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O meio ambiente Apresentação O meio ambiente, chamado também de ambiente, envolve todas os seres vivos e não-vivos do nosso planeta, que afetam os ecossistemas e a vida das espécies. Na Conferência das Nações Unidas, sobre o meio ambiente, celebrada em Estocolmo, em 1972, definiu-se o meio ambiente como: “O meio ambiente é o conjunto de componentes físicos, químicos, biológicos e sociais capazes de causar efeitos diretos ou indiretos, em um prazo curto ou longo, sobre os seres vivos e as atividades humanas.” A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) brasileira, estabelecida pela Lei 6938 de 1981, define meio ambiente como “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. Nesta Unidade de Aprendizagem, você saberá mais sobre esse tema. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir conceitualmente meio ambiente.• Identificar as formas de interação entre meio ambiente e paisagismo.• Buscar soluções ecológicas para o desenvolvimento sustentável.• Desafio O paisagismo está intrínseco ao meio ambiente. Há diferentes formas de observarmos essa relação. Você está trabalhando em um projeto que visa requalificar uma área que vem perdendo seu uso pela população. Antes, era uma praça bastante visitada, porém, com a implantação de um novo empreendimento ao lado da praça, a área foi devastada. Descreva quais as medidas que você apresentará no seu projeto de requalificação deste local. Apresente no mínimo três ações. Infográfico O paisagismo influi diretamente no ambiente em que está inserido. Você sabe qual a relação entre o paisagismo e o meio ambiente? Veja os benefícios que um pode trazer ao outro. Conteúdo do livro O local onde se desenvolve a vida humana é denominado meio ambiente. Esse conceito é entendido pela junção do ambiente natural e o ambiente artificial ou construído. O homem necessita de edificações, vias e espaços para desenvolver suas atividades, da mesma forma, necessita de vegetações, água e solo para respirar, alimentar-se e sentir-se confortável. As cidades foram tomando o espaço do meio ambiente natural, substituindo vegetações por edificações. Diante deste contexto e de todos os benefícios que os elementos naturais são capazes de causar no ser humano, o paisagismo entra como um atividade integradora, que busca relacionar o meio ambiente artificial com o natural, propondo soluções ecológicas e sustentáveis para que haja um equilíbrio. No Capitulo O Meio Ambiente, da disciplina de Paisagismo, você vai entender o conceito de meio ambiente e o que ele engloba. Você também vai compreender a importância do paisagismo para harmonizar os ambientes naturais e artificiais, protegendo as áreas naturais e melhorando a qualidade ambiental dos centros urbanos. Ao final, você vai poder identificar algumas soluções sustentáveis de paisagismo. Boa leitura. PAISAGISMO Identificação interna do documento XSE0C652T2-1WMJAA1 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Definir meio ambiente. > Identificar as formas de interação entre meio ambiente e paisagismo. > Buscar soluções ecológicas para o desenvolvimento sustentável. Introdução Ao abordar a questão do meio ambiente, é comum associar esse termo exclusi- vamente a ambiente natural, árvores, rios, montanhas e paisagens. No entanto, o meio ambiente não contempla apenas os elementos naturais da terra, mas também os elementos artificiais, construídos pelo homem ao longo do tempo. Portanto, o meio ambiente é o local onde a vida humana acontece e as atividades podem ser executadas. Tendo em vista que áreas naturais foram e continuam sendo substituídas por prédios e edificações, o paisagismo é uma atividade capaz de reintroduzir a natureza para os meios artificiais e garantir a sua preservação em áreas ainda intocadas. Neste capítulo, você vai estudar o conceito de meio ambiente, o que ele con- templa e as são suas divisões. Além disso, você vai ver a relação entre o meio ambiente e o paisagismo e como essa atividade pode contribuir para desenvolver e aplicar soluções ecologicamente sustentáveis para esses espaços. Conceito Ao pensar na arquitetura, as primeiras referências que surgem são as edifi- cações, os materiais, as técnicas construtivas e os acabamentos. No entanto, ao refletirmos mais a fundo sobre a arquitetura, é importante compreender O meio ambiente Vanessa Guerini Scopel