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Integrando cognição e comportamento

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10/04/2024, 13:07 Integrando cognição e comportamento
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Integrando cognição e comportamento
Prof.º Lincoln Nunes Poubel
Descrição
Estudo das bases biológicas, das atividades neurológicas, da
plasticidade necessária ao seu desenvolvimento e das suscetibilidades
genéticas em intercâmbio com estressores ambientais para a formação
das psicopatologias, tratadas pela moderna e eficaz terapia cognitivo-
comportamental (TCC).
Propósito
O conhecimento sobre a formação e regência dos processos
comportamentais é fundamental tanto aos psicólogos escolares, que
dão atenção especial às psicopatologias da aprendizagem, como aos
psicólogos clínicos, que desejam estruturar programas terapêuticos
eficazes para a reabilitação dos transtornos psicológicos de seus
pacientes.
Objetivos
Módulo 1
Neurociências
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Reconhecer as estruturas neurológicas e o fluxo de sinais elétricos
que dão origem aos nossos comportamentos.
Módulo 2
Terapia cognitivo-comportamental
Analisar as implicações clínicas dos pressupostos e fundamentos
básicos da terapia cognitivo-comportamental.
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Introdução
A interseção da Psicologia com outras áreas do conhecimento é
uma tendência crescente. O rigor experimental alcançado pelo
behaviorismo exigiu que as teorias psicológicas fossem
produzidas ou testadas pela metodologia científica, tornando a
área cada vez mais credibilizada e, consequentemente, mais
valorizada. A terapia cognitivo-comportamental, que tem no
behaviorismo sua base filosófica precursora, também segue o
preceito de que uma área de conhecimento precisa ter suporte
empírico e experimental para que suas alegações possam ser
consideradas científicas.
Dentro dessa linha de pensamento, podemos nos fazer as
seguintes perguntas: “o que ocorre no corpo de um paciente com
processos psicológicos alterados e transtornos psiquiátricos?”,
“como danos ao cérebro podem comprometer os
comportamentos?”, “o que é necessário biologicamente para um
transtorno se configurar?”, “como e em que estruturas atuam os
medicamentos?”, “que mudanças orgânicas ocorrem quando as
pessoas mudam devido à psicoterapia?”. Veremos neste estudo
as respostas para essas e outras questões.
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1 - Neurociências
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer as estruturas neurológicas e o �uxo de
sinais elétricos que dão origem aos nossos comportamentos.
Fundamentos da Neurociência
Fundamentos históricos da Neurociência
Você sabia que antigamente o cérebro era subestimado? Pensava-se
que ele não tinha tanta relevância assim e que o coração era o
verdadeiro responsável pelas nossas emoções e comportamentos.
Vamos entender como o conhecimento do sistema nervoso foi
evoluindo com o tempo e como é esse guarda-chuva de disciplinas
chamado de Neurociências.
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A relação entre o cerébro e o coração.
A ideia de Neurociência é extremamente recente. O termo surgiu em
1969 com a criação da Sociedade para as Neurociências, pois os
pesquisadores perceberam que como vinham de disciplinas diferentes,
tais como Biologia, Química, Farmacologia, Medicina e Psicologia, eles
estavam estudando com métodos e interesses distintos o sistema
nervoso. A assim chamada Neurociência surgiu, então, como uma
forma de se criar uma abordagem interdisciplinar entre sujeitos de
diferentes áreas que estudam o sistema nervoso e que passaram a
fazer contribuições coletivas a ela.
Saiba mais
Embora, a Neurociência em si seja recente, nossos ancestrais pré-
históricos já sabiam que o encéfalo era essencial à vida de alguma
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forma, pois já foram encontrados hominídeos de mais de 1 milhão de
anos que tinham lesões de traumatismos cranianos, o que indica que
esses indivíduos já atacavam seus oponentes no crânio quando queriam
matá-los. Ou seja, de um jeito ou de outro, eles já sabiam que aquilo
dentro da cabeça era importante para a manutenção da vida.
Além disso, sabe-se também que há cerca de 7 mil anos as pessoas já
perfuravam o crânio umas das outras com objetivo curativo. Fósseis de
crânios foram encontrados com perfurações, mostrando que tais povos
faziam trepanação (perfuração craniana) para “tratar” algumas
patologias, tais como supostas desordens mentais e cefaleias, ou para
expulsar espíritos malignos. Portanto, sabia-se que alguma coisa havia
ali dentro da calota craniana que, de alguma maneira, provocava essas
doenças, dores de cabeça e afins.
Escritos datando de quase 5 mil anos atrás mostram que médicos do
Egito antigo (incluindo Inotep, o mais famoso deles, que foi responsável,
inclusive, pela construção da primeira pirâmide), estavam cientes de
muitos sintomas de lesões encefálicas. Eles sabiam que, quando uma
pessoa sofria um traumatismo craniano, de alguma forma, isso
influenciava no movimento e sensibilidade.
Então, desde muito antes da criação da Neurociência, já se especulava
se o cérebro servia de alguma forma e se estava relacionado com
funções vitais.
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Porém, até então, o coração era visto como a sede do espírito e das
memórias. Quando as pessoas morriam, o cérebro era retirado pelo
nariz e jogado fora por acreditarem que não era importante. O coração
era preservado pela crença de que a alma residia ali, sendo esse órgão
responsável pelo nosso comportamento.
Isso começou a mudar com Hipócrates (século IV a.C.), considerado o
pai da Medicina, que escreveu sobre a doença sagrada:
Na época, essa afirmação foi considerada uma loucura porque, até
então, acreditava-se que o coração era o grande responsável por tudo
isso, mas como homem de visão, Hipócrates estudava e enxergava à
frente de seu tempo.
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Aristóteles (384-322 a.C.) ainda acreditava que o coração era o centro
do intelecto e explicava que o encéfalo funcionaria como um radiador –
analogia criada pelos intérpretes atuais.
Ele achava que o coração esquentava o sangue, que então passava ao
encéfalo para que este o resfriasse, sendo essa sua função.
Tanto era assim que a inteligência estava relacionada à capacidade de
o cérebro resfriar o sangue, mas, para Aristóteles, os sentimentos e
comportamentos eram iniciados no coração.
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Galeno (130-200 d.C.) concordava com Hipócrates sobre a função
principal do encéfalo no comportamento inteligente. Ele fazia
dissecações de animais e, quando encontrava estruturas mais macias
(o cérebro em si), acreditava que elas estavam mais relacionadas às
sensações. Já quando apalpava o cerebelo, uma estrutura mais densa e
dura, achava que este estava relacionado ao movimento. Ou seja,
Galeano era bastante especulativo ao equivaler “leve” a sensações e
“pesado” a movimentos. Contudo, essa visão do encéfalo prevaleceu por
quase 1500 anos.
Durante os séculos XVII e XVIII, tudo começou a mudar quando
passaram a acreditar que a substância branca seria responsável por
levar informações do corpo em direçãoao córtex e, deste, de volta ao
corpo, isto é, vias que ascendiam e levavam informações sensoriais e
fibras descendentes que estariam relacionadas ao movimento. Nessa
época, observou-se que existiam as mesmas características nas
elevações que hoje chamamos de giros, assim como nas
circunvoluções, os sulcos.
Então, percebeu-se que, em diferentes espécies de
animais, havia certo padrão e que este estava presente
nos mais diversos encéfalos.
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Assim, começaram a criar hipóteses de que os “lobos cerebrais”, essas
diferentes áreas do córtex, também teriam funções distintas, o que
levou à era da localização cerebral. A partir de então, o encéfalo passou
a ser considerado o principal órgão do corpo e que desempenhava
diversas funções. Com isso, foi iniciada uma busca sobre o que cada
área do cérebro faz.
Representação dos lobos cerebrais.
O século XIX foi um divisor de águas para os estudos nessa área, pois
foram descobertas mais coisas sobre o sistema nervoso em 100 anos
do que em toda a história especulativa da humanidade. Nesse período,
quatro ideias se expandiram:
Os nervos como “fios condutores”
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As localizações de funções específicas
A evolução do sistema nervoso
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O neurônio como célula-chave
Veremos agora alguns acontecimentos importantes para o
desenvlvimento da Neurociência. Vamos lá!
 1810 - descoberta dos nervos mistos
O médico Charles Bell (1774-1842) e o fisiologista
François Magendie (1783-1855) descobriram que
os nervos levavam tanto informações motoras
quanto sensoriais. Tratavam-se, portanto, de nervos
mistos que, ao chegarem na medula, suas raízes
anteriores se relacionavam ao movimento,
enquanto as raízes posteriores estavam
relacionadas à sensibilidade.
