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Conforto Ambiental 
Prof. Altimar Cypriano 
PARTE I 
VENTILAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO 
Conforto Ambiental - conceitos 
Objetivos: Conhecer os conceitos básicos do conforto ambiental. 
 
Introdução 
O ser humano sempre procurou abrigo para se proteger das intempéries e perigos do ambiente 
exterior, as cavernas foram possivelmente os primeiros abrigos, que possibilitavam aos seres 
humanos condições de sobrevivência. O homem foi, com o passar do tempo, dominando o fogo, 
técnicas de agricultura e de construir seu próprio abrigo, tendo adquirido o conhecimento das 
condições climáticas e de adaptar-se a elas. A arquitetura vernacular1 em diversas regiões do 
mundo demonstra como os povos foram se adaptando ao clima, desenvolvendo técnicas e 
conceitos para tornar os ambientes mais adequados às condições humanas. Como exemplo, 
abaixo temos as habitações do povo Mesa Verde, no deserto do Colorado, nos Estados Unidos - 
– habitações adaptadas ao clima, protegidas do sol pelas encostas de pedra. (LAMBERTS, Et al, 
2003) 
Habitações do povo Mesa Verde (Colorado, USA) 
Fonte: Lamberts Et. al. (2003) 
 
1 Ver artigo: Arquitetura vernacular – Em busca de uma definição de Rubenilson Brazão Teixeira, 
disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/17.201/6431 
O homem é um animal homeotérmico e, para sobrevivência, necessita manter uma temperatura 
interna relativamente constante (FROTA & SCHIFFER 2001), em torno de 37°C. É por meio do 
metabolismo que o organismo controla o ganho ou perda de calor. 
O conforto ambiental está relacionado às condições de habitabilidade dos ambientes e sua 
implicação na exigência de adaptação das pessoas ao calor, umidade, som e luz. As principais 
variáveis climáticas de conforto térmico são: temperatura, umidade, velocidade do ar e radiação 
solar. Existe uma relação entre os elementos de conforto, podendo haver interferência entre 
eles, por exemplo, a luz proveniente do Sol, fornece também calor, que implicará num ganho 
térmico nem sempre pretendido, portanto, neste caso, o controle da insolação é necessário. 
“As principais variáveis climáticas de conforto térmico são temperatura, 
umidade e velocidade do ar e radiação solar incidente. Guardam estreitas 
relações com regime de chuvas, vegetação, permeabilidade do solo, águas 
superficiais e subterrâneas, topografia, entre outras características locais que 
podem ser alteradas pela presença humana”. (FROTA & SCHIFFER 2001) 
 
O arquiteto romano Vitrúvio em “Dez livros sobre a Arquitetura” (séc. I a.C.)2, a arquitetura 
baseada em três preceitos: "Utilitas" (comodidade e função), "Firmitas" (solidez) e "Venustas" 
(beleza)3. “Utilitas” trata da função a que se destina o espaço – quais atividades serão 
desenvolvidas ali, assim como a sua comodidade, ou seja, quais as condições os usuários terão 
ao desenvolver essas atividades (LAMBERTS, Et al, 2003.) Quanto menor o esforço do usuário 
para se adaptar, maior o conforto do ambiente. 
“A Arquitetura deve servir ao homem e ao seu conforto, o que abrange o seu 
conforto térmico. O homem tem melhores condições de vida e de saúde 
quando seu organismo pode funcionar sem ser submetido a fadiga ou 
estresse, inclusive térmico. A Arquitetura, como uma de suas funções, deve 
oferecer condições térmicas compatíveis ao conforto térmico humano no 
interior dos edifícios, sejam quais forem as condições climáticas externas. 
Por outro lado, a intervenção humana, expressa no ato de construir seus 
espaços internos e externos, altera as condições climáticas locais, das quais, 
por sua vez, também depende a resposta térmica da edificação” (FROTA & 
SCHIFFER 2001) 
 
2 Marco Vitrúvio Polião, arquiteto romano. 
 
Leia mais sobre técnicas vernaculares de construção em: 
https://www.archdaily.com.br/br/867182/11-tecnicas-vernaculares-de-construcao-que-estao-
desaparecendo 
 
Conceito de Conforto Ambiental | Ventilação 
O conceito de conforto ambiental, pode ser entendido como a avaliação e o atendimento das 
exigências humanas, baseados no princípio de que quanto maior for o esforço de adaptação do 
indivíduo no ambiente em função da atividade que estiver desenvolvendo, maior será sua 
sensação de desconforto. Assim do ponto de vista fisiológico o “esforço de adaptação” do 
indivíduo está relacionado aos sistemas de percepção da luz, som e calor, portanto, se a 
iluminação, o som ou a temperatura do ambiente não estiver adequada irá demandar esforço 
do usuário. Compete ao projeto a adequação da arquitetura e do design de interiores ao clima, 
objetivando atenuar as sensações de desconforto impostas por climas rigorosos. 
 
Temos como objetivos do conforto ambiental: 
• Conforto térmico: temperaturas adequadas – evitando temperaturas internas muito 
elevadas no verão e muito baixas no inverno; 
• Ventilação: renovação do ar interno – eliminação de odores, poluentes, etc. e eliminar 
excesso de calor interno; 
• Acústica – condições de trabalho e sossego – níveis de ruídos aceitáveis e não 
prejudiciais ao sistema auditivo; 
• Iluminação – visibilidade, segurança, orientação – por meio dos aspectos quantitativos, 
ou seja, quantidade de luz adequada as tarefas e funções dos ambientes – níveis de 
iluminância (E – em lux) bem como a sua distribuição, considerando também os 
aspectos qualitativos, como o conforto e ergonomia visual, evitando ofuscamentos, 
brilhos e reflexões, levando em conta os aspectos estéticos fundamentais na concepção 
do espaço. 
Nesta primeira parte vamos abordar as questões relativas ao conforto ambiental associadas a 
ventilação e sua contribuição no processo de projeto, promovendo a renovação do ar e 
auxiliando no controle da temperatura dos ambientes internos. Também iremos abordar nesta 
primeira parte o auxílio de técnicas artificiais de resfriamento, por meio de dimensionamento 
de equipamentos de ar-condicionado. A segunda parte da apostila será destinada aos conceitos 
de luminotécnica e acústica. 
 
Principais variáveis do conforto Ambiental 
 
Fonte: Vianna e Gonçalves, (2001) 
 
A ventilação dos ambientes pode ser natural, quando por meio das aberturas, há o 
deslocamento do ar através do edifício (FROTA & SCHIFFER 2001) ou a ventilação pode ser 
mecânica ou artificial, quando esse processo é provocado por algum tipo de equipamento que 
necessite do consumo de energia. A ventilação natural pode ser promovida por diferença de 
pressão (ação dos ventos) ou por diferença de temperatura (efeito chaminé). 
“Quando a ventilação natural de um edifício é criteriosamente estudada, 
verifica-se a conjugação dos dois processos. No entanto, a simultaneidade dos 
processos pode resultar na soma das forças, ou pode agir em contraposição e 
prejudicar a ventilação dos ambientes. A identificação de ocorrência de uma ou 
de outra situação depende da análise de cada caso, especificamente. 
A ocupação dos edifícios por pessoas, máquinas e equipamentos e a exposição 
à radiação solar vão ocasionar, nos ambientes internos, temperaturas 
superiores às do ar externo. Esse acréscimo de temperatura, no caso de inverno 
nos climas quentes ou no caso geral de climas frios, pode ser um fator positivo, 
porém, na época de verão dos climas temperados ou durante todo o ano em 
climas quentes certamente será um fator negativo, agravante das condições 
térmicas ambientais”. (FROTA & SCHIFFER 2001) 
 
O conforto térmico é de acordo com a ASHRAE4 é a condição que expressa satisfação com o 
ambiente térmico, e essa condição de satisfação indica para o conceito de neutralidade térmica 
quando não há nem acúmulo nem perda excessiva de calor entre o organismo e o ambiente, 
que é uma condição para o conforto térmico. 
De acordo com Lamberts Et al (2003) “Quanto maior a resistência térmica da roupa, menor serão 
suas trocas de calor com o meio”, portanto é evidente que se deve utilizar a vestimenta 
adequada ao clima do lugar. Lamberts Et al (2003)citando Fanger apresenta o conceito de Voto 
Médio Predito (PMV)5 que é um “índice numérico que traduz a sensibilidade humana ao frio e 
ao calor”, sendo que para o conforto térmico o PMV equivale a zero, a partir do conceito de 
PMV, foi definido o conceito de Porcentagem de Pessoas Insatisfeitas (PPD)6 Lamberts Et al 
(2003). 
 
Gráfico que relaciona PMV – Voto Médio Predito e PPD – Percentual de Pessoas Insatisfeitas 
 
Fonte: Lamberts 
 
4 ASHRAE - American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers – Sociedade 
Americana de Engenheiros de Aquecimento, Refrigeração e Ar Condicionado. https://www.ashrae.org/ 
5 PMV, do inglês – Predicted Mean Vote. 
6 PPD, do inglês – Predicted Peercentage of Dissatisfied. 
https://www.ashrae.org/
Variáveis de projeto. 
De acordo com Vianna e Gonçalves (2001), existe uma “relação fundamental entre HOMEM, 
CLIMA e ARQUITETURA”, sendo o clima uma importante variável de projeto, para o 
desenvolvimento do projeto arquitetônico. “Três momentos” são de fundamental importância 
nesse processo: conhecimento do clima, avaliação das exigências humanas e funcionais e o 
projeto do edifício propriamente dito. 
O termo clima do grego “inclinação”, se referindo ao ângulo formado pelo eixo de rotação da 
terra e o seu plano de translação. 
“O clima é o estudo médio do tempo para o determinado período ou mês em 
uma certa localidade. Também, se refere às características da atmosfera 
inseridas das observações contínuas durante um certo período. O clima 
abrange maior número de dados e eventos possíveis das condições de tempo 
para uma determinada localidade ou região. Inclui considerações sobre os 
desvios em relação às médias, variabilidade climática, condições extremas e 
frequências de eventos que ocorrem em determinada condição do tempo” 
(INMET7) 
São dez principais climas no mundo, sendo eles: Equatorial, Tropical, Subtropical, Temperado, 
Mediterrâneo, Desértico, Semiárido, Continental Árido, Frio de Montanha ou de Altitude e Polar. 
Os climas mais extremos são o Desértico bastante quente durante o dia, com média de 30°C, e 
noites frias e o clima Polar, extremamente frio, apresentando temperaturas sempre abaixo de 
0°C. (Pensamento Verde)8. As classificações dos tipos de clima dependem de aspectos como a 
meteorologia, a flora e a fauna. 
O território brasileiro é muito extenso e apresenta grande variedade climática, existindo 
basicamente três tipos de clima no país: equatorial, tropical e temperado. Em grande parte do 
país está presente o clima equatorial, que abrange a região da Floresta Amazônica, que 
apresenta um grande índice pluviométrico e muito calor. Na região sul brasileira, a mais fria do 
país, há predominância do clima temperado. O clima tropical apresenta variação em função da 
região. (IBGE9) 
 
 
 
7 INMET – Instituto Nacional de Meteorologia 
8 Site Pensamento verde - https://www.pensamentoverde.com.br/meio-ambiente/saiba-quais-sao-os-
principais-tipos-de-climas-mundo/ 
9 IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
Mapa dos tipos de climas no Brasil 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: https://cnae.ibge.gov.br/images/7a12/mapas/Brasil/clima.pdf, editado pelo autor. 
 
