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Curso preparatório para a 1ª fase do 41º Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professor André de Almeida Dafico Ramos Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 1 Prezados alunos, sejam muito bem-vindos ao Curso Proordem. Estamos iniciando mais um curso preparatório para o Exame da Ordem. É um caminho de sacrifício, de disciplina e que requer algumas renúncias, mas que compensa muito, sobretudo porque o resultado é a sua aprovação. Há três dicas essenciais: 1) Traga o Vademecum para a sala. Não use celular ou computador, porque você precisa se habituar ao Vademecum, afinal, na segunda fase, não é permitido o uso de eletrônicos, só do Vademecum mesmo. É melhor você se habituar, sobretudo porque isso te garante uma memória visual que te ajuda muito na memorização; 2) Promova a leitura, ANTES DA AULA, do material complementar. Você saberá, pela grade, qual matéria será ministrada pelo professor (geralmente, seguimos a ordem contida no material complementar). Se houver dúvida, pergunte ao professor. Essa é a sua oportunidade de anotar suas dúvidas e tirá-las com o professor, em sala. Quando vejo que as dúvidas do aluno não são pertinentes com a aula, peço a ele que me espere após o término da aula para que eu possa efetivamente ajudá-lo. Peço, entretanto, que evitem tirar dúvidas no intervalo, afinal, ele é tão essencial para o aluno quanto para o professor. 3) Esta, sem sombra de dúvidas, é a dica mais importante: ABANDONE o seu celular durante a aula. Não é radicalismo! É bom senso e disciplina. Você terá pouco menos de três meses para revisar o conteúdo visto em 5 anos de graduação. Isso mesmo... Meia década em pouco menos de noventa dias. Por isso, concentre-se ao máximo. Evite, ao máximo, sair da sala enquanto o professor estiver falando. Cada frase pode ser uma questão e uma questão é o que diferencia um aprovado (com 40 pontos) e um reprovado (com 39 pontos). Cuidado! 4) Você verá que a Apostila é dividida em 7 aulas e que, ao final de cada um, você encontrará questões de fixação do conteúdo. Essas questões são essenciais para que você teste seu conhecimento. Não fique frustrado. É absolutamente normal fazer e errar muito. Todo mundo erra. Só que alguns preferem errar na hora. Os prudentes erram antes, aprendem, para, na hora certa, arrebentarem. Lembrem-se de que sua prova tem data marcada, 28 de julho, e que você será aprovado NESTE EXAME se estiver pronto NESTA DATA. Como estamos diante de um prazo relativamente curto, precisamos estabelecer algumas metas diárias. O essencial é que você venha à aula e responda, no mínimo, 40 questões diárias sobre a matéria ministrada na aula. Saliento que o simples fato de responder as 40 questões não é o http://goiania.proordem.com.br/ http://www.proordem.com.br/ Curso preparatório para a 1ª fase do 41º Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professor André de Almeida Dafico Ramos Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 2 essencial, uma vez que o que realmente faz a diferença é a correção, na qual você passa a identificar o erro das assertivas incorretas. Não faça o esquema “faço, corrijo, faço, corrijo”. Você deve responder todas as questões primeiro e, após isso, promover a correção, porque, deste modo, você não terá uma falsa impressão de conhecimento, decorrente do fato de você acertar um grande número de questões. Quando o aluno faz e corrige em seguida, ele certamente vai acertar as próximas. Não por já ter memorizado o assunto, mas por ter acabado de ler a resposta de uma questão sobre o mesmo tema. Ressalto que, para responder as questões, você deve ter um conhecimento mínimo sobre o tema. Do contrário, você partirá para o “chute”, o que não traz resultados. Se você ainda não domina o assunto ministrado na aula, leia sobre o tema da aula antes de começar a resolver as questões. Eu te garanto que, após duas leituras (uma antes da aula e uma depois da aula), você conseguirá resolver as questões sem ter que recorrer ao acaso. Toda a nossa equipe envida todos os esforços necessários à sua aprovação. Ela depende, entretanto, de um esforço conjunto. Se você já fez a prova, sabe do que eu estou falando. Não há meio termo! Ou você sabe e consegue os 40 acertos, ou não. Isso depende de disciplina. Com esforço, tudo é possível. Tudo depende de você. Se você realmente quiser a aprovação, implemente essas regras. Não é para amanhã, ou para semana que vem. É para hoje. Estamos a pouco mais de 90 dias da prova. Aproveite cada dia. Cada hora é valiosa nessa caminhada. Estamos juntos até a sua aprovação. Se ficou com alguma dúvida, nos procure. Sempre ficamos disponíveis após o término da aula. Grande abraço. Professor André Dafico @prof.andredafico andredafico@gmail.com http://goiania.proordem.com.br/ http://www.proordem.com.br/ mailto:andredafico@gmail.com Curso preparatório para a 1ª fase do 41º Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professor André de Almeida Dafico Ramos Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 3 SUMÁRIO AULA 1 – PARTE GERAL ........................................................................................................................... 4 QUESTÕES DA AULA 1 .......................................................................................................................... 30 AULA 2 – PARTE GERAL ........................................................................................................................ 46 QUESTÕES DA AULA 2 .......................................................................................................................... 58 AULA 3 - OBRIGAÇÕES ........................................................................................................................... 75 QUESTÕES DA AULA 3 .......................................................................................................................... 99 AULA 4 - CONTRATOS ........................................................................................................................... 120 QUESTÕES DA AULA 4 ....................................................................................................................... 178 AULA 5 – RESPONSABILIDADE CIVIL ............................................................................................... 199 QUESTÕES DA AULA 5 ........................................................................................................................ 224 AULA 6 – DIREITO DE FAMÍLIA ......................................................................................................... 243 QUESTÕES DA AULA 6 ........................................................................................................................ 275 AULA 7 – DIREITO DAS SUCESSÕES .................................................................................................. 295 QUESTÕES DA AULA 7 ........................................................................................................................ 326 http://goiania.proordem.com.br/ http://www.proordem.com.br/ Curso preparatório para a 1ª fase do 41º Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professor André de Almeida Dafico Ramos Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 4 AULA 1 PARTE GERAL -PERSONALIDADE JURÍDICA: É a aptidão genérica para titularizar direitos e contrair obrigações na ordem jurídica, ou seja, é a qualidade para ser sujeito de direito. Pessoa física ou natural – momento de aquisição da personalidade jurídica – art. 2º Nascituro – é um embrião com vida intra-uterina. Que direitos efetivamente tem o nascituro? Direito à vida (inclusive proteção contra o aborto); Direito à proteçãopré-natal; Direito de receber doação e herança; E quanto ao direito a alimentos? A jurisprudência brasileira em geral sempre foi resistente à tese. A matéria, contudo, foi pacificada com a aprovação da Lei dos Alimentos Gravídicos (Lei 11.804/08), que reconheceu e regulou expressamente o direito aos alimentos do nascituro. CAPACIDADE – consiste na medida de personalidade. Capacidade de DIREITO + Capacidade de FATO = CAPACIDADE PLENA Não se confunde com a LEGITIMIDADE (impedimento para a prática de determinado ato. Falta de pertinência subjetiva para a prática de determinado ato) Capacidade de direito – qualquer pessoa tem; no momento em que se adquire personalidade passa o sujeito a ter capacidade de direito. Capacidade de fato – é a aptidão para pessoalmente praticar atos na vida civil. Incapacidade absoluta – art. 3º Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. http://goiania.proordem.com.br/ http://www.proordem.com.br/ Curso preparatório para a 1ª fase do 41º Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professor André de Almeida Dafico Ramos Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 5 Não existe mais, no sistema privado brasileiro, pessoa absolutamente incapaz maior de idade. Todas as pessoas com deficiência passam a ser, em regra, plenamente capazes para o Direito Civil, o que visa a garantir sua inclusão social, em prol de sua dignidade. Para comprovar tal afirmação, vale citar o disposto no art. 6º da lei 13.146/2015, segundo o qual a deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para: a) casar-se e constituir união estável; b) exercer direitos sexuais e reprodutivos; c) exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar; d) conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória; e) exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e f) exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. Em resumo, há, no plano familiar, uma expressa inclusão plena das pessoas com deficiência. Eventualmente, e em casos excepcionais, tais pessoas podem ser tidas como relativamente incapazes em algum enquadramento do art. 4º do Código Civil. Como exemplo, podemos citar a situação de um deficiente que seja viciado em tóxicos, o qual poderá ser tido como incapaz como qualquer outro sujeito. Incapacidade Relativa – art. 4º Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; IV - os pródigos. Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) O artigo 4º também foi modificado de forma considerável pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei n.º 13.146/2015). Como podemos ver pela redação do dispositivo, o inciso II não faz mais referência às pessoas com discernimento reduzido, que não são mais consideradas relativamente incapazes, como antes estava regulamentado. Apenas foram mantidas no diploma as menções aos ébrios habituais (entendidos como os http://goiania.proordem.com.br/ http://www.proordem.com.br/ Curso preparatório para a 1ª fase do 41º Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professor André de Almeida Dafico Ramos Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 6 alcoólatras) e aos viciados em tóxicos, que continuam dependendo de um processo de interdição relativa, com sentença judicial, para que sua incapacidade seja reconhecida. Também foi alterado o inciso III do art. 4º do CC, sem mencionar mais os excepcionais sem desenvolvimento completo, como, por exemplo, os portadores de síndrome de Down, que não são mais considerados incapazes. A nova redação passa a enunciar as pessoas que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir vontade, o que antes estava previsto no inciso III do art. 3º como causa de incapacidade absoluta. O sistema de incapacidades deixou de ter um modelo rígido, passando a ser mais maleável, pensado a partir das circunstâncias do caso concreto e em prol da inclusão das pessoas com deficiência, tutelando a sua dignidade e a sua interação social. EMANCIPAÇÃO Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II - pelo casamento; III - pelo exercício de emprego público efetivo; IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. Regra geral, a menoridade cessa aos 18 anos completos, nos termos do artigo 5º do Código Civil. Emancipação traduz uma forma de antecipação da capacidade plena, podendo ser: voluntária, judicial e legal. 1.1 Emancipação voluntária: a emancipação voluntária, prevista no art. 5º, par. único, I, primeira parte, é aquela concedida pelos pais, ou por um deles na falta do outro (é ato isonômico e extingue o poder familiar), em caráter irrevogável, mediante instrumento público, independentemente de homologação do juiz, desde http://goiania.proordem.com.br/ http://www.proordem.com.br/ Curso preparatório para a 1ª fase do 41º Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professor André de Almeida Dafico Ramos Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 7 que o menor tenha 16 anos completos (o menor não tem poderes para autorizar ou não seus pais quanto à emancipação). 1.2 Emancipação judicial: prevista no art. 5º, par. único, 2ª parte. O menor é emancipado pelo juiz, ouvido o tutor, desde que tenha 16 anos completos. Quem emancipa o menor tutelado é o juiz, ouvido o tutor. 1.3 Emancipação legal: art. 5º, par. único, II a V. A primeira hipótese decorre do casamento (não se inclui a união estável. Não se deve dar interpretação extensiva, já que é causa de extinção do poder familiar, sendo norma restritiva). Exercício de emprego público efetivo. Legislador civil não usou a técnica do direito administrativo. Destarte, entende-se que o exercício de qualquer função, cargo ou emprego público efetivo (não pode ser cargo em comissão) irá causar a emancipação. Estabelecimento civil (exercício de atividade não empresarial, ex.: serviço artístico ou científico), estabelecimento comercial (exercício de atividade empresarial, ex.: compra e venda de verduras) ou pelo exercício da relação de emprego, desde que o menor com 16 anos completos tenha economia própria. EXTINÇÃO DA PESSOA FÍSICA OU NATURAL (MORTE) Art. 6 o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. Art. 7 o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. O critério que a comunidade científica mundial tem adotado é a morte encefálica, como referencial mais seguro do momento da morte, inclusive para efeito de transplante.A morte deve ser atestada por um profissional da medicina, podendo também ser declarada por 02 testemunhas, na falta do especialista. http://goiania.proordem.com.br/ http://www.proordem.com.br/ Curso preparatório para a 1ª fase do 41º Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professor André de Almeida Dafico Ramos Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 8 O CC, além de apontar a morte real, prevê 02 hipóteses de morte presumida, quais sejam: a) ausência (art. 6º, 2ª parte, CC); b) art. 7º, CC. A ausência se caracteriza quando uma pessoa desaparece do seu domicílio sem deixar notícia ou representante que administre seus bens. A matéria (procedimento) é disciplinada a partir do art. 22, CC. O que é comoriência? Traduz a situação jurídica de morte simultânea. A regra da comoriência prevista no art. 8º do CC e somente deve ser aplicada quando não for possível indicar a ordem cronológica dos óbitos. Não podendo se indicar a ordem das mortes, presume-se que a situação é de falecimento simultâneo, abrindo-se cadeias sucessórias autônomas e distintas (um comoriente não herda do outro). É possível a comoriência, mesmo em se tratando de locais distintos. DIREITOS DA PERSONALIDADE São irrenunciáveis e imprescritíveis, gerando dano moral a violação a um deles. Os direitos da personalidade estão regulamentados nos artigos 11 a 21 do Código Civil. Características dos direitos da personalidade – art. 11 Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. Esse artigo deve ser interpretado de forma ampliativa, segundo a doutrina e a jurisprudência. As características previstas no artigo 11 são relativas, uma vez que elas admitem exceções, conforme expressamente previsto. São: intransmissíveis, irrenunciáveis e indisponíveis (não pode o seu exercício sofrer limitação voluntária). a) indisponível – essa ideia de que o direito da personalidade não pode sofrer limitação voluntária é relativa, uma vez que é possível, excepcionalmente, que a pessoa disponha de seu direito da personalidade. Ex: um artista, por exemplo, está abrindo mão do seu direito à imagem quando está gravando. Não há qualquer ilegalidade. Esse caráter de indisponibilidade não é absoluto. Enunciado 4 do CJF (não se trata de jurisprudência, mas de doutrina): o exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que não seja permanente nem geral. http://goiania.proordem.com.br/ http://www.proordem.com.br/ Curso preparatório para a 1ª fase do 41º Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professor André de Almeida Dafico Ramos Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 9 Logo, se a limitação for transitória e específica, não há ilegalidade. Ex: BBB. Um contrato vitalício é possível? No Brasil, não. b) são absolutos – tem eficácia erga omnes (contra todos). Todos devem respeitar a imagem dos outros. Cuidado para não achar que, por ser absoluto, não cabe exceção. É claro que cabe. Isso está expresso no artigo 11: Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. c) imprescritíveis – o fato de não ser exercido, não implica sua perda. O fato de eu não utilizar minha imagem (como os atores, por exemplo), não significa que eu vá perder esse direito. CUIDADO! Os direitos da personalidade são imprescritíveis. Eles sempre existirão. A pretensão decorrente da violação a tais direitos é prescritível. O prazo prescricional é de 3 anos (art. 206, § 3º, inciso V). Se você tem seus direitos da personalidade violados, nasce uma pretensão de reparação civil. Ex: sua imagem utilizada de forma indevida. d) vitalícios – os direitos da personalidade têm por objetivo proteger o que? É claro que é a personalidade. Se ela começa com o nascimento com vida