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Rescisões Apresentação O contrato de trabalho é a formalização da relação entre empregado e empregador que pressupõe uma subordinação entre ambos. Para tanto, o empregado entrega o serviço prestado e recebe a remuneração acordada e devidamente formalizada. No entanto, pode haver diferentes motivações para a extinção desse vínculo em período não previsto na relação estabelecida. Sempre que há a extinção de um contrato de trabalho, ocorre a chamada rescisão, em que é preciso avaliar o que será devido naquele momento e quais documentos devem ser apresentados. Por ser uma relação formalmente estabelecida que passará por ruptura, há diversos cálculos a serem feitos para corroborar com os respectivos direitos e deveres de cada parte, isto é, empregador e empregado. Nesta Unidade de Aprendizagem, você terá informações e conhecerá teorias sobre a forma de rescindir um contrato de trabalho e as implicações trabalhistas que o desligamento de um empregado pode revelar. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar as características dos diferentes tipos de rescisão.• Descrever os documentos envolvidos na rescisão.• Apresentar exemplos de rescisão.• Desafio A rescisão do contrato de trabalho é a ruptura da relação estabelecida, que acarretará em desdobramentos às partes. Uma das motivações para o desligamento é o ato, por parte do empregador, de despedir o empregado por razões que amparam sua tomada de decisão. Essa situação caracteriza-se pela rescisão sem justa causa, em que o empregado não apresentou um motivo grave para ter seu contrato findado. Cabe mencionar que a despedida de empregado sem justa causa é uma das formas de rescisão de contrato de trabalho que mais ocorrem no vínculo empregatício. Analise a situação de Raquel e esclareça a ela o quanto terá direito a receber em se tratando de férias na rescisão sem justa causa. Infográfico Quando a rescisão do contrato de trabalho é motivada por uma falta grave do empregado, diz-se que houve a chamada justa causa. Ou seja, trata-se da forma de rescisão do contrato de trabalho que permite que o empregador justifique a extinção do vínculo empregatício por um motivo, uma razão causada pelo empregado, denominada falta grave. Veja, no Infográfico, os exemplos em que a ação do empregado pode ser considerada falta grave e quais os comportamentos identificados nesses casos. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/a277a868-8787-4641-8dad-93bf5d688cf9/1654ba1f-f0c0-4ec0-a2c8-1f46a20e8376.png Conteúdo do livro O vínculo empregatício é marcado pela relação de trabalho entre empregador e empregado, o que pressupõe formalidade para os ritos de admissão e demissão dos trabalhadores. A extinção desse vínculo exigirá, portanto, a classificação quanto à forma de rescisão e a apuração dos direitos e deveres das partes no ato do término do contrato de trabalho. No capítulo Rescisões, da obra Administração de Pessoal, você conhecerá as formas de extinção do contrato de trabalho entre empregado e empregador, bem como as verbas rescisórias devidas ao empregado no momento do desligamento. É importante estar atento às mudanças da legislação trabalhista, que trouxe modificações ao contexto do Direito do Trabalho. Boa leitura. ADMINISTRAÇÃO DE PESSOAL Fernanda Rocha de Aguiar Rescisões Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar as características dos diferentes tipos de rescisão. Descrever documentos envolvidos na rescisão. Apresentar exemplos de rescisão. Introdução Um contrato de trabalho é um vínculo entre empresa e trabalhador e, quando extinto, gera várias obrigações para ambos os lados, a fim de que não haja prejuízo às partes e que a lei seja cumprida. Um contrato de trabalho padrão tem prazo indefinido, como prevê o art. 447 da Consoli- dação das Leis do Trabalho (CLT). Nessa situação, o empregador poderá rescindir o contrato trabalhista com ou sem justa causa. Todavia, a rescisão contratual também pode ocorrer nos contratos de prazo determinado, ressalvadas as devidas previsões para cada caso. Neste capítulo, você vai estudar os tipos de rescisão de contrato de trabalho previstos pela atual legislação. Você também vai conferir os documentos necessários para essa etapa da relação entre empregado e empregador