 1843 - descoberta da natureza elétrica dos nervos
A partir dos esforços do cientista Luigi Galvani
(1737-1798), no século XVIII, o biólogo Emil du
Bois-Reymond (1818-1896) postulou sobre a
natureza elétrica dos nervos. Eles viram que,
quando esses nervos eram estimulados, os
músculos se contraíam, então, derivaram a hipótese
de que esses nervos provavelmente funcionavam
f fi
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como se fossem fios, porque, ao serem
estimulados, levavam à contração muscular.
 1839 - construção da teoria celular
O zoólogo Theodore Shwann (1810-1882) construiu
a teoria celular, segundo a qual todos os tecidos
são formados por unidades microscópicas
chamadas células, esta teoria foi importante para
anos mais tarde termos a construção da teoria
celular no córtex cerebral.
 1859 - comparação do sistema nervoso de diferentes
animais
Charles Darwin (1809-1882), com sua teoria da
evolução, comparou o sistema nervoso de
diferentes animais e observou que eles produziam
respostas similares. Apesar de os encéfalos dos
animais serem diferentes, Darwin percebeu que eles
compartilhavam semelhanças dispostas em um
contínuo, de tal forma que teriam evoluído de
acordo com suas necessidades.
 1861 - início dos estudos sobre as áreas e funções do
sistema nervoso
Paul Broca (1824-1880) foi apresentado a um
paciente que compreendia a linguagem, mas era
incapaz de falar. Após a morte desse indivíduo,
Broca encontrou uma lesão no lobo frontal
esquerdo do seu cérebro em uma área específica,
concluindo, então, que ela era responsável pela
produção da fala. Em sua homenagem, esse quadro
de afasia motora até hoje é chamado de afasia de
Broca, e a região por ele descoberta também leva
seu nome e é chamada de área de Broca. A partir
d tã t d b á f õ
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Funções e organização do sistema
nervoso
Funções do sistema nervoso
Qual a função do sistema nervoso? Antes de responder a essa pergunta,
vamos discorrer sobre o que é um sistema.
Existe uma organização hierárquica na Biologia na qual temos as
células, que se juntam para executar funções especializadas formando
os tecidos, que, por sua vez, se unem para compor funções
especializadas chamadas órgãos. Esses últimos, com o mesmo
de então, estudos sobre as áreas e funções
específicas do sistema nervoso tiveram início.
 1900 - descoberta do neurônio
Anos mais tarde, o neurônio foi descoberto como a
unidade funcional do sistema nervoso, ou seja, a
célula responsável pelas funções cognitivas,
confirmando a teoria celular também no córtex.
 Séculos XX e XXI - importantes avanços na área
No século XX, neuroestimulações permitiram
identificar todas as funções regionais que são
conhecidas hoje. Mais recentemente, já no século
XXI, o sistema nervoso é estudado em diferentes
níveis de abordagens, desde o molecular, celular,
farmacológico, ontogênico, sistêmico,
comportamental, patológico e até populacional.
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propósito, reúnem-se formando os sistemas, que, em conjunto,
constituem o organismo. Em relação aos sistemas, temos 11 no total,
dentre eles o sistema nervoso.
Neurônio e células da glia.
O sistema nervoso é formado por tecidos: neurônios e células da glia,
também chamadas de neuróglia (células de suporte aos neurônios,
essenciais para sua funcionalidade).
Existem cerca de 86 bilhões de neurônios e dez vezes mais células glia
(aproximadamente 860 bilhões) em cada pessoa.
Existem três funções atribuídas ao sistema nervoso:

Sensorial
Consiste na detecção de estímulos, tanto internos quanto externos.

Integrativa
Consiste no processamento da estimulação obtida por meio da função
sensorial para análise, armazenamento e tomada de decisões.

Motora
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Ativa órgãos efetores, como músculos e glândulas.
O sistema nervoso age em conjunto com o sistema endócrino para
coordenar e regular as funções do nosso corpo. Podemos, por exemplo,
receber estímulos luminosos ou sonoros, mas, para interpretá-los da
maneira como eles são, nosso cérebro, que não acessa diretamente
fótons ou ondas mecânicas, precisa receber sinais elétricos dos
neurônios que, por sua vez, precisam receber essa excitabilidade. É aí
que entra a função sensorial, captando tais estímulos, ficando por conta
da função integrativa a responsabilidade de transformá-los em sinais
elétricos na forma de percepções para análise e tomada de decisão.
Uma vez tomada uma decisão, a função motora coordena os músculos
para uma ação.
Assim, podemos classificar as funções do sistema nervoso em duas
principais:
Manutenção da homeostase
Manter a condição físico-química constante dentro de certos
limites para a saúde do organismo, tais como: pressão arterial,
temperatura, nível de oxigênio e gás carbônico, pH, glicemia,
volemia.
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Geração dos comportamentos
Como, por exemplo, os reflexos, a alimentação, a reprodução, a
fuga, o ataque e o ato de dormir.
Organização do sistema nervoso
Temos três formas de classificar a organização do sistema nervoso:
Durante o desenvolvimento, temos um encéfalo e uma medula
primitiva. O encéfalo, formado pelas dilatações do tubo neural,
passa por várias modificações, diferentemente da medula, que
passa por poucas alterações.Ele se divide em prosencéfalo (que
dá origem ao telencéfalo e ao diencéfalo. Juntos, eles formam o
cérebro, os ventrículos laterais, o tálamo, o hipotálamo, o
epitálamo e o terceiro ventrículo); mesencéfalo e rombencéfalo.
Este último se divide em metencéfalo (formador do cerebelo,
ponte e parte superior do quarto ventrículo) e mielencéfalo (que
irá formar o bulbo, a medula espinhal e a parte inferior do quarto
ventrículo). Por volta da terceira à quarta semana embrionária o
tubo neural forma essas três dilatações.
Desenvolvimento do cérebro.
Critério embriológico 
Critério anatômico 
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A neurociência distingue o sistema nervoso central (SNC) do
sistema nervoso periférico (SNP). O primeiro compreende o
encéfalo, composto por cérebro, cerebelo e tronco encefálico
(junção do mesencéfalo, da ponte e do bulbo); e a medula
espinhal. Já o segundo compreende os nervos (conjunto de
axônios que se projetam para fora do sistema nervoso central),
que podem ser craniais ou espinhais; gânglios (conjunto de
corpos neuronais fora do SNC); e terminações nervosas. Alguns
autores adicionam o plexo entérico, uma rede de neurônios que
enerva nosso trato digestivo (intestino), como uma divisão direta
do sistema nervoso periférico.
Sistema Nervoso.
Dividimos o sistema nervoso em somático e visceral, ambos
subdivididos em aferentes e eferentes. Vias aferentes são
aquelas que conduzem informações do SNP ao SNC ou mesmo
de uma parte à outra do SNC. As vias eferentes consistem em
vias de resposta pelo SNP, mas a via eferente visceral é o nosso
sistema nervoso autônomo (SNA), dividido em simpático e
parassimpático.
Vias nervosas aferentes e eferentes
Critério funcional 
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Composição do sistema nervoso
Células do sistema nervoso
Após estudar a organização e as funções do sistema nervoso central
(SNC) e periférico (SNP), vamos conhecer agora as células do tecido
nervoso, classificáveis em neurônios e neuróglias, encontradas em
ambos os sistemas.
Quando falamos de neurônios precisamos ter em mente
que estamos nos referindo a vários tipos diferentes deles.
Por exemplo, no cerebelo, uma estrutura relacionada à coordenação dos
movimentos, existe um tipo de neurônio chamado célula de Purkinje,
que é encontrado exclusivamente nele. Da mesma forma, existem
diferentes tipos de células da neuróglia. Algumas são exclusivas do
SNC e, outras, específicas do SNP. Dentre as células da neuróglia
residentes no SNC encontramos os astrócitos, os oligodendrócitos, a
micróglia e a célula ependimária. No SNP encontramos as células de
Schwann e a célula satélite.
Células da neuróglia.
Vale lembrar-se de que a função do sistema nervoso é a manutenção da
homeostase (que é feita juntamente com o sistema endócrino) e a
geração dos comportamentos por meio da sensibilidade, da integração
e da função motora.
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As células responsáveis por realizar tais funções são os neurônios
devido a duas de suas características principais, a irritabilidade e a
condutibilidade, que se referem, respectivamente, à capacidade de
receber estímulos de forma única e de conduzi-la para outros neurônios
e órgãos efetores.
Os neurônios apresentam potenciais de ação (PA) e são capazes de
propagar o impulso nervoso.
As células da neuróglia até possuem capacidade elétrica, mas não no
mesmo nível de complexidade que os neurônios apresentam.
Propagação do impulso nervoso (sinapse) entre dois neurônios.
