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FALSAS MEMÓRIAS: e suas consequências na persecução criminal Ana Cláudia Aparecida Gabriel1 Direito Nova Faculdade Contagem, MG, 12 de novembro de 2021 Orientadora: Prof.ª Msc. Giovanna de Castro Resende Franco RESUMO A memória humana constitui um importante papel como meio de prova na esfera jurídica, principalmente como prova testemunhal, sendo está o meio de prova mais utilizada nos processos criminais, é o alicerce do testemunho e reconhecimento. Sendo também a prova mais frágil, por causa do tempo e outros fatores, externos ou internos, e até mesmo pelo esquecimento, a memória é também afetada pelo fenômeno das falsas memórias. O objetivo deste trabalho é explicar como funciona a memória humana, suas falhas, identificar a complexidade da reconstrução dos fatos por meio desta dentro da esfera penal, como surgem às falsas memórias, analisar as influências e o impacto que é causado por elas. Este trabalho foi desenvolvido por meio do método hipotético-indutivo, que é o mais adequado para tanto, e a metodologia utilizada para o desenvolvimento deste trabalho, configura-se a pesquisa bibliográfica, amparadas por materiais publicados em livros de literatura científica, bibliografias físicas e virtuais, artigos, doutrinas, monografias, dissertações e revistas científicas. Mediante tudo que foi exposto neste artigo, percebe-se que o estudo sobre as falsas memórias é de suma importância para o âmbito penal, principalmente no que se refere a identificação das falhas de memória que ocorrem dentro da persecução penal e a busca incessante pela certeza e veracidade dos fatos narrados em um testemunho para acusar alguém. O processo de interrogatório pode nos demonstrar como a memória humana é frágil, a prova testemunhal é, indubitavelmente, essencial para reconstrução dos fatos investigados no bojo da persecução criminal e para prová-los. PALAVRAS-CHAVE: Memória Humana. Prova Testemunhal. Processo Penal. Entrevistas Cognitivas. 1 Acadêmica do 9º p. do curso de Direito da Nova Faculdade – email: anagabriel-27@hotmail.com 2 INTRODUÇÃO O principal objetivo deste artigo é analisar como funciona a memória humana, suas falhas, e o importante papel da memória como meio probatório na esfera penal, sendo este o meio mais frágil e o mais utilizado para reconstrução dos fatos. Dentro do processo penal existe um trabalho árduo, que é a reconstrução dos fatos ocorridos, a prova testemunhal é necessária para a investigação no contexto do processo criminal. A testemunha utiliza exclusivamente de sua memória para restaurar lembranças de determinados acontecimento, a memória constrói um passado, podendo se perder ao decorrer do tempo, no entanto, esse método de prova foi afetado de muitas maneiras no processo de reconstrução, devido a diversos fatores, sendo eles, à distorção de informações, má compreensão dos fatos, interpretações equivocadas, esquecimento bem como o fenômeno das falsas memórias. As falsas memórias são situações que nunca aconteceram, representando a verdade para a testemunha, são eventos que nunca foram realmente vivenciados. As falsas memórias podem ocorrer de duas maneiras, naturalmente, por meio da incompreensão de fatos e informações, e por erros acidentais ou deliberados de fatores externos. Métodos de coleta de depoimentos e admissão de fatos podem também induzir as testemunhas a desencadear relatos falsos. Como objetivo, este artigo apresenta possíveis técnicas utilizáveis que poderão atenuar a falibilidade e os efeitos deste fenômeno na reconstrução dos fatos, que são as entrevistas cognitivas. Esta técnica foi desenvolvida originalmente em 1984, sua finalidade é diminuir as chances de sugestionabilidade e falhas neste método probatório. Os estudos sobre esta temática são de grande relevância principalmente para o âmbito penal, além do mais é fundamental, para os operadores do Direito e psicólogos da área forense que detenham conhecimentos específicos deste fenômeno agregando métodos e conhecimentos avançados para identificar e minorar os vícios na persecução criminal e tem por fito a busca incessante pela certeza e veracidade na reconstrução dos fatos em um testemunho para acusar alguém. Portanto, este artigo visa estabelecer novos debates e encontrar possíveis soluções para compensar essas falhas e promover