e os cálculos envolvidos nas verbas rescisórias. Rescisões de contrato de trabalho A rescisão de contrato de trabalho está vinculada à tomada de decisão do empregador ou do empregado, apontando as motivações de forma bilateral. O empregador, no uso do poder diretivo, pode demitir o empregado com ou sem justa causa, obedecendo à legislação. Por sua vez, o empregado pode pedir demissão por motivos diversos; por exemplo, em caso de não cumprimento das obrigações por parte do empregador, como a falta de depósitos compulsórios do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), conforme Carvalho (2017). Com a entrada em vigor da legislação da Reforma Trabalhista (Lei nº. 13.467, de 13 de julho de 2017), que estabeleceu importantes alterações na relação entre empregador e empregado, tornou-se possível uma rescisão contratual de comum acordo, ou seja, consensual, que vale para o trabalhador que pede para rescindir seu contrato de trabalho ou para aquele que é demitido sem justa causa (BRASIL, 2017a). Outra mudança significativa foi a supressão da exigência de assistência da delegacia do trabalho ou de sindicato, para a rescisão de contratos de trabalho com mais de um ano de duração. A rescisão do contrato de trabalho se dá com a demissão do empregado e deve ser concretizada mediante a assinatura do Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho (TRCT), documento padronizado e obrigatório, de acordo com a legislação em vigor. As indenizações devidas na rescisão ocorrem de acordo com o motivo da rescisão contratual e o tempo de serviço do empregado; elas envolvem os elementos descritos a seguir, conforme aponta Rocha (2014). Saldo de salário: o valor remanescente de salário que o empregado tem por receber. 13º salário: o 13º salário corresponde à gratificação de 1/12 da remu- neração devida em dezembro, por mês de serviço, do ano correspon- dente. Será considerado mês integral para o caso de mais de 15 dias trabalhados. Para o cálculo do 13º salário, deve ser considerado o tempo de aviso-prévio indenizado ou trabalhado. Ele também será devido ao empregado que tenha sido demitido no decorrer do ano ou para os eventos de extinção do contrato sem justa causa. FGTS: refere-se aos depósitos mensais a serem realizados pelo empre- gador em nome do empregado, sendo devido aos empregados urbanos e rurais, conforme prevê a Constituição Federal de 1988. No caso da rescisão do contrato de trabalho, é devido ao empregador o acréscimo sobre o FGTS. Conforme a forma de término contratual, o valor é calculado, aplicando-se uma percentagem sobre o montante de todos os depósitos efetuados, inclusive sobre os depósitos já sacados ou os depósitos do mês da rescisão e do mês anterior. Férias proporcionais ou vencidas: o empregado terá direito às férias integrais se tiver cumprido o ano de trabalho ou o valor proporcional referente ao tempo trabalhado, incluindo os adicionais, em todas as modalidades de rescisão do contrato de trabalho, exceto na despedida por justa causa. Rescisões2 Acesse o link a seguir e assista a um vídeo sobre o aviso-prévio, apresentando os aspectos necessários para que empregado e empregador possam cumprir a legislação vigente. https://qrgo.page.link/oAD8q Tipos de rescisão Uma das formas de rescisão do contrato de trabalho se dá quando o tempo de trabalho é determinado no contrato; terminando esse prazo, haverá o término desse vínculo, com a cessação da validade do contrato. Porém,os casos mais estudados se referem às rescisões de contratos com prazo indeterminado, em que, por algum motivo ou decisão de uma das partes, ocorre a descontinuidade do vínculo. A seguir, são apresentados os tipos de rescisão contratual que a lei prevê e quais são as implicações legais e as verbas indenizatórias que eles podem suscitar. Rescisão por iniciativa do empregador sem justa causa Trata-se da forma mais usual de rescisão de contrato de trabalho, que ocorre quando o empregador resolve dar fi m à relação contratual existente. A dis- pensa sem justa causa pode referir-se aos contratos com menos ou com mais de um ano. No contrato com menos de um ano, o empregador deverá pagar ao empregado o saldo de salários, o aviso-prévio, o 13º salário proporcional e a indenização de 40% sobre os depósitos fundiários. Nesse caso, o empregador