Buscar

O Tribunal de Justiça não pode ser considerado autoridade coatora quando mero executor de decisão do

Prévia do material em texto

1/2
O Tribunal de Justiça não pode ser considerado
autoridade coatora quando mero executor de decisão
do Conselho Nacional de Justiça
dizerodireito.com.br/2023/06/o-tribunal-de-justica-nao-pode-ser.html
quarta-feira, 28 de junho de 2023
Imagine a seguinte situação hipotética:
Em 2018, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) publicou o Provimento nº 77/2018
tratando sobre a designação de um responsável interino quando o cartório extrajudicial
ficar vago.
O art. 2º do Provimento previu que:
Art. 2º Declarada a vacância de serventia extrajudicial, as corregedorias de justiça dos
Estados e do Distrito Federal designarão o substituto mais antigo para responder
interinamente pelo expediente.
O § 2º do art. 2º proíbe que o substituto designado seja cônjuge, companheiro ou
parente até o terceiro grau do antigo delegatário ou de magistrado do tribunal local.
Francisco era titular do cartório de registro de imóveis. Ele faleceu. João, filho de
Francisco, assumiu como interino.
A Corregedoria do Tribunal de Justiça do Estado, por meio do Aviso n. 4/CGJ/2019,
determinou que todos os oficiais interinos (inclusive João) preenchessem uma
declaração, com posterior remessa à Direção do Foro da Comarca e à Corregedoria-
Geral de Justiça do Estado de Minas Gerais, informando se as restrições contidas no §
2º do art. 2º do Provimento CNJ n. 77/2018 seriam ou não aplicáveis a eles.
Assim, João teria que declarar que era filho de Francisco e que, portanto, não poderia
permanecer na interinidade.
Diante disso, João impetrou mandado de segurança preventivo contra o ato do
Corregedor-Geral do TJ pedindo para que fosse mantido como interino até a realização
de um concurso público.
João escolheu corretamente a autoridade coatora neste caso?
NÃO.
O Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, ao editar o Aviso n. 4/CGJ/2019, assim
o fez como mero executor da determinação emanada pelo Conselho Nacional de Justiça.
https://www.dizerodireito.com.br/2023/06/o-tribunal-de-justica-nao-pode-ser.html
2/2
É firme o entendimento do STJ de que o Tribunal de Justiça não pode ser considerado
autoridade coatora quando é mero executor de decisão do Conselho Nacional de Justiça.
Desse modo, deve ser reconhecida a ilegitimidade do Corregedor-Geral do Tribunal de
Justiça do Estado para figurar como autoridade coatora.
Em suma:
O Tribunal de Justiça não pode ser considerado autoridade coatora quando mero
executor de decisão do Conselho Nacional de Justiça.
STJ. 2ª Turma. AgInt no RMS 64.215-MG, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em
17/4/2023 (Info 775).
No mesmo sentido:
Compete ao STF julgar mandado de segurança contra ato do Presidente de Tribunal de
Justiça que, na condição de mero executor, apenas dá cumprimento à resolução do CNJ.
Isso porque a competência para julgar MS contra atos do CNJ é do STF.
STF. 2ª Turma. Rcl 4731/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 5/8/2014 (Info 753).

Continue navegando