e termina com a morte, é claro que esses direitos são vitalícios. Cuidado com a lesão após a morte. O STJ já analisou essa questão, tratada pela doutrina como “lesão indireta, oblíqua, ou por ricochete”. O que é isso? Na tentativa de lesar a personalidade de alguém que está falecido, acaba-se por atingir, de forma indireta, a personalidade de alguém que está vivo. Quem pode pleitear essa reparação? A regra geral está prevista no parágrafo único do artigo 12: Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. Os lesados indiretos são esses. Essa é a regra geral. Em se tratando de imagem, todavia, o rol de legitimados é menor, nos termos do artigo 20, p. u.: http://goiania.proordem.com.br/ http://www.proordem.com.br/ Curso preparatório para a 1ª fase do 41º Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professor André de Almeida Dafico Ramos Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 10 Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes. TUTELA DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE Os direitos da personalidade podem ser tutelados de forma: a) Preventiva ou inibitória – é aquela que quer inibir a ocorrência do dano. b) Repressiva ou compensatória – se já houve o dano, o que resta é reparar, mediante indenização. CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE 1) INTEGRIDADE FÍSICA: a) Tutela do corpo vivo – art. 13 Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes. Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial. b) Tutela do corpo morto – art. 14 Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte. Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo. Vale sempre a vontade do morto (manifestada em vida, é claro!). Se ele se declarou doador, mas em testamento declarou que não queria doar, vale a última declaração. Só se ele nunca tiver se pronunciado é que a lei permite que o cônjuge e parentes se manifestem, sobretudo quanto a transplante (lei 9.434/97): Art. 4º A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas para transplantes ou outra finalidade terapêutica, dependerá da autorização do cônjuge ou parente, maior de idade, obedecida a linha sucessória, reta ou http://goiania.proordem.com.br/ http://www.proordem.com.br/ Curso preparatório para a 1ª fase do 41º Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professor André de Almeida Dafico Ramos Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 11 colateral, até o segundo grau inclusive, firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da morte. (Redação dada pela Lei nº 10.211, de 23.3.2001) c) Autonomia do paciente – art. 15 Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. 2) INTEGRIDADE PSÍQUICA OU MORAL a) Imagem A imagem é tutelada tanto pela CC quanto pela CF: Art. 5º, V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;CC – Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. Súmula 403, STJ: Independe de prova do prejuízo, a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais. (dano moral puro, também chamado de dano moral in re ipsa). Aplica-se, inclusive, se a propaganda for positiva. O que importa aqui é a autorização. Imagem são as características identificadoras de uma pessoa. Ela é assentada em três vertentes: retrato (características fisionômicas, aparência), atributo (característica no meio social. Ex: honesto, trabalhador) e voz (timbre sonoro identificador. Ex; Lombardi, Cid Moreira, Galvão Bueno). Lembre-se que a regra básica contida no artigo 20 do CC é que, para se veicular uma imagem é preciso autorização, seja expressa ou tácita. Há exceções, todavia: http://goiania.proordem.com.br/ http://www.proordem.com.br/ http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10211.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10211.htm Curso preparatório para a 1ª fase do 41º Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professor André de Almeida Dafico Ramos Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 12 - dispensa legal: administração da Justiça ou manutenção da ordem pública. Ex: fuga de preso, estuprador em série. - dispensa pela jurisprudência: pessoas públicas em locais públicos (direito à informação) e pessoas não públicas que estejam acompanhadas de pessoas públicas em locais públicos. Ex: mulher com o Chico Buarque no calçadão, às 3 da tarde. b) Privacidade Está prevista no artigo 5º da CF: XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. CC – art. 21: Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma. A privacidade pode ser violada, excepcionalmente, desde que se promova uma ponderação. Ex; quebra de sigilo bancário, fiscal, interceptação telefônica. c) Nome (etiqueta social) O nome é, em regra, composto pelo prenome e sobrenome (patronímico) (art 16). Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome. O agnome tem por objetivo evitar a homonímia (ex: júnior, neto). É vedada a utilização do nome em publicações ou representações que exponham ao desprezo público, ainda que inexista intenção difamatória. (art. 17). http://goiania.proordem.com.br/ http://www.proordem.com.br/ Curso preparatório para a 1ª fase do 41º Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professor André de Almeida Dafico Ramos Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 13 Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. (responsabilidade civil objetiva) A utilização de nome em propaganda comercial necessita de autorização, sempre (art 18). Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial. (dano in re ipsa, pode ser cumulado com a paralisação da veiculação). Ademais, confere o Código Civil proteção ao pseudônimo utilizado para atividades lícitas idêntica àquela do nome (art 19). Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome. Pseudônimo é um apelido. Se for para atividade ilícita, não há proteção. Ex: Fernandinho Beira Mar. Se a atividade for lícita, é possível, ainda, a averbação no registro civil do nome utilizado para atividade profissional, conforme regula o art. 57 da LRP (Lei n.º 6.015/73). Ex: Xuxa, Pelé, Popó, Didi. É possível a alteração do nome no Brasil? Veja as recentes alterações na Lei de Registros Públicos (Lei n.º 6.015/73): Art. 55. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome, observado que ao prenome serão acrescidos os sobrenomes dos genitores ou de seus ascendentes, em qualquer ordem e, na hipótese de acréscimo de sobrenome de ascendente que não conste das certidões apresentadas, deverão ser apresentadas as certidões necessárias para comprovar a linha ascendente. (Redação dada pela Lei nº 14.382, de 2022) § 1º O oficial de registro civil não registrará prenomes suscetíveis de expor ao ridículo os seus portadores, observado que, quando os genitores não se conformarem com a recusa do oficial, este submeterá por escrito o caso à decisão do juiz competente, independentemente da cobrança de quaisquer emolumentos. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022) § 2º Quando o declarante não indicar o nome completo, o oficial de registro lançará adiante do prenome escolhido ao menos um sobrenome de http://goiania.proordem.com.br/ http://www.proordem.com.br/ https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2022/Lei/L14382.htm#art11 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2022/Lei/L14382.htm#art11 Curso preparatório para a 1ª fase do 41º Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professor André de Almeida Dafico Ramos Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 14 cada um dos genitores, na ordem que julgar mais conveniente para evitar homonímias. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022) § 3º O oficial de registro orientará os pais acerca da conveniência de acrescer sobrenomes, a fim de se evitar prejuízos à pessoa em razão da homonímia. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022) § 4º Em até 15 (quinze) dias após o registro, qualquer dos genitores poderá apresentar, perante o registro civil onde foi lavrado o assento de nascimento, oposição fundamentada ao prenome e sobrenomes indicados pelo declarante, observado que, se houver manifestação consensual dos genitores, será realizado o procedimento de retificação administrativa do registro, mas, se não houver consenso, a oposição será encaminhada ao juiz competente para decisão. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022) Art. 56. A pessoa registrada poderá, após ter atingido a maioridade civil, requerer pessoalmente e imotivadamente a alteração de seu prenome, independentemente de decisão judicial, e a alteração será averbada e publicada em meio eletrônico. (Redação dada pela Lei nº 14.382, de 2022) § 1º A alteração imotivada de prenome poderá ser feita na via extrajudicial apenas 1 (uma) vez, e sua desconstituição dependerá de sentença judicial. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022) § 2º A averbação de alteração de prenome conterá, obrigatoriamente, o prenome anterior, os números de documento de identidade, de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) da Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil, de passaporte e de título de eleitor do registrado, dados esses que deverão constar expressamente de todas as certidões solicitadas. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022) § 3º Finalizado o procedimento de alteração no assento, o ofício de registro civil de pessoas naturais no qual se processou a alteração, a expensas do requerente, comunicará o ato oficialmente aos órgãos expedidores do documento de identidade, do CPF e do passaporte, bem como ao Tribunal Superior Eleitoral, preferencialmente por meio eletrônico. (Incluídopela Lei nº 14.382, de 2022) § 4º Se suspeitar de fraude, falsidade, má-fé, vício de vontade ou simulação quanto à real intenção da pessoa requerente, o oficial de registro civil fundamentadamente recusará a retificação. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022) http://goiania.proordem.com.br/ http://www.proordem.com.br/ https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2022/Lei/L14382.htm#art11 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2022/Lei/L14382.htm#art11 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2022/Lei/L14382.htm#art11 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2022/Lei/L14382.htm#art11 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2022/Lei/L14382.htm#art11 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2022/Lei/L14382.htm#art11 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2022/Lei/L14382.htm#art11 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2022/Lei/L14382.htm#art11 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2022/Lei/L14382.htm#art11 Curso preparatório para a 1ª fase do 41º Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professor André de Almeida Dafico Ramos Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 15 Art. 57. A alteração posterior de sobrenomes poderá ser requerida pessoalmente perante o oficial de registro civil, com a apresentação de certidões e de documentos necessários, e será averbada nos assentos de nascimento e casamento, independentemente de autorização judicial, a fim de: (Redação dada pela Lei nº 14.382, de 2022) I - inclusão de sobrenomes familiares; (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022) II - inclusão ou exclusão de sobrenome do cônjuge, na constância do casamento; (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022) III - exclusão de sobrenome do ex-cônjuge, após a dissolução da sociedade conjugal, por qualquer de suas causas; (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022) IV - inclusão e exclusão de sobrenomes em razão de alteração das relações de filiação, inclusive para os descendentes, cônjuge ou companheiro da pessoa que teve seu estado alterado. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022) § 1º Poderá, também, ser averbado, nos mesmos termos, o nome abreviado, usado como firma comercial registrada ou em qualquer atividade profissional. (Incluído pela Lei nº 6.216, de 1975). § 2º Os conviventes em união estável devidamente registrada no registro civil de pessoas naturais poderão requerer a inclusão de sobrenome de seu companheiro, a qualquer tempo, bem como alterar seus sobrenomes nas mesmas hipóteses previstas para as pessoas casadas. (Redação dada pela Lei nº 14.382, de 2022) § 3º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.382, de 2022) § 3º-A O retorno ao nome de solteiro ou de solteira do companheiro ou da companheira será realizado por meio da averbação da extinção de união estável em seu registro. Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022) § 4º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.382, de 2022) § 5º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.382, de 2022) § 6º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.382, de 2022) http://goiania.proordem.com.br/ http://www.proordem.com.br/ Curso preparatório para a 1ª fase do 41º Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professor André de Almeida Dafico Ramos Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 16 § 7o Quando a alteração de nome for concedida em razão de fundada coação ou ameaça decorrente de colaboração com a apuração de crime, o juiz competente determinará que haja a averbação no registro de origem de menção da existência de sentença concessiva da alteração, sem a averbação do nome alterado, que somente poderá ser procedida mediante determinação posterior, que levará em consideração a cessação da coação ou ameaça que deu causa à alteração. (Incluído pela Lei nº 9.807, de 1999) § 8º O enteado ou a enteada, se houver motivo justificável, poderá requerer ao oficial de registro civil que, nos registros de nascimento e de casamento, seja averbado o nome de família de seu padrasto ou de sua madrasta, desde que haja expressa concordância destes, sem prejuízo de seus sobrenomes de família. (Redação dada pela Lei nº 14.382, de 2022) O STJ entende que na cirurgia de mudança de sexo (transgenitalização), deve-se mudar não só o sexo, como também o nome. O STF pacificou a questão, entendendo que a alteração do nome e do gênero nos documentos de transexuais não depende da cirurgia de transgenitalização. AUSÊNCIA A ideia fundamental de ausência vem descrita no art. 22 do Código Civil, que tem a seguinte redação: “Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador.” Notem que a ausência reclama declaração judicial, em procedimento especial de jurisdição voluntária, ou seja, não basta o desaparecimento de uma pessoa para que se configure a ausência nos termos do Código Civil. É imprescindível que seja reconhecida judicialmente. Em regra, a ausência pressupõe o desaparecimento de uma pessoa que não deixou notícias ou procurador. Todavia, também se declara ausente aquele que, mesmo deixando mandatário, este não queira ou não possa exercer o mandato, ou, ainda, na hipótese do instrumento conferir poderes insuficientes. A sistemática do Código divide o procedimento de declaração de ausência em três fases: 1) curatela dos bens do ausente; b) sucessão provisória; c) sucessão definitiva. http://goiania.proordem.com.br/ http://www.proordem.com.br/ Curso preparatório para a 1ª fase do 41º Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professor André de Almeida Dafico Ramos Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 17 1) Curatela dos bens do ausente (arts. 22 a 25) É a primeira fase do procedimento, voltada à proteção do patrimônio do ausente. Nessa etapa, mitiga-se a proteção de terceiros (um exemplo disso é a proibição de atos de disposição pelo curador nomeado pelo Juiz para cuidar dos bens do ausente). Tem início com a provocação de qualquer interessado ou do Ministério Público. Comprovado o desaparecimento, o Juiz declara a ausência – após oitiva do MP – e determina a arrecadação dos bens do ausente e a publicação de editais durante um ano seguido (de 2 em 2 meses), convocando o ausente para retomar a posse de seus bens (art. 745, CPC). Na mesma decisão, o Juiz nomeia um curador para os bens do ausente. Cuidado com um detalhe. A lei não exige um prazo mínimo de desaparecimento de uma pessoa para a abertura do procedimento de ausência. Basta que o interessado ou o Ministério Público demonstre o desaparecimento da pessoa de seu domicílio em caráter excepcional. Em regra, o curador será o cônjuge - ou o companheiro - do ausente, salvo na hipótese de separação judicial – que não mais existe no ordenamento pátrio em virtude das alterações promovidas pela EC 66/2010 – ou separação de fato há mais de 02 anos. Na falta do cônjuge ou companheiro, a curadoria caberá às seguintes figuras: a) aos ascendentes; b) na falta desses, aos descendentes (os mais próximos precedem os mais remotos); e c) na falta de qualquer desses últimos, a escolha do curador cabe ao juiz. Após o prazo de um ano da arrecadação dos bens, segue-se à segunda fase do procedimento de declaração de ausência. 