Um dos grandes problemas que têm se apresentado para a sociedade contemporânea é o 
aquecimento global, decorrente da poluição, destruição de florestas, aumento populacional e 
etc. e que tem provocado mudanças nos climas ao redor do Planeta. Um indicador dessas 
mudanças é o aumento da temperatura média mundial “que teve um acréscimo de 
aproximadamente 0,7°C no século passado” (LAMBERTS ET AL, 2003). 
Por conta das dimensões do território brasileiro, o clima no país é bem variado, existindo 
segundo o IBGE cinco climas e de acordo com Lamberts Et al (2003) a presença de seis climas 
predominantes: Tropical, Equatorial, Semiárido, Subtropical, Tropical Atlântico e Tropical de 
Altitude. Em decorrência dos tipos de clima no Brasil, segundo Lamberts Et al (2003), a estratégia 
bioclimática mais indicada é a ventilação natural. 
 
 
Mapa dos tipos de climas no Brasil 
 
Fonte: Lamberts Et. al. (2003) 
 
Se a arquitetura vernacular espontânea natural de cada região (autóctone) demonstra a 
compreensão das determinantes climáticas para a obtenção do conforto nas construções 
(MASCARÓ, 1983), os avanços tecnológicos por sua vez, têm permitido ao homem um maior 
domínio e controle de informações climáticas e a aplicação no desenvolvimento do projeto 
arquitetônico. 
 
“Adequar a arquitetura ao clima de um determinado local significa construir 
espaços que possibilitem ao homem condições de conforto (...) À arquitetura 
cabe, tanto amenizar as sensações de desconforto impostas por climas muito 
rígidos, tais como os de excessivo calor, frio ou ventos, como também 
propiciar ambientes que sejam, no mínimo, tão confortáveis como os espaços 
ao ar livre em climas amenos. 
Dentre as variáveis climáticas que caracterizam uma região, podem-se 
distinguir as que mais interferem no desempenho térmico dos espaços 
construídos: a oscilação diária e anual da temperatura e umidade relativa, a 
quantidade de radiação solar incidente, o grau de nebulosidade do céu, a 
predominância de época e o sentido dos ventos e índices pluviométricos”. 
(FROTA & SCHIFFER 2001) 
 
Se considerarmos o homem como o centro de atenção, a radiação solar, a temperatura a 
umidade e os ventos são os fatores que deverão ser considerados no processo de projeto para 
o conforto ambiental. 
A radiação solar é uma energia eletromagnética, de onda curta, que atinge a Terra após ser 
parcialmente absorvida pela atmosfera. A maior influência da radiação solar é na distribuição da 
temperatura do globo. As quantidades de radiação variam em função da época do ano e da 
latitude. Este fenômeno pode ser mais bem elucidado se examinarmos o movimento aparente 
do Sol em relação à Terra. 
A Temperatura é a grandeza que caracteriza o estado térmico de um corpo ou sistema. 
Fisicamente o conceito dado a quente e frio é um pouco diferente do que costumamos usar no 
nosso cotidiano. Podemos definir como quente um corpo que tem suas moléculas agitando-se 
muito, ou seja, com alta energia cinética. Analogamente, um corpo frio, é aquele que tem baixa 
agitação das suas moléculas. Ao aumentar a temperatura de um corpo ou sistema pode se dizer 
que está se aumentando o estado de agitação de suas moléculas. 
A umidade atmosférica é consequência da evaporação das águas e da transpiração das plantas. 
Corresponde à quantidade de vapor de água que encontramos na atmosfera. 
Os Ventos se originam do movimento das massas de ar e de sua direção. O movimento e direção 
dessas massas de ar dependem do aquecimento da superfície da Terra, que ocorre de maneira 
diversa em função do tipo de solo, vegetação, topografia e altitude do local. 
 
As exigências humanas de conforto térmico estão relacionadas com o 
funcionamento de seu organismo, cujo mecanismo, complexo, pode ser, grosso 
modo, comparado a uma máquina térmica que produz calor segundo sua 
atividade. O homem precisa liberar calor em quantidade suficiente para que 
sua temperatura interna se mantenha da ordem de 37°C — homeotermia. 
(FROTA & SCHIFFER 2001) 
 
Próximo dos edifícios, consideramos o “microclima”, nessa escala a vegetação, a topografia, o 
tipo de solo e os obstáculos naturais ou artificiais vão influenciar diretamente nas condições 
climáticas pontuais. No desenvolvimento do projeto arquitetônico, o microclima pode ser 
definido pelo arquiteto. (LAMBERTS, Et al, 2003) 
 
 
Microclima – próximo da edificação 
 
Fonte: Fonte: Lamberts Et. al. (2003) 
 
Na década de 1960, o conceito de bioclimatologia aplicada à arquitetura foi introduzido pelos 
irmãos Olgyay, que considera o conforto térmico humano, propondo estratégias e técnicas 
passivas de conforto ambiental no desenvolvimento do projetoarquitetônico. Os Olgyay 
desenvolveram um diagrama, a Carta Bioclimática de Olgyay, que posteriormente foi utilizado 
por Givoni para o desenvolvimento da Carta Bioclimática para Edifícios, que relaciona as 
condições climáticas às estratégias de projeto. (LAMBERTS, Et al, 2003) 
 
Carta bioclimática de Olgyay 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Fonte: Lamberts Et. al. (2003) 
Carta bioclimática para Edifícios – Givoni 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Lamberts Et. al. (2003) 
 
 
De acordo com Lamberts Et al (2003) se a temperatura do interior ultrapassar 29°C ou a umidade 
relativa for superior a 80%” a melhor estratégia para a melhorar a sensação térmica é a 
ventilação. E para clima quente e úmido completa “a ventilação cruzada é a estratégia mais 
simples a ser adotada” indicando que os espaços externos devem “ser amplos, evitando 
barreiras edificadas” para beneficiar a “distribuição e movimentação do ar”. 
 
Zona de ventilação na Carta Bioclimática para Edifícios - Givoni 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Lamberts Et. al. (2003) 
 
Lamberts Et al (2003) alerta que em locais onde a temperatura diurna for superior a 29°C e a 
umidade relativa, inferior a 60%, o resfriamento convectivo noturno é mais adequado (como 
apresentado na Carta abaixo), segundo o autor “esta estratégia é aplicável principalmente em 
regiões áridas, onde a temperatura diurna é de 30°C a 36°C” e a noturna “por volta de 20°C”, 
concluindo “onde a temperatura diurna é superior a 36°C, a ventilação noturna não é suficiente 
para o conforto”, portanto nesses caso outros sistemas de resfriamento serão necessários, como 
ar condicionado – sistema mecânico ou inércia térmica e resfriamento evaporativo, estas duas 
técnicas passivas. 
 
 
 
 
 
Zona de ventilação (Diurna e Noturna) na Carta Bioclmática para Edifícios - Givoni 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Lamberts Et. al. (2003) 
 
Zona de inércia térmica para resfriamento na Carta Bioclmática para Edifícios - Givoni 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Lamberts Et. al. (2003) 
 
“O uso da inércia térmica de uma edificação pode diminuir a amplitude da 
temperatura interior em relação à exterior, evitando picos. Esta solução pode 
ser empregada com sucesso com sucesso em locais onde as condições de 
temperatura e umidade relativa se situam entre os limites da zona de inércia 
térmica”. (LAMBERTS ET al, 2003) 
 
Zona de resfriamento evaporativo na Carta Bioclmática para Edifícios - Givoni 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Lamberts Et. al. (2003) 
 
“A evaporação da água pode reduzir a temperatura e simultaneamente 
aumentar a umidade relativa de um ambiente. Um exemplo deste recurso é 
a típica fonte dos pátios árabes. Em épocas quentes e secas também a 
vegetação permite otimizar as condições de conforto por resfriamento 
evaporativo. (evapotranspiração do vegetal). Com o resfriamento direto dos 
espaços interiores através da evaporação se requer boa taxa de ventilação 
para evitar o acúmulo de vapor de água (...) Exemplos de resfriamento 
evaporativo direto são o uso de vegetação, fontes d’água ou outro recurso 
que se fundamente na evaporação da água diretamente no ambiente que se 
quer resfriar”. (LAMBERTS ET al, 2003) 
 
Necessidades humanas e funcionais 
As necessidades humanas quanto ao conforto ambiental estão relacionadas a como os espaços 
contemplem: condições de iluminação – controle da radiação solar que atinge as edificações, 
para evitar ganhos de calor ou garantir aquecimento quando necessário; condições de acústica 
– garantindo limites sonoros para o desenvolvimento de tarefas ou em descanso; condições de 
ventilação – que possibilite a renovação do ar do ambiente muito importante para a higiene e 
para o conforto térmico. 
O conforto térmico no verão em regiões de clima temperado e clima quente e úmido, pode ser 
conseguido por meio de técnicas de ventilação. A renovação do ar dos ambientes proporciona 
a dissipação de calor e a desconcentração de vapores, fumaça, poeiras e poluentes. A ventilação 
pode ser conseguida utilizando-se técnicas passivas (sem a necessidade do consumo de energia 
elétrica) ou por meios mecânicos. 
A ventilação natural é o deslocamento do ar através do edifício, por meio de aberturas, algumas 
funcionando como entrada do ar e outras, como saída. Assim as aberturas para ventilação 
devem estar dimensionadas e posicionadas de modo a proporcionar um fluxo de ar adequado 
ao recinto. O fluxo de ar que atravessa o edifício depende da diferença de pressão entre os 
ambientes internos e externos, da resistência ao fluxo de ar oferecido pelas aberturas, pelas 
obstruções internas e de uma série de implicações relativas à incidência do vento e forma do 
edifício. O conforto térmico depende de variáveis ambientais (clima) e variáveis humanas 
(metabolismo e resistência térmica por vestimentas). 
“As exigências humanas de conforto térmico estão relacionadas com o 
funcionamento de seu organismo, cujo mecanismo, complexo, pode ser, 
grosso modo, comparado a uma máquina térmica que produz calor segundo 
sua atividade. O homem precisa liberar calor em quantidade suficiente para 
que sua temperatura interna se mantenha da ordem de 37°C – 
homeotermia”. (FROTA & SCHIFFER 2001) 
 
