabalho, flexibilização, execução (linguagem oral) Recepção, integração, planificação, expressão (linguagem oral) Discalculia (DIAS; MENEZES; SEABRA, 2010) Atenção, percepção, memória de trabalho recepção, integração, planificação, expressão (linguagem matemática oral e escrita) Fonte: elaborado pela autora. Em relação às funções conativas, todas são afetadas, de maneira simultânea ou não, ao longo do tempo. Portanto, podem ocorrer alterações na autogestão, no autoconhecimento, na autoeficácia, no autocontrole e na autoestima. Durante as intervenções, devemos privilegiar oportunidades e alternativas diferenciadas, com o intuito de compensar as habilidades com problemas. A seguir, veremos exemplos de intervenção dentro da escola e da clínica que atendem crianças com TDAH, Dislexia e Discalculia. Estratégias para intervenção na escola e na clínica As intervenções têm o objetivo de promover o desenvolvimento das habilidades em defasagem. Sendo assim, temos aspectos a considerar nas estruturações dos atendimentos. Paín (1985) afirma que há três vertentes de enquadramento: sintomático (tratamento centrado no ponto de urgência do paciente), situacional (tratamento centrado nos acontecimentos da sessão) ou operativo (tratamento centrado na tarefa). Os objetivos, por sua vez, podem ser uma realização para o sujeito (autoconhecimento), pelo sujeito (autonomia) e do sujeito (autovalorização). Quanto às técnicas aplicadas, as tarefas podem ser organizadas previamente, graduais, autoavaliativas, históricas (periódicas), informacionais ou indicativas (PAÍN, 1985). Em tarefas que prevaleçam a evolução das funções cognitivas, conativas e executivas, devemos nos atentar ao perfil da intervenção, na institucional: Para enriquecer as funções cognitivas, conativas e executivas, a interação do professor aluno tem que ser mais intensa e intencional, o processo ensino- aprendizagem tem que ser mais mediatizado e com uma acessibilidade aumentada para todos, onde seja possível focar mais a colocação de perguntas ou questões de desafio cognitivo, conativo e executivo, onde os alunos tenham que pensar mais antes de responder, onde as várias funções sejam diretamente treinadas e onde as estratégias metacognitivas sejam mais trabalhadas. Não está em jogo o enriquecimento curricular, está mais em jogo o enriquecimento do potencial de aprendizagem dos alunos. (FONSECA, 2014, p. 251) Quadro 2 | Exemplos de ferramentas para intervenções na escola TDAH Dislexia Discalculia Organize o espaço e monitore o processo. Permita que o aluno faça autoavaliação. Organize o espaço e monitore o processo. Permita que o aluno identifique sons e rimas. Organize o espaço e monitore o processo. Permita que o aluno desenvolva as habilidades matemáticas. Funções executivas (DIAS; SEABRA, 2013) Jogos digitais Combinação de jogos digitais e analógicos Exercícios aeróbicos Mindfulness Programascurriculares complementares Funções cognitivas (RAMOS et al., 2017) Caça-palavras Palavras cruzadas Sudoku Jogo da memória Funções conativas Reconhecimento de emoções por meio de cartas com emojis Música Pintura Teatro Fonte: elaborado pela autora. Na clínica, a interação e a intencionalidade são melhor apresentadas, visto que a relação está somente entre paciente e especialista, e a mediação está como foco. Um exemplo de instrumento utilizado nos atendimentos é a caixa de trabalho de Jorge Visca, na qual o profissional seleciona itens diversos para que o paciente os personalize posteriormente (GRASSI, 2021). Quadro 3 | Exemplos de ferramentas para intervenções na clínica TDAH Dislexia Discalculia Funções executivas (ANDRADE; QUARANTA; FUENTES, 2014; MALLOY-DINIZ et al., 2014) Diagrama Recursos multimídias Torre de Hanói Torre de Londres Labirintos Funções cognitivas (ANDRADE; QUARANTA; FUENTES, 2014) Verbalização Ensaio Uso de imagens Resumo de informações Categorização Desmembramento em pequenos passos Organização Checagem Funções conativas Reconhecimento de emoções por meio de cartas com expressões faciais Baralho da emoção com situações problemas Desenho Fonte: elaborado pela autora. Em qualquer um dos tipos de intervenções, devemos mediar atividades que possibilitem o desenvolvimento da autonomia, da autorregulação e do autoconhecimento, visando à metacognição. Desta forma, a criança aprenderá estratégias de desenvolvimento para sua própria aprendizagem. Videoaula: Intervenção psicopedagógica em casos de psicopatologias Segundo o pesquisador Vitor Fonseca, existe uma tríade funcional da aprendizagem humana composta pelas funções cognitivas, conativas e executivas. Com a intervenção correta, o sujeito se torna capaz de desenvolver as habilidades deficitárias englobadas nos âmbitos cognitivos, emocionais e motor. Públicos específicos, como as pessoas com TDAH, Dislexia e Discalculia, podem se beneficiar durante os processos de intervenção e, por meio da metacognição, desenvolver estratégias para a aprendizagem ao longo da vida. Saiba Mais Conhecer as funções conativas, cognitivas e executivas permite adequar as intervenções de maneira mais