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ARTIGO CIENTIFICO - FALSAS MEMORIAS -ANA CLAUDIA - 12 11 OK

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FALSAS MEMÓRIAS: e suas consequências na persecução 
criminal 
 
Ana Cláudia Aparecida Gabriel1 
Direito 
Nova Faculdade 
Contagem, MG, 12 de novembro de 2021 
Orientadora: Prof.ª Msc. Giovanna de Castro Resende Franco 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
A memória humana constitui um importante papel como meio de prova na esfera 
jurídica, principalmente como prova testemunhal, sendo está o meio de prova mais 
utilizada nos processos criminais, é o alicerce do testemunho e reconhecimento. 
Sendo também a prova mais frágil, por causa do tempo e outros fatores, externos ou 
internos, e até mesmo pelo esquecimento, a memória é também afetada pelo 
fenômeno das falsas memórias. O objetivo deste trabalho é explicar como funciona a 
memória humana, suas falhas, identificar a complexidade da reconstrução dos fatos 
por meio desta dentro da esfera penal, como surgem às falsas memórias, analisar 
as influências e o impacto que é causado por elas. Este trabalho foi desenvolvido 
por meio do método hipotético-indutivo, que é o mais adequado para tanto, e a 
metodologia utilizada para o desenvolvimento deste trabalho, configura-se a 
pesquisa bibliográfica, amparadas por materiais publicados em livros de literatura 
científica, bibliografias físicas e virtuais, artigos, doutrinas, monografias, dissertações 
e revistas científicas. Mediante tudo que foi exposto neste artigo, percebe-se que o 
estudo sobre as falsas memórias é de suma importância para o âmbito penal, 
principalmente no que se refere a identificação das falhas de memória que ocorrem 
dentro da persecução penal e a busca incessante pela certeza e veracidade dos 
fatos narrados em um testemunho para acusar alguém. O processo de interrogatório 
pode nos demonstrar como a memória humana é frágil, a prova testemunhal é, 
indubitavelmente, essencial para reconstrução dos fatos investigados no bojo da 
persecução criminal e para prová-los. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Memória Humana. Prova Testemunhal. Processo Penal. 
Entrevistas Cognitivas. 
 
 
1 Acadêmica do 9º p. do curso de Direito da Nova Faculdade – email: anagabriel-27@hotmail.com 
2 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
O principal objetivo deste artigo é analisar como funciona a memória humana, 
suas falhas, e o importante papel da memória como meio probatório na esfera penal, 
sendo este o meio mais frágil e o mais utilizado para reconstrução dos fatos. Dentro 
do processo penal existe um trabalho árduo, que é a reconstrução dos fatos 
ocorridos, a prova testemunhal é necessária para a investigação no contexto do 
processo criminal. 
 A testemunha utiliza exclusivamente de sua memória para restaurar 
lembranças de determinados acontecimento, a memória constrói um passado, 
podendo se perder ao decorrer do tempo, no entanto, esse método de prova foi 
afetado de muitas maneiras no processo de reconstrução, devido a diversos fatores, 
sendo eles, à distorção de informações, má compreensão dos fatos, interpretações 
equivocadas, esquecimento bem como o fenômeno das falsas memórias. 
As falsas memórias são situações que nunca aconteceram, representando a 
verdade para a testemunha, são eventos que nunca foram realmente vivenciados. 
As falsas memórias podem ocorrer de duas maneiras, naturalmente, por meio da 
incompreensão de fatos e informações, e por erros acidentais ou deliberados de 
fatores externos. Métodos de coleta de depoimentos e admissão de fatos podem 
também induzir as testemunhas a desencadear relatos falsos. 
Como objetivo, este artigo apresenta possíveis técnicas utilizáveis que 
poderão atenuar a falibilidade e os efeitos deste fenômeno na reconstrução dos 
fatos, que são as entrevistas cognitivas. Esta técnica foi desenvolvida originalmente 
em 1984, sua finalidade é diminuir as chances de sugestionabilidade e falhas neste 
método probatório. 
Os estudos sobre esta temática são de grande relevância principalmente para 
o âmbito penal, além do mais é fundamental, para os operadores do Direito e 
psicólogos da área forense que detenham conhecimentos específicos deste 
fenômeno agregando métodos e conhecimentos avançados para identificar e 
minorar os vícios na persecução criminal e tem por fito a busca incessante pela 
certeza e veracidade na reconstrução dos fatos em um testemunho para acusar 
alguém. Portanto, este artigo visa estabelecer novos debates e encontrar possíveis 
soluções para compensar essas falhas e promover julgamentos mais justos, mais 
3 
 
