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Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Introdução Caracterizada por tromboses recorrentes, arteriais ou venosas, perdas fetais de repetição e presença de antifosfolipídeos, detectados por testes imunológicos, como a anticardiolipina (aCL) e o anti-beta2 glicoproteína 1 (β2GPI) ou em provas de coagulação plasmática como o Anticoagulante Lúpico (LAC). Epidemiologia ● Trombofilia adquirida mais comum ● Postula-se que 30% dos pacientes que se apresentam com TVP terão SAF, assim como outros 46% de pacientes que tiveram um AVE com menos de 50 anos. ● Pode ocorrer isolada, chamada de SAF primária, ou acompanhada por outras doenças sistêmicas autoimunes, particularmente o LES, sendo chamada de secundária. Patogenia Diversos mecanismos podem estar relacionados → um dos principais é relacionado à capacidade de ativação endotelial. ● Os anticorpos antifosfolípides, na ligação com o complexo cofator fosfolipídio, aumentam a expressão de moléculas de adesão endotelial e a síntese de citocinas e prostaglandinas. → Estado de hiperativação celular → trombose Indícios tbm apontam a interferência no equilíbrio entre a síntese plaquetária de tromboxano A2 e a síntese endotelial de prostaciclina → favorecimento do surgimento de eventos trombóticos. Alguns aPL podem interferir em ações antitrombóticas das proteínas C e S e que monócitos de indivíduos com aPL podem expressar maior quantidade de fator tecidual. Perdas fetais recorrentes ● Trombose dos vasos placentários. ● Outro mecanismo seria o deslocamento de anexina V de seus locais de ligação nos fosfolipídeos placentários. → Anexina V como um cofator placentário → anticoagulante natural presente na placenta e que exerce seu efeito ligando com fosfolipídeos, competindo com os aPL pela ligação com estes ● Papel do sistema complemento na fisiopatologia em questão. → C3a e C5a são potentes indutores de ativação das plaquetas e de células endoteliais. 1 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Trombose ● Inibição dos sistemas anticoagulantes naturais, juntamente com outras propriedades pró-coagulantes diretas e antifibrinolíticas. ● Ativação de vários tipos de células induzida por aPL, resultam em múltiplos efeitos pró-coagulantes e pró-inflamatórios + ativação do complemento → principais impulsionadores das complicações vasculares e obstétricas da síndrome antifosfolipídica (SAF). Ativação de células vasculares e imunológicas ● Regulação positiva de moléculas de adesão superficial e da liberação de citocinas pró-inflamatórias e substâncias pró-coagulantes, incluindo vesículas extracelulares e outros remanescentes celulares. ● As células que são ativadas em resposta ao aPL incluem células endoteliais, monócitos, neutrófilos e plaquetas. A importância relativa de cada tipo de célula na promoção da trombose provavelmente depende do leito vascular específico. Interações com sistemas de coagulação e fibrinolíticos – os aPL parecem interferir na atividade das proteínas anticoagulantes naturais, incluindo as proteínas S e C, bem como no sistema fibrinolítico, que decompõe a fibrina. ● Proteína C → aPL inibe a ativação da proteína C e a capacidade da proteína C ativada de inativar os fatores V e VIII (ou seja, resistência à proteína C ativada) ● Atividade antitrombina → os aPL também reduzem a atividade da antitrombina (AT), inibindo a ligação da heparina necessária para a ativação completa da AT . aPL com atividade contra a trombina pode reduzir ainda mais a inativação da trombina pela AT enquanto os anticorpos contra os fatores X e IX ativados também interferem na regulação negativa pela AT. ● Fibrinólise → o aPL pode inibir a fibrinólise neutralizando a capacidade do beta2GPI de estimular a ativação do