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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE RONDÔNIA CAMPUS CACOAL DEPARTAMENTO DE APOIO AO ENSINO CURSO TÉCNICO EM AGROECOLOGIA INTEGRADO AO ENSINO MÉDIO PRODUÇÃO AGROECOLÓGICA DE CULTURAS PERENES – 3º PRODUÇÃO DE CACAU Any Gabriely; Maria Eduarda; Monique Ferreira; Vitória Fukamatsu. Trabalho apresentado a Profª Dheimy da Silva Nevelli como parte das exigências da disciplina de Produção Agroecológica de Culturas Perenes. CACOAL – RO NOVEMBRO/2021 INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE RONDÔNIA Campus Cacoal – Telefone: (69) 3443-2445 BR 364, km 228 – Lote 2A – Caixa Postal 146 – Cacoal-RO E-mail: campuscacoal@ifro.edu.br – www.ifro.edu.br SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 3 1.1 HISTÓRIA DO CACAU 3 1.2 CLASSIFICAÇÃO DO CACAU 5 1.3 CARATERÍSTICAS DA PLANTA 6 2 EXIGÊNCIAS EDAFOCLIMÁTICAS 6 3 PRINCIPAIS CULTIVARES 7 4 PRODUÇÃO DEMUDAS 8 5 IMPLANTAÇÃO DA CULTURA 8 6.1 PODAS 11 6.2 ADUBAÇÃO 12 6.3 IRRIGAÇÃO 12 6.4 PRAGAS 12 6.4.1 CHUPANÇA-DO-CACAU 12 6.4.2 TRIPES DO CACAUEIRO 13 6.4.3 VAQUINHAS 13 6.5 DOENÇAS 14 6.5.1 VASSOURA DE BRUXA 14 6.5.2 PODRIDÃO PARDA 14 7 COLHEITA E PÓS COLHEITA 16 7.1 PASSO A PASSO À RETIRADA DOS FRUTOS 16 7.1.1 Retire os frutos maduros e sadios: 16 7.1.2 Recolha o fruto do chão: 16 7.1.3 Junte os frutos colhidos (bandeira): 17 7.2 SEPARAÇÃO DO FRUTO E DA SEMENTE 17 7.2.1 Faça a quebra dos frutos maduros 17 7.3 FERMENTAÇÃO DAS AMÊNDOAS 19 7.3.1 Passo a Passo para a Fermentação 19 7. 4 SECAGEM DAS AMÊNDOAS 21 7.4.1 Passo a Passo à Secagem 21 7.4.2 Tipos de Secagem 22 7.4.2.1 Secagem Natural 22 7.4.2.2 Secagem artificial 22 7.4.2.3 Secagem solar 23 7.4.2.4 Secador Tubular 23 7.4.2.5 Secador Tubular com ventilação forçada 23 7.4.2.6 SecagemMista 23 7.5 ARMAZENAMENTO 24 8 REFERÊNCIAS 25 INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE RONDÔNIA Campus Cacoal – Telefone: (69) 3443-2445 BR 364, km 228 – Lote 2A – Caixa Postal 146 – Cacoal-RO E-mail: campuscacoal@ifro.edu.br – www.ifro.edu.br 1. INTRODUÇÃO 1.1 HISTÓRIA DO CACAU O cacau foi citado pela primeira vez em literatura botânica no início do século XVII como Cacao fructus por Charles de L’ecluse . Em 1737 foi introduzido o binômio Theobroma cacao L. A palavra Theobroma significa alimento dos deuses e é inspirada na crença mesoamericana da origem divina do cacaueiro. O termo cacau deriva da palavra cacahualt (idioma nahuatl) falada pela civilização maia. Os povos maia e asteca cozinhavam o cacau e o trituravam com milho e pimenta aromatizando o preparo com baunilha e canela. À bebida davam o nome de xocatl. Além de servir como base para a bebida, que deveria ser ingerida ritualisticamente, as amêndoas de cacau circulavam como moeda. Evidências apresentadas atualmente demonstram que índios Kuna, da costa do Panamá, eram protegidos contra a elevação da pressão arterial por meio da ingestão de grandes quantidades de cacau, consumidos até com sal. A mortalidade por eventos cardiovasculares comparado com indivíduos pan-americanos é de nove contra 83 para cada 100.000 indivíduos. Os emigrantes para áreas urbanas perderam essa proteção. No século XVI, com uma centena de amêndoas de cacau era possível comprar um bom escravo (Bondar, 1938). Ainda sobre o uso do cacau como moeda, Peter Martyr da Algeria escrevia em 1530: “Abençoado dinheiro, que fornece uma doce bebida e é benéfico para a humanidade, protegendo os seus possuidores contra a infernal peste da cobiça, pois não pode ser acumulado muito tempo nem escondido nos subterrâneos”. O contato inicial dos europeus com o cacau foi em 1502, quando um dos navios da quarta expedição de Colombo às Américas encontrou na costa norte da atual Honduras uma canoa nativa contendo amêndoas de cacau para comércio. Na América do Sul, a Venezuela foi um dos primeiros países a introduzir o cultivo do cacaueiro. A referência mais antiga sobre o cultivo de cacau na Bahia data de 1655, quando o vice-rei D. Vasco de Mascarenhas confessou-se, em carta enviada ao capitão-mor do Grão Pará, “afeiçoado ao chocolate” e julgou útil ao Brasil a intensificação do seu plantio, principalmente na Bahia, pelo clima semelhante ao amazônico. Não se sabe, entretanto, se o pedido foi atendido. Em 1746, Antonio Dias Ribeiro, da Bahia, recebeu algumas sementes do grupo Amelonado ? Forastero, de um colonizador francês chamado Luiz Frederico Warneau, do Pará. Assim, introduziu o cultivo na Bahia. O primeiro plantio foi feito na fazenda Cubículo, às margens do rio Pardo, no atual Município de Canavieiras. Em 1752 foram feitos plantios no Município de Ilhéus. A partir da década de 1770 a coroa portuguesa passou a incentivar o plantio de novas lavouras de exportação para diminuir a dependência do comércio do açúcar. Teve início o plantio de lavouras alternativas como café, cacau e algodão. O começo do cultivo comercial no município ilheense foi em 1820. Os pioneiros foram principalmente suíços e alemães com capital. A partir de 1835, o cacau tomou parte regular nas exportações anuais da província. Seu valor era pequeno em relação ao total das exportações provinciais, mas o cacau foi um dos raros produtos agrícolas a crescer de importância na receita da Bahia no século XIX. Em 1860, ocorrem as primeiras exportações do produto para o mercado norte-americano (sessenta e sete toneladas de cacau baiano para o porto de Filadélfia). 