não precisa justificar porque está desligando o empregado, mas deve comunicar o funcionário pelo menos 30 dias antes ou pagá-lo por não ter ajuizado esse prazo. Esse é o tipo de rescisão em que a verba indenizatória prevê mais direitos, conforme descreve Garcia (2018, p. 472): A Lei nº. 13.467/2017 (Reforma Trabalhista) revogou o § 1º do art. 477 da CLT, o qual exigia assistência da delegacia do trabalho ou de sindicato, para rescisão de contratos de trabalho com mais de um ano de duração; agora, na rescisão, 3Rescisões deve o empregador pagar ao empregado saldo de salário, aviso-prévio, 13º salário proporcional, férias vencidas e proporcionais e indenização de 40% sobre os depósitos fundiários. Rescisão por iniciativa motivada do empregador com justa causa Esse tipo de demissão acontece quando o empregado incide em faltas graves que indiquem a necessidade de efetivar o seu desligamento da empresa. Garcia (2018) menciona que a demissão por justa causa pode ocorrer com base nas faltas graves previstas no art. 482 da CLT, descritas a seguir, de forma resumida: ato de improbidade; problemas de conduta ou mau procedimento, indisciplina, insubordi- nação, ofensas físicas; negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador; condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da execução da pena; desídia no desempenho das respectivas funções; embriaguez habitual ou em serviço; abandono de emprego; ato lesivo da honra ou boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa; perda de habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei para o exer- cício da profissão, em decorrência de conduta dolosa do empregado (alínea inserida ao art. 482 da CLT pela Lei nº. 13.467/2017). Portanto, no caso de demissão por justa causa, o trabalhador perde a maior parte dos seus direitos, restando-lhe o recebimento do saldo de salário dos dias trabalhados naquele mês, bem como férias proporcionais ou vencidas. Cabe ressaltar que o empregador não pode fazer anotações a respeito do motivo da demissão por justa causa na carteira de trabalho do colaborador. Rescisão indireta (justa causa aplicada pelo empregado) O art. 483 da CLT prevê a possibilidade de o empregado rescindir o contrato de trabalho por justa causa aplicada ao empregador (BRASIL, 2017b). Essa modalidade é caracterizada quando ocorre de o empregador cometer a falta Rescisões4 grave, podendo o empregado dar por rescindido o contrato de trabalho e pleitear as verbas rescisórias devidas na denominada rescisão indireta. Esse tipo de rescisão pode ocorrer ainda quando for exigido do empregado algo que não caberia às suas atividades, ou em situação que deflagre que a empresa não cumpriu com direitos e obrigações previstos no contrato de trabalho. Também se enquadram nesse aspecto o assédio moral, o assédio sexual, o risco de vida ou a sobrecarga de trabalho. Nesse caso, o empregado tem direito a receber aviso-prévio, eventuais férias proporcionais, multa de 40% do FGTS e seguro-desemprego. Rescisão por iniciativa do empregado (pedido de demissão) No caso do pedido de demissão por parte do empregado, este deve informar ao seu empregador, com a antecedência mínima de 30 dias, a intenção de se desligar da empresa. O trabalhador que pedir demissão deve cumprir o período de 30 dias de aviso-prévio; se quiser o desligamento imediato, a empresa descontará do empregado o valor correspondente ao aviso-prévio. Segundo Garcia (2018), os arts. 4º e 5º da Convenção nº. 132 da Orga- nização Internacional do Trabalho preveem direito a férias proporcionais a partir do sexto mês de contrato, inclusive no pedido de demissão, igualando os direitos de férias do empregado com menos de um ano aos de mais de um ano. Ressalta-se ainda que o empregado que pede demissão e que trabalhou por mais de um ano fará jus a saldo de salários e 13º salário proporcional. Com o advento da Reforma Trabalhista, foi criada outra modalidade de pedido de demissão. Segundo Garcia (2018), o art. 484-A da CLT estabelece a possibilidade de ocorrer a extinção do contrato de trabalho por acordo entre empregado e empregador, cujo valor das verbas rescisórias terá redução, conforme segue: à metade, para os casos de aviso-prévio, se indenizado, e indenização sobre o saldo do FGTS; na integralidade, para as demais verbas trabalhistas. A extinção do contrato prevista nesse caso permite a movimentação da conta vinculada do trabalhador no FGTS, limitada a 80% do valor dos depósitos sem o ingresso no Programa de Seguro-Desemprego. 