assertiva. Neste caso, a neuropsicopedagogia pode ajudar. Que tal compreender como o cérebro em aprendizagem funciona? Leia o artigo: Papel das funções cognitivas, conativas e executivas na aprendizagem: uma abordagem neuropsicopedagógica. REFERÊNCIAS: ANDRADE, S.; QUARANTA, T.; FUENTES, D. Remediação cognitiva. In: FUENTES, D. et al. (org.). Neuropsicologia: teoria e prática. Porto Alegre, RS: Artmed, 2014. p. 377-383. CAMARGO, C. H. P. de; BOLOGNANI, S. A. P.; ZUCCOLO, P. F. O exame neuropsicológico e os diferentes contextos de aplicação. In: FUENTES, D. et al. (org.). Neuropsicologia: teoria e prática. Porto Alegre, RS: Artmed, 2014. P. 77-92. http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicoped/v31n96/02.pdf http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicoped/v31n96/02.pdf DIAS, N. M.; MENEZES, A.; SEABRA, A. G. Alterações das funções executivas em crianças e adolescentes. Estudos Interdisciplinares em Psicologia, v. 1, n. 1, p. 80-95, 2010. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2236- 64072010000100006&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 31 out. 2022. DIAS, N. M.; SEABRA, A. G. Funções executivas: desenvolvimento e intervenção. Temas sobre Desenvolvimento, v. 19, n. 107, p. 206-12, 2013. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/281177320_funcoes_executivas_des envolvimento_e_intervencao. Acesso em: 31 out. 2022. FONSECA, V. da. Papel das funções cognitivas, conativas e executivas na aprendizagem: uma abordagem neuropsicopedagógica. Revista Psicopedagogia, v. 31, n. 96, p. 236-253, 2014. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 84862014000300002&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 31 out. 2022. GRASSI, T. M. Intervenção psicopedagógica: desatando os nós, fazendo laços. Curitiba, PR: InterSaberes, 2021. MALLOY-DINIZ, L. F. et al. Neuropsicologia das funções executivas e da atenção. In: FUENTES, D. et al. (org.). Neuropsicologia: teoria e prática. Porto Alegre, RS: Artmed, 2014. p. 115-138. PAÍN, S. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Porto Alegre, RS: Artmed, 1985. PEREIRA, E. E. L. D. et al. Funções Executivas em Crianças com TDAH e/ou Dificuldade de Leitura. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 36, 2020. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/revistaptp/article/view/28294. Acesso em: 31 out. 2022. RAMOS, D. K. et al. O uso de jogos cognitivos no contexto escolar: contribuições às funções executivas. Psicologia Escolar e Educacional, v. 21, n. 2, p. 265-275, http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2236-64072010000100006&lng=pt&nrm=iso http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2236-64072010000100006&lng=pt&nrm=iso https://www.researchgate.net/publication/281177320_funcoes_executivas_desenvolvimento_e_intervencao https://www.researchgate.net/publication/281177320_funcoes_executivas_desenvolvimento_e_intervencao http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862014000300002&lng=pt&nrm=iso http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862014000300002&lng=pt&nrm=iso https://periodicos.unb.br/index.php/revistaptp/article/view/28294 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1590/2175-3539201702121113. Acesso em: 31 out. 2022. REZENDE, E. de. Funções executivas: história e conceitos dentro da psicologia. PsicoEdu, 2018. Disponível em: https://www.psicoedu.com.br/2018/09/funcoes- executivas-psicologia.html. Acesso em: 31 out. 2022. TENÓRIO, V. M. Perfil neuropsicológico de crianças e adolescentes atendidos no ambulatório de atenção e transtornos de aprendizagem. 2021. 35 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Psicologia) – Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2021. Disponível em: https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/20509/1/VMT26072021.pd f. Acesso em: 31 out. 2022. Aula 4 - Avaliação da evolução da aprendizagem O processo de atendimento psicopedagógico necessita de acompanhamento, seja ele clínico ou institucional. Ele baseia-se em observação e, como base, podemos utilizar o modelo de cone invertido de Pichon-Rivière, a fim de estruturá-la. Além disso, temos dois marcos importantes: a devolutiva diagnóstica e a finalização da intervenção. Imagine-se diante do primeiro paciente. No decorrer do procedimento, serão necessários alguns relatórios, os https://doi.org/10.1590/2175-3539201702121113 https://www.psicoedu.com.br/2018/09/funcoes-executivas-psicologia.html https://www.psicoedu.com.br/2018/09/funcoes-executivas-psicologia.html https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/20509/1/VMT26072021.pdf https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/20509/1/VMT26072021.pdf quais serão compostos por dois relatórios principais: o de avaliação para a devolutiva diagnóstica e o de encerramento da intervenção. Podemos entendê- los como preceitos básicos de qualquer psicopedagogo. Nesta aula, aprenderemos os principais conceitos de cada um destes temas descritos. Formatos de acompanhamento psicopedagógico Durante a intervenção, o profissional psicopedagogo deve criar processos para acompanhar o desenvolvimento do paciente nas atividades aplicadas durante a intervenção, que tem por um dos objetivos, de acordo com Paín (1985), propiciar uma autovalorização correta do sujeito, e esta ocorre quando existe um monitoramento do processo: A avaliação da tarefa é preocupação de cada sessão e constitui uma aprendizagem tão valiosa como a própria tarefa. Se o sujeito deve construir uma imagem de si mesmo através daquilo que pode, só a autovalorização lhe permitirá aquilatar este poderio adequadamente. Esteaspecto do julgamento é o que está mais deteriorado em crianças com problemas de aprendizagem, as quais mostram-se confusas diante de suas próprias possibilidades [...]