Identificação interna do documento XSE0C652T2-1WMJAA1 que ela só existe porque está inserida e faz parte do meio ambiente. Da mesma forma, em relação ao paisagismo, imagina-se um projeto de áreas verdes e a melhora de espaços abertos existentes, mas há pouco aprofundamento acerca do ambiente natural. A vida só é possível em virtude do meio ambiente, que é capaz de ofere- cer condições para o desenvolvimento humano. Todas as atividades só são possíveis de serem realizadas porque há um espaço que integra a natureza original e construída e que, após anos de evolução da humanidade, foi sendo moldado e adaptado para as necessidades e tarefas do ser humano. A Lei Federal nº 6.938/81, de 31 de agosto de 1981 (BRASIL, 1981), que refere-se à Política Nacional do Meio Ambiente, define o meio ambiente como “[...] um conjunto de condições, leis, influências e integrações de ordem física, química e biológica, que permite, obriga e rege a vida em todas as suas formas”. Silva (2000, p. 20) complementa que: [...] o meio ambiente é, assim, a interação do conjunto de elementos naturais, arti- ficiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas. A integração busca assumir uma concepção unitária do ambiente, compreensiva dos recursos naturais e culturais. A Lei Federal nº 6.938/81, de 31 de agosto de 1981, estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação. Essa lei tem como objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando a assegurar, no Brasil, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos alguns princípios, como: ações de manutenção de equilíbrio ecológico; racionalização do uso solo, da água e do ar; planejamento e também fiscalização dos recursos ambientais; proteção dos ecossistemas; controle de zoneamento das atividades poluidoras; recuperação de áreas degradadas; proteção de áreas ameaçadas; incentivo ao estudo de tecnologias e também a educação ambiental, dentre outros (BRASIL, 1981). De acordo com Fiorillo (2008), a Constituição Federal de 1988 definiu al- gumas classificações acerca do conceito de meio ambiente, como o meio ambiente natural e o meio ambiente artificial. Segundo o Artigo 225 da Cons- tituição Federal de 1988, o meio ambiente natural (Figura 1) pode ser definido como aquele que envolve todos os elementos naturais, como o solo, o subsolo e as águas, incluindo rios, lagos, mares, a fauna e a flora. O meio ambiente2 Identificação interna do documento XSE0C652T2-1WMJAA1 Figura 1. Meio ambiente natural. Fonte: Rottonara/Pixabay.com. Já o meio ambiente artificial (Figura 2), conforme explica Fiorillo (2008), pode ser compreendido como todos os elementos que foram construídos pelo homem para facilitar a vida humana, como, por exemplo, as habitações, os equipamentos públicos, as vias, a infraestrutura e o conjunto urbano como um todo. Figura 2. Meio ambiente artificial. Fonte: Free-Photos/Pixabay.com. O meio ambiente 3 Identificação interna do documento XSE0C652T2-1WMJAA1 Ao considerar os conceitos de meio ambiente natural e meio ambiente artificial, pode-se compreender que, no início da história da humanidade, ainda na pré-história, havia apenas o meio ambiente natural, com toda a fauna e flora em seu estado original. O homem que viveu durante esse período mo- dificou muitopouco o ambiente natural (Figura 3), utilizando apenas madeiras e pedras para criar utensílios e ferramentas muito pontuais que facilitassem a caça e a pesca, com um intuito exclusivo de sobrevivência. Figura 3. Modificação do ambiente natural na pré-história. Fonte: Arobba e De Pascale, (2018, p. 64). Conforme a evolução do homem acontecia, ele modificava cada vez mais o meio ambiente natural. Segundo Pereira (2010), as primeiras aglomerações urbanas já existiam há 12 mil anos a.C. e, assim como o homem da pré-história, também se utiliza a natureza para materializar suas unidades habitacionais, que eram muito simples. Conforme as civilizações desenvolviam atividades, como a pecuária e a agricultura, passou-se a realizar trocas dessas produções, como uma maneira de estabelecer relações. Diante dessa realidade, esses povos foram se desenvolvendo, melhorando seus estilos de vida e criando novas necessidades. O meio ambiente4 Identificação interna do documento XSE0C652T2-1WMJAA1 Assim, os centros urbanos começaram a surgir em partes do território, com vias de circulação que, em um primeiro momento, serviam