julgamentos mais justos, mais 3 segurança e justiça para os envolvidos sem julgamento de valores produzidos pela memória humana. Este trabalho foi desenvolvido por meio do método hipotético-indutivo, que é o mais adequado para tanto, e a metodologia utilizada para o desenvolvimento deste trabalho, configura-se a pesquisa bibliográfica, amparadas por materiais publicados em livros de literatura científica, bibliografias físicas e virtuais, artigos, doutrinas, monografias, dissertações e revistas científicas. Para tanto, este artigo foi dividido em três capítulos. Inicialmente o capítulo I aborda como funciona a memória humana, as emoções, como a memória pode ser afetada devido a diversos fatores a ela exposta. No capítulo II, foi exposto como ocorre à falha de memória nos relatos das testemunhas, o surgimento das falsas memórias bem como a influência e consequências destas na produção dos elementos probatórios na esfera penal. No capítulo III, foram abordadas técnicas de entrevistas utilizáveis para minimizar o surgimento e comprometimento da veracidade dos depoimentos das testemunhas devido às falsas memórias. 1. COMO FUNCIONA A MEMÓRIA HUMANA A memória é um conjunto de mecanismos psicológicos de armazenamento e recuperação de informações, sejam elas externas ou internas. Ela é construída a cerca de informações armazenadas referentes aos novos elementos adicionados ao longo do tempo e de experiências de vida. Na concepção do médico e neurocientista Iván Izquierdo (1989): Quando se diz a palavra memória, a primeira que salta à evocação não é a memória das molas, dos discos ou dos computadores; é a memória das experiências individuais dos homens e dos animais, aquela que de alguma maneira se armazena no cérebro. Desde um ponto de vista prático, a memória dos homens e dos animais é o armazenamento e evocação de informação adquirida através de experiências; a aquisição de memórias denomina-se aprendizado. As experiências são aqueles pontos intangíveis que chamamos presente. (IZQUIERDO,1989, p. 89) A memória é o meio pelo qual o cérebro retém e aprende com as experiências passadas, para Sternberg (2008), a memória é o meio pelo qual nos servimos de nosso conhecimento do passado para usá-lo no presente. (STERNBERG, 2008, p. 187) 4 Os estudos sobre a memória humana progrediram no decorrer dos séculos, desde quando ocorreram os primeiros estudos científicos sobre este tema, e os primeiros estudos experimentais sobre a memória, foram realizados pelo psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus. Nas palavras de Soraya Grams da Silva: Os primeiros estudos experimentais sobre a memória foram realizados pelo psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus. No fim do século XIX, ele planejou e executou experiências sobre o aprendizado de sílabas sem sentido (a fim de reduzir a interferência do significado nos processos de retenção), que lhe permitiram avaliar a capacidade e o tempo de armazenamento da informação, bem como a facilidade de recuperação do material armazenado. O britânico Frederic C. Bartlett, ao contrário de Ebbinghaus, trabalhou com material significativo: formas, fotografias, figuras que sugeriam objetos etc. Sua hipótese básica afirma que a pessoa só retém esquemas muito gerais daquilo que experimentou anteriormente. O processo de evocação seria, assim, melhor definido como processo de reconstrução. (SILVA, s.d.) Conforme uma pesquisa executada no Rio de Janeiro pelos pesquisadores Frederico Casarsa de Azevedoe Carlos Humberto Moraes no ano de 2012 foi possível identificar que o cérebro humano possui 86 bilhões de neurônios e não os 100 bilhões de neurônios como se falava anos atrás. (ZORZETTO, 2012, p. 18-19) Desde o momento em que nascemos o cérebro produz inúmeras informações sobre nós mesmos e o mundo. Em suma, Izquierdo (2014) considera que a aquisição é também chamada de aprendizagem: só se "grava" aquilo que foi aprendido. A evocação é também chamada de recordação, lembrança, recuperação. Só lembramos aquilo que gravamos, aquilo que foi aprendido. (IZQUIERDO, 2014, p. 13) António Damásio (2012) afirma que, as imagens não são armazenadas sob forma de fotografias fac-similares de coisas, de acontecimentos, de palavras ou de frases. O cérebro não arquiva fotografias Polaroid de pessoas, objetos, paisagens; não armazena fitas magnéticas com