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Ana Luiza Bezerra - Inundações e danos em Mossoró - RN no ano de 2008

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I Congresso Brasileiro de Organização do Espaço e 
X Seminário de Pós-Graduação em Geografia da UNESP Rio Claro 
ISBN: 978-85-88454-20-0 05 a 07 de outubro de 2010 – Rio Claro/SP 
304 
 
 
INUNDAÇÕES E DANOS EM MOSSORÓ – RN NO ANO DE 2008: UM 
ESTUDO INTRODUTÓRIO 
 
Ana Luiza Bezerra da C. SARAIVA 
Especialização em Geografia e Gestão Ambiental- 
 FIP – ageopesquisadora@hotmail.com 
 Paulo CEZAR FILHO 
 Aluno do curso de Gestão Ambiental da UERN – 
pauloczar10@hotmail.com 
Alfredo Marcelo GRIGIO 
 Professor do curso de Gestão Ambiental da UERN – 
grigioma@yahoo.com 
Resumo 
As cidades do semi-árido brasileiro, do ponto de vista climático, foram por muito tempo 
apenas sinônimo de locais quentes e secos. Porém, uma grande problemática vem 
surgindo nos calendários anuais de algumas dessas cidades: os danos causados por 
impactos meteóricos (precipitação abundante). A organização do espaço urbano, bem 
como o padrão de uso e ocupação do solo, tem contribuído para o aumento de áreas de 
risco de enchentes e inundações, atingido um número cada vez maior de pessoas. As 
enchentes e inundações são classificadas pela Defesa Civil Brasileira como desastres 
naturais. No ano de 2008 no município de Mossoró-RN ocorreram chuvas acima nas 
normais climáticas, aumentando significativamente o volume de água do rio que corta a 
cidade, o Apodi-Mossoró. Nessa perspectiva, esse trabalho teve como objetivo realizar 
uma avaliação inicial dos danos ocorridos em Mossoró, tendo com base o Relatório de 
Avaliação de Danos elaborado pela Coordenadoria da Defesa Civil Municipal. Foi 
possível concluir que as chuvas de 2008, associado à ocupação de áreas próximas as 
margens dos rios, ocasionou um desastre de grande magnitude, gerando danos humanos, 
materiais e ambientais, atingindo diretamente cerca de 22.924 pessoas. 
 
Palavras-chave: Chuvas, Danos, Mossoró 
 
1.INTRODUÇÃO 
De 1992 a 2001 ocorreram no mundo cerca de 2.730 desastres naturais, matando 
535.000 pessoas e afetando a vida de mais de 2.000.000, sendo os mais freqüentes as 
enchentes/inundações e as tempestades tropicais (STEINKE et al aput ALEXANDER, 
2006). As cidades do semi-árido brasileiro, do ponto de vista climático, foram por muito 
tempo apenas sinônimo de locais quentes e secos. Porém, uma grande problemática vem 
surgindo nos calendários anuais de algumas dessas cidades: os danos causados por 
 
I Congresso Brasileiro de Organização do Espaço e 
X Seminário de Pós-Graduação em Geografia da UNESP Rio Claro 
ISBN: 978-85-88454-20-0 05 a 07 de outubro de 2010 – Rio Claro/SP 
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impactos meteóricos (precipitação abundante). A organização do espaço urbano, bem 
como o padrão de uso e ocupação do solo, tem contribuído significativamente para o 
aumento de áreas de risco de enchentes e inundações, atingido um número cada vez 
maior de pessoas. 
As enchentes são fenômenos que ocorrem quando o volume da água que atinge 
simultaneamente o leito de um rio é superior à capacidade de drenagem de sua calha 
normal, também chamado de leito menor ou calha principal (CPRM, 2004). Sendo o 
leito menor a parte do canal ocupado pelas águas, cuja freqüência impede que a 
vegetação se desenvolva, sendo delimitado por margens bem nítidas (OLIVEIRA, 
2004). 
Por vezes, no período de enchente, as vazões atingem tal magnitude que podem superar 
a capacidade de descarga da calha do curso d’água e extravasar para áreas marginais 
habitualmente não ocupadas pelas águas. Este extravasamento caracteriza uma 
inundação (figura 1), e a área marginal, que periodicamente recebe esses excessos de 
água denomina-se planície de inundação, várzea ou leito maior (BRASIL, 2007). 
Figura 1 – Perfil esquemático do processo de enchente e inundação. 
 