tanto para pessoas como animais; áreas públicas de socialização; e edificações religiosas e voltadas ao poder. Nesse contexto, de acordo com Pereira (2010), as áreas que anteriormente eram naturais passaram a se modificar de forma mais controlada e sutil. Pode-se dizer que, até o século XVIII, os ecossistemas ainda estavam equilibrados, pois haviam sofrido alterações graduais ao longo do tempo. Com a Revolução Industrial, ao final do século XVIII, ocorreu a ruptura mais significativa entre a relação até então equilibrada entre o meio ambiente natural e meio ambiente artificial. Nesse período ocorreu o êxodo rural, em que as pessoas do campo foram em busca de melhores condições de vida na cidade. As cidades não estavam preparadas para esse aumento significante de população e, em virtude disso, se tornaram áreas muito insalubres com pouca ou nenhuma infraestrutura para os novos moradores. Pode-se dizer que esse momento foi responsável por diversos prejuízos em relação à qualidade de vida das cidades. Ao analisarem essa situação, estudiosos passaram a criar propostas para que fosse possível priorizar um equilíbrio entre a porção construída e a natural, a fim de que os centros urba- nos pudessem oferecer iluminação, ventilação e arborização para as pessoas. Ao analisar o contexto atual do meio ambiente, percebe-se que as áreas naturais estão presentes no território de duas maneiras principais. A primeira refere-se às áreas naturais protegidas por leis, as quais normalmente apre- sentam uma grande extensão, como os parques nacionais, por exemplo. Além disso, também existem áreas mais pontuais e menores e de caráter natural nos centros urbanos. O meio ambiente artificial, de acordo com a evolução das cidades, foi tomando o espaço do meio ambiente natural, inclusive, desconsiderando-o em um primeiro momento. Com o passar dos anos, viu-se a necessidade de ter um cuidado maior com os elementos naturais, prezando pela preservação e pelo respeito, a fim de que também fosse possível reequi- librar, de alguma forma, o meio ambiente artificial e o meio ambiente natural. Atualmente, a inserção de elementos artificiais em ambientes naturais é cada vez mais pautada por normas e leis que visam a diminuir a degradação da natureza. Além disso, é importante ressaltar que é cada vez mais evidente a importância de áreas naturais nos espaços construídos, seja para preservar a fauna e flora como para melhorar a qualidade de vida nos centros urbanos, tornando-se áreas de refúgio. O meio ambiente 5 Identificação interna do documento XSE0C652T2-1WMJAA1 Formas de interação entre o meio ambiente e o paisagismo É evidente a necessidade de proteger o ambiente natural e integrar elemen- tos da natureza nos centros urbanos para que as cidades se tornem lugares melhores para viver. Nesse contexto, o paisagismo tem papel fundamental em todo esse processo de melhoramento. Em áreas naturais, como jardins botânicos e parques nacionais, por exem- plo, o paisagismo é utilizado como uma atividade de manutenção, visando à preservação da flora e ao seu contínuo desenvolvimento. Acerca da relação com o ambiente artificial, o paisagismo é uma atividade capaz de inserir elementos naturais em áreas construídas, melhorando a qualidade de por- ções urbanas por meio da inserção das espécies mais adequadas para cada contexto e necessidade. As cidades (ou seja, o meio ambiente artificial) são um grande modificador do clima, principalmente devido ao fato de as vegetações serem substituídas por porções pavimentadas. Conforme Gonçalves et al. (2012), essa alteração climática inclui a modificação tanto do regime de chuvas como da temperatura, influenciando fortemente na sensação de conforto. A atividade do paisagismo sofreu alterações ao longo do tempo, de acordo com o desenvolvimento das civilizações e suas cidades. A Revolução Industrial foi um período em que os centros urbanos cresceram muito rápido, gerando grandes problemas de salubridade para a população. Assim, deu-se início a um período em que existia a ideia de utilizar as vegetações como formas de melhorar a estética das cidades. No entanto, à medida que as áreas verdes passaram a ser valorizadas pela população, percebeu-se a relevância da criação de parques e praças a fim de que todos pudessem utilizá-los como locais para lazer, descanso e socialização. Também era importante que esses espaços