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Danieli G Giacomin- Reumatologia (N2) Aula 1 04/10 Reumatologia pediátrica ARTRITE IDIOPÁTICA JUVENIL AIJ é o nome dado a um grupo de doenças distintas que acomete crianças menores de 16 anos e que se manifesta principalmente por artrite persistente (> 6 sem). EPIDEMIOLOGIA: - Bimodal: 1° pico = <5 anos / 2°pico = 10-16 anos - Raro antes de 6 meses de vida - Ligeiramente mais predominante em meninas (3:1) -Segunda doença reumática em incidência na criança: 1a = FR Dano articular é precoce A doença em 30 – 50% se mantém até idade adulta CLASSIFICAÇÃO 1) Artrite Sistêmica 2) Oligoartrite (persistente ou estendida) 3) Poliartrite FR – 4) Poliartrite FR + 5) Artrite Psoriásica 6) Artrite Relacionada à entesite 7) Artrite Indiferenciada ETIOPATOGENIA - Desconhecida - Fenômeno Autoimune - Influência genética - Fatores imunológicos - Fatores infecciosos quebra da tolerância e auto-imunidade em indivíduo geneticamente susceptível • Vírus: EBV, Parvovírus B19, Rubéola, Herpes simplex, Coxsackie, Adenovírus • Micobactérias QUADRO CLÍNICO A doença tem formas de apresentação variadas, definidas pelo modo de início e sua evolução nos primeiros 6 meses de enfermidade Danieli G Giacomin- Reumatologia (N2) Aula 1 04/10 Crianças pouca idade: - Irritabilidade excessiva - Posições antálgicas - Recusa em andar - Além de: fadiga, anorexia, febre baixa, retardo do crescimento 1-ARTRITE SISTÊMICA Doença de Still Mais grave – acometimento visceral Fundamental: FEBRE (>39,5°) vespertina, intermitente, 1 a 2 picos diários, queda do estado geral RASH cutâneo maculopapular rosa claro (rosa salmão), evanescente, geralmente em tronco e regiões proximais de MMSS e MMII. Febre + rash + artrite Precipitado por banho quente ou estresse psicossocial ARTRITE – qualquer padrão Hepatoesplenomegalia Linfadenomegalia generalizada Dor abdominal: -Linfadenomegalia mesentérica -Vasculite abdominal -Serosite -Efeitos colaterais de medicações Pericardite - subclínica / Derrame Pleural Síndrome de Ativação Macrofágica (SAM)- o pior quadro que se pode ter Forma secundária de Síndrome Hemofagocítica 5- 8% GRAVE Ter pelo menos 5 de 8 criterios da tabela Ferratina>500- mediador da fase aguda Danieli G Giacomin- Reumatologia (N2) Aula 1 04/10 2- OLIGOARTRITE Mais frequente – 27- 56% Até 4 articulações nos primeiros 6 meses de doença PERSISTENTE – até 4 art. ESTENDIDA – mais de 4 art. após 6m < 5 anos ARTRITE ASSIMÉTRICA início precoce – joelhos, tornozelos, cotovelos – MONOartrite (30-50%) + Meninas (4:1) FAN positivo (70-80%) – pensar em UVEÍTE ANTERIOR CRÔNICA (30%) 4- POLIARTRITE FR POSITIVO FR + ; Igual AR do adulto = POLIARTRITE SIMÉTRICA; - Punhos, MCF, IFP, MTF, joelhos, cotovelos e quadril ; Erosão precoce Meninas (90%); Após 9 anos de idade (80% 12-16 anos) Nódulos subcutâneos; Tenossinovite flexores Fadiga, anorexia, perda de peso, febre. ATM é frequentemente afetada levando a doença degenerativa e disfunção mandibular grave LABORATÓRIO Still clinico Leucocitose (50.000) Anemia Trombocitose VHS e PCR ↑ FAN + (40%) FR + (15%) Diagnostico diferencial: leucemia, infecção(sepse) TRATAMENTO Fisioterapia / Terapia Ocupacional / Órteses AINES (primeira coisa a se fazer ) -Naproxeno -Ibuprofeno -Nimesulida Danieli G Giacomin- Reumatologia (N2) Aula 1 04/10 Corticóides( indicados quando tem algo sistêmico) – indicações restritas: AIJ sistêmica com anemia intensa, peri/miocardite grave, febre não responsiva a AINES, SAM, Uveíte Anterior Crônica não controladas com corticoterapia tópica FEBRE REUMÁTICA Sequela inflamatória tardia e não supurativa das infecções estreptocócicas (grupo A) das vias aéreas superiores com marcada tendência a recorrências em indivíduos geneticamente predispostos. !!!! Afeta