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Aula 21 - Profa. Júlia Branco CNU (Bloco 7 - Gestão Governamental e Administração Pública) Conhecimentos - Eixo Temático 5 - Comunicação, Gestão Documental, Transparência e Proteção de Dados - 2024 (Pós-Edital)Autor: Antonio Daud, Júlia Branco, Ricardo Campanario 28 de Janeiro de 2024 @Xinyuu_bot - Telegram Antonio Daud, Júlia Branco, Ricardo Campanario Aula 21 - Profa. Júlia Branco Índice ..............................................................................................................................................................................................1) Apuração Jornalística 3 ..............................................................................................................................................................................................2) Fontes no Jornalismo 6 ..............................................................................................................................................................................................3) Entrevistas no Jornalismo 12 ..............................................................................................................................................................................................4) Redação Jornalística 18 ..............................................................................................................................................................................................5) Edição Jornalística 40 ..............................................................................................................................................................................................6) Questões comentadas - Conceitos do Jornalismo (Parte 2) - CESGRANRIO 43 ..............................................................................................................................................................................................7) Questões Comentadas - Fontes no Jornalismo - Multibancas 53 ..............................................................................................................................................................................................8) Questões Comentadas - Entrevistas no Jornalismo - Multibancas 61 ..............................................................................................................................................................................................9) Questões Comentadas - Redação Jornalística - Multibancas 72 ..............................................................................................................................................................................................10) Questões Comentadas - Edição Jornalística - Multibancas 114 ..............................................................................................................................................................................................11) Resumo - Apuração Jornalística 118 ..............................................................................................................................................................................................12) Resumo.- Redação Jornalística 119 ..............................................................................................................................................................................................13) Resumo - Edição Jornalística 121 CNU (Bloco 7 - Gestão Governamental e Administração Pública) Conhecimentos - Eixo Temático 5 - Comunicação, Gestão Documental, Transparência e Proteção de Dados - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 2 122 @Xinyuu_bot - Telegram 2 APURAÇÃO JORNALÍSTICA Você lembra como nós terminamos a nossa última aula? Nós conversamos a respeito do planejamento de pauta: ele é a primeira etapa da produção no jornalismo. Vamos rever quais são as fases desse processo? Assim, nosso objetivo neste capítulo será estudar a fase da apuração jornalística. Nos capítulos subsequentes, entenderemos também como funcionam a redação e a edição e como essas etapas podem ser cobradas na sua prova de concurso. Vamos lá? Processo de apuração A apuração jornalística é a fase na qual o jornalista pesquisará sobre o tema definido na pauta para obter as informações necessárias para produzir a sua matéria. Essa investigação pode ocorrer de inúmeras formas: o profissional pode ir para a rua ao local do acontecimento, procurar por autoridades relacionadas ao fato, entrevistar profissionais técnicos, requerer dados de órgãos públicos, contatar assessorias de imprensa de organizações, ouvir testemunhas, etc. É essencial destacar que não há um caminho pré-definido para a apuração a ser seguido em todos os casos: o jornalista deverá decidir qual é a melhor estratégia para ter conhecimento a respeito do assunto em pauta para comunica-lo para a audiência de forma completa e com informações verídicas. O jornalista não é apenas um espectador das notícias ou uma testemunha: ele tem um papel ativo ao apurar os acontecimentos e torna-los públicos. Assim, é necessário ouvir todos os pontos de vista possíveis e também buscar as evidências e fatos desconexos ainda não explicados para construir uma notícia ou uma reportagem de alto impacto. Veja a importância desse olhar curioso do jornalista no processo de apuração: O que distinguirá o jornalista serão os passos que der para atingir o “disponível” que chamamos de real, seus critérios para não se deixar levar por falhas de percepção, pela rotina produtiva, pelo engano das fontes. Ë sua disciplina de verificação. A notícia é construída no cuidado com a verificação, sobre o alicerce do levantamento de informações. (JUNIOR, 2006)1 Um dos principais desafios no processo de apuração das informações é o tempo disponível para a realização desse trabalho. O prazo de produção da matéria será definido conforme o acontecimento e o 1 JUNIOR, L. C. P; A apuração da notícia: Métodos de investigação na imprensa . 1. ed. Petrópolis: Vozes, 2006. Planejamento de pauta Apuração Redação Edição Antonio Daud, Júlia Branco, Ricardo Campanario Aula 21 - Profa. Júlia Branco CNU (Bloco 7 - Gestão Governamental e Administração Pública) Conhecimentos - Eixo Temático 5 - Comunicação, Gestão Documental, Transparência e Proteção de Dados - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 3 122 @Xinyuu_bot - Telegram 3 formato jornalístico utilizado na cobertura: notícias precisarão ser apuradas e produzidas com extrema urgência enquanto reportagens podem dispor de um tempo maior para serem desenvolvidas. No entanto, mesmo quando o tempo de apuração é muito curto, o jornalista não deve dispensar os princípios estabelecidos no Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, tais como a checagem adequada dos dados e o uso de meios legais para obtenção das informações. É preciso ter um senso muito apurado de responsabilidade ao transmitir uma notícia, sobretudo nos casos nos quais não foi possível investigar o fato com precisão: o jornalista não deve comunicar informações sem ter a certeza da sua veracidade dos dados. Uma vez divulgados, os furos jornalísticos serão conhecidos pela população de uma maneira extremamente rápida e não será possível desfazer um eventual erro. O jornalista não tem controle direto a respeito de quais pessoas tiveram acesso àquela informação e, assim, deve ter consciência do impacto de uma informação incorreta na sociedade. A divulgação de informações de maneira irresponsável é muito comum, por exemplo, nos casos nos quais celebridades precisam ir para UTIs de hospitais: alguns veículos divulgam de forma precipitada a morte de pessoas conhecidas pelo público sem que isso realmente tenha acontecido. No casos nos quais o falecimento ocorre, outro erro frequente é divulgar a informação sem que a família tenha conhecimento prévio do fato e, como consequência, ela será comunicadapela imprensa em uma situação pessoal delicada para todos os envolvidos. Por isso, é essencial que o jornalista encontre um equilíbrio entre a necessidade de divulgação de um furo jornalístico e a correta apuração dos fatos da notícia. Não há uma forma 100% eficiente para reparar o erro de apuração em uma notícia. No entanto, existem dois recursos a serem utilizados nesses casos: o direito de resposta e a errata. O direito de resposta é garantido constitucionalmente e é uma ferramenta para equilibrar as liberdades individuais e o direito de expressão da imprensa. Assim, nos casos nos quais há uma ofensa ou uma publicação incorreta de informações a respeito de uma personalidade ou de uma entidade pública ou privada, é possível solicitar o uso do direito de resposta na programação do veículo de comunicação envolvido nessa situação. Por isso, muitas redações têm como política ouvir previamente partidos políticos, ONGs, órgãos públicos, escritórios de advocacia e demais organizações ao mencionar seus nomes em matérias. A errata, por sua vez, é uma nota publicada no produto jornalístico para corrigir uma informação incorreta divulgada na edição anterior e é mais comum nos meios impressos. Precisamos destacar também a discussão recorrente no jornalismo a respeito da validade da internet como uma fonte adequada para a apuração de notícias. Veja o que o Manual de Jornalismo da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) diz sobre o assunto: A internet pode ser usada como fonte de consulta e de indicação de pautas. A constatação diária de fraudes e invasões de sítios, alguns considerados seguros, impõe cuidados permanentes para seu uso. Informação encontrada na internet exige checagem, mesmo se obtida em sites oficiais ou outros tidos como confiáveis, especialmente quando têm potencial de impacto significativo. (EMPRESA BRASILEIRA DE COMUNICAÇÃO, 2013)2 A internet é um