Buscar

Princípios do Paisagismo

Prévia do material em texto

NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 92 
E-mail:secretariaead@funec.br 
GRADUAÇÃO 
UNEC / EAD 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA 
DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO 
 
 
 
 
7 - PRINCÍPIOS BÁSICOS DO PAISAGISMO 
 
A composição paisagística se baseia em seis princípios fundamentais que es-
tão interligados: mensagem, equilíbrio, escala, dominância, harmonia e clímax. 
 
7.1 - A MENSAGEM - É PRECISO "DAR O RECADO" 
 
O princípio da mensagem é essencial para a comunicação entre o autor do 
projeto paisagístico e o usuário ou cliente. Um jardim pode estar repleto de plantas 
floridas e elementos decorativos, mas ainda assim não cativar as pessoas. Isso acon-
tece quando o autor não consegue transmitir a mensagem desejada, tornando o jardim 
visualmente atraente, mas sem significado ou apelo emocional. A mensagem visa 
despertar emoções específicas, como paz, amor, relaxamento, descanso, elevação 
espiritual, alegria, dinamismo, entre outras. 
Por exemplo, um jardim voltado para o lazer das crianças pode explorar cores 
vibrantes e alegres, transmitindo uma mensagem de alegria e vitalidade. Por outro 
lado, um jardim planejado para pessoas idosas, que buscam tranquilidade, pode utili-
zar tons suaves e elementos como espelhos d'água para transmitir sensações de re-
laxamento e descanso. 
É crucial que a composição do jardim leve em consideração as formas, textu-
ras, cores e linhas dos elementos presentes, visando provocar uma resposta emocio-
nal no observador. Não basta apenas agrupar plantas e elementos como se fossem 
peças arquitetônicas; é necessário que esses elementos transmitam uma sensação 
emotiva para evitar que o resultado final seja frio e sem expressividade. Quando uma 
forma ou cor é capaz de sugerir algo para o observador, isso deve ser aproveitado 
para contribuir com a mensagem global do projeto paisagístico. 
 
AULA 7 
 
 
NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 93 
E-mail:secretariaead@funec.br 
GRADUAÇÃO 
UNEC / EAD 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA 
DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO 
 
7.2 - O EQUILÍBRIO 
 
O princípio do equilíbrio desempenha um papel crucial na criação de uma pai-
sagem agradável aos olhos do observador. Mesmo para quem não possui experiência 
em arte, é perceptível que uma composição sem equilíbrio causa desconforto, indi-
cando que algo está fora de sintonia no jardim. O equilíbrio é responsável por propor-
cionar uma sensação de estabilidade visual e física em um elemento ou composição 
presente no campo de visão. 
O nome "equilíbrio" reflete precisamente esse princípio, comparando-o à ba-
lança de dois pratos. Quando os pesos são iguais, a balança permanece vertical. Da 
mesma forma, na paisagem, estamos constantemente equilibrando forças e pesos 
aparentes. Por exemplo, uma árvore frondosa pode parecer mais pesada visualmente 
do que uma palmeira. Ao posicionar uma de cada lado da paisagem, a sensação de 
peso pode inclinar-se para o lado da árvore frondosa. Portanto, é essencial buscar o 
equilíbrio ao compor o jardim, seja de forma formal (simétrica) ou informal (assimé-
trica), conforme ilustrado na Figura 1. 
Figura 1 – Tipos de equilíbrio encontrados nos jardins 
 
Fonte: Lira Filho (2002) 
Além disso, o equilíbrio não se limita apenas à distribuição física dos elementos 
no espaço, mas também envolve equilibrar cores, texturas e formas para criar uma 
 