5Rescisões Quando o empregado decide pedir demissão ou é demitido em contratos que se classificavam por tempo indeterminado, ele tem o direito de continuar trabalhando por um mês, caracterizando o aviso-prévio. Trata-se de um direito essencialmente rescisório que ocorre nos contratos por prazo indeterminado. Esse período corresponde a, no mínimo, 30 dias, e o empregado receberá o pagamento desses dias trabalhados na rescisão. Acesse o link a seguir e leia mais sobre o aviso-prévio. https://qrgo.page.link/HQCpw Rescisão por culpa recíproca (judicial) Embora de difícil caracterização, esse tipo de rescisão ocorre nos casos em que o empregador ou o empregado deu início aos fatos, apenas havendo res- posta do outro, como uma falta concomitante tanto do trabalhador quanto do representante da empresa, acarretando culpa recíproca para a cessação contratual. Nessa situação, o empregado faz jus à indenização de saldo de salário, 50% do aviso-prévio, férias integrais ou proporcionais, 13º salário proporcional (pela metade) e multa de 20% dos depósitos do FGTS, além de seguro desemprego, conforme Garcia (2018). Rescisão por morte do empregado ou empregador A pessoalidade é um elemento inerente ao contrato de trabalho. Portanto, o empregado não pode ser substituído por outro empregado nesse mesmo vínculo, o que explica a necessidade clara de extinção do contrato de trabalho em caso de morte do empregado, sendo as parcelas rescisórias direcionadas aos seus sucessores, que receberão saldo de salário, férias integrais ou proporcionais, 13º salário proporcional e levantamento do saldo do FGTS. Havendo a morte do empregador pessoa física, também é determinado o fi m da relação contratual, em que os sucessores passam a ter a responsabilidade dos encargos, incluindo multa de 40% sobre o FGTS. Rescisões6 A documentação da rescisão do contrato de trabalho Conforme o art. 477 da CLT, o empregador deverá realizar a anotação da rescisão na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), comunicar a dispensa aos órgãos competentes e realizar o pagamento das verbas rescisórias (BRASIL, 2017b). Conforme a Lei nº. 13.467/2017, o contrato fi rmado há mais de um ano não requer mais a assistência de sindicatos ou Ministério do Traba- lho para eventual orientação ou esclarecimentos ao empregado e empregador (BRASIL, 2017a). Nesse caso, a empresa não tem mais a obrigação de fazer homologação do TRCT junto a essas representações, como a lei exigia até 2017. Para a efetiva rescisãodo contrato de trabalho, são necessários alguns documentos, descritos a seguir. 1. TRCT: é o documento que comprova a quitação das verbas rescisórias e é regulamentado pela Portaria nº. 1.057, de 06 de julho de 2012. Nos casos em que não for usado o Homolognet (sistema criado em 2010 pelo Ministério do Trabalho e Emprego para homologação on-line das rescisões contratuais trabalhistas), o TRCT deve ser impresso em duas vias, sendo uma para o empregador e outra para o empregado. Ressalta-se que a utilização do sistema HomologNet é facultativa. Quando ocorrerem rescisões contratuais que não ensejam em homologação ou nos casos em que não houver a aplicação do HomologNet, deverá ser utilizado o TRCT, previsto no Anexo I da Portaria nº. 1621, de 14 de julho de 2010. Saiba mais no link a seguir. https://qrgo.page.link/LTZjM 2. CTPS: deve ser apresentada para serem realizadas as devidas anotações sobre as datas e as condições da rescisão contratual. 3. Termo de quitação de rescisão de contrato de trabalho: deve ser impresso em quatro vias, sendo uma para o empregador e três para o empregado, destinadas ao saque do FGTS e à solicitação do seguro-desemprego. 4. Termo de homologação de rescisão de contrato de trabalho, se for o caso: previsto em acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva. 7Rescisões 5. Cópia da convenção ou acordo coletivo de trabalho. 6. Comprovante do aviso-prévio ou pedido de demissão. 7. Extrato da conta do empregado vinculada ao FGTS e as devidas guias de recolhimento. 8. Guia de recolhimento rescisório do FGTS. 9. Comunicação da dispensa e requerimento do seguro-desemprego. 