. (PAÍN, 1985, p. 82) Desta forma, a observação atenta das tarefas permite notar a evolução do sujeito, por isso necessita-se de registros. Na intervenção institucional, existem vários vetores de observação, os quais o teórico Pichon-Rivière denomina grupos operativos, em que são verificadas as tarefas explicitas (ações) e implícitas (atitudes). Essa análise está dividida em seis partes (GRASSI, 2021): Figura 1 | Cone invertido Pichon-Rivière/Fonte: elaborada pela autora com base em Grassi (2021, p. 177). Portanto, o profissional necessita atentar-se a cada uma destas etapas. Vamos a alguns exemplos de avaliações geradas de cada uma delas. Quadro 1 | Observações durante intervenção institucional Vetor Exemplo de observação Pertencimento Houve apoio ao grupo e inclusão de todos Cooperação Permitiu o favorecimento do apoio mútuo entre as partes e complementou ações globais Pertinência Esclareceu as dúvidas mútuas e individuais Comunicação Manteve-se atento aos demais participantes com escuta ativa e facilitou o diálogo Aprendizagem Apoiou o grupo na construção dos novos saberes Teledistância afetiva Expressou os sentimentos de maneira adequada e contribuiu para fortalecimento de vínculo com os demais Fonte: elaborado pela autora com base em Vincha, Bógus e Cervato-Mancuso (2020). Na intervenção clínica, podemos observar diferentes pontos de vista, iniciando pela modalidade de aprendizagem apresentada pelo paciente, ou seja, a maneira pela qual ele aprende. Nesta perspectiva, ao nos basear na Epistemologia Genética de Piaget, a aprendizagem requer um processo. Figura 2 | Processo de aprendizagem e suas modalidades/Fonte: elaborada pela autora com base em Grassi (2021, p. 45). Nestes aspectos, na hipoassimilação, o sujeito apresenta esquemas mentais pobres, não se motiva diante da informação apresentada e demonstra desinteresse. Na hiperassimilação, os esquemas mentais são prematuros na internalização da informação e ocorre uma inadequação na atenção, na concentração e no foco. A hiperacomodação contém esquemas mentais frágeis e o que gera dificuldade de internalização devido ao contato superficial com a informação. Por fim, a hipoacomodação necessita de modelos, uma vez que o sujeito tende a possuir dificuldade em relembrar experiências anteriores, desencadeando a falta de autonomia e iniciativa (GRASSI, 2021).Além disso, para cada tarefa feita durante a intervenção, existe um tipo específico de análise e observação baseado no objetivo delimitado pelo psicopedagogo. Contudo, o cone invertido também pode ser aplicado na clínica com alteração para as observações individuais do processo. A seguir, veremos os tipos de registros que podem ser feitos para estes casos. Registro da evolução da aprendizagem Grassi (2021) nos afirma que existe uma série de tipos de registros, como anotações, fotografias, gravações de áudio ou vídeo etc., sempre feito com a autorização prévia das partes durante o contrato. Desta forma, é importante anotar as observações durante os atendimentos, pois [...] cada sessão é uma rica fonte de conhecimento, não é apenas mais um atendimento, é aquele atendimento, que você vai dar o seu melhor, vai estar se aprofundando o máximo, para que aquela criança saia dali com uma nova visão dela mesma, entendendo que a sua limitação não a impede de crescer e se desenvolver. (OLIVEIRA, 2017, p. 5) Diante do exposto, é possível notar que as observações necessitam de registro constante, embasado nos objetivos traçados previamente. Os registros mais comuns são as anotações derivadas de observações, que podem ser advindas, por exemplo, da qualidade do contato do paciente com os pares, da comunicação com os pais ou com a psicopedagoga e a interação com o meio. Para clarificar as informações apresentadas, vamos à análise de um processo de intervenção institucional em uma sala de recursos multifuncionais descrito no artigo intitulado Processo de inclusão: a importância da escuta-olhar psicopedagógicos e o uso das TDICs (PERUZZO; CORBELLINI, 2017). As sessões são descritas pelos autores da seguinte maneira: Quadro 2 | Sessões de intervenção Sessão Instrumento Observação Registro 1 Família terapêutica e massa de modelar Conteúdo das falas Escuta-olhar Vídeo 2 Atividade em dupla com desenho Comportamento social Anotações 3 Quebra-cabeça com fotos do