Fonte: BRASIL, 2007 
As enchentes e, principalmente, as inundações têm gerado grandes desastres e danos à 
população brasileira, afetando drasticamente a população mais pobre. Pereira e Silva 
(2007) evidenciam motivos para a ocorrência desses fatos: 
As inundações em áreas urbanas ocorrem principalmente devido 
ao desmatamento, a pavimentação do solo, construções, 
movimentos de terra, e a aterros de reservatórios e de curso 
d’água, aumentando a freqüência e magnitude das enchentes, 
somado ao processo natural no qual o volume da água do rio 
transborda até o leito maior da planície de inundação, atingindo 
as habitações que ocupam áreas inapropriadas a ocupação 
humana. Esses fatores em conjunto, causam sérios problemas de 
inundação (PEREIRA E SILVA 2007, p. 26). 
 
 
I Congresso Brasileiro de Organização do Espaço e 
X Seminário de Pós-Graduação em Geografia da UNESP Rio Claro 
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Monteiro (1975, p. 100) ao elaborar sua teoria sobre o clima das cidades subdivide esse 
conjunto-produto em três canais de percepção humana: I conforto térmico onde engloba 
as componentes termodinâmicas que se manifestam através do calor, ventilação e 
umidade; II qualidade do ar onde aborda a poluição do mesmo e associando ou não a 
outras formas de poluição; e III meteoros de impacto onde são agrupados chuva, neve, 
nevoeiro, tornados e tempestades, que segundo o autor são capazes de causar impactos 
na vida da cidade. Nesse contexto impacto refere-se às conseqüências calamitosas, que 
afetam a organização e funcionamento da cidade. 
Segundo Ana Monteiro (2009, p. 13), no seu trabalho sobre precipitação em cidades de 
Portugal, afirma que “a precipitação, quando ocorre com grande intensidade e, 
sobretudo quando se lhe associam inundações rápidas – flash floods – em rios e ribeiros 
artificiais, podem paralisar completamente uma cidade”. Ela complementa afirmando 
que dependendo da velocidade da água, é possível a mesma arrastar consigo pessoas e 
bens. 
No Brasil o Ministério da Integração Nacional através da Secretaria Nacional da Defesa 
Civil tem um papel muito importante quando ocorrem esses desastres. Segundo a 
Política Nacional da Defesa Civil “o direito natural à vida e à incolumidade foi 
formalmente reconhecido pela Constituição da República Federativa do Brasil. Compete 
à Defesa Civil a garantia desse direito, em circunstâncias de desastre” (BRASIL, 2005). 
Ainda segundo essa secretaria 
A realidade brasileira, neste contexto de desastres, pode ser 
caracterizada pela freqüência dos desastres naturais cíclicos, 
especialmente as inundações em todo o País. [...] o Brasil apresenta-se 
com características regionais de desastres, onde os desastres naturais 
mais prevalentes são: Região Norte - incêndios florestais e 
inundações; Região Nordeste - secas e inundações; Região Centro-
Oeste - incêndios florestais; Região Sudeste – deslizamento e 
inundações; Região Sul – inundações, vendavais e granizo. 
 