música e fala; não armazena filmes de cenas de nossa vida; nem retém cartões com “deixas" ou mensagens de teleprompter do tipo daquelas que ajudam os políticos a ganhar a vida. (DAMÁSIO, 2012, p. 105) O processo de armazenamento da memória divide-se três partes: aquisição, consolidação e evocação. O primeiro episódio de armazenamento que ocorre é o de aquisição, é o momento em que a informação chega ao sistema nervoso transmitindo a informação recebida pelo cérebro. Durante a aquisição ocorre uma seleção: como os eventos são geralmente múltiplos e complexos, os sistemas de 5 memória só permitem a aquisição de alguns aspectos mais relevantes para a cognição, mais marcantes para a emoção, mais focalizados pela nossa atenção, mais fortes sensorialmente, ou simplesmente priorizados por critérios desconhecidos. (LENT, 2010, p. 647) Lent (2010) ainda afirma que após o período de aquisição dos eventos, estes são armazenados por algum tempo: às vezes por muitos anos, às vezes por não mais que alguns segundos. Esse é o processo de retenção da memória, durante o qual os aspectos selecionados de cada evento ficam de algum modo disponíveis para serem lembrados. O autor ainda aponta que o tempo de retenção, é limitado pelo esquecimento, e ambos são definidos, entre outros aspectos, pelo tipo de utilização que faremos de cada evento memorizado. (LENT, 2010, p. 647) Segunda sua concepção, Lent (2010) expõe que o esquecimento é uma propriedade normal da memória, que desempenha um papel muito importante como mecanismo de prevenção de sobrecarga nos sistemas cerebrais dedicados à memorização. (LENT, 2010, p. 647) Deste modo, dentre os vários aspectos de um evento, alguns serão esquecidos imediatamente, outros serão memorizados durante certo período, e apenas uns poucos permanecerão na memória prolongadamente. Neste caso, diz- se que houve consolidação, quando o evento é memorizado durante um tempo prolongado, às vezes permanentemente. (LENT, 2010, p. 647) O último processo de armazenamento é a evocação de memórias este processo é semelhante à ideia de representação aproximada ao invés de uma reconstrução precisa dos fatos. Nesse mesmo diapasão, Lent (2010) assegura que a evocação ou lembrança, é o canal de acesso à informação armazenada para utilizá-la mentalmente na cognição e na emoção, por exemplo, ou para exteriorizá-la através do comportamento. (LENT, 2010, p. 647) Ellis e Moore (1999) mencionam que a memória dependente do humor se refere ao aumento da probabilidade de recuperar informações adquiridas em um determinado estado de humor, ou seja, se um indivíduo se encontra triste ou deprimido enquanto ouve uma história, existe uma maior probabilidade de o mesmo voltar a recordar dessa história quando estiver no mesmo estado emocional. Neste sentido, o estado de humor pode influenciar o acesso às nossas memórias autobiográficas. (PEREIRA, 2016, apud Ellis, H. C. & Moore, B. A. 1999, p. 193-210) 6 A memória humana é facilmente distorcida mediante sugestões de informações posteriores aos eventos vividos. 2. O QUE SÃO EMOÇÕES? Em linhas gerais, podemos dizer que as emoções são uma espécie de impulso nervoso, pois estão relacionadas às ações, e as ações são coordenadas pelo cérebro quando bilhões de células cerebrais trabalham juntas e gerenciam as mudanças em todo o corpo. Em seu sentido mais literal, o Oxford English Dictionary define emoção como “qualquer agitação ou perturbação da mente, sentimento, paixão; qualquer estado mental veemente ou excitado”. (GOLEMAN, 2011, p. 340) Na concepção de Pedro Calabrez em um vídeo publicado no canal NeuroVox no site ‘’Youtube’’ em 17 de março de 2017 ele explica que as emoções são um jeito muito inteligente de a natureza fazer com que um ser vivo aja sem perder tempo. Ele ainda esclarece que a emoção tem tudo a ver com a ação, com gerar comportamentos biologicamente vantajosos frente a uma necessidade imediata (...) a emoção é automática, o ser humano não tem controle volitivo delas, em outras palavras, este não consegue controla-las conforme sua vontade. As emoções são reações cerebrais automáticas que são incontroláveis, relacionadas a estímulos externos ou internos. Por exemplo, qualquer situação que ocorra fora do corpo é um estímulo externo, e os estímulos internos podem se referir a ideias criadas pelo cérebro que podem causar emoções. As