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Faringotonsilites Infecções das vias aéreas superiores, que acometem a faringe posterior, tonsilas palatinas (amigdalas) e tonsilas faríngeas (adenoides), que são estruturas do anel linfático de Waldeyer. A faringotonsilite é a infecção mais frequente da via aérea superior, tendo maior incidência nas crianças. A odinofagia é a terceira queixa mais frequente de IVAS. Faringotonsilites são IVAS de ocorrência frequente e autolimitadas. Geralmente as crianças e adultos se recuperam em 3 a 4 dias, podendo ocorrer complicações. Anatomia e fisiologia As tonsilas são aglomerados de tecido linfoide nodular sob o epitélio da cavidade oral e da faringe, parcialmente encapsulados. Ocorre proliferação dos linfócitos B e diferenciação em plasmócitos, que produzem imunoglobulinas, fator de proteção do indivíduo. A principal função das tonsilas é ser um tecido imunocompetente local, secretando imunoglobulinas (IgA, IgG, IgM, IgD e IgE) impedindo infecções no trato respiratório superior. Tonsilas linguais: terço posterior da língua, recobertas por epitélio estratificado pavimentoso, que forma uma cripta em cada tonsila, os ductos das glândulas salivares drenam para as criptas Tonsilas palatinas: são duas, entre a cavidade oral e a faringe, maior acúmulo linfoide do anel de Waldeyer. Recobertas por epitélio estratificado pavimentoso, que também invagina e forma criptas. Apresenta tecido linfoide subjacente com nódulos linfáticos e uma cápsula de tecido conjuntivo frouxo. É revestida por três músculos: palatoglosso, palatofaríngeo e constritor superior da faringe. Externamente a musculatura está o nervo glossofaríngeo, responsável pela inervação no polo inferior, além dos ramos descendentes do nervo palatino. Tonsila faríngea (adenoide): teto da porção superior da faringe, com epitélio pseudoestratificado colunar ciliado. Não tem criptas, mas pregas rasas, onde desembocam os ductos das glândulas seromucosas. As adenoides aumentadas podem causar obstrução nasal e estase de secreção, com proliferação de microorganismos, e maior exposição a antígenos. O suprimento sanguíneo provém das artérias faríngea e palatina ascendente. Epidemiologia Doença mais comum na população geral Dor de garganta e IVAS são as queixas mais frequentes na população Pico de incidência no outono e inverno Mais comum em crianças de 5 a 10 anos – prevalência de 15 a 30% Idade, tabagismo, alcoolismo, imunossupressão, DM Etiologia 75% dos casos é de etiologia viral, sendo na maior parte os vírus causadores de resfriado comum. Podem ser causadas por bactérias como o estreptococo beta-hemolítico do grupo A (única faringotonsilite que está recomendado o uso de ATB. É mais comum na população de 3 a 15 anos, tendo alto potencial de gerar infecções purulentas e invasivas, escarlatina e febre reumática. O mycoplasma pneumoniae é comum em adultos jovens, cursando com faringotonsilites, cefaleia e sintomas respiratórios baixos (principalmente tosse). A forma de transmissão é através de gotículas de saliva, com período de incubação de 1 a 4 dias. Viral x Bacteriano Fisiopatologia Por algum motivo as bacterias da flora normal da garganta se desequilibram, causando a queda de imunidade ou de barreira, o que gera um quadro infeccioso na região das amigdalas palatinas e virais. A flora normal cria um equilíbrio entre bactérias da ora e da rinofaringe, agindo na inibição do crescimento ou aderência de outras bactérias. Quadro clínico Tonsila faríngea Adenoidite aguda: semelhante a IVAS generalizada, com febre, rinorreia, obstrução nasal e roncos Adenoidite crônica: muito relacionada ao reflexo faringo-laríngeo. Apresenta rinorreia persistente, halitose e congestão crônica Tonsila palatina Amigdalite aguda: febre, dor de garganta, disfagia, adenomegalia cervical, hiperemia e pode haver exudatos Amigdalite crônica: dor de garganta crônica, halitose, cálculos amigdalianos excessivos, edema periamigdaliano e adenopatia cervical amolecida persistente Classificações clínicas Eritematosa Hiperemia difusa e aspecto de congestão de toda a mucosa faríngea, podendo ou não estar presente exudato esbranquiçado Mais comum 90% Geralmente de origem viral Causa febre moderada, tosse, coriza, obstrução nasal, ausência de adenopatia