fossem capazes de colaborar para a melhora da qualidade ambiental das cidades, tendo em vista que foi comprovado que as vegetações poderiam contribuir para as condições de conforto térmico. As vegetações compõem o elemento que colabora mais fortemente para essa sensação de conforto térmico, pois, segundo Müller (1998), elas contri- buem para obtenção de um ambiente agradável e têm influência decisiva na qualidade de vida nas cidades, ou seja, na saúde da população. As espécies vegetativas são capazes de filtrar a poluição das cidades, melhorando a qualidade do ar e, consequentemente, o conforto ambiental. Nesse sentido, o paisagismo tem a capacidade de melhorar as condições ambientais do meio ambiente artificial, gerando conforto. Bartholomei (2003) define conforto O meio ambiente6 Identificação interna do documento XSE0C652T2-1WMJAA1 ambiental como a sensação de bem-estar que está relacionada a fatores ambientais como temperatura ambiente, umidade relativa, velocidade do ar, níveis de iluminação e níveis de ruído, por exemplo. O equilíbrio ecológico das grandes cidades, é cada vez mais dependente do paisagismo. As áreas verdes urbanas são um ajuste para o equilíbrio ecológico. O paisagismo favorece o meio ambiente e é necessário aplicá-lo corretamente e com muita seriedade, não se limitando a projetos meramente decorativos, promovendo o equilíbrio do ecossistema (GENGO; HENKES, 2012/2013, p. 57). Por meio de um paisagismo adequado, é possível selecionar as árvo- res mais apropriadas, com copas que gerem sombreamento e amenizem as temperaturas em ilhas de calor nos centros urbanos. O paisagismo viário (Figura 4), além de contribuir para um visual mais interessante, pode criar corredores ecológicos. Calçadas ajardinadas e com sombreamento e árvores frutíferas tornam esses locais agradáveis para descanso, por exemplo. Figura 4. Paisagismo viário. Fonte: Um oásis... (2014, documento on-line). Além disso, outro fator importante em relação à vegetação é a arborização das vias públicas, que serve como um filtro para “[...] atenuar ruídos, retenção de pó, reoxigenação do ar, além de oferecer sombra e a sensação de frescor” (LIMA e AMORIM, 2006, p. 71). Abreu (2008) acrescenta que a vegetação exerce o papel de controlar a incidência de radiação solar e ganho de calor, a umi- dificação e a depuração do ar, evitando efeitos maléficos para o microclima O meio ambiente 7 Identificação internado documento XSE0C652T2-1WMJAA1 urbano, equilibrando-o e mantendo a qualidade do ambiente construído e o conforto térmico dos espaços externos. Em parques, praças e jardins urbanos, o paisagismo pode valorizar ainda mais as espécies naturais, também protegendo-as, além de complementar essas áreas com flores, temperos, arvores frutíferas e chás, por exemplo, criando composições interessantes que conseguem tornar o local ainda mais atrativo e agradável. De acordo com Robba e Macedo (2003 apud CRUZ, 2004), as áreas verdes, especificamente as praças (Figura 5), sempre foram utilizadas como um espaço de convivência e lazer dos habitantes urbanos. Para Gangloff (1996), esses locais valorizam o ambiente e a estética e promovem um excelente meio para as atividades da comunidade, criando importantes espaços e oportunidades de recreação e educação. Figura 5. Praça. Fonte: Praça... (2020, documento on-line). Hortas urbanas (Figura 6) também podem ser configuradas e pensadas por meio de um paisagismo que combine espécies que possam se ajudar no desenvolvimento, criando áreas flexíveis com uma gama de frutas, legumes, vegetais, chás e temperos que consigam se desenvolver ao longo das estações. Além disso, as hortas urbanas também podem modificar as suas configurações conforme a necessidade de solo, água e sol, tornando-se mais uma opção de atratividade na cidade. O meio ambiente8 Identificação interna do documento XSE0C652T2-1WMJAA1 Figura 6. Horta urbana. Fonte: José (2017, documento on-line). Assim, o paisagismo é capaz tanto de preservar o que já existe de natural no meio ambiente, como pode inserir novos elementos que, mesmo não sendo originais, conseguem trazer grandes benefícios para as áreas. Afinal, a falta de vegetações pode resultar em situações negativas para o ambiente urbano, como, por exemplo, “[...] alterações do clima local, enchentes, deslizamentos e falta de áreas de lazer para a população” (AMORIM, 2001, p. 38). Soluções ecológicas