ambiente digital no qual qualquer pessoa pode publicar dados e produzir conteúdo. Há uma dualidade nesse processo: se por um lado há uma democratização no acesso à informação, há 2 EMPRESA BRASILEIRA DE COMUNICAÇÃO. Manual de Jornalismo da EBC. 2013. Disponível em: http://www.ebc.com.br/institucional/sites/_institucional/files/manual_de_jornalismo_ebc.pdf. Acesso em: 1 dez. 2019. Antonio Daud, Júlia Branco, Ricardo Campanario Aula 21 - Profa. Júlia Branco CNU (Bloco 7 - Gestão Governamental e Administração Pública) Conhecimentos - Eixo Temático 5 - Comunicação, Gestão Documental, Transparência e Proteção de Dados - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 4 122 ==13e211== @Xinyuu_bot - Telegram 4 também uma maior dificuldade na verificação da credibilidade e da fonte original dos textos. Dessa maneira, o jornalista deverá ter um olhar crítico ao utilizar a internet como recurso principal para a apuração de uma pauta: ele deve priorizar sites de órgãos oficiais do governo, institutos de pesquisa e organizações renomadas nos seus segmentos de atuação. Assim, a publicação de dados com base em pesquisas digitais não exclui a responsabilidade do jornalista caso eles estejam incorretos porque a internet não substitui um trabalho de apuração de alta qualidade. Outro aspecto essencial da apuração a ser destacado na nossa aula é que ela pode ser considerada um trabalho em grupo. Apesar da matéria final ser assinada por um ou mais jornalistas, muitas vezes inúmeros profissionais são envolvidos de forma direta ou indireta na produção de um conteúdo. Os produtores, editores e demais pessoas da redação devem atuar de forma colaborativa ao auxiliar seus colegas na obtenção de informações e no acesso às fontes que podem agregar valor à investigação jornalística em curso. No entanto, destaca-se aqui que a imprensa não substitui o trabalho do Ministério Público e das autoridades judiciais, por exemplo. É evidente que muitos escândalos de corrupção, por exemplo, são descobertos com base no olhar atento de um jornalista: nesses casos, o material obtido deverá ser encaminhado para que também haja a apuração por meio das vias policiais e judiciais da estrutura estatal. Antonio Daud, Júlia Branco, Ricardo Campanario Aula 21 - Profa. Júlia Branco CNU (Bloco 7 - Gestão Governamental e Administração Pública) Conhecimentos - Eixo Temático 5 - Comunicação, Gestão Documental, Transparência e Proteção de Dados - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 5 122 @Xinyuu_bot - Telegram 2 Fontes no Jornalismo Nilson Lage é um dos principais estudiosos do jornalismo brasileiro contemporâneo e suas obras têm sido utilizadas com frequência pelas bancas examinadoras como base para a elaboração de questões, sobretudo em relação ao tema da apuração. No seu livro "Teoria e técnica de reportagem, entrevista e pesquisa jornalística", o autor explica os conceitos, classificações e melhores práticas para o uso de fontes na produção de conteúdo para os veículos de comunicação. Ao explicar a definição de fonte, Lage entende que elas são a origem das notícias: é a partir da fonte que o jornalista muitas vezes terá o primeiro contato com o fato sobre o qual será desenvolvida a notícia para veiculação no final do dia. Essas informações podem chegar às redações de diferentes maneiras: a partir de entrevistas, clippings, press releases de assessorias de imprensa, agências de notícias, etc. Assim, ressaltamos também que a notícia pode ocorrer em qualquer lugar a todo momento e, por isso, é importante que o jornalista tenha atenção ao que acontece ao seu redor para conseguir identificar um bom furo com rapidez. Informações, em suma, são matéria prima abundante e a dificuldade consiste e em selecioná-las, isto é, definir quais reúnem as condições de interesse público necessárias para sua transformação em notícia. (LAGE, 2006) Logo, podemos considerar que as fontes permitem que dados e informações sejam transmitidos por pessoas físicas ou jurídicas para a imprensa. Dessa maneira, o jornalista terá como missão selecionar os aspectos mais relevantes recebidos das fontes para aprofundarem sua apuração no processo de produção de uma matéria. As fontes podem ser pessoas comuns, como testemunhas de tragédias ou profissionais especializados em determinada área de atuação, por exemplo. Elas também podem ser empresas privadas, órgãos governamentais e organizações sem fins lucrativos que gerenciam as suas relações com a imprensa a partir de uma assessoria. Classificação das fontes jornalísticas Nessa seção, vamos ver duas formas de classificação das fontes: o modelo dos círculos informacionais de Jacques Mouriquand e a classificação de Nilson Lage. Jacques Mouriquand é um pesquisador francês e autor de obras na área do jornalismo investigativo. Ele foi o responsável pela criação do modelo dos círculos informacionais, que apresenta uma maneira de classificar as fontes de acordo com o seu nível de importância para a notícia. Essa teoria também é conhecida como método caracol e já foi cobrada em provas para a área de comunicação social Antonio Daud, Júlia Branco, Ricardo Campanario Aula 21 - Profa. Júlia Branco CNU (Bloco 7 - Gestão Governamental e Administração Pública) Conhecimentos - Eixo Temático 5 - Comunicação, Gestão Documental, Transparência e Proteção de Dados - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 6 122 @Xinyuu_bot - Telegram 3 Exemplificação do modelo dos círculos informacionais Ao analisar a imagem que exemplifica o modelo dos círculos informacionais, podemos ver que ele é composto por três níveis de acordo com a importância das informações fornecidas por cada fonte. No nível mais externo, temos as fontes menos importantes que muitas vezes já são conhecidas pelos repórteres e apresentarão dados que serão usados como pistas para a continuação da apuração. Em seguida, temos as informações de média importância, apuradas com base nos dados iniciais. No centro, temos as informações principais, ou seja, aquelas que são resultadodo extenso processo de investigação e que serão o centro da matéria jornalística final. Dessa maneira, compreende-se o modelo proposto por Jacques Mouriquand como uma espécie de tiro ao alvo, segundo o qual o jornalista chega cada vez mais perto dos dados principais conforme desenvolve cada etapa da apuração.1 Como mencionamos, existe também a classificação de fontes de acordo com Nilson Lage: ele realiza uma categorização em grupos conforme as naturezas de cada fonte2. Vamos ver como isso funciona? Fontes oficiais, oficiosas e independentes Fontes oficiais: são aquelas que pertencem ao Estado, executam atividades próprias do poder público ou são empresas e organizações do poder privado. Assim, podemos citar como exemplos os ministérios, secretarias, assembleias legislativas, empresas privadas, cartórios, juntas comerciais, fundações, etc. De acordo com Nilson Lage, as fontes oficiais são consideradas as mais confiáveis e muitos veículos de mídia sequer citam a origem dos dados quando eles foram obtidos de fontes dessa natureza. No entanto, o autor faz uma ressalva em relação ao fato de que elas podem manipular ou influenciar os dados divulgados 1 JUNIOR, L. C. P; A apuração da notícia: Métodos de investigação na imprensa . 1. ed. Petrópolis: Vozes, 2006. 2 LAGE, Nilson. A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. Rio de Janeiro: Record, 2005 Antonio Daud, Júlia Branco, Ricardo Campanario Aula 21 - Profa. Júlia Branco CNU (Bloco 7 - Gestão Governamental e Administração Pública) Conhecimentos - Eixo Temático 5 - Comunicação, Gestão Documental, Transparência e Proteção de Dados - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 7 122 @Xinyuu_bot - Telegram 4 para que eles atendam aos seus próprios interesses. Ou seja, ao colaborar com a imprensa, as fontes oficiais têm uma tendência maior a tentarem proteger a si mesmas a partir da publicação ou não de informações. É muito comum que dados sejam omitidos, aspectos de pesquisas sejam intencionalmente destacados ou desvalorizados ou barreiras sejam criadas para reduzir o acesso às informações sensíveis. Fontes oficiosas: são fontes próximas ao indivíduo ou a uma organização principal, mas que não podem falar em nome deles de forma direta. Assim, as informações divulgadas por essas fontes poderão ser desmentidas. As fontes oficiosas representam interesses distintos dentro de uma organização e podem ser um funcionário que relata à imprensa dados a respeito de uma manobra comercial de uma empresa privada, por exemplo. Assim, as fontes oficiosas costumam auxiliar os jornalistas a descobrir dados que não seriam divulgados de forma espontânea pelas fontes oficiais e, em geral, o conteúdo recebido é divulgado de forma off-the-record (sem citar o nome da fonte). Fontes independentes: são aquelas que, em regra, não atendem a um interesse público ou privado específico. Elas costumam ser organizações não-governamentais ou associações que funcionam sem fins lucrativos. Contudo, seus representantes costumam defender ideologias ou causas (como a preservação do meio ambiente) e vão divulgar informações que sejam coerentes com aquilo que acreditam. Fontes primárias e secundárias Fontes primárias são as principais fontes de informação para a apuração e composição do texto de uma matéria jornalística. Assim, são os dados nos quais o profissional de comunicação irá basear toda a sua pesquisa subsequente ao conhecimento daquelas informações iniciais. Já as fontes secundárias são aquelas que tem um nível menor de importância em comparação com as primárias, mas que exercem sim um papel considerável na complementação de dados de uma notícia. Vamos ver um exemplo do uso de fontes primárias e secundárias? Imagine que você é um jornalista de um telejornal local exibido às 19h. Ao chegar na redação, seu editor-chefe lhe informa que a sua pauta do dia