Quanto à morfologia, os neurônios são divididos em três partes
principais:
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Morfologia dos neurônios (diferentes tipos).
O corpo celular (também chamado de pericárdio ou soma), usualmente,
é a região que recebe os sinais elétricos; axônio, que é uma projeção do
corpo celular responsável por conduzir os sinais (muitos deles
recobertos pela bainha de mielina formada pela neuróglia
oligodendrócito no SNC e pela neuróglia célula de Schwann no SNP); e o
telodendro, que geralmente transmite os sinais.
As diferentes neuróglias possuem a função de fazer o suporte dos
neurônios, sendo essenciais para sua sobrevivência e funcionamento
em vários aspectos, vamos agora conhecer um pouco mais cada uma
destas células:
 Astrócitos
Fazem a nutrição dos neurônios por meio de alguns
prolongamentos que entram em contato com o
vaso sanguíneo, retirando-lhe nutrientes, e de
outros que contatam o neurônio, transmitindo-lhe
esses nutrientes. Eles também podem controlar o
potencial de ação ou impulso nervoso do neurônio.
 Oligodendrócitos
Compõem a bainha de mielina, isolando e
protegendo o corpo do neurônio.
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 Micróglias
São fagócitos do SNC, servindo à sua defesa ao
fagocitar corpos estranhos como micróbios, que
poderiam atacar o neurônio.
 Células ependimárias
São responsáveis pela produção do líquido
encéfalo-raquidianos (líquor) que percorre os
ventrículos cerebrais pelo canal central da medula
espinhal e, com seus cílios, movimentam esse
fluido.
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Morfologia ou anatomia dos neurônios
Vimos até aqui que os neurônios são divididos em três partes principais
que compreendem o corpo celular, o axônio e o telodendro, com o fluxo
de informação seguindo nessa direção.
É no corpo celular que se encontra a maquinaria
funcional da célula. Ele é tão importante que, caso seja
 Células de Schwann
No SNP estas céluas têm a função dos
oligodendrócitos no SNC, formando a bainha de
mielina que recobre o axônio, como podemos ver
na imagem, as células em amarelo recobrindo todo
o axônio.
 Células satélites
Possuem a função dos astrócitos nesse sistema.
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lesionado, o neurônio se torna incapaz de se regenerar
e recuperar, diferentemente do axônio e do telodendro.
O corpo celular contém todas as organelas: o retículo neoplasmático
granular e agranular, as mitocôndrias, o complexo de Golgi, os
lisossomos, os peroxiossomos etc. Particularmente, o retículo
neoplasmático granular é muito elaborado e está presente em grande
quantidade.
Neurônio com representação das organelas no corpo celular.
É também no corpo celular que estão os dendritos, que são projeções
do corpo celular com as funções de receber e captar sinais, tais como
aqueles provenientes de outros neurônios.
Saiba mais
Existem ainda microprojeções nos dendritos, que são filamentos
chamados de espinhos dendríticos, e que estão relacionados à memória
de longo prazo. Devido a essa alteração morfológica no neurônio é que
é possível sua manutenção, isto é, quanto mais espinhos dendríticos,
maior a capacidade de retenção de uma memória de longo prazo.
Ainda no corpo celular existe uma dilatação em direção ao axônio
chamada de cone de implantação. Essa é uma região onde o neurônio
decide se terá ou não um potencial de ação, que é o modo pelo qual os
neurônios se comunicam entre si e com órgãos efetores, tais como
músculos ou glândulas. É nessa região que existe a chamada zona de
gatilho, e entre o cone de implantação e o axônio temos o segmento
inicial do axônio.
No axônio propriamente dito, a estrutura mais
conhecida é a bainha de mielina. Nem todos os
neurôniosa possuem e, por isso, são chamados de
amielínicos. Porém, naqueles que a apresentam, há um
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espaço entre uma bainha e outra que é chamado de
nódulo de Ranvier.
No telodendro, temos os terminais axônicos e também os botões
sinápticos, que contêm as vesículas de neurotransmissores que serão
liberados em uma sinapse química ou interagirão diretamente com a
membrana de outro neurônio por meio de junções celulares para efetuar
uma sinapse elétrica.
Estrutura do neurônio.
Classi�cação dos neurônios
Os neurônios podem ser classificados de duas formas: a primeira é
estrutural, que leva em consideração os prolongamentos estruturados a
partir do corpo neuronal; e a segunda é funcional, a partir da direção do
impulso nervoso desde o SNC ou a partir da relação com ele. Veremos
com mais detalhes agora cada um destes tipos de neurônios.
Na primeira classificação estrutural temos os neurônios
multipolares por possuírem vários dendritos e um axônio,
encontrado tanto no encéfalo, quanto na medula espinhal e
constituindo os neurônios motores. Eles são encontrados ali
fazendo parte dos neurônios motores, que levam informações do
SNC para o SNP.
Na segunda classificação estrutural, temos os neurônios
bipolares, que possuem duas projeções a partir do corpo
neuronal. Uma delas é um único dendrito e, a segunda, um
axônio. Não são muito encontrados no organismo, sendo mais
Classificação estrutural 
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facilmente achados na orelha interna, na região olfativa do
encéfalo e na retina.
Na terceira classificação estrutural, temos os neurônios
(pseudo)unipolares. Eles recebem esse nome por apresentarem
uma única projeção saindo do corpo neuronal, que logo se divide
em um curto dendrito, geralmente utilizado como receptores
sensitivos, e um longo axônio. São formados a partir da fusão de
neurônios bipolares em sua origem, durante a embriogênese.
Eles são raros e encontrados nos gânglios sensitivos,
constituindo os nervos cranianos e também em nervos
espinhais.
Classificação dos neurônios segundo a sua estrutura.
A classificação funcional diz respeito ao impulso nervoso ou ao
potencial de ação (PA). Quando ele ocorre da periferia (SNP) e
for em direção ao córtex cerebral (SNC), como quando furamos o
dedo, por exemplo, isso resulta na sensação de dor e na
percepção do estímulo que a causou. Sendo essa uma via
aferente, os neurônios envolvidos nesse processo são
classificados como aferentes ou sensitivos, responsáveis,
portanto, por levar o impulso nervoso do SNP para o SNC.
Ao removermos a mão tão logo o dedo seja furado temos a ação
do SNC enviando um impulso nervoso ao SNP para a emissão
dessa resposta. Os neurônios envolvidos nesse envio de
informações do SNC para a periferia (SNP) são chamados de
neurônios eferentes ou motores.
A comunicação sináptica que ocorre no SNC entre os neurônios
aferentes e eferentes ocorre graças aos interneurônios ou
neurônios de associação, responsáveis por integrar as
informações, sendo essa a terceira classificação funcional.
Classificação funcional 
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Os neurônios aferentes costumam ser do tipo pseudounipolares
e bipolares, enquanto os eferentes e os interneurônios são
multipolares.
Neurônio eferente (motor) se conectando a uma fibra muscular.
Divisão cerebral
Divisão cerebral e bases biológicas dos
processos psicológicos
O sistema nervoso central (SNC) é dividido em hemisfério direito e
esquerdo, separados por um feixe de fibras nervosas chamado corpo
caloso, a seguir veremos um exemplo. Ambos os hemisférios possuem
suas partes frontal, occipital, parietal e temporal. Eles atuam em
conjunto para uma série de funções, como a fala, por exemplo, mas
cada lado do cérebro possui funções psicológicas específicas. O lado
direito está mais relacionado à consciência artística, à criatividade, à
intuição, à imaginação, às fantasias, aos insights, ao conhecimento, às
lembranças, às formas em 3D, à consciência musical e ao controle da
mão esquerda. Já o lado esquerdo está ligado ao pensamento analítico,
ao raciocínio lógico, à linguagem, ao raciocínio matemático e
habilidades com números e ao controle da mão direita.
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Cada lobo cerebral possui certas funções também, e, é importante
ressaltar que, prejuízos nas regiões afetam as funções. Vamos ver agora
as divisões:
Lobo frontal
É responsável pelos movimentos motores, aprendizagem, pensamento,
memória e fala.
Lobo parietal
É responsável pela percepção espacial, sensações de dor, calor e frio.
Lobo temporal
É responsável pelo processamento dos estímulos auditivos, fica
localizado mais próximo à orelha.
Lobo occipital
É responsável pelo processamento dos estímulos visuais, fica localizado
mais próximo a nuca.
O diencéfalo, uma região central no núcleo do cérebro, é dividido em
três partes:
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 Tálamo
É responsável por receber e enviar informações
sensoriais para as áreas correspondentes do
cérebro.
 Epitálamo
É responsável por regular as funções de sono e
vigília, ficando onde está localizada a glândula
pineal.