10. Atestado de Saúde Ocupacional. 11. Demonstrativo de parcelas variáveis consideradas para cálculo dos valores. Acesse o link a seguir e confira um exemplo de TRCT. https://qrgo.page.link/BNPhg Exemplos de rescisão No caso da rescisão do contrato de trabalho, os itens presentes no processo de rescisão são sempre iguais, sendo observado o que é previsto para cada tipo de demissão, como especifi cado anteriormente. De acordo com as leis trabalhistas brasileiras, na releitura de Garcia (2018) e de Zanluca ([201-]), no cálculo de rescisão, devem estar presentes os valores referentes aos direitos descritos a seguir. Saldo de salário São os dias efetivamente trabalhados pelo empregado naquele período, cujo valor é acrescido de horas extras e adicionais, se for o caso. Para calcular, é necessário dividir o valor do salário mensal pela quantidade de dias do mês, multiplicando-se, então, pelo número de dias respectivos à rescisão. Rescisões8 Qual é o saldo de salário para um trabalhador que trabalhou 28 dias, cujo salário é de R$ 1.200,00? Nesse caso, ao dividirmos o valor do salário por 30, temos a informação de que o empregado recebe R$ 40,00 por dia. Então, vamos multiplicar 28 (número de dias trabalhados no mês da rescisão) por 40 (salário do dia) e teremos R$ 1.120,00 de saldo de salário. Aviso-prévio Deve ser pago ao trabalhador e é referente a um mês de trabalho. No caso do exemplo anterior, o pagamento do aviso-prévio tem valor de R$ 1.200,00. É importante destacar que, no aviso-prévio trabalhado, o empregado vai trabalhar durante o período e receberá de acordo com o que foi trabalhado no mês, além das demais remunerações devidas por conta da demissão, independentemente da redução de jornada de trabalho desse período que a lei concede para que o empregado procure outro emprego. No aviso-prévio indenizado, o funcionário não vai trabalhar durante o período, mas será indenizado por esse aviso-prévio como se tivesse trabalhado. Oliveira (2017) ressalta que, a cada ano trabalhado, o aviso-prévio indenizado terá um acréscimo de três dias, porém, não pode ter adicional de dias superior a 60 dias. Ou seja, o aviso-prévio poderá variar entre 30 e 90 dias. 13º proporcional Todo trabalhador que possui carteira assinada no regime da CLT tem direito à gratifi cação natalina, que a lei prevê como sendo o 13º salário. No caso da rescisão do contrato de trabalho, deve-se atentar para o mês em que o em- pregado está sendo desligado. Segundo Oliveira (2017), para o mês contar no cálculo do 13º proporcional, o trabalhador deve ter trabalhado a fração igual ou superior a 15 dias no mês. 9Rescisões Para o cálculo do 13º salário proporcional, no caso do exemplo anterior, com salário de R$ 1.200,00, o primeiro passo é saber o mês de rescisão a ser considerado. Se, por exemplo, o empregado trabalhou cinco meses, o 13º salário proporcional deve considerar: Ou seja, a cada mês trabalhado, o empregado tem direito a R$ 100,00, que, soma- dos ao longo de um ano, darão o valor que corresponde à gratificação natalina. No momento da rescisão, esse valor proporcional deve ser multiplicado pelo número de meses trabalhados. Portanto, nesse caso, é devido de 13º proporcional ao empregado: Férias vencidas No momento da rescisão, deve-se observar o caso das férias do empregado. Existem dois períodos que devem ser destacados para o direito de férias. Assim que o empregado completar 12 meses de trabalho, ele fi naliza o período aquisitivo, que lhe concedeu a aquisição de 30 dias de descanso remunerado. A partir do primeiro dia após os 12 meses de trabalho, começa o período concessivo, em que a lei concede ao empregado o direito das férias. Se, no ato da rescisão, ele ainda não gozou as férias, considera-se que elas estão vencidas. O cálculo das férias é feito a partir da data de admissão do empregado, e seu pagamento sempre corresponderá ao salário bruto mensal acrescido de 1/3. Para o exemplo destacado de R$ 1.200,00 de salário, as férias correspondem a esse valor devido, acrescido de 1/3, o que resultaria em R$ 1.600,00. Rescisões10 Férias proporcionais As férias proporcionais são contadas quando o período aquisitivo não está completo. Assim, a empresa deve pagar pelos meses proporcionais que o empregado