1.2 CLASSIFICAÇÃO DO CACAU A Classificação Científica do Cacau pode ser dada da seguinte maneira: o reino o qual pertence é o Reino Planae, que designa todas as espécies vegetais existentes no planeta; ele pertence a divisão Magnoliophyta, mais comumente chamada de Angiosperma, que são plantas que apresentam suas sementes protegidas por uma estrutura denominada fruto; a classe é Magnoliopsida, conhecida como Dicotiledónea, a qual abriga plantas que a flor, cujo embrião (semente) contém dois ou mais cotilédones. Outras características incluem raiz axial e folhas com nervação reticulada; sua ordem é a Malvales, que agrupa plantas em que as flores são cíclicas ou hemicíclicas, diclamídeas, com pétalas geralmente soldadas na base. O cálice é duplo, em algumas vezes. Os estames geralmente são numerosos, às vezes dispostos em espiral. Os carpelos, geralmente 5, têm ovário normalmente súpero. Os filetes dos estames são geralmente soldados em maior ou menor extensão, formando andróforo envolvendo o gineceue a maioria apresenta mucilagem, para reserva de líquidos. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE RONDÔNIA Campus Cacoal – Telefone: (69) 3443-2445 BR 364, km 228 – Lote 2A – Caixa Postal 146 – Cacoal-RO E-mail: campuscacoal@ifro.edu.br – www.ifro.edu.br https://pt.wikipedia.org/wiki/Cotil%C3%A9dones https://pt.wikipedia.org/wiki/Raiz https://pt.wikipedia.org/wiki/Diclam%C3%ADdea https://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A9tala https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A1lice https://pt.wikipedia.org/wiki/Estame https://pt.wikipedia.org/wiki/Carpelo https://pt.wikipedia.org/wiki/Filete https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Andr%C3%B3foro&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Gineceu A Família a qual o Cacau pertence é a Malvaceae, uma família formada por plantas herbáceas, subarbustos, árvores ou lianas, que podem viver em substratos aquáticos, terrestres, hemiepífita e rupícola que possuem canais de mucilagem e pelos geralmente com escamas peltadas; já a subfamília é a Sterculioideae, sendo uma subfamília difundida nos trópicos do mundo, sobretudo na América e África, com cerca de 12 gêneros e 400 espécies. Por fim, o Genêro que é designado ao Cacau é o Theobroma, que brange 22 espécies vegetais nativas da região amazônica. Todas apresentam frutos com valor comercial, porém só 4 espécies são cultivadas para este fim (Theobroma biocolor, Theobroma Cacao, Theobroma grandiglorum e Theobroma Angustifulium), destacando-se o cacau. 1.3 CARATERÍSTICAS DA PLANTA O Cacaueiro quando é proveniente de sementes pode chegar de 5 a 8 metros de comprimentos,e a sua copa pode atingir de 4 a 6 metros de diâmetro. Quando cresce em condições naturais pode chegar a acalnçar cerca de 20 metros, em decorrência da competição por luz e ao sombreamento com outras espécies que também se desenvolvem na floresta. Algumas características importantes a serem ressaltadas são: as folhas, que apresentam formas oblongas - ou seja, possuem o compriemento maior que a largura -, além de serem bem grandes; o caule, que se apresenta de forma ereta e se tornando o local pelo qual os ramos e as flores podem surgir; e as flores, que possuem m cálice com cinco sépalas brancas e uma corola formada por cinco pétalas brancas, as quais apresentam um prolongamento de coloração amarela, que pode ser chamada de lígula. As pétalas e as sépalas se dispõem de maneira alternada na flor. As flores são hermafroditas, e a polinização é realizada por insetos, sendo a mosca do gênero Forcipomya o principal polinizador. Um ponto muito interessante e peculiar a ser ressaltado sobre o cacaueiro é que de cerca de 100 mil flores que são brotadas, apenar 5% destas serão fertilizadas, e destas, apenas 0,1% geram frutos. O cacau é o fruto do cacaueiro e está sustentado na planta por um pedúnculo lenhoso. Ele apresenta um formato alongado e possui sulcos. A cor do cacau é variada, existindo diferenças entre as variedades e também durante o amadurecimento. Os frutos variam do verde ao roxo e do amarelo ao laranja. As sementes são ovoides e recobertas por uma polpa mucilaginosa de cor branca. Apesar de a polpa ser também muito apreciada por seu sabor adocicado, o principal produto comercializado é a semente, que é usada, por exemplo, na fabricação do chocolate. https://pt.wikipedia.org/wiki/Am%C3%A9rica https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81frica https://pt.wikipedia.org/wiki/Amaz%C3%B4nia https://pt.wikipedia.org/wiki/Fruto https://pt.wikipedia.org/wiki/Cacau https://brasilescola.uol.com.br/biologia/polinizadores.htm 2 EXIGÊNCIAS EDAFOCLIMÁTICAS Para expressar plenamente seu potencial genético, as plantas devem ser cultivadas sob condições ótimas de solo e clima, especialmente aqueles relacionados ao crescimento e ao desenvolvimento das plantas. O cacaueiro é uma planta típica nos trópicos úmidos e é cultivado em áreas onde a oscilação climática é relativamente pequena durante todo o ano, especialmente no que diz respeito à temperatura - onde o ideal indicado por especialistas fica na faixa dos 23°C a 25°C, radiação solar e duração do dia. A precipitação pluviométrica é o componente mais importante do clima, porque tem muita variabilidade e é um dos principais fatores de risco para a agricultura regional de cacau, sendo a mesma ficar entre 1800 a 2000 mm/ano. Para que o estabelecimento de plantio de cacaueiro seja economicamente viável, é necessário distinguir o regime das chuvas, principalmente em relação à distribuição ao longo dos meses nos locais onde serão instaladas as empresas de cacau. Períodos secos com mais de três meses são prejudiciais. Outro componente climático que deve ser considerado é a velocidade do vento, porque em localidades com velocidades de vento superiores a 2,5m/s, é aconselhável instalar quebra-ventos, a fim de que a evapotranspiração dos cacaueiros e, consequentemente, a queima e a queda das folhas, especialmente as mais jovens, sensíveis ao movimento do ar, sejam reduzidas. Além disso, a umidade relativa deve estar na faixa dos 80%. Outro ponto importante a ser discutido é quanto a altitude do plantio, sendo que em regiões comuns, este deve estar em torno de 300 a 600m, já em regiões próximas a linha do equador esta altitude pode variar de 0 a 150m. 3 PRINCIPAIS CULTIVARES O cacaueiro apresenta três grupos/variedades: criollo, forasteiro e trinitário. O grupo criollo