 
NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 94 
E-mail:secretariaead@funec.br 
GRADUAÇÃO 
UNEC / EAD 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA 
DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO 
 
harmonia visual. Esse princípio ajuda a garantir que a paisagem transmita uma sen-
sação de ordem e estabilidade, contribuindo para uma experiência agradável e equi-
librada para quem a observa. 
O princípio do equilíbrio regula a estabilidade visual entre os pesos dos ele-
mentos e massas dos componentes, compensando-se de forma mais ou menos regu-
lar. O equilíbrio formal busca igualdade de pesos ao redor de um centro, foco ou eixo, 
enquanto o equilíbrio informal distribui pesos desiguais no jardim. 
A distribuição dos pesos visuais dos elementos define o equilíbrio da composi-
ção, influenciando significativamente o dinamismo visual. Composições dinâmicas, 
geralmente com equilíbrio assimétrico, são mais contrastantes, vivas e quentes, trans-
mitindo movimento e energia. Por outro lado, composições com menor dinamismo e 
equilíbrio mais simétrico são mais frias, relaxantes e estáveis visualmente. 
Historicamente, o jardim clássico ou formal, exemplificado pelos jardins do an-
tigo Egito ou do estilo francês, caracteriza-se pela rigidez de formas, traçado geomé-
trico e simetria. Esse estilo funcionava como um quadro estático, mesmo com elemen-
tos vivos, e é ainda presente em muitas áreas urbanas e residenciais. 
É importante considerar que manter um equilíbrio formal (simétrico) requer 
atenção detalhada, como controlar o crescimento das plantas para manter a forma 
desejada. Já o equilíbrio assimétrico, embora demande planejamento cuidadoso, 
pode ser menos trabalhoso em termos de manutenção. 
Ao distribuir elementos no jardim, em torno de um ponto central de interesse, é 
recomendado posicioná-los de forma central (simétrica) ou deslocada do centro (as-
simétrica), ou experimentar combinações variadas para alcançar o equilíbrio da com-
posição. Uma técnica prática é colocar os principais elementos nos pontos de interse-
ção das linhas que dividem o campo visual em terços iguais na horizontal e vertical, 
conforme ilustrado na Figura 2. 
 
 
NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 95 
E-mail:secretariaead@funec.br 
GRADUAÇÃO 
UNEC / EAD 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA 
DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO 
 
Figura 2 – Como distribuir os elementos do jardim em torno de um elemento central 
 
Fonte: Lira Filho (2002) 
 
7.3 - A ESCALA 
 
O princípio da escala concentra a atenção do paisagista na harmonia entre as 
distâncias e medidas verticais e horizontais na paisagem. Essa harmonia é fundamen-
tal para transmitir aos usuários da paisagem sensações de amplitude ou confina-
mento, dependendo da disposição dos elementos no espaço. 
A figura 3 mostra que o distanciamento é um elemento essencial a ser consi-
derado no princípio da escala, especialmente no que diz respeito às plantas a serem 
utilizadas no projeto. Além disso, a escala também influencia a percepção do tamanho 
dos elementos em relação ao ambiente ao redor, criando uma sensação de proporção 
e equilíbrio visual. 
É importante ressaltar que a escala não se limita apenas às dimensões físicas 
dos elementos, mas também inclui a escala humana, ou seja, como as pessoas inte-
ragem e se sentem em relação ao ambiente criado. Isso envolve considerar a altura 
das plantas, o tamanho das estruturas e o espaçamento entre elementos para garantir 
uma experiência confortável e agradável para quem utiliza o espaço paisagístico. 
 
 
 
NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 96 
E-mail:secretariaead@funec.br 
GRADUAÇÃO 
UNEC / EAD 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA 
DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO 
 
Figura 3 – O distanciamento entre troncos das árvores, dependendo da escala, cria 
diferentes sensações de liberdade ou enclausuramento. 
 