para o desenvolvimento sustentável Tendo em vista a importância da preservação da vegetação, tanto nos meios naturais como nos artificiais, e a relevância de criar espaços arborizados e com qualidade natural nos centros urbanos, pode-se afirmar que a prática do paisagismo é uma grande aliada para atuar nessas questões. Gengo e Henkes (2012/2013, p. 57) explicam que a “[...] interferência na paisagem tem o objetivo de promover o equilíbrio estético, ambiental e social, a fim de evitar poluição visual na paisagem e servir de instrumento para melhorias na qualidade de vida”. O meio ambiente 9 Identificação interna do documento XSE0C652T2-1WMJAA1 No entanto, ainda que seja evidente a participação no paisagismo para a melhora ambiental, ele deve ser pensado de forma sustentável, por meio de soluções ecologicamente estratégicas. Lopes ([2016]) afirma que o paisagismo sustentável é aquele que consegue se adaptar ao contexto em que ele será aplicado, e tem como principal objetivo a busca por um equilíbrio entre a área e as espécies naturais, integrando a ideia ao entorno, à arquitetura, à população e aos demais elementos naturais ou artificiais próximos ou no espaço. Segundo o autor, esse tipo de paisagismo busca favorecer o uso de espécies nativas e que tenham relevância ambiental para o projeto que está sendo proposto. Projetos paisagísticos que levem em conta o desenvolvimento sustentável vão além e não só geram cenários belos e agradáveis como prezam por uma rotina funcional e pelo total respeito à natureza e aos habitantes. Assim, paisagismo sustentável e qualidade de vida andam juntos e, para isso, exigem comportamentos capazes de eliminar o uso de substâncias tóxicas, como fertilizantes e praguicidas, além de utilizarem técnicas de sustentabilidade que resultem em um paisagismo eficiente (LOPES, [2016]). No paisagismo sustentável, que visa às soluções ecológicas, também deve- -se preocupar com os aspectos sociais, considerando as áreas de intervenção como locais para promover a educação ambiental, o estudo e as pesquisas das espécies. Ainda acerca dos aspectos culturais, é importante ressaltar que a ideia de preservação do patrimônio deve sempre ser enfatizada a fim de que os aspectos históricos relevantes de cada área que sofrerá intervenção possam estar articulados e serem valorizados por meio de uma relação de harmonia com as espécies vegetativas. Já acerca dos aspectos econômicos, o paisagismo sustentável também pode realizar contribuições eficientes por meio de, por exemplo, um planejamento baseado no baixo custo e na reutilização de materiais, considerando o seu ciclo de vida para optar por elementos que não necessitem de manutenção frequente. Além disso, o mais importante é realizar o projeto considerando as condições climáticas da região, aproveitando as condições hídricas, de ventilação e de permeabilidade, por exemplo. Lopes ([2016]) destaca que podem ser propostas soluções ecológicas nas cidades por meio do paisagismo sustentável com algumas alternativas, como: O meio ambiente10 Identificação interna do documento XSE0C652T2-1WMJAA1 � reaproveitamento da água da chuva, que pode ser utilizada tanto para irrigar jardins como hortas urbanas; � utilização de espécies nativas de cada contexto, que se adequem ao solo, à chuva e à temperatura; � ideias de reciclagem de materiais para que eles possam ser utilizados como delimitadores de caminhos e jardins, caixas para plantio, entre outras opções; � elaboração de meios de implantação e de manutenção de baixo custo e com baixo impacto ambiental, tendo como objetivo a conservação do solo original; e � utilização de energias renováveis que sejam eficientes e tenham baixo consumo. Por meio dessas ações é possível propor áreas vegetadas de grande qua- lidade para as cidades, minimizando os custos de implantação e manutenção, contribuindo para a estética do espaço e para o conforto ambiental dos usuários. Gengo e Henkes (2012/2013) também sugerem: [...] a composição com jardins filtrantes que embelezam a paisagem e tratam o esgoto; paisagismo produtivo, que estimula o plantio de hortas para a alimentação orgânica; educação ambiental; arborização com vegetação nativa e vegetação frutífera nas calçadas, praças e canteiros; além da profissionalização relacionada a manutenção das áreas através de programas de capacitação profissional (GENGO; HENKES, 2012/2013, p. 