será investigar o aumento da violência em um dos bairros da sua cidade. Assim, a fonte primária da notícia é um levantamento de dados divulgados naquele mesmo dia pela Polícia Militar que informou que o índice de roubos de veículos aumentou consideravelmente nos últimos seis meses na zona sul do município. Portanto, a fonte primária para a matéria será os dados divulgados pela PM. Já as fontes secundárias serão entrevistas com moradores da região afetada e conversas com líderes de associações locais, por exemplo. Testemunhas e experts As testemunhas são pessoas que efetivamente participaram ou estiveram no local de tragédias, eventos ou acontecimentos marcantes a serem noticiados pela imprensa. Os relatos dessas pessoas são marcados pela emoção, pelo imediatismo e pelas sensações de quem vivenciou o fato. Elas são importantes para que o leitor, ouvinte ou telespectador da matéria jornalística consiga compreender como foi estar Antonio Daud, Júlia Branco, Ricardo Campanario Aula 21 - Profa. Júlia Branco CNU (Bloco 7 - Gestão Governamental e Administração Pública) Conhecimentos - Eixo Temático 5 - Comunicação, Gestão Documental, Transparência e Proteção de Dados - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 8 122 ==13e211== @Xinyuu_bot - Telegram 5 naquela situação descrita pelo veículo de comunicação. No entanto, é preciso entender que esses relatos são subjetivos e podem ser apresentados com um viés narrativo, prejudicando o entendimento com exatidão do que ocorreu. Já os experts são pessoas que não participaram diretamente do fato em questão, mas possuem conhecimento técnico suficiente para analisa-los e explicar suas causas e consequências. Assim, costumam ser considerados fontes secundárias pela imprensa, mas vão apoiar a equipe de comunicação para que seja possível explicar com maior facilidade os aspectos pertinentes sobre o acontecimento relatado. É importante ressaltar que cada especialista tem suas próprias crenças e linhas de raciocínio, o que influenciará nas suas opiniões a respeito do tema consultado. Perceba que nenhuma fonte é completamente isenta de fatores externos e nem sempre será possível obter relatos imparciais para a produção de uma matéria. Por isso, há uma prática jornalística conhecida como a teoria das três fontes. Segundo essa metodologia, o profissional deverá buscar sempre ouvir três fontes diferentes e que não se conheçam para obter uma análise mais consistente a respeito do fato em investigação. O fundamento dessa prática é comparar as informações fornecidas pelas fontes para, então, encontrar a versão do fato que mais se aproxime com a realidade. Isso permite obter comentários e percepções com um grau maior de consistência do que ouvir apenas uma fonte isolada. A relação ética do jornalista com as fontes A principal função das fontes no jornalismo é garantir a existência de um fluxo constante de informações para que a imprensa possa transformá-las em conteúdo jornalístico e consiga informar o leitor sobre temas de interesse da sociedade. Assim, manter uma boa relação com as fontes das notícias é essencial para o trabalho jornalístico de qualidade, porque elas poderão agregar valor à apuração realizada pelo profissional de comunicação social. A relação entre o jornalista e as fontes precisa ser estabelecida de forma respeitosa, com base nos princípios éticos e morais que nós estudamos na aula 00 e que orientam o trabalho da imprensa. Dessa forma, destaca-se que o jornalista deverá evitar ter uma relação pessoal muito próxima com as suas fontes para que não haja um favorecimento indevido ao produzir reportagens de interesse de terceiros. Além disso, o profissional não deve aceitar presentes, valores financeiros ou qualquer vantagem adicional que configure um benefício indevido para que determinados aspectos sejam valorizados ou ignorados no processo de construção da notícia. Para mediar essa relação entre a fonte e os jornalistas, o Manual de Redação da Folha de São Paulo estabeleceu alguns procedimentos-padrão sobre otema. Confira: São direitos da fonte: - Ser tratada com respeito e cortesia; - Gravar a conversa com o jornalista; Antonio Daud, Júlia Branco, Ricardo Campanario Aula 21 - Profa. Júlia Branco CNU (Bloco 7 - Gestão Governamental e Administração Pública) Conhecimentos - Eixo Temático 5 - Comunicação, Gestão Documental, Transparência e Proteção de Dados - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 9 122 @Xinyuu_bot - Telegram 6 - Ser ouvida por outro profissional caso exista obstáculo intransponível na relação com determinado jornalista; - Permanecer anônima quando prestar informação off-the-record; - Dispor de prazo razoável para responder a questionamentos da reportagem, salvo se a publicação exigir urgência; - Ter sua versão dos fatos publicada junto da acusação (outro lado) ou, em caráter excepcional, tão logo seja possível; - Conversar com superiores hierárquicos do repórter; - Solicitar publicação de erratas; - Recorrer ao ombudsman. (FOLHA DE S. PAULO, 2018)3 Perceba que as orientações do manual são bem coerentes com os princípios dos Códigos de Ética da área de comunicação social: os objetivos são evitar a produção de matérias parciais e também respeitar os direitos individuais da fonte. Ao ler o conteúdo destacado do Manual de Redação da Folha de São Paulo, você talvez não tenha compreendido (ou não lembra) do significado das expressões off-the-record e ombudsman. Veja o que elas significam: Off-the-record: uma informação off-the-record é aquela publicada sem a identificação da fonte. Isso acontece em casos nos quais o jornalista tem acesso a dados confidenciais de extrema relevância para a sociedade e não pode revelar a fonte por razões de segurança, por exemplo. Assim, são informações que podem ser publicadas pelo jornalista, mas seu caráter de acesso privilegiado e exclusivo recomenda que a fonte não seja identificada.4 Ombudsman: trata-se de uma expressão de origem sueca que, em tradução livre, significa “representante do cidadão”. No jornalismo, é um profissional selecionado exclusivamente para ouvir as demandas da população e ter uma relação mais próxima com o leitor. Ele recebe as críticas, opiniões e elogios da audiência e, a partir disso, realiza o seu trabalho 3FOLHA DE S. PAULO. Manual da Redação da Folha chega à 5ª e mais ampla versão. 2018. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/02/manual-da-redacao-da-folha-chega-a-5a-e-mais-ampla-versao.shtml. Acesso em: 1 dez. 2019. 4 COMUNICAÇÃO E CRISE. Para que serve o “off the record”. Disponível em: http://www.comunicacaoecrise.com/site/index.php/article-category-list/199-para-que-serve-o-off-the-record. Acesso em: 29 nov. 2019. Antonio Daud, Júlia Branco, Ricardo Campanario Aula 21 - Profa. Júlia Branco CNU (Bloco 7 - Gestão Governamental e Administração Pública) Conhecimentos - Eixo Temático 5 - Comunicação, Gestão Documental, Transparência e Proteção de Dados - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 10 122 @Xinyuu_bot - Telegram 7 como jornalista, sempre priorizando o olhar crítico para as notícias e para a atuação da imprensa.5 Além das orientações acima destacadas, é importante destacar os conselhos que Barbeiro e Lima (2013) apresentam aos jornalistas ao conduzirem entrevistas com as suas fontes. Vamos ver quais são eles? - Caso o jornalista prometa anonimato à fonte, ele deve cumprir a sua palavra. Contudo, deve fazer essa promessa apenas se efetivamente for coerente e necessário o pedido de sigilo feito pela fonte. - O jornalista tem responsabilidade com as suas fontes, por isso, o ideal é fazer referência a elas de forma específica (mesmo que não cite o nome de forma direta). - Jornalistas não devem ser amigos de fontes e devem manter a distância necessária para resguardar a imparcialidade e a isenção jornalísticas. O compromisso do jornalista é sempre com o público, em primeiro lugar, apesar de depender das fontes para o seu trabalho. - É preciso evitar o “fontismo”, ou seja, a prática de recorrer sempre às mesmas fontes para a produção das matérias. Diversidade de fontes é importante para demonstrar múltiplos pontos de vista e pluralidade no jornalismo. - Fontes não são estáticas e seus interesses mudam ao longo do tempo: o jornalista deve ter perspicácia para identificar esses comportamentos. Ademais, as fontes podem ser a origem de bons furos jornalísticos, contudo, o jornalista deve sempre fazer uma checagem das informações. - Usar o recurso do sigilo da fonte para dar uma opinião pessoal é uma infração ética extremamente grave no exercício da profissão e o jornalista deve sempre prezar pela transparência ao trazer informações para a sua audiência. Assim, compreende-se a importância de tratar as fontes com respeito e desenvolver um relacionamento ético e compatível com a responsabilidade em relação à independência e à imparcialidade do trabalho jornalístico. 5 FOLHA DE S. PAULO. O que é o cargo de ombudsman?. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ombudsman/2014/09/o-que-e-o-cargo-de-ombudsman.shtml. Acesso em: 2 dez. 2019. Antonio Daud, Júlia Branco, Ricardo Campanario Aula 21 - Profa. Júlia Branco CNU (Bloco 7 - Gestão Governamental e Administração Pública) Conhecimentos - Eixo Temático 5 - Comunicação, Gestão Documental, Transparência e Proteção de Dados - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 11 122 @Xinyuu_bot - Telegram 2 Entrevistas no Jornalismo Na nossa aula anterior, nós vimos que as entrevistas podem ser consideradas um gênero no jornalismo brasileiro. Assim, nessa seção, vamos analisar as entrevistas com o objetivo de identificar como elas podem colaborar com o processo de apuração. Nós vamos compreendê-las sob o aspecto mais prático conforma a visão do jornalista (entrevistador). As entrevistas são uma ferramenta essencial para que o jornalista obtenha as informações necessárias para produzir uma matéria completa, coerente e com dados verídicos para a audiência. Logo, a entrevista será usada para que o jornalista tenha contato com as fontes escolhidas para a realização de uma determinada pauta. É importante ressaltar que o jornalista não deve ir despreparado para uma entrevista: além das técnicas estudadas na sua formação acadêmica e/ou desenvolvidas no dia a dia do seu trabalho, o profissional de comunicação deve estudar previamente quem é a pessoa com a qual ele vai conversar (se possível). Nos casos nos quais não é possível identificar o entrevistado com antecedência, como no caso de entrevistas com torcedores de uma partida de futebol, por exemplo, é essencial que o jornalista tenha uma noção mínima a respeito do contexto no qual as perguntas serão realizadas. Essa sensibilidade é indispensável para que os questionamentos a serem realizados sejam consistentes e possam obter informações úteis para a realização da matéria final. É preciso trabalhar duro antes da entrevista, pesquisando tudo sobre os temas a serem tratados e sobre o entrevistado. Depois de bem preparado (de preferência um dia antes), o entrevistador deve fazer um roteiro com começo, meio e fim. O objetivo não é bitolar e restringir o desempenho do entrevistador, mas ser uma base referencial para evitar "brancos" e atropelos. (OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA)1 Dessa maneira, podemos perceber que existem formas distintas para conduzir uma entrevista: as perguntas poderão ser mais específicas ou mais abertas e a conversa poderá ter um roteiro fechado ou não, por exemplo. Essa escolha dependerá do perfil da pauta jornalística a ser produzida, da proximidade do jornalista com a fonte, das regras estabelecidas pelas assessorias de imprensa, do tempo disponível para a conversa, dentre outros fatores. Para organizar os tipos de entrevistas existentes no fazer jornalístico, Nilson Lage desenvolveu uma classificação que é utilizada pelas bancas examinadoras como base para a elaboração de questão. Ele divide a categorizaçãoem dois grupos: de acordo com os objetivos e conforme as circunstâncias de realização das entrevistas. 1 OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA. Técnicas de entrevista. Disponível em: http://observatoriodaimprensa.com.br/primeiras- edicoes/tcnicas-de-entrevista/. Acesso em: 2 dez. 2019. Antonio Daud, Júlia Branco, Ricardo Campanario Aula 21 - Profa. Júlia Branco CNU (Bloco 7 - Gestão Governamental e Administração Pública) Conhecimentos - Eixo Temático 5 - Comunicação, Gestão Documental, Transparência e Proteção de Dados - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 12 122 @Xinyuu_bot - Telegram 3 Classificação de acordo com o objetivo da entrevista 1) Rituais: são as entrevistas rotineiras que têm como principal objetivo apenas expor a imagem e a voz do entrevistado. O conteúdo em si, na maioria das vezes, não trará nenhuma informação extremamente relevante e/ou que não seja conhecida pela audiência. Um exemplo desse tipo de entrevista são as falas dos jogadores de um time de vôlei depois de uma competição, por exemplo. A entrevista ritual apenas complementa uma matéria como informação adicional e tem um valor simbólico para a construção da narrativa jornalística. 2) Temáticas: são entrevistas construídas com base em um tema principal que será desenvolvido e explicado pelo entrevistado. Entende-se, nesse caso, que o especialista com o qual o jornalista conversará tem os conhecimentos técnicos para expor sua análise a respeito do assunto em questão. Em geral, é um tipo de entrevista utilizado para obter uma análise sobre o fato ou acontecimento principal da matéria a ser produzida. 3) Testemunhais: são as entrevistas realizadas com as pessoas que viram ou participaram ativamente do fato abordado pela matéria. Essas conversas expõem as percepções subjetivas dos entrevistados e o ponto de vista de quem foi afetado, de alguma maneira, pelo acontecimento. Assim, um exemplo são as entrevistas feitas com os sobreviventes de um deslizamento de terra em área urbana. 4) Em profundidade: são entrevistas extensas realizadas com uma pessoa em específico que será ela mesma o foco principal da conversa. O objetivo é compreender com profundidade seu ponto de vista, sua história de vida e suas contribuições para a sociedade, por exemplo. Há uma exposição da personalidade do entrevistado para a audiência. Classificação de acordo com a circunstância de realização da entrevista 1) Ocasionais: são entrevistas realizadas sem agendamento e sem uma programação específica. Por isso, costumam ser mais abertas em relação aos outros tipos de entrevistas e o entrevistado tende Classificação de entrevistas (Lage) Objetivos Rituais Temáticas Testemunhais Em profundidade Circunstâncias de realização Ocasionais Confronto Coletivas Dialogais Antonio Daud, Júlia Branco, Ricardo Campanario Aula 21 - Profa. Júlia Branco CNU (Bloco 7 - Gestão Governamental e Administração Pública) Conhecimentos - Eixo Temático 5 - Comunicação, Gestão Documental, Transparência e Proteção de Dados - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 13 122 ==13e211== @Xinyuu_bot - Telegram 4 a fornecer respostas mais sinceras. No entanto, Lage destaca que, nesse caso, existem entrevistados que têm uma formação específica para lidar com situações deste tipo e, portanto, poderão manipular as respostas com maior facilidade para atingirem seus objetivos caso o conteúdo seja publicado na imprensa (o que reduz o caráter de espontaneidade das declarações). 2) Confrontos: são entrevistas nas quais o jornalista está em uma posição oposta à do entrevistado, como se um dos dois precisasse “ganhar” o embate em relação à opinião pública. Assim, o entrevistador fará perguntas inquisitórias para o entrevistado, que poderá, no final, ser “absolvido” pela percepção da audiência ou considerado culpado (de forma subjetiva). Normalmente esse tipo de entrevista é feito com base em dossiês ou informações acusatórias já conhecidas pela sociedade em geral. 3) Coletivas: são realizadas com um ou mais entrevistados e têm como princípio permitir que repórteres de diversos veículos tenham chances iguais de realizarem seus questionamentos. Uma das suas características é limitar o diálogo, ou seja, cada entrevistador consegue fazer apenas cerca de uma ou duas perguntas. Esse é um tipo de entrevista que agrada bastante as assessorias de imprensa, pelo seu formato no qual o entrevistado tem um controle maior sobre o fluxo das perguntas e também pelo fato de que elas têm uma repercussão em diversos veículos da mídia. As entrevistas coletivas são muito comuns após a realização de eventos de interesse público ou como uma metodologia rotineira para acompanhamento das ações de órgãos públicos, por exemplo. 4) Dialogais: são consideradas o melhor formato de entrevistas e aquelas que obtém resultados de qualidade, tanto para o entrevistador quanto para o entrevistado. Elas são agendadas com antecedência e ocorrem em um espaço físico no qual o convidado fica no mesmo nível do jornalista. O objetivo principal é desenvolver uma conversa que seja agradável, exponha as opiniões do entrevistado e permita o aprofundamento das questões abordadas. ATENÇÃO: Ao falarmos sobre coletiva de imprensa, precisamos conhecer a expressão pool de imprensa. Ela é utilizada para designar situações nas quais há um acordo entre os veículos que farão uma cobertura de uma coletiva específica, mas não há espaço para todos os jornalistas na sala. Dessa forma, alguns profissionais coletarão os dados e compartilharão com os demais para contribuírem com as apurações. Além da classificação de entrevistas apresentada acima, temos também a classificação feita pelo autor Mário Erbolato. Ela não é uma das mais comuns em prova (como a que vimos anteriormente), mas você precisa entender como ela funciona. As entrevistas são divididas nos seguintes grupos: Como geradoras de matéria jornalística - de rotina e caracterizadas. As primeiras são destinadas à apuração de informações que vão fazer parte das matérias do dia a dia do jornalista, como forma de verificação de dados. Contudo, se a entrevista passa a integrar a matéria, com falas do entrevistado, trata- se de uma entrevista caracterizada. Antonio Daud, Júlia Branco, Ricardo Campanario Aula 21 - Profa. Júlia Branco CNU (Bloco 7 - Gestão Governamental e Administração Pública) Conhecimentos - Eixo Temático 5 - Comunicação, Gestão Documental, Transparência e Proteção de Dados - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 14 122 @Xinyuu_bot - Telegram 5 Quanto aos entrevistados - individual ou em grupos. Como os próprios termos já expressam, o jornalista pode fazer uma entrevista individual com um entrevistado específico ou participar de situações com várias pessoas que conversam com um jornalista ou com um grupo de profissionais da imprensa. Quanto aos entrevistadores - pessoal (exclusiva) ou coletiva. A entrevista exclusiva é aquela que tem informações dadas apenas a um jornalista ou veículo específico. A coletiva, por sua vez, traz informações para mais de um jornalista. Quanto ao conteúdo – informativas, opinativas, de personalidade ou biográficas. As informativas são aquelas que trazem informações sobre um determinado fato, enquanto as opinativas apresentam o ponto de vista do entrevistado sobre o assunto em pauta. A entrevista de personalidade foca nos hábitos e nos projetos do entrevistado, enquanto a biográfica utiliza informações de arquivos e registros para seu desenvolvimento. Vimos até aqui os principais aspectos da apuração jornalística para a sua prova. Vamos exercitar o conteúdo com a realização de algumas questões? (UFG – 2015 – UFG) A apuração e a investigação jornalística requerem um processo de abordagem das fontes de informação. Um dos métodos que indica o passo a passo da apuração pela ordem