 Hipotálamo
É responsável por organizar as emoções de medo,
tristeza, prazer, agressividade, comportamento
sexual, além das sensações de fome e sede. Ele
também regula a temperatura, a pressão, o ciclo
menstrual e contém a glândula hipófise, que
sintetiza hormônios e regula outras glândulas do
corpo.
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O cerebelo é importante para o equilíbrio e a coordenação motora, além
de manter o tônus muscular e controlar movimentos complexos, tais
como: escrever, nadar, andar e seus derivados (pedalar e dirigir).
Divisão cerebral.
No tronco encefálico, o mesencéfalo controla funções motoras,
sensoriais e viscerais, reflexos visuais e auditivos e a manutenção do
tônus muscular.
A ponte retransmite impulsos para o cerebelo e ajuda no controle da
respiração, enquanto o bulbo controla a frequência cardíaca, a
transpiração, a respiração e outras ações involuntárias do corpo, tais
como reflexos de salivação, deglutição, tosse, espirro e vômito. É
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também nele que as vias motoras se cruzam (sendo esse o motivo de o
hemisfério esquerdo controlar o lado direito do corpo e vice-versa).
Ainda no SNC, a medula espinhal é uma estrutura tubular que se aloja
dentro da coluna vertebral, indo desde a base do encéfalo até a segunda
vértebra lombar.
Ela atua na condução de impulsos nervosos sensoriais (dos órgãos
receptores para o encéfalo) e motores (do encéfalo para os órgãos
efetores).
Na medula, ao contrário do que ocorre no encéfalo, a substância branca
fica na parte externa e a substância cinzenta na parte interna, com um
canal central onde passa o líquido cerebrospinal.
Externamente ela é protegida pelas meninges. As fibras nervosas da
substância branca da medula são dispostas em feixes de vias
ascendentes sensitivas (que recebem informação) e vias descendentes
motoras (que vão levar a informação).
Condução de impulsos elétricos no cérebro e na medula espinhal.
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O sistema nervoso periférico (SNP) ou autônomo (SNA), controla
movimentos involuntários, como:
Os batimentos cardíacos.
A dilatação e contração dos brônquios na respiração e também
das veias e artérias.
A regulação da dilatação da pupila.
O fluxo salivar e lacrimal.
A liberação da bile.
A conversão do glicogênio em glicose.
O peristaltismo e secreções intestinais.
As contrações da bexiga.
O SNP é dividido da seguinte forma:

Sistema nervoso
simpático ou excitatório
Responsável por
estimular as glândulas
suprarrenais liberando
adrenalina e
noradrenalina.

Sistema nervoso
parassimpático ou
inibitório
Responsável por liberar
acetilcolina.
Vale ressaltar que esses sistemas funcionam sob o princípio da inibição
recíproca, de tal forma que: quando um aumenta sua atividade, o outro
diminui.
Processos psicológicos básicos e
neuroplasticidade

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Aprendizagem, memória e neuroplasticidade
A aprendizagem é o processo pelo qual alguém adquire novos
comportamentos, conhecimentos, opiniões, habilidades ou hábitos a
qualquer mudança ou condições que o meio nos propõe. Ela está
relacionada ao nosso desenvolvimento e capacidade de adaptação.
Saiba mais
Quando você aprende algo novo a partir de estímulos, vivências e
necessidades do ambiente em que está inserido, tais experiências
deixam alguns “rastros” no seu cérebro. Os psicólogos e neurocientistas
chamam o conjunto desses rastros de memória de longo prazo e o
processo neurológico que os permite é a neuroplasticidade – o sistema
nervoso está preparado e é capaz de se modificar em função dessas
estimulações que o meio nos traz. Simplificadamente, no nível biológico,
aprendizagem é a mudança neurológica derivada da experiência.
A neuroplasticidade cerebral ou neuronal é a capacidade cerebral de
adaptação a mudanças que o meio propõe ao sistema nervoso,
alterando sua estrutura e função em resposta às influências ambientais.
É uma capacidade de criar, regenerar e reorganizar os neurônios ou
circuitos neurais por meio das redes e trocas sinápticas, moldando-se a
níveis estruturais durante toda a vida. O cérebro é maleável e
modificável não só na formação de novas relações cognitivas, emotivas
e comportamentais, mas a ponto de compensar algumas lesões ou
traumas sofridos.
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Antes de avançarmos, é interessante desmistificarmos algumas ideias
acerca do uso do nosso cérebro:
1. Não usamos apenas 10% do nosso cérebro, pois o utilizamos por
inteiro e constantemente, e ele permanece ativo inclusive durante
o nosso sono.
2. É falso que o lado do cérebro que mais utilizamos dita nossas
habilidades porque, embora cada lado concentre funções
específicas, o cérebro possui estruturas interconectadas e que
interagem a todo instante. Não é provável que você tenha certas
capacidades porque tal lado do cérebro é mais ativo em você, mas
sim porque, ao desenvolver tal capacidade, as áreas cerebrais
relacionadas tenham se modificado e se tornado mais ativas.
3. É falso que as diferenças entre comportamentos de homens e
mulheres ocorrem por distinções entre os cérebros. Há pequenas
e pouco significativas diferenças biológicas entre os cérebros
masculino e feminino, sendo tais distinções comportamentais
relacionadas a outros aspectos biológicos estruturais como um
todo e a fatores culturais.
Quando estamos aprendendo algo novo, conexões de redes de
neurônios estão sendo criadas (e outras desfeitas), aumentando a
frequência de comunicação entre os envolvidos (algo conhecido como
potenciação de longo prazo). E, quando por fim aprendemos, de tal
forma que esse conhecimento ou comportamento se torna uma
memória de longo prazo, tais conexões estão suficientemente
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fortalecidas para que sejam mais facilmente ativadas quando nos
envolvemos com as condições ambientais para as quais se
desenvolveram ou em que são necessários. A rede de neurônios que
codifica uma memória é chamada de engrama. Outros tipos de
mudanças são:
Neurobiologia dos transtornos
mentais
Os transtornos mentais do ponto de vista
neurobiológico
O entendimento sobre a neurobiologia dos transtornos
comportamentais evoluiu de maneira marcante nos últimos 50 anos. O
modelo clássico dizia que se apenas um gene fosse mutado, ele
 O crescimento de novos axônios até alcançar novos
neurônios.
 O crescimento ou a diminuição em complexidade na
arborização terminal do axônio.
 As mudanças na arborização e espinhas dendríticas.
 A formação e perda de sinapses.
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resultava em uma alteração fenotípica característica de uma doença. Ou
seja, há genes que, se mudarem, resultam em uma disfunção neuronal
tão marcante que produziriam um transtorno mental por si só.
Entretanto, pesquisa após pesquisa por anos seguidos nunca
encontraram um só gene responsável por um transtorno mental
específico, o que significa que não se pode afirmar que os transtornos
mentais são doenças genéticas.
Esse modelo evoluiu para o modelo endofenotípico, segundo o qual um
gene mutado não era responsável por um transtorno mental em si, mas
o produto gênico anormal gerava alguma característica ou sintoma do
transtorno mental. Então, poderia haver uma alteração da percepção,
levando a uma alucinação; uma alteração do pensamento, levando a um
delírio; comportamento anormal; modificações na personalidade; e
alterações do humor, afeto e temperamento. Contudo, após muitas
pesquisas por anos seguidos, nunca encontraram um só gene que, ao
ser mutado, gerasse uma disfunção em um circuito neural que
resultasse num sintoma psiquiátrico como, por exemplo, um humor
deprimido, uma alucinação, um delírio, um embotamento afetivo etc.
Chegamos então a dois conceitos que veremos agora com mais
detalhes:
Seria quando genes diferentes, interagindo entre eles, interferem
na expressão de um fenótipo. O fenótipo (característica cerebral)
de uma doença mental seria dado por vários genes que, ao
sintetizarem proteínas, criariam algumas delas com
anormalidades sutis. E como desde a concepção teríamos sido
gerados com aquilo, nosso corpo compensaria durante o
neurodesenvolvimento cerebral. Portanto, dada essa
compensação cerebral, tais proteínas não geram alterações
neuroquímicas profundas capazes de resultar em um sintoma ou
transtorno psiquiátrico, mas podem representar fatores de risco,
posto que os transtornos mentais de origem fisiopatológicas
Epistasia 
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devem ser pensados como estágios de comprometimentos até
serem alcançados. É o que acontece com todas as doenças
multifatoriais que possuem fatores genéticos e ambientais, tais
como o câncer.
Então, várias alterações sequenciais precisam se acumular para
gerar uma disfunção em um sistema orgânico específico. A
epistasia ocorre quando dois genes distintos mutados e que
regulam uma mesma via metabólica cujas proteínas alteradas
que se complementam, ao interagirem, aumentam a chance de
uma disfunção comportamental. No entanto, duas mutações em
epistasia ainda são facilmente compensadas pelo organismo.
