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Síndromes hipertensivas na gestação Epidemiologia ➜ Distúrbios hipertensivos complicam de 12-22% das gestações ➜ Pré-Eclâmpsia ocorre em cerca de 2 a 8% de todas as gestações, e essa taxa é substancialmente maior na gravidez gemelar (14%) e em mulheres com história prévia de toxemia. Classificação ➜ American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG), em 2013 ↳ Hipertensão Gestacional ou Transitória ↳ Pré-Eclampsia ↳ Eclâmpsia ↳ Hipertensão Crônica ↳ Hipertensão Crônica com Pré-eclampsia Sobreposta H i p e r t e n s ã o g e s t a c i o n a l o u transitória ➜ Hipertensão que se desenvolve no final da gestação (após 20 semanas), mas sem a presença de critérios para Pré-Eclampsia (sem proteinúria) ➜ PA retorna aos níveis normais em até 12 semanas após o parto ➜ Diagnóstico Retrospectivo ↳ Não é possível saber se vai evoluir com uma pré-eclampsia, isso porque a pré- eclampsia pode iniciar dessa maneira. Por isso o diagnóstico é feito apenas quando acaba a gestação. REZENDE. Obstetrícia. 12ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. Hipertensão arterial crônica ➜ Estado hipertensivo (PA > 140/90 mmHg) presente antes do início da gestação ou diagnosticado antes de 20 semanas de gestação. ➜ Geralmente não está associado a proteinúria (salvo se já houver dano renal antes da gravidez). ➜ Persiste após 12 semanas após o parto!!! Hipertensão com pré-eclâmpsia sobreposta ➜ Hipertensão arterial crônica que se agrava em algumas gestantes, caracteristicamente após 24 semanas acompanhada de proteinúria ou alguma lesão de órgão alvo ↳ Paciente que tinha uma PA alta e ela começa a agravar a partir de 24 semanas ➜ Mulheres com HAC, especialmente quando graves, estão sujeitas a apresentar pré- eclâmpsia sobreposta em 10 - 25% das gestações ↳ Principalmente as pacientes de difícil controle, ou seja, que usa múltiplos anti- hipertensivos Pré eclâmpsia ➜ A eclâmpsia é uma complicação da pré eclampsia, mas como antes não conseguia-se fazer um diagnóstico, descobrindo que a doença vinha antes dessas complicações e por isso colocou-se o nome de pré eclâmpsia ➜ A pré eclâmpsia é uma doença da placenta e tudo o que ocorre aqui é devido à placenta. Então, o melhor tratamento é retirar a placenta ➜ É uma doença vascular e o vasoespasmo que a doença causa atinge praticamente todos os órgãos e para resolver, é preciso interromper a gravidez. Pode-se postergar, mas se complicar é preciso interromper. ➜ A proteinúria repercute com edema, logo a paciente com pré eclâmpsia apresenta além da PA alta, o corpo edemaciado ➜ Etiologia ↳ O estágio 1 é o da desregulação imunológica, resposta parcial da tolerância materna ao trofoblasto. ↪ Como se o corpo da mulher entendesse a formação da placenta como um corpo estranho e começa a atacar ↳ O estágio 2 caracteriza a placentação defeituosa, falha que impede a segunda onda de invasão trofoblástia. ↪ O trofoblasto ao invadir o endométrio e miométrio, a invasão comeca a ser defeituosa com artéria formada defeituosa, mudança de calibre, com isso não há circulação materno- fetal eficiente e com isso, há aumento da pressão para que haja uma circulação eficiente ↳ O estágio 3 é o da reação inflamatória materna sistêmica exaltada e o da disfunção endotelial, que conduzem ao diagnóstico clínico da pré-eclâmpsia – hipertensão e proteinúria. ↪ Resposta à placentação deficiente, em que há isquemia da placenta e começa a liberar toxinas, componentes que promovem um vasoespasmo general izado o qual é responsável por comprometer os múltiplos órgãos ↳ 2º estágio: Placentação defeituosa ↪ Teoria