2) Sucessão provisória: Com o passar do tempo, diminui a probabilidade de retorno do ausente, razão pela qual permite a lei que se promova uma transmissão provisória e precária de seus bens. Essa segunda fase inicia-se com o pedido de abertura da sucessão provisória, que pode ser apresentado em duas hipóteses:a) após o decurso de um ano da arrecadação dos bens, se o ausente não deixou procurador; ou b) após transcorridos três anos da arrecadação dos bens, no caso do ausente ter deixado procurador (art. 26, CC) http://goiania.proordem.com.br/ http://www.proordem.com.br/ Curso preparatório para a 1ª fase do 41º Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professor André de Almeida Dafico Ramos Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 18 São legitimados para requerer a abertura da sucessão provisória: a) cônjuge não separado, judicialmente ou em cartório; b) herdeiros (presumidos, legítimos ou testamentários); c) os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte; d) os credores de obrigações vencidas e não pagas (art. 27, CC). Se, decorrido o prazo do art. 26 (um ou três anos, a depender se deixou procurador ou não), não for requerida a abertura da sucessão provisória pelos interessados, cabe ao Ministério Público requerê-la (art. 28, § 1º, CC). A sucessão provisória será declarada por sentença. Essa sentença só produz efeitos após 180 dias de sua publicação na imprensa. Além disso, somente após o trânsito em julgado da sentença que declarar a sucessão provisória é que haverá a abertura do inventário e da partilha, bem como do testamento, se houver. Aqui, procede-se como se o ausente tivesse, de fato, falecido. Todavia, importa atentar para o seguinte: os interessados têm 30 dias, após o transito em julgado da sentença, para requerer a abertura do inventário; não o fazendo, procede-se à arrecadação dos bens do ausente na forma de declaração de herança jacente e vacante. (art. 28, § 2º, CC). O Código Civil, considerando o caráter precário da transmissão operada na fase de sucessão provisória, exigiu a prestação de garantia pelos herdeiros, a fim de se imitirem na posse provisória dos bens do ausente, sob pena de exclusão (art. 30, CC). Mas essa regra foi temperada pelo § 2º do dispositivo, que dispensa de caução os herdeiros necessários (ascendentes, descendentes, cônjuge e companheiro), assim provada sua condição; também o artigo 34 abranda o rigor da exigência, ao permitir que o excluído que não prestou as garantias, desde que justifique a falta de recursos econômicos, possa requerer que lhe seja entregue a metade dos rendimentos que seriam devidos quanto ao seu respectivo quinhão. Cumpre salientar, ainda, que, quanto aos credores do ausente que tiverem requerido o pagamento dos respectivos créditos nessa segunda etapa do procedimento, ocorrerá a transmissão definitiva, nada havendo a restituir ao ausente na hipótese de retorno. Nessa fase, os bens imóveis do ausente só poderão ser alienados (ou gravados de ônus real) com autorização judicial que vise evitar a ruína. A única exceção cabível, quanto a isso, é a hipótese de desapropriação. Quanto aos frutos e rendimentos produzidos pelos bens do ausente, ocorrerá o seguinte: a) caberão integralmente aos herdeiros necessários quanto aos bens que estiverem em sua posse (descendente, http://goiania.proordem.com.br/ http://www.proordem.com.br/ Curso preparatório para a 1ª fase do 41º Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professor André de Almeida Dafico Ramos Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 19 ascendente e cônjuge/companheiro); b) os demais sucessores deverão capitalizar a metade dos rendimentos - para o caso de retorno do ausente; além disso, precisam de anuência do MP e prestam contas ao juiz. Todavia, não se pode olvidar que, caso o ausente retorne e fique provada que a sua ausência foi voluntária e injustificada, ele perderá a sua parte nos frutos e rendimentos em favor do sucessor. O transcurso do tempo acentua a presunção de óbito do ausente, justificando a transmissão do patrimônio em caráter definitivo. Passa-se, então, à fase seguinte do procedimento de declaração de ausência. 3) Sucessão definitiva: Nessa etapa, a preocupação central do ordenamento jurídico é tutelar os interesses dos herdeiros do ausente. A sucessão definitiva pode ser requerida pelos interessados nas seguintes hipóteses: a) Após 10 anos do trânsito em julgado da sentença de reconheceu a abertura da sucessão provisória; ou b) Se o ausente estiver desaparecido há 05 anos e já conte com, pelo menos, 80 anos de idade. Nessa etapa, os interessados requerem a transmissão definitiva dos bens, com o levantamento das cauções prestadas. Embora a transmissão desses bens já se opere em caráter definitivo, permitindo-se a livre disposição pelos herdeiros, o domínio está sujeito a condição resolutiva, ou seja, reaparecendo o ausente nos 10 anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, receberá os bens no estado em que se encontrarem (ou os sub- rogados em seu lugar; ou, ainda, o preço obtido pelos herdeiros com a alienação de tais bens). (art. 39, CC). Com o trânsito em julgado da sentença que reconheceu a abertura da sucessão definitiva, haverá uma presunção de morte do ausente, conforme previsão do artigo 6º, 2ª parte do Código Civil. E se o ausente retornar, o que acontece? Dependerá do momento do seu regresso: 1º) Se o ausente regressa ainda na primeira fase (curadoria dos bens) – nada acontecerá, pois não decorreu qualquer efeito da sua ausência; 2º) Se regressa na segunda fase (durante a sucessão provisória) – receberá os bens no estado que deixou, podendo levantar a caução prestada pelos sucessores. Se houve depreciação ou perecimento dos bens, ou, se houve melhorias, irá indenizar os possuidores de boa-fé; http://goiania.proordem.com.br/ http://www.proordem.com.br/ Curso preparatório para a 1ª fase do 41º Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professor André de Almeida Dafico Ramos Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 20 3º) Se regressa na terceira fase (já aberta a sucessão definitiva) – receberá os bens no estado em que se encontrarem ou os sub-rogados em seu lugar. 4º) Se regressa após o prazo de 10 anos que declarou aberta a sucessão definitiva – não há mais qualquer direito a recebimento de bens. Assim, sob o manto do movimento de constitucionalização das relações privadas, o Código Civil vigente se apartou do excessivo caráter patrimonialista, para tutelar outros aspectos que envolvem a pessoa desaparecida, permitindo, como um grande exemplo dessa tendência, a dissolução do casamento pela presunção de morte. Eis o teor do dispositivo inovador: “Art. 1.571. § 1º O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se a presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente.” Assim, uma vez reconhecida por decisão judicial a morte presumida, restará dissolvido, automaticamente, o casamento do ausente, como efeito anexo natural da sentença declaratória. E qual seria o momento da efetiva dissolução do casamento em razão da declaração de ausência? A maioria da doutrina sustenta ocorrer na terceira e última etapa, com a abertura da sucessão definitiva. PESSOA JURÍDICA A pessoa jurídica nasce como decorrência do fato associativo (exceto a fundação). Pessoa jurídica é o grupo humano, criado na forma da lei, e dotado de personalidade jurídica própria, para a realização de fins comuns. Personificação da pessoa jurídica – art. 45, CC. O registro da pessoa jurídica é de natureza constitutiva. O CC firma a natureza constitutiva do registro da pessoa jurídica, com eficácia ex nunc. O registro da pessoa jurídica cria sua personalidade. Sociedades desprovidas de registro são denominadas despersonificadas (986, CC), também chamadas de sociedades de fato ou irregulares. http://goiania.proordem.com.br/ http://www.proordem.com.br/ Curso preparatório para a 1ª fase do 41º Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professor André deAlmeida Dafico Ramos Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 21 O que se entende por ente despersonalizado? Tecnicamente não são pessoas jurídicas. Contudo, detém capacidade processual. Ex.: art. 75, CPC (espólio, condomínio, massa falida, etc.) Espécies de pessoa jurídica de direito privado – art. 44 Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: I - as associações; II - as sociedades; III - as fundações; IV - as organizações religiosas; V - os partidos políticos; VI - (Revogado pela Lei nº 14.382, de 2022) Pessoa jurídica pode sofrer dano moral? Ainda vigora no Brasil a corrente que sustenta a tese segundo a qual a pessoa jurídica sofre dano moral (Súmula 227 do STJ e art. 52, CC). Fundações - a fundação de direito privado decorre da afetação de um patrimônio que se personifica visando a atingir finalidade ideal (art. 62). Não decorre do fato associativo. Decorre justamente de um destacamento patrimonial. Fundação não tem finalidade econômica, mas sim finalidade IDEAL. Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de: I – assistência social; II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; III – educação; IV – saúde; V – segurança alimentar e nutricional; VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos; VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos; IX – atividades religiosas; http://goiania.proordem.com.br/ http://www.proordem.com.br/ https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2022/Lei/L14382.htm#art20 Curso preparatório para a 1ª fase do 41º Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professor André de Almeida Dafico Ramos Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 22 Somente se constitui mediante escritura pública ou testamento. Obs.: as ONGs, por também perseguirem finalidade ideal, devem se constituir sob a forma de fundação ou associação. Requisitos para se constituir uma fundação: I – afetação de bens livres; II – constituição por escritura pública ou testamento; III – elaboração do estatuto da fundação (o ato normativo que disciplina a organização e funcionamento da fundação é o seu estatuto. Fundação não tem contrato social. O estatuto da fundação pode ser elaborado diretamente pelo seu instituidor ou, mediante delegação, por um terceiro. Subsidiariamente, nos termos do art. 65, CC, a elaboração do estatuto poderá ser feita pelo MP). Veja o artigo 66: § 1º Se funcionarem no Distrito Federal ou em Território, caberá o encargo ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. IV – aprovação do estatuto. Quem aprova o estatuto é, via de regra, o MP. Obs.: elaborado o estatuto pelo próprio MP, nos termos do art. 764 do CPC, será ele submetido à aprovação do juiz. V – registro da fundação no Cartório de Registro das Pessoas Jurídicas. Alteração do estatuto da fundação (formalismo de alteração) – arts. 67 e 68, CC. Quorum de 2/3 + não desvirtuamento da finalidade + aprovação pelo MP no prazo máximo de 45 dias. Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma: I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação; II - não contrarie ou desvirtue o fim desta; http://goiania.proordem.com.br/ http://www.proordem.com.br/ Curso preparatório para a 1ª fase do 41º Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professor André de Almeida Dafico Ramos Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 23 III – seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias, findo o qual ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado. A minoria vencida, nos termos do artigo 68, tem o direito potestativo de impugnar a alteração do estatuto no prazo decadencial de 10 dias. Salvo disposição em contrário, o patrimônio da fundação é incorporado a outra fundação designada pelo juiz, de fim igual ou semelhante. Sociedade – é uma espécie de corporação, dotada de personalidade jurídica própria e instituída por meio de contrato social, visando a proveito econômico e partilha de lucro. No que tange ao elemento finalístico, persegue proveito econômico (finalidade lucrativa, partilha de proveito econômico). A segunda característica da sociedade é sua constituição por contrato social, art. 981, CC). Obs.: marido e mulher podem constituir sociedade? O Código Civil, no art. 977, restringe esta autonomia privada, sob o fundamento de evitar fraude ao regime de bens. Não podem, destarte, serem sócios, quando tenham casado no regime da comunhão universal ou da separação obrigatória. Associações – são entidades de direito privado, formadas pela união de indivíduos, nos termos do art. 53, CC, visando finalidade não econômica (finalidade ideal). A associação tem estrutura corporativa, é um grupo de pessoas. Contudo, busca finalidade não econômica. Não há entre os associados, direitos e obrigações recíprocos. Não há repartição de lucro. Ex.: clube recreativo, associação de moradores. Associação – art. 54 – o ato constitutivo de uma associação é o seu estatuto, registrado no Cartório de Registro das Pessoas Jurídicas. Seu órgão mais importante é a Assembleia Geral, cujas atribuições estão elencadas no art. 59, CC. É possível a existência de categoria diferenciada de associados. Contudo, dentro de cada categoria não pode haver discriminação entre os associados. Art. 48-A. As pessoas jurídicas de direito privado, sem prejuízo do previsto em legislação especial e em seus atos constitutivos, poderão realizar suas assembleias gerais por meio eletrônico, inclusive para os fins do disposto no art. 59 deste Código, respeitados os direitos previstos de participação e de manifestação. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022) http://goiania.proordem.com.br/ http://www.proordem.com.br/ https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2022/Lei/L14382.htm#art14 Curso preparatório para a 1ª fase do 41º Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professor André de Almeida Dafico Ramos Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 24 Art. 57 – estabelece que a exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e a recurso, nos termos do estatuto (eficácia horizontal de direitos fundamentais). Este artigo 57 pode ser aplicado ao condomínio? NEGATIVO. Condomínio não se confunde com associação. Expulsando-se o condômino estar-se-ia realizando uma espécie de desapropriação privada. No caso de condômino com comportamento antissocial tem-se a alternativa de aplicação de multa progressiva. EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA Em linhas gerais são três formas: a) convencional, especialmente aplicada para sociedades, se dá quando os sócios estipulam desfazer a pessoa jurídica mediante distrato; b) administrativa, quando resulta da cassação da autorização de constituição e funcionamento de determinadas pessoas jurídicas (necessidade de autorização especial para criação da sociedade); c) judicial, que se opera por meio de processo. Ex.: procedimento falimentar. DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA (disregard doctrine) Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo,desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019) § 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) § 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os patrimônios, caracterizada por: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) http://goiania.proordem.com.br/ http://www.proordem.com.br/ Curso preparatório para a 1ª fase do 41º Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professor André de Almeida Dafico Ramos Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 25 II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de valor proporcionalmente insignificante; e (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) § 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à extensão das obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) § 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que trata o caput deste artigo não autoriza a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) § 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da finalidade original da atividade econômica específica da pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) A doutrina da desconsideração da pessoa jurídica pretende o afastamento temporário da sua personalidade, para permitir que os credores possam satisfazer os seus direitos no patrimônio pessoal do sócio ou administrador que cometeu o ato abusivo. Trata-se da suspensão episódica da personalidade. É possível aplicar a doutrina também em associações, fundações e entidades filantrópicas. O Princípio da Função Social da Empresa, que traz a ideia de que a empresa deve ter continuidade, embasa esse instituto da Desconsideração da Pessoa Jurídica, uma vez que caso se fosse utilizar do instituto da despersonificação, que é mais severo, estar-se-ia aniquilando a pessoa jurídica mediante o cancelamento do seu registro, e não é esse o interesse contemporâneo segundo o Princípio da Função Social da Empresa, trazido pela Lei 11.101/05 – Lei de Falência e Recuperação Judicial. Satisfeito o direito do credor, pretende- se que a empresa volte à atividade. A desconsideração da personalidade jurídica também tem previsão no artigo 28 do CDC. O Código Civil foi alterado para reforçar a ideia de independência entre a pessoa jurídica e a figura dos sócios, diretores e administradores. O instituto da desconsideração da pessoa jurídica que tem por requisitos o desvio de finalidade ou confusão patrimonial tornou-se mais complexo porque exige a prova do dolo nos atos de desvio. A lei definiu que desvio de finalidade é utilização da pessoa jurídica com a intenção (dolo) de lesar credores e para prática de ilícitos. No parágrafo segundo, a confusão patrimonial ocorrida na ausência de separação de fato entre os patrimônios do sócio e da empresa foi redefinida para excluir valores http://goiania.proordem.com.br/ http://www.proordem.com.br/ Curso preparatório para a 1ª fase do 41º Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professor André de Almeida Dafico Ramos Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 26 proporcionalmente insignificantes, existência de grupo econômico e autonomia patrimonial. Noutras palavras, a autonomia na gestão foi majorada e a desconsideração tornou-se medida excepcional. Art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados, instituidores ou administradores.(Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) Parágrafo único. A autonomia patrimonial das pessoas jurídicas é um instrumento lícito de alocação e segregação de riscos, estabelecido pela lei com a finalidade de estimular empreendimentos, para a geração de empregos, tributo, renda e inovação em benefício de todos. A desconsideração é matéria judicial ou administrativa? Está sob reserva de jurisdição? Os requisitos da desconsideração, na forma do art. 50, CC, são 02: I – implicitamente consagrado, é necessário que haja descumprimento de obrigação; II – demonstração do abuso por parte do sócio ou administrador, abuso este caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão de patrimônio. Obs.: exemplo grave de abuso em que há confusão patrimonial opera-se quando uma pessoa jurídica atua por meio de outra visando a se eximir de responsabilidade. Neste caso, poderá o juiz desconsiderar a primeira empresa e atingir indiretamente a que está por trás. Qual a diferença entre teoria maior e teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica? A teoria maior é a adotada pelo CC, exigindo além do descumprimento da obrigação ou insolvência, requisitos específicos caracterizadores do abuso (desvio de finalidade ou confusão patrimonial); já na teoria menor, mais fácil de ser aplicada, como no direito do consumidor e ambiental, não se exigem os requisitos caracterizadores do ato abusivo, bastando o credor demonstrar que a obrigação foi descumprida (neste caso, a única saída pode ser atingir o sócio ou administrador que está por trás) DOMICÍLIO Conforme art. 70, CC, é o lugar em que fixa a residência com ânimo definitivo (animus manendi), transformando-o em centro de sua vida jurídica e social. É possível a existência de diversas residências e domicílios (art. 71, CC). O art. 72 do CC consagrou o “domicílio profissional”: trata-se de uma forma especial de domicílio restrita a aspectos da relação http://goiania.proordem.com.br/ http://www.proordem.com.br/ http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7 Curso preparatório para a 1ª fase do 41º Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professor André de Almeida Dafico Ramos Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 27 profissional. Não se trata de um domicílio geral, mas limitado. Somente interessa quando se estiver discutindo aspectos pertinentes à atividade profissional. Mudança de domicílio – artigos 73 e 74. Classificação do domicílio I – Voluntário: é o comum, geral, fixado por simples manifestação de vontade. Natureza jurídica do ato de fixação do domicílio voluntário: trata-se de ato jurídico em sentido estrito; II – De eleição: é aquele estipulado pelas próprias partes no contrato (art. 78, CC). A autonomia privada não pode traduzir expressão de autoridade econômica. Com isso, o exercício da autonomia negocial e da livre iniciativa suporta parâmetros constitucionais de contenção, especialmente em decorrência da função social e da boa-fé objetiva. III – Legal ou necessário: arts. 77 e 76 = incapaz (representante ou assistente), servidor público (onde exerce PERMANENTEMENTE suas funções – comissionado está fora), militar (exército, marinha e aeronáutica – sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado), marítimo (marinha mercante – onde o barco está matriculado), preso (local onde cumpre a sentença, não mencionando o preso provisório); Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença. BENS JURÍDICOS Classificação dos bens jurídicos: 1 – Bem imóvel por força de lei: (art.80 do CC) Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; http://goiania.proordem.com.br/ http://www.proordem.com.br/ Curso preparatório para a 1ª fase do 41º Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professor André de Almeida Dafico Ramos Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 28 II - o direito à sucessão aberta. Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. Obs.: o direito à herança, nos termos do inciso II do artigo 80, tem natureza imobiliária, o que explica a exigência legal da escritura pública para a cessão de direitos hereditários (art. 1.793), bem como o fato de respeitável parte da doutrina sustentar a exigência de outorga uxória na cessão, nos termos do art. 1.647. O artigo 81 prevê situações em que os bens não perdem a natureza de imóveis. 2 – Bem móvel por força de lei: (art. 83 do CC) Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: I - as energias que tenham valor econômico; II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. Obs.: os navios e as aeronaves são bens móveis especiais, uma vez que, por exceção, admitem hipoteca e têm registro peculiar. Art. 84 – CC. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes de demolição de algum prédio. Porém, se o material for retirado para reforma para ser, após, recolocado, não perde sua característica de imóvel. 3 - Bem principal: é o que existe por si mesmo. 4- Bem acessório: é aquele cuja existência pressupõe a do principal, acompanhando-o, em regra, segundo o princípio da gravitação jurídica. Ex: frutos, produtos, pertenças e benfeitorias. http://goiania.proordem.com.br/ http://www.proordem.com.br/ Curso preparatório para a 1ª fase do 41º Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professor André de Almeida Dafico Ramos Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 29 Fruto é uma utilidade renovável, cuja percepção não esgota a substância da coisa principal. (laranja, cacau). É um acessório que, ao ser retirado do principal, não lhe diminui. Produto é uma utilidade que não se renova e cuja percepção esgota a coisa principal. (petróleo, carvão mineral). É um acessório que, retirado do bem principal, lhe diminui. Pertença trata-se da coisa que, sem integrar a coisa principal, acopla-se ou justapõe-se a ela, conservando a sua autonomia (art. 93 do CC). (ar condicionado). É um acessório que, ao ser colocado no principal, não se incorpora de forma definitiva. Benfeitoria é toda obra realizada pelo homem, na estrutura de uma coisa com propósito de conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la (art. 96 e 97 do CC). Não existe benfeitoria natural, sendo todas com propósito humano. Trata-se do acessório que, ao ser colocado no principal, a ele se incorpora de forma definitiva. http://goiania.proordem.com.br/ http://www.proordem.com.br/ Curso preparatório para a 1ª fase do 41º Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professor André de Almeida Dafico Ramos Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 30 QUESTÕES – AULA 1 1. (XXXIV Exame) Júlia, 22 anos, com espectro autista, tem, em razão de sua deficiência, impedimento de longo prazo de natureza mental que pode, em algumas atividades cotidianas, obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Júlia, apaixona-se por Rodrigo, 19 anos, também com espectro autista, com quem quer se casar. Mas Rita, mãe de Júlia, temendo que Júlia não tenha o discernimento adequado para tomar as decisões certas em sua vida, e no intuito de proteger o melhor interesse de sua filha, impede o casamento. Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta. A) Júlia é relativamente incapaz e, assim o sendo, precisará de anuência de sua mãe, Rita, para celebrar o ato, em prol da proteção de sua dignidade. B) A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa para casar-se, de modo que Rita não poderá impedir o casamento de Júlia. C) Júlia é plenamente capaz em razão de sua idade, mas, em razão da deficiência que a acomete, deverá confirmar sua vontade com o curador que deverá ser instituído. D) Rita, ainda que esteja atuando no melhor interesse de Júlia, na qualidade de mãe, não pode impedir o casamento podendo, contudo, impor à Júlia, sua curatela. 2. (XXXV Exame) Maurício, ator, 23 anos, e Fernanda, atriz, 25 anos, diagnosticados com Síndrome de Down, não curatelados, namoram há 3 anos. Em 2019, enquanto procuravam uma atividade laborativa em sua área, tanto Maurício quanto Fernanda buscaram, em processos diferentes, a fixação de tomada de decisão apoiada para o auxílio nas decisões relativas à celebração de diversas espécies de contratos, a qual se processou seguindo todos os trâmites adequados deferidos pelo Poder Judiciário. Assim, os pais de Maurício tornaram-se seus apoiadores e os pais de Fernanda, os apoiadores dela. Em 2021, Fernanda e Maurício assinaram contratos com uma emissora de TV, também assinados por seus respectivos apoiadores. Como precisarão morar próximo à emissora, o casal terá de mudar-se de sua cidade e, por isso, está buscando alugar um apartamento. Nesta conjuntura, Maurício e Fernanda conheceram Miguel, proprietário do imóvel que o casal pretende locar. Sobre a situação apresentada, conforme a legislação brasileira, assinale a afirmativa correta. A) Maurício e Fernanda são incapazes em razão do diagnóstico de Síndrome de Down. B) Maurício e Fernada são capazes por serem pessoas com deficiência apoiadas, ou seja, caso não fossem apoiados, seriam incapazes. C) Maurício e Fernanda são capazes, independentemente do apoio, mas Miguel poderá exigir que os apoiadores contra-assinem o contrato de locação, caso ele seja realmente celebrado. http://goiania.proordem.com.br/ http://www.proordem.com.br/ Curso preparatório para a 1ª fase do 41º Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professor André de Almeida Dafico Ramos Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 31 D) Miguel, em razão da capacidade civil de Maurício e de Fernanda, fica proibido de exigir que os apoiadores de ambos contraassinem o contrato de locação, caso ele seja realmente celebrado. 