Somente elas não são suficientes para gerar um fenótipo com
vários sinais e sintomas característicos para serem agrupados
em um diagnóstico nosológico e que possa ser chamado de um
transtorno mental. Elas podem gerar um processamento de
informação um pouco deficiente, mas ainda no limite da
normalidadegraças à compensação.
Ocorre quando duas e até três mutações não são suficientes
para gerar um fenótipo de transtorno mental, sendo necessário
as interações entre essas mutações genéticas (natureza) e o
ambiente (experiências).
As mutações, então, conferem vulnerabilidades ou fatores de
risco e se tornam mais suscetíveis às interferências do meio
ambiente. Quando essas interferências produzem a
neuroplasticidade, piorando esse processamento neurológico, as
disfunções cognitivas e comportamentais podem começar.
É importante destacar que: quanto mais contingências epistásicas e
ambientais se somarem, maior será a evolução de grandes disfunções
de circuitos cerebrais hipo ou hiperativados, gerando vários sintomas,
até delírios e alucinações em um quadro de esquizofrenia, por exemplo.
Vale o mesmo para depressão, transtorno bipolar e outros, obviamente
que mudando os genes e estressores ambientais. Tais genes surgem
como produto de mutação durante a concepção ou são transmitidos por
progenitores que já os possuíam.
Epigenética 

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Neurobiologia dos transtornos
mentais
Confira agora a evolução dos diferentes modelos explicativos da
neurobiologia dos transtornos mentais e a importância do modelo da
epistasia.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O cérebro consiste em dois hemisférios (direito e esquerdo), cada
um dividido em lobos, que compõem a camada mais externa
chamada de córtex cerebral. Cada lobo cerebral possui certas
funções, tais como:
A
O lobo frontal, próximo à nuca, que processa
estímulos visuais.
B
O lobo neuronal, que é responsável pela liberação
dos hormônios.
C
O lobo parietal, que é responsável pelos
movimentos motores, aprendizagem, pensamento,
memória e fala.
D O lobo temporal, que processa estímulos auditivos.
E
O lobo occipital, que coordena a percepção espacial,
sensações de dor, calor e frio.
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Parabéns! A alternativa D está correta.
O lobo temporal fica localizado próximo às orelhas e permite
reconhecer diferentes sons. Não existe lobo neuronal. A alternativa
A descreve a característica do lobo occipital. A alternativa C define
a função do lobo frontal e a opção E corresponde ao lobo parietal.
Questão 2
Os estudos sobre neuroplasticidade são fundamentais para a
compreensão dos fenômenos da aprendizagem. A plasticidade
cerebral refere-se à capacidade do sistema nervoso de modificar
sua estrutura e função em decorrência dos padrões de experiência.
Sobre esse atributo, é possível afirmar que:
Parabéns! A alternativa C está correta.
Aprendizagem é a mudança neurológica derivada da experiência.
Essa correspondência é possível graças a uma neuroplasticidade
que integra todas as regiões cerebrais harmoniosamente, operando
durante toda a vida, dia e noite ininterruptamente, e também
A
Está relacionada à capacidade de adaptação
propriamente da vida adulta.
B
A neuroplasticidade é proporcional ao tamanho do
cérebro.
C
O sistema nervoso está preparado para se modificar
em função de estimulações.
D
Novas conexões entre células nervosas acontecem
cerca de dez vezes por dia.
E
Cada área cerebral é independente em sua
plasticidade.
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compensando lesões ou déficits cerebrais. A opção B é mera
especulação.
2 - Terapia cognitivo-comportamental
Ao �nal deste módulo, você deverá ser capaz de analisar as implicações clínicas dos
pressupostos e fundamentos básicos da terapia cognitivo-comportamental.
Terapia cognitiva
Fundamentos históricos
Antes do surgimento das terapias cognitivas na década de 1960, de um
lado, havia abordagens clínicas psicodinâmicas e, do outro, as terapias
orientadas cientificamente, lideradas pelo movimento
comportamentalista. Esse último buscava explicações baseadas em
evidências e intervenções focadas em resultado. A primeira geração de
comportamentalistas avançou nos programas de treinamento de
habilidades e intervenções respondentes, tais como a dessensibilização
sistemática, conquistas essas que são úteis até os dias atuais.
Entretanto, a lacuna era de que essas primeiras técnicas estavam muito
voltadas aos comportamentos públicos (externos), e faltavam, portanto,
materiais para trabalhar com os comportamentos privados, como as
cognições.
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Nesse meio-tempo, a revolução computacional acontecia, o que serviu
de metáfora para o dualismo mente-corpo: o software está para o
hardware assim como a mente está para corpo. O software é o
“invisível”, sendo programável e responsável por processar dados. De
forma análoga, a mente processa pensamentos, que também podem ser
reestruturados. Na direção de responder à lacuna vigente, os
cognitivistas começaram a teorizar e organizar intervenções focadas na
identificação, exame e modificação de crenças, inaugurando a revolução
cognitiva: a busca para compreender e intervir no processamento
mental humano. Assim, começaram a surgir variados modelos de
terapia cognitiva, tendo Aaron Beck como o maior proponente.
Beck era psiquiatra, professor universitário na Pensilvânia (EUA) e
passou pela psicanálise antes de fundar a terapia cognitiva, sendo
considerado historicamente como o maior expoente do cognitivismo.
Suas primeiras publicações nessa área abordaram intervenções em
quadros depressivos, que depois se estenderam aos demais transtornos
psiquiátricos. Essa interface com a psiquiatria também promoveu
bastante a adesão dos demais profissionais aos seus métodos.
Saiba mais
Beck desempenhou vários experimentos para testar os conceitos
psicanalíticos da depressão, mas percebeu uma nova explicação para
os sentimentos e comportamentos de seus pacientes. Beck notou que
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pacientes depressivos vivenciavam cadeias de pensamento que
pareciam aparecer espontaneamente. Surgia, então, o conceito de
pensamentos automáticos.
A partir daí, ele começou a ajudar os pacientes a avaliarem seus
pensamentos automáticos. Com o tempo, descobriu que, quando fazia
isso, os pacientes eram capazes de pensar de maneira mais realista e,
como resultado, eles se sentiam melhor emocionalmente e conseguiam
se comportar de maneira mais funcional. A longo prazo, o paciente
desenvolvia a habilidade de desafiar suas crenças sobre eles mesmos,
sobre o futuro e sobre o mundo (chamada de tríade cognitiva negativa),
assim, a melhora permanecia. Foi aí que surgiu então a terapia
cognitiva.
Voltado principalmente aos transtornos de ansiedade, Beck observou
que as experiências comportamentais de exposição eram elementos
muito valiosos para a melhora desses quadros. Resolveu, então, agregar
essas técnicas à sua terapia, que passou a chamar de terapia cognitivo-
comportamental.
Pressupostos gerais
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Como processamos nossas reações
Você provavelmente já deve ter ouvido falar que não são as situações
que afetam o modo como reagimos, mas sim a maneira como as
enxergamos. A terapia cognitivo-comportamental baseia-se nessa
mesma ideia. Os nossos pensamentos sobre as situações, a avaliação
cognitiva ou a maneira que as informações apresentadassão
processadas por nós, afetam nossa emoção e, consequentemente,
nosso comportamento e respostas fisiológicas.
Com isso, em uma mesma situação, duas pessoas
diferentes podem ter reações distintas ou
completamente opostas. Por exemplo, um estudante
pode ficar feliz e entusiasmado por ter passado no
vestibular e estar indo para a faculdade, enquanto
outro pode ficar triste e amedrontado por ter de sair de
sua zona de conforto.
Em síntese, três proposições fundamentais caracterizam uma terapia
cognitiva:
 Primeiro
Reconhecer o papel mediador da cognição entre a
situação e como lidamos com ela.
 Segundo
Saber que a cognição influencia sentimentos e
ações. Não é a realidade situacional em si que nos
afeta, mas, sim, a nossa interpretação sobre ela.
Corroborando a mentalidade do filósofo grego
Epiteto, que declarou que não são as coisas que
nos perturbam, mas, sim, a visão que temos delas.
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Portanto, o modelo cognitivo básico, como veremos no exemplo a
seguir, equaciona três variáveis: situação, cognição e respostas
(emocionais e comportamentais), sendo a cognição a variável
mediacional, o alvo das análises e intervenções da terapia cognitiva.
Essa ênfase é referida como hipótese da primazia da cognição.
Terapia cognitivo-comportamental.