da invasão trofoblática: ➤ Na gravidez existe um fenômeno fisiológico que faz um alargamento das artérias espiraladas (vaso responsável por nutrir a placenta e o feto) ➔ 1ª onda – 6 - 12 semanas ➔ 2ª onda – 16 - 20 semanas ⇢ A placentação defeituosa ocorre na 2ª onda de invasão trofoblástica, por isso a pré eclâmpsia ocorre a partir de 20 semanas de gestação ➤ O segmento miometriaI das artérias espiraladas é consumido na segunda onda, entre a 16 a 20 semanas. Essas ondas acabam convertendo as artérias em vasos de baixa resistência, uma característ ica fisiológica da circulação uteroplacentária. ➔ O vaso que em uma gravidez normal tem alto calibre, na pré eclâmpsia tem calibre muito baixo que leva à menor resistência vascular, então o sangue precisa ter mais força para vencer a resistência ➤ A placentação defeituosa da 2ª onda de invasão trofoblástica, essa ausência reduz o diâmetro das artérias espiralaras em 40% do que uma gravidez normal ➤ Tem-se aumento da resistência placentária, ou seja, chega menos sangue na placenta ➤ Redução do fluxo de sangue que gera isquemia placentária ➤ Assim, a paciente com pré eclâmpsia fornece 40% menos sangue para a criança ↳ 3º estágio: Disfunção endotelial ↪ Repercussões sistêmicas ➤ A disfunção endotelial, tem-se o aumento da taxa de tromboxanos em relação à prostaglandinas e isso causa vasoconstrição e agregação placentária, sensibilização dos vasos, ação da angiotensina II e noradrenalina que vai causar vasoespasmo generalizado que vai contribuir para o distúrbio hipertensivo ➤ Agora aumenta-se a pressão para nutrir a criança e os órgãos vitais, pois os órgãos estão com os fluxos fechados ➤ Como há vasoespasmo generalizado tem- se várias alterações dos órgãos vitais ↪ Alterações cardiovasculares ➤ A resistência vascular periférica leva a hipertensão arterial e também ao um acréscimo significativo do trabalho cardíaco. ➤ ↓ Óxido nítrico ➤ ↓ Prostaciclinas ➤ ↑ Tromboxane A2 ↪ Alterações cardiopulmonares ➤ Fenômenos principais: ➔ ↑ Permeabilidade endotélio ➔ ↓ Pressão coloidosmótica ➤ E x t r a v a s a m e n t o f l u i d o s p a r a o extravascular: ➔ Edema ⇢ Edema agudo de pulmão ↪ Alterações renais ➤ Lesão característica: Endoteliose Capilar Glomerular: aumento do citoplasma das células com diminuição do espaço filtrante (diminuição da luz dos capilares). ➤ ↓ Fluxo plasmático renal ➤ ↓ Taxa de Filtração Glomerular ➤ ↑ Ácido Úrico (> 5,5 a 6,0 mg/dℓ) → marcador gravidade da doença ➤ ↑ Creatinina ➤ Endoteliose capilar glomerular ➔ Aumenta a permeabilidade para proteínas de alto peso molecular: ⇢ Albumina ⇢ Hemoglobina ⇢ Globulinas ⇢ Transferrina Tudo isso leva à proteinúria, que inclusive consiste em um critério diagnóstico ↪ Alterações hepáticas ➤ A lesão endote l ia l hepát ica pe lo vasoespasmo e depósito de fibrina leva a: ➔ Lesão isquêmica peri-portal ➔ Aumento do TGO/TGP ➔ Edema ou hemorragia ➔ Dor em quadrante superior esquerdo ➤ O dano hepático na toxemia varia de necrose hepatocelular leve, com alterações das enzimas hepáticas, à sindrome HELLP, com aumento das enzimas hepáticas e até sangramento subescapular ou rotura hepática. ↪ Alterações cerebrais ➤ A causa principal da lesão cerebral é a pressão de perfusão elevada (encefalopatia hipertensiva). Esse aumento da perfusão cerebral conduz ao “barotrauma” cerebral e edema vasogênico. ➤ AVE Hemorrágico (principal causa de morte materna): ➔ Edema ➔ Hipóxia ➔ Convulsão ↪ Alterações sanguíneas ➤ O desenvolvimento de trombocitopenia (plaquetas <100.000) é sinal de síndrome de HELLP, e pode acarretar hemorragia cerebral e hepática subcapsular. ➤ A causa da trombocitopenia