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DIREITO DE FAMÍLIA E SUCESSÕES Módulo: Sucessão Legítima TEMA 01 – Sucessão Legítima – Conceito; Formas; Espécies; Aspectos relevantes e polêmicos. 1. CONCEITO Para tratarmos sobre o conceito de sucessão legítima, analisaremos, em primeiro momento, os ensinamentos do doutrinador Flávio Tartuce: A sucessão legítima é aquela que decorre de imposição da norma jurídica, uma vez que o legislador presume a vontade do morto, ao trazer a ordem de vocação hereditária que deve ser observada no caso de seu falecimento sem testamento.(TARTUCE, 2017)1 Assim, de forma simplificada, a sucessão legítima ocorre sempre que o falecido não deixar testamento, que é a outra forma de sucessão, qual seja, a sucessão testamentária. Assim como explica a Revista Migalhas: É bastante comum surgirem dúvidas sobre a sucessão de bens. A sucessão da legítima é a transmissão em razão de morte àquelas pessoas indicadas em testamento (disposição de última vontade) ou, na sua ausência, na legislação civil como beneficiários da herança do de cujus (falecido). Via de regra, a sucessão é identificada por classes, na qual uma classe de herdeiros exclui a outra. Em caso de herdeiros da mesma classe, os parentes mais próximos excluem os mais remotos, exceto se o título hereditário for idêntico (por exemplo, irmãos). A legislação prevê a seguinte ordem de sucessão (ou ordem de vocação hereditária): (i) aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente se estiver casado no regime de comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens ou ainda no regime da comunhão parcial, caso o autor da herança não tenha deixado bens particulares; (ii) aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; (iii) ao cônjuge sobrevivente; e (iv) aos colaterais. Em se tratando de descendentes (filhos, netos, bisnetos, por exemplo), a partilha entre esses e o cônjuge sobrevivente é feita por divisão em partes iguais tantos quantos forem os herdeiros. 1 Tartuce, Flávio - Direito civil, v. 6: direito das sucessões – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2017, P. 92. Camila Lopes Anacleto Miranda - 10514954663 No caso de ascendentes (pais, avós e bisavós, por exemplo), o direito do cônjuge sobrevivente somente será reconhecido se este não estiver separado de fato (mais de 2 anos) ou por meio de decisão judicial. Os ascendentes somente terão direito à sucessão em caso de inexistência de descendentes. O cônjuge sobrevivente terá direito integral à herança em caso de inexistência de descendentes ou ascendentes. Por fim, os herdeiros colaterais, nos termos do artigo 1.592 do Código Civil de 2002, são parentes em linha colateral ou transversal, provenientes de um só tronco familiar, sem descenderem uma das outras, tais como irmãos, tios, sobrinhos, primos, etc. A legislação civil, todavia, permite a sucessão de colaterais até o quarto grau. Na falta de herdeiros ou, em havendo, mas tendo os herdeiros renunciado à herança, a sucessão da legítima é deferida ao Poder Público, por meio da herança jacente. (SILVEIRA, 2018)2 CONCEITO DE SUCESSÃO LEGÍTIMA “Sucessão Legítima ocorre quando alguém, antes de morrer, não deixa testamento sobre o destino de seus bens. Dá-se, portanto, quando o falecido não dispõe de seus bens, deixando à própria lei a determinação de como eles devem ser deferidos. Enfim, é a lei que prescreve as preferências que devem prevalecer entre os parentes que deverão herdar os bens deixados pelo de cujus, passando o patrimônio deste às pessoas indicadas pela lei, obedecendo-se à ordem de vocação hereditária.” (ARAÚJO, 2018, APUD, DOWER, p. 15, 2004)3 2. FORMAS DE SUCESSÃO Dispõe o artigo 1.786 do Código Civil: “A sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade.” Portanto, o Código Civil disciplina dois tipos de sucessão: a sucessão e a sucessão testamentária. A sucessão legítima, também denominada ab intestato, que é aquela que opera por força de lei e que ocorre em caso de inexistência, invalidade ou caducidade de testamento e, também, em relação aos bens nele não compreendidos. Conforme ensina Carlos Roberto Gonçalves: O caráter subsidiário da sucessão legítima é estabelecido no art. 1.788 do Código Civil, verbis: “Morrendo a pessoa sem testamento, transmite 2 SILVEIRA, Vladmir. A sucessão da legítima. Revista Migalhas. 