Comportamento e produção final Anotações paciente, dos colegas e da professora 4 Jogos para identificação das partes do corpo humano Comportamento, saberes e atitudes Anotações Fonte: elaborado pela autora com base em Peruzzo e Coberllini (2017). O cone invertido também é utilizado como base para as observações clínicas. Analisaremos o estudo de caso presente no livro Intervenção psicopedagógica no espaço da clínica (BARBOSA, 2012), disponível na Biblioteca Virtual. Para isso, utilizaremos o caso Gemma. Quadro 3 | Observações durante intervenção clínica Vetor Observação Registro Pertencimento O que o paciente gosta e o que sabe fazer: culinária Anotações, diário com a história do cachorro, pasta para poemas, arquivo de texto que servia como caixa virtual para registros da paciente, caixa de trabalho Cooperação Interação entre paciente e profissional Pertinência Esclareceu as dúvidas individuais Comunicação Manteve-se atento as comandas da profissional com escuta ativa e facilitou o diálogo Aprendizagem Construiu novos saberes Teledistância afetiva Expressou os sentimentos de maneira adequada e contribuiu para o fortalecimento de vínculo com a profissional Fonte: elaborado pela autora com base em Barbosa (2012). Note que, em ambos os casos, há uma série de recursos que podem ser utilizados para registro, sejam eles criados pelo paciente ou pelo psicopedagogo. O relatório psicopedagógico Há dois tipos principais de relatório psicopedagógico: o da avaliação e o da intervenção (acompanhamento da aprendizagem). Ambos são descritivos e apresentam os dados coletados durante a etapa. Batista, Gonçalves e Andrade (2015, p. 333), afirmam que: [...] avaliação psicopedagógica deve possibilitar o entendimento das especificidades e necessidades da criança, suas dificuldades, sua relação com o outro e com a aprendizagem, possibilitando delinear ações terapêuticas para atendimento dessas necessidades. Limitações e direções futuras apontam para o fato de que o atendimento em grupo não otimiza o processo de avaliação e o próprio desenvolvimento das crianças, exceto com relação à interação social e comunicação, uma vez que muitas crianças que chegam às clínicas de psicopedagogia podem requerer atenção individualizada para lidar com suas dificuldades.Portanto, ao construir um relatório de avaliação, cinco itens são essenciais na estrutura: identificação do paciente, motivo da demanda, procedimentos adotados, análise e conclusão. Você pode analisar o modelo disponibilizado pelo Centro de Apoio ao Desenvolvimento Infantil. Quadro 4 | Exemplo de relatório de avaliação Identificação do paciente Nome: M. A. P. Idade: 6 anos Ano escolar: 1º ano do EF Motivo da demanda A professora solicitou uma investigação aprofundada de M., pois ele apresenta dificuldade na escrita, trocando as letras constantemente: p pelo q; b pelo d. Procedimentos adotados 1. Anamnese. 2. Entrevista com a família. 3. E.O.C.A. 4. Provas piagetianas. 5. Técnicas projetivas. https://www.repository.utl.pt/bitstream/10400.5/11938/4/Anexo%20A.pdf 6. Devolutiva diagnóstica com encaminhamentos. Análise M. é uma criança agitada e sociável e apresentou dificuldades para responder às questões levantadas. Contudo,mostrou-se motivado durante a execução das atividades aplicadas. Na produção escrita, demonstrou inabilidade adequada na execução da tarefa e, por vezes, solicitou uma parada para descanso. Conclusão Após as análises, conclui-se que M. possui um quadro de transtorno específico de aprendizagem com prejuízo na escrita (Disortografia), código 315.2 no DSM-V e sob o CID F81.81. Fonte: elaborado pela autora. O exemplo anterior nos mostra detalhes acerca de uma construção de levantamento de dados para ser apresentado na devolutiva diagnóstica. Baseado nestes dados, criaremos, a seguir, um relatório de acompanhamento da aprendizagem. Quadro 5 | Exemplo de relatório de acompanhamento de aprendizagem Sessão Observação 1 Objetivo da sessão: Desenvolver a habilidade de pontuação e acentuação. Ferramentas utilizadas: Jogo da memória da pontuação, Sinais de pontuação Iniciamos a sessão com a leitura de um conto acumulativo. Durante a leitura, M. pareceu se interessar pela escuta. Após a leitura, fiz alguns questionamentos sobre o texto e as relações das pontuações. Ele demonstrou dificuldades na utilização do ponto de interrogação e de exclamação. Partimos para o jogo da memória da pontuação, no qual M. começou a questionar a diferença entre as pontuações apresentadas: “Qual a diferença entre essas duas pontuações?” (interrogação e exclamação). Por fim, jogou o jogo de sinais de pontuação pelo computador. Notou-se uma pequena melhora no entendimento em relação às dificuldades apresentadas no início da sessão. Fonte: elaborado pela autora. https://smartkids.com.br/atividades/pontuacao-3/pontuacao-jogo-da-memoria/ https://smartkids.com.br/atividades/pontuacao-3/pontuacao-jogo-da-memoria/ https://wordwall.net/pt/resource/3606212/sinais-de-pontua%C3%A7%C3%A3o Como vimos, a escolha dos modelos de registros e composição do relatório de acompanhamento de aprendizagem