emoções operam em uma faixa de positiva a negativa, que é chamada de escala de valência. (MOLLA, et al, 2001, p. 42) e ou valência emocional. A valência emocional também pode ser tratada de duas formas, relacionada a emoções negativas e emoções positivas. Segundo Rasmussen & Berntsen (2009), as pessoas prestam mais atenção aos acontecimentos de valência emocional negativa em vez das positivas. As memórias positivas estão mais associadas a detalhes mais contextuais enquanto as memórias negativas tendem a ser mais precisas. Essa diferença pode ser explicada através da hipótese da evolução dos benefícios em recordar diferentes aspetos de eventos positivos versus negativos, tal 7 como guardar uma autoestima positiva versus otimizar a sobrevivência pessoal. (PEREIRA, 2016, p.17, apud Rasmussen & Berntsen 2009) A valência positiva visa abordar o comportamento, de felicidade, satisfação, alegria, otimismo e bom humor. A valência negativa aborda o comportamento de medo, raiva, tristeza, frustração, preocupação e infelicidade. (FARO, et al,2012, p. 83) Antônio Damásio (2000) menciona que as emoções são conjuntos complexos de reações químicas e neurais, formando um padrão; todas as emoções têm algum tipo de papel regulador a desempenhar, levando, de um modo ou de outro, à criação de circunstâncias vantajosas para o organismo em que o fenômeno se manifesta; as emoções estão ligadas à vida de um organismo, ao seu corpo, para ser exato, o seu papel é auxiliar o organismo a conservar a vida. (DAMÁSIO, 2000, p. 103-104) As emoções não estão presentes no cérebro humano quando nascemos, elas são construídas no decorrer da vida, baseando-se nas experiências passadas o cérebro prevê e constrói uma nova experiência no mundo, previsões, palpites, construindo um momento, mas as emoções que são construídas no cérebro são construídas por nós mesmos. Segundo Antônio Damásio (2012), existe emoções primárias e secundárias e sentimentos associados às emoções. As emoções primárias são aquelas que estão programadas para agir como uma emoção pré-organizada. As emoções secundárias seriam aprendidas e envolveriam representações de estímulos, associadas às respostas passadas, avaliadas como boas ou ruins. Isto é evidenciado, por exemplo, pelo fato de um sorriso espontâneo ser diferente daquele intencional. (DAMÁSIO, 2012, p. 131-132) Marisa Russo Lecointre (2007) salienta que: As atuais técnicas de imagem cerebral como o CAT scam (computer assisted tomography), MRI (magnetic resonance imaging), o PET (positron emission tomography) e o fMRI (functional magnetic resonance imaging)vêm sendo apresentadas como verdadeiros instrumentos capazes de estudar o substrato anatômico das emoções. Alguns resultados obtidos a partir destas técnicas são tomados como capazes de avaliar e correlacionar o desempenho mental com alterações funcionais cerebrais, criando a possibilidade de detectar e prever emoções e comportamentos. (LECOINTRE, 2007, p. 342) Compreendendo as emoções, o ser humano conseguirá gerenciar melhor suas relações cotidianas e a vida como um todo. 8 3. O FENÔMENO DAS FALSAS MEMÓRIAS As falsas memórias nascem de uma falha na recuperação de informação no cérebro humano, elas ocorrem de forma interna e ou externa quando há contaminação de informações, seja pela própria falha de reprodução, ou indução de fatores externos. As falsas memórias são lembranças de fatos que, na realidade, não aconteceram ou que ocorreram de forma diferente da recordada. (STEIN et al., 2010) Para a Psicologia são eventos que nunca foram vivenciados. Ainda na concepção de Lilian Stein (2010) as falsas memórias são hoje reconhecidas como um fenômeno que se materializa no dia a dia das pessoas, tem sua base no funcionamento saudável da memória e não são a expressão de patologia ou distúrbio. Conforme citado por Schacter (2010) o conceito de falsa memória foi estabelecido com base em pesquisas pioneiras realizadas em alguns países europeus no final do século XIX e início do século XX. O primeiro caso surgiu em Paris quando um homem de 34 anos, chamado Louis, com lembranças de acontecimentos que nunca haviam ocorrido, os cientistas ficaram intrigados. O caso de Louis passou a ser de grande interesse para psicólogos e psiquiatras levando Theodule Ribot, em 1881, a utilizar pela primeira vez o termo falsas lembranças. (STEIN, 