de importância foi proposto por Jacques Mouriquand, conhecido como método caracolou círculos informacionais (PEREIRA JUNIOR, 2006, p. 85). Nesse método, as fontes devem ser consultadas na seguinte ordem de abordagem: A) oficiais, oficiosas, independentes. B) primeiro círculo de informadores, contatos de média importância, personagens fulcrais. C) primárias, secundárias, testemunhas. D) desfavoráveis, técnicas, favoráveis. Comentário: O método caracol de apuração das informações define uma ordem de abordagem para auxiliar o trabalho dos jornalistas com as fontes: devem ser abordadas primeiramente as fontes menos importantes para, então, entrar em contato com aquelas que são consideradas essenciais para a investigação jornalística. Gabarito: letra B. (FCC – 2012 – TRT/6ª Região/PE) Antonio Daud, Júlia Branco, Ricardo Campanario Aula 21 - Profa. Júlia Branco CNU (Bloco 7 - Gestão Governamental e Administração Pública) Conhecimentos - Eixo Temático 5 - Comunicação, Gestão Documental, Transparência e Proteção de Dados - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 15 122 @Xinyuu_bot - Telegram 6 Leia o trecho abaixo. (...) O jornalista alertou que a falta de repórteres atrapalha todas as esferas do jornalismo. ‘Se não houver repórter, os outros gêneros do jornalismo serão prejudicados. O repórter é um historiador do tempo presente’. Na ocasião, Caco apontou onde nasce uma pauta. De acordo com o jornalista, as melhores pautas estão na rua e as pessoas têm se esquecido disso. Para ele, a internet virou um lugar de reprodução e acaba tirando a verdadeira essência de uma boa reportagem. (Extraído de: Fonseca, Priscila: O repórter é um historiador do tempo presente, diz Caco Barcellos. In: . Acesso em 4 de abril de 2012) A partir da crítica do jornalista Caco Barcelos, é correto afirmar que, se a internet for usada na apuração jornalística, ela deve a) ser a própria fonte. b) dar credibilidade às fontes. c) facilitar o acesso às fontes. d) manter a atualidade das fontes. e) divulgar as fontes. Comentário: O autor faz uma crítica clara em relação ao uso da internet para pesquisar possíveis fatos geradores de notícias e fontes para a apuração. Assim, a internet não deve ser a própria fonte ou servir como fator de credibilidade para o jornalista: ele deverá ir para a rua, que é o local no qual, segundo Caco Barcelos, as melhores reportagens são desenvolvidas. Portanto, a internet também não tem como papel manter a atualidade das fontes ou divulga-las: a web apenas facilita o acesso a essas fontes ao permitir novas formas de comunicação instantânea, por exemplo, mas não substitui o trabalho realizado nas ruas pelo jornalista. Gabarito: letra C. (FGV – 2015 – Câmara Municipal de Caruaru/PE) Usadas para a apuração de informações, as entrevistas são classificadas, quanto ao seu objetivo, em a) exclusivas e coletivas. b) temáticas e rituais. c) ocasionais e programadas. d) dialogais e de confronto. e) gravadas e ao vivo. Comentário: A questão cobra a classificação de entrevistas de acordo com as obras de Nilson Lage. Assim, as entrevistas, em relação aos seus objetivos, podem ser classificadas como ritual, temática, testemunhal e em profundidade. Portanto, a alternativa correta é a letra B. Gabarito: letra B. Antonio Daud, Júlia Branco, Ricardo Campanario Aula 21 - Profa. Júlia Branco CNU (Bloco 7 - Gestão Governamental e Administração Pública) Conhecimentos - Eixo Temático 5 - Comunicação, Gestão Documental, Transparência e Proteção de Dados - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 16 122 @Xinyuu_bot - Telegram 7 Orientações para a realização de entrevistas Fazer entrevistas com fontes é uma das atividades mais corriqueiras e comuns no jornalismo diário. Portanto, o jornalista deve dominar técnicas e ter uma postura adequada para que as entrevistas sejam feitas de forma correta e ética. Vamos ver as orientações de Barbeiro e Lima (2013) sobre o assunto: - Perguntas não devem ser nem muito longas e nem muito curtas. O telespectador (no caso de entrevistas para TV) precisa entender o assunto, mas a pergunta não pode ser prolixa. - O jornalista deve perguntar aquilo que é relevante na visão do público e lembrar que o entrevistado vai dar a entrevista para que o ESPECTADOR (e não o jornalista) entenda o assunto tratado. - Entrevistas têm início, desenvolvimento e conclusão: isso significa que o jornalista deve estar ciente sobre o tema da entrevista, até para apresenta-la para a audiência. Ademais, deve fazer uma preparação prévia e estruturar as perguntas de forma clara para que a entrevista possa ser proveitosa. - Barbeiro e Lima (2013) recomendam que os entrevistados sejam tratados com respeito, mas sem formalismos. “Doutor” deve ser usado apenas para médicos ou para quem tem doutorado. Termos como “Vossa Excelência” devem ser evitados. É de bom tom perguntar ao entrevistado, antes da gravação, como ele quer ser chamado (sobretudo no caso de entrevistados com nomes pouco comuns). - É importante evitar interromper o entrevistado no meio de uma resposta. Contudo, é necessário estar atento e não deixar o entrevistado “fugir” da pergunta. Usar questionamentos como “por que” ajudam a evitar respostas monossilábicas como sim ou não. - É preciso ter cuidado com entrevistados que fazem media training e sabem como aumentar as respostas para ficarem mais tempo no ar ou “invertem” os papéis e fazem perguntas aos jornalistas. - É necessário evitar bate-boca e discussões com o entrevistado, visto que não se trata de um debate. Além disso, o jornalista deve manter o foco na temática principal da entrevista. - Existem excelentes entrevistas que são realizadas por profissionais que não são do jornalismo, como apresentadores e artistas. - É comum as emissoras editarem trechos curtos da entrevista para apresentarem durante a programação, como chamadas para os programas. Nem sempre esses destaques vão priorizar os trechos preferidos do entrevistado e isso pode ser um fator de desgaste. Logo, o jornalista deve priorizar o interesse público. Antonio Daud, Júlia Branco, Ricardo Campanario Aula 21 - Profa. Júlia Branco CNU (Bloco 7 - Gestão Governamental e Administração Pública) Conhecimentos - Eixo Temático 5 - Comunicação, Gestão Documental, Transparência e Proteção de Dados - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 17 122 @Xinyuu_bot - Telegram 2 REDAÇÃO JORNALÍSTICA A redação jornalística é a etapa na qual as informações apuradas pelo jornalista serão transformadas em um conteúdo adequado para o formato e o público do veículo de comunicação. Portanto, um dos desafios do profissional nessa fase é selecionar os dados que serão mais relevantes para a matéria e organizá-los em um texto que seja compatível com o espaço disponível para a publicação, com o grau de familiarização do leitor com o tema e também com as políticas editoriais e orientações de redação do veículo. Pirâmide Invertida Nós já vimos que a notícia é um formato jornalístico que informa o receptor sobre um tema factual de forma objetiva, clara e concisa, sem apresentar desdobramentos ou análises sobre o acontecimento. Assim, a notícia deve responder no seu parágrafo inicial a seis perguntas principais: elas compõem o lide clássico da notícia. • O que? • Quem? • Como? • Quando? • Onde? • Por que? Fique atento: algumas bancas, como a FGV, cobram a fórmula padrão para a construção de um lide clássico. Essa fórmula é: 3Q + O + P + C, de acordo com as perguntas acima apresentadas, para uma notícia padrão (notícia analítica). Esse não é um conteúdo tão frequente em provas (vi ser cobrado dessa forma pouquíssimas vezes), contudo, você precisa conhecê-lo para o seu estudo. Uma notícia mais enxuta, com uma estrutura menor (notícia sintética), utilizará apenas o 3Q para expressar as informações sobre o fato apresentado. Nesta aula, você conhecerá também outros tipos de lide e também elementos adicionais que podemcompor a notícia. No entanto, precisamos primeiro entender bem o conceito de pirâmide invertida, pois ela é a base da construção da notícia. O processo de planejamento de pauta define os pontos principais já conhecidos a respeito de um fato: eles serão apurados pelo jornalista a partir do contato com fontes, realização de entrevistas, ida ao local do acontecimento, etc. Ao voltar para a redação para preparar o seu texto, é esperado que o profissional de comunicação precise organizar todas as informações apuradas e selecione aquelas que serão mais importantes para o interesse público, de acordo com os critérios de noticiabilidade. Contudo, como o jornalista deve dispor as informações apuradas no seu texto noticioso? A pirâmide invertida é uma ferramenta criada para responder à essa pergunta: trata-se de uma estrutura segundo a qual as informações indispensáveis para a compreensão da notícia serão apresentadas de forma decrescente no texto, de acordo com o nível de importância. Dessa maneira, o jornalista deverá seguir a seguinte ordem ao escrever o conteúdo: lide, corpo da matéria e detalhes adicionais. Antonio Daud, Júlia Branco, Ricardo Campanario Aula 21 - Profa. Júlia Branco CNU (Bloco 7 - Gestão Governamental e Administração Pública) Conhecimentos - Eixo Temático 5 - Comunicação, Gestão Documental, Transparência e Proteção de Dados - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 18 122 @Xinyuu_bot - Telegram 3 Perceba que um texto noticioso apresentará um fluxo de conteúdo bem diferente de uma história narrativa, por exemplo: na notícia, não há um clímax pelo qual o leitor aguardará ansiosamente ao longo de diversos parágrafos. Os dados essenciais a respeito do assunto abordado serão apresentados da forma mais clara e objetiva possível pelo jornalista no lide e, em seguida, ele destrinchará as informações do primeiro parágrafo nas linha subsequentes para publicar a notícia de maneira completa e coerente. Assim, uma das vantagens da pirâmide invertida é facilitar o trabalho da edição porque o jornalista poderá cortar, com maior facilidade, trechos do texto que não caibam no espaço disponível para a publicação (no caso dos meios impressos).1 A pirâmide invertida representa a estrutura macro de um texto jornalístico no formato clássico da notícia. No entanto, perceba que o uso da pirâmide invertida não impede que outros elementos também apareçam na notícia, tais como o sublide e o sutiã. Vamos analisar uma notícia escrita conforme a estrutura da pirâmide invertida? Homem que se passava por policial é preso em Ceilândia Homem trabalhava como motorista de aplicativo e se dizia policial aposentado, mas documentação era falsa Correio Braziliense – 28/11/2019 – 8h30 Uma equipe da Polícia Militar abordou um veículo na madrugada desta quinta-feira (28/11) em Ceilândia e se deparou com uma situação inusitada. O motorista se apresentou como um policial militar aposentado, e afirmou que estava armado. Mas a checagem dos militares mostrou que a identificação e arma eram falsas. Ele foi preso por volta da 1h30. No carro, havia outras três pessoas, que solicitaram uma corrida por meio de um aplicativo de transporte. Elas foram liberadas após a ação policial. 