Eritemato-pultacea Presença de exsudato esbranquiçado ou purulento (criptas e superfícies das tonsilas palatinas). Maior parte de causa bacteriana: SGA. Dor faríngea, odinofagia e otalgia reflexa. Pseudomembranosa Formação de placas mais ou menos aderentes recobrindo as amígdalas, associada a edema da mucosa. EBV (mononucleose infecciosa). Nesses casos, a úvula costuma estar preservada. Edema de úvula e de palato. Tríade clássica Difteria Ulceronecrosa Formação de úlceras profundas associadas à necrose tecidual, muito comum na angina de Plaut-Vincent e cancro sifilítico. Vesiculosa Presença de vesículas ou de úlceras superficiais que ocorrem devido à erupção das vesículas. Causadas usualmente pelo vírus Herpes Simples, tipo 1. Vírus Epstein-Barr (mononucleose infecciosa) Indivíduos entre 15 e 25 anos de idade Transmissão pela saliva ou contato próximo Apresentação clinica: Febre alta, linfadenomegalia, angina, exudato eritemato- pultaceo ou placas pseudomembranosas Pródromo: Fadiga, mal-estar e mialgia, uma a duas semanas antes do inicio da febre Outros sintomas: Artralgia, dor abdominal, esplenomegalia, exantema, hepatomegalia discreta – raramente com icterícia –, náuseas, vômitos e tosse. O enxatema geralmente aparece quando o paciente é exposto a beta-lactamico que geralmente ocorre quando a suspeita é bacteriana por estrep, e trata com beta lactâmico e ele volta com exantema. Diagnostico diferencial: Rubéola, escarlatina, toxoplasma gondii, HIV, tripanossoma cruzi Diagnóstico A presença de aftas é preditivo de infecção viral → ou herpes simples ou coxsarche A; Sintomas gastrointestinais → principalmente em crianças. Petéquias em palato → sinal de forxhing → muito sugestivo de faringotonsiles estreptocócica. O diagnóstico é clinico e o tratamento é empírico pois a cultura demora. Tratamento Virais: Terapia de suporte (analgésicos, hidratação, anestésicos tópicos e gargarejos com anti-sépticos). Autolimitada, melhora espontânea. Bacterianas: Antibióticoterapia empírica. o Penicilina G benzatina - 50.000 U/kg intramuscular em dose única o Amoxicilina, isoladamente ou associada ao ácido clavulânico durante 10 dias o Cefalosporinas de segunda geração durante 5 dias Bacteriana recorrente: Suspeita-se de bactérias produtorias de beta-lactamase (enzimas inativadoras de penicilinas). Utilizar: o Amoxicilina-clavulanato 40-50 mg/kg/dia (7 a 10 dias) o Cefalosporina de segunda e terceira gerações ou o Macrolídeos – utilizado em pacientes com alergias a outros ATB. Complicações Abscesso peritonsilar: abaulamento e deslocamento da tonsila palatina para a linha média, com a úvula rebatida para o lado da tonsila sem abscesso. Tratamento: drenagem e antibioticoterapia Abscesso laterofaríngeo: abaulamento da parede lateral da faringe, disfagia unilateral intensa, endurecimento e empastamento do pescoço. Abscesso retrofaríngeo: O abscesso se desenvolve ao longo dos linfonodos retrofaríngeos na altura da coluna vertebral cervical, causando disfagia e dispnéia. Com a migração da infecção para regiões mais inferiores ocorre um abaulamento da parede posterior da faringe, que pode propagar-se aos planos inferiores, até o mediastino. Angina de Ludwig: celulite fulminante que se inicia no espaço sublingual ou submandibular, causada por uma associação de aeróbios, anaeróbios e fusoespiroquetas. Tratamento: manutenção de vias aéreas e antibioticoterapiavenosa. Estreptococos do grupo A: febre reumática (acometimento das válvulas cardíacas e articulações), glomerulonefrite, escarlatina, sindrome do choque tóxico Tratamento cirurgico Tonsilectomia ou amigdalectomia: remoção cirurgica das amigdalas palatinas Uma das cirurgias realizadas com maior frequencia na otorrino Reduz em 43% a faringite recorrente Critérios de paradise: Conjuntamente, deve-se documentar odinofagia associada a um ou mais sintomas: • Tax > 38,3 ° • Adenopatia cervical • Exudato tonsilar • Teste positivo para estreptococos beta- hemolítico do tipo A Outras indicações: • Hipertrofia obstrutiva de tonsilas palatinas (Apneia do sono e cor pumonale); • Abscesso peritonsilar recorrente; • Tonsilite críptica: formação de caseo e halitose importante; • Biópsia: suspeita de tumor maligno de tonsila palatina ou linfoma.
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