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5 LEGENDA APRESENTANDO A AULA A leitura de certos mapas não é tarefa fácil para pessoas sem formação específi ca. Para que um mapa seja simples e de fácil leitura, ou melhor, seja facilmente compreensível, várias cores e símbolos são utilizados, de maneira a representar as características da área de estudo. É preciso de algo que possa dar uma concepção mais clara e uma informação mais segura sobre o que ele representa. Para isso, precisamos de um intérprete: a legenda. A legenda permite interpretar as informações contidas no mapa para realizar a constatação de um determinado fenômeno ou em que grau de intensidade ele se apresenta. Ela é a chave para a leitura dos símbolos, sinais, fi guras e cores que aparecem nos mapas e por meio dos quais podemos interpretar as informações que eles contêm. Esses símbolos representam cidades, rios, pontes, rodovias, ferrovias, lagos, campos cultivados e/ou quaisquer outros elementos da natureza ou realizações do homem. Vamos entender melhor este assunto. DEFININDO OBJETIVOS Ao fi nal desta aula, você deverá: Compreender a função da legenda para as atividades cartográfi cas; Perceber a necessidade do uso da legenda e convenções; Compreender as principais técnicas de criação e uso de legendas em mapas; e Conhecer os principais símbolos utilizados. 6 CARTOGRAFIA AMBIENTAL DESENVOLVENDO O CONTEÚDO Todo bom mapa deve conter quatro elementos principais: título, escala, coordenadas e a legenda. Esses elementos asseguram a leitura e a interpretação precisas das informações contidas nele. O título descreve a informação principal que o mapa contém, como por exemplo, o mapa com o título ‘Brasil Físico’ deverá conter a localização dos principais acidentes do relevo brasileiro, assim como os rios. O mapa com o título ‘Brasil Político’ deverá conter as informações espacializadas das unidades da federação com seus limites geográfi cos, suas capitais e eventualmente suas principais cidades. A escala, como já vimos na aula 09, indica a proporção entre o objeto real e a sua representação cartográfi ca. A indicação da escala em um mapa é feita junto à legenda. As coordenadas geográfi cas são linhas imaginárias traçadas sobre os mapas com fi ns de localização de um ponto sobre a superfície terrestre. (Reveja este assunto na aula 05). A legenda é um dos principais elementos de um mapa e, para se compreender um mapa devemos, inicialmente, começar pelo estudo da legenda, que contém os símbolos utilizados e a sua descrição denominados de convenções cartográfi cas. A legenda permite interpretar as informações contidas no mapa como, por exemplo, a constatação de um determinado fenômeno ou em que grau de intensidade ele se apresenta. Podemos representar a legenda utilizando cores, hachuras, símbolos, ícones, ou combinação de todos eles. Ao utilizar cores, devemos estar atentos às regras de convenções cartográfi cas. O azul representa a água em elementos tais como o oceano, mares, rios, lagos, lagoas; o verde representa vegetação, a cor marrom o solo, o vermelho representa as estradas e assim por diante. Se queremos representar um fenômeno com várias intensidades, a graduação da cor utilizada deve manter relação direta com a intensidade do fenômeno. Um mapa demográfi co irá mostrar cores mais fortes em regiões mais densamente povoadas. Os mapas de fenômenos da natureza contêm cores que são associadas às características do fenômeno. Em um mapa climático as cores 7 LEGENDA quentes (vermelho ou laranja) são associadas para climas quentes como climas tropical, desértico ou equatorial e as cores frias (como o azul e seus derivados) para climas frios. O mapa é semelhante a um meio de comunicação que transmite informação relativas ao espaço geográfi co e as relações deste com a sociedade. A representação do espaço é