parece ser a deposição acentuada das plaquetas nos locais de lesões endotelial. ➤ A ativação plaquetária determina liberação de TXA2, causadora de vasoespasmo, agregação plaquetária e mais locais de lesão endotelial. ↪ Repercussões fetais ➤ Crescimento intra-uterino restrito ➤ Oligodrâmia ➤ Óbito ↪ Alterações uteroplacentárias ➤ Circulação uteroplacentária está reduzida na toxemia de 40 a 60% ➤ Grandes infartos placentários (> 3 cm) ➤ Crescimento retardado da placenta; ➤Descolamento prematuro da placenta (1:20 casos) ➜ Tratamento ↳ Pré-eclampsia leve ↪ Na pré-eclâmpsia leve (e na hipertensão gestacional), deve-se realizar tratamento conservador até o feto atingir 37 semanas (ACOG, 2013) → O processo toxêmico só se cura com o parto. ↪ Trata-se a paciente a nível ambulatorial ↪ Mesmo normalizada a PA, após o desaparecimento da proteinúria e do edema, o feto está em perigo, pois a depuração placentária é 50% inferior à normal. ↪ Devem ser adotadas as seguintes medidas: ➤ Tratamento ambulatorial com consultas semanais (day care) ➤ Avaliação da sintomatologia materna para surpreender o agravamento da doença, e dos movimentos fetais (diariamente pela paciente), mensuração da pressão sanguínea (2 vezes/ semana) e contagem de plaquetas e enzimas hepáticas (semanalmente) (ACOG, 2013) ➤ Na hipertensão gestacional, deve-se realizar também a pesquisa de proteinúria (semanal) ➤ Ultrassonografia seriada visa diagnosticar o CIR e o Doppler da artéria umbilical, o sofrimento fetal ↳ Pré-eclampsia grave ↪ Internação de todas as gestantes em qualquer que seja a idade gestacional ↪ As medidas pertinentes são: ➤ Em caso de eclâmpsia ou síndrome HELLP, a paciente deve ser imediatamente transferida para centro de unidade intensiva. * Durante ou logo após a convulsão, deve-se evitar a lesão materna (protetor de língua e contenção física) e a aspiração de vômitos (decúbito lateral), assegurar vias respiratórias livres e suprir a oxigenação (8 a 10L de oxigênio sob máscara). ➤ Antes de interromper a gravidez, é fundamental estabilizar o quadro clínico por 4 a 6 h com o sulfato de magnésio. ➔ O sulfato de magnésio, para prevenir ou tratar a convulsão. ➔ A dose é de 4 a 6 g por via intravenosa, diluída em 100 mL de soro glicosado a 5%, em bolus de 20 min; depois, 1 a 2 g/h, para a manutenção. ➔ É fundamental observar alguns parâmetros clínicos que, uma vez ausentes, indicam a suspensão do medicamento: ⇢ Reflexo tendinoso presente (embora hipoativo) ⇢ Diurese > 25 a 30 mL/h ⇢ Frequência respiratória ≥ 16 movimentos/ min ➔ Em doses tóxicas, causa insuficiência respiratória e parada cardíaca. ➔ ANTÍDOTO: 1 a 2 g de gliconato de cálcio por via intravenosa , em cerca de 3 min. ➤ Tratamento da crise hipertensiva (pressão arterial ≥ 160/110) ➔ Hidralazina, 5 a 10 mg intravenosa a cada 20 min (dose máxima de 30 mg) ou nifedipina, 10 a 20 mg oral a cada 30 min (dose máxima de 50 mg em 1 h) (ACOG, 2012). ➔ O objetivo não é normalizar a pressão, mas mantê-la em níveis de 140 a 155/90 a 105 mmHg ➔ Não responsivos pode ser administrado o nitroprussiato de sódio (2 a 10 µg/kg/min) pelo menor tempo possível (até 4 h), pois a substância causa intoxicação pelo cianeto ➔ Em caso de edema agudo de pulmão, sugere-se o tratamento com furosemida intravenosa, sulfato de morfina intravenoso e ventilação assistida ➤ Pré-ec lâmpsia grave, ace i ta-se a interrupção da gravidez após 24 a 48 h de corticoide ➔ O corticoide é recomendado entre 24 a 34 semanas: ⇢ Betametasona: 12mg IM de 24/24h (2 doses) ⇢ Dexametasona: 6mg IM de 12/12h (4 doses) ➜ Predição ↳ A identificação de incisura bilateral no início da diástole, no