segurança e justiça para os envolvidos sem julgamento de valores produzidos pela 
memória humana. 
Este trabalho foi desenvolvido por meio do método hipotético-indutivo, que é o 
mais adequado para tanto, e a metodologia utilizada para o desenvolvimento deste 
trabalho, configura-se a pesquisa bibliográfica, amparadas por materiais publicados 
em livros de literatura científica, bibliografias físicas e virtuais, artigos, doutrinas, 
monografias, dissertações e revistas científicas. 
Para tanto, este artigo foi dividido em três capítulos. Inicialmente o capítulo I 
aborda como funciona a memória humana, as emoções, como a memória pode ser 
afetada devido a diversos fatores a ela exposta. 
No capítulo II, foi exposto como ocorre à falha de memória nos relatos das 
testemunhas, o surgimento das falsas memórias bem como a influência e 
consequências destas na produção dos elementos probatórios na esfera penal. 
No capítulo III, foram abordadas técnicas de entrevistas utilizáveis para 
minimizar o surgimento e comprometimento da veracidade dos depoimentos das 
testemunhas devido às falsas memórias. 
 
1. COMO FUNCIONA A MEMÓRIA HUMANA 
 
A memória é um conjunto de mecanismos psicológicos de armazenamento e 
recuperação de informações, sejam elas externas ou internas. Ela é construída a 
cerca de informações armazenadas referentes aos novos elementos adicionados ao 
longo do tempo e de experiências de vida. 
Na concepção do médico e neurocientista Iván Izquierdo (1989): 
 
Quando se diz a palavra memória, a primeira que salta à evocação não é a 
memória das molas, dos discos ou dos computadores; é a memória das 
experiências individuais dos homens e dos animais, aquela que de alguma 
maneira se armazena no cérebro. Desde um ponto de vista prático, a 
memória dos homens e dos animais é o armazenamento e evocação de 
informação adquirida através de experiências; a aquisição de memórias 
denomina-se aprendizado. As experiências são aqueles pontos intangíveis 
que chamamos presente. (IZQUIERDO,1989, p. 89) 
 
A memória é o meio pelo qual o cérebro retém e aprende com as experiências 
passadas, para Sternberg (2008), a memória é o meio pelo qual nos servimos de 
nosso conhecimento do passado para usá-lo no presente. (STERNBERG, 2008, p. 
187) 
4 
 
Os estudos sobre a memória humana progrediram no decorrer dos séculos, 
desde quando ocorreram os primeiros estudos científicos sobre este tema, e os 
primeiros estudos experimentais sobre a memória, foram realizados pelo psicólogo 
alemão Hermann Ebbinghaus. 
Nas palavras de Soraya Grams da Silva: 
 
Os primeiros estudos experimentais sobre a memória foram realizados pelo 
psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus. No fim do século XIX, ele planejou 
e executou experiências sobre o aprendizado de sílabas sem sentido (a fim 
de reduzir a interferência do significado nos processos de retenção), que lhe 
permitiram avaliar a capacidade e o tempo de armazenamento da 
informação, bem como a facilidade de recuperação do material 
armazenado. O britânico Frederic C. Bartlett, ao contrário de Ebbinghaus, 
trabalhou com material significativo: formas, fotografias, figuras que 
sugeriam objetos etc. Sua hipótese básica afirma que a pessoa só retém 
esquemas muito gerais daquilo que experimentou anteriormente. O 
processo de evocação seria, assim, melhor definido como processo de 
reconstrução. (SILVA, s.d.) 
 
Conforme uma pesquisa executada no Rio de Janeiro pelos pesquisadores 
Frederico Casarsa de Azevedoe Carlos Humberto Moraes no ano de 2012 foi 
possível identificar que o cérebro humano possui 86 bilhões de neurônios e não os 
100 bilhões de neurônios como se falava anos atrás. (ZORZETTO, 2012, p. 18-19) 
Desde o momento em que nascemos o cérebro produz inúmeras informações 
sobre nós mesmos e o mundo. Em suma, Izquierdo (2014) considera que a 
aquisição é também chamada de aprendizagem: só se "grava" aquilo que foi 
aprendido. A evocação é também chamada de recordação, lembrança, recuperação. 
Só lembramos aquilo que gravamos, aquilo que foi aprendido. (IZQUIERDO, 2014, 
p. 13) 
António Damásio (2012) afirma que, as imagens não são armazenadas sob 
forma de fotografias fac-similares de coisas, de acontecimentos, de palavras ou de 
frases. O cérebro não arquiva fotografias Polaroid de pessoas, objetos, paisagens; 
não armazena fitas magnéticas com música e fala; não armazena filmes de cenas 
de nossa vida; nem retém cartões com “deixas" ou mensagens de teleprompter do 
tipo daquelas que ajudam os políticos a ganhar a vida. (DAMÁSIO, 2012, p. 105) 
O processo de armazenamento da memória divide-se três partes: aquisição, 
consolidação e evocação. O primeiro episódio de armazenamento que ocorre é o de 
aquisição, é o momento em que a informação chega ao sistema nervoso 
transmitindo a informação recebida pelo cérebro. Durante a aquisição ocorre uma 
seleção: como os eventos são geralmente múltiplos e complexos, os sistemas de 
5 
 
