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memoriza+ resu+ figuras de linguagem português resumo 09 REVISÃO ESPAÇADA 1 Data: __/__/____. Nº de acertos: _____. REVISÃO ESPAÇADA 2 Data: __/__/____. Nº de acertos: _____. REVISÃO ESPAÇADA 3 Data: __/__/____. Nº de acertos: _____. REVISÃO FINAL Data: __/__/____. Nº de acertos: _____. Português 09 | Figuras de linguagem FIGURAS DE LINGUAGEM Figura de linguagem é um recurso expressivo que confere ênfase, beleza e poeticidade à linguagem, diferenciando-a do sentido literal das palavras. As principais características das figuras de linguagem são a utilização das palavras em sentido figurado, não literal. Elas revelam relações incomuns entre palavras e ideias, além de quebrar as regras normais da língua para criar novo efeito expressivo. São verdadeiros recursos estilísticos que embelezam e enriquecem a linguagem. Na comparação, utilizam-se palavras e expressões que denotam semelhança, tais como: como, tal qual, qual, feito, parecer, igualar-se a, assemelhar-se a, etc. A metáfora é uma figura de linguagem que consiste na substituição de uma palavra por outra com sentido figurado, estabelecendo uma comparação implícita entre dois elementos. Exemplo 1: “Seus olhos eram como duas esmeraldas”. Compara os olhos a pedras preciosas. Exemplo 2: “O tempo passou veloz qual flecha”. Compara o tempo com o movimento rápido de uma flecha. Exemplo 3: “Sorria feito uma criança inocente”. Compara o sorriso ao de uma criança. Exemplo 4: “Ficou vermelha igual um pimentão”. Compara a vermelhidão da pessoa à de um pimentão. comparação 01 metáfora 02 Português 09 | Figuras de linguagem Ao invés de uma comparação explícita utilizando “como” ou “igual a” , a metáfora faz a aproximação direta entre os termos. A metonímia é uma figura de linguagem que consiste em substituir uma palavra por outra com a qual mantém uma relação de contiguidade ou proximidade. Ao invés de mencionar algo diretamente, menciona-se outra coisa relacionada, como causa, efeito, parte pelo todo, inventor pela invenção etc. Exemplo 1: “Meu coração é um vulcão prestes a entrar em erupção” (compara o coração a um vulcão, mas sem usar termos comparativos). Exemplo 2: “Seus olhos são faróis luminosos” (compara os olhos a faróis, de forma implícita). Exemplo 3: “A vida é um palco e nós somos meros atores” (compara a vida a um palco e as pessoas a atores, sem explicitar a relação). O erro mais comum, tanto da comparação quanto da metáfora, é confundir um com o outro. Eles se diferenciam por conta da proximidade entre os termos. ERRO COMUM Prestar atenção para termos como “igual a” ou “como”. Se eles estiverem presentes, é uma comparação. Se a aproximação, for mais direta, usando termos como “é” e “são”, trata-se de uma metáfora. COMO EVITAR O ERRO metonímia 03 Parte pelo todo: “Todas as mãos para cima” (mãos, parte do corpo, no lugar de pessoas) Inventor pela invenção: “Pegamos um Uber” (Uber, empresa de transporte, no lugar do carro/motorista) Símbolo pela ideia: “A cruz é amada no Brasil” (cruz como símbolo do cristianismo) Continente pelo conteúdo: “Bebeu duas garrafas” (garrafa no lugar do líquido dentro dela). Português 09 | Figuras de linguagem Causa pelo efeito: “Ele bebeu a garrafa inteira de tristeza” (ele bebeu por causa da tristeza, mas a expressão faz referência ao efeito) Autor pelo trabalho: “Estou lendo Machado” (Machado de Assis). O erro comum é tomar a frase por literal, achando, por exemplo, que a frase está em sentido literal. Por exemplo, alguém pode interpretar que na frase “bebeu duas garrafas”, a pessoa de fato ingeriu as garrafas, e não seu conteúdo. ERRO COMUM A sinestesia é simples de