efetivamente trabalhou. Se o empregado trabalhou, por exemplo, quatro meses do período aquisitivo, e seu salário é de R$ 1.200,00, então: Oliveira (2017) complementa que, para o mês contar para fins de cálculo de férias proporcional, o trabalhador deve ter trabalhado a fração igual ou superior a 15 dias no período aquisitivo. FGTS e multa Por lei, todos os meses, a empresa deve depositar um valor referente ao FGTS em uma conta da Caixa Econômica Federal para cada empregado. Na rescisão de trabalho sem justa causa, o demitido pode sacar esse valor. Além disso, a empresa deve pagar uma multa de 50% sobre o valor mensal depositado no Fundo. Do total da multa, 40% vai para o funcionário e 10% para o Governo Federal. Porém, após a Reforma Trabalhista, a multa pode ser de 20% (art. 484-A, I, b, da Lei nº. 13.467/2017) nas demissões em comum acordo (BRASIL, 2017a). Salienta-se que também incide FGTS sobre o aviso-prévio, o saldo de salário e o 13º proporcional, que também terão a multa de 40%. 11Rescisões O valor da contribuição mensal de FGTS equivale a 8% da remuneração do empregado. Considerando que o salário do colaborador é de R$ 1.200,00, o recolhimento mensal corresponde a: Se, por exemplo, no ato da demissão, o empregador havia depositado o equivalente a 10 meses de trabalho, já consta na conta do FGTS do empregado o valor de R$ 960,00. Logo, o empregado receberá: Contribuição do INSS e imposto de renda Os descontos para fi ns de previdência e imposto de renda também devem ser considerados na rescisão. No entanto, a contribuição do INSS não incide sobre as férias, o IR é calculado sobre o valor total da rescisão, e não há desconto sobre a multa do FGTS. Cálculo de horas extras na rescisão Para calcular as horas extras na rescisão, o primeiro passo é saber o valor da hora de trabalho. Para considerar um mês de trabalho, usamos o referencial de 220 horas mensais. Esse coefi ciente é obtido pelo cálculo resultante dos contratos de trabalho de oito horas diárias, de segunda a sábado, que totalizam 44 horas semanais.Nesse caso, evidencia-se que temos 44 horas por semana, multiplicadas por cinco semanas no mês. O resultado é 220 horas mensais. Logo, o salário do empregado deve ser dividido pelas 220 horas mensais. Depois, deve-se multiplicar o valor da hora por 0,5 (50%), para chegar ao valor do adicional de hora extra. Para concluir, deve-se somar o valor da hora “normal” com o adicional de 50%, para saber o valor de uma hora extra. Ao verificar quantas horas extras o empregado fez, basta multiplicar o valor total de horas extraordinárias realizadas pelo valor calculado. Rescisões12 Suponha que o empregado tenha feito 10 horas extras no mês, com um salário de R$ 2.000,00. Observe o cálculo a seguir. Valor da hora: salário do empregado dividido por 220 horas mensais Valor do adicional de hora extra R$ 9,09 × 0,50 (50%) Valor da hora extra: hora normal + adicional de hora extra Valor total de horas extras realizadas: Reflexo do descanso semanal remunerado sobre as horas extras: Obs.: foi utilizado, para fins de cálculo, um mês com 26 dias úteis e 4 dias descanso. Porém, esse valor sofre variações, dependendo do mês em que ocorrem as horas extras. Fonte: Adaptado de Convenia (2018, documento on-line) Cabe ressaltar que pode haver particularidades nos cálculos de horas extras de cada empregado, como as previsões em convenções coletivas, as eventuais faltas injustificadas e outros direitos do empregado. Recomenda-se, portanto, contar com auxílio para a elaboração dos cálculos, como a contratação de profissionais ou o uso de software de gestão, garantindo a regularidade de todos os pagamentos. 13Rescisões BRASIL. Consolidação das leis do trabalho – CLT e normas correlatas. Brasília: Senado Fe- deral, Coordenação de Edições Técnicas, 2017b. E-book. Disponível em: https://www2. senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/535468/clt_e_normas_correlatas_1ed.pdf. Acesso em: 10 dez. 2019. BRASIL. Lei no. 