 Fonte: Macedo (1989) 
 
Portanto, ao trabalhar com o princípio da escala, o paisagista busca criar uma 
composição visualmente equilibrada e proporcional, que transmita as sensações de-
sejadas aos usuários da paisagem. 
Ao projetaráreas cobertas pelas copas das árvores em um jardim, é comum 
que paisagistas iniciantes concentrem sua atenção apenas nessa parte do projeto, 
esquecendo-se da importância do espaço entre os troncos para a circulação das pes-
soas. Isso ocorre devido a uma visão tridimensional limitada do espaço a ser proje-
tado, onde as árvores são vistas convencionalmente como cobertura, sem considerar 
adequadamente a experiência do usuário, que sempre interage com os planos verti-
cais representados pelos troncos. 
A falta de percepção do distanciamento entre os troncos pode resultar em difi-
culdades de circulação e em áreas de sombra mais extensas, o que pode transmitir 
uma sensação de clausura e ambiente fechado. Portanto, é essencial que o paisagista 
leve em conta não apenas a função estética das árvores como cobertura, mas também 
a experiência do usuário ao caminhar pelo jardim. 
 
 
NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 97 
E-mail:secretariaead@funec.br 
GRADUAÇÃO 
UNEC / EAD 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA 
DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO 
 
Ao planejar o posicionamento das árvores, deve-se considerar o espaço neces-
sário para a circulação das pessoas, evitando agrupamentos muito próximos que pos-
sam dificultar o trânsito e criar áreas sombreadas excessivas. Além disso, é impor-
tante pensar na disposição dos troncos de forma a criar uma sensação de abertura e 
fluidez no ambiente, proporcionando uma experiência agradável e convidativa para os 
usuários do espaço paisagístico. 
 
7.4 - A DOMINÂNCIA 
 
O princípio da dominância na paisagem ou jardim diz respeito à presença de 
elementos que se destacam em tamanho, cor, forma ou textura em relação aos de-
mais. Essa dominância pode ser natural, quando é resultado das características in-
trínsecas de uma peça sobre outra (por exemplo, uma árvore florida se sobressaindo 
em relação a outra sem flores), ou induzida, quando é criada por meio de técnicas 
paisagísticas específicas. 
Mas como podemos induzir um elemento do jardim a dominar a paisagem? 
Uma abordagem é trabalhar com formas discordantes das demais, o suficiente para 
conferir dominância a esse elemento. Além da forma, a dominância na composição 
paisagística pode ser alcançada através da linha, textura e cor (ver Figuras 4 e 5). No 
entanto, esse processo é guiado por princípios como contraste e analogia, ritmo e 
sequência, eixo e convergência, codominância e moldura. 
Por exemplo, o uso de plantas com folhagens de cores vibrantes em meio a 
outras de tons mais suaves pode criar um contraste que destaca o elemento domi-
nante. Da mesma forma, uma linha de árvores posicionadas de forma convergente 
em direção a um ponto focal pode induzir a dominância desse ponto na paisagem. 
Essas técnicas, quando aplicadas com cuidado e considerando os princípios da com-
posição paisagística, podem criar efeitos visuais interessantes e destacar elementos 
específicos de forma harmoniosa dentro do ambiente. 
 
 
NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 98 
E-mail:secretariaead@funec.br 
GRADUAÇÃO 
UNEC / EAD 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA 
DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO 
 
Figura 4 Dominância por forma 
 
Fonte: Lira Filho (2002) 
 
Figura 5 Dominância por linha 
 
Fonte: Lira Filho (2002) 
 
 
7.5 - CONTRASTE E ANALOGIA 
 
O contraste na composição paisagística é alcançado ao confrontar elementos 
opostos em termos de linha (horizontal x vertical), forma (redondo x quadrado), textura 
(grosseiro x liso) ou cor (azul x amarelo). Por outro lado, a analogia é obtida ao juntar 
elementos com características mais semelhantes em linha (vertical + inclinada), forma 
(redondo + oval), textura (fino + liso) e cor (azul + ciano). A interação entre contrastes 
e analogias estabelece a hierarquia dos elementos na composição. 
Ao criar um fundo na paisagem, podemos destacar determinados elementos do 
jardim por meio do contraste com esse fundo. Esse destaque é obtido quando o fundo 
diferenciado permite uma visualização clara do elemento principal conforme desejado. 
 