1 OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA. Para que serve a pirâmide invertida?. Disponível em: http://observatoriodaimprensa.com.br/e-noticias/para-que-serve-a-piramide-invertida/. Acesso em: 2 dez. 2019. Lide Corpo da matéria Detalhes adicionais e informações menos relavantes Antonio Daud, Júlia Branco, Ricardo Campanario Aula 21 - Profa. Júlia Branco CNU (Bloco 7 - Gestão Governamental e Administração Pública) Conhecimentos - Eixo Temático 5 - Comunicação, Gestão Documental, Transparência e Proteção de Dados - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 19 122 @Xinyuu_bot - Telegram 4 Segundo a PMDF, a suspeita sobre a identidade do condutor ficou mais forte devido a informações fornecidas pelo suspeito durante a abordagem. O motorista "passou informações que não condizem com a corporação", diz trecho da nota encaminhada pela assessoria. O motorista, que não teve o nome divulgado, tem passagens pelo mesmo crime de falsa identidade, além de outras por porte de arma de fogo e uso de uniforme policial. Ele foi levado para a 15ª Delegacia de Polícia, em Ceilândia Centro.2 No texto apresentado, podemos identificar a pirâmide invertida a partir da organização das informações realizada pelo autor da notícia. O primeiro parágrafo, destacado em vermelho, apresenta claramente o fato principal: um homem (quem) se apresentou para a polícia como policial militar aposentado (o que) usando documentos falsos (como) em uma abordagem realizada na cidade de Ceilândia (onde) na quinta-feira, dia 28/11/19 (quando). Ao continuar a leitura do texto, vemos que o segundo e o terceiro parágrafos (em verde) explicam os dados informados no lide: a polícia suspeitou do carro porque as informações apresentadas pelo motorista sobre a PMDF foram inconsistentes e os passageiros que estavam no veículo foram liberados. Já o último parágrafo do texto, em laranja, traz mais alguns detalhes sobre o caso, como passagens anteriores do motorista pela polícia e também as providências adotadas pelas autoridades para resolver o caso. Perceba que essas informações não explicam diretamente o lide, mas apenas complementam o texto para facilitar a compreensão do leitor a respeito da notícia. Princípios de um Bom Texto Jornalístico A pirâmide invertida facilitará o trabalho do jornalista ao escrever seu texto, contudo, precisamos saber que ela, por si só, não garantirá a qualidade do conteúdo publicado. Existem outros aspectos a serem considerados pelo profissional de comunicação além da estrutura básica, tais como a correção gramatical do texto, a escolha adequada de palavras e o uso de recursos linguísticos para priorizar a clareza e a objetividade do texto. Há uma discussão ampla na Academia sobre quais seriam as melhores práticas para escrever um texto jornalístico de alta qualidade: alguns teóricos defendem que determinados princípios devem ser valorizados em detrimento de outros. Contudo, para fins de prova, vamos analisar esse tema de forma didática e com base nas orientações dos Manuais de Redação dos maiores jornais impressos e grupos editoriais do país. Um manual de redação é um documento editado por empresas do ramo jornalístico com o objetivo de estabelecer as diretrizes para a produção e a escrita dos conteúdos pelos seus profissionais. Ele seleciona e orienta as melhores práticas de redação jornalística, além de apresentar também os princípios e os critérios utilizados pela organização para definir o que é um texto de alta qualidade. Os manuais também auxiliam o 2 CORREIO BRAZILIENSE. Homem que se passava por policial é preso em Ceilândia. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2019/11/28/interna_cidadesdf,809840/homem-que-se- passava-por-policial-e-preso-em-ceilandia.shtml. Acesso em: 1 dez. 2019. Antonio Daud, Júlia Branco, Ricardo Campanario Aula 21 - Profa. Júlia Branco CNU (Bloco 7 - Gestão Governamental e Administração Pública) Conhecimentos - Eixo Temático 5 - Comunicação, Gestão Documental, Transparência e Proteção de Dados - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 20 122 @Xinyuu_bot - Telegram 5 leitor a conhecer os valores nos quais a empresa acredita: eles serão refletidos na linha editorial aplicada no produto final do veículo de comunicação. [...] é importante refletir sobre a qualidade do jornalismo, pois, cada vez mais, a tendência mundial é a simplificação da notícia, a pouca criatividade, a falta de investigação na apuração e a inexpressiva presença de interpretação. Qualidade não é sinônimo de prolixidade ou redundância, mas de investigação, apuração das informações e comprometimento social. (BORELLI, 2005)3 Apesar dos manuais terem comofunção principal facilitar e orientar o processo de escrita, há acadêmicos da área de comunicação social que acreditam que esses documentos limitam as possibilidades criativas e a liberdade do profissional da imprensa. Além disso, a maioria dos manuais de redação trata o processo de produção de notícia como uma atividade linear, a ser executada segundo um roteiro padrão. Isso não condiz com a realidade de uma redação, pois as notícias acontecem a todo momento e precisam ser sempre atualizadas em tempo real. Por outro lado, os manuais permitem que exista um controle maior a respeito da qualidade e da unidade dos textos a serem publicados no veículo de comunicação. Algumas empresas deixam claro nos seus manuais de redação que o objetivo desses documentos não é cercear o trabalho jornalístico, mas sim servir como um guia de boas práticas para os jornalistas. Veja o que o Manual de Redação do jornal Estadão diz sobre o assunto: De qualquer forma, o objetivo deste trabalho continua o mesmo: expor, de modo ordenado e sistemático, as normas editoriais e de estilo adotadas pelo Estado. O Manual não pretende, com isso, tolher a criatividade de editores, repórteres e redatores, nem impor camisas-de-força aos jornalistas da empresa. Seu objetivo é claro: definir princípios que tornem uniforme a edição do jornal. (ESTADÃO, 2019)4 Com base nos conceitos apresentados, estudaremos os princípios e as recomendações para a redação jornalística. 1) Usar uma linguagem simples e direta O jornalismo exige que o profissional de comunicação interaja com pessoas especialistas em outras áreas do conhecimento, tais como engenharia, tecnologia e medicina, por exemplo. Ouvir fontes experientes e renomadas nos seus segmentos de atuação pode ser o diferencial entre uma reportagem de qualidade mediana e um texto jornalístico completo e de alto nível em relação às informações apresentadas. Assim, é preciso relembrar que o objetivo principal do jornalismo sempre será entregar as notícias e os dados mais importantes para a sociedade a partir de uma apuração criteriosa. Diante desse contexto, as entrevistas com as fontes especializadas são uma excelente ferramenta para apresentar diferentes pontos de vista qualificados nas matérias jornalísticas. Contudo, o redator precisa 3BORELLI, Viviane. Jornalismo como atividade produtora de sentidos: subtítulo do artigo. Biblioteca on-line de ciências da comunicação. 2005. Disponível em: http://www.bocc.ubi.pt/pag/borelli-viviane-jornalismo-actividade-sentidos.pdf. Acesso em: 1 dez. 2019. 4 ESTADÃO. Manual de Redação. 2019. Disponível em: https://www.estadao.com.br/manualredacao/prefacio. Acesso em: 1 dez. 2019. Antonio Daud, Júlia Branco, Ricardo Campanario Aula 21 - Profa. Júlia Branco CNU (Bloco 7 - Gestão Governamental e Administração Pública) Conhecimentos - Eixo Temático 5 - Comunicação, Gestão Documental, Transparência e Proteção de Dados - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 21 122 @Xinyuu_bot - Telegram 6 ter um cuidado muito especial ao realizar a apresentação das informações: o texto deve ser escrito com uma linguagem simples e acessível para que o leitor leigo compreenda o seu conteúdo. Dessa maneira, recomenda-se que o jornalista evite termos técnicos desconhecidos pela audiência e, caso seja indispensável a sua utilização, explique seu significado de forma clara e objetiva no texto. OBSERVAÇÃO: É importante ressaltar também que o uso de uma linguagem simplificada não significa desrespeito à norma culta. Os padrões de escrita na língua portuguesa devem ser seguidos pelo jornalista e, assim, os manuais de redação poderão ser uma boa ferramenta para orientar as equipes a respeito de casos específicos como o uso adequado de jargões e de gírias, por exemplo. 