identificar. No entanto, muitos erram ao tentar utilizá-la em textos mais formais, o que acaba desvirtuando o tom do conteúdo. ERRO COMUM Esse é um erro bem simples de evitar: basta verificar o contexto da frase e pensar nas situações absurdas que seriam tomar as frases de forma literal. COMO EVITAR O ERRO sinestesia 04 A sinestesia é uma figura de linguagem que consiste em reunir numa mesma expressão duas sensações referentes a sentidos diferentes ou a uma percepção subjetiva e outra objetiva. A sinestesia fundindo sensações que normalmente não estão relacionadas cria expressões inusitadas e um efeito de sentido poético. É muito comum em linguagem literária, publicidade e arte para transmitir impressões por analogia, comparando percepções de sentidos distintos. Exemplo 1: “A cor daquela voz era verde-esmeralda” (cor - visão e voz - audição). Exemplo 2: “O som doce daquela canção” (som - audição e doce - paladar). Exemplo 3: “O cheiro de saudade da minha terra” (cheiro - olfato e saudade - sensação subjetiva). Exemplo 4: “A luz fria da lua” (luz - visão e fria - tato). Português 09 | Figuras de linguagem Para evitar esse erro, o ideal é usar esse tipo de figura de linguagem apenas em conteúdos artísticos e publicitários de forma geral. COMO EVITAR O ERRO 09 | Figuras de linguagem Na frase “Meu coração por ti bate como caroço de abacate”, temos uma metáfora ou comparação? Por quê? QUESTÃO Qual tipo de metonímia está presente na frase “Estou assistindo um Scorsese”. QUESTÃO Quais sentidos estão contidos na frase “O som da música era tão doce que podíamos sentir seu calor”? QUESTÃO REVISÃO 09 | Figuras de linguagemPortuguês HIPÉRBOLE 05 eufemismo 06 A hipérbole é uma figura de linguagem que consiste no exagero intencional de fatos, ideias ou características com o objetivo de enfatizar, impactar ou dramatizar aquilo que está sendo expresso. Exemplo 1: “Estou morrendo de sede” (exagero para enfatizar a intensa sede). Exemplo 2: “Trabalhei que nem um escravo neste projeto” (comparação exagerada com a escravidão). Exemplo 3: “Aquilo pesava mais do que um elefante” (excesso ao dizer que pesava como um elefante). Exemplo 4: “Ele chorou rios de lágrimas” (quantidade exagerada de lágrimas). Exemplo 5: “Esperei uma eternidade por você” (sentimento de tempo prolongado além do real). O eufemismo é uma figura de linguagem que consiste em substituir uma palavra ou expressão considerada ofensiva, rude, chocante ou desagradável por outra mais suave, agradável e indireta. Um erro muito comum é o de interpretar a frase como hipérbole mesmo que nela contenha expressões como “literalmente” ou “sem exageros”. Nesse caso, elas indicam que trata-se de um fato concreto. ERRO COMUM Atentar-se para o uso de expressões como essa, como, por exemplo, na frase “Literalmente nenhum dos 10 mil funcionários foi demitido durante a crise”. COMO EVITAR O ERRO 09 | Figuras de linguagemPortuguês O objetivo é amenizar o impacto ao se referir a coisas negativas, embaraçosas ou tabus. Exemplo 1: “Ele nos deixou” (ao invés de dizer que morreu). Exemplo 2: “Está esperando um bebê” (em vez de estar grávida). Exemplo 3: “Estou na terceira idade” (ao invés de estar velho). Dependendo do contexto, como em textos mais sutis, pode ser difícil captar o eufemismo. ERRO COMUM Um erro muito comum é o de não entender a ironia. Alguns autores são muito sutis e fica difícil entender. ERRO COMUM Prestar atenção no contexto e verificar se certas expressões estão sendo suavizadas. COMO EVITAR O ERRO ironia 07 Consiste em dar a entender o contrário do que se diz literalmente. Ou seja, o sentido real pretendido é oposto ao sentido aparente das palavras. Exemplo 1: “Adorei quando o ônibus passou bem na hora em que eu chegava no ponto” (na verdade, odeia quando isso acontece). Exemplo 2: “Você é um gênio das finanças conseguindo gastar toda a mesada em 1 dia” (ironizando a falta de habilidade com dinheiro). Exemplo 3: “Júlia, você é tão prestativa que nunca faz nada em casa” (criticando a falta de colaboração). Exemplo 4: “Parabéns pela pontualidade, você só se atrasou 30 minutos hoje” (ironia pela impontualidade). 