feita com símbolos pré-confi gurados ou criados de acordo com a necessidade, cuja compreensão deve ser universal e defi nida por normas. Assim, é preciso saber qual símbolo pode representar aspectos do clima, da vegetação, geomorfologia, hidrografi a, solo entre outros. Fo nt e: h tt p: // cl ik ak i.c om .b r/ os -m ap as -p ro je co es -e sc al as -e - le ge nd as / Fo nt e: h tt p: // cl ik ak i.c om .b r/ os -m ap as -p ro je co es -e sc al as -e - Fig. 01 - Exemplo de informações gráfi cas contidas na legenda de um mapa Símbolos Cartográfi cos Os símbolos cartográfi cos mais usados são as linhas, as cores e o grafi smo (ou símbolos). As linhas são utilizadas de duas formas: linearmente e isorritmas. As linhas lineares representam fenômenos contínuos, como estradas, ferrovias, rios, fronteiras, etc. Podemos mostrar um rio, por exemplo, representado com diferentes espessuras, signifi cando que há uma variação de sua largura, caso seja usada uma linha tracejada, provavelmente, representa a perenidade 8 CARTOGRAFIA AMBIENTAL ou intermitência desse rio. Todos os demais elementos - estradas, ferrovias, túneis, pontes, oleodutos, - têm procedimento semelhante de representação. As isorritmas são linhas que unem pontos de um local em que determinado fenômeno tem intensidade igual, como por exemplo as “curvas de nível”, que interligam pontos de mesma altitude. O Quadro 1, a seguir, mostra exemplos de linhas utilizadas em algumas aplicações específi cas. Tipos Aplicação Isoalinas salinidade Isóbaras pressão atmosférica Isóbatas profundidade Isóclinas inclinação magnética Isoietas pluviosidade Isoípsas altitude Isotermas temperatura Quadro 1 - Tipos de linhas isorritmas e sua aplicação Fo nt e: h tt p: // ne og eo gr ap hi ka .b lo gs po t.c om . br /2 01 2/ 09 /k en -is ol in ha s.h tm l Fig. 02 - Exemplo de linhas isorritmas com isotermas do globo terrestre Fo nt e: Au to ria p ró pr ia 9 LEGENDA As cores geralmente são utilizadas na representação de fenômenos de intensidade variável, como zonas de diferentes altitudes e/ou profundidades, como por exemplo, mapas altimétrico e batimétricos. O uso de cores em cartografi a obedece as convenções internacionais seguidas por todos os países. O Quadro 2 apresenta as cores mais utilizadas em mapas cartográfi cos. Cor Aplicação Marrom usada em mapas de relevo altimétricos (montanhas, ravinas, depressões, etc.). Branco representa uma fl oresta limpa. Amarelo representa áreas abertas como campo. Verde representa áreas com vegetação. Azul representa águas tanto na superfície terrestre quanto nos mares ou oceanos - a tonalidade pode variar de acordo com a profundidade. Preto utilizada na representação de objetos variados e características do terreno (artifi ciais ou rochosos tais como estradas, caminhos, linhas de alta tensão, edifícios, rochas e precipícios. Quadro 2 - Aplicação das cores em mapas Fo nt e: Au to ria p ró pr ia 10 CARTOGRAFIA AMBIENTAL Os símbolos são utilizados para representar os mais variados fenômenos. Muitos são extremamente particulares, usados apenas em alguns tipos de mapas. Outros são relativamente universais. Eles sempre representam um fato ou objeto e podem apresentar formas e funções muito diferentes. Joly (1990) destaca que a cartografi a faz uso de símbolos que podem ser agrupados de acordo com suas características. Temos então: sinais convencionais, sinais simbólicos, pictogramas, símbolos regulares e símbolos proporcionais. Os sinais convencionais são colocados em mapas de escala pequena em que os aspectos da realidade são mostrados através de fi guras, como por exemplo, um círculo indica uma cidade ou pode indicar um município, dependendo da escala (Figura 04). Fo nt e: F er re ira (2 01 3) . Fig. 03 - Exemplo da aplicação de cores em mapas. Mapa batimétrico da praia de Ponta Negra em Natal-RN 11 LEGENDA