memória só permitem a aquisição de alguns aspectos mais relevantes para a 
cognição, mais marcantes para a emoção, mais focalizados pela nossa atenção, 
mais fortes sensorialmente, ou simplesmente priorizados por critérios 
desconhecidos. (LENT, 2010, p. 647) 
Lent (2010) ainda afirma que após o período de aquisição dos eventos, estes 
são armazenados por algum tempo: às vezes por muitos anos, às vezes por não 
mais que alguns segundos. Esse é o processo de retenção da memória, durante o 
qual os aspectos selecionados de cada evento ficam de algum modo disponíveis 
para serem lembrados. O autor ainda aponta que o tempo de retenção, é limitado 
pelo esquecimento, e ambos são definidos, entre outros aspectos, pelo tipo de 
utilização que faremos de cada evento memorizado. (LENT, 2010, p. 647) 
Segunda sua concepção, Lent (2010) expõe que o esquecimento é uma 
propriedade normal da memória, que desempenha um papel muito importante como 
mecanismo de prevenção de sobrecarga nos sistemas cerebrais dedicados à 
memorização. (LENT, 2010, p. 647) 
Deste modo, dentre os vários aspectos de um evento, alguns serão 
esquecidos imediatamente, outros serão memorizados durante certo período, e 
apenas uns poucos permanecerão na memória prolongadamente. Neste caso, diz-
se que houve consolidação, quando o evento é memorizado durante um tempo 
prolongado, às vezes permanentemente. (LENT, 2010, p. 647) 
O último processo de armazenamento é a evocação de memórias este 
processo é semelhante à ideia de representação aproximada ao invés de uma 
reconstrução precisa dos fatos. 
Nesse mesmo diapasão, Lent (2010) assegura que a evocação ou lembrança, 
é o canal de acesso à informação armazenada para utilizá-la mentalmente na 
cognição e na emoção, por exemplo, ou para exteriorizá-la através do 
comportamento. (LENT, 2010, p. 647) 
Ellis e Moore (1999) mencionam que a memória dependente do humor se 
refere ao aumento da probabilidade de recuperar informações adquiridas em um 
determinado estado de humor, ou seja, se um indivíduo se encontra triste ou 
deprimido enquanto ouve uma história, existe uma maior probabilidade de o mesmo 
voltar a recordar dessa história quando estiver no mesmo estado emocional. Neste 
sentido, o estado de humor pode influenciar o acesso às nossas memórias 
autobiográficas. (PEREIRA, 2016, apud Ellis, H. C. & Moore, B. A. 1999, p. 193-210) 
6 
 
A memória humana é facilmente distorcida mediante sugestões de 
informações posteriores aos eventos vividos. 
 
2. O QUE SÃO EMOÇÕES? 
 
Em linhas gerais, podemos dizer que as emoções são uma espécie de 
impulso nervoso, pois estão relacionadas às ações, e as ações são coordenadas 
pelo cérebro quando bilhões de células cerebrais trabalham juntas e gerenciam as 
mudanças em todo o corpo. 
Em seu sentido mais literal, o Oxford English Dictionary define emoção como 
“qualquer agitação ou perturbação da mente, sentimento, paixão; qualquer estado 
mental veemente ou excitado”. (GOLEMAN, 2011, p. 340) 
Na concepção de Pedro Calabrez em um vídeo publicado no canal NeuroVox 
no site ‘’Youtube’’ em 17 de março de 2017 ele explica que as emoções são um jeito 
muito inteligente de a natureza fazer com que um ser vivo aja sem perder tempo. Ele 
ainda esclarece que a emoção tem tudo a ver com a ação, com gerar 
comportamentos biologicamente vantajosos frente a uma necessidade imediata (...) 
a emoção é automática, o ser humano não tem controle volitivo delas, em outras 
palavras, este não consegue controla-las conforme sua vontade. 
 As emoções são reações cerebrais automáticas que são incontroláveis, 
relacionadas a estímulos externos ou internos. Por exemplo, qualquer situação que 
ocorra fora do corpo é um estímulo externo, e os estímulos internos podem se referir 
a ideias criadas pelo cérebro que podem causar emoções. As emoções operam em 
uma faixa de positiva a negativa, que é chamada de escala de valência. (MOLLA, et 
al, 2001, p. 42) e ou valência emocional. 
A valência emocional também pode ser tratada de duas formas, relacionada a 
emoções negativas e emoções positivas. Segundo Rasmussen & Berntsen (2009), 
as pessoas prestam mais atenção aos acontecimentos de valência emocional 
negativa em vez das positivas. As memórias positivas estão mais associadas a 
detalhes mais contextuais enquanto as memórias negativas tendem a ser mais 
precisas. 
Essa diferença pode ser explicada através da hipótese da evolução dos 
benefícios em recordar diferentes aspetos de eventos positivos versus negativos, tal 
7 
 