09 | Figuras de linguagemPortuguês Leia o texto por completo para entender o contexto total. Se o autor fezcríticas anteriores ao assunto que está agora elogiando, pode se tratar de uma ironia. COMO EVITAR O ERRO Lembrar que a ironia costuma ter tom humorístico e só se usa o termo contrário. Já a antítese usa o termo normal e o seu contrário, além de indicar uma oposição de ideias. COMO EVITAR O ERRO antítese 08 Consiste em aproximar elementos de significado oposto ou contrário na mesma frase ou verso, criando um contraste. Ela contrapõe ideias, palavras ou construções antagônicas com o objetivo de enfatizar essas diferenças. Exemplo 1: “Era uma tristeza tão alegre que qualquer lágrima se secava no riso” (tristeza x alegre). Exemplo 2: “Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal!” (mar salgado x lágrimas de Portugal). Exemplo 3: “Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente” (fogo que arde x ferida que dói). Exemplo 4: “Lutar pelo poder a vida inteira para no final perder a vida pelo poder” (lutar pelo poder x perder a vida pelo poder). Muitas pessoas podem confundir antítese com ironia, mas, apesar das duas indicarem coisas contrárias, elas possuem diferenças. ERRO COMUM 09 | Figuras de linguagem Na frase “Meu coração por ti bate como caroço de abacate”, temos uma metáfora ou comparação? Por quê? QUESTÃO Qual tipo de metonímia está presente na frase “Estou assistindo um Scorsese”. QUESTÃO Quais sentidos estão contidos na frase “O som da música era tão doce que podíamos sentir seu calor”? QUESTÃO REVISÃO Para dar ênfase à frase, adicione uma hipérbole na frase “Chorei muito com esse novo filme”. QUESTÃO Pense em termos opostos para as palavras “ordem”, “fraqueza” e “guerra”. QUESTÃO Pense em três frases que podemos usar como eufemismo para a frase “Ele morreu”. QUESTÃO 09 | Figuras de linguagemPortuguês O equilíbrio no uso da elipse é essencial. Portanto, verifique quando é preciso usá-la ou não. COMO EVITAR O ERRO elipse 09 pleonasmo 10 A elipse é uma figura de linguagem que consiste na omissão de uma palavra ou frase que está subentendida pelo contexto, para evitar repetições desnecessárias. Exemplo 1: “Nós gostamos muito de [comer] chocolate” (omitido o verbo “comer”). Exemplo 2: “Eduardo foi ao cinema e Juliana [foi] ao teatro” (verbo “ir” omitido). Exemplo 3: “Ele é inteligente; ela [é] esperta” (verbo “ser“ subentendido). Exemplo 4: “Comprei pão, [comprei] leite e [comprei] queijo” (verbo “comprar” implícito). A elipse é muito comum na linguagem coloquial e na escrita para tornar a comunicação mais econômica e dinâmica. Em diálogos, frases curtas e textos literários, a elipse evita a redundância desnecessária ao omitir termos já previstos pelo contexto. O pleonasmo é uma figura de linguagem que consiste no uso proposital de palavras supérfluas ou redundantes para enfatizar ainda mais a ideia que já estava clara. O excesso de elipses pode comprometer a clareza. É preciso ter cuidado para que a omissão dos elementos não cause ambiguidade ou dificulte a compreensão da mensagem. ERRO COMUM 09 | Figuras de linguagemPortuguês O pleonasmo é usado propositalmente para dar mais ênfase à ideia, repetindo termos ou expressões que já