58). A calçada verde e o telhado verde são alguns exemplos de soluções ecológicas e sustentáveis que podem colaborar para melhorar o meio ambiente artificial, introduzindo elementos naturais na área. As calçadas verdes (Figura 7) permitem a permeabilidade da água da chuva, mesclando áreas pavimentadas com porções de grama. Essa alternativa consegue drenar e absorver os volumes de água, atenuando os riscos de alagamentos nas cidades e alimentando os lençóis freáticos. Gengo e Henkes (2012/2013, p. 66) explicam que a calçada verde “[...] auxilia no sequestro de carbono, contribuindo na diminuição da temperatura local e permitindo que as raízes das árvores se desenvolvam com mais espaço, tanto na busca da água como de nutrientes, assim também conferem uma nova estética ao local”. O meio ambiente 11 Identificação interna do documento XSE0C652T2-1WMJAA1 Figura 7. Calçada verde. Fonte: Miwa (2020, documento on-line). O telhado verde (Figura 8) corresponde ao uso de vegetações nos terraços das edificações, e se trata de uma boa alternativa, pois colabora para o ge- renciamento da água pluvial e melhora as condições térmicas das edificações. Além disso, essa alternativa também possibilita um novo uso para essas áreas. Em ambientes urbanos promovem o reequilíbrio ambiental, trazendo os benefícios da vegetação para a saúde pública e à biodiversidade, quando elaborado com plantas nativas do local. Podem ainda ser instalados painéis solares para captura da energia solar e podem reduzir o consumo de energia elétrica (GENGO; HENKES, 2012/2013,p. 67). Figura 8. Telhado verde. Fonte: Uso... (2020, documento on-line). O meio ambiente12 Identificação interna do documento XSE0C652T2-1WMJAA1 Cabe ressaltar que, atualmente, além de propor novas áreas com vegetação que possam trazer melhorias para as cidades, existe uma preocupação em recuperar áreas degradadas a fim de buscar o equilíbrio ambiental dessas porções do território perdidas com o tempo (Figura 9). Diante dessa realidade, o paisagismo também consegue trazer as suas colaborações, evidenciando a importância não apenas dos telhados e calçadas verdes, mas também das fachadas com vegetação, que podem suprir um pouco da falta que as vegetações naturais fazem no lote. Figura 9. Exemplo de recuperação de uma área degradada em uma fazenda. Fonte: Rosario (2019, documento on-line). Além das soluções apresentadas, outra forma de pensar em um desenvol- vimento sustentável em que haja equilíbrio entre o meio ambiente artificial e o natural é a implantação das edificações nas cidades e a elaboração de propostas de novos loteamentos. Segundo Santin e Marangon (2008), o uso dos recuos (Figura 10) normatizados por meio dos planos diretores e do código de obras dos municípios é um recurso fundamental para garantir insolação e ventilação das edificações, além de permitir a permeabilidade do solo. À medida que esses recuos são valorizados, eles servem como áreas ajardina- das que, além dos benefícios já citados, também colaboram para melhorias na qualidade da paisagem. O meio ambiente 13 Identificação interna do documento XSE0C652T2-1WMJAA1 Figura 10. Exemplo de recuos que permitem insolação, ventilação e ajardinamento. Fonte: Zarapp/Pixabay.com. Gengo e Henkes (2012/2013) acrescentam ainda outra solução, que é sempre pensar na implantação de novas áreas urbanas considerando a vegetação do local e a topografia. Quanto menos intervenções drásticas forem realizadas nessas novas porções, menos impacto isso vai gerar para o meio ambiente. Além disso, caso haja grandes intervenções, deve-se pensar em soluções que possam minimizá-las, como o plantio das árvores retiradas em outro local, por exemplo. Pode-se dizer que a substituição de meio ambiente natural por um meio ambiente artificial traz os benefícios de centros urbanos mais adequados às necessidades e às atividades humanas, mas também gera grandes impactos, seja com relação ao conforto ambiental e ao clima, gerando desequilíbrios, como também na qualidade de vida das pessoas e da paisagem. Ao pensar no meio ambiente natural e artificial, é preciso entender que a sua relação deve ser equilibrada e respeitosa, sempre levando em consi- deração os resultados de todas as intervenções. Para isso, a atividade de paisagismo torna-se fundamental, à medida que consegue propor alternativas sustentáveis, eficientes e adequadas a cada realidade. O