2018. Disponível em: <https://www.migalhas.com.br/depeso/275791/a-sucessao-da-legitima> Acesso: 22.ago.22 3 ARAÚJO, Fabrícia Alves. Espécies de sucessões. Revista Jus. 2018. Publicado em: <https://jus.com.br/artigos/63802/especies-de-sucessao> Acesso em: 22.ago.22 Camila Lopes Anacleto Miranda - 10514954663 a herança aos herdeiros legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no testamento; e subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar, ou for julgado nulo (GONÇALVES, 2012)4 Assim, quando o falecido não fez testamento, ou o por ele deixado foi declarado inválido, a lei encarrega-se de fazer a partilha do seu patrimônio, ou aos bens não abrangidos pelo ato de última vontade, dispondo que irão para certas pessoas de sua família e, na falta destas para o Poder Público. Enquanto na sucessão testamentária é sucessor o designado no testamento, na legítima é a lei que diretamente o designa; mas a existência de testamento não exclui a sucessão legítima, portanto sucessão testamentária pode conviver com a sucessão legítima, uma vez havendo herdeiro necessário, a quem a lei assegura o direito à legítima, ou quando o testador dispõe apenas de parte de seus bens. Assim, temos o herdeiro legítimo que é a pessoa indicada na lei como sucessor nos casos de sucessão legal, a quem se transmite a totalidade ou quota-parte da herança; e o herdeiro testamentário que é o sucessor a título universal nomeado em testamento. 3. CLASSIFICAÇÃO DOS HERDEIROS LEGÍTIMOS Os herdeiros legítimos distinguem-se em herdeiros legítimos necessários ou também denominados como legitimários ou reservatários; e os herdeiros legítimos facultativos. Com relação aos herdeiros necessários Carlos Roberto Gonçalves ensina: Herdeiro necessário é o parente e o cônjuge com direito a uma quota- parte da herança, da qual não pode ser privado. No atual Código ostentam tal título os descendentes, os ascendentes e o cônjuge. A parte que lhes é reservada pela lei e que constitui a metade dos bens do falecido chama-se legítima. A existência de tais herdeiros impede a disposição, por ato de última vontade, dos bens constitutivos da legítima ou reserva. (GONÇALVES, 2012)5 Assim, os herdeiros necessários não podem ser privados da sua quota-parte da herança, por disposição legal. Assim como menciona o artigo 1.789 do Código Civil dispõe: “Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade da herança.” Portanto, todos que possuam herdeiros necessários não podem testar mais 4 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil Brasileiro: Direito de Família, Vol. 7. 15ª Ed. Saraiva. 2012. Pág.62. 5 Idem. Camila Lopes Anacleto Miranda - 10514954663 do que metade do seu patrimônio, estando reservado a outra metade para os herdeiros necessários. Ressalta-se que, os herdeiros necessários estão previstos no artigo 1.845 do Código Civil: “São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge.” Assim, somente os descendentes, ascendentes e cônjuge são considerados herdeiros necessários. Já os herdeiros facultativos herdam na ausência de herdeiros necessários e testamento que disponha o destino do patrimônio do falecido; portanto para serem excluídos basta que o testador disponha por inteiro de seu patrimônio sem contemplá- los. Carlos Roberto Gonçalves sintetiza: Em resumo: havendo herdeiros necessários, a liberdade de testar é restrita à metade disponível; havendo somente herdeiros facultativos, é plena. Todo herdeiro necessário élegítimo, mas nem todo herdeiro legítimo é necessário (GONÇALVES, 2012) Portanto, a existência ou não de herdeiros necessários é que se verificará a liberdade ou não de testar. Desta forma, é preciso observar o que prescreve o artigo 1.787 do Código Civil: “Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela.” Portanto, o dispositivo enuncia um princípio fundamental do direito sucessório, qual seja, é no momento da morte do de cujus que se apuram os legitimados para suceder. Isso porque é nesse instante que o patrimônio se transmite automaticamente, pelo princípio da saisine, aos herdeiros legítimos e testamentários. Assim, continuam regidas pelo Código Civil de 1916 as sucessões abertas até o último dia de sua vigência, enquanto as que forem abertas após a entrada em vigor do novo diploma por este serão reguladas, como expressamente prescreve o Artigo 2.041 das Disposições Finais e Transitórias. 