2010, p. 23 apud SCHACTER, 2003) Esse fenômeno não é novo, e anos depois a Psicóloga Elizabeth Loftus realizou inúmeras pesquisas direcionadas para desvendas as falhas deste fenômeno, em diversos experimentos, LOFTUS e seus pesquisadores demonstraram que é possível implantar uma falsa memória de um evento que nunca ocorreu. Mais do que mudar detalhes de uma memória – o que não representa grande complexidade –, a autora demonstrou que é possível criar inteiramente uma falsa memória (portanto, de um evento que nunca ocorreu). O estudo de “perdido no shopping” demonstra que é relativamente fácil implantar uma falsa memória de estar perdido, chegando ao preocupante extremo de implantar uma falsa memória de ter sido molestado sexualmente na infância. No primeiro caso, foi montado um grupo de 24 indivíduos de idades variadas de 18 a 53 anos, para tentarem recordar de eventos da infância que teriam sido contados aos pesquisadores por pais, irmãos e outros parentes mais velhos. Partindo daí, foi confeccionada uma brochura pelos pesquisadores, construindo um falso evento 9 sobre um possível passeio ao shopping (que comprovadamente nunca ocorreu) onde o participante teria ficado perdido durante um período prolongado, incluindo choro, ajuda e consolo por uma mulher idosa e finalmente o reencontro com a família. Após lerem o material, foram submetidos a uma série de entrevistas para verificar o que recordavam. Em suma, sintetizando a experiência de LOFTUS, ao final, 29% dos participantes lembram-se tanto parcialmente como totalmente do falso evento construído para eles. Nas duas entrevistas seguintes, 25% continuaram afirmando que eles lembravam do evento fictício. (JUNIOR, 2020, p.733-734) No ponto de vista de STEIN (2010), as falsas memórias espontâneas são resultantes de distorções endógenas, ou seja, internas ao sujeito. Essas distorções, também denominadas de autosugeridas, ocorrem quando a lembrança é alterada internamente, fruto do próprio funcionamento da memória, sem a interferência de uma fonte externa à pessoa. Neste caso, uma inferência ou interpretação pode passar a ser lembrada como parte da informação original e comprometer a fidedignidade do que é recuperado. Um exemplo baseado em uma situação real aconteceu com uma colega de trabalho que tinha certeza de ter trazido seus óculos de grau presos a um cordão no pescoço, já que lembrava vividamente ter ajeitado os óculos no cordão, quando saía do seu carro ao chegar à universidade. Não conseguindo encontrar seus óculos, depois de frustradas buscas pelos caminhos que teria passado naquele dia, ela resolveu arcar com o prejuízo e comprar óculos novos. Alguns dias depois, um outro professor encontrou os óculos perdidos em sua sala, onde a colega havia estado para uma reunião alguns dias antes. Neste exemplo, a colega falsamente lembrou que estaria com os óculos ao chegar naquele dia na universidade, uma vez que tinha certeza de tê-lo ajeitado no cordão ao sair do carro. (STEIN, 2010, p. 25) Stein (2010) nesse mesmo viés explica outra distorção endógena comum, é recordar de uma informação que se refere a um determinado evento como pertencente a outro. (...) Por exemplo, lembrar que um objeto foi guardado em determinada gaveta na segunda-feira quando na verdade foi outro objeto que foi guardado naquela mesma gaveta no dia anterior. (STEIN, 2010, p. 25-26) Desde então, são realizadas pesquisas na área da saúde mental e na área jurídica no sentido de explicar as bases cognitivas e neuro funcionais desse fenômeno. 10 Em 2015, a pesquisadora e psicóloga Julia Shaw e outra coautora do estudo publicaram uma pesquisa sobre falsas memórias. Ao longo de várias entrevistas, elas alegaram ter convencido uma porcentagem substancial de voluntários a recordar falsas memórias de infância. Em um experimento especialmente assustador, elas relataram que cerca de 70% dos voluntários poderiam ser “recordados” de falsas lembranças de terem cometido um crime na pré-adolescência. (CARA, 2020) Na área da saúde mental, o fenômeno das falsas memórias vem chamando atenção, pois alguns estudos demonstram que profissionais de saúde mental (psicólogos, psiquiatras etc) podem influenciar e induzir recordações e eventos traumáticos. Além de esses profissionais induzirem as memórias, a autoridade policial, o magistrado, o Ministério Público e a defesa podem fazer o mesmo com uma testemunha principalmente pelo método utilizado na oitiva. É notório que as falsas memórias não são mentiras ou fantasias relatadas, elas são total ou parcialmente compostas por memórias e informações ou eventos que não ocorreram de fato, representando a verdade para a testemunha, e ela começa a acreditar que o relato é um fato verídico, enquanto a mentira é um ato consciente no qual a testemunha inventa suposições em seu depoimento. 