O homem é um animal homeotérmico, ou seja, o seu organismo procura manter a temperatura 
constante por meio de mecanismos internos, da ordem de 37° C, “com limites entre 36,1 e 37,2° 
C – sendo 32°C o limite inferior e 42°C o limite superior para a sobrevivência, em estado de 
enfermidade”. (FROTA & SCHIFFER 2001) 
A energia produzida por animais homeotérmicos é resultado de reações químicas internas, que 
combinam o oxigênio extraído do ar respirado com o carbono adquirido pelo organismo dos 
alimentos ingeridos, esse processo é chamado de metabolismo (FROTA & SCHIFFER 2001). 
“O organismo, através do metabolismo, adquire energia. Cerca de 20% dessa 
energia é transformada em potencialidade de trabalho. Então, 
termodinamicamente falando, a ‘máquina humana’ tem um rendimento 
muito baixo. A parcela restante, cerca de 80%, se transforma em calor, que 
deve ser dissipado para que o organismo seja mantido em equilíbrio. Tanto o 
calor produzido como o dissipado dependem da atividade que o indivíduo 
desenvolve. Em repouso absoluto — metabolismo basal —, o calor dissipado 
pelo corpo, cedido ao ambiente, é de cerca de 75 W”. (FROTA & SCHIFFER 
2001) 
 
Para que a temperatura interna seja mantida o mais constante possível o sistema 
termorregulador do organismo vai controlar o ganho ou perda de calor. Ao sentir frio, o 
organismo humano, por meio do sistema nervoso simpático dispara mecanismos automáticos 
que aumentam a combustão interna (vasoconstrição, arrepio, tiritar) – termogênese – que é 
comandado pelo sistema glandular endócrino. Também o organismo, por meio do sistema 
nervoso simpático, reage ao calor aumentando a troca de calor entre o meio ambiente e o 
organismo, diminuindo a combustão interna (vasodilatação, exsudação) – termólise – 
comandada pelo sistema glandular endócrino. 
“Quanto maior a atividade física maior será o calor gerado por metabolismo” (LAMBERTS, Et al, 
2003). É fundamental que o profissional saiba a que se destina o espaço projetado, de forma a 
prever o nível de atividade realizada no seu interior – premissas sobre a sensação de conforto 
térmico. (LAMBERTS, Et al, 2003) 
Atividades físicas e respectivo metabolismo segundo a ISO 773010 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Lamberts Et. al. (2003) 
 
10 INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDIZATION, ISO 7730 (2005) “Ergonomics of the thermal 
environment – Analytical determination and interpretation of termal comfort using calculation of PMV 
and PPD índices and local termal comfort criteria”. Gevena. 
Na figura acima, os valores apresentados relacionam algumas atividades com os valores do 
metabolismo, que são crescentes quanto maior o esforço. Considerandoque “um homem 
adulto e uma mulher adulta têm, respectivamente, 1,8 m² e 1,6 m² de superfície corporal”, para 
a conversão dos valores da figura para W/ m², por exemplo, “de um homem adulto caminhando 
teria um metabolismo de aproximadamente 165 W/ m² (300 W ÷ 1,80 m²) ” (LAMBERTS, Et al, 
2003) 
As roupas também têm grande importância na sensação de conforto, o tipo de tecido, espessura 
e outras características são determinantes para isso e podem ser mensuradas por meio da 
grandeza “clo”: do inglês clothing. 
“A resistência térmica da roupa também é de grande importância na sensação 
de conforto térmico do homem. Esta variável é medida em “clo”: do inglês 
clothing, sendo que 1 clo representa uma resistência térmica de 0,155 m² 
°C/W e equivalente à resistência térmica de um terno completo. A pele 
troca calor por condução, convecção e radiação com a roupa, que por sua vez 
troca calor com o ar por convecção e com outras superfícies por radiação” 
(LAMBERTS, Et al, 2003) 
 
Resistência térmica de algumas vestimentas 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: 
Lamberts Et. al. (2003) 
Leia mais sobre a Norma ISO 7730 acessando o artigo “Revisão da última versão da Norma ISO 
7730 (2005) de autoria de Eder R. Voltani e Lucila C. Labaki, pelo link abaixo: 
http://www.infohab.org.br/entac2014/2008/artigos/A1960.pdf 
 
 
Código de Obras 
 
Os Códigos de Obras surgiram orientados pelas ideias higienistas presentes no século XIX que 
objetivavam cidades menos insalubres. No Brasil, a partir do século XX esse instrumento 
também procurava, entre outras coisas garantir salubridade à edificação, recomendando, por 
exemplo, dimensões mínimas para aberturas11 - janelas e portas, assim como recuos para 
melhorar a ventilação e insolação. No site da Prefeitura Municipal de São Paulo12 entre as 
orientações de aprovação de projetos há menção sobre como devem ser as dimensões das 
aberturas que garantam a ventilação e a insolação nos ambientes, fazendo referência ao item 
11.2 do Código de obras do Município: 
 
“Os compartimentos de uma edificação são classificados em quatro grupos 
conforme suas características de utilização: essa classificação determina a 
área e a dimensão mínima do compartimento, pé-direito mínimo e os 
afastamentos necessários para a aeração e insolação, determinantes para a 
implantação da edificação. 
19 - Aberturas/ portas e janelas (Item 11.2 da Lei 11.228/92) 
O dimensionamento dos vãos destinados à aeração e insolação dos 
compartimentos também está relacionado com a sua classificação nos quatro 
grupos, e deve seguir a relação estabelecida na Lei para a profundidade do 
compartimento em relação às aberturas” (PMSP) 
 
A Norma Brasileira NBR 1522013, utilizando a Carta Bioclimática14 para cada região do país, 
estabelece as dimensões das aberturas e orienta as técnicas passivas que devem ser adotadas 
em projeto. Sales (2016) faz uma comparação dos parâmetros apresentados pelo Código de 
Obras e pela NBR 15220, que definem as dimensões das aberturas recomendadas em função 
dos ambientes, nessa comparação o autor demonstra como o Código de Obras do Distrito 
Federal (Brasília), permite que as aberturas sejam menores que a NBR 15220, e que esse fato 
 
11 O primeiro código de Obras da Cidade de São Paulo foi o Código de obras “Arthur Saboya” de 1929. 
12https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/urbanismo/licenciamentos/guias_de_aprovacao
/index.php?p=157831 
13 NBR 15220 – Desempenho Térmico das Edificações. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, 
2003. 
 
pode influenciar na qualidade do ambiente quanto ao conforto ambiental, uma vez que pode 
haver comprometimento na sua ventilação e insolação. 
 
Leia um artigo sobre o atendimento às normas de desempenho NBR 15220 quanto ao conforto 
ambiental em edificações de uso habitacional da autoria de: Renata Dalbem, Eduardo Grala 
da Cunha, Paulo Afonso Rheingantz, Romeu Vicente e Antonio César Silveira Baptista da Silva, 
acessando o link abaixo: 
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/18.211/6828 
 
 
 
Comparação entre os parâmetros de abertura do Código de Obras do Distrito Federal e a NBR 15220 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Gustavo de Luna Sales (2016, pag. 87) 
 
 
A tabela acima apresenta a coluna Tma o “Tamanho Mínimo da Abertura” para a NBR 15220 
que é mais exigente do que o Código de Obras do Distrito Federal. Enquanto o COE – DF, exige 
que um dormitório (linha 2 da tabela)15 tenha uma área mínima de 8,00 m² com uma abertura 
para janela de 1,00 m², e área de abertura efetiva de 50% da janela, ou seja, 0,50 m², a NBR 
15220, exige para um dormitório com mesma área uma janela de 1,20 m² (15% da área total do 
ambiente – 8,00 m² x 15% = 1,20 m², a recomendação mínima é de 15%, mas a sugestão em 
 
 
função das estratégias Bioclimáticas é que se trabalhe com percentuais entre 15% e 25%. Se 
considerarmos o percentual de 25% teremos para o mesmo dormitório exemplificado: 25% da 
área total do ambiente – 8,00 m² x 25% = 2,00 m²), portanto teremos uma área de abertura 
efetiva entre 0,60 m² (50% de 1,20 m²) e 1,50 m² (50% de 3,00 m²). 
 
 
Diagrama de comparação entre a área mínima de aberturas recomendadas pelo COE – DF e a NBR 15220 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Gustavo de Luna Sales (2016, pag. 87) 
 
 “A área de abertura permitida pelo COE-DF chega a ser 50% menor em 
relação ao tamanho mínimo recomendado pela NBR 15.220-3 (Figura 2. 5). 
Para banheiros, essa diferença representa mais que o dobro de área de 
abertura. Importante destacar que a área de abertura representa um fator 
importante para o número de renovações de ar por hora, fazendo parte de 
um conjunto de outros fatores” (SALES, 2016) 
 
 
Baixe o Código de Obras Ilustrado da Cidade de São Paulo, por meio do link abaixo: 
https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/wp-
content/uploads/2018/04/codigo_de_obras_ilustrado.pdf 
Para ler o Código de Obras “Arthur Saboya”, acesse o link abaixo: 
https://leismunicipais.com.br/SP/SAO.PAULO/LEI-3427-1929-SAO-PAULO-SP.pdf 
ATENÇÃO ESTE CÓDIGO DE OBRAS NÃO ESTÁ MAIS EM VIGOR. 
 