 
NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 99 
E-mail:secretariaead@funec.br 
GRADUAÇÃO 
UNEC / EAD 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA 
DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO 
 
Portanto, se o objetivo é enfatizar certas características de uma estrutura ou 
elemento na paisagem em relação ao entorno, é necessário buscar situações na pai-
sagem que proporcionem o contraste desejado, como a topografia do terreno ou a 
cobertura vegetal existente, entre outros elementos. 
Quando as pessoas observam uma paisagem, fazem uma análise dos elemen-
tos que a compõem. Essa análise visual envolve a identificação de elementos seme-
lhantes agrupados e a percepção de contrastes que destacam elementos individuais. 
Assim, a leitura visual da paisagem é uma leitura de contrastes, mesmo quando os 
elementos são semelhantes, pois é possível identificar cada elemento como único 
dentro do conjunto. 
 
7.6 - RITMO E SEQUÊNCIA 
 
O princípio do ritmo e sequência na composição paisagística diz respeito à or-
ganização dos elementos de forma a guiar a visão do observador para pontos espe-
cíficos que são os focos de interesse. A repetição de formas e cores em intervalos 
regulares pode direcionar o olhar do observador de um ponto focal para o próximo de 
maneira sequencial. No entanto, é importante tomar cuidado para evitar a monotonia, 
a fadiga visual ou a irritação devido ao excesso de repetições. 
Para criar um ritmo visual agradável e eficaz, é necessário variar sutilmente as 
formas e cores repetidas, mantendo a coesão e harmonia da composição. Isso ajuda 
a manter o interesse do observador ao longo do percurso visual, criando uma experi-
ência dinâmica e envolvente no jardim. 
Além disso, a sequência dos elementos pode ser utilizada para contar uma his-
tória ou destacar pontos de interesse ao longo do percurso, criando uma narrativa 
visual que envolve e cativa quem percorre o espaço paisagístico. Assim, o ritmo e a 
sequência são ferramentas poderosas para criar uma experiência sensorial agradável 
e estimulante na paisagem. 
 
 
 
 
 
NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 100 
E-mail:secretariaead@funec.br 
GRADUAÇÃO 
UNEC / EAD 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA 
DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO 
 
7.7 - EIXO E CONVERGÊNCIA 
 
Um elemento importante na composição paisagística é a utilização de eixos 
para direcionar o olhar do observador para pontos específicos que contêm elementos 
dominantes. Esse recurso é comumente empregado no paisagismo para destacar 
componentes importantes do jardim, criando uma sensação de ordem e harmonia vi-
sual. 
Além disso, a convergência de vários eixos pode ser explorada para conduzir 
o olhar para obras de arte ou monumentos artificiais estrategicamente posicionados 
na paisagem (ver Figura 6). Essa técnica é eficaz para criar um ponto focal forte e 
atrativo, que se destaca no contexto geral do ambiente paisagístico. 
Ao trabalhar com eixos e convergência, o paisagista pode criar uma experiência 
visual envolvente e direcionada, conduzindo o observador por um percurso visual pla-
nejado que enfatiza elementos-chave e promove uma interação significativa com o 
espaço paisagístico. 
Figura 6 – Convergência de eixos conduzindo a uma escultura 
 
Fonte: Lira Filho (2002) 
 
 
7.8 - CODOMINANCIA 
 
A codominância na composição paisagística refere-se à disposição hierárquica 
dos elementos do jardim, resultando em uma graduação das peças que conduz ao 
elemento central, o qual é dominante. Nesse contexto,os demais elementos que se 
 
 
NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 101 
E-mail:secretariaead@funec.br 
GRADUAÇÃO 
UNEC / EAD 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA 
DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO 
 
voltam para o principal demonstram uma codominância, à medida que se aproximam 
do elemento dominante. 
Quando bem planejada, a codominância pode realçar a dominância do ele-
mento central, destacando-o e enfatizando sua importância na paisagem. No entanto, 
se não for cuidadosamente executada, a codominância pode dispersar a atenção e 
até mesmo anular a dominância pretendida, tornando-se um elemento distrativo. 
Portanto, é essencial considerar a relação entre os elementos e sua disposição 
espacial para garantir que a codominância contribua para a harmonia e equilíbrio da 
composição, ressaltando os pontos de interesse de forma eficaz e coerente. 
 