Esse modelo pode ser apresentado da seguinte forma:
 Terceiro
Ter consciência de que as cognições podem ser
examinadas e alteradas, o que impulsiona a
produção de uma terapia de efetividade
comprovada por resultados empíricos confiáveis.
 Primeiro
Há uma situação, que pode ser ouvir ou ver alguma
coisa, ter alguma sensação física, ou estar deitado
na cama pensando em uma apresentação que
precisa realizar, por exemplo. Em resumo, qualquer
coisa que acontece no nosso dia.
 Segundo
N it ã t t áti
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Você pode se perguntar como uma mesma situação pode desencadear
diferentes desfechos nas pessoas. Não obstante outros fatores
circunstanciais, uma demissão no trabalho pode ser horrível para
alguém que interpreta como “agora vou passar fome”, “sou um péssimo
profissional” e “minha vida acabou”; mas ser motivo de alegria para
outra que interpreta como “agora vou iniciar a carreira que sempre quis”
e “não ocuparei tanto o meu tempo no meu próximo trabalho”.
Cognição e distorções cognitivas
Níveis do processamento cognitivo e as
distorções cognitivas
Os três níveis de processamento cognitivo (pensamentos e imagens,
isto é, como raciocinamos e imaginamos), do mais superficial ao mais
Nessa situação, os pensamentos automáticos
então aparecem. Eles podem vir em formato verbal
ou imaginário. Quando são verbais, podem se
apresentar como “não vou dar conta dessa
apresentação”, “vai me dar branco”, “vou esquecer o
que eu preciso falar”. Quando vêm na forma de
imagens, eles podem se manifestar quando nos
imaginamos travando sem conseguir falar e os
colegas da sala rindo.
 Terceiro
Temos então as reações, que podem ser emoções,
comportamentos e respostas fisiológicas. No
exemplo, a pessoa começa a se sentir ansiosa
(emoção), o coração começa a acelerar (fisiologia),
fala para um amigo que não vai à apresentação e
falta aquele dia (comportamentos).
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profundo, são: pensamentos automáticos, crenças intermediárias e
crenças centrais. Todas essas ideias, conceitos ou interpretações vão
sendo formados ao longo da vida pelas experiências, instruções e
modelos que recebemos, conscientemente ou não.
É importante reforçar essa hierarquia cognitiva.
Crenças centrais influenciam crenças intermediárias
que, por sua vez, influenciam os pensamentos
automáticos. Se as centrais forem modificadas,
teremos uma intervenção profunda que interfere nos
demais níveis.
Assim, caso os pensamentos automáticos sejam alterados, a
intervenção tende a ter efeitos momentâneos, porque ainda estará sob
controle da pressão perceptiva das crenças centrais. Isso geraria uma
dissonância cognitiva – um desconforto causado pela incoerência ou
contradição entre os conteúdos mentais.
Para metaforizar que a inconsciência é maior que a consciência, Freud
utilizou a figura do iceberg, cuja maior parte está afundada na água e
não conseguimos vê-la da superfície. Beck inverteu essa proporção para
mostrar que existem algumas poucas crenças centrais do indivíduo que
determinam inúmeros pensamentos e raciocínios.
A raiz do processamento cognitivo está nas crenças
centrais ou nucleares, que são interpretações ou
definições tidas como verdades fixas e globais pela
pessoa que as tem. São o nível mais profundo de
representação mental e tendem a ser absolutas
independente das situações.
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O indivíduo se relaciona com o mundo se baseando nas experiências
passadas que ele teve. Tudo que aprendemos e vivemos, seja algo
positivo ou negativo, ajuda no desenvolvimento de nossas crenças
centrais, que são formadas desde as primeiras experiências de vida e
depois fortalecidas conforme vamos tendo outras experiências.
Exemplo
Se uma pessoa teve um pai que cobrava muito seu desempenho durante
sua infância e não o valorizava quando tinha um resultado positivo pode
desenvolver uma crença de que não é bom o suficiente ou até mesmo
incompetente. Depois que essa crença está formada, essa pessoa terá
outras experiências que se relacionam. Ela pode estar na faculdade e,
em uma determinada prova, tirar 8. Se levarmos em conta que a média é
5 e olharmos a situação de maneira objetiva, 8 é uma boa nota, pois
significa 80% do desempenho. Entretanto, como tem a crença de ser
não ser capaz, é possível que não valorize esse resultado e pode acabar
dizendo “não tirei 10 porque não sou capaz” ou pensar “só tirei essa
nota porque a prova estava fácil”. Independentemente de qual variação
de pensamento ela possa vir a ter, caso ele siga nessa mesma linha a
experiência só fortalecerá sua crença de ser incapaz. Por isso, é tão
difícil nos livrarmos de crenças disfuncionais, pois, mesmo tendo
evidências contrárias a elas, nos esforçamos para provar que elas estão
corretas. Esse processo é chamado de viés da confirmação.
Das crenças centrais derivam as intermediárias ou subjacentes, que
descrevem relações entre eventos ou elementos do mundo, formando
regras imperativas, premissas condicionais, posicionamentos e
prescrições comportamentais. São intermediárias entre as crenças
centrais e os pensamentos automáticos e orientam sobre como o
mundo funciona e como reagir. Por exemplo, “não posso recusar
pedidos”, “se me atacarem, devo atacar de volta”, “se não tiver amigos,
serei um fracassado”, “meu valor depende da aceitação dos outros”.
Podemos falar também do conceito de esquemas, que são conjuntos de
crenças centrais e intermediárias, categorizáveis em torno de um eixo
temático. A terapia cognitiva trabalha com três esquemas:
Desamparo
Refere-se a uma visão distorcida de suas capacidades para lidar com
adversidades, como, por exemplo, “sou vulnerável, inferior, frágil”.
Desamor
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Corresponde à visão distorcida da capacidade de ser amado, como, por
exemplo, “sou indesejável, rejeitado”.
Desvalor
Tem a ver com uma visão distorcida de suas capacidades para ser
produtivo, eficiente, como: “sou incompetente, incapaz, fracassado”.
Esses esquemas podem ser em relação a si mesmo ou aos outros.
A aplicação específica dessas crenças na situação vigente acontece pormeio dos pensamentos automáticos, que são interpretações
específicas, voltadas ao contexto imediato e tendemos a aceitá-los sem
questionamentos quando ocorrem. Eles são espontâneos, não requerem
esforço, são breves e passageiros. Por exemplo, em uma festa, alguém
pode pensar que “ninguém aqui vai falar comigo”, “meus colegas vão me
rejeitar” e começa se ver isolado em um canto do salão da festa.
Vamos agora ilustrar a interação entre os três níveis cognitivos em uma
mesma situação.
Um aluno pega seu livro de Matemática para estudar e pensa
imediatamente “Matemática é difícil demais, jamais vou entender isso”
(pensamento automático).
A crença intermediária subjacente pode ser “se não for para dominar
perfeitamente uma tarefa, melhor nem tentar”, que é derivada de uma
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crença central de que “sou incompetente”.
Todo esse processamento cognitivo pode levá-lo a fechar o livro e
desistir, além dos sentimentos de tristeza decorrentes.
Em quadros psicopatológicos, a pessoa é inundada por pensamentos
automáticos de uma forma inflexível e improdutiva. A capacidade de
pensar acaba nos atrapalhando. O paciente aprende na terapia a
acessar, monitorar e mudar sua forma de pensar, considerando os
pensamentos como hipóteses plausíveis, porque existe a possibilidade
de explicações alternativas.
Saiba mais
Os estudos clínicos em terapia cognitiva concentravam-se em identificar
as tendências interpretativas distorcidas que mantinham as pessoas na
psicopatologia e modificá-las para raciocínios realistas, superando,
assim, a rigidez cognitiva enquanto desenvolve a flexibilidade cognitiva.
Um pensamento de cunho negativista não significa necessariamente
que seja uma distorção cognitiva, pois uma ideia negativista pode ser
realista. A pessoa pode ter uma crença de ser incapaz em alguma
habilidade e, de fato, não ter esse repertório modelado. Distorções são
crenças que não correspondem aos fatos e evidências. Nesse sentido, é
possível alguém ter uma crença distorcida tanto de ser incapaz quanto
de ser um gênio.
Em termos clínicos, pensamentos disfuncionais são aqueles que
causam algum sofrimento. Por exemplo, alguém não é aprovado em
uma prova e pensa “a culpa é toda minha e eu sou um inútil”. Um
indivíduo apaixonado se visualiza pedindo uma moça em namoro, mas
pensa “certamente ela vai dizer não, melhor nem tentar”. Notamos aqui
constatações e previsões possivelmente distorcidas, generalistas,
reducionistas ou catastróficas, que geram sofrimento.