Durante esses desastres é comum ocorrem diversos danos, que pode ser compreendido 
como “Perda humana, material ou ambiental, física ou funcional, resultante da falta de 
controle sobre o risco” (BRASIL, 2005). Esses danos são classificados em: danos 
humanos, materiais e ambientais (Tabela I). 
Tabela I – Classificação de danos segundo a Defesa Civil Brasileira 
Classificação Danos Observações 
Danos Pessoas desalojadas; desabrigadas; Como uma mesma pessoa pode sofrer 
 
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Humanos deslocadas; desaparecidas; feridas 
gravemente; feridas levemente; enfermas; 
mortas; incapacitadas temporariamente e 
incapacitadas definitivamente. 
mais de um tipo de dano, o número total 
de pessoas afetadas é igual ou menor que 
a somação dos danos humanos. 
Danos 
Materiais.Número de edificações, instalações e outros 
bens danificados e destruídos e do valor 
estimado para a reconstrução ou 
recuperação dos mesmos 
É desejável discriminar a propriedade 
pública e a propriedade privada, bem 
como os danos que incidem sobre os 
menos favorecidos e sobre os de maior 
poder econômico e capacidade de 
recuperação. 
Danos 
Ambientais 
Os danos ambientais são estimados em 
função do nível de: poluição e 
contaminação do ar, da água ou do solo; 
degradação, perda de solo agricultável por 
erosão ou desertificação; desmatamento, 
queimada e riscos de redução da 
biodiversidade representada pela flora e 
pela fauna. 
Os danos ambientais, por serem de mais 
difícil reversão, contribuem de forma 
importante para o agravamento dos 
desastres e são medidos quantitativamente 
em função do volume de recursos 
financeiros necessários à reabilitação do 
meio ambiente. 
Fonte das informações: BRASIL, 2005 
Organização da tabela: Ana Luiza Bezerra da Costa Saraiva 
 
Com base nessa classificação estabelecida pela Defesa Civil nosso objetivo com esse 
trabalho foi realizar uma avaliação inicial dos danos ocorridos no município de 
Mossoró-RN (figura 1), tendo com base o Relatório de Avaliação de Danos elaborado 
pela Prefeitura Municipal através da Coordenadoria da defesa Civil. Nosso recorte 
temporal é o ano de 2008, especificamente os meses de Janeiro a Abril. 
Escolhemos esse município por está localizado em uma região semi-árida, que ao longo 
de sua história foi atingida por enchentes e inundações, constituindo assim um enorme 
paradoxo climático. Além de se constituir uma cidade de porte médio de grande 
importância para dinâmica econômica e social do RN. O ano de 2008 foi escolhido por 
exemplificar um período de chuvas além da normal climática para o município e pela 
elaboração nesse ano do Relatório de Avaliação de Danos (o primeiro a ser realizado 
para o município) pela Defesa Civil. 
 
 
 
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X Seminário de Pós-Graduação em Geografia da UNESP Rio Claro 
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Figura 1 – Localização do município de Mossoró - RN 
 
www.ufersa.edu.br Acesso em 18/07/10 
2. DADOS CLIMÁTICOS 
2.1 Características climáticas de Mossoró 
As características climáticas de Mossoró são bastante influenciadas pela Zona de 
Convergência Inter-Tropical (ZCIT) e pelas massas de ar equatorial atlânticas. 
Monteiro e Dani-Oliveira (2007, p.151) afirmam que o clima da cidade de Mossoró é 
tropical-equatorial. Esse tipo climático, em alguns locais, está associado à vegetação de 
caatinga, refletindo os baixos índices pluviométricos anuais e as altas temperaturas. 
Essas localidades também são chamadas de semi-áridas, pois apresentam de sete a oito 
meses sem chuva. 
“Mossoró (RN) apresenta regularidades térmicas e variabilidade 
pluviométricas anuais expressivas. O outono caracteriza-se por ser mais 
chuvoso (a média mensal de março e abril é cerca de 180mm) e o inverno e a 
primavera, menos chuvosos (chegando a 5mm em novembro).” 
(MENDONÇA;DANNI-OLIVEIRA, 2007, p.162) 
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE (2010) o outono inicia no 
dia 20 de março e acaba em 20 de junho e as características dessa estação para a região 
nordeste são: intensificação do período chuvoso com temperaturas homogêneas, onde a 
mínima varia em torno de 22°C e a máxima varia entre 30°C e 32°C. 
 