as juntas mas o principal acometimento é o do coração !!!! EPIDEMIOLOGIA Estreptococo beta hemolítico Grupo A Lancefield Infecção da garganta: 15 - 20% , Bacterianas: quase totalidade 5 aos 15 anos (rara antes dos 3) Período de incubação: 1 a 5 semanas (3) Assintomáticos – 30% O risco de segundo surto aumenta quando já houve surto prévio ETIOPATOGENIA = estreptococo Mais de 80 subtipos Danieli G Giacomin- Reumatologia (N2) Aula 1 04/10 REUMATOGÊNICOS: tipos 1, 3, 5, 6, 14, 18, 19, 24, 27, 29 PROTEÍNA M: principal antígeno, capaz de provocar reação imunológica exagerada Virulência, pois confere resistência à fagocitose – possui similaridade com proteínas como a MIOSINA cardíaca MIMETISMO MOLECULAR levando a resposta imune celular e humoral anormal contra antígenos estreptocócicos Susceptibilidade Genética Semelhança das estruturas → formação de anticorpos → Reações cruzadas: Cápsula (AH) – sinóvia, cartilagem Carboidrato A – miocárdio, valvas Membrana celular – sarcolema miocárdico, neurônios → artrite, cardite, coreia DIAGNÓSTICO Fase I: caracterizada pela angina estreptocócica. Disfagia, hiperemia, febre alta, hipertrofia ganglionar Hemograma com leucocitose Duração: 5-7 dias Processo pode ser detido se houver tratamento eficaz Fase II: Período latente ou assintomático Duração: 1-3 semanas Reações entre o estreptococo e o hospedeiro Aparecimento de Ac anti-estreptocócicos Fase III: Período de exuberância clínica CRITÉRIOS DE JONES (1944, 65, 84, 92, 2015) CRITÉRIOS MAIORES Artrite Manifestação mais frequente – 75% Grandes articulações (joelhos, tornozelos, punhos e cotovelos) Danieli G Giacomin- Reumatologia (N2) Aula 1 04/10 Migratória Incapacidade funcional Ótima resposta aos AINES Duração: 1 a 5 dias em cada articulação (2-3 semanas) Não deixa sequelas! Cardite Mais importante - 50% PANCARDITE • Taquicardia • Sopros • Cardiomegalia • ICC • Atrito pericárdico Endocardite é a mais comum – MITRAL > AÓRTICA > Tricúspide > Pulmonar SOPRO: regurgitação mitral, holossistólico, mais audível no ápice, irradiação para axila e abafamento de primeira bulha Carey- Coombs Coreia Envolvimento do SNC – 10-30% Meninas mais afetadas Período de incubação mais longo, 1- 6 meses – isolado Instalação gradual Movimentos não coordenados, involuntários, fraqueza muscular, labilidade emocional Face e extremidades DESAPARECEM DURANTE O SONO Eritema Marginado 5% - raro. Mais frequente nos pacientes com cardite e nódulos subcutâneos Inicial Maculares, eritematosas, centro claro e margens rendilhadas, evanescentes Diagnóstico Diferencial:ARTRITE REATIVA PÓS ESTREPTOCÓCICA Menor período de latência pós-infecção: 1 a 10 dias Maior duração da manifestação articular: 2 meses Resposta pobre ao AINES Danieli G Giacomin- Reumatologia (N2) Aula 1 04/10 Nódulos Subcutâneos 8% - raro Tardio – cardite grave Firmes, indolores, móveis CRITÉRIOS MENORES FEBRE → Alta, 39°, geralmente no início da doença ARTRALGIA → Pode ser incapacitante, forte intensidade LABORATÓRIO Reagentes de Fase Aguda: VHS, PCR, alfa 1 gliproteína ácida aumentados Hemograma – leucocitose Evidências da infecção estreptocócica ASTO (ASO) – 80% - mede a capacidade do soro em neutralizar a estreptolisina O • Aumenta entre 7 a 12 dias • Pico em 4-6 semanas • Declínio lento 1 a 2 meses • CURVA – 2 a 3 semanas Cultura de Orofaringe – 30% Teste rápido TRATAMENTO O MELHOR TRATAMENTO É A PROFILAXIA PRIMÁRIA! Tratar nos primeiros dias Se atb VO, por 10 dias. Droga de escolha: Penicilina Benzatina DU IM < 25kg = 600000UI > 25kg = 1200000UI Artrite AAS: 80 a 100 mg /kg / dia – máximo 3 g (3 semanas dose plena e 3 semanas para retirada) Cardite Prednisona: 1 – 2 mg / kg / dia (6 a 8 semanas) // Repouso // Tratamento da Insuficiência Cardíaca Coréia repouso