é pessoal e dependerá da dinâmica de trabalho criada. É possível criar um tipo de registro para cada caso ou um padrão para todos. Se você está iniciando o consultório, pode valer-se de materiais gratuitos curados da internet e, com o tempo, adquirir protocolos profissionais. Adapte a rotina de maneira a se sentir confortável durante os atendimentos e, caso tenha dúvidas, recorra aos materiais disponibilizados pelas sociedades de classe. Videoaula: Avaliação da evolução da aprendizagem No atendimento psicopedagógico, existem dois relatórios importantes tanto para o profissional quanto para o paciente: o de avaliação, que é entregue na devolutiva pedagógica, e o de acompanhamento da aprendizagem, confeccionado durante as sessões e entregue ao final do processo de intervenção. Que tal conhecer a estrutura de cada um deles? SAIBA MAIS A construção de um bom relatório permite à escola entender as reais necessidades da criança. Desta forma, ele pode ajudar também nas dificuldades apresentadas em sala de aula, servindo como um norte para o professor. Essa é a proposta apresentada no artigo intitulado O relatório psicopedagógico e sua importância para o trabalho do professor. Boa leitura! REFERÊNCIAS: BARBOSA, L. M. S. (org.). Intervenção psicopedagógica no espaço da clínica. Curitiba, PR: InterSaberes, 2012. BATISTA, L. S.; GONÇALVES, B.; ANDRADE, M. S. de. Avaliação psicopedagógica de criança com alterações no desenvolvimento: relato de experiência. Revista http://www.revistapsicopedagogia.com.br/detalhes/433/o-relatorio-psicopedagogico-e-sua-importancia-para-o-trabalho-do-professor http://www.revistapsicopedagogia.com.br/detalhes/433/o-relatorio-psicopedagogico-e-sua-importancia-para-o-trabalho-do-professor Psicopedagogia, v. 32, n. 99, p. 326-335, 2015. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 84862015000300006&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 7 nov. 2022. GRASSI, T. M. Intervenção psicopedagógica: desatando nós, fazendo laços. Curitiba, PR: InterSaberes, 2021. OLIVEIRA, J. S. de. Intervenção Psicopedagógica frente à deficiência intelectual: um estudo de caso. 2017. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Psicopedagogia) – Faculdade de Educação, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2017. Disponível em: https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/15526/1/JVSC01122017.pdf . Acesso em: 7 nov. 2022. PAÍN, S. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Porto Alegre, RS: Artmed, 1985. PERUZZO, C. R.; CORBELLINI, S. Processo de inclusão: a importância da escuta- olhar psicopedagógicos e o uso das TDICs. In: Seminário Luso-brasileiro de Educação Inclusiva, 1., 2017, Porto Alegre. Anais [...]. Porto Alegre, RS: EDIPUCRS, 2017. Disponível em: https://editora.pucrs.br/anais/i-seminario-luso-brasileiro- de-educacao-inclusiva/assets/artigos/eixo-5/completo-17.pdf. Acesso em: 6 nov. 2022. VINCHA, K. R. R.; BÓGUS, C. M.; CERVATO-MANCUSO, A. M. Possibilidades de atuação profissional em grupos educativos de alimentação e nutrição. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, v. 24, e190028, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1590/Interface.190028. Acesso em: 6 nov. 2022. Aula 5 - Revisão da unidade A compreensão do trabalho inclusivo na escola e na clínica http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862015000300006&lng=pt&nrm=iso http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862015000300006&lng=pt&nrm=iso https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/15526/1/JVSC01122017.pdf https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/15526/1/JVSC01122017.pdf https://editora.pucrs.br/anais/i-seminario-luso-brasileiro-de-educacao-inclusiva/assets/artigos/eixo-5/completo-17.pdf https://editora.pucrs.br/anais/i-seminario-luso-brasileiro-de-educacao-inclusiva/assets/artigos/eixo-5/completo-17.pdf https://doi.org/10.1590/Interface.190028 O processo de intervenção é composto por várias etapas, sendo as duas principais a avaliação e a intervenção. A avaliação é a primeira fase, composta por: motivo da consulta, história vital, testagem, provas psicométricas, provas projetivas, provas específicas e análise do ambiente. Após a avaliação, temos a hipótese diagnóstica, a devolução diagnóstica e o tratamento e contrato. O tratamento e contrato é a última fase do processo, conhecida como intervenção (PAÍN, 1985). A hipótese diagnóstica é construída com base nos resultados da avaliação, para então ser apresentada ao paciente e à família na devolução diagnóstica. O parecer psicopedagógico apresentado nesta fase servirá como parâmetro na estruturação da intervenção. Ele deve “possibilitar o entendimento das especificidades e necessidades da criança, suas dificuldades, sua relação com o outro e com a aprendizagem, possibilitando delinear ações terapêuticas para atendimento dessas necessidades” (BATISTA; GONÇALVES; ANDRADE, 2015, p. 333). Nela, o processo de atendimento dependerá de onde essa criança será atendida, se na clínica ou na escola. No primeiro caso, a intervenção