Ventilação na arquitetura 
 
O conforto ambiental está relacionado às condições de habitabilidade dos ambientes e na 
exigência de adaptação das pessoas ao calor, umidade, som e luz. As principais variáveis 
climáticas de conforto térmico são: temperatura, umidade, velocidade do ar e radiação solar. 
Algumas vezes os elementos do conforto ambiental se relacionam de tal modo que pode haver 
interferência entre eles, por exemplo, a luz proveniente do Sol, fornece também calor, que 
implicará num ganho térmico nem sempre pretendido, portanto, neste caso, o controle da 
insolação é necessário, pois assim pode-se usufruir da luz com pouco ganho de calor. 
“As principais variáveis climáticas de conforto térmico são temperatura, 
umidade e velocidade do ar e radiação solar incidente. Guardam estreitas 
relações com regime de chuvas, vegetação, permeabilidade do solo, águas 
superficiais e subterrâneas, topografia, entre outras características locais que 
podem ser alteradas pela presença humana”. (FROTA & SCHIFFER 2001) 
Ventilação Natural 
 
 
Fonte: 
http://www.recriarcomvoce.com.br/blog_recriar/conceitos-de-ventilacao-natural/ 
 
As estratégias bioclimáticas16 propõe a utilização de técnicas passivas que associam o conforto 
ambiental das edificações com o menor consumo de energia elétrica. De acordo com Lamberts, 
Et al (2003), a “ventilação natural é, após o sombreamento, a estratégia bioclimática mais 
importante para o Brasil”. 
Ainda segundo Lamberts Et al (2003) “a ventilação natural é eficaz entre temperaturas de 20°C 
a 32°C”, e acima destes valores os ganhos térmicos por convecção17 (movimento ascendente ou 
descendente do ar) “funcionariam mais como aquecimento do ambiente que como 
resfriamento”, o autor ainda alerta sofre a eficácia da ventilação natural, e que se “atemperatura for entre a 27°C e 32°C” a ventilação só será eficiente se “a umidade relativa do ar 
tiver valores entre 15% e 75%. Ver tabela abaixo. 
“...a grande maioria das capitais brasileiras exige ventilação natural como 
principal estratégia no verão e mesmo ao longo do ano todo. Na tabela foram 
salientadas as cidades cujo percentual de desejabilidade desta estratégia 
ultrapassa os 50%. As cidades com fundo azul têm necessidade de ventilação 
natural em mais de 50% das horas do ano todo (em mais de 4.380 horas) e as 
cidades com fundo amarelo têm grande necessidade de ventilação apenas no 
verão, porém em mais de 50% das horas no período (em mais de 1095 horas). 
Os dados foram gerados a partir do programa Analysis-BIO” (LAMBERTS, Et 
al, 2003) 
 
Para a arquitetura é de fundamental importância o conhecimento das informações da direção e 
velocidade dos ventos, assim como do movimento do sol, para o maior aproveitamento desses 
recursos no desenvolvimento do projeto arquitetônico, no que diz respeito ao conforto 
ambiental, para o aquecimento ou resfriamento dos ambientes principalmente no verão e no 
inverno. 
 
 
 
 
 
 
17 Convecção – é o movimento vertical do ar aquecido quando em contato com o solo que recebe a luz do 
sol. Tornando-se mais quente o ar “sobe”, enquanto o ar mais frio desce. 
Tabela de percentuais de necessidade de ventilação natural em algumas cidades brasileiras 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Lamberts Et. al. (2003) 
Segundo Frota e Schiffer (2001) a ventilação “proporciona a renovação do ar ambiente, sendo 
de grande importância para a higiene em geral e para o conforto térmico”. 
“A renovação do ar dos ambientes proporciona a dissipação de calor e a 
desconcentração de vapores, fumaça, poeiras, de poluentes, enfim. A 
ventilação pode também ser feita por meios mecânicos (...). A ventilação 
natural é o deslocamento do ar através do edifício, através de aberturas, 
umas funcionando como entrada e outras, como saída. Assim, as aberturas 
para ventilação deverão estar dimensionadas e posicionadas de modo a 
proporcionar um fluxo de ar adequado ao recinto. O fluxo de ar que entra ou 
sai do edifício depende da diferença de pressão do ar entre os ambientes 
internos e externos, da resistência ao fluxo de ar oferecida pelas aberturas, 
pelas obstruções internas e de uma série de implicações relativas à incidência 
do vento e forma do edifício” (FROTA & SCHIFFER 2001) 
 
A movimentação do ar no interior do ambiente é promovida pela diferença de pressão, que 
pode ser causada pelo vento ou pela diferença de densidade do ar interno e externo (FROTA & 
SCHIFFER 2001), quando essa movimentação é causada pela força dos ventos a ventilação é 
denominada “ação dos ventos” e quando é produzida pela diferença de densidade provoca a 
ventilação por “efeito chaminé”. 
“A diferença de pressões exercidas pelo ar sobre um edifício pode ser causada 
pelo vento ou pela diferença de densidade do ar interno e externo, ou por 
ambas as forças agindo simultaneamente. A força dos ventos promove a 
movimentação do ar através do ambiente, produzindo a ventilação 
denominada ação dos ventos. O efeito da diferença de densidade provoca o 
chamado efeito chaminé. Assim, a ventilação natural de edifícios se faz 
através desses dois mecanismos: 
• ventilação por ação dos ventos; 
• ventilação por efeito chaminé. 
Quando a ventilação natural de um edifício é criteriosamente estudada, 
verifica-se a conjugação dos dois processos. No entanto, a simultaneidade 
dos processos pode resultar na soma das forças, ou pode agir em 
contraposição e prejudicar a ventilação dos ambientes. A identificação de 
ocorrência de uma ou de outra situação depende da análise de cada caso, 
especificamente. A ocupação dos edifícios por pessoas, máquinas e 
equipamentos e a exposição à radiação solar vão ocasionar, nos ambientes 
internos, temperaturas superiores às do ar externo. Esse acréscimo de 
temperatura, no caso de inverno nos climas quentes ou no caso geral de 
climas frios, pode ser um fator positivo, porém, na época de verão dos climas 
temperados ou durante todo o ano em climas quentes certamente será um 
fator negativo, agravante das condições térmicas ambientais” (FROTA & 
SCHIFFER 2001) 
Portanto, temos como mecanismos de ventilação natural a ventilação por ação dos ventos e a 
ventilação por efeito chaminé. A ventilação natural contribui na renovação do ar do interior do 
edifício melhorando a qualidade do ar, auxilia no conforto térmico e reduz o consumo de 
energia. O fluxo de ar no interior do edifício é definido pelas dimensões e localização das 
aberturas para a passagem do ar. 
 
Efeito Chaminé 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: http://projeteee.mma.gov.br/implementacao/efeito-chamine/ 
 
Ação dos Ventos 
 
Fonte: Lamberts Et. al. (2003) 
 
 
Diversos tipos de ventilação natural podem ser utilizados como estratégias: A ventilação 
cruzada é uma das técnicas mais eficazes de ventilação e implica no conhecimento da orientação 
dos ventos e na posição das aberturas (mínimo de duas) que devem estar em paredes diferentes 
(uma abertura em cada parede); Ventilação por baixo da edificação: estratégia usada pelas 
construções em pilotis; Ventilação através do efeito chaminé: considera que a taxa de 
ventilação aumenta com a diferença de temperatura do ar, já que o ar interno mais quente 
tende a sair através de aberturas mais altas da edificação, sendo substituído por ar mais frio que 
entra através das aberturas mais baixas; Ventilação pela cobertura: as saídas de ar podem estar 
junto a cumeeira ou ventilação através do forro por meio de câmara de ar ventilada; Ventilação 
noturna: quando existe incidência de ventos significativos no período noturno, esta estratégia 
pode ser usada para manter a temperatura interna confortável durante o dia, especialmente 
durante o verão, através do esfriamento da edificação à noite. 
As informações estatísticas sobre os ventos, como direção e velocidade são fornecidas 
geralmente por órgãos públicos e de pesquisas que monitoram estações meteorológicas 
instaladas em diversas áreas das cidades, frequentemente em aeroportos. 
O Laboratório de Eficiência Energética em Edificações – LabEEE18, da Universidade Federal de 
Santa Catarina, disponibiliza para “download” alguns programas que auxiliam na adoção de 
estratégias bioclimáticas no desenvolvimento do projeto. Alguns “softwares” fornecem 
informações dos ventos por meio de tabelas e diagramas que reúnem dados das quatro estações 
do ano, um desses softwares é o Analysis SOL-AR, programa gráfico que permite a utilização de 
cartas solares: 
“...o Analysis – SOL-AR é dividido em dois módulos básicos, um que analisa a 
carta solar para a região desejada e outro que analisa a rosa-dos-ventos. O 
programa marca os dados de temperatura do ar diretamente sobre a carta 
solar para determinada latitude, e mostra através de cores diferenciadas 
como essas temperaturas se distribuem ao longo do ano, ferramenta 
bastante útil para a adequação de proteção solares para qualquer orientação 
desejada”. (Lamberts Et al, 2003, pag. 143). 
 
O programa possibilita a visualização dos ângulos de projeção para a adoção de proteções 
solares, como beirais, marquises, e “brises”, por exemplo, permitindo a utilização desses 
elementos de maneira eficiente no desenvolvimento do projeto arquitetônico, além das 
informações (frequência e velocidade) dos ventos predominantes, Lamberts Et at. (2003). 
 
18 Laboratório de Eficiência Energética em Edificações – http://www.labeee.ufsc.br/ 
A rosa-dos-ventos é um diagrama que fornece estatisticamente para uma região a direção, 
velocidade e frequência dos ventos durante o ano, informações importantes para o 
desenvolvimento dos projetos de arquitetura e interiores. (LAMBERTS, Et al, 2003) 
Nas figuras seguir, produzidas pelo “software” Analysis SOL-AR paraa cidade de Florianópolis 
temos dois diagramas de rosa-dos-ventos e uma tabela com os períodos com a ocorrência dos 
ventos nos períodos do dia (a tabela apresenta % dos ventos ausentes por estação), nos 
primeiros diagramas são informadas as velocidades predominantes, no diagrama da esquerda e 
no diagrama da direita a frequência dos ventos. 
“ A (primeira figura mostra) a rosa-dos-ventos para a cidade de Florianópolis 
e a tabela (segunda figura mostra) a frequência de ocorrência de calmarias 
por estação, ambas geradas a partir do programa Analysis SOL-AR. O 
diagrama da esquerda mostra a rosa-dos-ventos com as velocidades 
predominantes por direção. Percebe-se que os ventos mais intensos vêm da 
orientação nordeste, com médias que chegam a 6 m/s durante todo o ano. O 
diagrama da direita apresenta a frequência de ocorrência dos ventos em 
Florianópolis. A figura mostra que o vento mais frequente é o Norte durante 
o inverno, atingindo 33,5% dos horários em que há vento. O vento norte 
acontece também em 16,8% das horas da primavera, em 17,2% das horas do 
outono e em 13,7% das horas do verão. O segundo vento mais frequente é o 
Nordeste, que ocorre em 21,4% das horas do verão, em 16,8% das horas da 
primavera, em 13,4% das horas do outono e em 13% das horas do inverno. 
Nota-se também, no mesmo diagrama, que as duas fachadas com mais ventos 
no inverno são a oeste e a leste. A Tabela (...) mostra que os períodos do dia 
mais ventosos são as tardes e que as calmarias acontecem normalmente nas 
madrugadas, em todas as estações do ano”. (LAMBERTS, Et al 2003) 
 
Para ver – Estatísticas | diagramas com a direção e velocidade dos ventos em uma cidade no 
Brasil, acessar o link abaixo e inserir o local no espaço “ Encontrar local”: 
https://www.windfinder.com/windstatistics/sao_paulo 
 
Leia mais sobre ventilação cruzada no artigo “Ventilação cruzada? Efeito chaminé? Entenda 
alguns conceitos de ventilação natural” de: Matheus Pereira, disponível em: 
https://www.archdaily.com.br/br/886541/ventilacao-cruzada-efeito-chamine-entenda-
alguns-conceitos-de-ventilacao-natural 
 
Leia mais sobre o software Analysis SOL-AR em: 
http://www.labeee.ufsc.br/downloads/softwares/analysis-sol-ar. 
Rosa-dos-ventos produzida pelo “software” Analysis SOL-AR, para a cidade de Florianópolis. 
 