Fo nt e: S ilv a et a l. (2 01 0) . Fig. 04 - Mapa altimétrico do Rio Grande do Norteindicando as principais cidades por pontos Representados através da diferenciação das formas, os sinais simbólicos, conforme se observa na fi gura 05, representam feições do próprio ambiente representado, como árvores, aeroportos, etc. Fo nt e: h tt p: // w w w .n at al m ap .c om /m ap na ta l.h tm l Fo nt e: h tt p: // w w w .n at al m ap .c om /m ap na ta l.h tm l Fig. 05 - Exemplo de sinais simbólicos. Mapa de Natal e redondezas Os pictogramas são símbolos especialmente elaborados, por meio de ícones, ou ideogramas para a representação de conceitos e procuram identifi car 12 CARTOGRAFIA AMBIENTAL o objeto representado de forma direta (Figura 06). Fo nt e: h tt p: // bl og . ar le te m en eg ue tt e. zi p. ne t/ ca rt ot em / Fig. 06 - Exemplo de Símbolos Pictórios Símbolos regulares são aqueles que representam um elemento de maneira simétrica, como por exemplo, a localização dos principais minerais metálicos e não metálicos no Brasil (Figura 07). Fo nt e: h tt p: // w w w .re pe rt or io ge og ra fi c o. ne t/ 20 11 /0 4/ ca rt og ra fi a - er ro s- dr am at ic os -n os -m ap as .h tm l Fig. 07 - Exemplo de símbolos regulares Por fi m, os símbolos proporcionais representam a quantidade através de fi guras geométricas planas (quadrado, círculos, triângulos, etc.) como forma de comparação, como mostrado na Figura 08, com a população do país. 13 LEGENDA Fo nt e: h tt p: // co nfi n s.r ev ue s.o rg /3 48 3 Fig. 08 - Exemplo de símbolos proporcionais Exemplos de Legendas Cartográfi cas Na Figura 09 podemos visualizar exemplos de legendas utilizadas em mapas e cartas topográfi cas da Divisão de Serviço Geográfi co - DSG, com as principais informações usualmente inseridas nas legendas. Temos as convenções utilizadas para representar os elementos naturais e artifi ciais, a indicação da escala nominalmente e através de barra com as informações pertinentes da equidistância das curvas de nível, temos o mapa de localização da área de estudo e a folha em que está inserida o mapa estudado. Todas essas informações são importantes para o entendimento da leitura do mapa cartográfi co. 14 CARTOGRAFIA AMBIENTAL Fo nt e: D ire to ria d e Se rv iç o G eo gr áfi c o (M IN IS TÉ RI O D O E XÉ RC IT O , [ 20 00 ]). Fig. 09 - Exemplo de informações gráfi cas contidas na legenda de um mapa 15 LEGENDA Diagrama de orientação Outra informação importante indicada na maioria dos mapas é a apresentação de direção referenciada ao norte (verdadeiro, magnético ou de quadricula, conforme visualizado na Figura 10. Para entender melhor, retome as informações que constam na aula 3, Orientação. Fo nt e: D ire to ria d e Se rv iç o G eo gr áfi c o (M IN IS TÉ RI O D O EX ÉR CI TO , [ 20 00 ]). Fig. 10 - Exemplo de diagrama de orientação contido na legenda de um mapa Exemplos de informações e intensidade em mapas Martinelli (1998) considera que o mapa não é uma reprodução da realidade terrestre e sim uma representação dessa realidade, em que o cartógrafo recorre a símbolos e convenções que auxiliam na leitura ou interpretação dos referidos mapas. Dessa forma, os símbolos são, portanto, a linguagem visual dos mapas. O autor destaca que existe uma grande variedade de símbolos e de cores utilizadas pelos cartógrafos nos diferentes tipos de mapas em que estes podem mostrar algo mais do apenas a posição do lugar. Dessa maneira, temos informações que podem ser representadas por símbolos pontuais, lineares ou zonais, respondendo à questões do tipo “o quê”, “em que ordem” e “quanto”. 