plasminogênio tecidual (tPA) e a fibrinólise ● Interações com vias pró-coagulantes → A atividade do fator tecidual pode ser potencializada na SAF por meio da inibição do inibidor da via do fator tecidual (TFPI) em pacientes com anticoagulante lúpico (LA) positivo e/ou anticorpos anti-beta2GPI Também foi relatado que anticorpos anti-beta2GPI prejudicam a capacidade do beta2GPI de inibir a agregação plaquetária dependente do fator de von Willebrand (VWF). ● Anexina A5 → se liga à fosfatidilserina (PS) para formar uma rede bidimensional, ou "escudo anticoagulante", sobre os fosfolipídios expostos nas superfícies celulares. → O complexo de beta2GPI e anti-beta2GPI rompe esse escudo protetor, expondo o PS pró-coagulante e promovendo trombose. ● Ativação do complemento Fatores de risco adicionais ● LES ● Trombofilia hereditária ● Câncer ● Fumar ● Gravidez ● Uso de contraceptivos orais contendo estrogênio ● Imobilização ● Obesidade ● Hipertensão ● Hipercolesterolemia Testes Laboratoriais Diagnóstico baseado na detecção de aPL através de testes de ELISA para anticorpos anticardiolipina (aCL) e para anti-β2GPI ou através de ensaios funcionais da coagulação para a detecção de anticorpos com atividade de LAC. ● ELISA utiliza a cardiolipina como antígeno. → Em outros labs também são utilizados outros fosfolipídeos, como a fosfatidilserina e a fosfatidilcolina, misturados à cardiolipina. ● Alguns autores sugeriram que o ensaio para aβ2GPI seria mais específico para as manifestações de SAF que a cardiolipina, ● O termo LAC é usado para denominar os ensaios que detectam aPL com capacidade de prolongar testes da coagulação, em virtude de sua atividade inibitória. ● Os termos aCL e o anti-2GPI designam anticorpos que reagem positivamente em ensaios de fase sólida de ELISA, contendo como antígeno a cardiolipina. ● Em 10 a 15% dos pacientes o LAC pode ser positivo, e aCL, negativo, e o contrário também se aplica. ● O LAC costuma ser mais específico para as manifestações de SAF, porém os aCL são mais sensíveis. Anticoagulante lúpico ● Efeito anticoagulante in vitro e pró-coagulante in vivo ● Detecção por testes funcionais de coagulação 2 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Anticardiolipina e anti-β2GPI ● Detectados no ELISA para anticardiolipina ou, mais recentemente, nos ensaios para detecção de anticorpos contraβ2GPI purificada. ● Manifestações trombóticas se correlacionam com maior frequência aos altos títulos, ainda que os anticorpos aCL IgG sejam mais intrinsecamente ligados à trombose e perdas fetais. ● O teste de aCL também pode ser positivo em vigência de infecções bacterianas, virais agudas e crônicas. → Tbm foi detectado na infecção pelo vírus da dengue, mas sem relação com os achados de trombocitopenia. Anticorpos antifosfolípides não-critérios Antifosfolípides direcionados contra uma variedade de outras proteínas de ligação a fosfolipídios e complexos fosfolipídios/proteínas foram detectados em soros de pacientes com SAF: ● Complexos PT e PS/PT ● Fosfatidiletanolamina (PE) ● Anexina A2 ● Anexina A5 ● Complexos vimentina/cardiolipina ● Ácido lisobisfosfatídico endossomal (LBPA) associado ao receptor endotelial para proteína C (receptor de proteína C endotelial [EPCR]) Clínica Variadas → refletem o local onde ocorrem os eventos vasculares, o calibre dos vasos e o caráter insidioso ou rápido dos fenômenos trombóticos e embólicos. ● As tromboses tendem a acometer, principalmente, a circulação venosa dos membros inferiores e a circulação arterial cerebral, no entanto, qualquer local pode ser acometido. ● A TVP pode ser complicada por embolia pulmonar e é a manifestação mais comum → Pode surgir no pós-parto e após repouso extenso ou uso de estrógenos em mulheres. Forma clássica → trombose venosa profunda (TVP), tromboses arteriais, microangiopatia pela síndrome do anticorpo antifosfolipídio e síndrome antifosfolipídica catastrófica (pequenos vasos) Neurológicas ● Território arterial mais acometido é o cerebral!!! → AVE isquêmico e Ataque Isquêmico Transitório (AIT) são as manifestações mais comuns ○ Os pacientes tendem a ser mais jovens e não apresentam hipertensão arterial ou outros fatores de risco ○ Caráter recorrente ○ Artériavertebral média bastante acometida ● Disfunção cognitiva ● Enxaquecas frequentes ● Crises convulsivas ● Mielite transversa ● Coreia 🧠 AVE + lesões cutâneas de livedo reticularis → Sd de Sneddon 💉 Estudos mostraram possível associação entre cefaléia de origem trombótica ao fazer seu tto com heparina de baixo peso molecular! Cardíacas ● 2º local mais comum de trombose arterial!! ● Vão de lesões valvares assintomáticas a IAM → pode ser fatal!! ● + comum → anormalidades valvares por vegetações, espessamento e doença arterial oclusiva (aterosclerose e IAM) ● Podem ser observados êmbolos cardíacos, disfunção ventricular e hipertensão pulmonar. 3 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● A frequência de acometimento valvar na SAF é alta, com 63% dos pacientes apresentando anormalidades valvares no ecocardiograma. ● As vegetações nas valvas aórtica e mitral podem originar êmbolos cerebrais e sistêmicos. Renais ● Rim como órgão-alvo em SAF primária e secundária ● Isquemia local da vasculatura renal acometida→ vai de trombose nas artérias, arteríolas, vênulas e veias renais, até microangiopatia trombótica glomerular ● Quadros clínicos associados ○ Insuficiência renal aguda ou insidiosa ○ Hipertensão arterial ○ Graus variáveis de proteinúria e baixo clearance de creatinina. ● A nefropatia da SAF é definida pela associação de critérios laboratoriais para aPL e achados histopatológicos evidenciando microangiopatia trombótica e/ou: hiperplasia intimal fibrosa envolvendo trombo organizado, oclusões fibrosas e/ou fribrocelulares de artérias e arteríolas, atrofia cortical focal, tireoidização tubular. ○ Distinguir de nefropatia lúpica em pctes com LES pulmonares ● Espectro extenso → embolismo pulmonar, infarto pulmonar, hipertensão pulmonar, alveolite fibrosante e, em casos extremos, a hemorragia alveolar difusa. ● O acometimento pulmonar pode ser severo e levar a cor pulmonale. Dermatológicas ● Livedo reticularis → aspecto marmóreo da pele, relacionado com uma maior incidência de doença trombótica arterial e pré-eclâmpsia. ● Úlceras cutâneas de difícil tratamento, com a biópsia dos bordos ativos mostrando vasculopatia trombótica sem vasculite. ● A vasculopatia livedóide é uma lesão ulcerada de evolução crônica, de localização perimaleolar. ● Pode ser encontrado em pacientes com SAF: hemorragias subungueais, gangrena digital e antederma primário. Hematológicas ● Trombocitopenia → Apesar de não fazer parte do critério de classificação, pode ser a única manifestação e algumas vezes requer tratamento. ○ Geralmente é leve a moderada, com contagem de plaquetas acima de 50.000 na maioria dos casos. ○ As plaquetas são normofuncionantes. ● A anemia hemolítica pode ocorrer em 11 a 14% dos casos e está associada à presença de LAC e de aCL do isotipo IgM. Outros sistemas ● Ópticas → Acometimento de veias e artérias da retina, neurite óptica aguda retrobulbar, atrofia óptica isquêmica, síndrome seca ● Endocrinológicas → trombose de veia adrenal com Addison, hipopituitarismo, hipogonadismo ● Otorrinolaringológicas→ distúrbios vestibulares. ● Embolia e síndromes arteriais isquêmicas periféricas ● Hepáticas → Síndrome de Budd-Chiari, trombose da veia porta, trombose mesentérica e insuficiência adrenal, resultado de trombose e levando ao quadro de sangramento paradoxal. 