estão subentendidos. Exemplo 1: “Subiu para cima” (o advérbio “cima” é desnecessário, pois o verbo “subir” já indica movimento ascendente). Exemplo 2: “Entrou para dentro” (a preposição “para” é dispensável, pois “dentro” já especifica que é para o interior). Exemplo 3: “Ela viu com seus próprios olhos” (o adjetivo “próprios” é redundante, pois “meus olhos” já pressupõe que são seus). Exemplo 4: “Estou escutando com os meus ouvidos” (dispensável especificar “meus ouvidos” após o verbo “escutar”). Exemplo 5: “Ele próprio fez o trabalho” (o “próprio” é desnecessário para enfatizar que foi ele quem fez). Muitos acham que o pleonasmo é um erro, mas, dentro do contexto adequado, ele pode sim ser usado. No entanto, diferentes bancas podem interpretar o pleonasmo de forma mais ou menos aceitável. ERRO COMUM Verificar o contexto de seu uso e buscar saber qual o posicionamento da sua banca a respeito do uso de pleonasmo. COMO EVITAR O ERRO sinédoque 11 A sinédoque é uma figura de linguagem que consiste em designar um todo pela parte ou vice-versa. Ou seja, é o uso da parte pelo todo ou do todo pela parte. A sinédoque é muito utilizada na linguagem coloquial para evitar repetições, generalizar ou particularizar uma ideia. Na prática, ela é um tipo de metonímia, mas possui suas particularidades que a destacam como figura de linguagem própria. Todo pela parte: “O Brasil ganhou a Copa” (sendo que foi apenas o time brasileiro de futebol) Parte pelo todo: “Comprei um Chevrolet” (quer dizer um carro da marca Chevrolet). 09 | Figuras de linguagemPortuguês Algumas bancas preferem separar a sinédoque da metonímia. Entretanto, algumas bancas podem preferir classificar as duas apenas como metonímia. Isso pode causar erros na prova. ERRO COMUM Procurar o posicionamento da banca que vai aplicar a sua prova a respeito da sinédoque. COMO EVITAR O ERRO Gênero pela espécie: “O homem é mortal” (homem no sentido de ser humano, incluindo homens e mulheres) Espécie pelo gênero: “Adoro jazz e rock” (dois estilos musicais representando a música em geral). 09 | Figuras de linguagem Na frase “Meu coração por ti bate como caroço de abacate”, temos uma metáfora ou comparação? Por quê? QUESTÃO Qual tipo de metonímia está presente na frase “Estou assistindo um Scorsese”. QUESTÃO Quais sentidos estão contidos na frase “O som da música era tão doce que podíamos sentir seu calor”? QUESTÃO REVISÃO Para dar ênfase à frase, adicione uma hipérbole na frase “Chorei muito com esse novo filme”. QUESTÃO Pense em termos opostos para as palavras “ordem”, “fraqueza” e “guerra”. QUESTÃO Pense em três frases que podemos usar como eufemismo para a frase “Ele morreu”. QUESTÃO 09 | Figuras de linguagemREVISÃO Na frase “João adora natação; Maria, vôlei.”, qual termo que foi omitido da frase está subentendido? QUESTÃO Adicione um pleonasmo para dar ênfase à frase “Subiu no telhado”. QUESTÃO Na frase “A cidade aplaudiu a chegada da seleção”, qual tipo de sinédoque está sendo usado? QUESTÃO REVISÃO final Leia o texto a seguir: QUESTÃO 1 Mais de 70% dos novos alunos do ensino superior privado optaram por estudar à distância, diz Inep. Dados do Censo da Educação Superior de 2022 foram divulgados e os números revelam que 1 a cada 5 jovens, de 18 a 24 anos, não concluiu o ensino médio nem vai _____ escola no Brasil. Além disso, 72% dos alunos que foram aprovados no ensino superior privado optaram por estudar à distância, conforme a divulgação feita pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Nas licenciaturas (cursos de formação de professor), o índice foi ainda maior▲ 93,2%. O crescimento da Educação à Distância (EaD), tendência presente nos últimos