apresenta frutos grandes e sementes com cotilédones de cor branca a um violeta pálido. Além disso, produz um chocolate de sabor suave e frutado, sendo conhecido como um cacau de qualidade superior, sendo chamado de “cacau fino”. É mais vulnerável a doenças do que o INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE RONDÔNIA Campus Cacoal – Telefone: (69) 3443-2445 BR 364, km 228 – Lote 2A – Caixa Postal 146 – Cacoal-RO E-mail: campuscacoal@ifro.edu.br – www.ifro.edu.br tipo forasteiro. O grupo forasteiro é caracterizado pela semente com cor violeta intenso, possuindo uma quantidade considerável de antocianina. É chamado de cacau “tipo básico” e é o mais produzido mundialmente. Desse cacau é produzido um chocolate com sabor mais amargo e adstringente, devido à presença de uma maior quantidade de compostos fenólicos, em comparação com o criollo. O último grupo é o trinitário, que é obtido do cruzamento das variedades criollo e forasteiro. A semente desse cacau varia do amarelo-pálido até o roxo-escuro. No Brasil, diversas cultivares são utilizadas na produção de Cacau, mas estas são as principais: BN 34, CCN 51, CEPEC 2002, CEPEC 2004, CP 49, PH 16, SALOBRINHO 03, PS 13.19, SJ 02 e TSH 1188. 4 PRODUÇÃO DE MUDAS Existem diversos modelos para produção de mudas de cacaueiros pelo método da estaquia, os quais apresentam diferentes tecnologias e utilizam equipamentos e materiais que influenciam diretamente nos custos de implantação de cada modelo. Os resultados, expressos em quantidade de estaca enraizada e de muda formada, em princípio, dependem da capacidade de enraizamento individual dos clones, entretanto, as pesquisas vêm demonstrando cada vez mais a importância do controle das condições do ambiente de enraizamento (temperatura, umidade, sanidade),que podem responder mais pelo sucesso no enraizamento e crescimento das mudas do que o método escolhido. O cacaueiro pode ser propagado tanto por sementes quanto por via vegetativa (estaquia e enxertia). O plantio por sementes foi o método mais utilizado no estado da Bahia no século passado. Após a germinação, eliminavam-se as plantas de menor vigor e as mais vigorosas serviam para a formação da plantação. 5 IMPLANTAÇÃO DA CULTURA Para identificar o local, considere: • Aproximação do mercado consumidor; • Topografia; • Acesso a energia elétrica; e • Condições de clima, solo, vento, chuvas, umidade, entre outros. Conheça o clima e observe os principais fatores climáticos (temperatura, chuvas, ventos, luminosidade e umidade relativa do ar) propícios para implantação da cultura do cacau em áreas tradicionais. Recomenda-se: • Precipitação com pluviosidade média de 1.500 mm, bem distribuída durante o ano; • Umidade relativa do ar acima de 70%; • Boa luminosidade; • Temperaturas médias acima de 21ºC; e • Ventos fracos. Em novas regiões de implantação do cacau, como as fronteiras agrícolas do semiárido e do cerrado brasileiro, com características climáticas diferentes das regiões tradicionais, vêm-se usando tecnologias como a irrigação e a fertirrigação, além do quebra ventos, variedades mais produtivas que têm viabilizado a instalação de novos plantios. Profundidade acima de 1 metro Para observar a profundidade do solo são abertas valas ou observados os barrancos próximos ao local de plantio, examinando seu perfil • Textura areno-argilosa ou argilo-arenosa (textura média) Pode-se implantar a cultura em outros solos com textura arenosa ou argilosa, mas deve-se adotar práticas de manejo e conservação. • Não encharcados e sem problemas de drenagem Em solos encharcados ou que, em períodos de chuvas intensas, alagam, é necessário instalar um sistema de drenagem, com a construção de drenos, sulcos ou valetas para escoar a água acumulada. • Livres de camadas de impedimento (camadas compactadas) Em solos compactados, é necessário realizar a subsolagem para descompactar a camada adensada. • Ricos em matéria orgânica Solos com matéria orgânica são mais estruturados e possibilitam melhor desenvolvimento das raízes do cacaueiro.Verifique a disponibilidade de água e observe a existência de fontes de água em quantidade e qualidade adequadas, para uso na irrigação, manejo fitossanitárioe adubação foliar. Deve-se consultar o órgão ambiental para ter a licença de uso da água para a irrigação, denominada outorga d’água. Conheça o relevo da área Deve-se dar preferência aos terrenos com relevo plano ou suavemente ondulado. Nos plantios em encostas, é necessário fazer o uso de curvas de nível, construir terraços, utilizar cobertura morta e preparar manualmente o terreno, como práticas de conservação do solo. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE RONDÔNIA Campus Cacoal – Telefone: (69) 3443-2445 BR 364, km 228 – Lote 2A – Caixa Postal 146 – Cacoal-RO E-mail: campuscacoal@ifro.edu.br – www.ifro.edu.br Terrenos com alta declividade dificultam a mecanização, as adubações, as podas, os controles fitossanitários e a colheita. Para facilitar a condução do plantio, dê preferência a terrenos com menos de 5% de declividade. Verifique a necessidade de quebra-ventos e ventos fortes provocam tombamento de plantas, queda de flores e frutos e aumento no consumo de água. Recomenda-se a instalação de quebra-ventos com pinus, eucalipto, bambu, bananeira, capim elefante, entre outros. A aproximação do mercado consumidor viabiliza a comercialização, diminui custos, facilita a mão de obra e ajuda a ter uma melhor gestão da propriedade. O conhecimento do tamanho da área e sua composição são pontos fundamentais para a implantação da cultura e o bom manejo do cacau. • Quadras, glebas ou talhões Divida a área da propriedade destinada à implantação da cultura, ou áreas já implantadas com cacau, em quadras, glebas ou talhões, de acordo com a topografia, o solo, a vegetação e a idade da lavoura, caso já exista no local. Isso facilitará o manejo, as práticas culturais e a colheita. Meça a área e identifique