7.9 - MOLDURA 
 
Na ambientação de praças, é comum dedicar espaço a bustos de personalida-
des históricas como forma de homenagem. Essas esculturas, por sua importância, 
naturalmente se destacam na paisagem. Para reforçar essa dominância, é frequente 
utilizar uma moldura na base dessas peças. Essa técnica também pode ser aplicada 
a outros elementos do jardim, como canteiros, cascatas, lagos, esculturas e constru-
ções. O objetivo é realçar o componente emoldurado sem competir com ele visual-
mente. 
Entretanto, vários fatores podem interferir na dominância planejada e afetar os 
efeitos desejados no jardim. Estes incluem o movimento, as variações das estações 
do ano e do clima, a posição do observador, o momento da observação e a escala 
dos elementos. 
No contexto paisagístico, elementos em movimento captam naturalmente a 
atenção. O paisagista pode explorar esse dinamismo incluindo fontes, cascatas, ria-
chos e outros elementos que gerem movimento. Porém, é importante considerar que 
movimentos não planejados, como pessoas, veículos ou condições climáticas como 
chuva e vento, podem desviar de maneira indesejada a atenção do observador, cau-
sando distrações que diminuem a dominância dos elementos principais. 
As mudanças ao longo das estações do ano e ao longo do dia, devido ao clima 
e à luz solar, também influenciam a percepção da paisagem. Além disso, a dominância 
dos elementos pode variar de acordo com o ângulo de visão do observador, sendo 
 
 
NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 102 
E-mail:secretariaead@funec.br 
GRADUAÇÃO 
UNEC / EAD 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA 
DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO 
 
necessário planejar cuidadosamente os pontos de vista para manter a hierarquia de 
dominância desejada. 
Em resumo, a dominância na composição paisagística é influenciada por diver-
sos fatores, incluindo a presença de elementos em movimento, mudanças climáticas, 
ângulo de visão do observador e escala dos objetos. O planejamento cuidadoso con-
sidera esses aspectos para garantir a eficácia da dominância dos elementos na pai-
sagem. 
 
7.10 - A HARMONIA 
 
No paisagismo, a harmonia reside na combinação dos elementos que com-
põem a paisagem, desde o piso vegetal até as árvores de grande porte, passando 
pelos elementos naturais e arquitetônicos. Cada componente deve se integrar de 
forma coesa, criando uma atmosfera equilibrada e agradável. 
É importante considerar a proporção dos elementos no jardim, pois plantas 
muito grandes para o espaço podem causar uma sensação de confusão visual ou 
fazer com que a casa pareça "perdida" entre a vegetação. Da mesma forma, um único 
elemento desproporcional, como uma árvore, pode distorcer a percepção do tamanho 
da casa. Portanto, a proporção adequada contribui para o equilíbrio da paisagem e 
evita a desarmonia visual (Figura 7). 
Figura 7 Exemplos de proporção na paisagem, influindo na harmonia. 
 
Fonte: Lira Filho (2002) 
 
 
 
NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 103 
E-mail:secretariaead@funec.br 
GRADUAÇÃO 
UNEC / EAD 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA 
DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO 
 
Além da proporção, outros princípios como unidade, variedade, ritmo, sequên-
cia e contraste também desempenham um papel importante na criação de uma pai-
sagem harmoniosa. É a combinação equilibrada desses elementos que resulta em 
uma composição paisagística agradável aos olhos e que transmite uma sensação de 
equilíbrio e bem-estar. 
 