como guardar uma autoestima positiva versus otimizar a sobrevivência pessoal. 
(PEREIRA, 2016, p.17, apud Rasmussen & Berntsen 2009) 
A valência positiva visa abordar o comportamento, de felicidade, satisfação, 
alegria, otimismo e bom humor. A valência negativa aborda o comportamento de 
medo, raiva, tristeza, frustração, preocupação e infelicidade. (FARO, et al,2012, p. 
83) 
Antônio Damásio (2000) menciona que as emoções são conjuntos complexos 
de reações químicas e neurais, formando um padrão; todas as emoções têm algum 
tipo de papel regulador a desempenhar, levando, de um modo ou de outro, à criação 
de circunstâncias vantajosas para o organismo em que o fenômeno se manifesta; as 
emoções estão ligadas à vida de um organismo, ao seu corpo, para ser exato, o seu 
papel é auxiliar o organismo a conservar a vida. (DAMÁSIO, 2000, p. 103-104) 
As emoções não estão presentes no cérebro humano quando nascemos, elas 
são construídas no decorrer da vida, baseando-se nas experiências passadas o 
cérebro prevê e constrói uma nova experiência no mundo, previsões, palpites, 
construindo um momento, mas as emoções que são construídas no cérebro são 
construídas por nós mesmos. 
Segundo Antônio Damásio (2012), existe emoções primárias e secundárias e 
sentimentos associados às emoções. As emoções primárias são aquelas que estão 
programadas para agir como uma emoção pré-organizada. As emoções secundárias 
seriam aprendidas e envolveriam representações de estímulos, associadas às 
respostas passadas, avaliadas como boas ou ruins. Isto é evidenciado, por exemplo, 
pelo fato de um sorriso espontâneo ser diferente daquele intencional. (DAMÁSIO, 
2012, p. 131-132) 
Marisa Russo Lecointre (2007) salienta que: 
 
As atuais técnicas de imagem cerebral como o CAT scam (computer 
assisted tomography), MRI (magnetic resonance imaging), o PET (positron 
emission tomography) e o fMRI (functional magnetic resonance imaging)vêm sendo apresentadas como verdadeiros instrumentos capazes de 
estudar o substrato anatômico das emoções. Alguns resultados obtidos a 
partir destas técnicas são tomados como capazes de avaliar e correlacionar 
o desempenho mental com alterações funcionais cerebrais, criando a 
possibilidade de detectar e prever emoções e comportamentos. 
(LECOINTRE, 2007, p. 342) 
 
Compreendendo as emoções, o ser humano conseguirá gerenciar melhor 
suas relações cotidianas e a vida como um todo. 
8 
 