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Segundo Chagas (1997) a precipitação anual média de Mossoró é de é 772,7mm. Esse 
volume de chuva é concentrado nos meses de fevereiro, março, abril e maio, sendo abril 
o mais chuvoso, assim chamadas chuvas de outono. O mesmo autor afirma que o 
período de maior nebulosidade é o mês de março e os menores valores são encontrados 
em setembro e outubro, onde os maiores coincidem com o período de chuvas e os 
menores com a época mais seca do ano, sendo a variação anual da precipitação 
pluviométrica é diretamente correlacionada à nebulosidade. 
Porém os valores anuais de precipitação podem variar de um ano para o outro por 
diversos motivos. No Brasil os fenômenos El Niño (quando acontece um aquecimento 
acima do normal das águas do oceano Pacífico) La Ninã (quando acontece um 
resfriamento anormal nas águas do oceano pacífico) pode influenciar os índices de 
precipitação. Quando esses fenômenos ocorrem geras secas ou chuvas muito fortes no 
Nordeste brasileiro. 
Ferreira e Mello (2006) explicam como o La Ninã influencia nas chuvas do nordeste, 
dizendo que: 
“O fenômeno La Ninã associado ao dipolo negativo do Atlântico (favorável 
as chuvas), é normalmente responsável por anos considerados normais, 
chuvosos ou muito chuvosos na região. [...] Quando as águas do Atlântico 
norte estão mais frias que o normal, o Sistema de Alta Pressão do Atlântico 
Norte e os ventos alísios de nordeste intensificam-se. Se neste mesmo 
período o Atlântico Sul estiver mais quente que o normal, o Sistema de Alta 
Pressão do Atlântico Sul e os ventos alísios de sudeste enfraquecem. Este 
padrão favorece o deslocamento da ZCIT para posições mais ao sul da linha 
do Equador, e é propício à ocorrência de anos normais, chuvosos ou muito 
chuvosos para o setor norte do Nordeste do Brasil.” (FERREIRA; MELO, 
2006, P.25) 
Nessas condições os rios costumam receber um volume muito grande de água em seus 
canais, muitas vezes chegando até o seu leito maior e/ou excepcional. Nessas ocasiões a 
população que reside nas proximidades dos rios, com riscos de inundação, é atingida de 
forma intensa. Essa situação ocorreu em Mossoró, no ano de 2008 
 
2.2 O ano de 2008 – características climáticas 
Em 2008, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE “a atuação 
conjunta de vários sistemas meteorológicos contribuiu para a ocorrência de chuvas 
acima da média histórica em grande parte da Região Nordeste do Brasil [...]”. Espínola 
em entrevista ao Jornal de Fato (2008), explicou o que gerou esse episódio e relaciona 
 
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com o aumento do nível do rio Apodi-Mossoró, principalmente na área urbana de 
Mossoró: 
“[...] observamos a ocorrência destes dois fenômenos (La Ninã e o 
aquecimento das águas do oceano Atlântico). Sabíamos que era a 
garantia de um bom inverno para a região. O processo ocorreu em 
todo o Estado e atingiu desde a cabeceira do rio. Por isso, a cheia 
registrada em Mossoró.” 
 