7.10.1 - E que todos sejam um 
 
O paisagista trabalha para imprimir no jardim uma beleza e harmonia próprias, 
reveladas quando todos os componentes estão em unidade. Apesar da diversidade 
de elementos naturais e arquitetônicos que compõem um jardim, é necessário cuidar 
para que haja uma agregação harmônica e ordenada. A variedade dos componentes 
evita a monotonia, mas o excesso pode gerar confusão visual e prejudicar a harmonia 
desejada. 
Cada elemento do jardim tem seu valor individual, mas quando combinados 
corretamente, formam um conjunto harmonioso em que nenhum elemento sobra ou 
falta sem alterar radicalmente o equilíbrio e a estruturação. A harmonia na composição 
paisagística significa que todos os elementos pertencem ao mesmo conjunto, criando 
uma sensação de unidade e coesão. Essa harmonia é alcançada não apenas pela 
soma dos elementos, mas pela interação entre eles e pelo uso inteligente de princípios 
estéticos, resultando em uma composição visualmente agradável e equilibrada. 
 
7.10.2 - Mantendo-se as devidas proporções 
 
Os elementos de uma paisagem estão intrinsecamente ligados à proporção, 
sendo essa relação fundamental para agradar aos olhos do observador. Qualquer 
quebra nessa proporção pode alterar drasticamente a percepção visual da paisagem. 
Por exemplo, imagine uma palmeira real sendo implantada em frente a uma casa com 
um terreno pequeno; a desproporção resultante entre a pequena casa e a palmeira 
cria uma cena visual desconexa. 
Manter uma articulação harmoniosa entre as partes e o todo, dentro de uma 
relação de escala adequada, garante uma distribuição proporcional dos elementos no 
 
 
NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 104 
E-mail:secretariaead@funec.br 
GRADUAÇÃO 
UNEC / EAD 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA 
DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO 
 
jardim. O princípio da proporção é uma ferramenta poderosa para criar efeitos visuais 
interessantes, independentemente do tamanho do jardim. 
Uma técnica comum é usar a gradação em dimensões dos elementos para criar 
ilusões de distanciamento. Por exemplo, ao posicionar plantas de tamanhos gradati-
vamente menores à medida que o espaço se afasta do observador, cria-se a impres-
são de distâncias maiores, ampliando visualmente o ambiente. O oposto também é 
válido: começando com tamanhos menores e aumentando gradualmente, cria-se a 
ilusão de distâncias menores. 
Além disso, o alinhamento de elementos de mesmo porte pode gerar a impres-
são de redução de tamanho à medida que se afastam, contribuindo para a sensação 
de profundidade e perspectiva no jardim (Figura 8). Essas técnicas de proporção são 
recursos valiosos para criar composições visuais dinâmicas e agradáveis aos olhos. 
Figura 8 – Impressão de redução de espaço através de plantas do mesmo porte. 
 
Fonte: Lira Filho (2002) 
 
 
7.10.3 - Imprimindo um certo ritmo na paisagem 
 
O ritmo na paisagem é gerado pela maneira como nossos olhos percorrem a 
composição, influenciado pela velocidade e pelas semelhanças entre os elementos. 
Essa ritmia é essencial para criar harmonia visual e coesão na paisagem. 
Para estabelecer o ritmo, é importante criar uma certa repetição de elementos 
semelhantes,sejam eles objetos, plantas, cores, texturas ou formas. Essa repetição 
 
 
NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 105 
E-mail:secretariaead@funec.br 
GRADUAÇÃO 
UNEC / EAD 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA 
DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO 
 
cíclica de um mesmo elemento na composição da paisagem ajuda a guiar o olhar do 
observador de forma fluída e coerente (Figuras 9 e 10). 
Figura 9 – Ritmo com repetição simples. 
 
Fonte: Lira Filho (2002) 
 
Figura 10 – Ritmo com repetição de grupo. 
 
Fonte: Lira Filho (2002) 
 
Ao imprimir um ritmo na paisagem, o paisagista cria uma experiência visual 
agradável e coesa, onde os elementos se relacionam de maneira harmoniosa, man-
tendo a atenção do observador e proporcionando uma sensação de fluidez e continui-
dade. Essa prática contribui significativamente para a qualidade estética e funcional 
da composição paisagística. 
Para criar ritmo na paisagem, é suficiente repetir elementos semelhantes. Esse 
ritmo pode variar desde uma alameda simples e simétrica até um conjunto de árvores 
espaçadas de forma livre, sendo de espécies diferentes, mas compartilhando carac-
terísticas comuns, como a cor da floração ou o tipo de folha. Ao observar com um 
pouco mais de atenção, percebe-se que o ritmo na natureza não segue padrões rígi-
dos, como se vê em praias diferentes, cada uma com sua singularidade. 
 