é individual com foco na criança. Já na intervenção escolar, o atendimento é coletivo, com base nos dados aferidos pela instituição. Em ambos os casos, o profissional psicopedagogo deve levar em consideração os processos de aprendizagem. Portanto, as ações são fundadas na multidisciplinaridade, inclusive, incluindo conhecimentos da neurociência. Para tanto, encaramos a aprendizagem como um processo complexo e não mera absorção de conteúdo, uma vez que existe uma “engrenagem por trás onde operações cerebrais, fisiológicas e psicológicas, ocorrem com o intuito de associar, combinar e organizar os estímulos recebidos do meio” (RODRIGUES, 2022, p. 14). Nos casos de psicopatologias, encontramos alterações cerebrais importantes e, durante as intervenções, algumas funções cerebrais precisam ser trabalhadas para melhora da performance cerebral. O tipo de disfunção pode ser de ordem acadêmica, de linguagem,atencional, perceptual motriz ou perceptual social. Ademais, múltiplas funções são afetadas pela psicopatologia apresentada. De acordo com Fonseca (2014), a aprendizagem é formada por uma tríade que envolve as capacidades: cognitiva, responsável pela absorção do conhecimento; conativa, envolvendo as emoções e a motivação; executiva, que instrumenta as ações relativas à cognição. Sendo assim, durante a intervenção, são criadas organizações, a fim de acompanhar o processo das aplicações das atividades. Por meio de observação atenta e das anotações, constroem-se os avanços dos déficits de aprendizagem detectados na avaliação. Podemos, por exemplo, utilizar o cone invertido de Pichon-Rivière, que divide a observação em grupos operativos: pertencimento, cooperação, pertinência, comunicação, aprendizagem e teledistância afetiva (GRASSI, 2021). Por fim, para cada observação, pode ser feito um tipo de registro diferente: anotações, fotografias, gravações de áudio ou vídeo, entre outros. Videoaula: Revisão da unidade A elaboração dos relatórios psicopedagógicos é importante para registro de todo o processo de atendimento. Eles aparecem tanto no final da fase de avaliação quanto de intervenção. Por isso, nesta aula, entenderemos, de maneira geral, como ambos são estruturados e quais são as principais etapas de cada um. Vamos lá? Estudo de caso Paulo é uma criança do sexo masculino, com 7 anos, que está matriculado no terceiro ano do ensino fundamental. Desde a entrada no ensino fundamental, a criança apresenta inúmeras dificuldades em diversas disciplinas, o que compromete diretamente no seu desempenho acadêmico. Seu irmão mais velho tem diagnóstico de deficiência intelectual leve, e ambos moram com a mãe e a avó, pois os pais são separados. O pai não tem relação próxima com os filhos, pois vive sozinho, em um local onde não é possível criar rotinas diárias que favoreçam a educação das crianças. A mãe relata que não houve intercorrências durante a gravidez e que seu desenvolvimento se apresenta normal. Paulo foi uma criança esperta e aprendeu as primeiras palavras muito cedo, além de que o seu comportamento familiar era muito amoroso e bem comportado. Ainda segundo a mãe, ela observa uma frequência na dificuldade em leitura e escrita, por vezes preguiçoso e com pouca iniciativa em tarefas que não prendem sua atenção. Na escola, Paulo está totalmente integrado ao ambiente da sala de aula. Demonstra inquietude e boa comunicação. A professora afirma que o aluno não demonstra interesse em tarefas envolvendo leitura e escrita. Para que ele faça as atividades, a docente precisa supervisioná- lo constantemente. Os testes psicométricos demonstram que Paulo possui quociente de inteligência um pouco abaixo da média, com destaque para a memória de trabalho e velocidade de processamento da informação. Ele demonstra preferência por tarefas de ordem gráfica ou visuais. A testagem de leitura e escrita demonstrou que o paciente possui dificuldades para identificar letras e segmentação fonológica, ler palavras e pseudopalavras e compreender a leitura. A psicopedagoga finaliza a hipótese diagnóstica como sendo transtorno específico de aprendizagem com prejuízo na leitura (Dislexia). Reflita Você é uma psicopedagoga institucional e recebeu o laudo de Paulo. Com base na hipótese diagnóstica apresentada pela psicopedagoga, estruture um processo de intervenção contemplando o coletivo. O Videoaula: Resolução do estudo de caso Para este caso, levaremos em conta a implementação da intervenção com o apoio do docente dentro da sala de aula. Primeiramente, implemente o agrupamento produtivo para favorecer o desempenho dos estudantes da turma de Paulo. O governo do estado de São Paulo, por meio de Secretaria de Educação, disponibilizou um material a respeito do tema, intitulado A organização dos http://www.escoladeformacao.sp.gov.br/portais/Portals/183/repositorios/biblioteca/Agrupamentos%20produtivos.pdf alunos para as situações de recuperação de aprendizagens: uma conversa sobre agrupamentos produtivos. Ademais, a partir desta percepção é importante que o professor dê atenção às flexibilizações de metodologia e estratégias, além