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NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 92 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO 7 - PRINCÍPIOS BÁSICOS DO PAISAGISMO A composição paisagística se baseia em seis princípios fundamentais que es- tão interligados: mensagem, equilíbrio, escala, dominância, harmonia e clímax. 7.1 - A MENSAGEM - É PRECISO "DAR O RECADO" O princípio da mensagem é essencial para a comunicação entre o autor do projeto paisagístico e o usuário ou cliente. Um jardim pode estar repleto de plantas floridas e elementos decorativos, mas ainda assim não cativar as pessoas. Isso acon- tece quando o autor não consegue transmitir a mensagem desejada, tornando o jardim visualmente atraente, mas sem significado ou apelo emocional. A mensagem visa despertar emoções específicas, como paz, amor, relaxamento, descanso, elevação espiritual, alegria, dinamismo, entre outras. Por exemplo, um jardim voltado para o lazer das crianças pode explorar cores vibrantes e alegres, transmitindo uma mensagem de alegria e vitalidade. Por outro lado, um jardim planejado para pessoas idosas, que buscam tranquilidade, pode utili- zar tons suaves e elementos como espelhos d'água para transmitir sensações de re- laxamento e descanso. É crucial que a composição do jardim leve em consideração as formas, textu- ras, cores e linhas dos elementos presentes, visando provocar uma resposta emocio- nal no observador. Não basta apenas agrupar plantas e elementos como se fossem peças arquitetônicas; é necessário que esses elementos transmitam uma sensação emotiva para evitar que o resultado final seja frio e sem expressividade. Quando uma forma ou cor é capaz de sugerir algo para o observador, isso deve ser aproveitado para contribuir com a mensagem global do projeto paisagístico. AULA 7 NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 93 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO 7.2 - O EQUILÍBRIO O princípio do equilíbrio desempenha um papel crucial na criação de uma pai- sagem agradável aos olhos do observador. Mesmo para quem não possui experiência em arte, é perceptível que uma composição sem equilíbrio causa desconforto, indi- cando que algo está fora de sintonia no jardim. O equilíbrio é responsável por propor- cionar uma sensação de estabilidade visual e física em um elemento ou composição presente no campo de visão. O nome "equilíbrio" reflete precisamente esse princípio, comparando-o à ba- lança de dois pratos. Quando os pesos são iguais, a balança permanece vertical. Da mesma forma, na paisagem, estamos constantemente equilibrando forças e pesos aparentes. Por exemplo, uma árvore frondosa pode parecer mais pesada visualmente do que uma palmeira. Ao posicionar uma de cada lado da paisagem, a sensação de peso pode inclinar-se para o lado da árvore frondosa. Portanto, é essencial buscar o equilíbrio ao compor o jardim, seja de forma formal (simétrica) ou informal (assimé- trica), conforme ilustrado na Figura 1. Figura 1 – Tipos de equilíbrio encontrados nos jardins Fonte: Lira Filho (2002) Além disso, o equilíbrio não se limita apenas à distribuição física dos elementos no espaço, mas também envolve equilibrar cores, texturas e formas para criar uma NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 94 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO harmonia visual. Esse princípio ajuda a garantir que a paisagem transmita uma sen- sação de ordem e estabilidade, contribuindo para uma experiência agradável e equi- librada para quem a observa. O princípio do equilíbrio regula a estabilidade visual entre os pesos dos ele- mentos e massas dos componentes, compensando-se de forma mais ou menos regu- lar. O equilíbrio formal busca igualdade de pesos ao redor de um centro, foco ou eixo, enquanto o equilíbrio informal distribui pesos desiguais no jardim. A distribuição dos pesos visuais dos elementos define o equilíbrio da composi- ção, influenciando significativamente o dinamismo visual. Composições dinâmicas, geralmente com equilíbrio assimétrico, são mais contrastantes, vivas e quentes, trans- mitindo movimento e energia. Por outro lado, composições com menor dinamismo e equilíbrio mais simétrico são mais frias, relaxantes e estáveis visualmente. Historicamente, o