anos, gera preocupação de especialistas por conta da regulação frágil do setor e da dificuldade de mensurar a qualidade dessas graduações. Os mecanismos atuais de avaliação de cursos não consideram, por exemplo, o tipo de plataforma online usada pelas instituições de ensino e o tempo dedicado _____ aulas “síncronas”, em que os alunos podem interagir em tempo real com os professores. A tendência é que as faculdades gravem o material didático apenas uma vez e o vendam para um número cada vez maior de interessados. “O papel do MEC é regular isso. É um sinal vermelho aceso para a gente tomar medidas importantes diante desse cenário”, afirmou Camilo Santana, ministro da Educação, durante o evento de divulgação dos dados. Segundo ele, por decisão do governo federal, 16 cursos superiores não poderão ser feitos à distância: 4 já estão suspensos (Enfermagem, Direito, Odontologia e Psicologia) e outros 12 ainda estão em debate, por meio de consulta pública. Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp, entidade que representa mantenedorasde ensino superior no Brasil, explica que a modalidade à distância “tem sido mais atrativa por trazer flexibilidade em termos de local e horário [para o aluno estudar], mas, principalmente, por ser oferecida com mensalidades muito, muito mais baratas”. Ele complementa dizendo que “80% do alunado brasileiro têm renda per capita de até 3 salários-mínimos, ou seja, não têm condição de pagar mensalidades [dos cursos presenciais]. ____ cobertura do Prouni e do Fies é baixa e o número de vagas no ensino público também”. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 REVISÃO final Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/ – texto adaptado especialmente para esta prova. Fonte: Fundação Universidade Empresa de Tecnologia e Ciências (FUNDATEC). Assinale a alternativa que apresenta um fragmento retirado do texto que pode ser compreendido como uma metáfora. a) “sinal vermelho aceso” (l. 18). b) “1 a cada 5 jovens” (l. 02). c) “muito mais baratas” (l. 29-30). d) “número cada vez maior de interessados” (l. 17). e) “interagir em tempo real” (l. 15). O número de novos alunos que escolheram fazer faculdade à distância cresceu 20% entre 2021 e 2022: saltou de 3,9 milhões para 4,7 milhões. Desde 2020, a EaD ultrapassou o ensino presencial no quesito “ingressantes”. A quantidade de cursos EaD no ensino superior triplicou em 4 anos: foi de 3.177 graduações, em 2018, para 9.186, em 2022. Os índices do Censo, referentes a professores, alunos e instituições de ensino, servem para embasar novas políticas públicas e desenhar um panorama da educação brasileira. 35 36 37 38 39 40 41 42 QUESTÃO 2 Leia o texto a seguir: O inverno Rubem Braga Foi a mais estranha manhã que tenho visto no Rio, essa de sexta-feira. Depois de uma noite de lua veio um vento que amontoou nuvens baixas sobre a cidade e, de súbito, desfechou uma chuva forte, com jeito de chuva de verão. Mas sem aquela pressão e eletricidade desses temporais que se formam atrás das montanhas de pedras, como bandidos que se juntam para um assalto ― e de súbito rebentam sobre as casas, entre relâmpagos e trovoadas. O temporal matutino veio com um vento quase frio, e às onze horas da manhã o ar estava escuro e ao mesmo tempo leve como de madrugada. Na minha rua, com a tristeza das árvores podadas, o asfalto molhado tinha um reflexo tão triste, uma luz pálida de olhos de pessoa doente. REVISÃO final E aquela escuridão era como um dia de fim de outono na França, esses dias em que a cidade grande assume um ar egoísta, apressado, ao mesmo tempo brutal e cheio de tédio. O inverno! Pode-se amá-lo nas montanhas cobertas de neve e de sol e