de considerar o ritmo de trabalho individual dos estudantes com dificuldades de aprendizagem. Para estudantes com dificuldades de leitura, as comandas necessitam ser mais curtas, e as demandas, divididas. As atividades práticas servem como propulsoras do aprendizado, então permita a oportunidade de revisão e rememoração dos conteúdos através da aplicação de atividades inovadoras, variadas e sempre significativas para os alunos. Sendo assim, analise as etapas da intervenção, conforme vimos na Aula 16: Figura 1 | Sugestão de intervenção institucional/Fonte: elaborada pela autora. Desta forma, foque as ações com a ajuda da biblioteca, para que o estudante desenvolva as habilidades de leitura. Para isso, você pode desenvolver, dentre outras ações, um clube da leitura, no qual as crianças terão a oportunidade de realizar a leitura de diversos materiais diferentes: jornais, livros, histórias em quadrinhos etc. As demandas de leitura devem partir de todas as disciplinas e incentivar o empréstimo de livros. Sendo assim, você pode criar um cronograma, no qual estejam descritos os objetivos, a temporalidade e as atividades a serem realizadas: Quadro 1 | Cronograma do clube do livro Objetivo Atividade Tempo Local Criar o hábito de leitura Ler diferentes gêneros textuais Um semestre Biblioteca e sala de aula http://www.escoladeformacao.sp.gov.br/portais/Portals/183/repositorios/biblioteca/Agrupamentos%20produtivos.pdf http://www.escoladeformacao.sp.gov.br/portais/Portals/183/repositorios/biblioteca/Agrupamentos%20produtivos.pdf Estimular a capacidade criativa Construção de um jornal sobre meio ambiente Duas aulas Sala de aula Desenvolver a argumentação e compreensão textual Leitura e reconto Duas aulas Sala de aula e pátio Expor os materiais criados Exposição de recontos Uma aula Pátio Fonte: elaborado pela autora. As ações precisam ser constantes, a fim de atingir os objetivos elencados. Aconselhamos um reforço nas ações por parte da família, como continuidade do desenvolvimento das aprendizagens de sala de aula. Resumo Visual REFERÊNCIAS BATISTA, L. S.; GONÇALVES, B.; ANDRADE, M. S. de. Avaliação psicopedagógica de criança com alterações no desenvolvimento: relato de experiência. Revista Psicopedagogia, v. 32, n. 99, p. 326-335, 2015. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 84862015000300006&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 7 nov. 2022. FONSECA, V. da. Papel das funções cognitivas, conativas e executivas na aprendizagem: uma abordagem neuropsicopedagógica. Revista Psicopedagogia, v. 31, n. 96, p. 236-253, 2014. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 84862014000300002&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 31 out. 2022. GRASSI, T. M. Intervenção psicopedagógica: desatando nós, fazendo laços. Curitiba, PR: InterSaberes, 2021. PAÍN, S. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Porto Alegre, RS: Artmed, 1985. RODRIGUES, M. A. C. Contribuições do sistema nervoso central no processo de aprendizagem. Revista Cognitionis, v. 5, n. 2, p. 13-24, 2022. Disponível em: https://cognitioniss.org/2022/08/08/10-38087-2595-8801-150/. Acesso em: 23 out. 2022. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862015000300006&lng=pt&nrm=iso http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862015000300006&lng=pt&nrm=iso http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862014000300002&lng=pt&nrm=iso http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862014000300002&lng=pt&nrm=iso https://cognitioniss.org/2022/08/08/10-38087-2595-8801-150/Exercícios da Unidade 4 Transtornos Neurológicos, Psicopatologia e a Aprendizagem Questão 1 “As funções conativas, no seu aspecto mais positivo, pois encerram igualmente um aspecto negativo, dizem respeito em termos simples à motivação, às emoções, ao temperamento e à personalidade do indivíduo. [...] o comportamento humano é determinado por emoções, consideradas como a força principal de impulsos naturais que emanam do corpo e o impelem para a ação, disposições tônico-energéticas essas que visam a preservar a essência mais profunda do ser humano com a criação subsequente de sentimentos de si e dos outros.” (FONSECA, 2014, pp. 241-242) De acordo com as informações apresentadas na tabela a seguir, faça a associação funções conativas na Coluna A com suas respectivas descrições, apresentados na Coluna B. Coluna A Coluna B I. autogestão 1. capacidade de exercer controle sobre os eventos que acontecem na própria vida. II. autoconhecimento 2. capacidade de entender a si mesmo de maneira holística. III. autoeficácia 3. capacidade de gerenciar e controlar impulsos. IV. autocontrole 4. capacidade de manipulação das próprias emoções em determinadas situações. Assinale a alternativa que apresenta a associação CORRETA entre as colunas. • I - 2; II - 1; III - 4; IV - 3. • I - 4; II - 1; III - 2; IV - 3. • I - 4; II - 2; III - 1; IV - 3. • I - 1; II - 3; III - 2; IV - 4. • I - 3; II - 1; III - 4; IV - 2. Questão 2 “A psicopatologia é uma disciplina científica que estuda a doença mental em seus