Ter a capacidade de pensar não significa ter a
habilidade de pensar. As pessoas tendem a concluir
que o mundo é do tamanho da mente delas. Se não
tivéssemos contato com estrangeiros, poderíamos
acreditar que só existe a língua portuguesa, por
exemplo. Precisamos aprender a nos distanciar dos
nossos próprios pensamentos para podermos ampliar
suas possibilidades e exames.
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Dentro de um quadro depressivo, uma pessoa pode apresentar os
seguintes padrões de pensamento: “Viver é sofrer, não há saída, não
existe felicidade”. Nesse sentido, Beck criou inventários para medir e
comparar esses dados, evidenciando essa realidade no funcionamento
mental de pessoas deprimidas.
Quanto menor a correspondência entre pensamentos e fatos, observa-
se maior dificuldade com a gestão das emoções.
Em última instância, na terapia, o paciente aprende a flexibilidade
cognitiva para se questionar, considerar outras variáveis e levantar
explicações alternativas. É necessário ensinar o paciente a se distanciar
dos seus pensamentos para considerar outras hipóteses.
As perguntas-chave da terapia cognitiva são “o que está passando na
sua mente?” e “qual o sentido desse pensamento?”. Com essas
interrogações ajudamos o paciente a identificar suas crenças para
descobrir qual foi o pensamento que o influenciou, independentemente
se estava consciente ou não.
As crenças vão sendo identificadas, questionadas por meio de
perguntas e confrontadas com evidências: “qual a relação entre o que
você está pensando com o que você está sentindo?”, “existem
evidências para pensar dessa forma ou para pensar o contrário?”, “existe
outra maneira de interpretar isso?”, “o que de pior pode acontecer?”,
“qual a real probabilidade de isso acontecer?”, “quais as consequências
de pensar assim?”, “você já pensou diferente em situações
semelhantes?”, “como alguém em situação semelhante poderia pensar
sobre isso?”.
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Pensamentos são diferentes de fatos. A realidade não sai dos nossos
pensamentos, são eles é que precisam examinar a realidade. Só de se
modificar os pensamentos automáticos já costuma gerar alívio dos
sintomas do paciente.
Nesse sentido, todo caso clínico é formulado segundo
o modelo cognitivo. Isso é chamado de conceituação
cognitiva – um “mapa” que mantém o foco e determina
as estratégias cognitivas e comportamentais para
cada momento da terapia, mas que está sujeito a
atualizações no transcorrer dela.
Portanto, uma conceituação cognitiva de um caso requer a identificação
dos seguintes aspectos:
 Pensamentos automáticos
 Sentimentos e ações perante as situações-
problemas
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Pressupostos da terapia cognitivo-
comportamental
Terapia cognitivo-comportamental:
características, objetivos e pressupostos
Vamos abordar agora as principais características da terapia cognitivo-
comportamental (TCC). Seu método de trabalho funciona tanto para
transtornos psiquiátricos quanto para comportamentos disfuncionais e
pensamentos recorrentes que podem trazer prejuízos ou sofrimentos
significativos. Problemas e dificuldades do dia a dia, que não
necessariamente estão relacionados a algum transtorno, também
conseguem seu espaço nos atendimentos da TCC.
 Crenças intermediárias e centrais disfuncionais
 Determinantes orgânicos
 Dados históricos que mostram a formação dessas
crenças desadaptativas
 Fatores precipitadores ao início do quadro
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A TCC valoriza e capacita o indivíduo a assumir o controle de sua vida
por meio da psicoeducação e do questionamento socrático, com uma
vasta gama de técnicas específicas para o diagnóstico individual. O
objetivo geral da TCC é permitir que o cliente assuma o controle de seus
problemas e gerencie a vida de maneira adaptativa e saudável.
Re�exão
Assim, o primeiro pressuposto é de que a terapia é baseada no modelo
cognitivo, que é a explicação que orienta todo o tratamento. É a
premissa básica de que não são as situações que fazem a gente reagir
de uma determinada maneira, mas como a gente pensa sobre aquelas
situações. Esses pensamentos automáticos que ocorrem na situação
em que estamos estão relacionados às nossas crenças. Identificar e
reestruturar crenças são os objetivos da terapia.
Isso tudo acontece porque entendemos que nossos pensamentos não
são fatos, mas sim ideias. E como toda ideia, podem ser desafiados e
levados ao escrutínio em busca da realidade. Ao mesmo tempo,
descobrimos que eles não possuem toda força que acreditamos que
eles possuem e que, muitas vezes, não precisam ser levados a sério.
A terapia é orientada por metas e objetivos. É uma
terapia direta, prática e muito clara. O objetivo pode ser
tanto o autoconhecimento quanto o tratamento de uma
psicopatologia. Alcançados os objetivos e não tendo
novos, o paciente recebe alta.
As metas ajudam a dar um direcionamento no tratamento,além do
sentimento de conquista e motivação a cada nova meta atingida. Elas
ajudam também os clientes a verem seus objetivos como algo possível
de ser atingido e os resultados como algo real. Desse modo, a terapia
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busca maneiras de mensurar os progressos para que consigamos
verificar se está havendo uma evolução.
Sessão de terapia cognitivo-comportamental.
A terapia é baseada na conceitualização cognitiva do paciente, que é
basicamente um “mapa” do funcionamento cognitivo da pessoa, mas o
terapeuta não se prende a uma avaliação inicial que será definitiva para
todo o tratamento, pois, a cada sessão e à medida que progressos são
feitos, novas informações podem incrementar a formulação do caso e
dar uma maneira única de enxergar o paciente.
A terapia é psicoeducativa, pois sempre há o objetivo de o paciente se
tornar o seu próprio terapeuta. Com isso, o paciente ganha autonomia
para continuar os processos terapêuticos em sua vida. É por meio dessa
psicoeducação que o terapeuta dá um suporte educativo sobre o
problema que o paciente está enfrentando, podendo falar sobre como o
seu transtorno funciona, como a TCC pode atuar no transtorno
específico, como o comportamento do paciente o mantém no problema
e sobre várias outras coisas que o paciente não saiba, mas precise de
uma “orientação” para que ele comece a refletir sobre.
Atenção!
A relação terapêutica é colaborativa, o paciente é ativo e o terapeuta
também. O caminho terapêutico é construído conjuntamente. Essa
aliança terapêutica é o início de todo tratamento bem-sucedido em
qualquer linha terapêutica, mas na terapia cognitiva ela ganha um
espaço ainda mais especial. Sem uma boa relação terapêutica os
questionamentos podem não acontecer da melhor maneira, o cliente
pode hesitar em responder o que pensa, em dar feedbacks e,
consequentemente, o tratamento será afetado.
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É fundamental criar um clima de confiança para que o paciente se sinta
livre para se abrir e contar o que for necessário durante as consultas.
Para que essa aliança se desenvolva, a empatia, a tolerância, a atenção
e o respeito por parte do terapeuta são indispensáveis para que as
sessões possam fluir.
A colaboração ajuda no trabalho de busca das metas do cliente como
um time. Duas cabeças pensando sobre um mesmo problema e
colaborando em possíveis soluções melhora a eficácia do tratamento e
ajuda no aprendizado do cliente para que ele se torne seu próprio
terapeuta.
Com essa colaboração estabelecida como algo importante, a cada
sessão o terapeuta e o paciente decidem juntos o conteúdo que será
trabalhado, o número de sessões semanais que é ideal para a eficácia
do tratamento, se é adequado ou não um determinado “plano de ação” e
como deve ser realizado esse plano. Os planos de ação são exercícios
concretos de observação, treino ou mudança de alguma variável
identificada.
A terapia não acontece somente na sessão, pois o terapeuta direciona o
que pode ser trabalhado durante a semana.
Esse direcionamento pode ser um plano para que o paciente teste seus
pensamentos, desenvolva novos hábitos ou coloque em prática as
habilidades e conclusões discutidas e obtidas na sessão. Tudo para
estimular o paciente a identificar, avaliar e responder suas crenças
disfuncionais.
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A terapia é focada inicialmente no presente. A partir da queixa, os
esforços são voltados ao aqui-agora, identificando as circunstâncias
atuais e visando modificações cognitivas e comportamentais
necessárias. Só podemos alterar o presente, por isso, há uma grande
ênfase no momento atual, no enfrentamento da realidade como ela é, e
não como é imaginada ou temida.
Contudo, é também possível explorar questões relacionadas ao passado
do paciente. Esse passado é trazido em três situações típicas:
As sessões da terapia tendem a ser mais estruturadas, embora não seja
uma estrutura rígida. A ideia é de que o terapeuta organize a pauta
inicial da sessão, percebendo o que precisa ser investigado,
acompanhado e aplicado. O terapeuta, então, tem uma participação
ativa no processo da terapia.