Fonte: Lamberts Et. al. (2003) 
As aberturas do edifício (portas, janelas, claraboias, lanternins, etc.) têm a função de permitir a 
entrada de luz e renovação do ar, portanto as dimensões dessas aberturas devem ser pensadas 
de maneira que esteja adequadamente ajustada às dimensões do ambiente. 
 
Tipos de aberturas para iluminação | ventilação naturais. 
 
Fonte: Lamberts Et. al. (2003) 
 “Área útil de ventilação” é uma variável que representa a “área efetiva de ventilação quando 
uma janela está totalmente aberta”. (LAMBERTS, Et al, 2003) 
 
Área útil de ventilação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Lamberts Et. al. (2003) 
 
“Uma variável que também deve ser considerada é a área útil de ventilação, 
que representa a área efetiva de ventilação quando a janela está totalmente 
aberta. Essa área é diferente para cada tipo de abertura. Uma janela tipo 
guilhotina tem 50% de área útil de ventilação, pois quando está totalmente 
aberta, somente metade de sua área é livre para ventilar o ambiente (...) As 
janelas do tipo guilhotina, correr e abrir têm indicadas suas respectivas áreas 
úteis de ventilação máximas, considerando abertura total. As janelas do tipo 
basculante e maxim-ar têm indicadas as áreas úteis de ventilação em função 
de alguns ângulos comuns de abertura (30°, 45°, 60° e 90°) ” (LAMBERTS, Et 
al 2003) 
“O Fluxo de ar que atravessa um ambiente é determinado de forma diferente quando a 
ventilação é cruzada ou unilateral” (LAMBERTS, Et al, 2003). Alguns elementos destacados na 
volumetria ou no entorno do edifício podem ser utilizados para incrementar a quantidade e 
velocidade do fluxo de ar para o interior, além de contribuir para o sombreamento das 
aberturas. Segundo Lamberts Et al (2003) “o fluxo de ar que atravessa uma abertura pode sofrer 
reduções se alguma barreira for interposta a ele, por exemplo, telas contra mosquitos”. 
“Os beirais, por exemplo, podem direcionar o fluxo de ar para o interior, além 
de servirem como uma proteção solar horizontal. A figura (abaixo) mostra 
como um beiral mais generoso pode aumentar a zona de pressão do lado 
externo à abertura, aumentando o fluxo de ar para o interior. Proteções 
solares horizontais podem provocar o mesmo efeito” (LAMBERTS, Et al 2003) 
 
A maneira como o edifício está inserido no território (implantação) vai influenciar no 
aproveitamento do sol e dos ventos, considerando a paisagem, o relevo, obstruções naturais ou 
antrópicas, assim como deve também considerar outras condicionantes importantes como a 
topografia e, claro, a legislação. A definição de estratégias formais da edificação, sistemas 
construtivos e demais elementos construtivos como venezianas e outras proteções verticais 
também auxiliam no direcionamento do fluxo de ar para o interior da edificação, assim como 
muros, paredes externas e massa de vegetação podem ser utilizadas como barreiras ou 
proteções de vento. 
 
Barreiras de vento (município de Shimane, Japão) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Lamberts Et. al. (2003) 
A platibanda (elemento horizontal construído na parte superior da edificação em geral de 
alvenaria, têm entre outras funções proteger o telhado e organizar a captação das águas 
pluviais) também pode aumentar “a zona de pressão anterior à janela, aumentando o fluxo de 
ventilação para o interior” (LAMBERTS, Et al, 2003). 
 
Influência do beiral e da platibanda no direcionamento do fluxo de ventilação para o interior 
 
 
Fonte: Lamberts Et. al. (2003) 
 
Lamberts Et al (2003) alerta sobre a importância da orientação do edifício no que se refere à 
ventilação natural que possibilita a utilização do vento predominante no verão para o 
resfriamento dos ambientes internos, evitando o vento predominante do inverno impedindo a 
perda de calor da edificação. Quando se reduz a incidência do vento direto a redução da perda 
de calor “é equivalente ao quadrado da intensidade do vento incidente” direto. Ver a imagem 
abaixo: 
“Nota-se que, com a redução da intensidade do vento incidente para 50%, 
reduzem-se as perdas de calor por infiltração do ar de 100% para apenas 25%. 
Isso indica que as perdas por infiltração são reduzidas numa proporção que 
equivale ao quadrado da redução da intensidade do vento incidente”. 
(LAMBERTS, Et al 2003 
 
 
 
Redução das perdas de calor por infiltração com bloquei do vento com vegetação. 
 
Fonte: Lamberts Et. al. (2003) 
 
Outra questão importante que Lamberts Et al (2003) aponta é que massas de vegetação podem 
contribuir no direcionamento do vento e árvores com copas altas protegem o edifício criando 
sombreamento, facilitando “o acesso do vento à edificação”. 
 
 
Redução das perdas de calor por infiltração com bloquei do vento com vegetação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Lamberts Et. al. (2003) 
 
 
 
Redução das perdas de calor por infiltração 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Lamberts Et. al. (2003) 
 
Exemplos de arquitetura que contemple a ventilação 
 
De acordo com o arquiteto e professor Carlos Lemos (2003), de modo geral as pessoas associam 
a arquitetura à construção, o que de certa forma não está errado, porém, segundo Lemos (2003) 
também é comum que se relacione arquitetura à beleza. O autor conceitua a arquitetura com o 
a intervenção no meio ambiente para a criação de novos espaços com a finalidade atender as 
necessidades humanas. Esse atendimento às necessidades humanas incorpora diversas 
condicionantes (formais, conceituais, legais, físicas e topográficas do lugar, econômicas, 
culturais, etc.) caracterizando assim uma síntese – estratégias ou o chamadopartido de projeto 
(síntese de diversas estratégias). O clima sempre foi uma determinante a ser respeitada e 
incorporar essas informações no processo de projeto irá contribuir para o conforto dos 
ambientes do edifício. 
O conceito de arquitetura bioclimática19 inserida no campo da arquitetura na década de 1960 
(Lamberts Et al, 2003) aponta para estratégias projetivas utilizando técnicas passivas que 
objetivam além do conforto ambiental a diminuição do uso da energia elétrica. 
“Mesmo após o entendimento do clima, dos conceitos de conforto térmico e 
das estratégias de projeto que visam uma melhor integração entre o usuário 
e o clima, deve-se achar um meio de entender os efeitos destes fatores na 
arquitetura e em sua eficiência energética. Pode-se tirar partido ou evitar os 
efeitos destas variáveis, por intermédio da edificação, de forma a obter um 
ambiente interior com determinadas condições de conforto para os usuários. 
Isso pode ser feito de duas maneiras. A primeira, com o emprego (...) sistemas 
de climatização e iluminação artificial. A segunda, de forma natural, 
incorporando estratégias de aquecimento, resfriamento e iluminação 
naturais. É importante ao arquiteto integrar o uso de sistemas naturais e 
artificiais, ponderando os limites de exequibilidade e a relação 
custo/benefício de cada solução. Se as estratégias naturais forem as mais 
adequadas, deve-se conhecer, primeiramente, a Bioclimatologia, que aplica 
os estudos do clima (climatologia) às relações com os seres vivos (Olgyay 
1968). Conhecendo os conceitos básicos que envolvem o clima e o conforto 
se pode compreender a importância da Bioclimatologia aplicada à 
arquitetura. Na década de sessenta os irmãos Olgyay aplicaram a 
bioclimatologia na arquitetura considerando o conforto térmico humano e 
criaram a expressão Projeto Bioclimático (Olgyay 1973). A arquitetura assim 
concebida busca utilizar, por meio de seus próprios elementos, as condições 
favoráveis do clima com o objetivo de satisfazer as exigências de conforto 
térmico do homem“. (LAMBERTS, Et al 2003, pag. 83 e 84.) 
 
O diagrama desenvolvido por Givoni em 1969 (Lamberts Et al, 2003, pag. 84) ou Carta 
Bioclimática para Edifícios, ampliava as possibilidades de aplicação do diagrama dos Olgyay, com 
identificação das zonas bioclimáticas e suas estratégias. Abaixo a Carta Bioclimática adotada 
para o Brasil (Lamberts Et al, 2003, pag. 84.) 
 
 
 
 
 
Carta Bioclimática de Givoni adotada para o Brasil 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Lamberts Et. al. (2003) 
 
Atualmente grande parte dos escritórios de arquitetura do mundo todo, utilizam os dados 
climáticos no desenvolvimento dos projetos agregando condições de conforto e eficiência 
energética. 
 “O século XX foi particularmente fértil para a arquitetura e hoje, quando 
estamos no início do século XXI, o panorama arquitetônico é jovem e 
pluralista. Estilos como o pós-modernismo, o high-tech, o construtivismo e o 
desconstrutivismo mostram experiências significativas da preocupação 
crescente dos arquitetos com a melhoria da qualidade das edificações, 
inclusive considerando aspectos de eficiência energética e de conforto 
ambiental”. (LAMBERTS, Et al, 2003, pag. 23) 
 
Hoje, além da arquitetura bioclimática alguns termos são associados à arquitetura como 
ecologia e sustentabilidade orientando o desenvolvimento de projetos arquitetônicos em todo 
o planeta. A preocupação com o meio ambiente e com a manutenção dos recursos naturais têm 
sensibilizado grande parte da sociedade. Vários projetos arquitetônicos alinhados às causas 
ambientais se tornaram paradigmáticos. Lamberts Et al (2003, pag. 23) apresenta alguns desses 
projetos como o projeto do arquiteto Jean Nouvel20 que possui elementos na envoltória do 
edifício que funcionam como diafragmas controlados por sistema eletrônico (abrindo e 
fechando) garantindo proteção contra o sol. 
 