vários aspectos: suas causas, as alterações estruturais e funcionais relacionadas, os métodos de investigação e suas formas de manifestação (sinais e sintomas). Comportamento, cognição e experiências subjetivas anormais constituem as formas de manifestação das doenças mentais. [...] As psicopatologias explicativas [...] podem seguir uma orientação psicodinâmica (como a psicanálise), cognitiva, existencial, biológica ou social, entre outras. As psicopatologias descritivas [...] Possuem um caráter semiológico e propedêutico em relação à psiquiatria clínica.” (LUCIANO, 2022, s/p) Considerando as informações apresentadas, analise as afirmativas a seguir: I. As psicopatologias explicativas são baseadas em modelos teóricos. II. As psicopatologias descritivas são baseadas em experiências anormais relatadas pelos pacientes. III. Nas psicopatologias explicativas são esclarecidas as etiologias dos transtornos mentais. IV. As psicopatologias descritivas são verificadas através do comportamento. Considerando o contexto apresentado, é correto o que se afirma em: • II, III e IV, apenas. • I, III e IV, apenas. • I, II e III, apenas. • I, II e IV, apenas. • I, II, III e IV. Questão 3 “A psicopatologia é uma disciplina científica que estuda a doença mental em seus vários aspectos: suas causas, as alterações estruturais e funcionais relacionadas, os métodos de investigação e suas formas de manifestação (sinais e sintomas). Comportamento, cognição e experiências subjetivas anormais constituem as formas de manifestação das doenças mentais. [...] As psicopatologias explicativas [...] podem seguir uma orientação psicodinâmica (como a psicanálise), cognitiva, existencial, biológica ou social, entre outras. As psicopatologias descritivas [...] Possuem um caráter semiológico e propedêutico em relação à psiquiatria clínica.” (LUCIANO, 2022, s/p) Em um diagnóstico psicopedagógico institucional, faz-se necessário seguir algumas etapas. Em relação elas, a organização ideal é: 1. Descrição 2. Integração 3. Identificação 4. Oportunização Assinale a alternativa que apresenta a ordem correta das etapas do diagnóstico na psicopedagogia institucional: • 3 – 1 – 4 – 2. • 2 – 3 – 4 – 1. • 3 – 2 – 4 – 1. • 1 – 4 – 3 – 2. • 4 – 3 – 2 – 1. Questão 4 “Em cada um de nós, podemos observar uma particular ´modalidade de aprendizagem´, quer dizer, uma maneira pessoal para acercar-se ao objeto de conhecimento e para conformar seu saber. Tal modalidade se constrói desde o nascimento e, através dela, nos enfrentamos com a angústia inerente ao conhecer-desconhecer. Trata-se, portanto, de uma tensão entre o que se impõe como repetição/permanência de um modo anterior de relacionar-se e o que precisa mudar nesse modo de relacionar- se com o objeto de conhecimento, consigo mesmo como autor e com o outro ensinante.” (SORDI, 2009, p.305) De acordo com as informações apresentadas na tabela a seguir, faça a associação dos modelos de aprendizagem na Coluna A com suas respetivas descrições, apresentados na Coluna B. Coluna A Coluna B I. hipoassimilação 1. os esquemas mentais são prematuros na internalização da informação e ocorre uma inadequação na atenção, concentração e foco. II. hiperassimilação 2. o sujeito apresenta esquemas mentais pobres, não se motiva diante da informação apresentada e demonstra desinteresse. III. hiperacomodação 3. necessita de modelos uma vez que o sujeito tende a possuir dificuldade em relembrar experiências anteriores desencadeando a falta de autonomia e iniciativa. IV. hipoacomodação 4. contém esquemas mentais frágeis e o que gera dificuldade de internalização devido ao contato superficial com a informação. Assinale a alternativa que apresenta a associação CORRETA entre as colunas. • I - 2; II - 1; III - 4; IV - 3. • I - 4; II - 1; III - 2; IV - 3. • I - 4; II - 2; III - 1; IV - 3. • I - 1; II - 3; III - 2; IV - 4. • I - 3; II - 1; III - 4; IV - 2. Questão 5 “Muitas vezes, os educadores se deparam com estudantes que possuem hiperatividade e não sabem lidar com eles em sala de aula, fazendo um pré-julgamento e confundindo seu TDAH com mau comportamento, o que acaba prejudicando, de forma significativa, o processo de ensino - aprendizagem dos alunos. Este é considerado um fator preocupante, pois é no ambiente escolar que a maioria dos jovens tem contato com a leitura e a escrita, o que exige atenção e concentração. [...] Os jovens hiperativos são, frequentemente, imprudentes e impulsivos, sendo suas relações marcadas por uma ausência de inibição social, com falta de cautela e reservas. São impopulares com os outros e tendem a se isolar socialmente.” (MAIA, CONFORTIN, 2015, pp.74-75) Assinale a alternativa que apresenta corretamente as dificuldades de aprendizagem proeminentes em pessoas com TDAH. • planejamento, cumprimento de prazos, autocontrole • planejamento, cumprimento de prazos, controle das emoções • seguimento de regras, autocontrole, memória de curto prazo • planejamento, cumprimento de prazos, desenvolvimento da linguagem • seguimento de regras, autocontrole, desenvolvimento da linguagem
Compartilhar