3. O FENÔMENO DAS FALSAS MEMÓRIAS 
 
As falsas memórias nascem de uma falha na recuperação de informação no 
cérebro humano, elas ocorrem de forma interna e ou externa quando há 
contaminação de informações, seja pela própria falha de reprodução, ou indução de 
fatores externos. As falsas memórias são lembranças de fatos que, na realidade, 
não aconteceram ou que ocorreram de forma diferente da recordada. (STEIN et al., 
2010) Para a Psicologia são eventos que nunca foram vivenciados. 
Ainda na concepção de Lilian Stein (2010) as falsas memórias são hoje 
reconhecidas como um fenômeno que se materializa no dia a dia das pessoas, tem 
sua base no funcionamento saudável da memória e não são a expressão de 
patologia ou distúrbio. 
Conforme citado por Schacter (2010) o conceito de falsa memória foi 
estabelecido com base em pesquisas pioneiras realizadas em alguns países 
europeus no final do século XIX e início do século XX. O primeiro caso surgiu em 
Paris quando um homem de 34 anos, chamado Louis, com lembranças de 
acontecimentos que nunca haviam ocorrido, os cientistas ficaram intrigados. O caso 
de Louis passou a ser de grande interesse para psicólogos e psiquiatras levando 
Theodule Ribot, em 1881, a utilizar pela primeira vez o termo falsas lembranças. 
(STEIN, 2010, p. 23 apud SCHACTER, 2003) 
Esse fenômeno não é novo, e anos depois a Psicóloga Elizabeth Loftus 
realizou inúmeras pesquisas direcionadas para desvendas as falhas deste 
fenômeno, em diversos experimentos, LOFTUS e seus pesquisadores 
demonstraram que é possível implantar uma falsa memória de um evento que nunca 
ocorreu. Mais do que mudar detalhes de uma memória – o que não representa 
grande complexidade –, a autora demonstrou que é possível criar inteiramente uma 
falsa memória (portanto, de um evento que nunca ocorreu). 
O estudo de “perdido no shopping” demonstra que é relativamente fácil 
implantar uma falsa memória de estar perdido, chegando ao preocupante extremo 
de implantar uma falsa memória de ter sido molestado sexualmente na infância. No 
primeiro caso, foi montado um grupo de 24 indivíduos de idades variadas de 18 a 53 
anos, para tentarem recordar de eventos da infância que teriam sido contados aos 
pesquisadores por pais, irmãos e outros parentes mais velhos. Partindo daí, foi 
confeccionada uma brochura pelos pesquisadores, construindo um falso evento 
9 
 
sobre um possível passeio ao shopping (que comprovadamente nunca ocorreu) 
onde o participante teria ficado perdido durante um período prolongado, incluindo 
choro, ajuda e consolo por uma mulher idosa e finalmente o reencontro com a 
família. Após lerem o material, foram submetidos a uma série de entrevistas para 
verificar o que recordavam. Em suma, sintetizando a experiência de LOFTUS, ao 
final, 29% dos participantes lembram-se tanto parcialmente como totalmente do falso 
evento construído para eles. Nas duas entrevistas seguintes, 25% continuaram 
afirmando que eles lembravam do evento fictício. (JUNIOR, 2020, p.733-734) 
No ponto de vista de STEIN (2010), as falsas memórias espontâneas são 
resultantes de distorções endógenas, ou seja, internas ao sujeito. Essas distorções, 
também denominadas de autosugeridas, ocorrem quando a lembrança é alterada 
internamente, fruto do próprio funcionamento da memória, sem a interferência de 
uma fonte externa à pessoa. Neste caso, uma inferência ou interpretação pode 
passar a ser lembrada como parte da informação original e comprometer a 
fidedignidade do que é recuperado. Um exemplo baseado em uma situação real 
aconteceu com uma colega de trabalho que tinha certeza de ter trazido seus óculos 
de grau presos a um cordão no pescoço, já que lembrava vividamente ter ajeitado os 
óculos no cordão, quando saía do seu carro ao chegar à universidade. 
Não conseguindo encontrar seus óculos, depois de frustradas buscas pelos 
caminhos que teria passado naquele dia, ela resolveu arcar com o prejuízo e 
comprar óculos novos. Alguns dias depois, um outro professor encontrou os óculos 
perdidos em sua sala, onde a colega havia estado para uma reunião alguns dias 
antes. Neste exemplo, a colega falsamente lembrou que estaria com os óculos ao 
chegar naquele dia na universidade, uma vez que tinha certeza de tê-lo ajeitado no 
cordão ao sair do carro. (STEIN, 2010, p. 25) 
Stein (2010) nesse mesmo viés explica outra distorção endógena comum, é 
recordar de uma informação que se refere a um determinado evento como 
pertencente a outro. (...) Por exemplo, lembrar que um objeto foi guardado em 
determinada gaveta na segunda-feira quando na verdade foi outro objeto que foi 
guardado naquela mesma gaveta no dia anterior. (STEIN, 2010, p. 25-26) 
Desde então, são realizadas pesquisas na área da saúde mental e na área 
jurídica no sentido de explicar as bases cognitivas e neuro funcionais desse 
fenômeno. 
10 
 