2) Desenvolver períodos curtos e usar a estruturação visual do texto O jornalista escreve seu texto para uma audiência diversa: apesar de ter uma noção sobre os dados demográficos e econômicos do seu público, o profissional não tem como conhecer em detalhes o contexto de cada pessoa que lerá a sua matéria. É preciso compreender que os jornais atravessam muitas barreiras geográficas e sociais no nosso país, sobretudo nas suas edições online. Assim, o conteúdo deve ser criado sempre com o objetivo de facilitar o entendimento do leitor independentemente da complexidade da informação ou do nível de estudo acadêmico da audiência, por exemplo. Para tornar a leitura do texto mais agradável, o jornalista deve priorizar períodos mais curtos com sentenças escritas na ordem direta. Ademais, é importante que os parágrafos tenham entre 5 e 8 linhas, além de respeitarem a estrutura da pirâmide invertida no caso das notícias. Assim, os redatores também podem usar recursos como o intertítulo, que permite a divisão dos conteúdos as matérias em blocos temáticos. Nós veremos as funções do intertítulo com mais detalhes na próxima seção, mas é essencial compreender que ele é um elemento visual indispensável para a organização das notícias, reportagens e textos em geral mais extensos no jornalismo. 3) Ter respeito ao apresentar os regionalismos O Brasil é um país plural: cada região desenvolveu sua própria cultura local com base na história e nos costumes das populações que ali habitam. Essa diversidade é facilitada pela grande extensão demográfica da nossa nação e também pelas diferentes influências do nosso processo de colonização, a partir da mistura entre a cultura indígena e os hábitos dos povos portugueses, italianos e japoneses, por exemplo. Os fatores econômicos relacionados ao desenvolvimento do nosso país como a extração do ouro em Minas Gerais e as plantações de café no litoral também favoreceram para a consolidação de diferentes manifestações artísticas e culturais, enriquecendo a nossa nação com os regionalismos. Por esses motivos, é preciso que o jornalista tenha muito cuidado ao refletir os regionalismos nas suas matérias: sua visão deve ser sempre respeitosa em relação aos hábitos e à cultura de cada parte do Brasil. Portanto, é indispensável esclarecermos que não há região melhor do que a outra ou um nível “superior” de manifestação cultura. Há sim a diferenciação entre a cultura considerada popular e a erudita, mas uma não deve ser hipervalorizada em detrimento da outra. Antonio Daud, Júlia Branco, Ricardo Campanario Aula 21 - Profa. Júlia Branco CNU (Bloco 7 - Gestão Governamental e Administração Pública) Conhecimentos - Eixo Temático 5 - Comunicação, Gestão Documental, Transparência e Proteção de Dados - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 22 122 @Xinyuu_bot - Telegram 7 A atenção quanto à maneira de apresentar os regionalismos também deve estar presente ao escrever, no texto, expressões linguísticas comuns em determinadas partes do nosso país. Elas podem sim ser utilizadas nas matérias, mas o jornalista deverá priorizar escolhas de palavras conhecidas pela maior parte da população brasileira. Portanto, é preciso trabalhar com uma avaliação criteriosa a respeito de em quais casos cabe aplicar os regionalismos ou não no processo de escrita jornalístico. 4) Evitar jargões e expressões dramatizadas Outra recomendação importante dos manuais de redação é a respeito do uso dos jargões e de expressões dramatizadas. Veja o que diz o Manual de Redação do Estado de S. Paulo sobre o tema: O rádio e a televisão podem ter necessidade de palavras de som forte ou vibrante; o jornal, não. Assim, goleiro é goleiro e não goleirão. Da mesma forma, rejeite invenções como zagueirão, becão, jogão, pelotaço, galera (como torcida) e similares. (ESTADÃO, 2019)5 Assim, palavras com significados muito fortes devem ser evitadas pelo jornalista. Ele deve ter em mente que deve escrever um texto entre a linguagem falada e a erudita, encontrando um equilíbrio entre termos muito rebuscados e coloquialismos desnecessários. O uso de jargões, gírias e termos exagerados, no contexto da comunicaçãosocial, podem refletir a opinião pessoal do jornalista em textos que, via de regra, deveriam apenas apresentar as informações de forma imparcial. Logo, a escolha de termos tem uma influência direta na percepção dos leitores a respeito do viés editorial de uma publicação e, portanto, deve priorizar palavras simples, claras e objetivas. 5) Evitar repetições desnecessárias A TV e o rádio têm uma diferença fundamental em relação à comunicação realizada por um jornal impresso: as pessoas podem entrar em contato com seus conteúdos a qualquer momento e não podem “voltar” as reportagens para assisti-las do começo (na maioria dos casos). Isso precisa ser considerado pelos profissionais de comunicação ao redigir um texto para esses meios tão distintos. Portanto, na TV e no rádio é recomendado repetir palavras e informações ao longo da transmissão dos programas jornalísticos para que a audiência possa compreender com facilidade os assuntos abordados, independentemente do horário no qual ligaram os dispositivos. No caso de um texto jornalístico para jornais impressos ou digitais, a repetição de palavras é desnecessária devido às características do conteúdos nesses meios. Assim, recomenda-se que o jornalista evite repetir expressões e também não comece os parágrafos sempre com os mesmos termos. Essas ações diminuem a fluidez do texto e prejudicam a compreensão das informações, além de tornarem a leitura mais cansativa e desinteressante para a audiência. 5 ESTADÃO. Manual de Redação. 2019. Disponível em: https://www.estadao.com.br/manualredacao/prefacio. Acesso em: 1 dez. 2019. Antonio Daud, Júlia Branco, Ricardo Campanario Aula 21 - Profa. Júlia Branco CNU (Bloco 7 - Gestão Governamental e Administração Pública) Conhecimentos - Eixo Temático 5 - Comunicação, Gestão Documental, Transparência e Proteção de Dados - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 23 122 @Xinyuu_bot - Telegram 8 6) Priorizar a linguagem referencial Uma das marcas do jornalismo é a linguagem referencial, ou seja, o foco na mensagem a ser transmitida para o receptor. Essa é uma das diferenças entre o texto jornalístico e o texto publicitário: o primeiro priorizará a comunicação direta de informações enquanto o segundo tem mais liberdade para utilizar recursos criativos e literários na composição textual. Dessa maneira, torna-se essencial evitar clichês ao redigir o texto jornalístico. Eles prejudicam a compreensão da notícia ao transformar seu conteúdo em um lugar-comum já conhecido por todos6. Além disso, o uso dos clichês reduz a qualidade da matéria ao torna-la desinteressante para a audiência: pode sim ser uma forma mais rápida de produzir um texto, mas prejudicará consideravelmente a percepção de credibilidade e de veracidade do leitor em relação aos dados apresentados. Na sua apuração, o jornalista deve sempre investigar os fatos a fim de apresentar todos os lados possíveis de um acontecimento, surpreendendo o público com um trabalho bem realizado e adequado aos padrões de qualidade do veículo de comunicação. 7) Evitar a encampação Os jornais utilizam gêneros e formatos específicos quando desejam publicar conteúdos opinativos, como o editorial, o artigo e a coluna, por exemplo. Dessa forma, nós sabemos que as notícias e as reportagens, pertencentes ao gênero informativo, devem apresentar as informações de maneira impessoal para que o leitor possa formular as suas próprias percepções a respeito do assunto abordado. No entanto, há uma forma bem comum de apresentar uma opinião de forma indireta em um texto jornalístico, a partir do uso da encampação. Vamos ver o significado desse termo? Encampação: expressão de opinião de forma velada nas notícias, com a apropriação de afirmações por parte do jornal e sem indicação clara da fonte das informações. É mais comum nos títulos das matérias, mas também pode ocorrer no corpo do texto. Veja o seguinte título para uma matéria fictícia da editoria de economia de um jornal impresso de circulação nacional: “Economia brasileira entrará em recessão nos próximos anos”. Nesse caso, podemos dizer que há a encampação de uma opinião no título: a frase, no texto da matéria, teria sido dita pelo ministro da Fazenda, por exemplo. No entanto, quem lê o título e não lê o conteúdo da notícia pode entender que se trata de uma afirmação de autoria do jornal a respeito da economia brasileira. O correto, nesse caso, seria redigir o título da seguinte maneira: “Economia brasileira entrará em recessão nos próximos anos, diz ministro da Fazenda”. 6 UNIVERSIDADE DO FUTEBOL. Clichê: um dos males do jornalismo esportivo. Disponível em: https://universidadedofutebol.com.br/cliche-um-dos-males-do-jornalismo-esportivo/. Acesso em: 30 nov. 2019. Antonio Daud, Júlia Branco, Ricardo Campanario Aula 21 - Profa. Júlia Branco CNU (Bloco 7 - Gestão Governamental e Administração Pública) Conhecimentos - Eixo Temático 5 - Comunicação, Gestão Documental, Transparência e Proteção de Dados - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 24 122 @Xinyuu_bot - Telegram 9 Existem algumas recomendações básicas para evitar a encampação de informações nas matérias jornalísticas7. Confira: • Sempre apresentar a fonte das informações ao usar uma declaração de autoridade ou personagem da matéria como título; • Não admitir como verídica uma declaração no caso de uma pessoa acusada de um crime ou usar palavras que possam considera-la culpada sem o término do devido processo legal; • Não considerar encerrada a discussão de temas ainda em votação em órgãos públicos como o Congresso Nacional e os tribunais, por exemplo. 