meio ambiente14 Identificação interna do documento XSE0C652T2-1WMJAA1 Essas alternativas colaboram tanto para o conforto ambiental do meio ambiente artificial, como também se tornam práticas sustentáveis que trazem diversos benefícios para as edificações e são capazes de estimular esses usos em novas propostas nas cidades. Gengo e Henkes (2012/2013) finalizam que o paisagismo consegue se inserir em diversos segmentos do contexto urbano, trazendo alternativas de desenvolvimento ecologicamente sustentável tanto para áreas públicas como particulares. Referências ABREU, L. V.; Avaliação da escala de influência da vegetação no microclima por dife- rentes espécies arbóreas. Campinas, SP, 2008. Dissertação (Mestrado) — Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, Universidade Estadual de Campinas, 2008. AMORIM, M. C. da C. T. Caracterização das áreas verdes em Presidente Prudente/SP. In: SPOSITO, M. E. B. (org). Textos e contextos para a leitura geográfica de uma cidade média. 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O meio ambiente16 Identificação interna do documento XSE0C652T2-1WMJAA1 Identificação interna do documento XSE0C652T2-1WMJAA1 Dica do professor Quem não gosta de boa qualidade de vida aliada ao conforto de uma bela paisagem? O paisagismo ou a arborização são instrumentos ambientais que nos permitem fazer essa união. Veja no vídeo a seguir os benefícios de unir paisagismo e meio ambiente. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/948d13474a499d22ef8c4796725b7070 Exercícios 1) (IFBA) Monstrengo enviado para punir o povo de Tebas por ter afrontado os deuses, a Esfinge tinha cabeça e seios de mulher, corpo e patas de leoa, e asas de águia. Instalada às portas da cidade, ela exigia que seus melhores jovens a enfrentassem. Todos eram impiedosamente trucidados porque não conseguiam responder ao enigma que ela lhes propunha. Desgraça que só terminou quando apareceu um esperto rapaz, vindo de Corinto e chamado Édipo. Ele matou a charada, provocando o suicídio da fera. O resto da lenda é bem conhecido. Pois bem, o “desenvolvimento sustentável” também é um enigma à espera do seu Édipo [....] . VEIGA, José Eli da. Desenvolvimento Sustentável: o desafio do século XXI. 3a edição. Rio de Janeiro: Garamond, 2008, p.3. O desenvolvimento sustentável se define de forma enigmática por constituir-se enquanto o desafio do Século XXI. Nesta perspectiva, pode-se afirmar: A) a) A privatização da água proposta pelo Banco Mundial é uma medida de uso e apropriação racional da natureza com vistas à sustentabilidade socioeconômica e ambiental. B) b) Os conflitos socioambientais evidenciam as contradições da relação estabelecida entre a sociedade e a natureza no modelo de desenvolvimento capitalista. C) c) O Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), proposto pelo governo federal, tem como projeto estruturante a criação de reservas e parques nacionais para a promoção do desenvolvimento sustentável na Amazônia. D) d) A regulação da biodiversidade pela Organização das Nações Unidas (ONU), enquanto patrimônio da humanidade, vem garantindo o cumprimento legal da política ambiental brasileira. E) e) A conservação natural dos ecossistemas terrestres para a reprodução social da vida torna evidente o desenvolvimento sustentável no capitalismo. Nesta questão, você deverá analisar a frase a seguir. O processo de urbanização gera uma grande quantidade de impactos ambientais. Uma avenida, por exemplo, causará impacto tanto na fase de construção como de operação, tais como: 1- impermeabilização do solo 2- produção de ruído 3- poluição atmosférica por gases automotivos, 2) 4- instalação de estabelecimentos comerciais às suas margens 5-criação de empregos. Dentre esses cinco impactos citados: A) O impacto de n°1 ocorrerá nas fases de construção e operação. B) Os impactos de n°s 2 e 3 ocorrerão apenas na fase de operação. C) Os impactos de n°s 1 e 2 são negativos e indiretos. D) O item 5 não pode ser considerado impacto. E) Os itens de n°s 4 e 5 não podem ser considerados impactos. 