 
NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 106 
E-mail:secretariaead@funec.br 
GRADUAÇÃO 
UNEC / EAD 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA 
DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO 
 
Para evitar a monotonia na repetição de elementos, é sugerido introduzir mu-
danças na continuidade em pontos específicos da sequência. Essas mudanças, co-
nhecidas como ênfase, são fundamentais para articular as partes da composição pai-
sagística. A ênfase permite que haja variação dentro de uma estrutura equilibrada, 
rítmica e unificada. Ela representa uma quebra na continuidade, seja na direção da 
circulação ou visão, na utilização de uma área ou em suas proximidades, ou ainda 
nas características do espaço. Em resumo, a ênfase traz a mudança necessária para 
evitar que a paisagem se torne monótona. 
 
7.10.4 - Tipos de harmonia 
 
A harmonia em um jardim é uma interrelação equilibrada entre os elementos 
que compõem o espaço, e isso é alcançado através de três tipos principais de harmo-
nia: de estilo, de proporções e de expressão. 
• A harmonia de estilo refere-se à consistência estética dentro do contexto 
cultural e histórico. Por exemplo, um jardim de estilo europeu clássico 
teria uma desarmonia visual se apresentasse plantas tropicais exóticas, 
pois estas não são típicas desse estilo. A mistura de plantas de climas 
contrastantes também pode levar a uma incoerência estilística. 
• A harmonia de expressão está relacionada com a atmosfera e o senti-
mento que o jardim pretende transmitir aos usuários. Se a intenção é 
criar um ambiente rústico, todos os elementos, desde os materiais de 
construção até as plantas escolhidas, devem refletir essa rusticidade. 
Uma quebra nessa coerência pode resultar em desarmonia na experiên-
cia percebida pelo observador. 
• Quanto à harmonia de proporção, trata-se da relação equilibrada entre 
os elementos individuais e o todo. Isso envolve a distribuição harmoni-
osa dos elementos em termos de tamanho, forma e posição no espaço, 
evitando uniformidade excessiva que cause monotonia ou disparidade 
que gere confusão visual. 
 
 
NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 107 
E-mail:secretariaead@funec.br 
GRADUAÇÃO 
UNEC / EAD 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA 
DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO 
 
Para ilustrar a importância desses conceitos, podemos usar o exemplo de uma 
sala de estar onde a harmonia é perturbada pela mistura de móveis de estilos diver-
sos. Da mesma forma, no contexto paisagístico, é fundamental estabelecer uma hie-
rarquia entre os elementos, com um motivo principal que guie a composição e mante-
nha a harmonia visual. 
 
7.10.5 - Qual o ideal de harmonia? 
 
O ideal de harmonia em um jardim é alcançado através de um equilíbrio cuida-
doso entre os elementos. Embora haja uma diversidade de abordagens na composi-
ção paisagística, é essencial manter a simplicidade como um princípio fundamental. 
No processo de criação de um jardim, é comum sentir a tentação de adicionar 
muitos elementos para criar impacto. No entanto, essa abordagem excessiva pode 
levar à falta de harmonia no projeto. Estabelecer relações significativas entre nume-
rosos elementos pode ser desafiador, especialmente para iniciantes. Portanto, a sim-
plicidade é crucial na elaboração do projeto. 
Para desenvolver essa capacidade de criar com simplicidade, é importante que 
o paisagista exercite uma visão crítica e busque inspiração em seu ambiente, através 
da leitura e da participação em cursos de paisagismo. Isso ajudará o profissional a 
desenvolver sua própria linguagem paisagística e a criar jardins esteticamente agra-
dáveis. 
O equilíbrio entre formalidade e informalidade é um ponto chave na busca pela 
harmonia. Evitar excessos de desordem ou rigidez é fundamental para manter o con-
trole sobre os elementos utilizados. A busca pelo meio-termo na composição paisa-
gística é aconselhável, pois permite a criação de uma estrutura visual equilibrada e 
agradável. 
Além disso, é essencial estabelecer harmonia tanto internamente, entre as di-
ferentes peças do jardim, quanto externamente, de modo que o jardim se integre de 
forma coesa ao ambiente ao redor. Essa harmonia interna e externa contribui para a 
criação de um ambiente paisagístico harmonioso, equilibrado e distintivo. 
 