Instituto do Mundo Árabe Jean Nouvel 
 
 
Fonte: https://www.plataformaarquitectura.cl/cl/02-265617/clasicos-de-arquitectura-instituto-del-
mundo-arabe-jean-nouvel/51ad5276b3fc4bbb7a000028 
 
O arquiteto Norman Foster21, utilizou a iluminação natural que é captada pelo átrio central e 
distribuída nos pavimentos superiores, nos pavimentos inferiores um sistema de refletores 
externos e internos distribui a luz e contribui para a redução do consumo de energia. (Lamberts 
Et al, 2003, pag. 24). Foster utilizou Reichstag, parlamento alemão localizado em Berlin, 
utilizando o efeito chaminé, por meio de uma cobertura de vidro com um elemento cônico no 
centro da cúpula por onde o ar quente é extraído do interior do edifício. 
 
 
20 Jean Nouvel – arquiteto francês, nasceu em Fumel, França em 12/08/1945. Estudos na École des 
Beaux-Arts. Fonte: WIKIPEDIA. 
21 Norman Foster, arquiteto inglês, nasceu em Reddish, Stockport, Reino Unido, em 1/06/1935. 
https://www.plataformaarquitectura.cl/cl/02-265617/clasicos-de-arquitectura-instituto-del-mundo-arabe-jean-nouvel/51ad5276b3fc4bbb7a000028
https://www.plataformaarquitectura.cl/cl/02-265617/clasicos-de-arquitectura-instituto-del-mundo-arabe-jean-nouvel/51ad5276b3fc4bbb7a000028
https://www.google.com/search?q=norman+foster+&stick=H4sIAAAAAAAAAOPgE-LQz9U3ME1LN1LiBLGMLOPNjbTEspOt9AtS8wtyUoFUUXF-nlVSflHeIla-vPyi3MQ8hbT84pLUIgUAq-nQ3EAAAAA&sa=X&ved=2ahUKEwjF_ZzkiKPhAhXkHrkGHbe2BLMQmxMoATATegQIDBAH
Hong-Kong and Shanghai Bank, Norman Foster 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://br.pinterest.com/pin/324540716879274436 
 
Hong-Kong and Shanghai Bank, Norman Foster 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Lamberts Et. al. (2003, pag. 24.) 
https://br.pinterest.com/pin/324540716879274436
No que diz respeito a ventilação, Lamberts Et al (2003), mostra como “ao longo dos séculos” a 
arquitetura do leste Europeu (como no Irã e na Turquia) ” utilizaram técnicas para resfriamento 
evaporativo que se apropria das correntes de vento que “conduzem o ar externo para o interior 
através de materiais porosos cheios de água” O arquiteto italiano Mario Cucinella, desenvolveu 
um protótipo para Edifícios de Escritórios que utiliza essa técnica do resfriamento evaporativo 
por corrente de ar descendente – PDEC (sigla em inglês: passive downdraught evaporative 
cooling), para Lamberts Et al (2003) essa estratégia (o PDEC) é uma “alternativa em relação ao 
ar condicionado convencional”. 
 
Protótipo para edifício de escritórios em Catania, Itália – Mario Cucinella. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Lamberts Et. al. (2003) 
 
O arquiteto João Figueiras Lima, o Lelé22, é um dos maiores exemplos da utilização de técnicas 
passivas, ele utilizou amplamente a ventilação natural em seus projetos, com grande evidência 
nos projetos para a rede de hospitais Sara Kubitschek, distribuídos pelo país. Nestes casos Lelé 
adotou uma ventilação com fluxos verticais evitando a ventilação cruzada (para diminuir os 
 
22 João Filgueiras Lima, Lelé, arquiteto brasileiro, nasceu no Rio de Janeiro em 10/01/1932 e faleceu em 
21/05/2014. Fonte: WIKIPEDIA 
riscos de contaminação). Saídas na parte superior dos telhados curvos (sheds) expelem o ar do 
contaminado do interior. 
 
Sistema de extração do ar contaminado – Hospital da rede Sarah. 
Fonte: https://sustentarqui.com.br/importancia-da-ventilacao-natural-para-arquitetura-sustentavel/ 
 
Interiores do Hospital da Rede Sarah. 
 
 
Fonte: 
https://images.adsttc.com/media/images/5a95/a176/f197/cc10/a800/0071/slideshow/1331071210_
img_8773.jpg?1519755634 (Foto Nelson Kon) 
 
 
https://sustentarqui.com.br/importancia-da-ventilacao-natural-para-arquitetura-sustentavel/
https://images.adsttc.com/media/images/5a95/a176/f197/cc10/a800/0071/slideshow/1331071210_img_8773.jpg?1519755634
https://images.adsttc.com/media/images/5a95/a176/f197/cc10/a800/0071/slideshow/1331071210_img_8773.jpg?1519755634
As cartas bioclimáticas são ferramentas indispensáveis no processo de projeto de arquiteturapois trazem informações quantitativas baseadas em levantamentos relacionados aos climas 
locais. As tabelas apresentam os percentuais de conforto e apontam as estratégias mais 
indicadas. 
 
Carta Bioclimática para a Cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul 
 
Fonte: adaptada pelo autor com base em Lamberts Et. al. (2003) 
 
Os gráficos ou diagramas mostram como estão distribuídas as condições de temperatura e 
umidade ao longo do tempo e as tabelas apresentam numericamente essas condições, 
associando aos percentuais de conforto e quais as estratégias adequadas. Nessas tabelas as 
estratégias de resfriamento ou aquecimento (para atender as condições de desconforto ao calor 
ou ao frio) estão abreviadas: V – Ventilação; RE – Resfriamento Evaporativo; MR – Massa 
Térmica de Resfriamento; AC – Ar-condicionado; U – Umidificação; MA – Massa térmica para 
Aquecimento; AS – Aquecimento Solar Passivo e AA – Aquecimento Artificial. 
 
 
Leia mais sobre as estratégias de conforto na obra de João Filgueiras Lima (Lelé) artigo 
“Iluminação e ventilação naturais na arquitetura de Lelé”, autoria de: Jorge Isaac Perén, 
disponível em: u17.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/244/iluminacao-e-ventilacao-
naturais-na-arquitetura-de-lele-318112-1.aspx 
Leia também esse artigo da arquiteta e urbanista Marieli Azoia Lukiantchuki, sobre os 
projetos de João Filgueiras Lima (Lelé) – “Arquitetura bioclimática – CONFORTO AMBIENTAL 
NA REDE SARAH”, disponível em: 
https://www.arcoweb.com.br/finestra/tecnologia/ecoeficiencia---arquitetura-bioclimatica 
Leia também o artigo de Pedro Vada: "Ventilação e iluminação naturais na obra de João 
Filgueiras Lima, Lelé", disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/889818/ventilacao-
e-iluminacao-naturais-na-obra-de-joao-filgueiras-lima-lele 
 
https://www.arcoweb.com.br/finestra/tecnologia/ecoeficiencia---arquitetura-bioclimatica
https://www.archdaily.com.br/br/889818/ventilacao-e-iluminacao-naturais-na-obra-de-joao-filgueiras-lima-lele
https://www.archdaily.com.br/br/889818/ventilacao-e-iluminacao-naturais-na-obra-de-joao-filgueiras-lima-lele
Tipologia e formas de desenho de janelas 
 
Como já foi visto a arquitetura sempre buscou responder as necessidades humanas, durante a 
Pré-história a busca por abrigo e segurança também exigiu que ferramentas e utensílios fossem 
confeccionados para que as grutas e cavernas se tornassem habitáveis. 
Na antiguidade diversos povos se destacaram e desenvolveram sistemas construtivos, e até hoje 
marcam a paisagem, como egípcios, gregos e romanos, além de outros como, por exemplo, os 
assírios, persas, babilônicos, sumérios e etruscos. 
As aberturas das edificações sempre estiveram relacionadas ao sistema construtivo o que é 
determinante tanto para a iluminação, quanto para a ventilação. As técnicas construtivas e 
estruturais desenvolvidas durante a Idade Média, nas construções góticas, como os arcos ogivais 
e o arcobotante, “possibilitaram mais aberturas nas paredes (inclusive com vitais) (...) e a 
revolução industrial trouxe um novo elenco de materiais, como o aço e o concreto armado” 
Lamberts Et al, 2003. 
 
“No período entre guerras surgiu o ESTILO INTERNACIONAL, revolucionando 
por completo os conceitos da arquitetura. Le Corbusier lançou ideias como o 
esqueleto estrutural, o terraço-jardim, a planta livre, os pilotis e o MODULOR 
(...) os avanços de áreas particulares do processo de construção da 
arquitetura (entre elas o conforto ambiental) não eram mais assimilados 
pelos arquitetos. Mies van der Rohe, com suas cortinas de vidro, criou um 
verdadeiro ícone de edifícios de escritórios”. (LAMBERTS, Et al, 2003) 
 
Em seus textos o arquiteto Le Corbusier frequentemente apresenta um discurso bastante 
eloquente, seus escritos são verdadeiros manifestos em prol de uma nova arquitetura para um 
“novo homem”, quando ele propõe os cinco pontos da arquitetura (alguns citados por Lamberts 
Et al, 2003) – pilotis, terraço jardim, planta livre, fachada livre e janela em fita (esses três 
últimos são resultado da separação da estrutura e vedações). Para a esta disciplina a janela em 
fita nos interessa especialmente, pois essa nova maneira de relacionar os ambientes interiores 
e exteriores trouxe resultados positivos para o conforto ambiental das edificações, o terraço 
jardim também pode amenizar os efeitos da radiação solar direta, reduzindo a temperatura 
interna da edificação. 
Além das janelas e portas, outras aberturas são utilizadas para a iluminação e ventilação das 
edificações como as claraboias, domos, lanternins e sheds. Assim temos elementos que estão 
inseridos lateralmente ao edifício– iluminação lateral e elementos inseridos na cobertura – 
iluminação zenital, podendo em ambos os casos contribuir para a ventilação. 
As janelas são em essência aberturas laterais e existem diversos tipos, como as Janelas 
Guilhotina, as Janelas de Correr, as Janelas de Abrir, as Janelas Basculantes, as Janelas Maxim-
Ar, as Janelas Pivotantes, as Janelas Pantográficas/Sanfonadas e as Janelas Bay Window. 
 