Na mesma matéria, o mesmo professor afirma que até o dia 08/04/2008 já tinha chovido 
495.7 mm (EMPARN, 2008), 30% a mais do que o esperado. 
Em 2008, segundo o INMET (2008) os meses de março e maio totalizaram 39 dias de 
chuva, destacando os dias 13/03, onde choveu 95 mm, e o dia 06/04, onde choveu 77 
mm (tabelas I e II). Esse volume de chuva fez as águas do rio Apodi-Mossoró 
trasbordar e atingirem casas em diversos bairros da cidade. Nessa perspectiva, nos 
buscamos conhecer os danos ocorridos nesse ano de chuvas tão intensos. 
 Tabela I Tabela II 
 
3. Danos humanos, materiais e ambientais 
Carlos (2009) afirma que “a cidade enquanto construção humana, produto social 
trabalho materializado, apresenta-se enquanto forma de ocupação”. A ocupação de 
determinado lugar na cidade, ainda segundo a autora, “se dá a partir da necessidade de 
realização de determinada ação, seja de produzir,consumir, habitar ou viver”. Mossoró, 
hoje a segunda maior cidade do RN, surgiu a partir de uma fazenda localizada na 
margem esquerda do Rio Apodi-Mossoró, destinada a produção de carne, para suprir as 
necessidades alimentícias do litoral potiguar açucareiro (PINHEIRO, 2008). Mossoró 
cresceu ao redor desse centro, tendo o rio o papel de ligação como o litoral e as áreas do 
interior do estado. Hoje esse município tem 244.287 habitantes (IBGE, 2005), está 
localizada entre Natal e Fortaleza, sendo uma das principais cidades do interior do 
 
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Nordeste. O local que abrigava a pequena fazenda Santa Luzia, ao longo dos anos, 
transformou-se no o centro-urbano do município, onde estão localizados pontos 
comerciais, de serviços (saúde, bancário, escola, estética, lazer entre outros), 
residenciais e que nos mês de junho (São João), setembro (abolição da escravatura) e 
dezembro (festa da padroeira São Luzia) transforma-se em palco para grandes festas 
organizadas pelo poder público. A cidade, segundo o Plano Diretor Municipal (2008), 
possui hoje 28 bairros, sendo 10 cortados pelo Apodi-Mossoró (figura2). 
 
Figura 2 – Área urbana de Mossoró-RN, com seus condicionantes e restrições ambientais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Alto da 
 Conceição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Ana Luiza Bezerra da Costa Saraiva Samuel Rodrigues de Freitas Moura 
 Pesquisadora Elaboração 
 
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Essa cidade, em 2008, foi atingida pro um volume grande de chuvas, bem além do 
normal climático para a região, causando inúmeros danos humanos, materiais e 
financeiros, principalmente em 12 bairros. Episódios como esse é classificado pela 
Defesa Civil como Desastres Naturais Relacionados com o Incremento das 
Precipitações Hídricas e com as Inundações. Quando isso ocorre, esse órgão fornece um 
formulário-base para o cadastro de áreas atingidas. Os dados que utilizaremos é fruto do 
preenchimento desse formulário, pela coordenadoria municipal da defesa civil, para o 
município de Mossoró no ano de 2008. 
A área afetada, segundo a Defesa Civil de Mossoró – 2008, foi toda área urbana e rural 
do município, localizada na região oeste, com extensão de 10km de toda área ribeirinha 
do rio Apodi-Mossoró. As causas do desastre, segundo a Defesa, foram às inundações 
causadas por um grande volume de águas do rio Apodi-Mossoró e alta precipitação 
pluviométrica, 487,5 mm, registrado no período de 01.01.2008 à 06.04.2008, de forma 
irregular, tendo alguns dias precipitado um volume muito grande de chuva para a 
região, provocando danos humanos, materiais e ambientais. 
Na zona urbana foram afetadas áreas residenciais, comerciais e industriais. Já na zona 
rural foram afetadas áreas residenciais, comerciais, e áreas onde são praticadas a 
agricultura, pecuária e extrativismo vegetal. 
Relativo aos danos humanos: 6.280 pessoas foram desalojadas, 3.065 foram 
desabrigadas e 3.215 foram deslocadas. Nesse contexto, outro dano humano foi gerado: 
16.644 alunos ficaram sem aula, pois 14 escolas do município e 15 escolas do estado 
serviram de abrigo. Sobre os danos materiais: 1.460 residências populares foram 
danificadas (ver tabela II), 580 foram destruídas, 269 km de estradas, 80 mil m² de vias 
urbanas e uma praça foram danificadas. Sobre os danos ambientais: o recurso natural 
água sobre dano de intensidade média relativo aos esgotos sanitários e baixa intensidade 
relativo aos efluentes industriais. Relativo ao solo, o processo erosivo que ocorreu foi 
considerado de alta intensidade e com um teor médio de contaminação. Não foram 
registrados danos ao ar, flora e fauna. 
 