nas noites urbanas, quando as mulheres esplendem entre os grandes casacos macios, no meio das luzes. Mas a rua diuturna é triste e feroz quando a neve se transforma em lama e o vento gelado esbofeteia o transeunte. A tristeza pior, que mais de uma vez me apertou o coração, é, entretanto, a desse fim de outono, um desses dias escuros, molhados e frios, que dizem que o inverno vai começar, que ele já está chegando, e que é preciso dar adeus aos belos dias de sol em que é doce andar lentamente pelas ruas. Essa estranha manhã do Rio me trouxe a mesma sensação desses dias sujos, deprimentes, do começo de inverno em Paris, em que nos dá uma vontade súbita de embarcar para um Brasil qualquer em que haja luz e calor, em que a gente possa sair com um calção de banho e andar na praia, ao sol ― o pobre condenado a meses de capote, cachecol, chapéu, sapato pesado, ar cheio de fumo e vento frio. Mas o dia avançou um pouco e, como num milagre, as nuvens sumiram e veio um sol tão claro e fino sobre a cidade molhada que a cidade esplendeu no ar limpo, viva como risada de criança. E, por um instante, surpreendi nas pessoas um olhar novo, reconhecido, quase feliz, como se tivéssemos saído afinal da escuridão de um torpe, longo inverno. A cidade renascia com tanta beleza que dava vontade de fazer como na roça, e a todo ser humano que passasse dizer, com uma leve emoção ― bom dia. Fonte: https://ocjht.mgmonline.online. Fonte: SELECON, Prefeitura Sapezal (modificado). “O inverno! Pode-se amá-lo nas montanhas cobertas de neve e de sol e nas noites urbanas, quando as mulheres esplendem entre os grandes casacos macios, no meio das luzes. Mas a rua diuturna é triste e feroz quando a neve se transforma em lama e o vento gelado esbofeteia o transeunte” (3º parágrafo). Ao retratar a rua como “triste e feroz” e ao indicar que o vento gelado “esbofeteava o transeunte”, o cronista atribui ações ou características humanas à rua e ao vento. Essa estratégia discursiva é um exemplo de: a) hipérbole b) hipérbato c) polissíndeto d) prosopopeia e) aliteração REVISÃO final Leia o texto a seguir: A estilística da fala aponta construções em que há uma contradição na associação dos elementos de que se fala. A figura que corresponde a essa construção, no enunciado do primeiro parágrafo – Sem nada ouvir, eu ouvia. –, é: QUESTÃO 3 A alegria da música Eu gosto muito de música clássica. Comecei a ouvir música clássica antes de nascer, quando ainda estava na barriga da minha mãe. Ela era pianista e tocava... Sem nada ouvir, eu ouvia. E assim a música clássica se misturou com minha carne e meu sangue. Agora, quando ouço as músicas que minha mãe tocava, eu retorno ao mundo inefável que existe antes das palavras, onde moram a perfeição e a beleza. Em outros tempos, falava-se muito mal da alienação. A palavra “alienado” era usada como xingamento. Alienação era uma doença pessoal e política a ser denunciada e combatida. A palavra alienação vem do latim alienum, que quer dizer “que pertence a um outro”. Daí a expressão alienar um imóvel. Pois a música produz alienação: ela me faz sair do meu mundo medíocre e entrar num outro, de beleza e formas perfeitas. Nesse outro mundo eu me liberto da pequenez e das picuinhas do meu cotidiano e experimento, ainda que momentaneamente, uma felicidade divina. A música me faz retornar à harmonia do ventre materno. Esse ventre é, por vezes, do tamanho de um ovo, como na Rêverie, de Schumann; por vezes é maior que o universo, como no Concerto no 3 de Rachmaninoff. Porque a música é parte de mim, para me conhecer e me amar é preciso conhecer e amar as músicas que amo. Agora mesmo estou a ouvir uma fita cassete que me deu