 
 
NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 108 
E-mail:secretariaead@funec.br 
GRADUAÇÃO 
UNEC / EAD 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA 
DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO 
 
7.11 - O CLÍMAX DA PAISAGEM 
 
O clímax de uma paisagem ou jardim é o ponto focal que proporciona ao es-
pectador uma sensação de satisfação e realização ao contemplar o ambiente. É um 
elemento intrínseco que capta a atenção e desperta admiração e prazer. 
Esse clímax pode ser representado por um centro de interesse, um destaque 
visual que prende a pessoa que usufrui da paisagem por alguns instantes. Em paisa-
gens rodoviárias, por exemplo, pode ser uma árvore frondosa ou uma formação ro-
chosa conhecida, que o viajante aguarda com expectativa ao dobrar uma curva na 
estrada. Já em paisagens urbanas ou jardins, o clímax pode ser criado por caminhos 
sinuosos que conduzem o observador a uma surpresa visual agradável. 
A escolha e o posicionamento estratégico desse elemento são fundamentais 
para criar um clímax eficaz na paisagem. Ele não apenas atrai o olhar, mas também 
proporciona uma experiência sensorial significativa, tornando a observação do ambi-
ente mais cativante e enriquecedora. 
É importante considerar que vários pontos de interesse de igual relevância vi-
sual podem causar confusão e distração para quem observa uma paisagem. Portanto, 
é essencial planejar cuidadosamente o número de focos de interesse visíveis de cada 
ponto de vista. Uma sugestão é ter uma variedade de focos, ocultando parcialmente 
alguns deles ou criando centros de menor destaque. Essa graduação de pontos de 
interesse tornará a paisagem mais intrigante, envolvendo o espectador em uma expe-
riência visual cativante e estimulante. Além disso, a prioridade dos pontos de interesse 
pode variar conforme a iluminação, o percurso proposto ao observador ou a sua posi-
ção. 
É válido mencionar que em algumas obras de artistasrenomados, incluindo 
paisagistas, podem ser encontradas exceções aos princípios tradicionais. No entanto, 
essas ousadias são geralmente realizadas por artistas experientes, com conheci-
mento sólido dos princípios estéticos e com a intenção consciente de experimentar 
novas abordagens. Um iniciante no paisagismo deve ter cautela com essas aborda-
gens ousadas, pois podem levar ao fracasso. 
 
 
 
 
NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 109 
E-mail:secretariaead@funec.br 
GRADUAÇÃO 
UNEC / EAD 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA 
DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vá no tópico, 
VÍDEO COMPLEMENTAR em sua sala virtual e acesse : 
Importância e Funções do Paisagismo 
 
 
 
NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 110 
E-mail:secretariaead@funec.br 
GRADUAÇÃO 
UNEC / EAD 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA 
DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO 
 
Bibliografia 
BARATA, E. Jardim, Território de Cultura. Editora Flor da Terra. 2018 
BROOKES, J. Design de Jardins. Editora Arte Verde. 2008 
LIRA FILHO, J. A. Paisagismo: elementos de composição e estética. Aprenda Fácil 
Editora. 2002 
MACEDO, S. S. Plano de massas – um instrumento para o desenho da paisagem. 
São Paulo: FAUUSP, 1989 
MIYAGI, S. Estética do Paisagismo. Editora Natureza Viva. 2013 
TELLES, O. M. Arte do Paisagismo. Editora Verdejante. 2015 
VAN VALKENBURGH, M. Princípios de Paisagismo em Jardins. Editora Paisagem. 
2010

Continue navegando