4. A FALIBILIDADE DA MEMÓRIA NOS RELATOS TESTEMUNHAIS E AS CONSEQUÊNCIAS DAS FALSAS MEMORIAS NA ESFERA PENAL O Processo Penal Brasileiro utiliza a palavra da testemunha como meio de prova para a confirmação de um crime, este é o meio probatório mais utilizado desde então, na formação do convencimento do Magistrado quanto ao seu posicionamento sobre uma condenação. Em suma o artigo 203 do Código de Processo Penal Brasileiro expõe: A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do que souber e Ihe for perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu estado e sua residência, sua profissão, lugar onde exerce sua atividade, se é parente, e em que grau, de alguma das partes, ou quais suas relações com qualquer delas, e relatar o que souber, explicando sempre as razões de sua ciência ou as circunstâncias pelas quais possa avaliar-se de sua credibilidade. (BRASL, 1941) https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25589599 11 Para Fernando Capez (2016) testemunha é todo homem estranho ao feito e equidistante das partes chamado ao processo para falar sobre fatos perceptíveis e seus sentidos e relativos ao objeto do litígio. É a pessoa idônea, diferente das partes, capaz de depor, convocada pelo juiz,por iniciativa própria ou a pedido das partes, para depor em juízo sobre fatos sabidos e concernentes à causa. (CAPEZ, 2016, p 471) Neste sentido, é relevante considerar que a prova testemunhal nada mais é que o relato da percepção de um terceiro sobre os fatos. Em consonância com esses termos, entende-se por testemunha a pessoa comprometida a dizer a verdade, frente a conhecimento de fato juridicamente relevante, de forma a corroborar a constituição da verdade, agindo sob o compromisso de estar sendo imparcial e dizendo a verdade. (NUCCI, 2008, p. 449) Os Tribunais Superiores costumam entender que a palavra da vítima e testemunha pode ser suficiente para embasar a condenação do réu num processo criminal, desde que ela esteja em consonância com outros elementos do processo. (REIS, 2018, p. 2) Todavia, em contramão ao pensamento jurídico consolidado a prova testemunhal é um meio probatório extremamente complexo e que demanda uma série de cuidados para não ser eivado. Ao depender da narrativa da testemunha sobre o fato ocorrido ou pelo reconhecimento do suspeito, deposita-se toda segurança jurídica na capacidade de memorização e interpretação da vítima sobre o ocorrido. Ocorre, entretanto, que a memória não é infalível. Ao contrário, ela pode apresentar erros e distorções, comprometendo a fidedignidade das lembranças e, consequentemente, colocando em dúvida a credibilidade da prova testemunhal e do resultado do processo sob uma ótica pouco questionada no Processo Penal. (Revista Brasileira de Políticas Públicas, 2018, p.1051) As imagens não conseguem ser armazenadas e evocadas, nos momentos desejados, com tanta perfeição como se imagina. (VIANA, 2017) A prova depende da memória e este será o método utilizado em um caso penal, a prova oral é um dos meios probatórios e será utilizada com a maior cautela possível, uma vez que, se tamanha responsabilidade é depositada nesse tipo probatório, não podem ser negligenciados os cuidados que devem ser tomados frente a todas as problemáticas envolvidas nesse meio. (VIANA, 2017) 12 A partir do momento em que as falsas memórias influenciam o processo penal, consequentemente, coloca em dúvida a credibilidade da prova testemunhal. 