4 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Gastrenterológicas → necrose de esôfago, úlcera gástrica, isquemia/angina mesentérica, pancreatite, colecistite, trombose de vasos esplênicos ● Osteonecrose → Alterações assintomáticas na aparência das cabeças femorais de pacientes com SAF primária foram observadas na ressonância magnética. Esses achados foram interpretados como indicativos de osteonecrose. Diagnóstico Diferencial Trombose venosa ● Síndrome nefrótica, insuficiência venosa, imobilidade prolongada, obstrução venosa, tumores liberadores de tromboplastina, mutação do fator V (Leiden), mutação da protrombina , mutação do gene da MTHFR (que na forma homozigótica induz eventos arteriais e venosos, diferente das outras formas de trombofilias congênitas que induzem a eventos venosos recorrentes na maior parte das vezes) e as deficiências de proteína S, proteína C e antitrombina III. Oclusões arteriais ● Púrpura trombocitopênica trombótica, êmbolos cardíacos estéreis e infecciosos, septicemia, hiper-homocisteinemia, mixoma atrial, arterite de Takayasu, doença de Behçet, poliarterite nodosa e complicações do fenômeno de Raynaud grave. Complicações Obstétricas ● SAF é uma causa comum de perdas fetais ○ Perdas tardias são + específicas→ podem ser recorrentes!! ● Os aPL também estão associados a outras complicações obstétricas como pré-eclâmpsia e eclâmpsia, prematuridade e restrição do crescimento intrauterino (RCIU) ● Os aPL podem também inibir a invasão trofoblástica e a produção hormonal, promovendo insuficiência uteroplacentária Síndrome Catastrófica/ de Asheron ● Envolvimento clínico de pelo menos 3 órgãos e sistemas simultâneos ou intervalos de dias ou semanas entre as manifestações ● Ocorre em 1% dos pctes. ● Mortalidade de 50% Quadro histopatológico ● Trombose em múltiplos vasos de pequeno ou grande calibre ● Quadro + típico→ acometimento de microcirculação→ afeta múltiplos órgãos e sistemas. ○ Rim + afetado, seguido por pulmões, coração e pele. Quadro pode lembrar CIVD ● A microangiopatia renal geralmente origina a insuficiência renal rapidamente progressiva, necessitando de suporte dialítico de urgência. ● A hipertensão arterial maligna ocorre frequentemente. O diagnóstico diferencial entre púrpura trombocitopênica trombótica ou síndrome hemolítico-urêmica pode ser extremamente difícil. ● Nos pulmões, o acometimento dos vasos de pequeno calibre pode gerar quadro clínico muito semelhante ao da síndrome da angústia respiratória aguda, com opacidades pulmonares e insuficiência respiratória grave. ● Pode originar, também, hipertensão pulmonar com desenvolvimento de cor pulmonale agudo e insuficiência ventricular direita grave. ● No sistema nervoso central, podem acontecer múltiplos infartos, quadros de coma e convulsões. ● Pode haver ainda múltiplos infartos do miocárdio com insuficiência cardíaca aguda. ☠Geralmente a morte se dá por falência de múltiplos órgãos. Sistemas de órgãos comumente afetados ● Rins ● Cérebro ● Pulmões ● Coração ● Pele ● Fígado ● Vasos periféricos ● Trato gastrointestinal0 ▶ Os fatores precipitantes para a síndrome catastrófica incluem, principalmente, infecções, procedimentos cirúrgicos, retirada de terapia anticoagulante e uso de drogas como anticoncepcionais orais. 