Ademar Ferreira dos Santos, um amigo português. Viajávamos de carro a caminho de Coimbra. O Ademar pôs música a tocar. Ele sempre faz isso. Fauré, numa transcrição para piano. A beleza pôs fim à nossa conversa. Nada do que disséssemos era melhor do que a música. A música produz silêncio. Toda palavra é profanação. Faz-se silêncio porque a beleza é uma epifania do divino, ouvir música é oração. Assim, eu e o Ademar adoramos juntos no altar da beleza. Terminada a viagem, o Ademar retirou a fita e m’a deu. “É sua”, ele disse de forma definitiva. Protestei. Senti-me mal, como se fosse um ladrão. Mas não adiantou. Existem gestos de amizade que não podem ser rejeitados. Assim, trouxe comigo um pedaço do Ademar que é também um pedaço de mim. Rubem Alves, Na morada das palavras (adaptado). REVISÃO final a) o eufemismo b) o paradoxo. c) a ironia. d) o pleonasmo. e) a hipérbole. Fonte: VUNESP, EsFCEx. BANDEIRA, Manuel. Antologia Poética. 8. ed. Rio de Janeiro: J. Olympo, 1976. p. 96. QUESTÃO 4 Trem de ferro Café com pão Café com pão Café com pão Virge Maria que foi isto maquinista? Agora sim Café com pão Agora sim Voa, fumaça Corre, cerca Ai seu foguista Bota fogo Na fornalha Que eu preciso Muita força Muita força Muita força Oô... Assinale a alternativa em cujo trecho é destacada a mesma figura de linguagem evidenciada no poema. a) “Lua de São Jorge / lua soberana / nobre porcelana / sobre a seda azul.” b) “Por você eu largo tudo / Vou mendigar, roubar, matar / Até nascoisas mais banais / Pra mim é tudo ou nunca mais.” REVISÃO final c) “Te ver e não te querer (…) / É como mergulhar no rio / E não se molhar / É como não morrer de frio / No gelo polar.” d) “Uma velha que trazia a fome nos ombros e nos olhos / E trazia a seca no ventre e no seio.” e) “Em ronco que aterra, / Berra o sapo-boi: / – “Meu pai foi à guerra!” / – “Não foi!” – “Foi!" – “Não foi!” Fonte: COPEVE/UFAL, FUNDEPES, IFAL. QUESTÃO 5 A ESCRITA NA SUA IMPORTÂNCIA GRÁFICO–COMUNICATIVA! A escrita é um ato difícil. Escritores, compositores, jornalistas, professores e todos os profissionais que têm na escrita um instrumento de trabalho, em geral dizem que “suam a camisa” para redigir seus textos. Mas dizem também que a satisfação do texto pronto vale o esforço de produzi- lo. Você gosta de escrever? É muito importante que você escreva para treinar a organização das ideias. Pense nisso. Escreva! Treine! Há quem formule muitas falsas ideias sobre a escrita. Há quem pense que os que gostam de escrever têm o dom das palavras, e que para estes as palavras “saem mais fácil”. Não é verdade. Escrever não depende de dom, mas de empenho, dedicação, compromisso, seriedade, desejo e crença na possibilidade de ter algo a dizer que vale a pena. Escrever é um procedimento e, como tal, depende de exercitação: o talento da escrita nasce da frequência com que ela é experimentada. Escrever é preciso! Há quem pense que só os que gostam devem escrever. Não é verdade. Todos que têm algo a dizer, que têm o que compartilhar, que precisam documentar o que vivem, que querem refletir sobre as coisas da vida e sobre o próprio trabalho, que ensinam a ler e escrever... precisam escrever. Por isso, nós, professores, precisamos escrever: porque temos o que dizer, porque temos o que compartilhar, porque precisamos documentar o que vivemos e refletir sobre isso, e porque ensinamos a escrever – somos profissionais da escrita! Se a escola não nos ensinou a intimidade com a escrita e o gosto por escrever, só nos resta dar a volta por cima, arregaçar as mangas e assumir os riscos: escrever é preciso! REVISÃO final Marque a figura de linguagem que constrói a frase: “Todos sabemos