o tamanho de quadras, glebas ou talhões em hectares (ha), tarefas ou metros quadrados. Para a medição, utilize trena, corda, piquetes ou GPS. • Estradas e carreiros Planeje a construção das estradas e dos carreiros na área de implantação para permitir o trânsito das máquinas agrícolas, dos animais, do transporte da colheita, dos insumos e para o deslocamento da mão de obra. Realize a coleta de amostra de solo para análise laboratorial Retire a amostra de solo de uma área homogênea em relação a topografia, tipo de solo, idade da cultura, manejo da correção e adubação do solo, em profundidade de 0 a 20 cm e de 20 a 40 cm, em zigue-zague, perfazendo, no mínimo, 15 amostras simples por hectare. O objetivo é ter uma amostra composta, contendo de 300 a 500 g de solo, que será enviada ao laboratório com, com a devida identificação. Para o preparo da área e a correção do solo, consulte um agente da assistência técnica. Prepare a área para implantação: Realize a limpeza da área (manual ou mecanizada) • Manual 77 Cacau: produção, manejo e colheita • Mecanizada Prepare o solo: • Aração; • Gradagem; • Sulcamento; ou • Subsolagem. Realize a correção do solo: • Calagem; e/ou • Gessagem. Utilize curvas de nível, terraços e patamares como técnicas de conservação do solo; Construa valas para drenagem; Realize a demarcação do cultivo; Faça o balizamento de acordo com o espaçamento escolhido, a topografia e o sistema de produção; Faça o controle de formigas/cupins; Consulte um agente da assistência técnica para mais orientações caso seja necessário fazer o controle; Plante o sombreamento provisório ou definitivo; Instale o sistema de irrigação: • Microaspersores; ou • Gotejamento. 6 TRATOS CULTURAIS Os tratos culturais nas áreas de produção de cacau são práticas agrícolas utilizadas para o bom desenvolvimento da planta, a qualidade da produção, a conservação do solo e da água, bem como o bom desenvolvimento do sistema produtivo. As principais práticas agrícolas utilizadas são correção do solo e adubação, poda, controle de plantas daninhas, irrigação, entre outras. A correção do solo e a adubação têm como objetivo controlar o alumínio e a acidez, bem como nutrir o cacaueiro, juntamente com outras práticas, para obter uma maior e melhor produtividade no cultivo do cacau. A correção do solo é realizada com uso de calcários e gesso agrícola. A adubação é realizada por meio de fertilizantes químicos e adubos orgânicos, que fornecem nutrientes essenciais – macronutrientes (N, P, K, Ca, Mg, S) e micronutrientes (Fe, Cu, Zn, B, Mn), em variadas fases do desenvolvimento do cacaueiro, como nas mudas no viveiro, no plantio, na fase jovem e na fase adulta em produção. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE RONDÔNIA Campus Cacoal – Telefone: (69) 3443-2445 BR 364, km 228 – Lote 2A – Caixa Postal 146 – Cacoal-RO E-mail: campuscacoal@ifro.edu.br – www.ifro.edu.br 6.1 PODAS Os tratos culturais do cacau devem ser feitos com o manejo adequado por exemplo as podas, deve ser retirado primeiro os galhos novos e mais finos Para que assim haja uma resistência do tronco, a forma ideal para poda da planta de cacau é cortar ela de baixo para cima e a idade ideal é a partir de um ano após o plantio, desde então já pode começar a ser feita a poda da planta. 6.2 ADUBAÇÃO Na parte do trato cultural de adubação na espécie do cacau é recomendado pelos agrônomos que seja usado no solo corretivos e fertilizantes justamente para correção da acidez e para suprir o cálcio que a planta precisa, lembrando que a adubação da planta né naquela cultura ela deve ocorrer de 60 dias antes do plantio e também deve ser colocada ao redor das plantas de 2 em 2 meses. Os critérios de calagem utilizado na cultura do cacau eles se baseiam na elevação dos teores de cálcio e magnésio em solos com déficits de adubação sem contar que a quantidade de adubo ou fertilizante que vai ser aplicado nessa planta vai depender da textura que vai estar o solo na qual ela foi inserida, e adubação do cacaueiro em si ela se baseia nas doses de nitrogênio que podem ser determinadas ensaios de campo. 6.3 IRRIGAÇÃO A irrigação da cultura do cacaueiro é feita com a técnica de gotejamento porque segundo Fernando Bastos, que é um coordenador de vendas, ele conta que com a técnica de gotejamento é mais fácil indicar o local onde a planta tem que ser irrigada e também a forma de levar os nutrientes ao local certo se torna mais eficiente, além de que a técnica por gotejamento vai entregar as doses ideais de água e de adubação de acordo com o crescimento da cultura do cacaueiro. 6.4 PRAGAS 6.4.1 CHUPANÇA-DO-CACAU Os adultos medem cerca de 7,7 mm de comprimento, de coloração castanha a castanho escura, com manchas amareladas nas asas e parte do corpo avermelhado. As ninfas são alaranjadas, com faixas vermelhas e tamanhos variáveis, dependendo do estádio de desenvolvimento. Os adultos têm longevidade entre 17 a 21 dias. Danos: Folhas com sintomas de "queima", e frutos, de todos os estádios, apresentando pústulas, as quais são chamadas de "bexigas" devido à injeção de toxinas no ato alimentar, contudo, sem afetar as sementes. Controle: Amostragens periódicas principalmente nos períodos de lançamento e de maior bilração/frutificação. Realizar pulverizações com inseticidas específicos, registrados para a cultura, somente nas áreas foco. 6.4.2 TRIPES DO CACAUEIRO Esta praga apresenta três picos populacionais, sendo que o maior ocorre entre os meses de setembro-outubro. Ataca as culturas de abacate, algodão, cacau, café, caju, caqui, carambola, feijão, goiaba, manga, maracujá, rosa, uva, entre outras. Danos: Estes insetos são freqüentemente encontrados picando a face inferior das folhas. A picada provoca o aparecimento de manchas cloróticas e amarelas, que se tornam marrons posteriormente. Em ataques severos, causam a queda das folhas. O ataque pode ocorrer também nos frutos ainda no início do desenvolvimento, fazendo com que os mesmos apresentem-se murchos, secos e com as amêndoas reduzidas. Controle: Realizar pulverizações com inseticidas específicos, registrados para as culturas. 