5. TÉCNICAS DE ENTREVISTAS UTILIZÁVEIS PARA MINIMIZAR AS FALSAS MEMÓRIAS NO DEPOIMENTO DA TESTEMUNHA O testemunho começa com a percepção que é o processo pelo qual se atribui significado às informações captadas pelo sistema sensorial (AMBROSIO, 2011, p. 126). Para este propósito, entende-se que o depoimento realizado pela testemunha tende a produzir provas. Todavia, em seu artigo 212, o Código de Processo Penal Brasileiro prevê determinas proibições acerca das perguntas realizadas durante depoimento da testemunha, restringindo perguntas que induzam as respostas. (BRASL, 1941) Avila (2013) assegura que em um processo de investigação policial, a meta é obter as informações mais acuradas possíveis. A entrevista policial típica consiste em pedir à testemunha para descrever o que observou e, em seguida, formular perguntas específicas que permitam extrair detalhes adicionais sobre o crime. Há grandes diferenças quanto à forma como os policiais fazem a entrevista. Alguns, por exemplo, colocam questões com um ritmo muito rápido, interrompendo frequentemente a testemunha, enquanto outros usam procedimentos de entrevista mais estruturados. (AVILA, 2013, p. 136) As falhas no depoimento de testemunhas ocorrem em razão de técnicas de entrevistas inadequadas, bem como pelo viés do entrevistador, de modo que os questionamentos são de tal forma, sugestionáveis, interferindo diretamente nas lembranças das testemunhas acerca dos fatos. O questionamento fechado deixa lacunas e poucas possibilidades de resposta reduzindo os detalhes do que realmente ocorreu. Entrevistar é diferente de perguntar. Na entrevista investigativa, o fundamental é a escuta, já que é a testemunha quem possui as informações. A função do investigador é escutá-la e estimulá-la a trazer somente os fatos que ela consegue se lembrar, mesmo que estas lembranças possam ser apenas parciais ou não seguirem uma narrativa sequencial (já que, nossa memória ao recordar não está reproduzindo um filme!). Além disso, as perguntas que o entrevistador possa vir a fazer à testemunha devem ser formuladas com base naquelas informações já 13 trazidas por ela no seu relato mais livre. (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2015 apud DAVIES; BEECH, 2012; STEIN; MEMON, 2006) O impacto do formato da pergunta em uma entrevista investigativa pode ser ilustrado pelo clássico estudo de Loftus e Palmer (1974), que mostrou que somente a utilização de uma palavra diferente na pergunta pode alterar o relato da testemunha que virá a seguir. (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2015, p. 25) A utilização de técnicas inadequadas quando da oitiva de vítimas e testemunhas pode resultar em falsas memórias e, suas consequências são imensuráveis e irreversíveis, de modo a custar a vida e a liberdade das pessoas, além de todo o sofrimento causado ao réu por responder um processo criminal. (GESU, 2014) A Entrevista Cognitiva é uma técnica que foi desenvolvida originalmente em 1984, por Ronald Fisher e Edward Geiselman, O principal objetivo da Entrevista Cognitiva é obter melhores depoimentos, ou seja, ricos em detalhes e com maior quantidade e precisão de informações. A Entrevista Cognitiva baseia-se nos conhecimentos científicos de duas grandes áreas da Psicologia: Psicologia Social e Psicologia Cognitiva. (STEIN, 2010, p. 210) A entrevista cognitiva consiste em um protocolo de práticas psicológicas e investigativas, em constante aprimoramento e difusão, a serem utilizadas com o intuito de majorar a aproximação entre o agente judicial entrevistador e a testemunha entrevistada, buscando promover a tranquilidade, confiança e orientar a testemunha de diferentes maneiras a lidar, num curto espaço de tempo, com o estresse traumático sofrido a fim de acessar em suas memórias os eventos de interesse àquela investigação. (DUARTE, 2019) Na opinião de Memon e Cols., a entrevista cognitiva (EC) talvez seja um dos mais bem sucedidos avanços na pesquisa da psicologia e do direito nos últimos 25 anos. Este método inclui uma série de estímulos à memória e técnicas de comunicação, desenvolvidas para aumentar a quantidade de informação que possa ser obtida de uma entrevista. (AVILA, 2013 p. 137 apud MEMON, A.; STEVANAGE, S.V.,1996) O desenvolvimento científico de mais de vinte anos no aperfeiçoamento de técnicas de entrevista investigativa, que aumentem a chance de um testemunho fidedigno e detalhado, diminuindo a chance de falsas memórias e perda de informação (MILNE; POWELL, 2010) tem levado diversos países a adotarem um 14 programa de treinamento especializado, como o modelo PEACE do Reino Unido (CLARK & MILNE, 2001). (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2015) O estudo dessa temática no cenário jurídico deve ser levado a sério e é relevante, pois as consequências são gravemente perniciosa tendo em vista os inúmeros problemas que podem surgir, ocasionando, consequências devastadoras. Portanto, a entrevista cognitiva figura ser uma técnica de interrogatório mais segura que confere maior credibilidade ao depoimento, visto que reduz significativamente a ocorrência de falsas memórias nos depoimentos, minimizando a indução e interferência do entrevistador e outros fatores que possam prejudicar o depoimento da testemunha. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Mediante tudo que foi exposto neste artigo, percebe-se que o estudo sobre as falsas memórias é de suma importância para o âmbito penal, principalmente no que se refere à identificação das falhas de memória que ocorrem dentro da persecução penal e a busca incessante pela certeza e veracidade dos fatos narrados em um sistema acusatório penal. O processo de interrogatório pode nos demonstrarcomo a memória humana é frágil, a prova testemunhal é, claramente essencial para reconstrução dos fatos investigados no bojo da persecução criminal bem como para prová-los. No entanto, tal meio de prova está sujeito a inúmeras influências internas e externas havendo uma grande possibilidade de desencadear o fenômeno que são as falsas memórias no momento da entrevista. As falsas memórias podem ser as maiores influenciadoras na produção das provas, todavia o Código Penal resguarda regular o papel da testemunha quanto à veracidade dos fatos narrados. Ao aprofundar essa temática entende-se o perigo que sonda o sistema processual no que tange as falsas memórias podendo resultar em danos irreparáveis e irreversíveis. No cenário de interrogatório das testemunhas, temos um cenário defasado e despreparado para lidar com essa problemática. Por isso é fundamental aprofundarmos nesse tema para identificar e sanar esses problemas. Com a finalidade de minimizar as falsas memórias na produção das provas no ultimo capítulo apresentado, foi exposto que o método mais assertivo para diminuir a falibilidade dos relatos testemunhais são as entrevistas cognitivas. Por isso, o 15 entrevistador deve desenvolver a habilidade de fazer com que a testemunha se engaje no processo de busca de informações verídicas na memória. O estudo deve ser levado a sério e é relevante, pois as consequências são graves e altamente danosas. Além disso, apesar do fato de que esse assunto ser novo e complexo é fundamental e importante no âmbito jurídico e na área acadêmica, pois propiciará novos debates para sanar essas falhas e que sejam apresentadas soluções com melhor qualidade e certeza de um resultado justo. 16 ABSTRACT Human memory plays an important role as a means of proof in the legal sphere, especially as testimonial evidence, which is the most used means of proof in criminal cases, because it is the foundation of testimony and recognition. Being also the most fragile evidence, because of time and other factors, external or internal, and even by forgetfulness, memory is also affected by the phenomenon of false memories. The objective of this work is to explain how human memory works, its flaws, to identify the complexity of the reconstruction of facts through it within the criminal sphere, how false memories arise, and to analyze the influences and the impact caused by them. This work was developed by means of the hypothetical-inductive method, which is the most appropriate for this purpose, and the methodology used for the development of this work is the bibliographical research, supported by materials published in scientific literature books, physical and virtual bibliographies, articles, doctrines, monographs, dissertations, and scientific journals. Through everything that has been exposed in this article, it can be noticed that the study on false memories is of utmost importance for the criminal scope, mainly in what refers to the identification of memory gaps that occur within the criminal prosecution and the incessant search for certainty and truthfulness of the facts narrated in a testimony to accuse someone. The process of interrogation can show us how fragile the human memory is, the testimonial evidence is undoubtedly essential for the reconstruction of the facts investigated in the criminal prosecution and to prove them. KEYWORDS: Human Memory. 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