disto!” a) Eufemismo. b) Metonímia. c) Anacoluto. d) Silepse de pessoal. e) Silepse de gênero. Fonte: MS Concursos, Prefeitura de Ituberá. Identifique, nas frases abaixo, os vícios de linguagem presentes: Assinale a alternativa que, respectivamente, relaciona os vícios às frases: a) c) b) d) I. Ambiguidade. II. Solecismo. III. Estrangeirismo. IV. Eco. I. Barbarismo. II. Pleonasmo. III. Cacofonia. IV. Eco. I. Pleonasmo. II. Barbarismo. III. Cacofonia. IV. Solecismo. I. Ambiguidade. II. Barbarismo. III. Cacofonia. IV. Eco. Fonte: Associação dos Municípios do Extremo Oeste de Santa Catarina. QUESTÃO 6 I. II. III. IV. Venceram os brasileiros os argentinos. Muita gente não gosta de uva paça no arroz. Você disse que me ama? Mentirosa! Não ama nada! Na verdade, a maioridade traz responsabilidade e não liberdade ao cidadão. REVISÃO final A figura de linguagem que predomina na tirinha é: a) Eufemismo. b) Catacrese. c) Metonímia. d) Paradoxo. e) Hipérbole. Fonte: ASSEGE, Prefeitura de Aramari. Observe a tirinha abaixo: QUESTÃO 7 Leia o texto a seguir: QUESTÃO 8 Como ensinar a ler Se eu fosse ensinar a uma criança a arte da jardinagem, não começaria com as lições das pás, enxadas e tesouras de podar. Eu a levaria a passear por parques e jardins, mostraria flores e árvores, falaria sobre suas maravilhosas simetrias e perfumes; a levaria a uma livraria para que ela visse, nos livros de arte, jardins de outras partes do mundo. Aí, seduzida pela beleza dos jardins, ela me pediria para ensinar-lhe as lições das pás, enxadas e tesouras de podar. Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música, não começaria com partituras, notas e pautas. Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e lhe falaria sobre os instrumentos que fazem a música. Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas. Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas ferramentas para a produção da beleza musical. A experiência da beleza tem de vir antes. REVISÃO final Se fosse ensinar a uma criança a arte da leitura, não começaria com as letras e as sílabas. Simplesmente leria as estórias mais fascinantes que a fariam entrar no mundo encantado da fantasia. Aí então, com inveja dos meus poderes mágicos, ela desejaria que eu lhe ensinasse o segredo que transforma letras e sílabas em estórias. É muito simples. O mundo de cada pessoa é muito pequeno. Os livros são a porta para um mundo grande. Pela leitura vivemos experiências que não foram nossas e então elas passam a ser nossas. Lemos a estória de um grande amor e experimentamos as alegrias e dores de um grande amor. Lemos estórias de batalhas e nos tornamos guerreiros de espada na mão, sem os perigos das batalhas de verdade. Viajamos para o passado e nos tornamos contemporâneos dos dinossauros. Viajamos para o futuro e nos transportamos para mundos que não existem ainda. Lemos as biografias de pessoas extraordinárias que lutaram por causas bonitas e nos tornamos seus companheiros de lutas. Lendo, fazemos turismo sem sair do lugar. E isso é muito bom. ALVES, Rubem, Ostra feliz não faz pérola. Ed. Planeta do Brasil Ltda. São Paulo. 2021. Fonte: FGV, SME. O texto mostra paralelismo entre elementos de três espaços diferentes: o da jardinagem, o da música e o da leitura. Assinale a opção que apresenta uma inadequação entre termos paralelos desses espaços. a) pás, enxadas e tesouras de podar / partituras, notas e pautas. b) parques e jardins / melodias. c) árvores e flores / as bolinhas pretas. d) simetrias e perfumes / estórias fascinantes. e) beleza dos jardins / beleza musical. gabarito QUESTÃO 1 2 3 4 5 6 7 8 RESPOSTA a d b e d d e c
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