6.4.3 VAQUINHAS Comprimento entre 3,6 a 3,9 mm, cor preta-metálica; pronoto eélitros com superfície brilhante. Cabeça castanho-escura, fosca e antenas filiformes. A oviposição é feita no solo e as larvas são rizófagas. Danos: Limbo foliar totalmente rendilhado, e cascas dos bilros, frutos e extremidade apical dos ramos danificados. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE RONDÔNIA Campus Cacoal – Telefone: (69) 3443-2445 BR 364, km 228 – Lote 2A – Caixa Postal 146 – Cacoal-RO E-mail: campuscacoal@ifro.edu.br – www.ifro.edu.br Controle: Amostragens periódicas principalmente nos períodos de renovação foliar e realizar pulverizações com inseticidas específicos registrados para a cultura, somente nas áreas foco 6.5 DOENÇAS 6.5.1 VASSOURA DE BRUXA A vassoura-de-bruxa ocorre em praticamente todos os países produtores de cacau das Américas, embora esses países não estejam relacionados nos principais índices de distribuição das doenças de plantas. Crinipellis perniciosa, além de parasitar praticamente todas as espécies de Theobroma, tem sido encontrado parasitando Bixa orellana, Capsicum annuum, Cestrum laevigatum, Herrania sp., Ormosia arborea, Solanum melongena e S. paniculatum. Danos: Os sintomas típicos da doença são a formação de vassoura-de-bruxa nos ramos novos, manchas, definhamento ou deformação dos frutos. Nos frutos, os sintomas podem variar dependendo do tipo de infecção. Quando a infecção ocorre durante a floração, os frutos são pequenos, róseos e deformados, recebem o nome de "morangos" e acabam se mumificando. Se a infecção ocorrer em frutos formados, provoca lesões irregulares, escuras e firmes ao tato.Nos brotos novos ocorre o intumescimento e redução dos internódios, deformação das folhas e perda da dominância apical, induzindo à formação de brotações laterais, conhecidas como vassoura-de-bruxa. Controle: Não há cultivares comerciais disponíveis resistentes a C. perniciosa. Pesquisas têm encontrado materiais promissores que poderiam constituir uma via eficiente de controle da doença através de cultivares ou clones resistentes. Realizar inspeções periódicas nas plantações à procura de órgãos com sintomas, os quais devem ser podados, retirados do campo e queimados ou enterrados profundamente. Fazer aplicações de fungicidas protetores a partir do começo da época chuvosa, com uma freqüência mensal, assim como usar produtos sistêmicos para a inibição da produção dos basidiocarpos (frutificações do fungo). 6.5.2 PODRIDÃO PARDA O maior dano ocorre nos frutos próximos à maturação. Cultivares de pêssego, ameixa, damasco, nêspera e nectarina são muito suscetíveis à Monilinia fructicola, mas raramente causa problemas sérios em pereira e macieira. Danos: Na primavera, capulhos florais infectados ficam pardacentos e morrem com rapidez. Em alguns casos, botões infectados são cobertos pela frutificação do fungo, apresentando aspecto de mofo. Sob condições de alta umidade, o fungo pode avançar pela flor até o pedúnculo e penetrar no ramo, resultando no desenvolvimento do cancro do ramo. A medida que a infecção progride, o cancro pode anelar o ramo ou galho, causando murcha e morte da parte terminal. O ataque em frutos ocorre próximo à maturação. Sintomas iniciais são pequenas manchas pardacentas, com encharcamento nos tecidos vizinhos. A mancha aumenta rapidamente, ocupando todo o fruto que, em condições úmidas, fica coberto de frutificações acinzentadas e densas do patógeno. O fruto sofre uma desidratação violenta e torna-se mumificado. Cultivares de casca fina são mais suscetíveis ao ataque. Controle: Medidas de profilaxia são importantes para o controle eficaz da podridão parda. Como a doença é causada por um fungo capaz de hibernar em órgãos afetados, uma das medidas de controle consiste na poda de limpeza de inverno, com a eliminação de ramos doentes, capulhos florais e frutos mumificados, que devem ser queimados. A adubação mineral deve ser equilibrada, pois excesso de nitrogênio e déficit de potássio favorecem a doença. Os produtos químicos indicados para estes tratamentos são: triforine, vinclozolin, iprodione, flusilazol e benzimidazóis. Pulverizações pré-colheita são realizadas aos vinte e um, catorze e sete dias antes da colheita. Os produtos recomendados nesta época são: benzimidazóis, triforine, vinclozolin, iprodione e flusilazol. O controle de insetos deve ser feito desde o início do desenvolvimento dos frutos até a colheita. No tratamento de pós-colheita devem ser observadas as seguintes normas: evitar o manuseio de frutos infectados, pois as mãos contaminadas podem disseminar o fungo para frutos sadios; utilizar para colheita recipientes novos ou tratados; as caixas já usadas devem ser lavadas e tratadas com cloro, hipoclorito de sódio ou cloehexidina. Deve-se fazer o saneamento das áreas onde os frutos são manuseados e resfriar os frutos logo após a colheita. No tratamento químico, recomenda-se mergulhar os frutos em uma suspensão de fungicida, durante um minuto. Alguns fungicidas usados são thiabendazole, triforine e iprodione. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE RONDÔNIA Campus Cacoal – Telefone: (69) 3443-2445 BR 364, km 228 – Lote 2A – Caixa Postal 146 – Cacoal-RO E-mail: campuscacoal@ifro.edu.br – www.ifro.edu.br 6.5.3 MAL-DO-FACÃO O mal do facão ou murcha de Ceratocystis é disseminado pelo inseto chamado Xyleborus ssp. (coleobroca) e por ferimentos deixados no ato da poda, desbrota e capina. Os sintomas iniciam com amarelecimento das folhas, depois se torna marrom, seguida de murchamento e secagem dos galhos ou da planta inteira. As folhas pendem, enrolando, secando e permanecendo aderidas ao tronco por algumas semanas, mesmo após sua morte. O caule apresenta cancros e lesões necróticas. A disseminação desta doença é feita pelo inseto Xyleborus ssp. (coleobroca) ou por ferimentos deixados no ato da poda, desbrota e capina. Para o controle cultural desta doença recomenda-se que tenha-se bastante cuidado nas práticas de poda e colheita para que não cause danos mecânicos, que antes dos tratos culturais seja feita a desinfecção das ferramentas com hipoclorito de sódio a 1%, além do combate aos insetos que causam aberturas no tronco, como as brocas 7 COLHEITA E PÓS COLHEITA Semelhante ao café, colher cacau é uma tarefa difícil. E um dos maiores desafios saber quando os frutos estão maduros. O cacau pouco maduro ainda não desenvolveu todos os seus sabores e aromas maravilhosos. No entanto, infelizmente, as bagas de cacau nem sempre amadurecem ao mesmo tempo – mesmo quando estão na mesma árvore. Quando um produtor sabe que sua safra está pronta para colheita, ele pode começar a colher manualmente os frutos. Como as bagas de cacau amadurecem em momentos diferentes, a mecanização não é possível. Muitas vezes, um facão ou uma faca especializada são usados. Muita atenção, efetuar o arranquio do fruto com a mão pode provocar ferimentos graves na casca do cacaueiro e severos danos, com destruição da almofada floral. Além dos danos da planta, esse procedimento favorece o ataque de insetos e doenças, comprometendo a produção dos anos seguintes. 7.1 PASSO A PASSO À RETIRADA DOS FRUTOS 7.1.1 Retire os frutos maduros e sadios: Retire os frutos do cacaueiro usando o podão ou a tesoura de poda, cortando os talos dos frutos de cima para baixo, deixando-os no chão. 7.1.2 Recolha o fruto do chão: Após a retirada do fruto maduro, coloque-o em balaio ou caixa plástica com o auxílio de um coletor ou com as mãos. 7.1.3 Junte os frutos colhidos (bandeira): Leve os frutos para um ponto estratégico dentro da área de produção para separar os maduros, sadios e livres de quaisquer defeitos, num monte em rumas, também conhecidas como bandeiras. 7.2 SEPARAÇÃO DO FRUTO E DA SEMENTE 7.2.1 Faça a quebra dos frutos maduros 1. Seleção dos frutos Cada variedade de cacau tem seu grau certo de maturação, a identificação deste padrão é um trabalho rigoroso e exige treinamento com a equipe responsável. Que deve conhecer muito bem as variedades usadas napropriedade para a produção do cacau de qualidade. Os frutos colhidos e juntados nas rumas podem estar em vários estágios de maturação, tais como: ● frutos verdes: são os que não iniciaram a maturação; ● frutos verdoengos: são os que iniciaram a maturação, mas não estão completamente maduros; ● frutos maduros: são os que estão no ponto bom de maturação; ● frutos passados: são aqueles com ataque de doenças e pragas ou defeitos, só os que não têm amêndoas com qualidade para o beneficiamento. 2. Quebra dos frutos e a retirada das amêndoas Pode ser feita a quebra em cima de uma lona plástica ou de folha de bananeira, para evitar a contaminação indesejada de sementes que caem no chão e são recolocadas de volta nas caixas. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE RONDÔNIA Campus Cacoal – Telefone: (69) 3443-2445 BR 364, km 228 – Lote 2A – Caixa Postal 146 – Cacoal-RO E-mail: campuscacoal@ifro.edu.br – www.ifro.edu.br Utilizando um pequeno facão, cutelo ou bodôco, corte a casca do fruto ao meio, sem atingir as amêndoas e, logo em seguida, retire-as (cacau mole) com os dedos, de dentro para fora, colocando-as na caixa de madeira ou plástica. A caixa onde as amêndoas serão depositadas deve ser revestida com lona limpa, saco plástico fechado ou outro tipo de revestimento e coberta por outra lona para proteger da chuva, de insetos ou animais. Além do sistema manual, é possível utilizar diversas máquinas automáticas e até portáteis para a quebra dos frutos e retirada das amêndoas. No sistema mecanizado, os frutos colhidos inteiros e maduros são transportados para uma unidade de beneficiamento, onde estão instalados os equipamentos de quebra dos frutos e retirada das amêndoas, de forma automática. Os frutos que não forem perfurados com facão podem ficar nas rumas, na sombra, em cima de lona plástica ou tablado de madeira, por mais dois a quatro dias des - cansando, para pré-amadurecer os açucares da polpa e o que pode gerar um tempo de fermentação menor. A pré-fermentação deve ser padronizada de acordo com o conhecimento da maturação das variedades de cacau cultivadas e em equilíbrio com o clima e a temperatura ambiente, em cada propriedade. 3. Transporte das amêndoas para a fermentação As amêndoas ou o cacau mole retirado dos frutos devem ser transportados para o coxo de fermentação no mesmo dia da quebra, para evitar desuniformidade na fermentação e diminuição da qualidade do produto no processamento da amêndoa. Este transporte deve acontecer até no máximo 4 - 6 h, de iniciada a quebra. 4. Embalagem das amêndoas ou o cacau mole Sempre use para o transporte, sacos plásticos limpos, próprios para cacau. Estes sacos devem ser fechados ou amarrados para evitar o contato direto do cacau mole com o ambiente externo. O cacau mole ou amêndoas podem ser transportados de 2 maneiras: ● Em sacos plásticos: esse transporte para o cocho de fermentação, de modo geral, é realizado por animais de serviço, com cangalhas,caçuás de cipó e panacuns. Neste tipo de transporte deverá ser sempre, recoberto por saco plástico fechado, para evitar contato com o ambiente e a perda das sementes ao longo do trajeto; ● Em caixas plásticas: esse transporte é realizado em tratores com carretinhas até o cocho de fermentação. Assim podem ser usados para levar a massa de cacau bobonas de leite, baldes de plásticos, entre outros recipientes, desde que estejam limpos e possam ser completamente fechados. 7.3 FERMENTAÇÃO DAS AMÊNDOAS É a etapa mais importante, na qual ocorre a morte do embrião da semente, tendo o início a formação do sabor e do aroma de chocolate. As amêndoas ou o cacau mole são normalmente colocados para fermentar em caixas de madeira (cochos), confeccionadas com material livre de odores. 