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e as Leis n º 6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de 1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho. Diário Oficial da União, 14 jul. 2017a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/ lei/l13467.htm. Acesso em: 10 dez. 2019. CARVALHO, S. S. Uma visão geral sobre a reforma trabalhista. Mercado de Trabalho, n. 63, p. 81-94, 2017. Disponível em: http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/8130/1/ bmt_63_vis%C3%A3o.pdf. Acesso em: 10 dez. 2019. GARCIA, R. G. Manual de rotinas trabalhistas: problemas práticos na atuação diária. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2018. OLIVEIRA, A. Cálculos trabalhistas. 29. ed. São Paulo: Atlas, 2017. ROCHA, G. M. Cálculos trabalhistas para rotinas, liquidação de sentenças e atualização de débitos judiciais. 5. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2014. ZANLUCA, J. C. Manual de rotinas trabalhistas. Curitiba: Portal Tributário Editora; Maph Editora, [201-]. Disponível em: http://www.portaltributario.net.br/remote.php?0aea 2b047aad39876ee181bfe25a542f&w=amObras&a=MBRT. Acesso em: 10 dez. 2019. Leituras recomendadas BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria no. 1.057, de 6 de julho de 2012. Altera a Portaria nº 1.621, de 14 de julho de 2010, que aprovou os modelos de Termos de Rescisão do Contrato de Trabalho e Termos de Homologação. Diário Oficial da União, 9 jul. 2012. Disponível em: http://www.normaslegais.com.br/legislacao/portaria- mte-1057-2012.htm. Acesso em: 10 dez. 2019. Rescisões14 CONVENIA. Como fazer o cálculo de rescisão de contrato de trabalho? 2018. Disponível em: https://blog.convenia.com.br/calculo-de-rescisao-de-contrato-de-trabalho/. Acesso em: 11 dez. 2019. GALIA, R. W.; HABLICH, F. C. O término do contrato de trabalho por justa causa do empre- gador: a falta de recolhimento dos depósitos do FGTS e a ação de rescisão indireta do contrato de trabalho. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2018. GIGLIO, W. D. Justa causa. 7. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2000. ROMAR, C. T.; LENZA, C. P. Direito do trabalho esquematizado. 4. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2017. Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. 15Rescisões Dica do professor Com a evolução das leis trabalhistas, a legislação vem, cada vez mais, protegendo o empregado e também o empregador no caso das rescisões de trabalho, de forma a garantir que ambas as partes estejam amparadas. Quando um contrato de trabalho é extinto sem justa causa ou por pedido do empregado, a lei prevê que haja uma comunicação formal para que a outra parte seja avisada da intenção de desligamento. Essa comunicação se chama aviso-prévio. Na Dica do Professor, você conhecerá mais sobre os detalhes do aviso-prévio, quais as diferenças entre o aviso trabalhado e o indenizado e outros aspectos importantes para o seu entendimento. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/9d2b96d44dde6995e0bfb856bdccc29e Exercícios 1) As faltas graves ocorridas por parte do empregado são justificativas para a demissão por justa causa, uma vez que, nesse caso, há incontinência ou mau procedimento de sua parte. Considerando as faltas graves que ocasionam esse tipo de rescisão do contrato de trabalho, identifique a afirmativa correta: A) A condenação criminal do empregado é motivo para a demissão por justa causa, ainda que tenha havido suspensão da execução da pena. B) A improbidade do empregado pode ocasionar justa causa, exceto se ele estiver no contrato de experiência. C) São considerados faltas graves os casos em que o empregado não utiliza os equipamentos de proteção individual. D) Não é considerada falta grave a situação em que o empregado comete desídia, em que está prevista apenas a advertência por escrito. E) A embriaguez habitual no exercício não é uma falta grave, pois pode ser comprovado que o empregado é dependente químico. 2) A rescisão de contrato por culpa recíproca é uma das modalidades de desligamento do empregado de seu vínculo com a empresa e caracteriza uma condição especial de término de trabalho, qual seja, a reciprocidade no motivo da demissão. Sobre as verbas rescisórias devidas ao empregado nessa modalidade de término de contrato, é correto afirmar que: A) O empregado faz jus à indenização de 100% do aviso-prévio. B) As férias integrais ou proporcionais não são pagas ao empregado. C) O 13o salário proporcional é devido pela metade. D) A multa respectiva do FGTS é de 40% , além de seguro-desemprego. E) O empregado não faz jus ao saldo de salário devido a sua parte na culpa. 