3) O Dia Mundial do Meio Ambiente foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1972, e é celebrado no dia 5 de Junho. A data se tornou um catalizador de ações em defesa da preservação ambiental e da conscientização política sobre a defesa do meio ambiente. Assinale a alternativa correta em relação ao tema meio ambiente. A) Um dos temas de relevância no Brasil é a preservação da Mata Atlântica. A construção de hidrelétricas de grande porte nos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo nos últimos 5 anos acelerou o processo de desmatamento na região. B) O efeito estufa tem contribuído com a redução da temperatura no globo terrestre nas últimas décadas e o aumento considerável das calotas polares. C) Um dos grandes desafios do milênio em relação ao meio ambiente é evitar a falta de água, pois parte muito reduzida de água disponível no planeta é doce e apropriada para uso humano. D) O crescente uso de garrafas PET foi incentivado pelo fato de serem fabricadas com plástico facilmente absorvido pela natureza, podendo inclusive ser usado para adubo em plantações de grãos. E) As espécies (vegetais ou animais) não sofrem influencia do aquecimento global para a manutenção dos seus ciclos de vida. Numa concepção democrática do espaço urbano e após a emergência da questão ambiental, a propriedade deve se submeter além da sua função social, à sua função ambiental. Desta 4) afirmação pode-se concluir que: é fundamental que seja dado o melhor tratamento possível à propriedade... A) ...em relação ao meio ambiente, desde que subordinando-o aos interesses do proprietário. B) ...de modo que sempre as árvores nela existente sejam preservadas. C) ...de modo que seu uso predominante seja habitacional. D) ...de modo a remodelar o espaço construído para que tenha maior sustentabilidade ambiental. E) ...em relação à manutenção da qualidade de vida e do bem estar de todos. 5) O arquiteto paisagista Fernando Chacel vem colocando em prática e popularizando o conceito de ecogênese. Segundo Chacel, ecogênese “deve ser entendida como uma ação antrópica e parte integrante de uma paisagem cultural que utiliza, para recuperação dos seus componentes bióticos, associações e indivíduos próprios que compunham os ecossistemas originais”. Ainda de acordo com o paisagista, “recriar um ecossistema é impossível, uma vez que [...] as atuais situações morfoclimáticas conduziram a situações clímaces distintas daquelas em que, há cerca de 4.000 anos, [...] os ecossistemas se estabilizaram”. Com base nesses conceitos, cabe ao arquiteto paisagista contemporâneo: A) Trabalhar com as espécies vegetais disponíveis, hoje, no mercado, procurando conseguir o melhor resultado estético possível porque, após a destruição de determinado ecossistema, não há como recuperá-lo. B) Trabalhar com completa liberdade na escolha das coberturas vegetais, não só porque a globalização chegou ao mercado produtor de mudas mas, também, devido à fácil aclimatação de espécies no nosso clima, onde “se plantando tudo dá”. C) Entender que a reprodução parcial ou completa de ecossistemas pré-existentes é perda de tempo, pois as condições climáticas atuais são completamente diferentes das reinantes há 4.000 anos. D) Tentar a máxima aproximação com o universo vegetal anteriormente existente, do ponto de vista biótico, ciente de que o resultado exibirá características de uma paisagem criada ou reconstruída pela mão do homem, segundo seus conceitos culturais e estéticos. E) Inventariar as espécies vegetais anteriormente existentes na área de trabalho e reproduzir fielmente as características do ecossistema original, de forma que sua intervenção passe despercebida. Na prática A sustentabilidade ambiental e ecológica é a manutenção do meio ambiente do planeta Terra por meio da interação do homem com a natureza. Mas o que devemos fazer para termos um ambiente sustentável? O que devemos evitar para não destrui-lo? Veja no Na prática. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Paisagismo sustentávele preservação ambiental para melhoria da qualidade de vida na escola. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. A relação entre o paisagismo rural e a sustentabilidade Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Paisagismo contemporâneo: Fernando Chacel e o conceito de ecogênese. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.fef.unicamp.br/fef/sites/uploads/deafa/qvaf/estrategias_cap15.pdf https://www.pensamentoverde.com.br/meio-ambiente/relacao-entre-o-paisagismo-rural-e-sustentabilidade/ https://www.livrosgratis.com.br/ler-livro-online-50017/paisagismo-contemporaneo--fernando-chacel-e-o-conceito-de-ecogenese
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