8) Escrever títulos de alta qualidade Outro ponto importante a respeito da redação jornalística apurada e precisa é a escolha das palavras para compor o título da reportagem. Além dos cuidados mencionados para evitar a encampação de ideias, o jornalista também deve seguir algumas boas práticas para produzir um título de fácil entendimento por parte do leitor8. Confira quais são elas: • O título deve priorizar a informação principal da matéria para chamar a atenção do leitor para o seu conteúdo; • No caso das notícias, o título sempre será extraído a partir dos dados apresentados no lide; • Sempre usar verbos nos títulos, preferencialmente no presente do indicativo. O passado e o futuro só devem ser utilizados quando os fatos a serem narrados exigirem o seu uso; • Priorizar a ordem direta para apresentação das informações; • Não usar pontos de interrogação, parênteses, chaves, pontos finais e pontos de exclamação, pois eles interrompem e prejudicam a leitura do título; • Não repetir de forma literal as primeiras frases do texto da matéria. Elementos de um Texto Jornalístico Lide Vamos relembrar a importância do lide no texto jornalístico? Veja o que Lage (2012) diz sobre o assunto: O lead é o primeiro parágrafo da notícia em jornalismo impresso; por extensão, a abertura do texto nos noticiários radiofônicos. Trata-se do relato sumário e particularmente 7 ESTADÃO. Manual de Redação. 2019. Disponível em: https://www.estadao.com.br/manualredacao/prefacio. Acesso em: 1 dez. 2019. 8 FOLHA DE S. PAULO. Círculo Folha. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_edicao_t.htm. Acesso em: 1 dez. 2019. Antonio Daud, Júlia Branco, Ricardo Campanario Aula 21 - Profa. Júlia Branco CNU (Bloco 7 - Gestão Governamental e Administração Pública) Conhecimentos - Eixo Temático 5 - Comunicação, Gestão Documental, Transparência e Proteção de Dados - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 25 122 @Xinyuu_bot - Telegram 10 ordenado do fato mais interessante de uma série e não do resumo da notícia toda, como aparece em algumas descrições. (LAGE, 2012)9 Nós já estudamos o lide clássico: aquele no qual o jornalista responderá seis perguntas a respeito do acontecimento-chave da notícia. Sobre esse tema, é importante ressaltarmos que,apesar da maioria das notícias apresentar as respostas para as seis perguntas, isso não é obrigatório. Ou seja, é possível existir um lide clássico que responde apenas quatro questões, por exemplo. Essa decisão dependerá do jornalista e também as informações disponíveis após a apuração dos fatos. Existem também outros tipos de lide além da versão clássica já estudada. Existem diferentes classificações e, assim, vou apresentar as que são mais comuns em termos de prova. Classificação de acordo com a pergunta principal – De acordo com Jorge (2008), trata-se de uma classificação que considera a pergunta que mais se destaca em termos de informações relevantes naquele lead. Se eu escrevo uma matéria sobre um furto a um banco, com destaque para o fato de que o criminoso foi preso em uma mega operação criada pela Polícia Militar, é bem provável que a pergunta principal do meu lide seja “quem” (ou seja, foco na identidade e demais dados sobre o assaltante). Classificação quanto à informação – Existe também uma classificação que considera o tipo de informação que será abordada naquele lead. Logo, as categorias são as seguintes: Lide simples – É um lide considerado mais rotineiro e usual no jornalismo. De acordo com a literatura especializada, é usado para economizar tempo no dia a dia do jornalista e atender aos três princípios necessários para a produção diária no jornalismo: Pirâmide, Pressa e Pressão. Exemplo de lide simples: As agências do trabalhador do Distrito Federal estão com 363 vagas abertas nesta quarta-feira (16/6). Das oportunidades oferecidas, 76 são para pessoas sem experiência profissional de nível fundamental, médio ou superior de escolaridade. Os salários podem chegar a R$ 2,2 mil, mais benefícios. (CORREIO BRAZILIENSE, 2021) 10 Lide integral – Vai além do lide simples e traz informações que contextualizam o tema para o leitor. É muito usado em casos de notícias que tratam de assuntos que já foram abordados em matérias anteriores (como a atualização sobre um determinado tema). Exemplo de lide integral: A ausência de um banquete de Estado e de uma entrevista coletiva dão o tom nervoso da cúpula entre os presidentes Joe Biden (EUA) e Vladimir Putin (Rússia). Os dois líderes debaterão temas espinhosos na Villa La Grange, uma edificação do século XVIII situada às margens do Lago Genebra, na capital da Suíça. Nos últimos dias, as relações entre Washington e Moscou se tensionaram, e Biden prometeu “avisar” a Putin quais são as “linhas vermelhas” que ele não poderá cruzar. Entre os assuntos mais sensíveis, estão a perseguição ao opositor russo Alexey Navalny, a ofensiva russa na 9 LAGE, Nilson. Ideologia e técnica da notícia. 4ª ed. rev. e ampl. Florianópolis: Insular, 2012. Série Jornalismo a Rigor, Vol. 5. 10 https://www.correiobraziliense.com.br/cidades-df/2021/06/4931578-agencias-do-trabalhador-oferecem-363-vagas-de- emprego-nesta-quarta.html Antonio Daud, Júlia Branco, Ricardo Campanario Aula 21 - Profa. Júlia Branco CNU (Bloco 7 - Gestão Governamental e Administração Pública) Conhecimentos - Eixo Temático 5 - Comunicação, Gestão Documental, Transparência e Proteção de Dados - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 26 122 @Xinyuu_bot - Telegram 11 Ucrânia, o apoio do Kremlin ao regime da Bielorrússia e os ataques cibernéticos que ameaçaram as eleições de 2016 nos Estados Unidos. (CORREIO BRAZILIENSE, 2021) 11 Lide resumo – É bem similar ao lide integral, com a diferença de que as informações são ordenadas e apresentadas de forma lógica (em uma sequência de fatos) para que o leitor possa entender o assunto com maior facilidade. É muito usado no caso de entrevistas para resumir o conteúdo que foi obtido com a fonte e que será apresentado ao leitor nos parágrafos seguintes. Exemplo de lide resumo: A Rocinha vai investir no marketing para atrair os estrangeiros interessados em turismo social. Cerca de 10 mil folhetos de propaganda sobre o bairro, que por sua localização oferece visão privilegiada da cidade, serão distribuídos em novembro nos principais hotéis cariocas. O Guia Rocinha será feito pelo Fórum de Desenvolvimento da Rocinha – entidade formada por órgãos da Prefeitura do Rio de Janeiro, Caixa Econômica Federal e organizações não-governamentais – e faz parte de uma grande estratégia para estimular o comércio do bairro. (JORGE, 2008) Lide citação - é outro formato que poderá ser cobrado na sua prova: ele apresenta uma frase dita pelo entrevistado e/ou personagem da matéria em destaque. É importante ressaltar que esse tipo de lide usará, obrigatoriamente, o discurso direto: ou seja, a frase será reproduzida de forma integral no texto, da mesma forma como foi dita pelo seu autor e com o uso de aspas. Exemplo de lide citação: “Os cuidados com a prevenção contra o mosquito da dengue devem continuar mesmo durante o inverno”, alerta o secretário da saúde de Mossoró, no Rio Grande do Norte. A prefeitura identificou que muitas casas apresentam possíveis focos de reprodução do aedes aegypti, como caixas d’água destampadas e pneus com água parada no quintal.12 Lide pessoal – Traz uma abordagem mais próxima do leitor e, em muitos casos, trata o leitor com o uso da expressão “você”. É comum no caso de revistas de variedades. Exemplo de lide pessoal: Pergunte a qualquer profissional em nível de gerência qual a parte mais espinhosa de seu trabalho e uma das respostas mais freqüentes será: “Ter que demitir alguém”. (JORGE, 2008) Lide pergunta – Como o próprio nome já diz, traz uma pergunta no lide como forma de chamar a atenção das pessoas para aquele conteúdo. Exemplo de lide pergunta: Ir para o trabalho de metrô ou de carro? Esse é o grande dilema de quem mora na capital paulista e precisa calcular qual forma de transporte é mais eficiente para reduzir o tempo de deslocamento diário. (exemplo autoral). 11 https://www.correiobraziliense.com.br/mundo/2021/06/4931483-biden-e-putin-se-reunem-nesta- quarta-em-busca-de-reaproximacao-estrategica.html 12 Exemplo fictício escrito pela professora para a aula. Antonio Daud, Júlia Branco, Ricardo Campanario Aula 21 - Profa. Júlia Branco CNU (Bloco 7 - Gestão Governamental e Administração Pública) Conhecimentos - Eixo Temático 5 - Comunicação, Gestão Documental, Transparência e Proteção de Dados - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 27 122 @Xinyuu_bot - Telegram 12 Lide chavão – Apresenta um clichê e/ou frase comum na sociedade para gerar identificação com o leitor. Deve ser usado com cuidado para que não se torne cansativo e/ou demonstre falta de criatividade do jornalista. Exemplo de lide chavão: “Água mole em pedra dura tanto bate até que fura”: essa é uma expressão popular que pode ser usada para definir a insistência dos parlamentares em aprovarem o novo plano econômico no Congresso Nacional. (exemplo autoral). Lide suspense – É um lide que usa o recurso da incerteza e do mistério para envolver o leitor. Tem uma aproximação com a literatura e, portanto, não é um formato muito utilizado pelos jornalistas no dia a dia. Exemplo de lide suspense: Perplexidade. Medo. Em Araçoiaba da Serra (SP), nove porcos foram encontrados mortos com perfurações no corpo. Os corpos dos animais não tinham marcas de sangue. O predador não deixou rastros, nem sinais de sua entrada no curral, trancado com cadeado. Outros dois porcos e um cachorro também foram feridos. Mas ninguém viu nem ouviu nada" (JORGE, 2008) Lide estorinha – Como o nome já diz, ele conta uma história e usa recursos mais narrativos para apresentar uma informação. É muito usado para apresentar um personagem que é o foco da matéria, por exemplo. Exemplo de lide estorinha - Juliana Amorim, 25 anos, é aquarelista. Na infância, se interessou pelas cores e nunca mais deixou de misturar água e tinta para expressar a sua visão de mundo. Na universidade, se interessou pelo universo do design e decidiu unir essas duas paixões para construir
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