7.3.1 Passo a Passo para a Fermentação 1. Recubra as paredes internas do cocho de fermentação com folhas de banana, para manter a temperatura interna e evitar o contato da massa úmida com o ar; 2. Encha o cocho com a massa de cacau retirada dos frutos, após a quebra; 3. Feche a parte superior do cocho com folhas de banana ou com a própria tampa do cocho; 4. Deixe a massa fermentar, sem revolver, até a temperatura atingir 32˚C ou caso não atinja a temperatura ideal, espere completar 48 h. Durante estes dois primeiros dias, o mel de cacau será escoado pela porção inferior do cocho, indicando que o processo esta ocorrendo adequadamente; 5. Após 48h de iniciada a fermentação (ou a temperatura da massa atingiu 32˚C) realize então, a primeira vira ou revolvimento da massa de cacau, de um compartimento para outro do cocho. Vire o cacau com as mãos ou com pás próprias para revolver cacau. Este revolvimento tem que ser muito bem realizado. Mexa a massa de cacau em todas a porções do cocho (superfície, meio e fundo). Aproveite este momento para retirar qualquer impureza que tenha vindo da quebra como casca, cibira, pedaços de folhas, entre outros. Separe e solte as sementes que estejam muito juntas ou agrupadas; Nesta fase é muito característico, perceber um forte aroma de álcool na massa. É um bom indicador de que a fermentação anaeróbica (na ausência de ar) está acontecendo corretamente. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE RONDÔNIA Campus Cacoal – Telefone: (69) 3443-2445 BR 364, km 228 – Lote 2A – Caixa Postal 146 – Cacoal-RO E-mail: campuscacoal@ifro.edu.br – www.ifro.edu.br 6. Após o primeiro revolvimento, a temperatura da massa começa a subir. O que se deseja para uma boa fermentação é que a temperatura se eleve constantemente, ao longo de todo processo. Para acompanhar o desenvolvimento da temperatura do cacau, durante a fermentação, o produtor pode adquirir um termômetro digital de haste longa. Com este termômetro a temperatura pode então, ser monitorada de tempo em tempo, na tabela de controle (6 em 6h, de12 em 12h, ficando a critério de cada produtor). 7. A partir da primeira vira (a 32˚C) do cacau, toda vez que a temperatura da massa começar a diminuir significati - vamente, realize o revolvimento. Se a temperatura se mantiver constante, por mais de 24 h, revolva a massa para estimular a elevação da temperatura; 8. No quarto dia de iniciada a fermentação a tendência da temperatura da massa de cacau é atingir os valores mais altos de todo o processo, entre 48 a 52˚C. Este é o momento onde a fermentação libera muito calor para a massa e juntamente, com a formação de acido acético (em grandes quantidades) provoca a morte do embrião ou gérmen do cacau. A partir daí a casca da semente perde sua impermeabi - lidade, permitindo a troca e a difusão das substâncias que irão mudar a cor da amêndoa (de violeta para marrom) e formar os precursores de aroma e sabor, até o final do processo; 9. No quinto para o sexto dia a massa de cacau, apresenta um odor bem característico de vinagre, indicando que a fermentação esta caminhando corretamente. Faça o tes - te do aperto das amêndoas para observar a saída do féu ou sangue do cacau (liquido escuro que sai do interior das amêndoas). Caso as amêndoas já estejam liberando o sangue, isto significa que o processo fermentativo esta chegando ao fim, e só dura mais um dia e meio, no máximo dois dias; 10. No sexto ao sétimo dia de fermentação, faça o teste de corte em cerca de 100 amêndoas representativas do lote (de todas as porções do cocho), cortando-as longitudi - nalmente, para observar: • A formação de um anel de cor escura, ao redor da amêndoa (na borda); • A transformação da cor interna das amêndoas de violeta (início do processo) para marrom; • Surgimento de canais ou veias no interior das amêndoas (início da compartimentação); 11. O tempo de fermentação varia de cinco a sete dias. Na época de seca, o cacau possui pouco mel, fermentando rapidamente (cinco dias). Na época de chuva, exige maior tempo (seis a sete dias). 12. Ao final da fermentação, leve o lote imediatamente para os locais de secagem, onde ocorrerão a cura natural das amêndoas. 7. 4 SECAGEM DAS AMÊNDOASApós o final da fermentação a massa de cacau sem polpa deve ser levada imediatamente, para os secadores para reduzir a umidade das amêndoas (que ainda estão com cerca de 40 - 50% de água). A secagem pode ser realizada de forma natural (aproveitamento do calor do sol), artificial (queima de lenha, gás, dentre outros) e mista (combinação dos dois processos). 7.4.1 Passo a Passo à Secagem 1. Limpe o lastro do secador para receber um novo lote de cacau. A limpeza deve ser realizada sempre a seco. Durante os períodos de en - tre safras pode ser realizada uma limpeza com água no lastro do secador; 2. A massa de cacau deve ser então, espalhadas no lastro do secador em camadas de 4 - 6 cm de espessura; 3. O cacau deve ser exposto ao sol para secagem natural. E para produção do cacau de qualidade não se deve usar fogo a lenha, para secagem direta das amêndoas, a fim de evitar a contaminação com fumaça. Fumaça é um dos critérios críticos, indesejáveis para a qualidade do cacau; 4. Durante os dias de secagem a massa deve ser revolvida constantemente (1 em 1h no primeiro dia, de 2 em 2 h no segundo, 3 em 3 horas e assim, consecutivamente até a secagem total do cacau), tanto para secagem do lastro do secador quanto para eliminação da acidez proveniente da fermentação. Em dias chuvosos ou nublados é preciso intensificar os revolvimentos na massa, a fim de evitar a formação de mofo; 5. O tempo de secagem do cacau de qualidade superior pode variar de 8 a 12 dias (a depender do tipo de secador e do microclima de cada região). Este tempo é importante para reduzir a umidade e para eliminação da acidez; 6. Ao final da secagem as amêndoas de cacau de