Em 2015, a pesquisadora e psicóloga Julia Shaw e outra coautora do 
estudo publicaram uma pesquisa sobre falsas memórias. Ao longo de várias 
entrevistas, elas alegaram ter convencido uma porcentagem substancial de 
voluntários a recordar falsas memórias de infância. Em um experimento 
especialmente assustador, elas relataram que cerca de 70% dos voluntários 
poderiam ser “recordados” de falsas lembranças de terem cometido um crime na 
pré-adolescência. (CARA, 2020) 
Na área da saúde mental, o fenômeno das falsas memórias vem chamando 
atenção, pois alguns estudos demonstram que profissionais de saúde mental 
(psicólogos, psiquiatras etc) podem influenciar e induzir recordações e eventos 
traumáticos. Além de esses profissionais induzirem as memórias, a autoridade 
policial, o magistrado, o Ministério Público e a defesa podem fazer o mesmo com 
uma testemunha principalmente pelo método utilizado na oitiva. 
É notório que as falsas memórias não são mentiras ou fantasias relatadas, 
elas são total ou parcialmente compostas por memórias e informações ou eventos 
que não ocorreram de fato, representando a verdade para a testemunha, e ela 
começa a acreditar que o relato é um fato verídico, enquanto a mentira é um ato 
consciente no qual a testemunha inventa suposições em seu depoimento. 
 
4. A FALIBILIDADE DA MEMÓRIA NOS RELATOS TESTEMUNHAIS E AS 
CONSEQUÊNCIAS DAS FALSAS MEMORIAS NA ESFERA PENAL 
 
O Processo Penal Brasileiro utiliza a palavra da testemunha como meio de 
prova para a confirmação de um crime, este é o meio probatório mais utilizado 
desde então, na formação do convencimento do Magistrado quanto ao seu 
posicionamento sobre uma condenação. 
Em suma o artigo 203 do Código de Processo Penal Brasileiro expõe: 
 
 A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade 
do que souber e Ihe for perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, 
seu estado e sua residência, sua profissão, lugar onde exerce sua atividade, 
se é parente, e em que grau, de alguma das partes, ou quais suas relações 
com qualquer delas, e relatar o que souber, explicando sempre as razões 
de sua ciência ou as circunstâncias pelas quais possa avaliar-se de sua 
credibilidade. (BRASL, 1941) 
 
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25589599
11 
 
Para Fernando Capez (2016) testemunha é todo homem estranho ao feito e 
equidistante das partes chamado ao processo para falar sobre fatos perceptíveis e 
seus sentidos e relativos ao objeto do litígio. É a pessoa idônea, diferente das 
partes, capaz de depor, convocada pelo juiz,por iniciativa própria ou a pedido das 
partes, para depor em juízo sobre fatos sabidos e concernentes à causa. (CAPEZ, 
2016, p 471) 
Neste sentido, é relevante considerar que a prova testemunhal nada mais é 
que o relato da percepção de um terceiro sobre os fatos. 
Em consonância com esses termos, entende-se por testemunha a pessoa 
comprometida a dizer a verdade, frente a conhecimento de fato juridicamente 
relevante, de forma a corroborar a constituição da verdade, agindo sob o 
compromisso de estar sendo imparcial e dizendo a verdade. (NUCCI, 2008, p. 449) 
Os Tribunais Superiores costumam entender que a palavra da vítima e 
testemunha pode ser suficiente para embasar a condenação do réu num processo 
criminal, desde que ela esteja em consonância com outros elementos do processo. 
(REIS, 2018, p. 2) 
Todavia, em contramão ao pensamento jurídico consolidado a prova 
testemunhal é um meio probatório extremamente complexo e que demanda uma 
série de cuidados para não ser eivado. Ao depender da narrativa da testemunha 
sobre o fato ocorrido ou pelo reconhecimento do suspeito, deposita-se toda 
segurança jurídica na capacidade de memorização e interpretação da vítima sobre o 
ocorrido. Ocorre, entretanto, que a memória não é infalível. Ao contrário, ela pode 
apresentar erros e distorções, comprometendo a fidedignidade das lembranças e, 
consequentemente, colocando em dúvida a credibilidade da prova testemunhal e do 
resultado do processo sob uma ótica pouco questionada no Processo Penal. 
(Revista Brasileira de Políticas Públicas, 2018, p.1051) 
As imagens não conseguem ser armazenadas e evocadas, nos momentos 
desejados, com tanta perfeição como se imagina. (VIANA, 2017) 
A prova depende da memória e este será o método utilizado em um caso 
penal, a prova oral é um dos meios probatórios e será utilizada com a maior cautela 
possível, uma vez que, se tamanha responsabilidade é depositada nesse tipo 
probatório, não podem ser negligenciados os cuidados que devem ser tomados 
frente a todas as problemáticas envolvidas nesse meio. (VIANA, 2017) 
12 
 
A partir do momento em que as falsas memórias influenciam o processo 
penal, consequentemente, coloca em dúvida a credibilidade da prova testemunhal. 
 