Em geral, há a avaliação do humor do paciente; uma ponte entre as
sessões, que é basicamente uma avaliação da semana que se passou e
a atual e se haverá algo que acontecerá na próxima semana; discutimos
sobre o que o paciente quer trabalhar na sessão atual; desenvolvemos
estratégias para as prioridades e fazemos um feedback do que foi feito
e da sessão como um todo.
Atenção!
 Primeira situação
Quando o paciente tem grande interesse nele.
 Segunda situação
Quando o foco no presente não provoca mudanças
significativas.
 Terceira situação
Quando há a necessidade de entender a relação de
causas e efeitos entre o passado e o presente.
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A terapia reúne muitas técnicas, mas não é tecnicista. As técnicas são
utilizadas a favor da realidade particular do paciente. Uma das principais
técnicas de condução é a descoberta guiada, pois o terapeuta tende a
não entregar respostas prontas. Em vez disso, ele constrói
interrogações ou caminhos para o paciente aprender a se observar e
extrair conclusões autonomamente.
Outras técnicas que também são utilizadas na terapia, são as seguintes:
 Questionamento socrático
 Seta descendente
 Experimento comportamental
 Cartão de enfrentamento
 Treinamento de habilidades sociais e de
enfrentamento
 Dramatização
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A terapia enfatiza o positivo, ou seja, os valores e pontos fortes do
paciente. Além de resolver problemas, também existe um foco muito
importante em tudo aquilo que agregue valor e significado à vida da
pessoa.
Saiba mais
A terapia também tem o objetivo de romper com os padrões
comportamentais que mantêm as distorções, fazendo parecer que elas
estão confirmadas e são válidas. Por causa disso, o processo
terapêutico da TCC precisa ser ativo e consciente. A maioria de nossos
pensamentos disfuncionais fortalece nossas crenças e nossos
comportamentos de segurança nos impedem de desafiá-las. Depois de
trabalhados os pensamentos, as reações tendem a não ser tão
disfuncionais. Suas emoções negativas e sensações físicas ficam
menos intensas e duram por menos tempo. Seus comportamentos são
mais questionados antes da sua execução e podem nem mesmo
acontecer.
Isto significa que, além então de trabalharmos com os pensamentos, os
comportamentos de segurança também são trabalhados. Começa-se
identificando-os, o motivo de eles existirem e quais as desvantagens no
curto, médio e longo prazo na hipótese de continuarem. Depois disso,
entramos no processo de evitar o uso desses comportamentos, seja
pelo controle do que os causa, seja pelo uso de uma regulação
emocional ou uso de outro comportamento mais funcional.
É um enfoque bidirecional. Partimos da ideia de que a
correção das distorções cognitivas não é possível sem
o envolvimento do comportamento e a correção de
comportamentos disfuncionais não é possível sem o
envolvimento da cognição.
Por fim, a terapia se atenta ao tempo do tratamento. O tempo é o menor
tempo possível para resolver os objetivos e gerar a autonomia no
paciente para ele continuar dali em diante. No processo final da terapia,
as sessões podem ser mais espaçadas (quinzenal ou mensalmente, por
exemplo) ou é possível agendar sessões avulsas quando for solicitado
pelo paciente.
 Exposições10/04/2024, 13:07 Integrando cognição e comportamento
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Os pressupostos da terapia cognitivo-
comportamental
Confira agora os pressupostos da terapia cognitivo-comportamental e
sua aplicação na prática clínica.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A terapia cognitivo-comportamental é baseada teoricamente no
modelo cognitivo, que equaciona basicamente as variáveis:
Parabéns! A alternativa C está correta.
A Filogênese, ontogênese e sociogênese.
B Comportamentos respondentes e operantes.
C
Situação, cognição e reações emocionais e
comportamentais.
D
Descoberta guiada, questionamento socrático e
exposição.
E Desamor, desvalor e desamparo.
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O modelo cognitivo operacionaliza o funcionamento humano que se
expressa em emoções e ações determinadas pelas interpretações
que temos de uma situação. A alternativa A cita os níveis de
evolução comportamental. A alternativa B refere-se aos dois tipos
gerais de comportamento humano, enquanto a D cita técnicas da
TCC e a E são os esquemas básicos definidos pelo Beck.
Questão 2
A TCC tem características claras e estruturadas, ao mesmo tempo
flexíveis à realidade singular de cada paciente. Dentre elas,
podemos citar:
Parabéns! A alternativa D está correta.
O terapeuta tende a esclarecer o quadro do paciente, como
funciona a terapia e os processos de mudança, além de objetivar a
capacitação dele para que se torne seu próprio terapeuta, uma vez
que dominou caminhos para resolver seus problemas
independentemente. As sessões são estruturadas em pautas
flexíveis e contam com planos de ação ou “tarefas” de casa para
impulsionar o desenvolvimento fora das sessões. O foco está nas
variáveis cognitivas e no presente, mas há também abertura para
trabalhar com a história do paciente.
A As sessões não são estruturadas.
B O foco está nas reações emocionais.
C Não tem interesse no passado do paciente.
D A terapia é psicoeducativa.
E
O desenvolvimento do paciente acontece apenas
nas sessões.
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Considerações �nais
A pesquisa sobre os circuitos neurais dos transtornos mentais tem
importante implicação clínica, pois amplia nosso conhecimento dos
mecanismos neurobiológicos subjacentes às patologias, assim como
podem revelar os circuitos neurais associados à melhora dos sintomas
em decorrência do tratamento bem-sucedido com a terapia cognitivo-
comportamental (TCC).
A TCC favorece a reestruturação dos pensamentos e crenças, bem
como a modificação de sentimentos e comportamentos, promovendo
aprendizados. Assim, é importante ressaltar que o tratamento com a
TCC abrange técnicas específicas que permitem tanto a extinção do
medo condicionado quanto a regulação cognitiva das emoções.
Portanto, ela é capaz de promover neuroplasticidades, alterando
atividades neurais disfuncionais.
Estudos envolvendo transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), de
estresse pós-traumático (TEPT), de ansiedade generalizada (TAG), de
ansiedade social (TAS), do pânico (TP), fobias e quadros depressivos
confirmam esses resultados, demonstrando haver relação entre o
tamanho e a ativação de áreas cerebrais anteriores ao tratamento e a
resposta da TCC. São características neuronais tanto morfológicas
quanto funcionais.
Os resultados dos estudos fortalecem a proposta terapêutica da TCC,
revelando ser esta uma modalidade de psicoterapia amparada tanto em
evidências científicas de estudos de ensaios clínicos quanto das
ciências básicas.
Podcast
Ouça agora os fundamentos neurobiológicos do comportamento e a
importância da neuroplasticidade a fim de observar os principais
pressupostos da TCC e suas implicações clínicas.

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Explore +
Confira agora o que separamos especialmente para você!
Veja como a neuroimagem comprova que a TCC pode ser eficaz para os
tratamentos de TOC, TEPT e TAS no artigo Alterações do córtex
cingulado anterior como um preditor de resposta à terapia cognitivo-
comportamental, de Marllon Barbosa, João Moraes e Paula Ventura,
publicado em 2019 no Jornal Brasileiro de Psiquiatria.
Repare como Priscila Fernandes e Marcele Carvalho descrevem as
alterações orgânicas promovidas pela TCC para o tratamento do TOC no
artigo Alterações neurobiológicas verificadas a partir do tratamento
com terapia cognitivo-comportamental no transtorno obsessivo-
compulsivo, publicado em 2016 na revista Psicologia: Teoria e Pesquisa.
Saiba como a TCC pode ser eficaz para o tratamento do TEPT lendo o
artigo Marcadores neurobiológicos e psicométricos da eficácia da
terapia cognitivo-comportamental no transtorno de estresse pós-
traumático associado a sintomas dissociativos: relato de caso, de Ana
Cristina Lages e colaboradores e publicado em 2011 na Revista de
Psiquiatria do Rio Grande do Sul.
Leia o artigo de Carlos Eduardo Norte e colaboradores intitulado
Impacto da terapia cognitivo-comportamental nos fatores
neurobiológicos relacionados à resiliência, publicado em 2011 na
Archives of Clinical Psychiatry (São Paulo), e veja como a TCC é capaz
de controlar variáveis fisiológicas e neuroendócrinas que se manifestam
nos sintomas dos mais variados transtornos.
Conheça as habilidades analíticas, sociais, instrumentais e de
autorreflexão desejáveis a um terapeuta cognitivo-comportamental no
artigo Competências essenciais ao terapeuta cognitivo-
comportamental, de Isabela Scotton, Janaína Barletta e Carmem
Neufeld, publicado em 2021 na Psico-USF.
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