jardim clássico ou formal, exemplificado pelos jardins do an- tigo Egito ou do estilo francês, caracteriza-se pela rigidez de formas, traçado geomé- trico e simetria. Esse estilo funcionava como um quadro estático, mesmo com elemen- tos vivos, e é ainda presente em muitas áreas urbanas e residenciais. É importante considerar que manter um equilíbrio formal (simétrico) requer atenção detalhada, como controlar o crescimento das plantas para manter a forma desejada. Já o equilíbrio assimétrico, embora demande planejamento cuidadoso, pode ser menos trabalhoso em termos de manutenção. Ao distribuir elementos no jardim, em torno de um ponto central de interesse, é recomendado posicioná-los de forma central (simétrica) ou deslocada do centro (as- simétrica), ou experimentar combinações variadas para alcançar o equilíbrio da com- posição. Uma técnica prática é colocar os principais elementos nos pontos de interse- ção das linhas que dividem o campo visual em terços iguais na horizontal e vertical, conforme ilustrado na Figura 2. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 95 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO Figura 2 – Como distribuir os elementos do jardim em torno de um elemento central Fonte: Lira Filho (2002) 7.3 - A ESCALA O princípio da escala concentra a atenção do paisagista na harmonia entre as distâncias e medidas verticais e horizontais na paisagem. Essa harmonia é fundamen- tal para transmitir aos usuários da paisagem sensações de amplitude ou confina- mento, dependendo da disposição dos elementos no espaço. A figura 3 mostra que o distanciamento é um elemento essencial a ser consi- derado no princípio da escala, especialmente no que diz respeito às plantas a serem utilizadas no projeto. Além disso, a escala também influencia a percepção do tamanho dos elementos em relação ao ambiente ao redor, criando uma sensação de proporção e equilíbrio visual. É importante ressaltar que a escala não se limita apenas às dimensões físicas dos elementos, mas também inclui a escala humana, ou seja, como as pessoas inte- ragem e se sentem em relação ao ambiente criado. Isso envolve considerar a altura das plantas, o tamanho das estruturas e o espaçamento entre elementos para garantir uma experiência confortável e agradável para quem utiliza o espaço paisagístico. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 96 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO Figura 3 – O distanciamento entre troncos das árvores, dependendo da escala, cria diferentes sensações de liberdade ou enclausuramento. Fonte: Macedo (1989) Portanto, ao trabalhar com o princípio da escala, o paisagista busca criar uma composição visualmente equilibrada e proporcional, que transmita as sensações de- sejadas aos usuários da paisagem. Ao projetaráreas cobertas pelas copas das árvores em um jardim, é comum que paisagistas iniciantes concentrem sua atenção apenas nessa parte do projeto, esquecendo-se da importância do espaço entre os troncos para a circulação das pes- soas. Isso ocorre devido a uma visão tridimensional limitada do espaço a ser proje- tado, onde as árvores são vistas convencionalmente como cobertura, sem considerar adequadamente a experiência do usuário, que sempre interage com os planos verti- cais representados pelos troncos. A falta de percepção do distanciamento entre os troncos pode resultar em difi- culdades de circulação e em áreas de sombra mais extensas, o que pode transmitir uma sensação de clausura e ambiente fechado. Portanto, é essencial que o paisagista leve em conta não apenas a função estética das árvores como cobertura, mas também a experiência do usuário ao caminhar pelo jardim. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 97 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO Ao planejar o posicionamento das árvores, deve-se considerar o espaço neces- sário para a circulação das pessoas, evitando agrupamentos muito próximos que pos- sam dificultar o trânsito e criar áreas sombreadas excessivas. Além disso, é impor- tante pensar na disposição dos troncos de forma a criar uma sensação de abertura e fluidez no ambiente, proporcionando uma experiência agradável e convidativa para os usuários do espaço paisagístico. 