5. TÉCNICAS DE ENTREVISTAS UTILIZÁVEIS PARA MINIMIZAR AS 
FALSAS MEMÓRIAS NO DEPOIMENTO DA TESTEMUNHA 
 
O testemunho começa com a percepção que é o processo pelo qual se atribui 
significado às informações captadas pelo sistema sensorial (AMBROSIO, 2011, p. 
126). Para este propósito, entende-se que o depoimento realizado pela testemunha 
tende a produzir provas. Todavia, em seu artigo 212, o Código de Processo Penal 
Brasileiro prevê determinas proibições acerca das perguntas realizadas durante 
depoimento da testemunha, restringindo perguntas que induzam as respostas. 
(BRASL, 1941) 
Avila (2013) assegura que em um processo de investigação policial, a meta é 
obter as informações mais acuradas possíveis. A entrevista policial típica consiste 
em pedir à testemunha para descrever o que observou e, em seguida, formular 
perguntas específicas que permitam extrair detalhes adicionais sobre o crime. Há 
grandes diferenças quanto à forma como os policiais fazem a entrevista. Alguns, por 
exemplo, colocam questões com um ritmo muito rápido, interrompendo 
frequentemente a testemunha, enquanto outros usam procedimentos de entrevista 
mais estruturados. (AVILA, 2013, p. 136) 
As falhas no depoimento de testemunhas ocorrem em razão de técnicas de 
entrevistas inadequadas, bem como pelo viés do entrevistador, de modo que os 
questionamentos são de tal forma, sugestionáveis, interferindo diretamente nas 
lembranças das testemunhas acerca dos fatos. O questionamento fechado deixa 
lacunas e poucas possibilidades de resposta reduzindo os detalhes do que 
realmente ocorreu. 
Entrevistar é diferente de perguntar. Na entrevista investigativa, o 
fundamental é a escuta, já que é a testemunha quem possui as informações. A 
função do investigador é escutá-la e estimulá-la a trazer somente os fatos que ela 
consegue se lembrar, mesmo que estas lembranças possam ser apenas parciais ou 
não seguirem uma narrativa sequencial (já que, nossa memória ao recordar não está 
reproduzindo um filme!). Além disso, as perguntas que o entrevistador possa vir a 
fazer à testemunha devem ser formuladas com base naquelas informações já 
13 
 
trazidas por ela no seu relato mais livre. (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2015 apud 
DAVIES; BEECH, 2012; STEIN; MEMON, 2006) 
O impacto do formato da pergunta em uma entrevista investigativa pode ser 
ilustrado pelo clássico estudo de Loftus e Palmer (1974), que mostrou que somente 
a utilização de uma palavra diferente na pergunta pode alterar o relato da 
testemunha que virá a seguir. (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2015, p. 25) 
A utilização de técnicas inadequadas quando da oitiva de vítimas e 
testemunhas pode resultar em falsas memórias e, suas consequências são 
imensuráveis e irreversíveis, de modo a custar a vida e a liberdade das pessoas, 
além de todo o sofrimento causado ao réu por responder um processo criminal. 
(GESU, 2014) 
A Entrevista Cognitiva é uma técnica que foi desenvolvida originalmente em 
1984, por Ronald Fisher e Edward Geiselman, O principal objetivo da Entrevista 
Cognitiva é obter melhores depoimentos, ou seja, ricos em detalhes e com maior 
quantidade e precisão de informações. A Entrevista Cognitiva baseia-se nos 
conhecimentos científicos de duas grandes áreas da Psicologia: Psicologia Social e 
Psicologia Cognitiva. (STEIN, 2010, p. 210) 
A entrevista cognitiva consiste em um protocolo de práticas psicológicas e 
investigativas, em constante aprimoramento e difusão, a serem utilizadas com o 
intuito de majorar a aproximação entre o agente judicial entrevistador e a 
testemunha entrevistada, buscando promover a tranquilidade, confiança e orientar 
a testemunha de diferentes maneiras a lidar, num curto espaço de tempo, com o 
estresse traumático sofrido a fim de acessar em suas memórias os eventos de 
interesse àquela investigação. (DUARTE, 2019) 
Na opinião de Memon e Cols., a entrevista cognitiva (EC) talvez seja um dos 
mais bem sucedidos avanços na pesquisa da psicologia e do direito nos últimos 25 
anos. Este método inclui uma série de estímulos à memória e técnicas de 
comunicação, desenvolvidas para aumentar a quantidade de informação que possa 
ser obtida de uma entrevista. (AVILA, 2013 p. 137 apud MEMON, A.; STEVANAGE, 
S.V.,1996) 
O desenvolvimento científico de mais de vinte anos no aperfeiçoamento de 
técnicas de entrevista investigativa, que aumentem a chance de um testemunho 
fidedigno e detalhado, diminuindo a chance de falsas memórias e perda de 
informação (MILNE; POWELL, 2010) tem levado diversos países a adotarem um 
14 
 