Doppler das artérias uterinas no 2º trimestre da gestação (20 a 24 semanas), é sinal de toxemia, com valor preditivo positivo de 20% e valor preditivo negativo de quase 100%. ↳ A incisura traduz a ausência da 2ª onda de migração trofoblástica. ↳ O Doppler de uterinas no 1º trimestre (11 a 13 semanas) tem sido o mais valorizado, por atender aos apelos da prevenção ➜ Profilaxia ↳ Aspirina (ácido acetilsalicílico 100 mg/dia à noite) com início antes de 16 semanas, de p r e f e r ê n c i a a n t e s d e 1 2 s e m a n a s (NICE,2010/2012) e interrompida 5 dias antes do parto. ↳ Cálcio (1,5 – 2,0mg de carbonato de Cálcio) a partir da 12 semana de gestação até o fim da gestação, em áreas de baixa ingesta. Eclâmpsia ➜ É a presença de crises convulsivas, em u m a p a c i e n t e c o m p r é - e c l a m p s i a , descartando-se outras causas. ➜ Podem aparecer antes, durante ou após o parto (50% antes do parto, 50% entre o parto e puerpério). ➜ Apesar da maioria dos casos serem def lagrados até 48 horas depois do delivramento, a eclâmpsia pode ocorrer até 4 semanas após o parto. ➜ Sinais de Eminência de Eclâmpsia: ↳ Cefaleia ↳ Alterações visuais ↳ Epigastralgia ↳ Hiperreflexia ↳ Sonolência, alteração do nível de consciência Síndrome HELLP ➜ A síndrome HELLP é uma grave de pré eclampsia e costuma desenvolver-se de maneira repentina durante a gravidez e em cerca de 20% dos casos de pré-eclâmpsia grave. H = Hemolisys E = Elevated L = Liver (fígado) L = Low P = Platelets ➜ Diagnóstico laboratorial ↳ Presença de esquizócitos ↳ BT > 1,2mg% ↳ LDH > 600 UI/L ↳ TGO e/ou TGP >70 UI/L ↳ Plaquetas <100.000 plaq/mm3 Entidade Clínica que ocorre na PE ou Eclampsia, caracterizada por um conjunto de sinais e sintomas + Hemólise microangiopática + Aumento das Enzimas Hepáticas + Plaquetopenia ➜ Tratamento ↳ Igual ao da pré-eclampsia grave ↳ Ultrassonografia e TC selam o diagnóstico do hematoma subcapsular hepático. ↳ Em caso de CID, administra-se plasma fresco congelado e concentrado de hemácias; se a trombocitopenia for próxima de 20.000/ mm3, utilizam-se 6 a 10 unidades de concentrado de plaquetas, especialmente antes de cirurgia. Parto ➜ Opta-se pela operação cesariana, embora convenha lembrar que a indução pode ter bom êxito mesmo com o colo desfavorável. ➜ A cesárea é mandatória em fetos de menos de 1.500 g. ➜ Atualmente, opta-se pela anestesia neuroaxial (raquianestesia ou peridural) em mulheres cujo quadro clínico possibilite tempo suficiente de estabilização (ACOG, 2013), exceto na síndrome HELLP, quando há possibilidade de hematoma se a queda de plaquetas for inferior a 50.000 ou 75.000/mm3, quando se recomenda a anestesia geral. Conduta pós-parto ➜ Manter MgSO4 por 24h ➜ Monitorização rigorosa da diurese e dos DV ➜ Se necessário, iniciar ou associar (à nifedipina) captopril (dose inicial 25mg VO 12/12h – dose máxima 150mg/dia) ➜ A medicação pode ser descontinuada após 48 horas de níveis tensionais normais ➜ Repetir rastreamento de Hellp caso haja alterações laboratoriais prévias ou piora clínica ➜ Alta com PAD < 100mmHg, ausência de sintomas, rastreamento de HELLP síndrome normal ou tendendo à normalidade; ➜ Os anti-inflamatórios não esteroides (AINE) elevam a pressão sanguínea e, por isso, devem ser substituídos por outros analgésicos no pós-parto de mulheres toxêmicas (ACOG, 2013). ➜ Em geral mulheres com hipertensão gestacional tem sua PA normalizada na 1ª semana pós parto. Naquelas com pré- eclâmpsia, a hipertensão persiste por mais tempo. ➜ Depois da pré-eclâmpsia a PA pode levar até 12 semanas para retornar ao normal.
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