7.4 - A DOMINÂNCIA O princípio da dominância na paisagem ou jardim diz respeito à presença de elementos que se destacam em tamanho, cor, forma ou textura em relação aos de- mais. Essa dominância pode ser natural, quando é resultado das características in- trínsecas de uma peça sobre outra (por exemplo, uma árvore florida se sobressaindo em relação a outra sem flores), ou induzida, quando é criada por meio de técnicas paisagísticas específicas. Mas como podemos induzir um elemento do jardim a dominar a paisagem? Uma abordagem é trabalhar com formas discordantes das demais, o suficiente para conferir dominância a esse elemento. Além da forma, a dominância na composição paisagística pode ser alcançada através da linha, textura e cor (ver Figuras 4 e 5). No entanto, esse processo é guiado por princípios como contraste e analogia, ritmo e sequência, eixo e convergência, codominância e moldura. Por exemplo, o uso de plantas com folhagens de cores vibrantes em meio a outras de tons mais suaves pode criar um contraste que destaca o elemento domi- nante. Da mesma forma, uma linha de árvores posicionadas de forma convergente em direção a um ponto focal pode induzir a dominância desse ponto na paisagem. Essas técnicas, quando aplicadas com cuidado e considerando os princípios da com- posição paisagística, podem criar efeitos visuais interessantes e destacar elementos específicos de forma harmoniosa dentro do ambiente. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 98 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO Figura 4 Dominância por forma Fonte: Lira Filho (2002) Figura 5 Dominância por linha Fonte: Lira Filho (2002) 7.5 - CONTRASTE E ANALOGIA O contraste na composição paisagística é alcançado ao confrontar elementos opostos em termos de linha (horizontal x vertical), forma (redondo x quadrado), textura (grosseiro x liso) ou cor (azul x amarelo). Por outro lado, a analogia é obtida ao juntar elementos com características mais semelhantes em linha (vertical + inclinada), forma (redondo + oval), textura (fino + liso) e cor (azul + ciano). A interação entre contrastes e analogias estabelece a hierarquia dos elementos na composição. Ao criar um fundo na paisagem, podemos destacar determinados elementos do jardim por meio do contraste com esse fundo. Esse destaque é obtido quando o fundo diferenciado permite uma visualização clara do elemento principal conforme desejado. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 99 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO Portanto, se o objetivo é enfatizar certas características de uma estrutura ou elemento na paisagem em relação ao entorno, é necessário buscar situações na pai- sagem que proporcionem o contraste desejado, como a topografia do terreno ou a cobertura vegetal existente, entre outros elementos. Quando as pessoas observam uma paisagem, fazem uma análise dos elemen- tos que a compõem. Essa análise visual envolve a identificação de elementos seme- lhantes agrupados e a percepção de contrastes que destacam elementos individuais. Assim, a leitura visual da paisagem é uma leitura de contrastes, mesmo quando os elementos são semelhantes, pois é possível identificar cada elemento como único dentro do conjunto. 7.6 - RITMO E SEQUÊNCIA O princípio do ritmo e sequência na composição paisagística diz respeito à or- ganização dos elementos de forma a guiar a visão do observador para pontos espe- cíficos que são os focos de interesse. A repetição de formas e cores em intervalos regulares pode direcionar o olhar do observador de um ponto focal para o próximo de maneira sequencial. No entanto, é importante tomar cuidado para evitar a monotonia, a fadiga visual ou a irritação devido ao excesso de repetições. Para criar um ritmo visual agradável e eficaz, é necessário variar sutilmente as formas e cores repetidas, mantendo a coesão e harmonia da composição. Isso ajuda a manter o interesse do observador ao longo do percurso visual, criando uma experi- ência dinâmica e envolvente no jardim. Além disso, a sequência dos elementos pode ser utilizada para contar uma his- tória ou destacar pontos de interesse ao longo do percurso, criando uma narrativa visual que envolve e cativa quem percorre o espaço paisagístico. Assim, o ritmo e a sequência são ferramentas poderosas para criar uma experiência sensorial agradável e estimulante na paisagem. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 100 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO 7.7 - EIXO E CONVERGÊNCIA Um elemento importante na composição paisagística é a utilização de eixos para direcionar o olhar do observador para pontos específicos que contêm elementos dominantes. Esse recurso é comumente empregado no paisagismo para destacar componentes importantes do jardim, criando uma sensação de ordem e harmonia vi- sual. Além disso, a convergência de vários eixos pode ser explorada para conduzir o olhar para obras de arte ou monumentos artificiais estrategicamente posicionados na paisagem (ver Figura 6). Essa técnica é eficaz para criar um ponto focal forte e atrativo, que se destaca no contexto geral do ambiente paisagístico. Ao trabalhar com eixos e convergência, o paisagista pode criar uma experiência visual envolvente e direcionada, conduzindo o observador por um percurso visual pla- nejado que enfatiza elementos-chave e promove uma interação significativa com o espaço paisagístico. Figura 6 – Convergência de eixos conduzindo a uma escultura Fonte: Lira Filho (2002) 7.8 - CODOMINANCIA A codominância na composição paisagística refere-se à disposição hierárquica dos elementos do jardim, resultando em uma graduação das peças que conduz ao elemento central, o qual é dominante. Nesse contexto,os demais elementos que se NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 101 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO voltam para o principal demonstram uma codominância, à medida que se aproximam do elemento dominante. Quando bem planejada, a codominância pode realçar a dominância do ele- mento central, destacando-o e enfatizando sua importância na paisagem. No entanto, se não for cuidadosamente executada, a codominância pode dispersar a atenção e até mesmo anular a dominância pretendida, tornando-se um elemento distrativo. Portanto, é essencial considerar a relação entre os elementos e sua disposição espacial para garantir que a codominância contribua para a harmonia e equilíbrio da composição, ressaltando os pontos de interesse de forma eficaz e coerente. 7.9 - MOLDURA Na ambientação de praças, é comum dedicar espaço a bustos de personalida- des históricas como forma de homenagem. Essas esculturas, por sua importância, naturalmente se destacam na paisagem. Para reforçar essa dominância, é frequente utilizar uma moldura na base dessas peças. Essa técnica também pode ser aplicada a outros elementos do jardim, como canteiros, cascatas, lagos, esculturas e constru- ções. O objetivo é realçar o componente emoldurado sem competir com ele visual- mente. Entretanto, vários fatores podem interferir na dominância planejada e afetar os efeitos desejados no jardim. Estes incluem o movimento, as variações das estações do ano e do clima, a posição do observador, o momento da observação e a escala dos elementos. No contexto paisagístico, elementos em movimento captam naturalmente a atenção. O paisagista pode explorar esse dinamismo incluindo fontes, cascatas, ria- chos e outros elementos que gerem movimento. Porém, é importante considerar que movimentos não planejados, como pessoas, veículos ou condições climáticas como chuva e vento, podem desviar de maneira indesejada a atenção do observador, cau- sando distrações que diminuem a dominância dos elementos principais. As mudanças ao longo das estações do ano e ao longo do dia, devido ao clima e à luz solar, também influenciam a percepção da paisagem. Além disso, a dominância dos elementos pode variar de acordo com o ângulo de visão do observador, sendo NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 102 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO necessário planejar cuidadosamente os pontos de vista para manter a hierarquia de dominância desejada. Em resumo, a dominância na composição paisagística é influenciada por diver- sos fatores, incluindo a presença de elementos em movimento, mudanças climáticas, ângulo de visão do observador e escala dos objetos. O planejamento cuidadoso con- sidera esses aspectos para garantir a eficácia da dominância dos elementos na pai- sagem. 