programa de treinamento especializado, como o modelo PEACE do Reino Unido 
(CLARK & MILNE, 2001). (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2015) 
O estudo dessa temática no cenário jurídico deve ser levado a sério e é 
relevante, pois as consequências são gravemente perniciosa tendo em vista os 
inúmeros problemas que podem surgir, ocasionando, consequências devastadoras. 
Portanto, a entrevista cognitiva figura ser uma técnica de interrogatório mais segura 
que confere maior credibilidade ao depoimento, visto que reduz significativamente a 
ocorrência de falsas memórias nos depoimentos, minimizando a indução e 
interferência do entrevistador e outros fatores que possam prejudicar o depoimento 
da testemunha. 
 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Mediante tudo que foi exposto neste artigo, percebe-se que o estudo sobre as 
falsas memórias é de suma importância para o âmbito penal, principalmente no que 
se refere à identificação das falhas de memória que ocorrem dentro da persecução 
penal e a busca incessante pela certeza e veracidade dos fatos narrados em um 
sistema acusatório penal. O processo de interrogatório pode nos demonstrarcomo a 
memória humana é frágil, a prova testemunhal é, claramente essencial para 
reconstrução dos fatos investigados no bojo da persecução criminal bem como para 
prová-los. No entanto, tal meio de prova está sujeito a inúmeras influências internas 
e externas havendo uma grande possibilidade de desencadear o fenômeno que são 
as falsas memórias no momento da entrevista. 
As falsas memórias podem ser as maiores influenciadoras na produção das 
provas, todavia o Código Penal resguarda regular o papel da testemunha quanto à 
veracidade dos fatos narrados. Ao aprofundar essa temática entende-se o perigo 
que sonda o sistema processual no que tange as falsas memórias podendo resultar 
em danos irreparáveis e irreversíveis. No cenário de interrogatório das testemunhas, 
temos um cenário defasado e despreparado para lidar com essa problemática. Por 
isso é fundamental aprofundarmos nesse tema para identificar e sanar esses 
problemas. 
Com a finalidade de minimizar as falsas memórias na produção das provas no 
ultimo capítulo apresentado, foi exposto que o método mais assertivo para diminuir a 
falibilidade dos relatos testemunhais são as entrevistas cognitivas. Por isso, o 
15 
 
entrevistador deve desenvolver a habilidade de fazer com que a testemunha se 
engaje no processo de busca de informações verídicas na memória. 
 O estudo deve ser levado a sério e é relevante, pois as consequências são 
graves e altamente danosas. Além disso, apesar do fato de que esse assunto ser 
novo e complexo é fundamental e importante no âmbito jurídico e na área 
acadêmica, pois propiciará novos debates para sanar essas falhas e que sejam 
apresentadas soluções com melhor qualidade e certeza de um resultado justo. 
 
 
16 
 
ABSTRACT 
Human memory plays an important role as a means of proof in the legal sphere, 
especially as testimonial evidence, which is the most used means of proof in criminal 
cases, because it is the foundation of testimony and recognition. Being also the most 
fragile evidence, because of time and other factors, external or internal, and even by 
forgetfulness, memory is also affected by the phenomenon of false memories. The 
objective of this work is to explain how human memory works, its flaws, to identify the 
complexity of the reconstruction of facts through it within the criminal sphere, how 
false memories arise, and to analyze the influences and the impact caused by them. 
This work was developed by means of the hypothetical-inductive method, which is 
the most appropriate for this purpose, and the methodology used for the 
development of this work is the bibliographical research, supported by materials 
published in scientific literature books, physical and virtual bibliographies, articles, 
doctrines, monographs, dissertations, and scientific journals. Through everything that 
has been exposed in this article, it can be noticed that the study on false memories is 
of utmost importance for the criminal scope, mainly in what refers to the identification 
of memory gaps that occur within the criminal prosecution and the incessant search 
for certainty and truthfulness of the facts narrated in a testimony to accuse someone. 
The process of interrogation can show us how fragile the human memory is, the 
testimonial evidence is undoubtedly essential for the reconstruction of the facts 
investigated in the criminal prosecution and to prove them. 
 
KEYWORDS: Human Memory. Testimonial Evidence. Criminal Procedure. Cognitive 
Interviews. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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