4. ESPÉCIES DE SUCESSÃO LEGÍTIMA As regras de sucessão legítima estão intimamente ligadas às categorias relativas ao parentesco; isso porque, o direito parental ou as relações de parentesco trazem, como conteúdo, as relações jurídicas estabelecidas entre pessoas que mantêm entre si um vínculo familiar, sobretudo de afetividade. O Código Civil dispõe sobre a ordem da sucessão legítima em seu artigo 1.829: Camila Lopes Anacleto Miranda - 10514954663 Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; III - ao cônjuge sobrevivente; IV - aos colaterais. Assim, percebe-se que o legislador elegeu 4 (quatro) classes de sucessores: 1ª Classe: Descendentes e Cônjuge/Companheiros em concorrência. 3ª Classe: Cônjuge/Companheiro. 2ª Classe: Ascendentes e Cônjuge/Companheiro em concorrência. 4ª Classe: Colaterais até 4º grau – irmãos, sobrinhos, tios, primos, tio-avô, sobrinhos netos. 5. ASPECTOS RELEVANTES E POLÊMICOS Conforme ensina Flávio Tartuce: Como é notório, a atual codificação privada alterou substancialmente o tratamento da sucessão legítima. Esse talvez seja, na atualidade, um dos aspectos mais comentados e criticados do atual sistema civil brasileiro, havendo, no presente, uma verdadeira Torre de Babel doutrinária e jurisprudencial a respeito do tema. (TARTUCE, 2017)6 Assim, algumas mudanças trazidas pelo Código Civil de 2002 trouxeram polêmicas quanto a sucessão legítima, que pode ser resumida em duas principais polêmicas: O Código Civil Brasileiro de 2002 trouxe inovações para a sucessão legítima (vide anexo 01): a) SISTEMA DE CONCORRÊNCIA SUCESSÓRIA DO CÔNJUGE E DO COMPANHEIRO, EM RELAÇÃO A DESCENDENTES, ASCENDENTES E COLATERAIS. 6 TARTUCE, Flávio. Direito Civil, v. 6: direito das sucessões– 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2017. Pág. 98. Camila Lopes Anacleto Miranda - 10514954663 Não existia a concorrência sucessória envolvendo o cônjuge e o companheiro; que foi introduzido o sistema de concorrência sucessória envolvendo o cônjuge e o companheiro, nos termos dos Artigos 1.829 e 1.790 do Código Civil, respectivamente. Já havia uma tendência doutrinária e jurisprudencial de equipar a sucessão do companheiro à do cônjuge, unificando o tratamento sucessório de ambos. o que acabou sendo adotado pelo STF, por maioria já obtida no ano de 2016 no Recurso Extraordinário 878.694/MG, com repercussão geral; com a inclusão do companheiro na ordem do Artigo 1.829 do Código Civil, equiparado ao cônjuge. O Código Civil de 2002 consagra o direito real de habitação como direito sucessório a favor do cônjuge casado por qualquer regime de bens; nos termos do artigo 1831; contudo, o direito real de habitação como direito sucessório do convivente não é expresso no Código Civil de 2002; mas já prevalecia o entendimento pela sua manutenção, segundo doutrina e jurisprudência majoritárias. b) TRATAMENTO DIFERENCIADO SUCESSÓRIO ENTRE O CÔNJUGE E O COMPANHEIRO. Nesse caso, o artigo 1.790 veio a ser declarado inconstitucional em 2016 pelo STF, trazendo equiparação sucessória total entre o casamento e a união estável, para os fins de repercussão geral (STF, Recurso Extraordinário 878.694/MG, Rel. Min. Luís Roberto Barroso). A tese fixada foi que no sistema constitucional vigente, é inconstitucional a distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros, devendo ser aplicado, em ambos os casos, o regime estabelecido no art. 1.829 do Código Civil de 2002. Na prática do Direito das Sucessões, e também para o Direito de Família passa a ser firme e majoritária a premissa da equiparação da união estável ao casamento, igualdade também adotada pelo Novo CP. Camila Lopes Anacleto Miranda - 10514954663 BIBLIOGRAFIA DIAS, Maria Berenice Manual de direito das famílias I Maria Berenice Dias. 10. ecl. rev., atual. e ampliada. -- São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015. GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil Brasileiro: Direito de Família, Vol.7. 15ª Ed. Saraiva. 