7.10 - A HARMONIA No paisagismo, a harmonia reside na combinação dos elementos que com- põem a paisagem, desde o piso vegetal até as árvores de grande porte, passando pelos elementos naturais e arquitetônicos. Cada componente deve se integrar de forma coesa, criando uma atmosfera equilibrada e agradável. É importante considerar a proporção dos elementos no jardim, pois plantas muito grandes para o espaço podem causar uma sensação de confusão visual ou fazer com que a casa pareça "perdida" entre a vegetação. Da mesma forma, um único elemento desproporcional, como uma árvore, pode distorcer a percepção do tamanho da casa. Portanto, a proporção adequada contribui para o equilíbrio da paisagem e evita a desarmonia visual (Figura 7). Figura 7 Exemplos de proporção na paisagem, influindo na harmonia. Fonte: Lira Filho (2002) NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 103 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO Além da proporção, outros princípios como unidade, variedade, ritmo, sequên- cia e contraste também desempenham um papel importante na criação de uma pai- sagem harmoniosa. É a combinação equilibrada desses elementos que resulta em uma composição paisagística agradável aos olhos e que transmite uma sensação de equilíbrio e bem-estar. 7.10.1 - E que todos sejam um O paisagista trabalha para imprimir no jardim uma beleza e harmonia próprias, reveladas quando todos os componentes estão em unidade. Apesar da diversidade de elementos naturais e arquitetônicos que compõem um jardim, é necessário cuidar para que haja uma agregação harmônica e ordenada. A variedade dos componentes evita a monotonia, mas o excesso pode gerar confusão visual e prejudicar a harmonia desejada. Cada elemento do jardim tem seu valor individual, mas quando combinados corretamente, formam um conjunto harmonioso em que nenhum elemento sobra ou falta sem alterar radicalmente o equilíbrio e a estruturação. A harmonia na composição paisagística significa que todos os elementos pertencem ao mesmo conjunto, criando uma sensação de unidade e coesão. Essa harmonia é alcançada não apenas pela soma dos elementos, mas pela interação entre eles e pelo uso inteligente de princípios estéticos, resultando em uma composição visualmente agradável e equilibrada. 7.10.2 - Mantendo-se as devidas proporções Os elementos de uma paisagem estão intrinsecamente ligados à proporção, sendo essa relação fundamental para agradar aos olhos do observador. Qualquer quebra nessa proporção pode alterar drasticamente a percepção visual da paisagem. Por exemplo, imagine uma palmeira real sendo implantada em frente a uma casa com um terreno pequeno; a desproporção resultante entre a pequena casa e a palmeira cria uma cena visual desconexa. Manter uma articulação harmoniosa entre as partes e o todo, dentro de uma relação de escala adequada, garante uma distribuição proporcional dos elementos no NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 104 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO jardim. O princípio da proporção é uma ferramenta poderosa para criar efeitos visuais interessantes, independentemente do tamanho do jardim. Uma técnica comum é usar a gradação em dimensões dos elementos para criar ilusões de distanciamento. Por exemplo, ao posicionar plantas de tamanhos gradati- vamente menores à medida que o espaço se afasta do observador, cria-se a impres- são de distâncias maiores, ampliando visualmente o ambiente. O oposto também é válido: começando com tamanhos menores e aumentando gradualmente, cria-se a ilusão de distâncias menores. Além disso, o alinhamento de elementos de mesmo porte pode gerar a impres- são de redução de tamanho à medida que se afastam, contribuindo para a sensação de profundidade e perspectiva no jardim (Figura 8). Essas técnicas de proporção são recursos valiosos para criar composições visuais dinâmicas e agradáveis aos olhos. Figura 8 – Impressão de redução de espaço através de plantas do mesmo porte. Fonte: Lira Filho (2002) 7.10.3 - Imprimindo um certo ritmo na paisagem O ritmo na paisagem é gerado pela maneira como nossos olhos percorrem a composição, influenciado pela velocidade e pelas semelhanças entre os elementos. Essa ritmia é essencial para criar harmonia visual e coesão na paisagem. Para estabelecer o ritmo, é importante criar uma certa repetição de elementos