16 CARTOGRAFIA AMBIENTAL Fo nt e: h tt p: // w w w . m un do ed uc ac ao .c om /g eo gr afi a / os -s im bo lo s- do s- m ap as .h tm Fig. 11 - Tipos de símbolos cartográfi cos Os tipos pontuais são os símbolos cartográfi cos utilizados para representar localidades ou elementos cujas áreas totais são muito pequenas ou até insignifi cantes perante o tamanho total da área representada. Exemplos: aeroporto em uma cidade; cidade em um país; pontos de ônibus em um bairro. Temos os tipos lineares que são utilizados para representar objetos ou elementos de largura muito pequena, mas grandes em extensão. Exemplos: rodovias, rios e ferrovias. Por fi m, os zonais, que representam objetos ou áreas de grande extensão com relação à área representada. Exemplos: reservas fl orestais, tipos de relevo, campos de cultivo, entre outros. ATIVIDADE 01 1. A partir do aspecto qualitativo para responder à questão ‘o quê?’, caracterizando relações de diversidade entre lugares, utilize as convenções abaixo para criar um mapa do estado do Rio Grande do Norte. Escolha o tema que desejar. Fig. 12 17 LEGENDA 2. A partir do aspecto ordenado, que responde à questão ‘em que ordem?’, caracterizando relações de ordem entre lugares, utilize as convenções abaixo para criar um mapa do estado do Rio Grande do Norte. Escolha o tema que desejar. 3. A partir do aspecto quantitativo que responde à questão ‘quanto?’, caracterizando relações de proporcionalidade entre lugares, utilize as convenções abaixo para criar um mapa do estado do Rio Grande do Norte. Escolha o tema que desejar. Fig. 13 Fig. 14 18 CARTOGRAFIA AMBIENTAL RESUMINDO Nesta aula, estudamos que a legenda e as representações cartográfi cas são elementos essenciais para o entendimento do que está “escrito” nos mapas. Vimos que existem diversas maneiras para representar os objetos do mundo real em representações que podem ser facilmente identifi cadas substituindo, inclusive, quantidades. Esta aula tem íntima ligação com diversas outras da disciplina CARTOGRAFIA AMBIENTAL e complementa o que já foi estudado. Faça uma releitura para entender melhor o assunto abordado. AVALIANDO SEUS CONHECIMENTOS Utilize os conhecimentos adquiridos nesta aula e crie a legenda para o mapa do Rio Grande do Norte representando, pelo menos, 5 mapas diferentes num único mapa. Por exemplo, municípios, vegetação, população, estradas, etc. LEITURAS COMPLEMENTARES Nos links abaixo relacionados, temos mais informações sobre o assunto abordado nesta aula no formato de vídeos. Aproveite para explorar os links de outros vídeos que estão disponíveis. Vídeo do Youtube com informações sobre Legendas disponível em < PROJETO EUREKA. Geografi a: Convenções cartográfi cas I. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=5xATO_ 19 LEGENDA oH3Fw>. Acesso em: 09 set. 2014.> e PROJETO EUREKA. Geografi a: Convenções cartográfi cas II. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=jSz1py4epAs>. Acesso em: 09 set. 2014. 20 CARTOGRAFIA AMBIENTAL CONHECENDO AS REFERÊNCIAS ANDERSON, P. S. Princípios de Cartografi a Básica. Disponível em: <http://lilt.ilstu. edu/ psanders/Cartografi a/cartografi a.html>. Acesso em: 10 nov. 2012. DIMAIO, A. C. Projeto GEODEN: Geotecnologias Digitais no Ensino. Disponível em: <http://www.uff .br/geoden/>. Acesso em: 30 nov. 2012. MARTINELLI, M. Gráfi cos e mapas, construa-os você mesmo. São Paulo: Moderna, 1998. LISTA DE FIGURAS Fig. 01 - http://clikaki.com.br/os-mapas-projecoes-escalas-e-legendas/ Fig. 02 - http://neogeographika.blogspot.com.br/2012/09/ken-isolinhas.html Fig. 03 - Fonte: Ferreira (2013). Fig. 04 - Silva et al. (2010). Fig. 05 - http://www.natalmap.com/mapnatal.html Fig. 06 - http://blog.arletemeneguette.zip.net/cartotem/ Fig. 07 - http://www.repertoriogeografi co.net/2011/04/cartografi a-erros-dramaticos-nos-mapas.html Fig. 08 - http://confi ns.revues.org/3483 Fig. 09 - Diretoria de Serviço Geográfi co (MINISTÉRIO DO EXÉRCITO, [2000]). Fig. 10 - Diretoria de Serviço Geográfi co (MINISTÉRIO DO EXÉRCITO, [2000]). Fig. 11 - http://www.mundoeducacao.com/geografi a/os-simbolos-dos-mapas.htm