2012. TARTUCE, Flávio. Direito Civil, v. 6: direito das sucessões– 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2017. Camila Lopes Anacleto Miranda - 10514954663 ANEXO 017 7 TARTUCE, Flávio. Direito Civil, v. 6: direito das sucessões– 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2017. Pág. 100/101. Sucessão no Sistema anterior Sucessão no Sistema atual Não existia a concorrência sucessória envolvendo o cônjuge e o companheiro. Foi introduzido o sistema de concorrência sucessória envolvendo o cônjuge (art. 1.829 do CC/2002) e o companheiro (art. 1.790 do CC/2002). A ordem de sucessão legítima estava prevista no art. 1.603 do CC/1916 (“A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I – aos descendentes; II – aos ascendentes; III – ao cônjuge sobrevivente; IV – aos colaterais; V – aos Municípios, ao Distrito Federal ou à União”). Não havia maiores complicações na ordem, justamente diante da inexistência do instituto da concorrência sucessória. A ordem relativa à sucessão legítima consta do art. 1.829 do CC/2002, com a introdução da complicada concorrência sucessória do cônjuge (“A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I – aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens [art. 1.640, parágrafo único]; ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; II – aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; III – ao cônjuge sobrevivente; IV – aos colaterais”). Camila Lopes Anacleto Miranda - 10514954663 Existia previsão de um usufruto vidual a favor do cônjuge do falecido no art. 1.611 do CC/1916 (“À falta de descendentes ou ascendentes será deferida a sucessão ao cônjuge sobrevivente, se, ao tempo da morte do outro, não estava dissolvida a sociedade conjugal. § 1.º O cônjuge viúvo, se o regime de bens do casamento não era o da comunhão universal, terá direito, enquanto durar a viuvez, ao usufruto da quarta parte dos bens do cônjuge falecido, se houver filhos, deste ou do casal, e à metade, se não houver filhos embora sobrevivam ascendentes do de cujus”). Não há mais o usufruto vidual a favor do cônjuge, pois esse foi supostamente substituído pelo instituto da concorrência sucessória.A sucessão do companheiro não constava do CC/1916, mas de duas leis que regulamentavam a união estável: a Lei 8.971/1994 e a Lei 9.278/1996. O art. 2.º da Lei 8.971/1994 tratava substancialmente dos direitos sucessórios decorrentes da união estável, nos seguintes termos: “As pessoas referidas no artigo anterior participarão da sucessão do(a) companheiro(a) nas seguintes condições: I – o(a) companheiro(a) sobrevivente terá direito enquanto não constituir nova união, ao usufruto de quarta parte dos bens do de cujos, se houver filhos ou comuns; II – o(a) companheiro(a) sobrevivente terá direito, enquanto não constituir nova união, ao usufruto da O confuso e tão criticado art. 1.790 do CC/2002 tratava especificamente da sucessão do companheiro ou convivente nos seguintes termos: “A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes: I – se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho; II – se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles; III – se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança; IV – Camila Lopes Anacleto Miranda - 10514954663 metade dos bens do de cujos, se não houver filhos, embora sobrevivam ascendentes; III – na falta de descendentes e de ascendentes, o(a) companheiro(a) sobrevivente terá não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança”. Não há mais o usufruto a favor do companheiro ou convivente, mais uma vez supostamente substituído pela concorrência sucessória. Muitos doutrinadores e julgadores já reputavam como inconstitucional o tratamento diferenciado sucessório do companheiro em relação ao cônjuge, o que acabou sendo adotado pelo STF, por maioria já obtida no ano de 2016 (Recurso Extraordinário 878.694/MG, Rel. Min. Luís Roberto Barroso, com repercussão geral). A tese firmada foi de inclusão do companheiro na ordem do art. 1.829 do Código Civil, equiparado ao cônjuge. Camila Lopes Anacleto Miranda - 10514954663 O CC/2002 consagra o direito real de habitação como direito sucessório a favor do cônjuge casado por qualquer regime de bens. Nos termos do seu art. 1.831: “Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar”. O direito real de habitação como direito sucessório do convivente não é expresso no CC/2002. Todavia, como se verá, já prevalecia o entendimento pela sua manutenção, segundo doutrina e jurisprudência majoritárias. Com a tão comentada decisão do STF, de equiparação sucessória da união estável ao casamento, a afirmação ganha força. São herdeiros necessários, expressamente na lei, os descendentes, os ascendentes e o cônjuge (art. 1.845 do CC/2002). Mais uma vez, com a decisão do STF deve-se concretizar a anterior tese de inclusão do companheiro no rol dos herdeiros necessários, o que já era defendido por parte da doutrina brasileira. Camila Lopes Anacleto Miranda - 10514954663
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