3) Com a extinção do contrato de trabalho, o empregador deverá proceder à anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, emitir o Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho (TRCT) e comunicar a dispensa aos órgãos competentes para providenciar o pagamento das verbas rescisórias. Quanto à documentação do ato da rescisão do contrato de trabalho, algumas regras devem ser cumpridas como: A) O Termo de Homologação de Rescisão de Contrato de Trabalho nunca deve ser usado porque foi extinto. B) O TRCT é o documento que comprova a quitação das verbas rescisórias, mas não é regulamentado em lei. C) Conforme a publicação da Lei no 13.467/2017, o contrato firmado há mais de 1 ano não requer assistência de sindicatos ou do Ministério do Trabalho. D) O Homolognet é um software pago pelas empresas edeve ser usado, obrigatoriamente, na rescisão contratual. E) Nos casos em que a empresa não usar o Homolognet, o TRCT deve ser ajuizado em cartório. 4) As férias proporcionais são contadas quando o período aquisitivo não está completo. Suponha, por exemplo, que João tenha trabalhado do dia 10/03/20X1 até 10/08/20X1 com um salário de R$ 2.400,00 e que tenha sido demitido. Para fins de verbas rescisórias, será calculado o valor das férias proporcionais, que resultará em: A) R$ 2.000,00. B) R$ 2.400,00. C) R$ 1.300,00. D) R$ 1.800,00. E) R$ 1.333,33. A rescisão por iniciativa do empregador, sem justa causa, é a forma mais usual de rescisão de contrato de trabalho quando o empregador resolve dar fim à relação contratual existente. 5) Nesse caso, pode-se afirmar que: A) Esse tipo de rescisão pode ser aplicado em contratos com menos ou mais de 1 ano. B) O empregador deve comunicar o funcionário, pelo menos, 10 dias antes. C) Esse tipo de rescisão não tem aviso-prévio, pois é imotivado. D) O empregador deve pagar indenização de 20% sobre os depósitos fundiários. E) Esse tipo de rescisão exige a assistência da delegacia do trabalho ou de sindicato. Na prática Dentre os tipos de rescisão de contrato de trabalho, a demissão por culpa recíproca é mais rara e nem sempre de fácil entendimento. O artigo 484 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) dispõe que: "havendo culpa recíproca no ato que determinou a rescisão do contrato de trabalho, o Tribunal de Trabalho reduzirá a indenização à que seria devida em caso de culpa exclusiva do empregador, por metade." Veja, neste Na Prática, um caso real de uma empresa de segurança que demitiu um de seus vigilantes acusando-o de não ter usado os mecanismos de segurança previstos em sua atividade, o que caracterizaria demissão por justa causa. O empregado entrou na Justiça do Trabalho para buscar seus direitos, restando-lhe a caracterização de culpa recíproca no fato demonstrado. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/41c1e289-db08-4658-9b90-7a6435464f84/34c0b89f-aaa3-4dbe-be8b-16346011ac00.png Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Rescisão por comum acordo viabiliza demissão de funcionário com bastante tempo de empresa Nesta matéria, você poderá entender mais sobre a demissão por comum acordo, recurso proveniente da Reforma Trabalhista e que auxilia na rescisão de contrato de trabalho. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. TST homologa rescisão indireta por falta de hora extra e insalubridade Veja, nesta notícia, o pronunciamento do TST sobre como o não pagamento de hora extra e adicional de insalubridade caracteriza falta grave do empregador e possibilita a finalização do contrato de trabalho na modalidade indireta. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Tipos de contrato de trabalho permitidos pela lei Neste link, você poderá entender mais sobre as regras do contrato de trabalho, qual a sua definição à base da CLT e quais são as formas de contrato. https://www.fecomercio.com.br/noticia/rescisao-por-comum-acordo-viabiliza-demissao-de-funcionario-com-bastante-tempo-de-empresa https://www.conjur.com.br/2019-jun-03/tst-homologa-rescisao-indireta-falta-hora-extra Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://noticias.universia.com.br/emprego/noticia/2019/06/02/1164897/tipos-contrato-trabalho-permitidos-lei.html
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