5 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Critério 1. Evidência de envolvimento de 3 ou mais órgãos, sistemas e/ou tecidos 2.Desenvolvimento de manifestações simultaneamente ou em menos de uma semana 3. Confirmação por histopatologia de oclusão de pequenos vasos em pelo menos 1 órgão ou tecido 4. Confirmação laboratorial da presença de anticorpos antifosfolípides (anticoagulante lúpico, anticorpos anticardiolipina e/ou anticorpos anti-beta2-glicoproteína I) Classificação APS definitivamente catastrófico Requer todos os 4 critérios Provável APS catastrófico Todos os 4 critérios, exceto apenas dois órgãos, sistemas e/ou locais de envolvimento tecidual ou Todos os 4 critérios, exceto a confirmação laboratorial com pelo menos 6 semanas de intervalo devido à morte precoce de um paciente nunca testado para aPL antes da APS catastrófica ou Critérios 1, 2 e 4 acima ou 1, 3 e 4 e o desenvolvimento de um terceiro evento em mais de uma semana, mas menos de um mês, apesar da anticoagulação Diagnóstico 1 critério clínico + 1 laboratorial Tratamento ● Devem receber medidas gerais no controle de fatores de risco conhecidos para trombose aqueles pacientes com SAF estabelecida por manifestações trombóticas ou, ainda, aqueles que possuem apenas aPL positivo, mas sem manifestações clínicas. ● Recomenda-se, também, controlara obesidade, diabetes, dislipidemia, hipertensão arterial e tabagismo. ● Contraindicado o uso de contraceptivos orais ou terapia de reposição hormonal com estrogênio. Anticoagulação ● A anticoagulação oral plena perene, com varfarina ou heparina não fracionada e de baixo peso molecular, é o tratamento de escolha → frequentemente essas drogas são utilizadas em associação com o ácido acetilsalicílico (AAS). Varfarina ● Deve sempre ser iniciada após anticoagulação plena com heparina, uma vez que a mesma inibe os fatores de coagulação relacionados com a vitamina K, causando um efeito pró-coagulante nos primeiros dias. 🎚 O INR (índice internacional de normatização do TAP) é utilizado com controle da anticoagulação e este sempre deve estar dentro do alvo definido de acordo com as indicações de cada paciente. A flutuação do INR, devido à falta de orientação ao paciente, gera as maiores complicações provenientes da anticoagulação oral. → Essas flutuações, aos níveis de 6 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA anticoagulação, ocorrem principalmente pelas variações na ingestão de alimentos contendo vitamina K diariamente e também pelo uso concomitante de medicações capazes de alterar os níveis de anticoagulação oral. ● O ideal é, ao introduzir-se uma nova medicação, saber seu perfil de interação com o anticoagulante oral e diminuir o intervalo de tempo da realização do exame de TAP. ⛹ Para minimizar sangramentos ou hematomas, os pacientes anticoagulados devem evitar esportes de impacto, injeções intramusculares e devem ser orientados frente a procedimentos cirúrgicos Outras medicações ● Alguns médicos utilizam AAS em baixa dose (81 a 325 mg/dia) ou hidroxicloroquina em combinação com heparina ou varfarina. ● Na SAF primária, os corticosteroides não têm um papel estabelecido. O mesmo não vale para o tratamento de condições reumáticas associadas à SAF secundária. ● Nos pacientes com a síndrome catastrófica, que apresentam trombocitopenia ou anemia hemolítica grave, altas doses de corticosteroides são utilizadas. ● Pode-se adicionar AAS infantil, hidroxicloroquina, algum tipo de estatina, imunoglobulina endovenosa, rituximabe ou plasmaférese em pacientes com INR controlado, mas que continuam a apresentar eventos trombóticos. Trombocitopenia ● Varia de acordo com gravidade. ● Plaquetas > 50.000 → AAS em dose antiagregante plaquetária (65 a 150 mg/dia). → Diminuição da agregação plaquetária leva à menor exposição de fosfolipídeos aos anticorpos, melhorando a trombocitopenia. ● Plaquetas < 50.000 → uso de AAS e de anticoagulante oral deve ser monitorado em virtude do risco de complicações hemorrágicas. → Pode-se usar corticosteróide (predinisona) e/ou imunoglobulina venosa, que geralmente induzem a normalização, que pode ser transitória, na contagem de plaquetas. ● Deve-se dosar, então, o risco benefício de cada caso. 7 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Para trombocitopenia grave relacionada com