qualidade superior se apresentam na forma de grãos grãos inchados, com espaços compartimentados, no seu interior (as INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE RONDÔNIA Campus Cacoal – Telefone: (69) 3443-2445 BR 364, km 228 – Lote 2A – Caixa Postal 146 – Cacoal-RO E-mail: campuscacoal@ifro.edu.br – www.ifro.edu.br veias ou estrias), de coloração marrom, e aroma agradável característico de cacau, indicando assim que este produto foi bem fermentado e seco. 7.4.2 Tipos de Secagem 7.4.2.1 Secagem Natural É o mais tradicional processo de secagem de cacau, já que obtém ganho de peso 12% maior em relação aos processos artificiais, normalmente feito em barcaça. Primeiramente retire os restos de casca, pedúnculos e outros materiais estranhos para não prejudicar a qualidade do produto final. Nos primeiros dias usa-se um rodo dentado, formando camalhões, e mexe-se a massa continuamente. A partir do terceiro dia, quando a massa está “correndo”, passa-se a usar um rodo liso, revolvendo a massa de duas em duas horas e aumentando o intervalo à medida que o cacau vai se tornando mais seco. Todas as tardes, deve-se amontoar o cacau em uma ou duas pilhas, para ajudar a manter o calor das sementes por mais tempo e dificultar a formação de mofo. Nas barcaças, o cacau de qualidade deve ficar exposto ao sol da manhã e a cobertura deve ser fechada no horário mais quente do dia. No final da tarde, a barcaça deve ser novamente fechada para evitar o contato da massa com a umidade da noite. Após esse período, o cacau começa a perder sabor e aroma, prejudicando o produto final. O término do processo de secagem é determinado pela umidade da massa, que deverá ser de 7%. 7.4.2.2 Secagem artificial A secagem artificial deve ser realizada em períodos chuvosos e quando houver grande concentração de colheitas. Antes de colocar o cacau mole no secador, seque-o na barcaça por pelo menos 1 dia, para dar continuidade ao processo de cura e eliminação parcial da umidade. ● É a forma de secar o cacau através da queima de lenha; ● Gera risco na produção de cacau de qualidade, pode contaminar as amêndoas com fumaça; ● A prática é prejudicial a saúde do homem pela quantidade de gases nocivos em sua fumaça; ● Para a produção do cacau de qualidade superior não secar cacau neste tipo de secadores (secagem de fogo direto como por exemplo, o secador tubular). 7.4.2.3 Secagem solar Possuem cobertura plástica (com proteção para raios ultra violetas), com laterais móveis (janelas) e estrutura fixa que pode ser de madeira, aço galvanizado ou tubos de PVC; ● As amêndoas são secadas em lastros suspensos próprios para cacau, como uma espécie de mesa; ● Em horas quentes dos dias, as laterais da estufa devem permanecer abertas para evitar o acumulo de umidade no seu interior; ● E em períodos chuvosos, as janelas ficam fechadas para evitar molhar o cacau, trazendo mais umidade para a massa. 7.4.2.4 Secador Tubular É um secador mais antigo e amplamente difundido, responsável por boa parte do cacau seco artificialmente. 7.4.2.5 Secador Tubular com ventilação forçada Consiste em uma adaptação feita para melhorar o rendimento dos secadores tubulares tradicionais. ● Permite aproveitar as instalações dos secadores tubulares tradicionais sem necessidade de demolição ou grandes alterações; ● Aumenta a capacidade do secador em 130% (2,6 vezes): um secador normal seca 3.500 arrobas por ano e esse, aproximadamente, 9.000; ● Elimina a desuniformidade de secagem; ● Diminui o consumo de lenha. 7.4.2.6 Secagem Mista A secagem mista é uma tendência para fazendas que secam, um grande volume de massa de cacau de uma só vez. ● A massa de cacau recebe calor primeiramente, do sol em um secador barcaça ou em estufa, durante os dois primeiros dias; INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE RONDÔNIA Campus Cacoal – Telefone: (69) 3443-2445 BR 364, km 228 – Lote 2A – Caixa Postal 146 – Cacoal-RO E-mail: campuscacoal@ifro.edu.br – www.ifro.edu.br ● Em seguida a massa é levada para secar na sombra, em uma estufa mista, para realizar uma secagem lenta, estimulando uma cura perfeita. Ou para um secador de fogo indireto, como por exemplo o secador plataforma, onde o cacau seca em fogo brando, até atingir a umidade de 7 a 8%. 7.5 ARMAZENAMENTO Após a secagem, o cacau deve ser ensacado, com peso de 60 kg, e armazenado em compartimentos assoalhados e com paredes forradas ou sobre estrados de madeira. ● O local deve apresentar bom arejamento e presença de luz. ● A estocagem de cacau na propriedade não deve ultrapassar 90 dias, correndo o risco de desenvolvimento de mofo e ataque de insetos e roedores. ● No armazém destinado ao cacau, não se deve guardar inseticidas, fungicidas, tintas ou outros produtos de odores fortes, sob pena de transmitirem “cheiros estranhos” às sementes. ● Para conservar o cacau seco por mais tempo, é recomendável usar uma cobertura plástica sobre os sacos, para evitar a reabsorção da umidade do ambiente. Em condições de armazenamento a longo prazo, a umidade deve ser mantida abaixo de 7%. Os armazéns devem adotar as boas práticas de armazenamento e realizar um acompanhamento regular, a fim de prevenir ou reduzir o crescimento de fungos. 8 REFERÊNCIAS CARRACA, Daniel. "Cacau: Produção, manejo e colheita". Disponível: https://www.cnabrasil.org.br/assets/arquivos/215-CACAU.pdf. Acesso em 23 de Novembro de 2021. FERREIRA, Adriana. "Beneficiamento de Cacau de Qualidade Superior". https://forumdocacau.com.br/wp content/uploads/2019/01/cartilha2.pdf.pdf. Acesso em 23 de Novembro de 2021 SILVIA, Livia Souza. "Cacau". Disponível em: https://www.infoescola.com/plantas/cacau/. Acesso em 23 de Novembro de 2021. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE RONDÔNIA Campus Cacoal – Telefone: (69) 3443-2445 BR 364, km 228 – Lote 2A – Caixa Postal 146 – Cacoal-RO E-mail: campuscacoal@ifro.edu.br – www.ifro.edu.br
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