 
Janela Guilhotina – Apartamento em São Paulo. Projeto de Arquitetura: Felipe Hess. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: 
https://revistacasaejardim.globo.com/Casa-e-Jardim/Arquitetura/noticia/2015/05/ape-pequeno-
integrado-ganha-luminosidade-farta.html 
 
 
 
 
 
 
https://revistacasaejardim.globo.com/Casa-e-Jardim/Arquitetura/noticia/2015/05/ape-pequeno-integrado-ganha-luminosidade-farta.html
https://revistacasaejardim.globo.com/Casa-e-Jardim/Arquitetura/noticia/2015/05/ape-pequeno-integrado-ganha-luminosidade-farta.html
Janela de Correr – Residência em São Paulo. Projeto de Arquitetura: Vasco Lopes Arquitetura. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: 
https://www.archdaily.com.br/br/914385/residencia-vitorino-vasco-lopes-
arquitetura/5ca57901284dd13b13000069-residencia-vitorino-vasco-lopes-arquitetura-foto 
 
Janela de Correr – Residência RD – Granja Viana, São Paulo. Projeto de Arquitetura: Belluzzo Martinhão 
Arquitetos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: 
https://www.archdaily.com.br/br/908449/residencia-rd-belluzzo-martinhao-
arquitetos/5c23b9ff08a5e5c8b9000bb4-residencia-rd-belluzzo-martinhao-arquitetos-foto 
 
 
https://www.archdaily.com.br/br/914385/residencia-vitorino-vasco-lopes-arquitetura/5ca57901284dd13b13000069-residencia-vitorino-vasco-lopes-arquitetura-foto
https://www.archdaily.com.br/br/914385/residencia-vitorino-vasco-lopes-arquitetura/5ca57901284dd13b13000069-residencia-vitorino-vasco-lopes-arquitetura-foto
https://www.archdaily.com.br/br/908449/residencia-rd-belluzzo-martinhao-arquitetos/5c23b9ff08a5e5c8b9000bb4-residencia-rd-belluzzo-martinhao-arquitetos-foto
https://www.archdaily.com.br/br/908449/residencia-rd-belluzzo-martinhao-arquitetos/5c23b9ff08a5e5c8b9000bb4-residencia-rd-belluzzo-martinhao-arquitetos-foto
Janela de Abrir – Projeto 03 – Bragança Paulista, São Paulo. Projeto de Arquitetura: Kiko Salomão. 
 
Fonte: 
https://www.archdaily.com.br/br/906255/projeto-03-kiko-salomao/5bf530fa08a5e50911000439-
projeto-03-kiko-salomao-photo 
 
Janela Basculante – Casa VPJC – Mogi das Cruzes, São Paulo. Projeto de Arquitetura: Ar:Co Arquitetura 
Cooperativa. 
 
Fonte: 
https://www.archdaily.com.br/br/898691/casa-vpjc-ar-co-arquitetura-
cooperativa/5b550d2ef197cc1f810000b1-casa-vpjc-ar-co-arquitetura-cooperativa-foto 
 
 
https://www.archdaily.com.br/br/906255/projeto-03-kiko-salomao/5bf530fa08a5e50911000439-projeto-03-kiko-salomao-photo
https://www.archdaily.com.br/br/906255/projeto-03-kiko-salomao/5bf530fa08a5e50911000439-projeto-03-kiko-salomao-photo
https://www.archdaily.com.br/br/898691/casa-vpjc-ar-co-arquitetura-cooperativa/5b550d2ef197cc1f810000b1-casa-vpjc-ar-co-arquitetura-cooperativa-foto
https://www.archdaily.com.br/br/898691/casa-vpjc-ar-co-arquitetura-cooperativa/5b550d2ef197cc1f810000b1-casa-vpjc-ar-co-arquitetura-cooperativa-foto
Janela Pivotante – Casa Conectar – Vietnã.Projeto de Arquitetura: Story Architecture. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: 
https://www.archdaily.com.br/br/913315/casa-conectar-story-
architecture/5c768b85284dd11e25000351-connect-house-story-architecture-photo 
 
Janela Pantográfica – Residência em Iporanga, São Paulo. Projeto de Arquitetura: Patrícia Bergantin e 
Michel Stein. 
 
Fonte: 
https://www.archdaily.com.br/br/914642/vaz-patricia-bergantin/5cabb37b284dd1741300003c-vaz-
patricia-bergantin-foto 
 
 
https://www.archdaily.com.br/br/913315/casa-conectar-story-architecture/5c768b85284dd11e25000351-connect-house-story-architecture-photo
https://www.archdaily.com.br/br/913315/casa-conectar-story-architecture/5c768b85284dd11e25000351-connect-house-story-architecture-photo
https://www.archdaily.com.br/br/914642/vaz-patricia-bergantin/5cabb37b284dd1741300003c-vaz-patricia-bergantin-foto
https://www.archdaily.com.br/br/914642/vaz-patricia-bergantin/5cabb37b284dd1741300003c-vaz-patricia-bergantin-foto
O desenho da janela é resultado da composição de “cheios e vazios” definidos no processo de 
projeto, e, a forma e o sistema de abertura deverão responder às necessidades intrínsecas do 
objeto arquitetônico, de maneira a atender questões objetivas e subjetivas. As questões 
objetivas, diretamente associadas ao conforto serão orientadoras desse processo. 
A janela do edifício Louveira, por exemplo, (imagem abaixo), funciona num sistema semelhante 
ao da janela guilhotina, porém os dois panos da janela deslizam simultaneamente para cima e 
para baixo, enquanto na janela guilhotina, o deslizamento dos módulos é individual, garantindo 
uma abertura de 100% da janela. 
 
 
Edifício Louveira. São Paulo. Projeto de Arquitetura: João Batista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi. 
 
Fonte: 
https://www.archdaily.com.br/br/625199/classicos-da-arquitetura-edificio-louveira-joao-batista-
vilanova-artigas-e-carlos-cascaldi/537b5456c07a80946d000086-classicos-da-arquitetura-edificio-
louveira-joao-batista-vilanova-artigas-e-carlos-cascaldi-foto 
 
Elementos vazados, também conhecidos no Brasil como cobogós também são muito utilizados 
nas composições da envoltória do edifício, permitindo uma boa ventilação, com controle da 
insolação e iluminação. Na Casa Clara (imagem abaixo), essa estratégia foi adotada em conjunto 
com a elevação da casa, para possibilitar a ventilação. 
 
https://www.archdaily.com.br/br/625199/classicos-da-arquitetura-edificio-louveira-joao-batista-vilanova-artigas-e-carlos-cascaldi/537b5456c07a80946d000086-classicos-da-arquitetura-edificio-louveira-joao-batista-vilanova-artigas-e-carlos-cascaldi-foto
https://www.archdaily.com.br/br/625199/classicos-da-arquitetura-edificio-louveira-joao-batista-vilanova-artigas-e-carlos-cascaldi/537b5456c07a80946d000086-classicos-da-arquitetura-edificio-louveira-joao-batista-vilanova-artigas-e-carlos-cascaldi-foto
https://www.archdaily.com.br/br/625199/classicos-da-arquitetura-edificio-louveira-joao-batista-vilanova-artigas-e-carlos-cascaldi/537b5456c07a80946d000086-classicos-da-arquitetura-edificio-louveira-joao-batista-vilanova-artigas-e-carlos-cascaldi-foto
Ventilação – Casa Clara – Brasília, Brasil. Projeto de Arquitetura: 1:1 arquitetura design. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: 
https://www.archdaily.com.br/br/867298/casa-clara-1-1-arquitetura-
design/58c9d6bee58ecec1a9000156-casa-clara-1-1-arquitetura-design-sketch 
 
Ventilação – Casa Clara – Brasília, Brasil. Projeto de Arquitetura: 1:1 arquitetura design. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: 
https://www.archdaily.com.br/br/867298/casa-clara-1-1-arquitetura-
design/58c9d658e58ecee2f60000fe-casa-clara-1-1-arquitetura-design-photo 
 
https://www.archdaily.com.br/br/867298/casa-clara-1-1-arquitetura-design/58c9d6bee58ecec1a9000156-casa-clara-1-1-arquitetura-design-sketch
https://www.archdaily.com.br/br/867298/casa-clara-1-1-arquitetura-design/58c9d6bee58ecec1a9000156-casa-clara-1-1-arquitetura-design-sketch
https://www.archdaily.com.br/br/867298/casa-clara-1-1-arquitetura-design/58c9d658e58ecee2f60000fe-casa-clara-1-1-arquitetura-design-photo
https://www.archdaily.com.br/br/867298/casa-clara-1-1-arquitetura-design/58c9d658e58ecee2f60000fe-casa-clara-1-1-arquitetura-design-photo
Corte Esquemático do Fluxo de Ventilação – Residência EV – Jacarta, Indonésia. Projeto de Arquitetura: 
HMP Architects. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: 
https://www.archdaily.com.br/br/909382/residencia-ev-hmp-
architects/5c12576908a5e54bad000a68-ev-house-hmp-architects-flow-section 
 
 
No projeto para residências em Jacarta (ver corte esquemático – imagem acima), do escritório 
HMP, associou o condicionamento de ar (ventilação mecânica) com a ventilação natural 
(cruzada) que retira o ar quente por convecção que sai por uma claraboia localizada na parte 
superior do edifício. 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.archdaily.com.br/br/909382/residencia-ev-hmp-architects/5c12576908a5e54bad000a68-ev-house-hmp-architects-flow-section
https://www.archdaily.com.br/br/909382/residencia-ev-hmp-architects/5c12576908a5e54bad000a68-ev-house-hmp-architects-flow-section
Dimensionamento das aberturas – Cálculo de área de janelas 
 