semelhantes,sejam eles objetos, plantas, cores, texturas ou formas. Essa repetição NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 105 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO cíclica de um mesmo elemento na composição da paisagem ajuda a guiar o olhar do observador de forma fluída e coerente (Figuras 9 e 10). Figura 9 – Ritmo com repetição simples. Fonte: Lira Filho (2002) Figura 10 – Ritmo com repetição de grupo. Fonte: Lira Filho (2002) Ao imprimir um ritmo na paisagem, o paisagista cria uma experiência visual agradável e coesa, onde os elementos se relacionam de maneira harmoniosa, man- tendo a atenção do observador e proporcionando uma sensação de fluidez e continui- dade. Essa prática contribui significativamente para a qualidade estética e funcional da composição paisagística. Para criar ritmo na paisagem, é suficiente repetir elementos semelhantes. Esse ritmo pode variar desde uma alameda simples e simétrica até um conjunto de árvores espaçadas de forma livre, sendo de espécies diferentes, mas compartilhando carac- terísticas comuns, como a cor da floração ou o tipo de folha. Ao observar com um pouco mais de atenção, percebe-se que o ritmo na natureza não segue padrões rígi- dos, como se vê em praias diferentes, cada uma com sua singularidade. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 106 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO Para evitar a monotonia na repetição de elementos, é sugerido introduzir mu- danças na continuidade em pontos específicos da sequência. Essas mudanças, co- nhecidas como ênfase, são fundamentais para articular as partes da composição pai- sagística. A ênfase permite que haja variação dentro de uma estrutura equilibrada, rítmica e unificada. Ela representa uma quebra na continuidade, seja na direção da circulação ou visão, na utilização de uma área ou em suas proximidades, ou ainda nas características do espaço. Em resumo, a ênfase traz a mudança necessária para evitar que a paisagem se torne monótona. 7.10.4 - Tipos de harmonia A harmonia em um jardim é uma interrelação equilibrada entre os elementos que compõem o espaço, e isso é alcançado através de três tipos principais de harmo- nia: de estilo, de proporções e de expressão. • A harmonia de estilo refere-se à consistência estética dentro do contexto cultural e histórico. Por exemplo, um jardim de estilo europeu clássico teria uma desarmonia visual se apresentasse plantas tropicais exóticas, pois estas não são típicas desse estilo. A mistura de plantas de climas contrastantes também pode levar a uma incoerência estilística. • A harmonia de expressão está relacionada com a atmosfera e o senti- mento que o jardim pretende transmitir aos usuários. Se a intenção é criar um ambiente rústico, todos os elementos, desde os materiais de construção até as plantas escolhidas, devem refletir essa rusticidade. Uma quebra nessa coerência pode resultar em desarmonia na experiên- cia percebida pelo observador. • Quanto à harmonia de proporção, trata-se da relação equilibrada entre os elementos individuais e o todo. Isso envolve a distribuição harmoni- osa dos elementos em termos de tamanho, forma e posição no espaço, evitando uniformidade excessiva que cause monotonia ou disparidade que gere confusão visual. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 107 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO Para ilustrar a importância desses conceitos, podemos usar o exemplo de uma sala de estar onde a harmonia é perturbada pela mistura de móveis de estilos diver- sos. Da mesma forma, no contexto paisagístico, é fundamental estabelecer uma hie- rarquia entre os elementos, com um motivo principal que guie a composição e mante- nha a harmonia visual. 