local silencioso: pouca luz // haloperidol dose inicial: 1 mg/dia (/2) máx.: 4 - 6 mg/dia; tempo: 8 - 12 semanas; ác.valpróico: 20-40 mg/kg/dia Profilaxia secundária: Penicilina Benzatina 21-21 dias Manter as concentrações inibitórias mínimas para o SBGA, impedindo as recidivas da FR em pacientes que já apresentaram o primeiro surto da doença ➔ Recomendações para duração da profilaxia secundária Ac anti produtos extra-celulares: • estreptolisina O • hialuronidase • estreptoquinase • desoxirribonuclease • DNAse Danieli G Giacomin- Reumatologia (N2) Aula 1 04/10 PÚRPURA DE HENOCH-SCHONLEIN (PHS) Vasculite: Inflamação da parede vascular O quadro clínico é variável de acordo com o calibre do vaso acometido Vasculite leucocitoclástica de pequenos vasos mediada por IgA Púrpura anafilactóide Vasculite mais comum nas crianças – ( <10 anos) Mais em meninos Agentes capazes de desencadear PHS: EBGA (1/3) // EBV // Bartonella /Haemophilus parainfluenza /VACINAÇÃO / Medicamentos PHS parece ser mediada por imunocomplexos contendo IgA que ativam a via alternativa do complemento Tríade = púrpura não trombocitopênica palpável + dor abdominal em cólica + artrite RENAL: principal morbidade Primeiros dias de doença. Tende a ser leve, mas 1% podem evoluir para IRC Hematúria 50% CUTÂNEO Pode se iniciar como urticária e progredir para púrpura em MMII, nádegas, região sacra, orelhas e face extensora dos cotovelos TGI Cólica abdominal (vasculite mesentérica)/ Sangramento/ Intussuscepção ileal / Perfuração TRATAMENTO Sintomáticos: • Analgésicos • AINES Se refratário aos AINES = Corticóide Se nefrite crescêntica ou outras complicações (SNC) = Drogas imunossupressoras Danieli G Giacomin- Reumatologia (N2) Aula 1 04/10 DOENÇA DE KAWASAKI Segunda vasculite mais comum na infância Vasculite de médios vasos 6 meses a 5 anos Leve predomínio masculino É a principal causa de doença cardiovascular adquirida na infância A complicação mais grave é a formação de aneurismas coronarianos (subclávias, axilares, braquiais...) DIAGNÓSTICO Precisa de 5 dos 6 critérios. Descartados outros diagnósticos como infecções (Escarlatina, EI, meningite, virais) QUADRO CLÍNICO FEBRE – 100%, 39 - 40°C Irritabilidade intensa duração de 1-2 semanas; sem tratamento, 3-4 semanas EXANTEMA: polimórfico, atípico, geralmente maculopapular; surge até o quinto dia de febre CUTÂNEO: Edema e/ou hiperemia de mãos e pés, dolorosos; descamação periungueal posteriormente MUCOSAS: Lábios vermelhos, fissurados, sangrantes; Língua em morango ou framboesa OCULAR: Hiperemia conjuntival sem secreção purulenta; assintomático LINFONODOS: Adenomegalia geralmente unilateral; cervical anterior Danieli G Giacomin- Reumatologia (N2) Aula 1 04/10 OUTRAS MANIFESTAÇÕES • Irritabilidade – inflamação SNC • Piúria estéril • Dor abdominal • Artrite/ Artralgia • Otite • Uveíte • Reativação da cicatriz da vacina da BC FASES CLÍNICAS FASE AGUDA: Febre + alts típicas descritas; 1 a 2 semanas FASE SUBAGUDA: Maior risco de desenvolvimento de aneurismas. Se tratamento = assintomáticas; 2 semanas A maioria dos sinais clínicos desaparecem e começas a descamação digitais FASE COVALESCENTE: Assintomática; 3 a 4 semana LABORATÓRIO VHS elevada (100); PCR elevada (300); Alfa 2 globulina elevada; Trombocitose importante (14ºdia) EXAMES ECOTT: Sinais de miocardite, com ↓ FE, pericardite, IM e brilho perivascular da parede da coronária Aneurisma ocorre por volta do 10° dia, com pico em torno de 4 semanas Coronária Esquerda mais afetada que a Direita TRATAMENTO Tratar nos primeiros 10 dias! Gamaglobulina IV 2g/Kg/dia, infundir por 12h, DU ou 1g/kg/dia em 2 dias Sem Aneurisma → AAS 3-5mg/kg/dia por 30-60 dias Com Aneurisma → Anticoagulação (Marevan)
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