3. (XXXI EXAME) Márcia, adolescente com 17 anos de idade, sempre demonstrou uma maturidade muito superior à sua faixa etária. Seu maior objetivo profissional é o de tornar-se professora de História e, por isso, decidiu criar um canal em uma plataforma on-line, na qual publica vídeos com aulas por ela própria elaboradas sobre conteúdos históricos. O canal tornou-se um sucesso, atraindo multidões de jovens seguidores e despertando o interesse de vários patrocinadores, que começaram a procurar a jovem, propondo contratos de publicidade. Embora ainda não tenha obtido nenhum lucro com o canal, Márcia está animada com a perspectiva de conseguircustear seus estudos na Faculdade de História se conseguir firmar alguns desses contratos. Para facilitar as atividades da jovem, seus pais decidiram emancipá- la, o que permitirá que celebre negócios com futuros patrocinadores com mais agilidade. Sobre o ato de emancipação de Márcia por seus pais, assinale a afirmativa correta. A) Depende de homologação judicial, tendo em vista o alto grau de exposição que a adolescente tem na internet. B) Não tem requisitos formais específicos, podendo ser concedida por instrumento particular. C) Deve, necessariamente, ser levado a registro no cartório competente do Registro Civil de Pessoas Naturais. D) É nulo, pois ela apenas poderia ser emancipada caso já contasse com economia própria, o que ainda não aconteceu. 4. (XXX EXAME) Alberto, adolescente, obteve autorização de seus pais para casar-se aos dezesseis anos de idade com sua namorada Gabriela. O casal viveu feliz nos primeiros meses de casamento, mas, após certo tempo de convivência, começaram a ter constantes desavenças. Assim, a despeito dos esforços de ambos para que o relacionamento progredisse, os dois se divorciaram pouco mais de um ano após o casamento. Muito frustrado, Alberto decidiu reunir algumas economias e adquiriu um pacote turístico para viajar pelo mundo e tentar esquecer o ocorrido. Considerando que Alberto tinha dezessete anos quando celebrou o contrato com a agência de turismo e que o fez sem qualquer participação de seus pais, o contrato é A) válido, pois Alberto é plenamente capaz. B) nulo, pois Alberto é absolutamente incapaz. C) anulável, pois Alberto é relativamente incapaz. D) ineficaz, pois Alberto não pediu a anuência de Gabriela http://goiania.proordem.com.br/ http://www.proordem.com.br/ Curso preparatório para a 1ª fase do 41º Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professor André de Almeida Dafico Ramos Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 32 5. (X EXAME) Gustavo completou 17 anos de idade em janeiro de 2010. Em março de 2010 colou grau em curso de ensino médio. Em julho de 2010 contraiu matrimônio com Beatriz. Em setembro de 2010, foi aprovado em concurso público e iniciou o exercício de emprego público efetivo. Por fim, em novembro de 2010, estabeleceu-se no comércio, abrindo um restaurante. Assinale a alternativa que indica o momento em que se deu a cessação da incapacidade civil de Gustavo. A) No momento em que iniciou o exercício de emprego público efetivo. B) No momento em que colou grau em curso de ensino médio. C) No momento em que contraiu matrimônio. D) No momento em que se estabeleceu no comércio, abrindo um restaurante. 6. (XII EXAME) Tiago, com 17 anos de idade e relativamente incapaz, sob autoridade de seus pais Mário e Fabiana, recebeu, por doação de seu tio, um imóvel localizado na rua Sete de Setembro, com dois pavimentos, contendo três lojas comerciais no primeiro piso e dois apartamentos no segundo piso. Tiago trabalha como cantor nos finais de semana, tendo uma renda mensal de R$ 3.000,00 (três mil reais). Face aos fatos narrados e considerando as regras de Direito Civil, assinale a opção correta. A) Mário e Fabiana exercem sobre os bens imóveis de Tiago o direito de usufruto convencional, inerente à relação de parentesco que perdurará até a maioridade civil ou emancipação de Tiago. B) Mário e Fabiana poderão alienar ou onerar o bem imóvel de Tiago, desde que haja prévia autorização do Ministério Público e seja demonstrado o evidente interesse da prole. C) Mário e Fabiana não poderão administrar os valores auferidos por Tiago no exercício de atividade de cantor, bem como os bens com tais recursos adquiridos. D) Mario e Fabiana, entrando em colisão de interesses com Tiago sobre a administração dos bens, facultam ao juiz, de ofício, nomear curador especial. 7. (XVI EXAME) Os tutores de José consideram que o rapaz, aos 16 anos, tem maturidade e discernimento necessários para praticar os atos da vida civil. Por isso, decidem conferir ao rapaz a sua emancipação. Consultam, para tanto, um advogado, que lhes aconselha corretamente no seguinte sentido: A) José poderá ser emancipado em procedimento judicial, com a oitiva do tutor sobre as condições do tutelado. B) José poderá ser emancipado via instrumento público, sendo desnecessária a homologação judicial. C) José poderá ser emancipado via instrumento público ou particular, sendo necessário procedimento judicial. http://goiania.proordem.com.br/ http://www.proordem.com.br/ Curso preparatório para a 1ª fase do 41º Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professor André de Almeida Dafico Ramos Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 33 D) José poderá ser emancipado por instrumento público, com averbação no registro de pessoas naturais. 8. VI EXAME) Francis, brasileira, empresária, ao se deslocar do Rio de Janeiro para São Paulo em seu helicóptero particular, sofreu terrível acidente que culminou com a queda do aparelho em alto-mar. Após sucessivas e exaustivas buscas, feitas pelas autoridades e por empresas privadas contratadas pela família da vítima, infelizmente não foram encontrados os corpos de Francis e de Adilson, piloto da aeronave. Tendo sido esgotados os procedimentos de buscas e averiguações, de acordo com os artigos do Código Civil que regulam a situação supramencionada, é correto afirmar que o assento de óbito em registro público A) Independe de qualquer medida administrativa ou judicial, desde que seja constatada a notória probabilidade de morte de pessoa que estava em perigo de vida. B) Depende exclusivamente de procedimento administrativo quanto à morte presumida junto ao Registro Civil das Pessoas Naturais. C) Depende de prévia ação declaratória judicial quanto à morte presumida, sem necessidade de decretação judicial de ausência. D) Depende de prévia declaração judicial de ausência, por se tratar de desaparecimento de uma pessoa sem dela haver notícia. 9. (XX – EXAME) Cristiano, piloto comercial, está casado com Rebeca. Em um dia de forte neblina, ele não consegue controlar o avião que pilotava e a aeronave, com 200 pessoas a bordo, desaparece dos radares da torre de controle pouco antes do tempo previsto para a sua aterrissagem. Depois de vários dias de busca, apenas 10 passageiros foram resgatados, todos em estado crítico. Findas as buscas, como Cristiano não estava no rol de sobreviventes e seu corpo não fora encontrado, Rebeca decide procurar um advogado para saber como deverá proceder a partir de agora. Com base no relato apresentado, assinale a afirmativa correta. A) A esposa deverá ingressar com uma demanda judicial pedindo a decretação de ausência de Cristiano, a fim de que o juiz, em um momento posterior do processo, possa declarar a sua morte presumida. B) A esposa não poderá requerer a declaração de morte presumida de Cristiano, uma vez que apenas o Ministério Público detém legitimidade para tal pedido. C) A declaração da morte presumida de Cristiano poderá ser requerida independentemente de prévia decretação de ausência, uma vez que esgotadas as buscas e averiguações por parte das autoridades competentes. D) A sentença que declarar a morte presumida de Cristiano não deverá fixar a data provável de seu falecimento, contando-se, como data da morte, a data da publicação da sentença no meio oficial. http://goiania.proordem.com.br/ http://www.proordem.com.br/ Curso preparatório para a 1ª fase do 41º Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professor André de Almeida Dafico Ramos Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 34 10. (VII EXAME) A proteção da pessoa é uma tendência marcante do atual direito privado, o que leva alguns autores a conceberem a existência de uma verdadeira cláusula geral de tutela
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