A vazão de ar deve ser definida de acordo com as dimensões do recinto e quantidade de pessoas, 
para atender às exigências de higiene e para remoção de carga térmica. A ventilação mínima é 
a necessária para garantir a higiene. A ventilação para remoção de carga térmica é a ventilação 
máxima. 
Para os dormitórios, que são áreas de permanência prolongada, as aberturas para ventilação 
higiênica devem ter no mínimo 1/6 da área do ambiente, por exemplo: um dormitório com área 
de 10 m², deverá ter uma abertura de 1,70 m², e um dormitório com 15 m², uma abertura de 
2,5 m². Nesses casos pode-se optar em dividir essas aberturas, ou seja, no primeiro exemplo do 
recinto com 10 m², poderia haver três aberturas de 0,60 m², totalizando uma área de abertura 
de 1,80 m² (maior que o mínimo exigido de 1,70 m²), a área total de abertura necessária para a 
ventilação não implica na quantidade de aberturas. A exigência será maior quando a abertura 
estiver voltada para áreas cobertas, com uma parede oposta afastada a mais de 1,50m da 
abertura, sendo que esses casos devem respeitar uma relação de 1/5, ou seja um recinto com 
10 m², deverá ter no mínimo uma área de abertura para ventilação de 2 m². Se a abertura estiver 
aberta para uma área coberta com uma parede oposta com uma distância menor que 1,50 m, a 
exigência é maior ainda, passando para 1/4, ou seja, para o mesmo espaço de 10 m², a área de 
abertura passa a ser de 2,50 m². 
Em áreas como salas de estar, jantar, cozinha e banheiros essa relação entre a área do ambiente 
e área de ventilação é de 1/8, por exemplo, uma sala de estar com 20 m², deverá ter uma área 
total de abertura no mínimo de 2,50 m². Também nesses casos a exigência será maior quando a 
abertura estiver voltada para áreas cobertas, com uma parede oposta afastada a mais de 1,50m 
da abertura, e devem respeitar uma relação de 1/7, ou seja, um recinto com 20 m², deverá ter 
no mínimo uma área de abertura para ventilação de 2,90 m². Se a abertura estiver aberta para 
uma área coberta com uma parede oposta com uma distância menor que 1,50 m, a exigência é 
maior ainda, passando para 1/5, ou seja, para o mesmo espaço de 20 m², a área de abertura 
passa a ser de 2,00 m². 
A área mínima de abertura aceita pelos órgãos responsáveis por aprovar e fiscalizar as 
edificações é de 0,60 m², não sendo aceito, portanto áreas menores que essa. Ambientes como 
garagens, depósitos, oficinas, despensa e escadas, poderão ser ventilados por claraboias e 
domos, sendo necessário que a área de ventilação seja no mínimo igual a 50% da área do 
ambiente, por exemplo um depósito de 6,00 m², pode ter uma claraboia com área de 3,00 m², 
para a ventilação. 
Para contemplarmos a ventilação higiênica e a ventilação para remoção da carga térmica,considerando como exemplo – o dormitório com área de 10 m² com um pé-direito de 2,70 m, 
teremos um volume de 27 m³ (10 m² x 2,70 m). Para duas pessoas teremos um volume 
proporcional de 13,5 m³ por pessoa (V/2), pela tabela abaixo ventilação mínima noturna (coluna 
do meio da tabela) = 15 m³/h. 
Ønec = 15 m³ /h pessoa = 30 m³/h 
Ønec/V = 30 / 27 = N ~ 1,10 (1/h) 
 
Tabela de Volume de ar por pessoa | Ventilação mínima 
 
 
 
 
 
Fonte: Alucci (1986) 
 
A ventilação promove a renovação do ar, podendo haver ganho ou perda de calor nos 
ambientes, Frota & Schiffer (2001). 
“A renovação do ar dos ambientes pode ocasionar ganho ou perda de calor, 
segundo a temperatura externa seja maior que a interna (te ti) ou a 
temperatura interna seja maior que a externa (te ti). 
A carga térmica transferida pela ventilação será: 
Qvent = 0,35 ⋅ N ⋅ V ⋅ Δt (W) 
Onde: 
0,35 (W/m³ °C) — calor específico × densidade do ar; 
N (número de renovações por hora) — taxa de renovação horária do ar do 
recinto; 
Δt (°C) — diferença de temperatura do ar interno e externo. 
No cálculo das cargas térmicas, adota-se uma taxa de renovação adequada 
ao ambiente para depois dimensionar as aberturas” (FROTA & SCHIFFER 
2001) 
 
Para o cálculo da ventilação para a remoção de carga térmica, utilizamos a seguinte fórmula: 
ønec = 
Q total
0,35 𝑥 (Δ t)
 (m³ /h) 
Onde: 
Ønec = vazão necessária, em m³ /h 
Qtotal = carga térmica total a ser removida, em W 
Δt = diferença entre a temperatura do ar interno e do ar externo, em °C 
Para o dormitório com área de 10 m², com um pé-direito de 2,70 m, e volume de 27 m³ (10 m² 
x 2,70 m), vamos considerar uma carga total de duas pessoas (dormindo | descansando | 
andando) de 400 W, e considerando uma diferença de temperatura do ar interno e do ar externo 
de Δt = 4°C. 
Ønec = 400 / (0,35 x 4) = 286 m³ /h 
Ønec / V = 286 / 27 = N ~11 (1/h) 
 
Portanto teríamos para Ventilação higiênica – mínima: 
Ønec = 30 m³/h - N ~ 1,10 (1/h) 
Portanto teríamos para Remoção de carga térmica - máxima: 
Ønec = 286 m³/h - N ~ 11 (1/h) 
 
O cálculo para Ventilação por efeito chaminé, é realizado considerando-se a seguinte fórmula: 
 
Φc = 0,14 x A x [ H . Δt]⅟2 
Φc: fluxo de ar por efeito chaminé (m³/s) 
A: área da abertura, de entrada ou de saída (a menor) (m²) 
H: altura medida a partir da metade da altura da abertura de entrada de ar até a metade da 
abertura de saída do ar (m) 
Δt = diferença da temperatura do ar externo e interno (°C) 
 
Para um dormitório com área de 10 m² e com uma abertura (conforme apresentado 
anteriormente) de 1,70 m², e com um pé-direito de 2,70 m, com um volume de 27 m³ (10 m² x 
2,70 m), teremos: 
 
Elevação e Corte esquemático de abertura (dormitório) 
 
Fonte: Autor da apostila. 
 
Φc = 0,14 x A x [ H . Δt]⅟2 
Φc = 0,14 x 0,85 x [ 0,50 . 4]⅟2 
Φc = 0,17 m³/s – 1h = 3.600 s 
Φc = 0,17 x 3.600 = 612 
Φc = 612 m³/s 
V= 27 m³ 
N = 612 / 27 = 23 
N= 23 (1/h) > N ~ 11 (1/h) 
 
Elevação e Corte esquemático de abertura (dormitório) 
Fonte: Autor da apostila. 
 
Se a abertura tiver apenas 50% de área de ventilação, ou seja 0,85 m² total, teremos apenas 
0,425 m² para a entrada e 0,425 m² para a saída do ar, ainda assim, nesse caso a ventilação 
acontecerá, porém estará no limite. 
 
Φc = 0,14 x A x [ H . Δt]⅟2 
Φc = 0,14 x 0,425 x [ 0,50 . 4]⅟2 
Φc = 0,084 m³/s – 1h = 3.600 s 
Φc = 0,084 x 3.600 = 302,5 
elevação
1
.0
0
1.70
AS = 0,425 m²
AS = 0,425 m² .5
0
corte
.5
0
Φc = 302,5 m³/s 
V= 27 m³ 
N = 302,5 / 27 = 11,2 
N= 11,2 (1/h) = N ~ 11 (1/h) 
 
As dimensões das aberturas devem sempre respeitar o parâmetro mais restritivo, ou seja, o que 
for mais exigente, para a garantia de uma ventilação adequada. 
 
3 – Ventilação urbana 
 
O Sol, assim como os ventos são importantes não apenas para o conforto dos edifícios, mas 
também para conjunto de edifícios, como vilas, bairros e cidades. Lamberts Et al (2003), 
conceitua três níveis de clima e sua abrangência, assim descritos: 
“Macroclima, descreve as características gerais de uma região em termos de 
sol, nuvens, temperatura, ventos, umidade e precipitações; porem pode não 
ser conveniente para descrever as condições do entorno imediato do edifício. 
Mesoclima, refere-se a áreas menores do que as consideradas no 
macroclima. Aqui as condições locais do clima são modificadas por variáveis 
como a vegetação, a topografia, o tipo de solo e a presença de obstáculos 
naturais ou artificiais. Microclima, é a escala mais próxima ao nível da 
edificação, podendo ser concebido e alterado pelo arquiteto. As 
particularidades climáticas do local podem representar benefícios ou 
dificuldades adicionais, que podem não estar sendo consideradas nas escalas 
do macro e meso climáticas”. (LAMBERTS, Et al, 2003) 
 
Segundo Frota & Schiffer (2001), “nas regiões predominantemente quentes no Brasil, a 
arquitetura deve contribuir” para o conforto “minimizando a diferença entre as temperaturas 
externas e internas do ar”. 
Tomando-se como referência a amplitude climática de um clima seco, por 
exemplo, o da cidade de Brasília, onde a mínima (noturna) é de 15,4°C e a 
máxima (diurna) de 30,7°C vê-se que, idealmente, a arquitetura nestes climas 
secos e quentes deveria possibilitar, durante o dia, temperaturas internas 
abaixo das externas e, durante a noite, acima. A ventilação não seria útil, pois 
o vento externo estaria, em um mesmo instante, ou mais frio ou mais quente 
que a temperatura do ar interno. [...] 
As edificações, no conjunto urbano, podem ser pensadas de modo a se adotar 
em partidos onde estejam locadas aglutinadas, para fazer sombras umas às 
outras. A circulação urbana também pode ser planejada com características 
mais adequadas aos climas locais. Além dos aspectos topográficos do sítio no 
qual se assenta, a malha urbana pode ser direcionada, no caso de clima 
quente seco, prevendo que as ruas de maior largura sejam aquelas com 
direção este-oeste, pois a inclinação dos raios solares ao longo do ano não 
atingirá com muito rigor as fachadas voltadas para essas ruas. As ruas com 
direção norte-sul devem ser mais estreitas. O Sol, do nascer até o meio-dia, 
atingirá as construções voltadas para um dos lados dessas ruas e, após o 
meio-dia, as situadas no lado oposto. Se a largura da rua for suficientemente 
estreita com relação à altura das edificações, estas terão condições de se 
protegerem mutuamente da radiação solar direta, criando sombra nas ruas, 
para os pedestres e sobre as fachadas opostas [...] As ruas com direção norte-
sul não devem ter um traçado extenso e reto, mas sim prever praças e desvios 
de modo a não canalizar os ventos. Em clima quente seco, por outro lado, a 
vegetação deve funcionar como barreira aos ventos, além de, naturalmente, 
reter parte da poeira em suspensão no ar. Os espaços abertos nesses climas 
podem conter espelhos de água, chafarizes, ou outras soluções semelhantes. 
A umidificação que esta água ao se evaporar trará ao ar próximo permitirá 
maior sensação de conforto às pessoas. 
[...] 
Com relação ao clima quente úmido, decisões quanto ao partido 
arquitetônico relativas às edificações são bastante distintas das adotadas 
para o clima quente seco. Como a variação da temperatura noturna não é tão 
significativa, neste clima, que cause sensação de frio, mas suficiente para 
provocar alívio térmico, a ventilação noturna é bastante desejável. 
Devem-se, então, prever aberturas suficientemente grandes para permitir a 
ventilação nas horas do dia em que a temperatura externa está mais baixa 
que a interna. [...] 
Em climas úmidos, a vegetação não deve impedir a passagem dos ventos, o 
que dará limitações quanto à altura mínima das copas, de modo a produzirem 
sombra, mas não servir como barreiras à circulação do ar. No que se refere 
ao arranjo das edificações

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