7.10.5 - Qual o ideal de harmonia? O ideal de harmonia em um jardim é alcançado através de um equilíbrio cuida- doso entre os elementos. Embora haja uma diversidade de abordagens na composi- ção paisagística, é essencial manter a simplicidade como um princípio fundamental. No processo de criação de um jardim, é comum sentir a tentação de adicionar muitos elementos para criar impacto. No entanto, essa abordagem excessiva pode levar à falta de harmonia no projeto. Estabelecer relações significativas entre nume- rosos elementos pode ser desafiador, especialmente para iniciantes. Portanto, a sim- plicidade é crucial na elaboração do projeto. Para desenvolver essa capacidade de criar com simplicidade, é importante que o paisagista exercite uma visão crítica e busque inspiração em seu ambiente, através da leitura e da participação em cursos de paisagismo. Isso ajudará o profissional a desenvolver sua própria linguagem paisagística e a criar jardins esteticamente agra- dáveis. O equilíbrio entre formalidade e informalidade é um ponto chave na busca pela harmonia. Evitar excessos de desordem ou rigidez é fundamental para manter o con- trole sobre os elementos utilizados. A busca pelo meio-termo na composição paisa- gística é aconselhável, pois permite a criação de uma estrutura visual equilibrada e agradável. Além disso, é essencial estabelecer harmonia tanto internamente, entre as di- ferentes peças do jardim, quanto externamente, de modo que o jardim se integre de forma coesa ao ambiente ao redor. Essa harmonia interna e externa contribui para a criação de um ambiente paisagístico harmonioso, equilibrado e distintivo. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 108 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO 7.11 - O CLÍMAX DA PAISAGEM O clímax de uma paisagem ou jardim é o ponto focal que proporciona ao es- pectador uma sensação de satisfação e realização ao contemplar o ambiente. É um elemento intrínseco que capta a atenção e desperta admiração e prazer. Esse clímax pode ser representado por um centro de interesse, um destaque visual que prende a pessoa que usufrui da paisagem por alguns instantes. Em paisa- gens rodoviárias, por exemplo, pode ser uma árvore frondosa ou uma formação ro- chosa conhecida, que o viajante aguarda com expectativa ao dobrar uma curva na estrada. Já em paisagens urbanas ou jardins, o clímax pode ser criado por caminhos sinuosos que conduzem o observador a uma surpresa visual agradável. A escolha e o posicionamento estratégico desse elemento são fundamentais para criar um clímax eficaz na paisagem. Ele não apenas atrai o olhar, mas também proporciona uma experiência sensorial significativa, tornando a observação do ambi- ente mais cativante e enriquecedora. É importante considerar que vários pontos de interesse de igual relevância vi- sual podem causar confusão e distração para quem observa uma paisagem. Portanto, é essencial planejar cuidadosamente o número de focos de interesse visíveis de cada ponto de vista. Uma sugestão é ter uma variedade de focos, ocultando parcialmente alguns deles ou criando centros de menor destaque. Essa graduação de pontos de interesse tornará a paisagem mais intrigante, envolvendo o espectador em uma expe- riência visual cativante e estimulante. Além disso, a prioridade dos pontos de interesse pode variar conforme a iluminação, o percurso proposto ao observador ou a sua posi- ção. É válido mencionar que em algumas obras de artistasrenomados, incluindo paisagistas, podem ser encontradas exceções aos princípios tradicionais. No entanto, essas ousadias são geralmente realizadas por artistas experientes, com conheci- mento sólido dos princípios estéticos e com a intenção consciente de experimentar novas abordagens. Um iniciante no paisagismo deve ter cautela com essas aborda- gens ousadas, pois podem levar ao fracasso. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 109 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO Vá no tópico, VÍDEO COMPLEMENTAR em sua sala virtual e acesse : Importância e Funções do Paisagismo NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 110 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: FLORICULTURA, PLANTAS ORNAMENTAIS E PAISAGISMO Bibliografia BARATA, E. Jardim, Território de Cultura. Editora Flor da Terra. 2018 BROOKES, J. Design de Jardins. Editora Arte Verde. 2008 LIRA FILHO, J. A. Paisagismo: elementos de composição e estética. Aprenda Fácil Editora. 2002 MACEDO, S. S. Plano de massas – um instrumento para o desenho da paisagem. São Paulo: FAUUSP, 1989 MIYAGI, S. Estética do Paisagismo. Editora Natureza Viva. 2013 TELLES, O. M. Arte do Paisagismo. Editora Verdejante. 2015 VAN VALKENBURGH, M. Princípios de Paisagismo em Jardins. Editora Paisagem. 2010
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