 
 
 
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Tabela II – Bairros como o maior número de casas danificadas 
Bairro Classificação Número de casas danificadas 
Alto da Conceição 1° 341 
Ilha de Santa Luzia 2° 257 
Paredões 3° 241 
Fonte das informações: Defesa Civil de Mossoró, 2008 
Organização da tabela: Ana Luiza Bezerra da Costa Saraiva 
 
Considerações finais 
As cidades, cada dia mais, têm sido palco de grandes desastres naturais gerando 
enormes danos e prejuízos sociais e ambientais. As chuvas que caíram sobre Mossoró-
RN no ano de 2008, juntamente ao uso e padrão de ocupação do solo na cidade, geraram 
um desastre de grande magnitude, atingindo diretamente cerca de 22.924 pessoas. 
Com base na avaliação conclusiva sobre a intensidade do desastre, a Coordenadoria da 
Defesa Civil de Mossoró, afirmou que os danos humanos foram de intensidade média. 
Já os danos materiais e ambientais foram importantes, contabilizando assim prejuízos 
sociais importantes e os econômicos muito importantes. Nesse contexto o nível de 
intensidade do desastre foi classificado como grande. 
É nosso objetivo dá continuidade a esse trabalho, utilizando não apenas os dados dos 
relatórios elaborados pela prefeitura, mas sim as experiências e depoimentos de pessoas 
que enfrentam/enfrentaram essa situação. 
 
BIBLIOGRAFIA 
CARLOS, A. F. A cidade. 8 ed. São Paulo: Contexto, 2009 
 
CPRM, ANA e IGAM. Definição da Planície de inundação da cidade de 
Governador Valadares. Belo Horizonte. 30 p. 2004. Disponível em: 
<http:WWW.cprm.gov.br/publique/media/def_gov_vala.pdf>. Acesso em: 07 jun. 2010. 
 
ERCILIA, T. S. et al. Sistemas Atmosféricos geradores de eventos extremos de 
precipitação em outubro de 2006 no Distrito Federal. Revista Brasileira de 
Climatologia Geográfica. – Presidente Prudente, 2006 
 
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314 
 
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Disponível em: 
http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1. Acesso: 15/10/2009. 
 
MENDONÇA, F.; DANNI-OLIVEIRA, I. M. Climatologia: noções básicas e climas 
do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2007. 
 
MOSSORÓ. Prefeitura Municipal. Plano diretor de desenvolvimento de Mossoró. 
Mossoró – RN, 2005. P192. 
 
MONTEIRO, C. A . F. Teoria e clima urbano. São Paulo: IGEO/USP, 1976. 
 
MONTEIRO, A. As cidades e a precipitação uma relação demasiado briguenta. 
Revista Brasileira de Climatologia Geográfica. – Presidente Prudente, 2009. 
 
OLIVEIRA, E. L. A. Áreas de Risco Geomorfológico na Bacia Hidrográfica do 
Arroio Cadena, Santa Maria/RS: Zoneamento e Hierarquização. 2004. 137 f. 
Dissertação (Pós-Graduação em Geografia) – Universidade Federal do Rio Grande do 
Sul. 
 
Fontes da internet: 
 
 Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - http://infoclima1.cptec.inpe.br/ 
Jornal de Fato – www.jornaldefato.com.br 
Jornal O mossoroense – www.omossoroense.com.br

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