a SAF, alguns autores têm relatado a eficácia do androgênio danazol e do anticorpo monoclonal anti-CD20 rituximabe. ● Há redução no risco de tromboses venosas e arteriais com uso de AAS infantil, nas mulheres que tiveram apenas manifestações obstétricas (perdas fetais). ○ Em mulheres com aPL positivo e passado de perdas fetais e, ainda, em pacientes com quadros sugestivos de manifestações arteriais sem diagnóstico de trombose (episódios sugestivos de AIT, úlceras crônicas sem definição histopatológica, livedo reticularis exuberante, fenômeno de Raynaud ou cefaleia recorrente intratável), recomendamos o uso perene do AAS infantil. Evento trombótico agudo ● Heparina venosa e, em casos de embolia pulmonar, há a necessidade de associar fibrinolíticos, conforme as indicações para o TEP comum. ● As tromboses arteriais periféricas recebem heparina, e o tratamento do AVE é feito com anticoagulação ou trombolíticos conforme a fase da isquemia e dos riscos de evolução hemorrágica. ● Anticoagulação iniciada com heparina nos primeiros 5 dias, seguida de manutenção a longo prazo com varfarina, é a usualmente indicada para a trombose aguda. aPL positivo e tromboses venosas ● Recomenda-se o uso de anticoagulante oral por toda a vida àqueles pacientes que apresentaram 1 ou mais episódios de trombose venosa na presença de aPL positivo, em 2 ocasiões. ● Com o objetivo de prevenir novas tromboses, a dose do cumarínico deve ser ajustada para manter o INR entre 2,0 e 3,0. ● Recomenda-se o uso de anticoagulante oral associado ao AAS infantil para os pacientes com aPL positivo que apresentaram tromboses arteriais, como AVE, infarto do miocárdio e isquemia arterial periférica. O objetivo é manter o INR entre 3,0 e 4,0. ● A queda do título de aCL ou a negativação do LAC não são objetivos do tratamento e não constituem indicadores de melhora ou redução do risco de um novo evento trombótico. Caso isso ocorra, o tratamento não deve ser interrompido. GESTAÇÃO ● A heparina associada ao AAS infantil é mais eficaz na prevenção de perdas fetais Morte fetal prévia com mais de 10 semanas de gestação ● Em mulheres com aPL positivos e história de pelo menos 2 perdas fetais, o uso de 5.000 U de heparina subcutânea, 2 vezes por dia, associado ao AAS infantil, aumentou a sobrevida fetal em 50 a 80%. ● Com o decorrer da gestação, geralmente, existe a necessidade de aumentar as doses para, com isso, manter as pacientes dentro do alvo terapêutico. ● Em relação ao uso das heparinas de baixo peso molecular, há relatos de uso de enoxaparina 40 mg/dia por até 12 semanas e, a partir daí, 40 mg de 12 em 12 horas. Ou ainda, dalteparina 5.000 U, no mesmo esquema anterior. ● Após a confirmação da gestação, o tratamento deve ser iniciado e deve-se manter até 48 horas antes do parto programado. O tratamento, então, deve ser reiniciado logo após o parto normal ou 12 horas após a cesariana, na ausência de sangramento ativo, e mantido por mais 6 semanas. ● A terapia com corticosteroide só é indicada se a paciente apresentar LES ativo concomitante ou ainda em casos raros de trombocitopenia grave ou SAF catastrófica. Trombose prévia à gestação ● Devem ser plenamente anticoaguladas, durante toda a gestação e o puerpério, todas as mulheres que tiveram tromboses prévias. ● Varfarina cede lugar à heparina não fracionada ou de baixo peso molecular, se possível antes da concepção ou frente ao diagnóstico de gravidez SAF catastrófica ● Tratamento dos fatores precipitantes, com antibioticoterapia para os casos de infecção 8 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA concomitante associado à anticoagulação plena, com altas doses de corticoides e gamaglobulina intravenosa. ● Na falha desse tratamento, podemos fazer uso da plamarérese como opção terapêutica. 9